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Informativo 573-STJ (12/11 a 25/11/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
ÍNDICE 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
DEFENSORIA PÚBLICA 
 Legitimidade da Defensoria para propor ACP em defesa de juridicamente necessitados. 
 
DIREITO CIVIL 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
 Responsabilidade civil dos genitores pelos danos causados por filho esquizofrênico. 
 
COMPRA E VENDA 
 Venda com reserva de domínio e proteção possessória requerida por vendedor. 
 
CONTRATO DE SEGURO 
 Cobertura securitária em caso de perda total do bem. 
 
CONTRATO DE TRANSPORTE 
 Valor de indenização pelo extravio de mercadorias em transporte aéreo. 
 
ARRENDAMENTO MERCANTIL (LEASING) 
 Purgação da mora em contrato de arrendamento mercantil de veículo automotor. 
 
CONDOMÍNIO 
 Aplicação de multas sancionatória e moratória por inadimplência condominial contumaz. 
 Cobrança de cota condominial proposta apenas contra o promitente comprador e impossibilidade de penhora do 
imóvel. 
 
ALIMENTOS 
 Execução de alimentos e impossibilidade de efetuar o pagamento das prestações. 
 
SUCESSÃO DO CÔNJUGE 
 Discussão de culpa no direito sucessório e ônus da prova. 
 
INVENTÁRIO 
 Anulação de doação-partilha não deve ser pedida em processo de inventário. 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
 Direito à reparação de danos por vício do produto. 
 
PUBLICIDADE ENGANOSA 
 Publicidade enganosa por omissão. 
 
 
 
Informativo 573-STJ (12/11 a 25/11/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 2 
DIREITO EMPRESARIAL 
FACTORING 
 Factoring e desnecessidade de notificação de emitente de título de crédito. 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
CITAÇÃO 
 Falta de citação e manifestação do réu em agravo de instrumento. 
 
RECURSOS 
 Perda do objeto de agravo de instrumento interposto contra decisão de antecipação de tutela. 
 
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA 
 Impugnação ao cumprimento de sentença e necessidade de garantia do juízo. 
 
PROCESSO COLETIVO 
 Legitimidade da Defensoria para propor ACP em defesa de juridicamente necessitados. 
 
DIREITO PENAL 
DOSIMETRIA DA PENA 
 Exclusão de circunstância judicial reconhecida na sentença deve gerar diminuição da pena. 
 
CRIME CONTINUADO 
 Impossibilidade de aplicação concomitante da continuidade delitiva comum e específica 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
TRIBUNAL DO JÚRI 
 Como fica a ordem dos quesitos se o réu alegou legítima defesa e desclassificação. 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
IMPOSTO DE RENDA 
 Incide imposto de renda sobre o adicional de 1/3 (um terço) de férias gozadas. 
 
ISS 
 Incidência de ISS sobre montagem de pneus. 
 
DIREITO PREVIDENCIÁRIO 
PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 
 Tutela antecipada e devolução de benefício previdenciário complementar. 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
DEFENSORIA PÚBLICA 
Legitimidade da Defensoria para propor ACP em defesa de juridicamente necessitados 
 
Importante!!! 
A Defensoria Pública tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa de interesses 
individuais homogêneos de consumidores idosos que tiveram plano de saúde reajustado em razão 
da mudança de faixa etária, ainda que os titulares não sejam carentes de recursos econômicos. 
 
Informativo 573-STJ (12/11 a 25/11/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 3 
A atuação primordial da Defensoria Pública, sem dúvida, é a assistência jurídica e a defesa dos 
necessitados econômicos. Entretanto, também exerce suas atividades em auxílio a 
necessitados jurídicos, não necessariamente carentes de recursos econômicos. 
A expressão "necessitados" prevista no art. 134, caput, da CF/88, que qualifica e orienta a 
atuação da Defensoria Pública, deve ser entendida, no campo da Ação Civil Pública, em sentido 
amplo. Assim, a Defensoria pode atuar tanto em favor dos carentes de recursos financeiros 
como também em prol do necessitado organizacional (que são os "hipervulneráveis"). 
STJ. Corte Especial. EREsp 1.192.577-RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 21/10/2015 (Info 573) 
 
Veja comentários em Direito Processual Civil. 
 
 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
Improbidade administrativa e conduta direcionada a particular 
 
Não ensejam o reconhecimento de ato de improbidade administrativa eventuais abusos 
perpetrados por agentes públicos durante abordagem policial, caso o ofendido pela conduta 
seja particular que não estava no exercício de função pública. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.558.038-PE, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 27/10/2015 
(Info 573). 
 
Imagine a seguinte situação adaptada: 
Dois policiais rodoviários federais, durante uma blitz, abordaram um motorista de forma extremamente 
truculenta e desrespeitosa. 
O Ministério Público ajuizou ação de improbidade contra os policiais. 
A defesa alegou que não ficou caracterizado ato de improbidade, uma vez que este pressupõe, 
obrigatoriamente, uma lesão direta à própria Administração e não a terceiros, haja vista que o bem 
jurídico que se deseja proteger é a probidade na Administração Pública. No caso concreto, não teria 
havido lesão à Administração, mas apenas ao particular (motorista). 
 
O caso chegou até o STJ. Houve prática de ato de improbidade administrativa? 
NÃO. Não ensejam o reconhecimento de ato de improbidade administrativa eventuais abusos perpetrados 
por agentes públicos durante abordagem policial, caso o ofendido pela conduta seja um particular que não 
estava no exercício de função pública. 
O fato de a probidade ser atributo de toda atuação do agente público pode suscitar o equívoco 
interpretativo de que qualquer falta por ele praticada, por si só, representaria quebra desse atributo e, com 
isso, faria com que ele ficasse sujeito às sanções da Lei nº 8.429/92. Contudo, o conceito jurídico de ato de 
improbidade administrativa, por ser uma sanção, não pode ser um conceito elástico, isto é, não pode ser 
ampliado para abranger situações que não tenham sido contempladas expressamente pelo legislador. 
Dessa forma, considerando o conceito restrito de improbidade, vê-se que o referencial da Lei nº 8.429/92 
é o ato do agente público frente à coisa pública a que foi chamado a administrar. 
Nas palavras do Min. Relator, "somente se classificam como atos de improbidade administrativa as 
condutas de Servidores Públicos que causam vilipêndio aos cofres públicos ou promovem o 
enriquecimento ilícito do próprio agente ou de terceiros, efeitos inocorrentes neste caso". 
Obs: além dos atos mencionados pelo Min. Relator, constitui também ato de improbidade administrativa a 
conduta do agente público que atenta contra os princípios da administração pública (art. 11 da Lei nº 
 
Informativo 573-STJ (12/11 a 25/11/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 4 
8.492/92). O ato acima exposto, na minha opinião, poderia ser enquadrado neste artigo. STJ, contudo, não 
se manifestou de forma expressa sobre esse ponto. Para fins de concurso, é importante guardar o 
precedente acima, que pode ser cobrado em uma prova, mas é possível que, no futuro, esse 
entendimento seja revisto. 
 
Abuso de autoridade 
Vale ressaltar, por fim, que, em tese, a conduta dos policiais poderia ser enquadrada, criminalmente, como 
abuso de autoridade previsto no art. 4º, "h", da Lei nº 4.898/65: 
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: 
(...) 
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou 
desvio de poder ou sem competência legal; 
 
 
 
DIREITO CIVIL 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
Responsabilidade civil dos genitores pelos danos causados por filho esquizofrênico 
 
Importante!!! 
Os pais de portador de esquizofrenia paranoide que seja solteiro, maior de idade e more 
sozinho, têm responsabilidade civilpelos danos causados durante os recorrentes surtos 
agressivos de seu filho, no caso em que eles, plenamente cientes dessa situação, tenham sido 
omissos na adoção de quaisquer medidas com o propósito de evitar a repetição desses fatos, 
deixando de tomar qualquer atitude para interditá-lo ou mantê-lo sob sua guarda e companhia. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.101.324-RJ,Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 13/10/2015 (Info 573). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
Luís, 36 anos, possui esquizofrenia e, em um dia de surto, agrediu fisicamente Paula (sua vizinha). 
Vale resaltar que Luís sofre deste distúrbio desde os 18 anos de idade, já tendo sido internado uma vez. 
A vítima ajuizou ação de indenização por danos materiais e morais contra sua mãe (Maria). 
A mãe de Luís contestou a ação argumentando que não poderia ser responsabilizada pelos atos do filho, 
considerando que ele é maior de idade e mora sozinho, não havendo como ela exercer qualquer controle 
sobre ele. 
 
