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Epidemiologia e Bioestatistica

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Epidemiologia 
e Bioestatística
Emanuel Giovani Cafofo Silva
Isadora Janolio de Oliveira
Nancy França Lo Man Hung
Regiane Saturnino
Gustavo da Cunha Rofino
Hugo José Message
Emanuel Giovani Cafofo Silva
Isadora Janolio de Oliveira
Nancy França Lo Man Hung
Regiane Saturnino
Gustavo da Cunha Rofino
Hugo José Message
EpIdEMIOLOGIa E BIOEStatíStICa
Belo Horizonte
Janeiro de 2017
COPYRIGHT © 2017
GRUPO ĂNIMA EDUCAÇÃO
todos os direitos reservados ao:
Grupo Ănima Educação
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610/98. Nenhuma parte deste livro, sem prévia autorização 
por escrito da detentora dos direitos, poderá ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios 
empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravações ou quaisquer outros.
Edição
Grupo Ănima Educação
Diretor
Rogério Salles Loureiro
Gerentes de Operações
denise Elisabeth Himpel
Gislene Garcia Nora de Oliveira
Coordenadora de Produção
Carolina alcântara de araújo Lopes
Parecerista
Helena Márcia de Oliveira Moraes Bernardino
Ilustração e Capa
VG Consultoria
Equipe EaD
Emanuel Giovani Cafofo Silva
Graduação em Ciências Biológicas 
(Licenciatura), pelo Centro Universitário 
de Maringá. Mestrado em Zoologia, pela 
Universidade Federal do pará/Museu paraense 
Emílio Goeldi. doutorado em Ecologia de 
ambientes aquáticos Continentais (em 
andamento), pela Universidade Estadual de 
Maringá.
Isadora Janolio de Oliveira
Graduação em Ciências Biológicas 
(Licenciatura e Bacharelado), pela Universidade 
Estadual de Maringá. Especialista em projetos 
e planejamentos ambientais, pela Faculdade 
Cidade Verde. Mestranda do programa de 
Ecologia de Ambientes Aquáticos, com ênfase 
em Biologia Molecular, da Universidade 
Estadual de Maringá.
Nancy França Lo Man Hung
Graduação em Ciências Biológicas 
(Licenciatura e Bacharelado), pela Universidade 
Guarulhos. Mestrado em Zoologia, pela 
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande 
do Sul.
Regiane Saturnino
Graduação - Em Ciências Biológicas - 
Bacharelado - Universidade Federal de Mato 
Grosso do Sul; Mestrado em Ecologia - 
Instituto Nacional de pesquisas da amazônia; 
Doutorado em Zoologia - Universidade Federal 
do pará/Museu paraense Emílio Goeldi
FILIaÇÃO: Museu paraense Emílio Goeldi, 
Coordenação de Ciências da Terra e Ecologia, 
Programa de Capacitação Institucional-PCI, 
CNpq.
Gustavo da Cunha Rofino
Graduação em Ciências Biológicas 
(Licenciatura), pelo Centro Universitário de 
Maringá. Pós-graduação em Controle de 
qualidade, gerenciamento de resíduos e 
gestão ambiental na indústria de alimentos, 
pela Universidade paranaense – UNIpaR.
Hugo José Message
Graduação em Ciências Biológicas 
(Licenciatura e Bacharelado), pela Universidade 
Estadual de Maringá. Mestrado em Ecologia 
de ambientes aquáticos Continentais, pela 
Universidade Estadual de Maringá. doutorado 
em Ecologia de ambientes aquáticos 
Continentais, pela Universidade Estadual de 
Maringá.
Nível de eNsiNo 
Graduação
Carga horária 
80h
Olá, sou o professor Emanuel, tenho formação e mestrado em 
zoologia. ao longo da minha carreira trabalhei com mosquitos 
vetores de algumas doenças, o que me qualifica falar para vocês um 
pouco a respeito de epidemiologia, trabalhei com a parte estatística 
em vários trabalhos, como analises estatísticas, inferências 
estatísticas, o que me qualifica também a falar de bioestatística, que 
é o título dessa disciplina que vocês estão cursando, epidemiologia 
e bioestatística.
porque estudar epidemiologia? epidemiologia é importante pois ela 
analisa o processo de saúde e doenças nas populações humanas, 
e relaciona isso com as características das pessoas, com as 
características relativas ao tempo, e aos lugares onde as pessoas 
vivem, então essa é a importância de estudar a epidemiologia. E 
dentro de epidemiologia propriamente dita, o que vamos abordar?
Iremos ver os aspectos introdutórios, a saúde baseada em 
evidencia dentro da epidemiologia, os indicadores epidemiológicos 
da epidemiologia descritiva, que mostra como apresentar os dados 
de epidemiologia, como representar, transcrever e expressar de uma 
maneira que fique acessível a todos e possa ser tomado as decisões 
em cima disso.
Já na parte de bioestatística, muito sobre posta com a epidemiologia, 
iremos ver a importância da bioestatística, que podemos sintetizar 
como o resumo dos números e, da informações sobre os números 
para a tirada de conclusões. Muitas das medidas numéricas são do 
campo da epidemiologia também, então faz sentido, estudar essas 
duas disciplinas em conjunto.
Iremos ver medidas descritivas, e quais são elas, mesmo que permite 
esses resumos numéricos dos dados e inferência estatística que é 
a parte da estatística que dá um poder de confiança nas conclusões 
que temos e, como fazer isso e os princípios e conceitos. além 
disso, iremos ver os aspectos que permitem fazer inferências de 
causalidade, o que vem a ser isso? determinado fator, determinada 
variável causa determinada doenças ou determinado problema 
processo de saúde e doença.
Iremos ver analises exploratórios, como perceber padrões nos dados 
e como expressar esses dados graficamente, são muito uteis em 
relatórios, por exemplo. Iremos ver os principais desenhos amostrais, 
os principais estudos para coletar dados epidemiológicos, e até 
para entender os trabalhos que coletaram estes dados. também os 
testes utilizados nesses estudos, os testes estatísticos que usam 
inferências estatísticas, que comentei interiormente.
Portanto, ao longo da disciplina é relevante que vocês vão pegando 
todas essas partes e responder perguntas relevantes no campo da 
epidemiologia, como por exemplo essa pergunta que vou lançar para 
vocês, para que vão pensando ao longo do aprendizado de vocês:
a obesidade, que é um dos males de saúde do mundo moderno, ela 
é inapta, ou ela é adquirida?
Ou seja, as pessoas já nascem com o habito de comer além do 
necessário, ou elas adquirem, elas aprendem a ser assim? Essa 
pergunta, é do campo da epidemiologia, mesmo que quando 
pensamos em epidemiologia, pensamos na palavra epidemia, com 
mosquitos e vetores de doenças, mas a epidemiologia não lida 
somente com esse tipo de problema de saúde, ela lida com tipos 
relativos a questões de obesidade, problemas relativos a mente, 
como Alzheimer, ou câncer que, também não tem um vetor, como 
uma bactéria ou um vírus. Então ela lida com todos os aspectos 
de saúde e doença. E nesse caso da obesidade, uma das coisas 
importantes que afeta a saúde é o fato que aumenta a hipertensão, 
pode dar problemas cardiovasculares, e até questões de aspectos 
sociais na vida das pessoas. É relevante considerar esse tipo de 
questão ao longo da disciplina, para você ficar melhor embasado 
e analisar a epidemiologia por vários aspectos. Recomendo que 
já tentem responder essa questão, pelos seguintes pontos vistas: 
aspectos sociais, aspectos individuais das pessoas ou clínicos, que 
podem ajudar responder essa questão de como achar informação 
para resolver essa questão para responder isso, como descrever 
essa informação de uma maneira adequada e, que tipo de variáveis 
afetam isso, essa questão da obesidade ser inata, ou ser adquirida.
Espero que aproveitem muito bem o curso, obrigado pela atenção, e 
até mais!
UNIDADE 1  .......................................................................................................................... 003
Epidemiologia e Bioestatística  ...................................................................................... 004
Fundamentosteóricos e práticos da epidemiologia  ............................................. 005
Clínica vs. Epidemiologia social  .................................................................................... 017
atividades de Fixação - Resposta  ................................................................................ 031
UNIDADE 2  .......................................................................................................................... 033
princípios da saúde baseada em evidências 
para tomada de decisões em saúde  ........................................................................... 034
Definições  ............................................................................................................................. 035
Evidências  ............................................................................................................................. 048
tutorial  ................................................................................................................................... 052
atividades de Fixação - Resposta  ................................................................................ 063
UNIDADE 3  .......................................................................................................................... 065
Indicadores de saúde  ........................................................................................................ 066
tipos de indicadores  ......................................................................................................... 067
Indicadores de Morbidade  .............................................................................................. 075
Indicadores de Mortalidade  ............................................................................................ 078
Outros indicadores de saúde  ......................................................................................... 086
atividades de Fixação - Resposta  ................................................................................ 096
UNIDADE 4  .......................................................................................................................... 097
Epidemiologia descritiva  ................................................................................................. 098
Coeficientes gerais e específicos  ................................................................................. 099
Questões básicas de epidemiologia descritiva  ....................................................... 103
Variáveis relativas às pessoas, lugar e tempo  ......................................................... 105
atividades de Fixação - Resposta  ................................................................................ 124
UNIDADE 5  .......................................................................................................................... 126
Medidas descritivas, inferência estatística e causalidade  .................................. 127
Resumindo números   ....................................................................................................... 128
Conceitos básicos de inferência estatística  ............................................................. 142
Causalidade em epidemiologia e saúde  .................................................................... 155
atividades de Fixação - Resposta  ................................................................................ 161
UNIDADE 6  .......................................................................................................................... 162
análise exploratória e classificação de variáveis .................................................... 163
análise exploratória e resumo de dados   ................................................................... 164
tipos de variáveis  ............................................................................................................... 186
atividades de Fixação - Resposta  ................................................................................ 190
UNIDADE 7  .......................................................................................................................... 192
Fontes para a pesquisa Epidemiológica: 
planejamento da Coleta de dados   .............................................................................. 193
Fontes para a pesquisa  ................................................................................................... 194
amostragem no Contexto Epidemiológico ............................................................... 199
Aleatorização  ....................................................................................................................... 203
tamanho da amostra  ....................................................................................................... 208
perda e Viés  .......................................................................................................................... 213
atividades de Fixação - Resposta  ................................................................................ 216
UNIDADE 8  .......................................................................................................................... 218
desenhos de Estudos Epidemiológicos e testes Estatísticos  .......................... 219
principais delineamentos  ............................................................................................... 220
testes Estatísticos Básicos  ........................................................................................... 238
atividades de Fixação - Resposta  ................................................................................ 255
REFERêNCIAS  ................................................................................................................... 257
UNIDADE 
Epidemiologia e 
Bioestatística
•	 Fundamentos 
teóricos e 
práticos da 
epidemiologia
•	 Clínica vs. 