A mãe de Luís pode ser responsabilizada civilmente pelos danos causados pelo filho? 
SIM. Os pais de portador de esquizofrenia paranoide que seja solteiro, maior de idade e more sozinho têm 
responsabilidade civil pelos danos causados durante os recorrentes surtos agressivos de seu filho, no caso 
em que eles, plenamente cientes dessa situação, tenham sido omissos na adoção de quaisquer medidas 
com o propósito de evitar a repetição desses fatos, deixando de tomar qualquer atitude para interditá-lo 
ou mantê-lo sob sua guarda e companhia. 
O STJ entendeu que, no caso analisado, caberia à genitora tomar cuidados para, ao menos, tentar evitar 
que seu filho, portador de esquizofrenia paranoide, cometesse agressões contra terceiros. Como não 
houve essa diligência por parte da mãe, o Tribunal entendeu que ficou caracterizada a sua flagrante 
omissão no cumprimento das suas obrigações como genitora, o que a obriga a indenizar os danos 
causados pelo seu filho. 
Veja alguns trechos da ementa do julgado: 
(...) 4. "Exemplo de doença mental que se manifesta periodicamente no paciente é a esquizofrenia, 
 
Informativo 573-STJ (12/11 a 25/11/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 5 
conhecida como doença do 'espírito dividido' (denominação vinda do grego, e formada das palavras skizo, 
que significa divisão, e phrenos, com a tradução de espírito). Durante seus surtos, que podem durar um 
mês, o paciente é assaltado por delírios e alucinações, ouvindo vozes e vendo seres imaginários, sofrendo 
ideias de perseguição e possessões de espíritos estranhos. Sem dúvida, traz distúrbios mentais, o que 
enquadra a doença no rol das incapacitantes" (RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. 9ª ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2014, p. 916). 
5. O art. 1.590 do CC/2002 estende ao incapaz - absoluta ou relativamente - as normas pertinentes à 
guarda dos filhos menores. Nesse enfoque, é importante destacar que a guarda representa mais que um 
direito dos pais em ter os filhos próximos. Revela-se, sobretudo, como um dever de cuidar, de vigiar e de 
proteger os filhos, em todos os sentidos, enquanto necessária tal proteção. 
6. Consta do acórdão recorrido que o primeiro réu, apesar de maior, é portador de esquizofrenia 
paranoide, mora sozinho, tem surtos periódicos e agride transeuntes. Sua genitora (segunda ré), 
plenamente ciente da situação e omissa no cumprimento de suas obrigações em relação ao filho incapaz e 
na adoção de medidas com o propósito de evitar a repetição de tais fatos, deve ser responsabilizada 
civilmente pelos danos morais sofridos pela autora, decorrentes de lesões provocadas pelo deficiente. (...) 
(STJ. 4ª Turma. REsp 1101324/RJ, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 13/10/2015) 
 
Estatuto da Pessoa com Deficiência 
Vale ressaltar que, com o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), que entrou em vigor após 
esse julgado, a pessoa com deficiência mental não é mais considerada nem absoluta nem relativamente 
incapaz. Mesmo assim, penso que a conclusão do acórdão permanece a mesma. Isso porque essa nova 
determinação da Lei nº 13.146/2015 teve como objetivo valorizar a dignidade da pessoa com deficiência e 
não visou, em nenhum momento, mitigar a responsabilidade dos pais dessas pessoas. Tanto isso é verdade 
que as pessoas com deficiência podem ainda ser submetidas à curatela caso a deficiência seja de tal forma 
grave a ponto de ela não ter condições de exercer pessoalmente os atos da vida civil. 
 
 
 
COMPRA E VENDA 
Venda com reserva de domínio e proteção possessória requerida por vendedor 
 
Ainda que sem prévia ou concomitante rescisão do contrato de compra e venda com reserva 
de domínio, o vendedor pode, ante o inadimplemento do comprador, pleitear a proteção 
possessória sobre o bem móvel objeto da avença. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.056.837-RN, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 3/11/2015 (Info 573). 
 
O que é a compra e venda com reserva de domínio? 
Trata-se do contrato de compra e venda no qual existe uma cláusula prevendo que o comprador ficará 
desde logo na posse direta do bem, mas que ele só irá adquirir realmente o domínio (só se tornará dono) 
depois de pagar integralmente o preço. 
O vendedor transmite desde logo a posse, comprometendo-se a transferir o domínio tão logo o 
comprador pague a integralidade do preço. 
A venda com reserva de domínio (pactum reservati dominii) encontra-se disciplinada nos arts. 521 a 528 
do Código Civil: 
Art. 521. Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a propriedade, até que o preço esteja 
integralmente pago. 
 
Exemplo 
A venda com reserva de domínio é normalmente utilizada pelas grandes lojas de departamento quando 
vendem a prazo eletrodomésticos de maior valor, como televisões, geladeiras, fogões etc. 
 
Informativo 573-STJ (12/11 a 25/11/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 6 
Bens móveis perfeitamente caracterizados 
Só pode ser objeto de venda com reserva de domínio a coisa móvel perfeitamente caracterizável. 
Art. 523. Não pode ser objeto de venda com reserva de domínio a coisa insuscetível de caracterização 
perfeita, para estremá-la de outras congêneres. Na dúvida, decide-se a favor do terceiro adquirente de 
boa-fé. 
 
Características 
A cláusula de reserva de domínio deve ser estipulada por escrito. 
Para valer contra terceiros, o contrato precisa ser registrado no domicílio do comprador (art. 522). A 
serventia competente para esse registro é o RTD (Registro de Títulos e Documentos). 
Se o bem vendido foi um automóvel, caberá a anotação do gravame no Certificado de Registro do Veículo 
(CRV), nos termos da Lei nº 11.882/2008: 
Art. 6º Em operação de arrendamento mercantil ou qualquer outra modalidade de crédito ou 
financiamento a anotação da alienação fiduciária de veículo automotor no certificado de registro a que se 
refere a Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, produz plenos efeitos probatórios contra terceiros, 
dispensado qualquer outro registro público. 
 
Apesar de a venda com reserva de domínio não ser o mesmo que alienação fiduciária, aplica-se aqui o 
mesmo raciocínio que inspirou a edição da súmula 92 do STJ: 
Súmula 92-STJ: A terceiro de boa-fé não é oponível a alienação fiduciária não anotada no certificado de 
registro do veículo automotor. 
 
Se a coisa perecer, quem sofre o prejuízo é o comprador (possuidor direto): 
Como vimos acima, tão logo o contrato é assinado, a posse direta do bem passa para o comprador. A 
titularidade do bem (propriedade) só será transferida após o pagamento integral. No entanto, mesmo sem 
ser ainda o dono, o comprador tem o dever de cuidar da coisa. Isso porque se ela perecer (estragar 
completamente) ou se deteriorar, quem irá sofrer com esse prejuízo será ele (possuidor direto). 
 
Art. 524. A transferência de propriedade ao comprador dá-se no momento em que o preçoesteja 
integralmente pago. Todavia, pelos riscos da coisa responde o comprador, a partir de quando lhe foi entregue. 
 
Ex: se João compra uma TV em 12x com reserva de domínio e no terceiro mês o ladrão furta o bem, ele 
deverá pagar as nove prestações que faltam mesmo sem ficar com a coisa. 
Existe uma regra que diz o seguinte: "res perit domino" (a coisa perece para o dono), ou seja, se o bem pereceu, 
quem deve sofrer o prejuízo é o proprietário. O art. 524 acima analisado é uma exceção a essa regra. Na 
compra com reserva de domínio vigora a regra do "res perit emptoris" (a coisa perece para o comprador). 
 
Em caso de mora do comprador, o vendedor terá três opções: 
a) Ação executiva (execução do contrato) 
Ocorre quando o contrato assinado preenche os requisitos para ser considerado um título executivo 
extrajudicial, nos termos do art. 585, II, do CPC 1973 (art. 784, III, do CPC 2015). 
 
b) Ação de cobrança 
Se o contrato assinado não preenche os requisitos para ser considerado um título executivo, o vendedor 
poderá ajuizar ação cobrando as prestações vencidas e vincendas e o que mais for devido. 
Repare, portanto, que, em caso de atraso, ocorrerá o vencimento antecipado das parcelas futuras. 
Ex: eram 12 parcelas; depois da 4ª, o comprador tornou-se inadimplente; logo, todas as 8 restantes já são 
consideradas vencidas. 
Vale ressaltar que, se o vendedor conseguir receber esse valor pleiteado na ação, o bem objeto do negócio 
jurídico passa a pertencer ao comprador. 
 
Informativo 573-STJ (12/11 a 25/11/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 7 
c) Ação de reintegração de posse da coisa vendida (alguns autores defendem que seria uma ação de busca, 
apreensão e depósito, com base no art. 1.071 do CPC 1973, que não foi repetido no CPC 2015) 
Caso opte por pedir a reintegração de posse (ou busca e apreensão), mesmo depois de ter de volta o bem o 
vendedor poderá reter as prestações pagas até o necessário para cobrir a depreciação da coisa, as despesas 
feitas e o que mais de direito lhe for devido (art. 527). Em outras palavras, o vendedor poderá utilizar o valor já 
pago pelo comprador para cobrir seus prejuízos. Isso porque a coisa foi usada e já não vale o mesmo do que 
quando era nova. Além disso, o vendedor teve despesas com notificação extrajudicial etc. 
Se as prestações pagas pelo comprador forem maiores do que os gastos do vendedor, ele deverá devolver o 
excedente ao comprador. Se forem menores, ele poderá ajuizar ação de cobrança para pleitear o restante. 
 
Vale ressaltar que se o vendedor quiser ajuizar a ação de reintegração de posse da coisa vendida, ele não 
precisará previamente pedir a rescisão do contrato, podendo propor desde logo a ação possessória. Nesse 
sentido, decidiu o STJ: 
Ainda que sem prévia ou concomitante rescisão do contrato de compra e venda com reserva de 
domínio, o vendedor pode, ante o inadimplemento do comprador, pleitear a proteção possessória sobre 
o bem móvel objeto da avença. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.056.837-RN, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 3/11/2015 (Info 573). 
 
Não há necessidade de ajuizamento preliminar de ação rescisória do contrato para a obtenção da 
retomada do bem porque não se trata, aqui, da análise do ius possessionis, mas sim do ius possidendi: 
 Ius possessionis: é o direito de posse, ou seja, é o poder sobre a coisa e a possibilidade de sua defesa 
por intermédio dos interditos (interdito proibitório, de manutenção da posse ou de reintegração de 
posse). Trata-se de conceito que se relaciona diretamente com a posse direta e indireta. 
 Ius possidendi: é o direito à posse decorrente do direito de propriedade, ou seja, é o próprio domínio. Em 
outras palavras, é o direito conferido ao titular de possuir o que é seu, independentemente de prévio 
ajuizamento de demanda objetivando rescindir o contrato de compra e venda, uma vez que, nos contratos 
com cláusula de reserva de domínio, a propriedade do bem, até o pagamento integral do preço, pertence 
ao vendedor, ou seja, não se consolida a transferência da propriedade ao comprador. 
 
A ação de reintegração de posse aqui é baseada, como dito, no ius possidendi, ou seja, no direito do 
vendedor de exigir a posse pelo fato de ser o dono. 
 
Constituição do devedor em mora 
Quando o comprador atrasar o pagamento das prestações, o vendedor deverá constituí-lo em mora, o que 
poderá ser feito mediante protesto do título ou interpelação judicial (art. 525). Só após tomar essa 
providência é que o credor poderá ajuizar as ações acima explicadas. 
 
Instituição financeira que paga o preço da coisa ao vendedor, subroga-se em seus direitos 
Algumas vezes pode acontecer de a loja vender parceladamente ao comprador e receber o dinheiro da 
venda à vista ou logo depois de uma instituição financeira. Isso é feito para que a loja tenha capital de giro 
e, obviamente, o banco irá cobrar do vendedor um valor por este adiantamento. 
Se essa situação se verificar, a instituição financeira irá se subrogar nos direitos do vendedor e, assim, se o 
comprador tornar-se inadimplente, ela poderá exercer os direitos e ações decorrentes do contrato como 
se fosse o vendedor. 
Vale ressaltar que, no momento da assinatura do contrato, o comprador deverá ser informado e 
concordar com essa operação. 
 
Art. 528. Se o vendedor receber o pagamento à vista, ou, posteriormente, mediante financiamento de 
instituição do mercado de capitais, a esta caberá exercer os direitos e ações decorrentes do contrato, a 
benefício de qualquer outro. A operação financeira e a respectiva ciência do comprador constarão do 
registro do contrato. 
 
 
Informativo 573-STJ (12/11 a 25/11/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 8 
 
CONTRATO DE SEGURO 
Cobertura securitária em caso de perda total do bem 
 
Ainda que o sinistro tenha ocasionado a perda total do bem, a indenização securitária deve ser 
calculada com base no prejuízo real suportado pelo segurado, sendo o valor previsto na 
apólice, salvo expressa disposição em contrário, mero teto indenizatório. 
A indenização a ser recebida pelo segurado no caso de sinistro deve corresponder ao real 
prejuízo do interesse segurado. Há de ser apurado por perícia técnica o alcance do dano. O limite 
máximo é o da garantia fixada na apólice. Se os prejuízos forem menores do que o limite máximo 
fixado na apólice, o segurador só está obrigado a pagar por aquilo que realmente aconteceu. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.473.828-RJ, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 27/10/2015 (Info 573). 
 
O que é o contrato de seguro? 
No contrato de seguro, “o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir interesse 
legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados” (art. 757 do CC). 
Em outras palavras, no contrato de seguro, uma pessoa física ou jurídica (chamada de “segurada”) paga 
uma quantia denominada de “prêmio” para que uma pessoa jurídica (“seguradora”) assuma determinado 
risco. Caso o risco se concretize (o que chamamos de “sinistro”), a seguradora deverá fornecer à segurada 
uma quantia previamente estipulada (indenização). 
Ex.: João celebra um contrato de seguro do seu veículo com a seguradora X e todos os meses paga R$ 
100,00 como prêmio; se, por exemplo, o carro for roubado (sinistro), a seguradora deverá pagar R$ 30 mil 
a título de indenização para o segurado. 
 
Nomenclaturas utilizadas nos contratos de seguro 
 Risco: é a possibilidade de ocorrer o sinistro. Ex.: risco de morte. 
 Sinistro: o sinistro é o risco concretizado. Ex.: morte. 
 Apólice (ou bilhete de seguro): é um documento emitido pela seguradora, no qual estão previstos os 
riscos assumidos, o início e o fim de sua validade, o limite da garantia e o prêmio devido e, quando for 
o caso, o nome do segurado e o do beneficiário. 
 Prêmio: é a quantia paga pelo segurado paraque o segurador assuma o risco. O prêmio deve ser pago 
depois de recebida a apólice. O valor do prêmio é fixado a partir de cálculos atuariais e o seu valor leva 
em consideração os riscos cobertos. 
 Indenização: é o valor pago pela seguradora caso o risco se concretize (sinistro). 
 
Feitas estas considerações, imagine a seguinte situação hipotética: 
O comerciante "XX" fez um seguro da sua loja. 
Na apólice do seguro estava previsto que a indenização máxima a ser paga seria de R$ 500 mil. 
Determinado dia, houve um incêndio que destruiu todo o imóvel e os produtos que ali estavam. Segundo 
o laudo do Corpo de Bombeiros, houve perda total. 
O comerciante cobrou da seguradora a indenização no valor de R$ 500 mil. A seguradora, por sua vez, 
aceitou pagar apenas R$ 300 mil, afirmando que isto é quanto valia a loja e os equipamentos ali existentes, 
conforme a perícia constatou. Este seria o prejuízo real suportado pelo segurado. 
 