Epidemiologia 
social
•	 Atividades 
de Fixação - 
Resposta
EpidEmiologia E BioEstatística
005
unidade 1
Fundamentos 
teóricos e práticos da 
epidemiologia
Introdução
A epidemiologia é o “ramo das ciências da saúde que estuda, na 
população, a ocorrência, a distribuição e os fatores determinantes 
dos eventos relacionados com a saúde” (pEREIRa, 1995, p. 3) 
(Figura 1). Esse termo é composto por três palavras gregas: 
“epi” = sobre; “demos” = população; “logos” = estudo (BONIta; 
BEAGLEHOLE; KJELLSTROM, 2010). Várias definições distintas 
existem, e o conceito apresentado inicialmente é uma tentativa 
generalista de sintetizar essa diversidade de significados.
FIGURA 1 - Epidemiologia
Fonte: aURIELaKI, 123RF.
EpidEmiologia E BioEstatística
006
unidade 1
Certamente, antes dos primeiros registros epidemiológicos 
documentados, várias ações epidemiológicas ocorreram, pois 
sempre grupos humanos conviveram com várias doenças e outros 
agentes ambientais que comprometem a saúde. Sem dúvida, muitas 
dessas abordagens envolvem esforços variados, procedimentos 
distintos e, às vezes, equivocados, contudo, o objetivo envolvia a 
melhoria da saúde humana.
Os aspectos históricos da epidemiologia descritos a seguir 
são baseados em Buck et al. (1988). Cerca de 2400 anos atrás, 
Hipócrates já utilizava o termo “epidemion” no sentido de visita da 
doença em uma comunidade, incorporando aspectos coletivos das 
enfermidades. Na Idade Média (séculos V a XV), existem vários 
registros da peste negra, uma doença que assolou a Europa e 
desapareceu sem que muito pudesse ser feito a respeito (Figura 2). 
Sempre grupos 
humanos 
conviveram com 
várias doenças 
e outros agentes 
ambientais que 
comprometem a 
saúde.
FIGURA 2 - Médico da Peste usando máscara com ervas aromáticas a 
fim de filtrar o ar pestilentoe um bastão para inspecionar os enfermos
Fonte: WIKIMEDIA COMMONS, 2011, on-line.
EpidEmiologia E BioEstatística
007
unidade 1
Os grãos guardados nas casas alimentavam ratos, e suas pulgas 
disseminavam a doença entre os moradores. possivelmente, o 
processo de urbanização gradual substituiu o rato negro (Figura 3) 
por rato norueguês, provavelmente menos propício à disseminação 
da doença. É justamente a respeito da peste negra o primeiro uso 
conhecido da palavra epidemiologia em sua forma atual, feito em 
um documento espanhol do século XVI.
FIGURA 3 - Rato se alimentando de grãos
Fonte: WIKIMEDIA COMMONS, 2015, on-line.
Já no século XVIII são citados os primeiros registros de vacinas, 
indicando preocupação com a disseminação das doenças antes 
delas atingirem as pessoas. A preocupação com grupos de 
indivíduos passa ser relacionada também com atividades, como no 
caso de um estudo de 1789 envolvendo marinheiros com escorbuto. 
Do século XVIII ao XIX existem vários registros epidemiológicos 
EpidEmiologia E BioEstatística
008
unidade 1
sobre doenças infecciosas relativas à revolução industrial, muitos 
desses abordando fatores importantes na transmissão, como a 
importância da qualidade da água, saneamento e saúde pública. 
Nesse mesmo período existem também relatos de malária 
associada ao cultivo de arroz.
Em 1851, ocorre a conferência sanitária em Paris, demonstrando 
o aumento da preocupação com as condições que promovem a 
saúde. Por volta de 1874, as origens das doenças são discutidas, 
com defensores da teoria dos miasmas (supostos gases 
causadores de doenças) argumentando contra os defensores 
do contágio, surgindo, por fim, a teoria dos germes como os 
causadores das doenças em 1890. No século XX, relevantes 
mudanças quanto às ideias das doenças são consideradas 
com maior enfoque, como, por exemplo, doenças causadas por 
deficiências nutricionais ou, ainda, sobre a relação do cigarro com 
o câncer em 1942. No Brasil, as primeiras ações epidemiológicas 
ocorreram em 1903, quando ocorreu a nomeação do médico 
Oswaldo Cruz na Diretoria-Geral da Saúde Pública, encarregado de 
combater febre amarela, varíola e peste negra no Rio de Janeiro 
(MEdRONHO et al., 2011).
No Brasil, as 
primeiras ações 
epidemiológicas 
ocorreram em 1903, 
quando ocorreu 
a nomeação 
do médico 
Oswaldo Cruz na 
Diretoria-Geral da 
Saúde pública, 
encarregado de 
combater febre 
amarela, varíola e 
peste negra no Rio 
de Janeiro
Notícia 
Como ossadas em obra do metrô reacenderam 
mito de valas de peste negra em Londres
A epidemia de Peste Negra foi um dos momentos na história da humanidade 
em que vários princípios epidemiológicos foram aplicados. O impacto nas 
populações foi enorme e perdura até os dias atuais, misturando a verdade 
com a fantasia gerada pelo medo no imaginário das pessoas. a notícia a 
seguir explora o caminho traçado pelo metrô de Londres, em que desvia 
das valas comunitárias das vítimas da bactéria Yersinia pestis, disponível 
em: <http://www.bbc.com/portuguese/vert-aut-37429449>.
Fonte: Elaborado pelo autor.
EpidEmiologia E BioEstatística
009
unidade 1
QUESTÃO 1 - a epidemiologia é um termo que surgiu no século XVI 
em documentos europeus relacionados à peste negra. Desde então, 
o termo tem sido utilizado ao longo da história humana em diversas 
situações, envolvendo, principalmente, doenças infectocontagiosas. O 
estudo epidemiológico permitiu muitas vezes compreender o mecanismo 
de disseminação de várias doenças. Relacionado ao termo epidemiologia, 
assinale a alternativa correta:
a. É a ciência da saúde que estuda, na população, a ocorrência, a 
distribuição e os fatores determinantes dos eventos relacionados 
com a saúde.
b. a epidemiologia organiza documentos antigos europeus.
c. A divulgação das doenças antigas é o principal foco da 
epidemiologia.
d. apenas as doenças capazes de dizimar grande número de 
pessoas são estudadas na epidemiologia.
e. apenas as doenças incapazes de dizimar grande número de 
pessoas são estudadas na epidemiologia.
O gabarito se encontra no final da unidade.
Saúde e Doença
Um dos principais focos da epidemiologia é o estudo das doenças, como 
estão distribuídas e como os fatores biológicos e sociais a influenciam. 
De acordo com Pereira (1995), doença refere-se à “falta ou perturbação 
da saúde”, e saúde nada mais é do que a “ausência de doenças”. Na 
prática do dia a dia, as pessoas são rotuladas de saudáveis quando 
resultados dos exames indicam a ausência da anormalidade.
De forma mais detalhada, a “saúde é um completo estado de bem-
estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doenças” 
(ORGaNIZaÇÃO MUNdIaL da SaÚdE, 1948). doença também pode 
EpidEmiologia E BioEstatística
010
unidade 1
ser definida como uma enfermidade aguda ou crônica, que a pessoa 
contrai ou nasce com ela e acarreta em disfunções fisiológicas. 
além disso, quase sempre uma doença está relacionada com a 
manifestação de sinais e sintomas (GROSSMAN; PORTH, 2016).
História Natural da Doença e 
seus modelos explicativos
História natural da doença corresponde a qualquer processo 
envolvendo doenças no homem, segundo a definição de Leavell e 
Clark (1965). Esses autores dividem a história natural da doença 
em duas etapas principais: a pré-patogênese, que ocorre antes 
do adoecimento; a patogênese, dividida em partes ordenadas da 
seguinte maneira:
• Patogênese precoce;
• doença precoce discernível;
• doença avançada;
• Etapa final.
• Convalescença-recuperação;
• Estado crônico;
• Invalidez;
• Morte
A explicação dessas etapas desde sempre fomentou a proposição 
de modelos explicativos variados ao longo do tempo: causas 
mágico-religiosas ou místicas, causas miasmáticas, causas sociais, 
unicausal, multicausal e tríade ecológica (FRANCO; PASSOS, 2011; 
TIETZMANN, 2014). Alguns desses modelos são, em princípio, 
excludentes entre si, contudo, alternativamente, alguns desses 
podem ser vistos em conjunto (BUSatO, 2016).