Quem tem razão no caso concreto: o segurado ou a seguradora? 
A seguradora. 
Ainda que o sinistro tenha ocasionado a perda total do bem, a indenização securitária deve ser calculada 
com base no prejuízo real suportado pelo segurado, sendo o valor previsto na apólice, salvo expressa 
disposição em contrário, mero teto indenizatório. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.473.828-RJ, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 27/10/2015 (Info 573). 
 
Informativo 573-STJ (12/11 a 25/11/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 9 
Princípio indenitário 
O CC/2002 prevê, em seu art. 781, o chamado princípio indenitário, nos seguintes termos: 
Art. 781. A indenização não pode ultrapassar o valor do interesse segurado no momento do sinistro, e, em 
hipótese alguma, o limite máximo da garantia fixado na apólice, salvo em caso de mora do segurador. 
 
Esse dispositivo impõe, portanto, dois limites para a indenização a ser paga, que não pode ser superior: 
 ao valor do interesse segurado no momento do sinistro (dano efetivo suportado); 
 ao limite máximo da garantia prevista na apólice. 
 
Dessa forma, o total da indenização está, em regra, limitado ao valor do dano atual e efetivo sofrido (e não 
ao valor que foi segurado). Em outras palavras, deve-se pagar pelo prejuízo que a pessoa sofreu (limitado 
ao valor máximo previsto na apólice). Isso se justifica porque o contrato de seguro não deve ser causa de 
enriquecimento do segurado. O seu objetivo é apenas o de restabelecer a situação das coisas, em nível 
patrimonial, ao mesmo patamar que tinha antes do sinistro. Em suma, a indenização não pode ultrapassar 
o valor de mercado do bem no momento do sinistro. 
 
Veja o que diz a doutrina sobre o tema: 
"(...) a indenização a ser recebida pelo segurado, no caso da consumação do risco provocador do sinistro, 
deve corresponder ao real prejuízo do interesse segurado. Há de ser apurado por perícia técnica o alcance 
do dano. O limite máximo é o da garantia fixada na apólice. Se os prejuízos forem menores do que o limite 
máximo fixado na apólice, o segurador só está obrigado a pagar o que realmente aconteceu." (DELGADO, 
José Augusto. Comentários ao Novo Código Civil - Das Várias Espécies de Contrato. Do Seguro. TEIXEIRA, 
Sálvio de Figueiredo. (Coord.). Volume XI. Tomo I. Rio de Janeiro: Forense. 2004, p. 456). 
 
Em suma: a indenização não pode ultrapassar o valor de mercado do bem no momento do sinistro. 
No caso concreto, conforme atestou a perícia, a loja, com todos os seus utensílios, valia R$ 300 mil. Logo, este é 
o valor que deve ser pago de indenização, ainda que a apólice previsse o montante máximo de R$ 500 mil. 
 
 
 
CONTRATO DE TRANSPORTE 
Valor de indenização pelo extravio de mercadorias em transporte aéreo 
 
Em caso de extravio de mercadoria no transporte internacional envolvendo consumidor, 
aplica-se a indenização tarifada previstas na Convenção de Varsóvia? 
NÃO. Caracterizando-se como consumidor a parte lesada no contrato de transporte de 
mercadoria, não se aplica a indenização tarifada prevista na legislação do transporte aéreo 
nacional ou internacional. O que vale é o princípio da reparação integral, com base no CDC (STJ. 4ª 
Turma. AgRg no Ag 1409204/PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/09/2012). 
 
Em caso de extravio de mercadoria no transporte internacional envolvendo negócio empresarial 
(não consumidor final), aplica-se a indenização tarifada prevista na Convenção de Varsóvia? 
 SIM. 4ª Turma. REsp 1.162.649-SP, Rel. originário Min. Luis Felipe Salomão, Rel. para 
acórdão Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 13/5/2014 (Info 541). 
 NÃO. Deve ser aplicado o Código Civil. Assim, a indenização pelo extravio de mercadoria 
transportada por via aérea, prévia e devidamente declarada, com inequívoca ciência do 
transportador acerca de seu conteúdo, deve corresponder ao valor integral declarado, não 
se aplicando, por conseguinte, as limitações tarifadas prevista no Código Brasileiro de 
Aeronáutica e na Convenção de Varsóvia. Foi o que decidiu a 3ª Turma do STJ no REsp 
1.289.629-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 20/10/2015 (Info 573). 
 
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Imagine a seguinte situação hipotética: 
A empresa “MED” comprou dos EUA uma máquina que seria utilizada em suas atividades empresariais. 
A máquina foi despachada do estrangeiro para o Brasil por via aérea. 
No momento do envio, foi declarado à companhia aérea, por meio de um documento chamado 
"conhecimento aéreo", que se tratava de uma máquina "XX", cujo valor era "YY". 
Ocorre que a máquina enviada foi danificada durante o transporte. 
Diante disso, a “MED” ajuizou ação de indenização por danos materiais contra a companhia aérea que 
fazia o transporte do produto. 
 
A relação entre a “MED” e a companhia aérea é regida pelo CDC? Essa ação de indenização pode ser 
julgada tendo como base o CDC? 
NÃO. Na hipótese em foco, a mercadoria transportada destinava-se a ampliar e a melhorar a prestação do 
serviço da empresa “MED” e, por conseguinte, aumentar os lucros. Logo, ela não pode ser considerada 
consumidora já que não era a destinatária final do produto. 
Não é possível nem mesmo aplicar a teoria finalista mitigada para alargar o conceito de consumidor, uma 
vez que a empresa importadora (“MED”) não apresenta vulnerabilidade ou hipossuficiência, o que afasta a 
incidência das normas do CDC. 
Dessa forma, inexiste relação de consumo, circunstância que impede a aplicação das regras específicas do CDC. 
 
Contestação: tese da indenização tarifada (Convenção de Varsóvia) 
O custo do conserto da máquina foi de R$ 50 mil, sendo este o valor cobrado pela empresa. 
Na contestação, contudo, a companhia aérea alegou que, no transporte internacional, deve vigorar os 
limites de indenização impostos pela "Convenção de Varsóvia". 
A Convenção de Varsóvia é um tratado internacional, assinado pelo Brasil e promulgado por meio do 
Decreto nº 20.704/31 (posteriormente modificado com os Protocolos de Haia e de Montreal - Decreto nº 
5.910/2006), e que prevê regras para o transporte aéreo internacional. 
Essa Convenção estipula valores máximos que o transportador aéreo poderá ser obrigado a pagar em caso 
de extravio de mercadorias (US$ 20,00 por kg de mercadoria). 
Ocorre que se for aplicada a Convenção de Varsóvia, a empresa somente irá receber R$ 20 mil. 
 
A indenização, em caso de extravio de mercadoria em transporte aéreo internacional, deverá seguir as 
regras da Convenção de Varsóvia? 
1ª corrente: SIM. Incide a Convenção de Varsóvia e seus aditivos ao transporte aéreo internacional, que 
impõem a indenização tarifada para efeito de reparar os danos causados à mercadoria transportada. 
Afasta-se a indenização tarifada apenas quando efetuada declaração especial de valor mediante o 
pagamento de eventual taxa suplementar (Protocolo Adicionaln. 4, art. 22, item 2, "b"). Nesse sentido: 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.162.649-SP, Rel. originário Min. Luis Felipe Salomão, Rel. para acórdão Min. Antonio 
Carlos Ferreira, julgado em 13/5/2014 (Info 541). É a posição tradicional do STJ. 
 
2ª corrente: NÃO. A 3ª Turma do STJ entendeu pela absoluta inaplicabilidade da indenização tarifada 
prevista na Convenção de Varsóvia, inclusive nas hipóteses em que a relação jurídica estabelecida entre as 
partes não seja uma relação de consumo. 
A limitação tarifária contemplada pela Convenção de Varsóvia afronta o direito à reparação integral dos 
danos prevista pela CF/88 como um direito fundamental (art. 5º, V e X), bem como pelo Código Civil, em 
seu art. 994. 
Além disso, a limitação prévia e abstrata da indenização não atende ao princípio da proporcionalidade, já 
que desconsidera a gravidade e a repercussão dos danos injustamente percebidos pela vítima do evento. 
A limitação da indenização inserida pela Convenção de Varsóvia justificava-se pela necessidade havia na 
época (década de 1930) de se proteger as empresas de transporte aéreo que estavam começando a 
 
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desenvolver suas atividades e que tinham grandes dificuldades uma vez que se tratava de um meio de 
transporte ainda muito arriscado. Essa realidade histórica não se verifica nos dias atuais, não sendo mais 
necessária essa proteção especial. 
Em virtude de tais argumentos, a 3ª Turma do STJ entendeu que não devem ser aplicadas as regras de 
limitação de indenização previstas na Convenção de Varsóvia. 
Não incidindo mais a Convenção de Varsóvia, aplica-se: 
a) o CDC, caso a relação jurídica seja de consumo; 
b) o Código Civil, na hipótese de ser uma relação de consumo. 
 
No caso do Código Civil, o art. 750 afirma que o transportador se responsabilizará pelos valores constantes 
no conhecimento de transporte, ou seja, pelos valores das mercadorias previamente declaradas pelo 
contratante ao transportador. 
Assim, a indenização pelo extravio de mercadoria transportada por via aérea, prévia e devidamente 
declarada, com inequívoca ciência do transportador acerca de seu conteúdo, deve corresponder ao valor 
integral declarado, não se aplicando, por conseguinte, as limitações tarifadas prevista no Código Brasileiro 
de Aeronáutica e na Convenção de Varsóvia. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.289.629-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 20/10/2015 (Info 573). 
 
E se, no caso concreto, houvesse uma relação de consumo? Em outras palavras, se o destinatário da 
mercadoria extraviada fosse consumidor? 
Neste caso, não há dúvidas no STJ de que deve ser aplicado o CDC (e não a Convenção de Varsóvia). Veja 
precedentes de ambas as turmas: 
(...) É iterativa a jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça no sentido de prevalência das normas do 
Código de Defesa do Consumidor, em detrimento das disposições insertas em Convenções Internacionais, 
como as Convenções de Montreal e de Varsóvia, aos casos de falha na prestação de serviços de transporte 
aéreo internacional, por verificar a existência da relação de consumo entre a empresa aérea e o 
passageiro, haja vista que a própria Constituição Federal de 1988 elevou a defesa do consumidor à esfera 
constitucional de nosso ordenamento. (...) 
(STJ. 4ª Turma. AgRg no AREsp 145.329/RJ, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 20/10/2015) 
 
(...) A responsabilidade civil das companhias aéreas em decorrência da má prestação de serviços, após a 
entrada em vigor da Lei n. 8.078/90, não é mais regulada pela Convenção de Varsóvia e suas posteriores 
modificações (Convenção de Haia e Convenção de Montreal) ou pelo Código Brasileiro de Aeronáutica, 
subordinando-se, portanto, ao Código de Defesa do Consumidor. (...) 
(STJ. 3ª Turma. AgRg no AREsp 409.045/RJ, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 26/05/2015) 
 
Portanto, caracterizando-se como consumidora a parte lesada no contrato de transporte de mercadoria, 
não se aplica a indenização tarifada prevista na legislação do transporte aéreo nacional ou internacional. O 
que vale é o princípio da reparação integral, com base no CDC. 
Veja como o tema já foi cobrado em provas: 
 (Juiz Federal TRF4 - banca própria) Conforme jurisprudência pacificada no âmbito do Superior Tribunal 
de Justiça, a responsabilidade civil do transportador aéreo pelo extravio de bagagem ou de carga rege-
se pelas normas especiais do Código Brasileiro de Aeronáutica e da Convenção de Varsóvia, afastando-
se as normas do Código de Defesa do Consumidor – CDC. (ERRADO) 
 (Promotor MP/PI 2012 CESPE - adaptada) No que tange aos direitos do consumidor, segundo a 
jurisprudência do STJ, a responsabilidade civil das companhias aéreas por má prestação de serviços 
subordina-se ao CDC, e não à Convenção de Varsóvia. (CERTO) 
 (Juiz Federal TRF1 - XV concurso - prova oral) No contrato de transporte aéreo, deve ser aplicado o 
CDC, o Código Aeronáutico ou a Convenção de Varsóvia? 
 
 
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Obs1: a Convenção de Varsósia prevê limites de indenização para os casos de transporte aéreo 
internacional; para as situações de transporte aéreo nacional (doméstico), a Lei nº 7.565/86 (Código 
Brasileiro de Aeronáutica) foi quem trouxe tais limites. Para a maioria da doutrina e jurisprudência, tais 
limites impostos pelo CBA não são mais válidos, devendo ser aplicado o CDC (para as relações 
consumeristas) ou o CC (para os casos não envolvendo consumidores). 
 
Resumindo: 
Em caso de extravio de mercadoria no transporte internacional envolvendo consumidor, aplica-se a 
indenização tarifada previstas na Convenção de Varsóvia? 
NÃO. Caracterizando-se como consumidor a parte lesada no contrato de transporte de mercadoria, não 
se aplica a indenização tarifada prevista na legislação do transporte aéreo nacional ou internacional. O 
que vale é o princípio da reparação integral, com base no CDC. 
STJ. 4ª Turma. AgRg no Ag 1409204/PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/09/2012. 
 
Em caso de extravio de mercadoria no transporte internacional envolvendo negócio empresarial (não 
consumidor final), aplica-se a indenização tarifada prevista na Convenção de Varsóvia? 
• SIM. 4ª Turma. REsp 1.162.649-SP, Rel. originário Min. Luis Felipe Salomão, Rel. para acórdão Min. 
Antonio Carlos Ferreira, julgado em 13/5/2014 (Info 541). 
• NÃO. Deve ser aplicado o Código Civil. Assim, a indenização pelo extravio de mercadoria transportada 
por via aérea, prévia e devidamente declarada, com inequívoca ciência do transportador acerca de seu 
conteúdo, deve corresponder ao valor integral declarado, não se aplicando, por conseguinte, as 
limitações tarifadas prevista no Código Brasileiro de Aeronáutica e na Convenção de Varsóvia. Foi o que 
decidiu a 3ª Turma do STJ no REsp 1.289.629-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 
20/10/2015 (Info 573). 
 
Obs: o tema acima não deveria ser perguntado em uma prova objetiva; no entanto, caso o seja, penso que o 
candidato deverá responder que não se aplica a Convenção de Varsóvia (adotando-se o entendimento da 3ª 
Turma). Isso porque se trata de julgado posterior e que enfrentou de forma mais aprofundada o assunto. 
 
 
 
ARRENDAMENTO MERCANTIL (LEASING) 
Purgação da mora em contrato de arrendamento mercantil de veículo automotor 
 
Importante!!! 
Em contrato de arrendamento mercantil de veículo automotor - com ou sem cláusula 
resolutiva expressa -, a purgação da mora realizada nos termos do art. 401, I, do CC deixou de 
ser possível somente a partir de 14/11/2014, data de vigência da Lei 13.043/2014, que incluiu 
o § 15º do art. 3º do Decreto-Lei 911/1969. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.381.832-PR, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 5/11/2015 (Info 573). 
 
Conceito 
O arrendamentomercantil (também chamado de leasing) é uma espécie de contrato de locação, no qual o 
locatário tem a possibilidade de, ao final do prazo do ajuste, comprar o bem pagando uma quantia 
chamada de valor residual garantido (VRG). 
O arrendamento mercantil, segundo definição do parágrafo único do art. 1º da Lei nº 6.099/74, constitui 
"negócio jurídico realizado entre pessoa jurídica, na qualidade de arrendadora, e pessoa física ou jurídica, 
na qualidade de arrendatária, e que tenha por objeto o arrendamento de bens adquiridos pela 
arrendadora, segundo especificações da arrendatária e para uso próprio desta." 
 
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Opções do arrendatário: 
Ao final do leasing, o arrendatário terá três opções: 
• renovar a locação, prorrogando o contrato; 
• não renovar a locação, encerrando o contrato; 
• pagar o valor residual e, com isso, comprar o bem alugado. 
 