A explicação dessas 
etapas desde 
sempre fomentou 
a proposição 
de modelos 
explicativos 
variados ao longo 
do tempo
EpidEmiologia E BioEstatística
011
unidade 1
Nos tempos primitivos, o modelo mágico-religioso atribuía a origem 
das doenças a espíritos, e a saúde era proveniente de elementos 
naturais (BUSatO, 2016), persistindo até hoje em várias sociedades. 
Na Idade Média, foram propostas explicações envolvendo os 
mismas, que seriam odores venosos, gases, resíduos nocivos 
atmosféricos ou do solo, sendo disseminadas pelo vento até os 
indivíduos que então adoeciam (BUSATO, 2016).
Desconsiderando as causas sobrenaturais, ao final do século XVII, 
ganha força um modelo que explica aspectos de saúde e doença 
com base em causas sociais (tIEtZMaNN, 2014). Em um contexto 
contemporâneo, existem também modelos atribuindo causas 
sociais associadas com aspectos biológicos (GALLEGUILLOS, 2014).
Por outro lado, o modelo unicausal se baseia em evidências 
confiáveis para considerar organismos geralmente microscópicos 
(parasitas, bactérias, e vírus) como uma causa visível, identificável e 
única das doenças (BUSatO, 2016). Em contrapartida, o modelo que 
considera multicasualidade relaciona as doenças a diversas causas 
e fatores, passíveis de serem controlados coletivamente com baixos 
custos (GALLEGUILLOS, 2014). Por fim, o modelo denominado tríade 
ecológica considera os aspectos da história natural das doenças 
decorrente da interação de três fatores: Agentes, Meio ambiente e 
Hospedeiro Humano (LEaVEL; CLaRK, 1976).
Conceitos e usos da epidemiologia
a epidemiologia é baseada em um conjuntode conceitos, teorias 
e métodos que buscam compreender o processo de saúde e 
doença no âmbito individual e coletivo (FRaNCO; paSSOS, 2011). 
O objetivo geral da epidemiologia é reduzir os problemas de saúde 
na população. De acordo com Pereira (1995), existem três formas 
para reduzir situações problemáticas como: informação sobre a 
O modelo unicausal 
se baseia em 
evidências 
confiáveis para 
considerar 
organismos 
geralmente 
microscópicos 
(parasitas, 
bactérias, e vírus) 
como uma causa 
visível, identificável 
e única das doenças
EpidEmiologia E BioEstatística
012
unidade 1
situação de saúde para toda a população; investigação dos fatores 
que influenciam no processo de saúde; avaliação do impacto das 
propostas para alterar a situação de saúde.
Segundo Pereira (1995), a aplicação da epidemiologia está 
relacionada com: diagnóstico da situação de saúde; investigação 
etiológica (origem da doença); determinação de riscos das 
doenças; aprimoramento na descrição do quadro clínico; 
determinação de prognósticos; identificação de síndromes e 
classificação de doenças; verificação do valor de procedimentos 
diagnósticos; planejamento e organização de serviços; avaliação 
das tecnologias, programas ou serviços; embasamento para 
análises críticas de trabalhos científicos da área da saúde.
As bases teóricas da epidemiologia são as ciências biológicas, 
sociais e a estatística. As biológicas referem-se aos conhecimentos 
acerca das características clínicas e patológicas, focando em 
descrever e classificar as doenças. As sociais buscam determinar 
a influência da organização social na prevenção, distribuição e cura 
das doenças. Já a abordagem estatística permite a visualização de 
padrões nem sempre evidentes nos dados epidemiológicos. Além 
disso, o nascimento da estatística tem um caráter social como a 
epidemiologia. Estatística significa a “medida do Estado”, enquanto 
“Estado”, nesse caso, refere-se aos atributos da população do 
estado político (HaCKING, s.d.).
Os parágrafos anteriores abordaram de maneira geral os aspectos 
de definição teórica e histórica da epidemiologia. Outro aspecto 
dessa ciência é o caráter essencialmente prático descrito nos 
subtópicos seguintes com base em Pereira (1995):
1. SELEÇÃO adEQUada da pOpULaÇÃO dE EStUdO: em 
geral, análises epidemiológicas são feitas com base 
em dois métodos, Censo e amostragem. Censo usa 
informações sobre uma população inteira, por exemplo, 
todos os brasileiros. Já amostragem usa informações de 
EpidEmiologia E BioEstatística
013
unidade 1
apenas algumas pessoas presentes na população. Nesse 
caso, cada pessoa corresponde a uma unidade amostral ou 
amostra, ou cada grupo de pessoas pode ser considerado 
amostra ou unidade amostral, conforme o objetivo de 
estudo. No caso das amostras, deve-se escolher muito 
bem a representatividade da amostra. Exemplo: qual a 
idade em que as pessoas são mais vulneráveis a picadas 
de mosquitos vetores no Brasil? Se o pesquisador usar 
apenas pessoas de um único posto de saúde (amostra) e 
concluir que crianças são mais vulneráveis, não é possível 
extrapolar esse resultado para o Brasil, pois a amostra não 
representou bem a diversidade de pessoas expostas aos 
mosquitos vetores. 
2. apROpRIada aFERIÇÃO dOS EVENtOS E apRESENtaÇÃO 
DOS RESULTADOS: o modo como os dados são medidos 
e apresentados é importante. Em geral, os dados 
epidemiológicos são expressos em termos de coeficientes, 
ou seja, são expressos em termos de informações relativas 
a proporções dentro da amostragem. O cálculo de um 
coeficiente envolve a contagem de casos (numerador) 
divididos pelo número total da população de risco 
(denominador), e o resultado pode ser multiplicado por 
um valor constante para facilitar a interpretação. Exemplo: 
[(Nº de pessoas picadas por mosquitos (30) ÷ Nº total de 
pessoas do bairro (120) × constante (100)] = 25%. Ou seja, 
25% das pessoas do bairro foram picadas por mosquitos. 
a Figura 4 resume o coeficiente e mostra as disciplinas 
que interagem com o numerador e o denominador.
3. CONtROLE daS VaRIÁVEIS CONFUNdIdORaS SOBRE 
OS RESULTADOS: os dados podem ter influências de 
fatores não esperados. Caso isso ocorra, as conclusões 
tiradas podem ser equivocadas. Exemplo: quais hospitais 
possuem maiores taxas de mortalidade, os pequenos 
ou os grandes? Não faz sentido essa comparação, 
sem que ajustes nos valores sejam feitos. Hospitais 
FIGURA 4 - Componentes de um coeficiente
Fonte:pEREIRa, 1995 [adaptada].
EpidEmiologia E BioEstatística
014
unidade 1
FIGURA 4 - Componentes de um coeficiente
Fonte: pEREIRa, 1995 [adaptada].
maiores recebem a maior parte dos casos graves, e 
estão em regiões mais populosas. O controle de variáveis 
confundidoras é feito tanto quando se planeja o estudo 
quanto durante a análise de dados ou nessas duas etapas.
Até esse ponto foram abordados aspectos históricos, bases 
e conceitos da epidemiologia. Adiante, serão expostas duas 
abordagens da epidemiologia: a clínica e a social. O enfoque 
da epidemiologia ao longo do tempo oscila entre essas duas 
abordagens. Essa dicotomia é explicitada no tópico seguinte.
EpidEmiologia E BioEstatística
015
unidade 1
QUESTÃO 2 - Os estudos epidemiológicos são baseados em 
metodologias amplamente utilizadas. a maneira como os dados 
epidemiológicos são coletados pode influenciar o resultado final, gerando 
resultados equivocados, caso determinados cuidados não sejam 
tomados. Para a seleção adequada da população de estudo existem 
dois métodos: o censo e a amostragem. de acordo com essas duas 
abordagens, assinale a correta:
a. Censo é uma metodologia pouco utilizada, pois não é tão confiável 
como a amostragem.
b. a amostragem é uma metodologia que se baseia na coleta 
de dados de uma parcela da população. Já o censo coleta 
informações de toda população. Entretanto, não há diferença 
significativa entre essas duas metodologias.
c. a amostragem é mais utilizada que o censo, pois é mais robusta.
d. A amostragem é quando se coleta informações de uma parcela 
da população, e uma boa amostragem garante que a amostra 
represente adequadamente todos da população.
e. Censo representa a coleta de dados de todos os indivíduos da 
população e esse tipo de pesquisa é a mais comum.
O gabarito se encontra no final da unidade.
EpidEmiologia E BioEstatística
016
unidade 1
QUESTÃO 3 - A epidemiologia é, em essência, uma área multidisciplinar 
da saúde. As bases da epidemiologia incluem as ciências biológicas, 
sociais e a estatística. Originalmente, estatística significa a “medida 
do Estado”, sendo que “Estado”, nesse caso, refere-se aos atributos da 
população de um estado no sentido político. Atualmente, a estatística atua 
em vários campos além dos limites de sua definição original. De acordo 
com a importância da estatística como disciplina base da epidemiologia, 
assinale a alternativa correta:
a. a estatística estuda, principalmente, dados políticos.
b. Somente a ciência social utiliza estatística, uma vez que a 
estatística é uma medida do estado no sentido político.
c. A estatística, quando analisa dados biológicos, é chamada de 
bioestatística e possibilita a constatação de padrões nem sempre 
visíveis nos dados sobre a saúde e doença.
d. a epidemiologia é a principal fonte de dados para estudos 
estatísticos.
e. Socialmente, a estatística não possui utilidade para a 
epidemiologia.
O gabarito se encontra no final da unidade.
“Conceitos Iniciais da Epidemiologia”
autor: Isadora Oliveira
EpidEmiologia E BioEstatística
017
unidade 1
Clínica vs. 