Exemplo: 
 “A” faz um contrato de leasing com a empresa “B” para arrendamento de um veículo 0km pelo prazo de 5 
anos. Logo, “A” pagará todos os meses um valor a título de aluguel e poderá usar o carro. A principal 
diferença para uma locação comum é que “A”, ao final do prazo do contrato, poderá pagar o valor residual 
e ficar definitivamente com o automóvel. 
 
Obs: é muito comum, na prática, que o contrato já estabeleça que o valor residual será diluído nas 
prestações do aluguel. Assim, o contrato prevê que o arrendatário já declara que deseja comprar o bem e, 
todos os meses, junto com o valor do aluguel, ele paga também o valor residual de forma parcelada. Como 
dito, isso é extremamente frequente, especialmente no caso de leasing financeiro. 
 
O STJ considera legítima essa prática? 
SIM. Trata-se de entendimento sumulado do STJ: 
Súmula 293: A cobrança antecipada do valor residual garantido (VRG) não descaracteriza o contrato de 
arrendamento mercantil. 
 
Modalidades de leasing: 
Existem três espécies de leasing: 
 Leasing 
FINANCEIRO 
Leasing 
OPERACIONAL 
Leasing 
DE RETORNO (Lease back) 
Previsto no art. 5º da Resolução 
2.309/96-BACEN 
Previsto no art. 6º da Resolução 
2.309/96-BACEN 
Sem previsão na Resolução 
2.309-BACEN 
É a forma típica e clássica do 
leasing. 
Ocorre quando uma pessoa 
jurídica (arrendadora) compra o 
bem solicitado por uma pessoa 
física ou jurídica (arrendatária) 
para, então, alugá-lo à 
arrendatária. 
Ocorre quando a arrendadora já é 
proprietária do bem e o aluga ao 
arrendatário, comprometendo-se 
também a prestar assistência 
técnica em relação ao 
maquinário. 
Ocorre quando determinada 
pessoa, precisando se capitalizar, 
aliena seu bem à empresa de 
leasing, que arrenda de volta o 
bem ao antigo proprietário a fim 
de que ele continue utilizando a 
coisa. Em outras palavras, a 
pessoa vende seu bem e celebra 
um contrato de arrendamento 
com o comprador, continuando 
na posse direta. 
Ex: determinada empresa 
(arrendatária) quer utilizar uma 
nova máquina em sua linha de 
produção, mas não tem recursos 
suficientes para realizar a 
aquisição. Por esse motivo, 
celebra contrato de leasing 
financeiro com um Banco 
(arrendador), que compra o bem 
e o arrenda para que a empresa 
utilize o maquinário. 
Ex: a Boeing Capital Corporation® 
(arrendadora) celebra contrato de 
arrendamento para alugar cinco 
aeronaves à GOL® (arrendatária) a 
fim de que esta utilize os aviões 
em seus voos. A arrendadora 
também ficará responsável pela 
manutenção dos aviões. 
Ex: em 2001, a Varig®, a fim de se 
recapitalizar, vendeu algumas 
aeronaves à Boeing® e os alugou 
de volta por meio de um contrato 
de lease back. 
 
O nome completo desse negócio 
jurídico, em inglês, é sale and 
lease back (venda e 
arrendamento de volta). 
 
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Normalmente, a intenção da 
arrendatária é, ao final do 
contrato, exercer seu direito de 
compra do bem. 
Normalmente, a intenção da 
arrendatária é, ao final do 
contrato, NÃO exercer seu direito 
de compra do bem. 
Em geral é utilizado como uma 
forma de obtenção de capital de 
giro. 
 
Imagine a seguinte situação: 
João adquiriu na concessionária “XX" um veículo 0km. 
Como não tinha condições de pagar o carro à vista, o consumidor, no ato da compra, dentro da própria 
concessionária, fez um financiamento (arrendamento mercantil, também chamado de leasing) com o Banco. 
João pagou uma parte à vista e comprometeu-se em quitar o restante do carro em 60 prestações mensais 
sucessivas. O contrato já estabelecia que o valor residual estava diluído nas prestações, de forma que, 
pagas todas as parcelas, já seria transferida a propriedade plena do bem para o adquirente. 
Ocorre que ele deixou de pagar a partir da 40ª prestação. 
O Banco enviou uma notificação extrajudicial para João que, mesmo assim, continuou inadimplente. 
Diante disso, a instituição financeira ajuizou ação de reintegração de posse. 
O juiz concedeu a liminar, determinando a devolução do carro arrendado para o Banco. 
Depois que viu que perdeu realmente o carro, João fez uma "cota" com parentes e conseguiu o dinheiro 
para pagar a dívida. Assim, ele depositou em juízo o valor das parcelas vencidas e dos consectários 
contratuais e judiciais e pediu a revogação da liminar e a restituição do veículo. 
Em outras palavras, o que João pediu foi a purgação da mora, ou seja, o pagamento das parcelas vencidas 
como forma de extinguir os efeitos da inadimplência (mora). 
 
O pedido de João é amparado pela legislação? É possível a purgação da mora nos contratos de 
arrendamento mercantil (leasing)? 
 Até a Lei nº 13.043/2014 (14/11/2014): SIM 
O STJ entendia que era possível a purgação da mora do devedor em contrato de arrendamento mercantil, 
a despeito da ausência de previsão na Lei nº 6.099/74, haja vista a regra geral do Código Civil e do Código 
de Defesa do Consumidor. 
 
 A partir da Lei nº 13.043/2014 (14/11/2014): NÃO 
A Lei nº 6.099/74 dispõe sobre o tratamento tributário das operações de arrendamento mercantil, mas 
não trata, de forma detalhada, a respeito das regras e procedimentos aplicáveis nos casos de leasing. 
Pensando nisso, a Lei nº 13.043/2014 acrescentou o § 15 ao art. 3º do DL 911/69, afirmando que o 
procedimento adotado pelo DL 911/69 para o caso de inadimplemento do devedor na alienação fiduciária, 
inclusive o regramento sobre a ação de busca e apreensão, deveria ser também aplicado para o 
arrendamento mercantil. 
Assim, a partir da Lei nº 13.043/2014, os procedimentos previstos no art. 2º, caput e § 2º e no art. 3º do 
DL 911/69 (regras relacionadas com a alienação fiduciária) passaram a ser aplicados às operações de 
arrendamento mercantil (leasing). 
Ocorre que os §§ 1º e 2º do art. 3º do DL 911/69 não autorizam a purgação de mora, ou seja, não 
permitem que o devedor pague somente as prestações vencidas. 
Para que o devedor consiga ter o bem de volta, ele terá que pagar a integralidade da dívida, ou seja, tanto as 
parcelas vencidas quanto as vincendas (mais os encargos), no prazo de 5 dias após a execução da liminar. 
Em nosso exemplo, João teria que pagar todas as 20 parcelas restantes. 
 
 
 
 
 
 
 
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CONDOMÍNIO 
Aplicação de multas sancionatória e moratória por inadimplência condominial contumaz 
 
Importante!!! 
Se o condômino descumpre reiteradamente o dever de contribuir para as despesas do 
condomínio (inciso I do art. 1.336 do CC), o condomínio poderá aplicar contra ele, além da 
multa moratória (§ 1º do art. 1.336 do CC), multa sancionatória em razão de comportamento 
"antissocial" ou "nocivo" (art. 1.337 do CC). 
Assim, o condômino que deixar de adimplir reiteradamentea importância devida a título de cotas 
condominiais poderá, desde que aprovada a sanção em assembleia por deliberação de 3/4 (três 
quartos) dos condôminos, ser obrigado a pagar multa em até o quíntuplo do valor atribuído à 
contribuição para as despesas condominiais, conforme a gravidade da falta e a sua reiteração. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.247.020-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 15/10/2015 (Info 573). 
 
Despesas condominiais (Cota ou taxa condominial) 
Um dos deveres dos condôminos é o de pagar as despesas condominiais, que, na linguagem cotidiana, são 
chamadas de cotas ou taxas condominiais. Esse dever está previsto no art. 1.336 do CC: 
Art. 1.336. São deveres do condômino: 
I - contribuir para as despesas do condomínio na proporção das suas frações ideais, salvo disposição em 
contrário na convenção; 
 
Multa e juros no caso de inadimplência 
Se o condômino atrasar o pagamento da cota condominial, o condomínio poderá cobrar multa e juros de mora: 
Art. 1.336 (...) 
§ 1º O condômino que não pagar a sua contribuição ficará sujeito aos juros moratórios convencionados 
ou, não sendo previstos, os de um por cento ao mês e multa de até dois por cento sobre o débito. 
 
Juros de mora Multa moratória 
Em regra, será de 1% ao mês. 
A convenção de condomínio poderá fixar taxa de 
juros inferior (o que é raro) ou superior (o que é 
possível segundo o STJ REsp 1002525/DF). 
Em regra, será de 2% sobre o débito. 
A convenção de condomínio poderá fixar taxa de 
multa inferior. A convenção NÃO pode prever 
multa superior a 2%. Este é o limite máximo (teto). 
 
Existem alguns condôminos, contudo, que frequentemente atrasam a taxa do condomínio. Neste caso, 
será possível que o condomínio tome alguma atitude para coibir essa prática? 
SIM. Se o condômino descumpre reiteradamente o dever de contribuir para as despesas do condomínio 
(inciso I do art. 1.336 do CC), o condomínio poderá aplicar contra ele, além da multa moratória (§ 1º do art. 
1.336 do CC), multa sancionatória em razão de comportamento "antissocial" ou "nocivo" (art. 1.337 do CC). 
Assim, o condômino que deixar de adimplir reiteradamente a importância devida a título de cotas 
condominiais poderá, desde que aprovada a sanção em assembleia por deliberação de 3/4 (três quartos) 
dos condôminos, ser obrigado a pagar multa em até o quíntuplo do valor atribuído à contribuição para as 
despesas condominiais, conforme a gravidade da falta e a sua reiteração. 
 
Veja o que diz o Código Civil: 
Art. 1.337. O condômino, ou possuidor, que não cumpre reiteradamente com os seus deveres perante o 
condomínio poderá, por deliberação de três quartos dos condôminos restantes, ser constrangido a pagar 
multa correspondente até ao quíntuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais, 
conforme a gravidade das faltas e a reiteração, independentemente das perdas e danos que se apurem. 
 
Informativo 573-STJ (12/11 a 25/11/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 16 
Parágrafo único. O condômino ou possuidor que, por seu reiterado comportamento anti-social, gerar 
incompatibilidade de convivência com os demais condôminos ou possuidores, poderá ser constrangido a 
pagar multa correspondente ao décuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais, até 
ulterior deliberação da assembléia. 
 
O caput do art. 1.337 do CC inovou ao permitir a aplicação de "multa" de até o quíntuplo do valor 
atribuído à contribuição para as despesas condominiais (5x o valor da cota condominial), em face do 
condômino ou possuidor que não cumpra reiteradamente com os seus deveres com o condomínio, 
independente das perdas e danos que eventualmente venham a ser apurados. 
 
A doutrina afirma que o art. 1.337 do CC trata do chamado "condômino nocivo" ou "antissocial". 
Normalmente, os livros dão como exemplos o caso do condômino que pratica prostituição no imóvel, faz 
"jogo do bicho", promove brigas etc. É possível incluir o condômino que reiteradamente atrasa a cota 
condominial no conceito de "condômino nocivo" ou "antissocial"? 
SIM. Segundo o STJ, o "condômino nocivo" ou "antissocial" não é somente aquele que pratica atividades 
ilícitas, utiliza o imóvel para atividades de prostituição, promove a comercialização de drogas proibidas ou 
desrespeita constantemente o dever de silêncio, mas também aquele que deixa de contribuir de forma 
reiterada com o pagamento das despesas condominiais. 
O caput do art. 1.337 do CC utilizou uma redação aberta e previu, de forma genérica, que a multa poderá 
ser aplicada ao condômino "que não cumpre reiteradamente com os seus deveres perante o condomínio", 
sem fazer qualquer restrição ou óbice legal que impeça a aplicação ao devedor contumaz de débitos 
condominiais. 
 
 
 
Não haveria bis in idem ao se aplicar a multa do § 1º do art. 1.336 cumulativamente com a multa do art. 1.337? 
NÃO. Isso porque são multas com natureza e finalidade distintas. 
 Multa do § 1º do art. 1.336: tem natureza jurídica moratória; 
 Multa do art. 1.337: tem caráter sancionatório. 
 
Ademais, essa cumulação se justifica em função de um valor superior chamado de "solidariedade 
condominial", segundo a qual todos os condôminos devem cumprir seus deveres a fim de que seja 
garantida a continuidade e manutenção do próprio condomínio, impedindo que haja a ruptura da sua 
estabilidade econômico-financeira, o que provocaria dano considerável aos demais comunheiros. 
A atitude do condômino que reiteradamente deixa de contribuir com o pagamento das despesas 
condominiais viola os mais comezinhos deveres anexos da boa-fé objetiva, principalmente a cooperação e 
lealdade, devendo tal atitude ser rechaçada veementemente, já que coloca em risco a continuidade da 
propriedade condominial. 
 
Exige-se reiteração da conduta 
Importante esclarecer que a aplicação da sanção com base no art. 1.337, caput, do Código Civil exige que o 
condômino seja devedor reiterado e contumaz em relação ao pagamento dos débitos condominiais, não 
bastando o simples inadimplemento involuntário de alguns débitos. 
 
Direito de defesa 
Vale ressaltar que, para que o condomínio aplique essa multa, é necessário que garanta ao condômino 
direito ao contraditório e à ampla defesa. Assim, a sanção prevista para o comportamento antissocial 
reiterado de condômino não pode ser aplicada sem que antes lhe seja conferido o direito de defesa. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.365.279-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/8/2015 (Info 570). 
 
 
 
Informativo 573-STJ (12/11 a 25/11/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 17 
A doutrina especializada também possui o mesmo entendimento. Nesse sentido, confira a conclusão da I 
Jornada de Direito Civil do CJF: 
Enunciado 92-CJF: Art. 1.337: As sanções do art. 1.337 do novo Código Civil não podem ser aplicadas sem 
que se garanta direito de defesa ao condômino nocivo. 
 
 
 
CONDOMÍNIO 
Cobrança de cota condominial proposta apenas contra o promitente comprador e 
impossibilidade de penhora do imóvel 
 
Em ação de cobrança de cotas condominiais proposta somente contra o promissário 
comprador, não é possível a penhora do imóvel que gerou a dívida - de propriedade do 
promissário vendedor -, admitindo-se, no entanto, a constrição dos direitos aquisitivos 
decorrentes do compromisso de compra e venda. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.273.313-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 3/11/2015 (Info 573). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João celebrou um compromisso de compra e venda com Pedro. 
Por meio do contrato, Pedro (promitente vendedor) comprometeu-se a vender a João um apartamento no 
edifício “Jardim Feliz”. 
Em contrapartida, João obrigou-se a pagar o valor do imóvel parcelado. 
Ao final, sendo efetuado todo o pagamento, Pedro transferiria a propriedade do bem. Durante a vigênciado contrato, João ficaria na posse do apartamento e lá já iria morar. 
João começou a morar no apartamento e, por conta de dificuldades financeiras, ficou inadimplente com as 
despesas condominiais. 
 
O condomínio ajuizou ação de cobrança das dívidas condominiais apenas contra João (promitente comprador). 
Na fase de cumprimento de sentença, será possível penhorar o apartamento para pagar a dívida? 
NÃO. Em ação de cobrança de cotas condominiais proposta somente contra o promissário comprador, não 
é possível a penhora do imóvel que gerou a dívida. Isso porque o imóvel ainda pertence ao promissário 
vendedor. 
A promessa de compra e venda de imóvel faz nascer para o promissário comprador o direito à aquisição 
do bem. A propriedade, no entanto, continua sendo do promitente vendedor. Ao promissário comprador 
cabe, após o pagamento total do preço, exigir a outorga da escritura definitiva. Somente a partir de então, 
com o registro deste título, é que passará o até então promissário comprador a ser o proprietário do bem. 
Assim, somente haverá a transferência da propriedade com o registro do título translativo no Registro de 
Imóveis (art. 1.245 do Código Civil). Enquanto não registrado, o alienante continuará a ser dono do imóvel. 
Admitir entendimento contrário significaria aceitar que bem de terceiro (proprietário) responda por dívida 
em processo no qual ele não figurou como parte, o que não é permitido pela legislação. 
 