Epidemiologia sociala epidemiologia é abordada tanto por seus aspectos clínicos, sendo 
chamada de “Epidemiologia Clínica”, quanto por suas características 
sociais, sendo nomeada de “Epidemiologia Social” ou, simplesmente, 
“Epidemiologia” (FORattINI, 1990). Essa diferença de enfoque 
tem gerado conflitos, uma vez que a epidemiologia trabalha com 
populações enquanto a medicina clínica trabalha com o indivíduo, 
tem se sugerido que a epidemiologia clínica é uma contradição 
(BONIta; BEaGLEHOLE; KJELLStROM, 2010) (Figura 5). por outro 
lado, defensores do enfoque clínico criticam a epidemiologia com 
enfoque social por ser custosa e gerar resultados controversos 
(FEINStEIN, 1988).
a epidemiologia 
é abordada tanto 
por seus aspectos 
clínicos, sendo 
chamada de 
“Epidemiologia 
Clínica”, quanto por 
suas características 
sociais, sendo 
nomeada de 
“Epidemiologia 
Social”
FIGURA 5 - Epidemiologia social e seu enfoque na população X 
Epidemiologia clínica e seu enfoque no indivíduo
Fonte: ISaBEL pOULIN, 123RF.
EpidEmiologia E BioEstatística
018
unidade 1
Para compreender de maneira adequada a oposição apresentada, 
é relevante o conhecimento de cada abordagem para a formação 
de uma opinião crítica quanto aos argumentos de ambos os lados. 
Portanto, são apresentados detalhes tanto da epidemiologia “clínica” 
quanto da “social”.
“História natural das doenças.
autor: Emanuel Geovane
“Vertentes da Epidemiologia”
autor: Isadora Oliveira
Epidemiologia clínica
O surgimento de uma corrente mais centrada nos aspectos clínicos 
da epidemiologia ocorre no final do século XIX com a teoria do 
germe, permitindo a compreensão do papel dos micro-organismos 
na causa das doenças levando ações diretas nos pacientes para 
entender e controlar doenças (BARATA, 2005). Desde então, a 
epidemiologia clínica desenvolveu-se, e uma síntese organizada 
por Bonita, Beaglehole e Kjellström (2010) serve de base para os 
conceitos apresentados nos subtópicos 2.1.1 até 2.1.6:
Normalidade e Anormalidade
Os sinais e os sintomas podem ser classificados como normais ou 
anormais. Esses dois conceitos correspondem à frequência que 
sintomas/sinais ocorrem em um determinado número de pessoas. 
“Normal” corresponde a algo comum, no sentido de ser o mais 
frequente, refletindo bom estado de saúde. “Anormal” corresponde 
EpidEmiologia E BioEstatística
019
unidade 1
a um sintoma/sinal ocorrente em baixa frequência, geralmente 
associado a alguma doença.
O limite exato em que se considera determinado valor normal 
ou anormal é baseado em critérios estatísticos ou biológicos. 
Entretanto, nem sempre é possível a detecção exata do limite, pois 
pode existir mudança gradual de normal para anormal. Caso seja 
possível identificar a anormalidade, o passo seguinte é o tratamento 
levando em conta os riscos, custos e benefícios. 
Testes diagnósticos
Um valor anormal frequentemente indica a presença de uma doença. 
Essa conclusão pode ser confirmada por meio de testes diagnósticos 
ou rastreamento. Medidas laboratoriais microbiológicas, 
bioquímicas, fisiológicas ou anatômicas são exemplos de testes 
diagnósticos. Segue um exemplo de teste rápido.
EpidEmiologia E BioEstatística
020
unidade 1
Tutorial
Fonte: Elaborado pelos autores.
EpidEmiologia E BioEstatística
021
unidade 1
Os testes comuns para doenças não transmissíveis geralmente 
apresentam maior acurácia, ou seja, teste com maior proporção de 
acerto nos resultados. Entretanto, nem sempre é possível estabelecer 
o limite exato determinado para o valor de confirmação da doença. 
portanto, é necessário conhecer todos os possíveis resultados 
do teste quanto à existência da doença (presente/ausente) e da 
confirmação desta pelo teste (positivo/negativo) (Figura 6).
FIGURA 6 - Possíveis resultados de testes diagnósticos
Fonte: BONIta, BEaGLEHOLE e KJELLStROM, 2010, p.137.
EpidEmiologia E BioEstatística
022
unidade 1
A proporção de indivíduos verdadeiramente doentes que são 
identificados como doentes pelo teste (verdadeiros positivos) é 
chamada de Sensibilidade. Por outro lado, a proporção de indivíduos 
verdadeiramente sadios apontados pelo teste como sadios (sem 
a doença) é chamada de Especificidade (verdadeiros negativos). 
Sempre que em um grupo de pessoas estudadas aumenta a 
proporção de pacientes doentes indicados pelo teste (aumento na 
proporção de verdadeiros positivos), diminui a proporção de pessoas 
sadias que são indicadas pelo teste como doentes (diminuição na 
proporção de verdadeiros negativos). O inverso também é válido, ou 
seja, se a frequência de um diminuir, o outro aumenta. 
Uma vez que o teste pode fazer classificações incorretas, é relevante 
medir a proporção de verdadeiros doentes dentro do grupo apontado 
como doente pelo teste (verdadeiros positivos + falso positivo) por 
meio do Valor preditivo positivo. No mesmo sentido, o cálculo da 
proporção dos verdadeiramente sadios dentro do grupo apontado 
como sadio pelo teste (verdadeiros negativos + falso positivo) é 
feito por meio do Valor preditivo negativo. 
Sensibilidade e especificidade não variam substancialmente, a não 
ser por mudanças na técnica ou por erros na sua aplicação, ao 
contrário dos valores preditivos que dependem da prevalência (casos 
existentes) (pEREIRa, 1995). Essas características diferenciam 
a interpretação dos valores de sensibilidade e especificidade em 
relação aos valores preditivos (Tabela 1).
EpidEmiologia E BioEstatística
023
unidade 1
TABELA 1 - Sensibilidade. especificidade e valores preditivos
Valor preditivopositivo verdadeirospositivos
verdadei
� � � % �( ) =
rrospositivos falsopositivos� �+
×100
Valor preditivonegativo verdadeirosnegativos
falsosn
� � � % �
�
( ) =
eegativos verdadeirosnegativos+
×
�
100
( ) �% 100
� �
verdadeiros positivosSensibilidade
verdadeiros positivos falsonegativos
= ×
+
Especificidade verdadeirosnegativos
falsospositivos ve
% �
�
( ) =
+ rrdadeirosnegativos�
×100
Fonte: pEREIRa, 1995, p.369.
Nem sempre testes com as características citadas são disponíveis. 
além disso, provavelmente a elevada acurácia os torna caros e invasivos. 
Desse modo, testes mais simples e baratos são rotineiramente utilizados, 
e mesmo esses devem ter sua acurácia avaliada.
História Natural e Prognóstico
A história natural representa o desenvolvimento da doença ao 
longo do tempo, ou seja, como ocorre a evolução de certa doença. 
O prognóstico é a previsão das próximas etapas da doença. 
Quanto mais quantidade e qualidade de informações sobre a 
doença na população e em pequenos grupos de pacientes na 
mesma situação, bem como de dados clínicos do paciente, mais 
exato será o prognóstico. 
A forma de expressar o prognóstico é mediante a probabilidade de 
um evento particular vir a acontecer. Este deve incluir predições 
relativas à qualidade e tempo de vida do paciente. Esse refinamento 
é possível por meio de estudos de outros prognósticos, análises 
de sobrevivência e tabelas de sobrevida (sintetiza o padrão de 
mortalidade). A importância de estabelecer prognósticos seguros 
está relacionada com a escolha de um tratamento eficaz.
O prognóstico é 
a previsão das 
próximas etapas da 
doença.
EpidEmiologia E BioEstatística
024
unidade 1
Efetividade do tratamento
O tratamento aplicado aos pacientes deve ser efetivo e aderente. 
Efetividade é a avaliação do impacto de certo tratamento em casos 
reais, ou seja, sem o controle artificial proporcionado por estudos 
laboratoriais. Por exemplo, um estudo de vacinação de uma doença 
permite avaliar quantas pessoas a vacina imunizou, em outras 
palavras,o quão ela foi efetiva (PEREIRA, 1995). Aderência refere-se 
à quantidade de pessoas que iniciou certo tratamento e continuou, 
sendo então um fator determinante na efetividade de um tratamento, 
já que a desistência do tratamento reduz a efetividade do mesmo. 
Algoritmos baseados em evidência
Um algoritmo é a apresentação de uma informação para tomada 
de decisões por meio de passos baseados na lógica (LOHR, 1995). 
Os algoritmos são um meio de utilizar a evidência disponível 
em pesquisas científicas na prática clínica. Existem algoritmos 
disponíveis para muitas doenças, contendo informações para 
adaptação a cada realidade local. Por sua ação direcionada e 
adaptável ao contexto clínico e epidemiológico, é recomendável que 
os algoritmos sejam utilizados sempre que possível. 
Contextos nos quais ações adequadas e rápidas são necessárias 
constituem cenário em que algoritmos são utilizados. Um bom 
exemplo são acidentes durante atendimento clínico. Essa situação 
é crítica, pois pode adicionar uma via de disseminação de doenças, 
justamente quando o objetivo é conter agentes transmissores. Se 
o profissional de saúde ao coletar sangue de um paciente perfurar 
o próprio dedo com a agulha, as ações pós incidente podem ser 
guiadas com o uso de um algoritmo de investigação para acidentes 
com material biológico, a fim de verificar se houve contaminação 
com HIV.
EpidEmiologia E BioEstatística
025
unidade 1
Prevenção e prática clínica
Informações epidemiológicas contribuem para ações preventivas na 
atividade clínica em vários níveis dentro do processo de tratamento 
dos pacientes. Profissionais de saúde munidos de conhecimento 
epidemiológico são capazes de convencer seus pacientes a mudar 
seus hábitos visando à redução de riscos à saúde. Essa interação 
gera mudanças tanto por meio de alterações comportamentais 
quanto ao uso de medicamentos.
Epidemiologia social
Um breve histórico sobre epidemiologia já foi apresentado no 
início da unidade. Entretanto, neste tópico, vamos abordar de 
forma sucinta o contexto histórico da epidemiologia relacionado 
aos aspectos sociais. O embrião da ciência epidemiológica surgiu 
no século XVI. Porém, só no século XIX o estudo epidemiológico 
científico da sociedade se desenvolveu de maneira evidente na 
busca de causas e padrões populacionais de distribuição das 
doenças. a importância do fator social diminui no começo do 
século XX com o aumento do enfoque clínico. O retorno da junção 
das explicações sociais e a epidemiologia ocorreu apenas em 
1960 com a emergência dos movimentos sociais, seguindo até o 
presente momento (KRIEGER, 2000). atualmente, as correntes de 
epidemiologia social não são simples continuidades dos efeitos 
históricos, como veremos adiante.
De acordo com Hersch-Martínez (2013), há quatro áreas 
epidemiológicas atuais relacionadas com campos de 
conhecimento sociais: “epidemiologia crítica”, “epidemiologia 
cultural”, “epidemiologia popular” e “epidemiologia social”. Vamos 
apenas abordar a área “epidemiologia social”. Segundo Barata 
(2005), existem cinco teorias dentro da epidemiologia-social: a 
Ecoepidemiologia, a teoria do Capital Social, a perspectiva do 
O retorno da 
junção das 
explicações sociais 
e a epidemiologia 
ocorreu apenas 
em 1960 com 
a emergência 
dos movimentos 
sociais, seguindo 
até o presente 
momento
EpidEmiologia E BioEstatística
026
unidade 1
Curso da Vida, a Teoria da Produção Social da Doença e a Teoria 
Ecossocial.
a Ecoepidemiologia, segundo Susser e Susser (1998), é 
baseada na necessidade de incluir aspectos socioambientais no 
processo de compreensão e tomada de ações epidemiológicas, 
facilitado por inovações clínicas, tecnológicas e acessibilidade à 
informação. O “eco” de ecoepidemiologia vem da abordagem dos 
estudos ecológicos que lidam com várias situações nas quais 
as generalizações não são possíveis. Além disso, no caso da 
ecoepidemiologia, ocorre a segmentação dos níveis de organização, 
como: moléculas, células, tecidos, sistemas fisiológicos, indivíduos, 
populações, sociedades e ambiente físico. Nessa linha teórica, o 
epidemiologista deve ser capaz de unir informações a respeito de 
todos esses níveis em seu processo de entendimento e ações de 
prevenção e controle.
a teoria do Capital Social considera que a desigualdade monetária 
na população gera perda da cooperação entre pessoas que, por sua 
vez, leva a maiores taxas de mortalidade (KaWaCHI et al., 1997). 
Nesse caso, cooperação entre pessoas corresponde ao termo 
capital social. a mortalidade considerada nessa teoria inclui fatores, 
como: mortalidade infantil, doenças cardíacas e cerebrovasculares, 
câncer e injúrias não intencionais. A proposta dessa teoria foi 
embasada na análise de uma grande base de dados dos Estados 
Unidos, levando em conta potenciais efeitos da pobreza e cor da 
pele nos resultados (KaWaCHI et al., 1997).
Notícia
Brasil vai produzir medicamento inovador contra tuberculose
O que presidiários, você, tuberculose e câncer têm em comum? E como o 
enfoque epidemiológico social e clínico influem nessas relações? Clínicos 
percebem o quanto é eficiente unir todos os remédios do paciente em 
uma única dose, pois assim diminuem a chance de esquecimento e erros 
que comprometam o tratamento. Se isso é um problema para o paciente 
EpidEmiologia E BioEstatística
027
unidade 1
com acesso ao tratamento, é obviamente um problema muito maior para 
populações socialmente marginalizadas ou que vivem sem tratamentos 
adequados.
Portanto, é relevante que informações epidemiológicas sociais, como a 
maior vulnerabilidade à tuberculose entre moradores de rua, justifiquem 
ações como a dose única e o direcionamento de esforços de saúde para 
determinados grupos. 
O câncer, por sua vez, entra nessa história na medida em que todos 
podemos desenvolvê-las, independente da população a que pertencemos. 
O tratamento para o câncer cria imunodepressão, que aumenta as chances 
de infecção por várias doenças, dentre essas, a tuberculose. Medicar 
moradores de rua, presidiários, portadores de HIV e indígenas diminui 
muito as chances de que você, em um eventual tratamento de câncer, 
contraia tuberculose, pois a “proteção do bando” diminui a probabilidade de 
contaminação por tuberculose. Nesse sentido, dose única para tuberculose, 
descrita na notícia, é uma medida muito conveniente e importante, pois 
reflete em toda a população.
Fonte: VILLELa, Flávia. Brasil vai produzir medicamento inovador contra 
tuberculose. EBC Agência Brasil. 24 nov. 2014. Disponível em: <http://
agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-11/brasil-vai-produzir-
medicamento-inovador-contra-tuberculose>. acesso em: 21 dez. 2016.
a perspectiva do Curso da Vida considera que o contexto de vida 
de cada indivíduo determina aspectos da saúde (MaRMOt, 2001). 
Dois conceitos básicos são importantes para compreender essa 
teoria: fatores materiais que representam ganhos financeiros e bens 
associados; e fatores não materiais que correspondem ao sucesso 
em termos de posição hierárquica na sociedade. Um dos pontos de 
vista dessa teoria considera que ambos os fatores são importantes 
(MARMOT, 2002). Por outro lado, uma visão alternativa exclui o fator 
não material por falta de boas evidências (MACLEOD; SMITH, 2003). 
EpidEmiologia E BioEstatística
028
unidade 1
A Produção Social da Doença (LAURELL, 1981) implica em padrões 
de ocorrência de enfermidades relacionados com a organização 
social existente. por exemplo, de maneira geral, ao longo do tempo, 
as doenças infectocontagiosas têm deixado de ser incidentes, 
enquanto que as doenças cardíacas e deneoplasias estão no 
auge. Esse padrão é explicado pela estrutura social permitindo uma 
vida mais longa, contudo possibilitando o surgimento de doenças 
associadas à idade. O mesmo vale para classes sociais altas com 
maiores incidências de doenças cardiovasculares e do sistema 
nervoso central, e classes baixas com maiores incidências de 
doenças infectocontagiosas, em que os tipos de trabalho e a divisão 
social em classes explicam parte desses padrões.
A Teoria Ecossocial (KRIEGER, 2002) une aspectos biológicos, 
sociais, históricos e ecológicos. O conjunto desses componentes 
forma a realidade em que o indivíduo e seu corpo se inserem e a 
maneira como a estruturação desses componentes é incorporada 
em diferentes níveis abaixo (sistemas fisiológicos, células) e acima 
(vizinhança, região, nação) do indivíduo e em distintos domínios 
(profissional, político, familiar). Juntamente com os componentes 
citados, os fatores tempo e espaço são levados em conta, e, nesse 
contexto, essa teoria pretende responder a seguintes questões: 
“quem e o que causa os padrões populacionais de saúde, doença 
e bem-estar no passado e no presente; e como as desigualdades 
sociais mudam os padrões populacionais da saúde?”. 
Mais do que simplesmente ser um conjunto das teorias citadas 
previamente e apenas reinterpretar fatores identificados por uma 
abordagem (ex.: biológica) sob o ponto de vista de outra (ex.: social), 
a teoria Ecossocial pretende viabilizar novas hipóteses. Justamente 
por abranger o indivíduo, seu corpo e aspectos biológicos, 
sociais e históricos, essa teoria tem sido utilizada em estudos 
epidemiológicos envolvendo questões relativas ao gênero e etnia.
Justamente 
por abranger o 
indivíduo, seu 
corpo e aspectos 
biológicos, sociais 
e históricos, 
essa teoria tem 
sido utilizada 
em estudos 
epidemiológicos 
envolvendo 
questões relativas 
ao gênero e etnia.
EpidEmiologia E BioEstatística
029
unidade 1
Epidemiologia, ou epidemiologias?
O título desse subtópico corresponde ao editorial de 1990 da Revista 
de Saúde pública. a importância dos pontos de vista opostos é 
evidente nas palavras do editor, o médico epidemiologista Oswaldo 
paulo Forattini (1990, on-line):
É pois evidente a tentativa de transformar a 
epidemiologia, dividindo-a em duas partes. Uma delas; 
inteiramente de ordem social, e a outra apenas como 
apêndice metodológico da ciência médica. Na primeira, 
está a pesquisa do conhecimento epidemiológico 
fundamentada na abordagem dos fatores sociais 
mediante a lógica do determinismo e da dialética. Na 
segunda, como refúgio da teoria da causalidade, dá-
se ênfase aos fatores relacionados a problemas de 
ordem clínica.
ao compararmos a Epidemiologia Clínica com a Epidemiologia 
Social nos tópicos anteriores, fica clara a carga prática da primeira e 
a carga teórica da segunda, bem como o enfoque clínico é detalhista 
e o social é generalista. O quanto essas distinções no modo de 
abordar o objeto de estudo implicam em separação ou conciliação 
entre as áreas depende do grau de interação entre componentes 
clínicos e sociais dos estudos epidemiológicos. Contudo, a opinião 
de Forattini é relevante nesse ponto: 
Em conclusão, o conhecimento epidemiológico 
deriva de pesquisa que, de maneira exclusiva, se 
interessa pelo seu desenvolvimento. Há que se evitar, 
por inconveniente, implicações desnecessárias, 
preservando a epidemiologia como campo único de 
estudo. E sem divisões conceituais que, sobre serem 
de pouca utilidade, somente propiciam a fragmentação 
estéril dessa ciência. Não há, e é de se duvidar 
que venha a haver a necessidade de mais de uma 
epidemiologia. A menos que pressões de outra ordem 
propiciem a criação de uma “epidemiologia política”. 
Mas isso nada terá a ver com a Ciência.
“Teorias da Epidemiologia Social”
autor: Isadora Oliveira
EpidEmiologia E BioEstatística
030
unidade 1
Independentemente de haver uma conciliação ou uma divisão formal 
na disciplina, certamente a abordagem baseada em evidência terá 
um papel crucial no processo. Esses princípios que fundamentam 
a criação dos algoritmos baseados em evidência (tópico 2.1.5) 
podem ser o elo de conciliação em caso de unificação, ou em caso 
de separação, serão a via de comunicação entre as epidemiologias 
clínicas e sociais.
QUESTÃO 4 - O enfoque da epidemiologia ao longo do tempo oscila 
entre assuntos clínicos e sociais. a corrente dos aspectos clínicos surge 
no final do século XIX com a teoria do germe, e continua até os dias atuais. 
Já a social surge no século XVI, mas ao longo do tempo perde a sua força, 
voltando apenas por volta de 1960, em meio a lutas sociais. atualmente, 
existem setores da epidemiologia que consideram que deva haver uma 
separação entre clínica e social. Diferencie essas duas vertentes.
QUESTÃO 5 - atualmente, o campo da epidemiologia interage com 
vários aspectos das ciências sociais e humanas, como história, economia 
e política. Adicionalmente, aspectos biológicos e ecológicos como etnia, 
fatores ambientais e poluição também estão inseridos em vários conceitos 
epidemiológicos. Essas interações interdisciplinares se combinam sob a 
forma de teorias. É possível citar cinco teorias dentro da epidemiologia 
social. Compare as teorias: 
O gabarito se encontra no final da unidade.
EpidEmiologia E BioEstatística
031
unidade 1
QUESTÃO 1 - a) Justificativa correta: Esse conceito reflete uma 
tentativa de explicação geral da epidemiologia, incluindo seus objetos de 
estudo: eventos relacionados à saúde e à população.
QUESTÃO 2 - d) Justificativa correta: A amostragem corresponde à 
coleta de dados de uma parcela da população e a melhor forma de realizar 
a amostragem é representar toda a diversidade da população.
QUESTÃO 3 - c) Justificativa correta: Independente da área em que 
a estatística é empregada, uma das suas principais finalidades é tornar 
explícitos padrões na distribuição dos dados analisados.
QUESTÃO 4 - Sugestão de resposta: a epidemiologia clínica apresenta 
um estudo focado nos sintomas, alterações morfológicas e tratamento da 
doença. A epidemiologia social se preocupa em como as doenças estão 
distribuídas e quais são os fatores ambientais e sociais que influenciam a 
disseminação dessas doenças. Ou seja, o enfoque clínico é mais detalhista 
e o social é generalista.
QUESTÃO 5 - Sugestão de resposta: a Ecoepidemiologia é baseada 
na necessidade de incluir aspectos socioambientais no processo de 
compreensão e tomada de ações epidemiológicas. Enquanto a Teoria do 
Capital Social não está associada com questões ambientais, mas sim em 
aspectos sociais que considera que a desigualdade monetária na população 
gera perda da cooperação entre pessoas que, por sua vez, levam a maiores 
taxas de mortalidade. Nesse caso, cooperação entre pessoas é uma das 
principais métricas consideradas como capital social. Já a perspectiva 
do Curso da Vida considera que o contexto de vida de cada indivíduo 
determina aspectos da saúde. A Produção Social da Doença também 
é focada no social e implica em padrões de ocorrência de enfermidades 
relacionados com a organização social existente. Por exemplo, de maneira 
geral, ao longo do tempo, as doenças infectocontagiosas têm deixado 
de ser incidentes, enquanto que as doenças cardíacas e de neoplasias 
estão no auge. Já a Teoria Ecossocial unifica aspectos biológicos, sociais, 
históricos e ecológicos.
EpidEmiologia E BioEstatística
032
unidade 1
“Resumo da unidade”
UNIDADE 
Princípios da saúde baseada 
em evidências para tomada de 
decisões em saúde
•	 Definições
•	 Evidências
•	 Atividades 
de Fixação - 
Resposta
EpidEmiologiaE BioEstatística
035
unidade 2
Definições
imagine a seguinte situação: um paciente tem dor na região lombar. 
Ao fazer exames, recebe o diagnóstico de hérnia de disco. Entre 
fazer uma operação ou fisioterapia, o paciente prefere operar, pois 
considera que irá resolver seu problema mais rapidamente. Contudo, 
o profissional de saúde pondera que resolver usando fisioterapia 
pode ser menos arriscado, embora leve mais tempo. Os riscos e o 
tempo de recuperação dos dois procedimentos devem então ser 
levados em conta, então, como decidir?
FIGURA 7 - Interação entre profissional de saúde e paciente
Fonte: VadIM GUZHVa, 123RF.
EpidEmiologia E BioEstatística
036
unidade 2
O contexto exposto anteriormente é uma das situações em que os 
princípios da saúde baseados em evidência podem ser usados. O 
uso desses princípios envolve atualização direcionada para resolver 
problemas práticos de saúde. Em epidemiologia e em todas as 
áreas da saúde, a atualização é extremamente importante para 
disponibilizar as melhores abordagens aos pacientes e populações 
expostas a algum risco.
O conceito de “saúde baseada em evidência” (SBE) é derivado da 
“medicina baseada em evidência” (MBE), que é definida como: uso 
consciencioso, explícito e sensato da melhor evidência disponível 
na tomada de decisão sobre o cuidado ao paciente, acrescida 
da experiência do profissional da saúde e das preferências dos 
pacientes (SaCKEtt et al., 1996). Uma vez que essa proposta foi 
incorporada em outras disciplinas da saúde, o termo “médico” pode 
ser substituído para “profissional da saúde”, bem como ao lado do 
termo pacientes, é possível usar também “populações”.
O início da prática baseada em evidência se deu no Canadá no início 
dos anos 1990 (CaStIEL; pÓVOa, s.d.). anos depois, na Inglaterra, 
a busca por otimização entre qualidade, eficiência e custos dos 
serviços de saúde promoveu ainda mais o uso da prática baseada 
em evidência (GERRISH; CLAYTON, 1998). Desde então, a SBE vem 
se desenvolvendo, existindo várias publicações sobre o assunto. 
Os conteúdos apresentados a seguir incluem tanto enfoque 
clínico no paciente, apresentado por Bosi (2012), quanto o enfoque 
epidemiológico na população.
As ciências da saúde compartilham o objetivo de sempre cuidar 
do paciente ou da população. Ao usar a SBE, novas tecnologias em 
saúde (evidências) são encontradas. O emprego dessas inovações 
para a saúde do paciente não deve ser simplesmente baseado 
no achismo do profissional da saúde, mas sim no conhecimento 
científico por trás dessas inovações (SCHMIDT; DUNCAN, 2003). 
além disso, o método utilizado deve ser a melhor escolha em termos 
de eficácia, efetividade, eficiência, segurança, qualidade e custo.
Em epidemiologia 
e em todas as 
áreas da saúde, 
a atualização é 
extremamente 
importante para 
disponibilizar 
as melhores 
abordagens 
aos pacientes 
e populações 
expostas a algum 
risco.
EpidEmiologia E BioEstatística
037
unidade 2
A validação das ações baseadas em evidências aos pacientes 
(SaMpaIO et al., 2002) e o convívio com culturas profissionais que 
supervalorizam a rotina (MaRK; papadOpOULOS; SIGSWORtH, 
1998) são algumas das primeiras situações encontradas pelo 
profissional de saúde ao utilizar a SBE. Outro desafio é a busca 
por boas evidências, proporcionadas por pesquisas de qualidades, 
publicadas geralmente na forma de artigos em revistas científicas. 
Geralmente, essas revistas indexadas são rigorosas na avaliação 
dos trabalhos, o que garante a qualidade do material publicado.
a internet possibilitou um maior acesso a esses artigos. Essa 
disponibilidade facilita a escolha de evidências adequadas, 
utilizadas na prática para ações aliadas com conhecimento 
clínico, experiências, habilidades e valores adquiridos com base na 
observação e prática. Deste ponto em diante, a palavra “evidência” 
deve ser pensada principalmente como sinônimo de “artigos 
científicos contendo resultados inovadores e de boa qualidade”.
QUESTÃO 1 - a busca constante de artigos é uma forma de 
atualização extremamente importante em epidemiologia, pois isso permite 
ao profissional da saúde melhores abordagens de tratamento e prevenção 
aos pacientes e populações expostas a algum risco. Relacionado a isso, 
existe o conceito de “saúde baseada em evidência” (SBE). Defina esse 
conceito.
O gabarito se encontra no final da unidade.
EpidEmiologia E BioEstatística
038
unidade 2
Aspectos teóricos
de uma maneira simples e direta, uma dúvida é um problema 
que gera uma questão, que possui algumas respostas possíveis, 
chamadas de hipóteses (aZEVEdO, 2009), como pode ser visto no 
seguinte exemplo:
Uma dúvida quanto ao melhor “procedimento” para prevenir a 
disseminação de uma doença em bairros → cria o problema 
sobre qual procedimento escolher → que se torna questão → qual 
procedimento é mais eficaz? → as possíveis respostas para essa 
questão são hipóteses:
• o procedimento A é mais eficaz que o B;
• o procedimento B é mais eficaz que o A;
• os procedimentos A e B são igualmente eficazes.
a simplicidade do exemplo apresentado anteriormente é proposital 
para apresentar o que é questão e o que é hipótese. Na prática 
dirigida por evidência, o exemplo anterior é complementado com 
algumas informações para construir uma questão bem formulada, 
na qual uma das hipóteses já é apresentada dentro da pergunta e 
informações sobre o objeto de estudo são adicionadas, compondo 
assim uma estrutura básica com informações sobre o (1) paciente/
população; (2) tratamento, diagnóstico ou agente de risco; (3) 
hipótese ou desfecho de interesse (Tabela 2).
uma dúvida é um 
problema que gera 
uma questão, que 
possui algumas 
respostas possíveis, 
chamadas de 
hipóteses
(2) TRATAMENTO, DIAGNÓSTICO 
OU AGENTE DE RISCO
(3) HIPÓTESE OU DESFECHO 
DE INTERESSE
PACIENTE 
POPULAÇÃO
O procedimento A (tratamento)
é mais eficiente que o 
procedimento B para prevenir 
a disseminação da doença X
nas populações que vivem 
em bairros?
TABELA 2 – Componentes básicos de uma questão bem formulada
Fonte: BOSI, 2010 [adaptada].
EpidEmiologia E BioEstatística
039
unidade 2
Além da estrutura básica para se construir uma pergunta científica 
adequada no contexto da saúde baseada em evidência, existem 
quatro itens que também devem ser considerados, pois estes 
garantem a qualidade de uma boa pergunta.
• (A) Situação clínica/epidemiológica (qual é o problema);
• (B) Intervenção (qual é o tratamento de interesse a ser 
testado);
• (C) Grupo de controle (nenhuma intervenção ou outra 
intervenção);
• (D) Desfecho clínico (cura, falecimento, eliminação da 
doença na população).
Mesmo que algum desses itens não estejam explícitos na questão, 
devem estar considerados no modo como a pesquisa por evidência 
será efetuada, ou seja, devem ser levados em conta em alguma das 
seguintes etapas: planejamento, análise estatística e conclusão. 
dessa maneira, as chances de ocorrerem erros ao longo de um 
projeto de pesquisa são menores.
a Tabela 3, a seguir, aponta as equivalências entre os pontos 
básicos de uma questão (ver Tabela 2) e os itens que garantem a 
qualidade de uma questão.
TABELA 3 – Relação entre os componentes básicos de uma questão e itens que garantem a 
qualidade de uma questão
iteNs que 
garaNtem a 
qualidade de 
uma questão
Intervenção
(C) grupo de 
controle
(D) desfecho 
clínico
(A) situação clínica/
epidemiológica 
(doença)
PoNtos básiCos 
de uma questão
(2) Tratamento, 
diagnóstico ou agente 
de risco
(3) Hipótese ou desfecho de interesse Paciente / população
exemPlo O procedimento a
É maiseficiente que 
o procedimento b
Para prevenir a 
disseminação
Da doença x nas 
populações que vivem 
em bairros?
Fonte: BOSI, 2010 [adaptada].
EpidEmiologia E BioEstatística
040
unidade 2
Quanto mais atenção a situação real que gera a questão, melhor 
será a qualidade do projeto elaborado pela equipe de profissionais 
envolvidos e melhor será o resultado para o paciente (EpStEIN, 
1999) (ref.) ou para a população. Além disso, quanto maior o tempo 
gasto, maiores serão os benefícios em termos de desenvolvimento 
e refinamento das capacidades críticas, práticas e técnicas de todos 
os colaboradores envolvidos. Contudo, é óbvio que o tempo gasto 
depende primordialmente da gravidade e limitações de cada caso, 
levando em conta os interesses do paciente ou população.
As maneiras apresentadas para construir uma boa questão têm 
a finalidade de embasar aspectos metodológicos teóricos que 
garantam os melhores resultados possíveis, permitindo que o 
profissional de saúde, ao se deparar com uma dúvida, seja capaz de 
fazer e responder às seguintes perguntas: qual é o problema? Qual 
o diagnóstico? Que tipo de paciente/população? Como resolver/
atenuar o problema?
Aspectos práticos
O profissional iniciante na área de saúde possui dúvidas 
principalmente a respeito de aspectos gerais envolvendo a definição 
de doenças, construindo assim questões básicas. Contudo, ao 
longo da carreira surgirão questionamentos e dúvidas sobre o 
manuseio do paciente, a respeito de diagnóstico, tratamentos e 
prognóstico, sendo essas consideradas as questões clínicas. as 
questões básicas possuem as seguintes características:
• Começam com: por que, como, quando, onde, o que, qual;
• tratam de uma doença;
• São relacionadas à etiologia, etiopatogenia, fisiopatologia e 
epidemiologia;
Quanto mais 
atenção a situação 
real que gera a 
questão, melhor 
será a qualidade do 
projeto elaborado 
pela equipe de 
profissionais 
envolvidos e melhor 
será o resultado 
para o paciente
EpidEmiologia E BioEstatística
041
unidade 2
• Exemplos:
• Qual a causa da microcefalia associada ao vírus 
Zika?
• por que o ebola causa hemorragias extremas?
• Qual a frequência de mortalidade do ebola?
As questões clínicas tratam dos cuidados de um paciente com uma 
doença específica e possuem as seguintes características:
• A intervenção principal (ex.: exposição, método diagnóstico, 
fator prognóstico, tratamentos);
• Uma intervenção de comparação;
• desfechos clínicos;
• Exemplos:
• Os achados clínicos são suficientes para fazer um 
diagnóstico de pneumonia ou a radiografia do tórax 
é sempre necessária?
• O prognóstico de um paciente com pneumonia 
comunitária tratado em ambulatório é pior do que 
aquele em nível hospitalar?
Muitas questões de saúde construídas para a tomada de decisões 
baseadas em evidências misturam tanto aspectos das questões 
básicas quanto aspectos das questões clínicas. Profissionais 
envolvidos com a prática diária em hospitais são os mais 
favorecidos com as questões clínicas, pois lidam diretamente com 
o paciente. Por outro lado, profissionais que atuem com aspectos 
de saúde de domínio populacional são favorecidos, tanto com as 
questões básicas quanto com as questões clínicas.
EpidEmiologia E BioEstatística
042
unidade 2
QUESTÃO 2 - O Zika Vírus, quando infecta uma grávida, pode 
desencadear processos que levam a várias mudanças no cérebro e no 
crânio do feto, resultando em microcefalia. Contudo, existem fetos com 
microcefalia associada ao Zika e fetos que apenas possuem crânios 
com medidas menores que a média. Por essa razão, um profissional se 
questiona: “Qual é a proporção de fetos com crânios pequenos que, de 
fato, apresentam microcefalia?” Dentro da classificação de dúvidas que 
ocorrem no contexto prático diário em um hospital, essa dúvida pode ser 
classificada como:
a. É uma dúvida básica.
b. É uma dúvida clínica.
c. É uma dúvida social.
d. É uma dúvida lógica.
e. É uma dúvida ambulatorial.
O gabarito se encontra no final da unidade.
Uma boa estratégia é necessária para a construção de 
questionamentos adequados com dúvidas clínicas, básicas ou 
híbridas, contendo pontos principais e que tornam a questão 
relevante, otimizando entre os componentes relevantes e uma 
estrutura simples.
Uma maneira prática e informativa para a construção de questões 
clínicas é por meio do ppR (LOpES, 2000). Nessa estrutura, a 
questão inclui dois componentes já citados: problema (P) e resultado 
(R), e apresenta o componente preditor (p), que corresponde a 
um fator de risco, de prognóstico ou de intervenção. A ordem dos 
componentes na construção da questão é a seguinte: Problema, 
preditor, Resultado (ppR).
Uma boa estratégia 
é necessária para 
a construção de 
questionamentos 
adequados com 
dúvidas clínicas, 
básicas ou 
híbridas, contendo 
pontos principais 
e que tornam a 
questão relevante, 
otimizando entre 
os componentes 
relevantes e uma 
estrutura simples
EpidEmiologia E BioEstatística
043
unidade 2
As questões estruturadas seguindo o PPR são perfeitamente 
adaptáveis no contexto epidemiológico, e a equivalência do PPR 
com os pontos básicos e os itens de qualidade é feita na Tabela 4. 
Nessa tabela, é possível notar que a abordagem ppR inclui todos os 
componentes básicos e que dão qualidade ao mesmo tempo que 
possui uma das estruturas mais simples de ser apresentada, sendo, 
portanto, uma boa opção para a construção de questões científicas 
para serem utilizadas na busca por evidências para a tomada de 
decisões em saúde.
TABELA 4 – Relação entre os componentes básicos, itens que garantem a qualidade e a estrutura 
PPR na formulação de questões baseadas em evidência para tomada de decisões em saúde
Itens que 
garantem a 
qualidade de 
uma questão
(B) intervenção (C) grupo de controle
(D) desfecho 
clínico
(A) situação clínica/
epidemiológica 
(doença)
Pontos 
básicos de 
uma questão
(2) tratamento, 
diagnóstico ou 
agente de risco
(3) hipótese ou desfecho de interesse
(1) paciente / 
população
EXEMPLO
O procedimento 
A
é mais eficiente que 
o procedimento B
para prevenir a 
disseminação
da doença X nas 
populações que vivem 
em bairros?
EXEMPLO
A doença X em 
populações de 
bairros
nos quais o procedimento A foi utilizado 
ao invés do procedimento B
é controlada de 
maneira mais eficaz?
PPR P P R
Fonte: BOSI, 2010 [adaptada].
EpidEmiologia E BioEstatística
044
unidade 2
Uma alternativa ao ppR é estratégia pICO, sendo estruturada com 
os seguintes componentes:
• Paciente; População; Problema
• Intervenção; Indicador
• Comparação; Controle
• Outcome -> inglês -> Resultado; Desfecho
a Figura 8 exibe os itens constituintes na estratégia pICO. ambos 
os procedimentos contêm todas as estruturas teóricas necessárias 
para elaboração de uma boa pergunta no contexto da saúde baseada 
em evidências (Tabela 5). Na Tabela 6, temos alguns exemplos do 
uso da estratégia PICO em distintas situações.
FIGURA 8 - Estratégia PICO e seus componentes estruturais
Fonte: GLaSZIOU et al., 2003; SaNtOS; pIMENta; NOBRE, 2007 [adaptada].
EpidEmiologia E BioEstatística
045
unidade 2
TABELA 5 – Relação entre componentes básicos, itens que garantem a qualidade PPR e PICO na 
formulação de questões baseadas em evidência para tomada de decisões em saúde
Itens que 
garantem a 
qualidade 
de uma 
questão
INTERVENÇÃO (C) GRUPO DE CONTROLE
(D) DESFECHO 
CLíNICO
(A) SITUAÇÃO 
CLíNICA/
EPIDEMIOLÓGICA 
(DOENÇA)
Pontos 
básicos 
de uma 
questão
(2) Tratamento, 
diagnóstico ou 
agente de risco(3) Hipótese ou desfecho de interesse Paciente / população
exemPlo O procedimento a
É mais 
eficiente que o 
procedimento b
Para prevenir a 
disseminação
Da doença x nas 
populações que vivem 
em bairros?
PPr P P R
exemPlo
A doença x em 
populações de 
bairros
Nos quais o procedimento a foi utilizado ao 
invés do procedimento b
É controlada de 
maneira mais eficaz?
exemPlo
A doença x, em 
populações de 
bairros
Nos quais o 
procedimento a foi 
utilizado
Ao invés do 
procedimento b,
É controlada de 
maneira mais eficaz?
PiCo P I C 0
Fonte: BOSI, 2010 [adaptada].
EpidEmiologia E BioEstatística
046
unidade 2
TABELA 6 - Exemplos de questões utilizando a metodologia PICO
si
t
u
a
Ç
ã
o
exemPlo P i C o questão
C
a
so
Um paciente de 34 
anos com artrose sente 
dores agudas nos 
joelhos
Homens, 34 anos, 
com artrose nas 
articulações do 
joelho
Infiltração 
com ácido 
hialurônico
Fisioterapia
Diminuição de 
dor aguda
Em homens adultos, 
a infiltração de 
ácido hialurônico 
comparado com 
fisioterapia, diminui 
dores agudas no 
joelho?
et
io
lo
g
ia
 e
 F
at
o
r
es
 
d
e 
r
is
C
o
Os pais de um garoto 
de 5 anos com 
histórico de infecções 
repetidas na garganta 
consideram a retirada 
das amídalas, contudo 
eles se preocupam se 
a imunidade da criança 
será comprometida
Crianças de 
5 anos muito 
suscetíveis a 
infecções na 
garganta
amigdalectomia
Sem 
amigdalectomia
Imunidade 
baixa
Em crianças de 5 
anos submetidas 
à amigdalectomia 
(comparadas com 
as que não se 
submetem), há 
menor imunidade 
no futuro?
d
ia
g
N
Ó
st
iC
o
Uma senhora de 55 
anos de idade acredita 
que o cateterismo 
possa apontar 
supostos problemas 
cardíacos que o 
ecocardiograma não 
diagnostica, uma 
vez que sua família 
apresenta histórico de 
cardiopatias
Mulheres com 
55 anos com 
histórico de 
cardiopatia na 
família
cateterismo
Alternativa 
menos 
invasiva - 
ecocardiograma
Diagnóstico 
acurado
Em mulheres 
idosas, o 
ecocardiograma é 
tão acurado quanto 
o cateterismo 
para diagnosticar 
cardiopatias?
P
r
Ó
g
N
Ó
st
iC
o
Uma mulher decide 
ser mãe aos 39 anos, 
contudo teme que 
sua idade avançada 
aumente as chances 
de complicações para 
ela e o feto
Riscos para 
mãe e feto em 
mulheres grávidas 
aos 39 anos
Gravidez 
em idades 
avançadas
Gravidez em 
idades menos 
avançadas
Complicações 
na gravidez 
para mãe e o 
feto
Em mulheres ao 
redor dos 40 anos, 
as complicações 
na gravidez (em 
comparação com 
complicações 
em gravidez em 
mulheres mais 
jovens) são mais 
frequentes?
Fonte: BOSI, 2010 [adaptada].
EpidEmiologia E BioEstatística
047
unidade 2
QUESTÃO 3 - É muito importante o modo como uma questão é 
construída para responder dúvidas sobre a temática da “saúde baseada 
em evidências”. Portanto, dúvidas nesse sentido devem apresentar 
tanto componentes básicos quanto qualitativos para garantir a melhor 
estruturação possível de um questionamento. Desse modo, qual é o 
significado das siglas PPR e PICO?
a. passivo, pleno, resposta – preparo, indício, coleta, origem. .
b. Alternativa: Preparo, plano, rastreio – política, internação, 
comando, ordem.
c. Problema, preditor, resposta – paciente; intervenção; comparação; 
outcome
d. alternativa: proposta, proatividade, comunidade – penalidade, 
incidência, compromisso, clínica, orçamento.
e. Alternativa: Público, perfil, rotina – perímetro, interno, controle, 
órgão.
O gabarito se encontra no final da unidade.
De maneira geral, o fator tempo está sempre implícito na questão 
pICO, contudo, quando a variável temporal deve ser adicionada 
explicitamente à estratégia, recebe o nome de pICOt. Exemplo: a 
doença X, em populações de bairros nos quais o procedimento A foi 
utilizado ao invés do procedimento B, é controlada de maneira mais 
eficaz na época mais chuvosa?
Nem todas as dúvidas vão poder ser respondidas usando os 
procedimentos apresentados, pois em determinados casos as 
evidências disponíveis podem não corresponder a situações reais. 
Além disso, sempre surgirão dúvidas que não foram abordadas 
em nenhum tipo de estudo. Essas situações contribuem para 
indisponibilizar evidências para muitas questões.
EpidEmiologia E BioEstatística
048
unidade 2
portanto, é crucial o desenvolvimento de capacidades 
profissionais e pessoais oportunas para ultrapassar dificuldades 
na obtenção de boas evidências. Essa postura de aperfeiçoamento 
é fundamental para a prática da saúde baseada em evidências 
para a tomada de decisões.
Por outro lado, essa limitação serve de estímulo para profissionais 
atuarem na criação de evidências adequadas para os demais, uma 
vez que tanto os novos problemas quanto trabalhos com baixa 
qualidade criam uma demanda por evidências de boa qualidade.
Evidências
é crucial o 
desenvolvimento 
de capacidades 
profissionais e 
pessoais oportunas 
para ultrapassar 
dificuldades na 
obtenção de boas 
evidências.
FIGURA 9 - Pesquisa em saúde
Fonte: StOKKEtE, 123RF.
EpidEmiologia E BioEstatística
049
unidade 2
o acúmulo de informações de saúde é cada vez maior ao longo 
do tempo, aumentando as chances de que variados problemas 
de saúde sejam estudados e as informações estejam disponíveis. 
Entretanto, mesmo utilizando as dúvidas bem formuladas para 
iniciar uma busca otimizada, essa grande massa de informação 
é intimidadora.
Apenas a acumulação de dados é contraprodutiva, pois dificilmente 
quem deseja uma informação específica irá encontrá-la em meio 
a todos os outros dados sem um mecanismo eficiente de busca 
rápida. Essa situação demanda curadoria adequada e um sistema 
de busca rápido, fácil e eficiente.
Nesta seção, serão apresentadas formas do pesquisador poder 
responder as questões sobre saúde baseada em evidências 
apresentadas anteriormente, utilizando ferramentas disponibilizadas 
na internet. Como em várias outras áreas do conhecimento, cada 
vez mais existe o uso da informação disponível on-line, o que torna 
extremamente relevante o conhecimento desse mecanismo de busca.
Encontrando evidências
Uma vez que as evidências são publicações, representadas em 
grande parte por artigos em revistas científicas, o armazenamento 
desses dados deve permitir o acesso fácil ao conteúdo. Isso é 
feito por meio das bases de dados, que em termos práticos são 
como grandes bibliotecas na internet. toda biblioteca tem meios 
de acessar determinada publicação usando um sistema de busca, 
no caso das bases de dados on-line, o mecanismo de busca utiliza 
principalmente palavras-chave que são capazes de reunir todo o 
material relativo ao termo escolhido.
Uma vez que as 
evidências são 
publicações, 
representadas 
em grande parte 
por artigos em 
revistas científicas, 
o armazenamento 
desses dados deve 
permitir o acesso 
fácil ao conteúdo.
EpidEmiologia E BioEstatística
050
unidade 2
O gerenciamento das revistas científicas e seus artigos nas bases 
de dados é feito usando o sistema de indexação, que corresponde 
a atribuir um índice a cada revista, analogamente ao índice de um 
livro, permitindo assim o acesso direto à revista que contenha 
alguma informação relacionada à palavra-chave utilizada. Desse 
modo, uma palavra-chave se relaciona a um artigo em uma revista 
por meio da indexação.
A relação indexador~palavras-chave é feita sem obedecer 
nenhuma estrutura,

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