O que o condomínio poderá fazer neste caso? 
Poderá pedir a penhora dos direitos aquisitivos decorrentes do compromisso de compra e venda. Em 
outras palavras, pode-se penhorar os direitos que o promitente comprador tenha em relação ao contrato 
de promessa de compra e venda. Penhorados esses direitos, é como se o condomínio assumisse o lugar do 
promitente comprador nas vantagens que decorrem do compromisso de compra e venda. Ex: se, por 
algum motivo, for desfeito o contrato de promessa de compra e venda, o promitente vendedor deverá 
devolver parte dos valores pagos pelo promitente comprador; neste caso, essa soma seria repassada ao 
condomínio para pagar a dívida (e não ao promitente comprador). 
 
 
 
Informativo 573-STJ (12/11 a 25/11/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 18 
E se a ação de cobrança tivesse sido proposta também contra o promitente vendedor, neste caso, seria 
possível a penhora do imóvel? 
SIM. Se o titular do direito de propriedade (promitente vendedor) figurar no polo passivo da demanda, 
será possível a penhora do imóvel, como garantia da dívida (STJ. 3ª Turma. REsp 1.442.840-PR, Rel. Min. 
Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 6/8/2015. Info 567). 
 
 
 
ALIMENTOS 
Execução de alimentos e impossibilidade de efetuar o pagamento das prestações 
 
Importante!!! 
Em execução de alimentos pelo rito do art. 733 do CPC 1973 (art. 528 do CPC 2015), o 
acolhimento da justificativa da impossibilidade de efetuar o pagamento das prestações 
alimentícias executadas desautoriza a decretação da prisão do devedor, mas não acarreta a 
extinção da execução. 
Se o juiz acolher a justificativa do executado, ele deverá intimar o credor para que ele informe 
se deseja: i) desistir da execução; ii) suspender a execução que foi proposta pelo rito do art. 
733 do CPC 1973 (art. 528 do CPC 2015) aguardando para ver se a situação econômica do 
devedor se modifica; ou iii) mudar o rito da execução para o do art. 732 do CPC 1973 (art. 523 
do CPC 2015), que não prevê prisão civil, mas apenas medidas patrimoniais, como a penhora e 
expropriação de bens. 
Para que o devedor consiga por fim à obrigação alimentícia, deverá ajuizar ação de exoneração 
ou de revisão de alimentos. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.185.040-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 13/10/2015 (Info 573). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João paga mensalmente pensão alimentícia em favor de seu filho Lucas. 
Ocorre que, por estar enfrentando dificuldades financeiras, o pai atrasou os últimos pagamentos. 
Diante disso, Lucas ajuizou execução de alimentos sob o rito do art. 733 do CPC 1973 (art. 528 do CPC 2015) 
pedindo a prisão civil do devedor. 
O juiz mandou intimar o executado pessoalmente para, em 3 dias: 
a) pagar o débito; 
b) provar que o fez (provar que já pagou a dívida); ou 
c) justificar a impossibilidade de efetuá-lo (provar que não tem condições de pagar). 
 
João demonstrou que está com uma doença muito grave, razão pela qual não tem podido trabalhar, 
vivendo atualmente apenas de um benefício pago pelo INSS. Ademais, relatou que Lucas possui 25 anos e 
não estuda, razão pela qual não teria mais direito à pensão alimentícia. 
O magistrado, acolhendo a justificativa do devedor, negou a prisão civil. Ocorre que o juiz foi além e disse 
que estava demonstrado que não havia mais obrigação alimentar, razão pela qual extinguiu a execução. 
 
Agiu corretamente o magistrado ao extinguir a execução? Acolhida a justificativa do executado, deverá 
o juiz, além de afastar a prisão civil, extinguir a execução? 
NÃO. Em execução de alimentos pelo rito do art. 733 do CPC 1973 (art. 528 do CPC 2015), o acolhimento 
da justificativa da impossibilidade de efetuar o pagamento das prestações alimentícias executadas 
desautoriza a decretação da prisão do devedor, mas não acarreta a extinção da execução. 
Desse modo, o juiz agiu corretamente ao não decretar a prisão do executado, mas não podia ter 
extinguido a execução. 
 
 
Informativo 573-STJ (12/11 a 25/11/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 19 
O que o juiz deveria ter feito no caso? 
Deveria ter negado a prisão civil, porque realmente a justificativa apresentada era pertinente, e depois 
disso, deveria ter intimado o credor para que ele informasse se desejava: 
 desistir da execução; 
 suspender a execução que foi proposta pelo rito do art. 733 do CPC 1973 (art. 528 do CPC 2015) 
aguardando para ver se a situação econômica do devedor se modifica; 
 mudar o rito da execução para o do art. 732 do CPC 1973 (art. 523 do CPC 2015), que não prevê prisão civil, 
mas apenas medidas patrimoniais, como a penhora e expropriação de bens. 
 
Mas os argumentos do executado eram tão fortes... o que ele pode fazer para extinguir a obrigação? 
O devedor terá que ajuizar ação de exoneração ou de revisão de alimentos. Assim, esse tema terá que ser 
discutido em ação própria. 
Na doutrina, existe divergência sobre o tema, mas o entendimento do STJ acima exposto é defendido por 
Luiz Rodrigues Wambier: 
"(...) Por isso, acatando a justificativa do devedor, o juiz não extingue o processo de execução, como nas 
circunstâncias anteriores, mas, consultado o credor, o transmuda em outro meio de execução, podendo, 
para tanto suspender o processo até que o devedor se encontre em uma das situações capazes de 
viabilizar a execução (obtenha emprego, com salário passível de desconto; venha a adquirir bens 
penhoráveis etc.). 
A justificativa do devedor não pode representar afronta à coisa julgada. Ainda que se admita certo grau de 
cognição com a justificativa (inclusive, se necessário, prova em audiência), a impossibilidade de pagar a 
prestação há de ser apenas a momentânea, não alcançando o título. Se o devedor está obrigado a prestar 
alimentos, apenas mediante ação revisional de alimentos poderá pleitear a sua exoneração ou redução. A 
justificativa, pois, somente significa a demonstração da impossibilidade ocasional de pagamento, e não a 
exoneração." (WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso avançado de processo civil: execução. São Paulo: RT, 2012, 
p. 613) 
 
 
INVENTÁRIO 
Anulação de doação-partilha não deve ser pedida em processo de inventário 
 
Na hipótese em que o autor da herança tenha promovido em vida a partilha da integralidade 
de seus bens em favor de todos seus descendentes e herdeiros necessários, por meio de 
escrituras públicas de doação nas quaisficou consignado o consentimento de todos eles e, 
ainda, a dispensa de colação futura, a alegação de eventual prejuízo à legítima em decorrência 
da referida partilha deve ser pleiteada pela via anulatória apropriada, e não por meio de ação 
de inventário. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.523.552-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 3/11/2015 (Info 573). 
 
Noção geral sobre colação 
Quando uma pessoa morre, o Código Civil prevê diversas regras para que o patrimônio do falecido seja 
partilhado entre os seus herdeiros. 
Ex: se o falecido tiver deixado filhos: o cônjuge supérstite poderá ou não concorrer com eles na divisão da 
herança (teremos que analisar o regime de bens). Entre os filhos, por sua vez, não existe distinção, 
devendo cada um deles receber o mesmo quinhão. 
Ocorre que pode acontecer de o falecido, quando ainda era vivo, ter “doado” alguns de seus bens para os 
descentes ou para seu cônjuge/companheiro. Ex: João possuía dois apartamentos e três filhos; quando 
ainda estava vivo, João doou um apartamento para o filho 1 e outro para o filho 2, não doando nada para 
o filho 3. 
 
 
Informativo 573-STJ (12/11 a 25/11/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 20 
Na situação narrada no exemplo, repare que houve uma distribuição desigual do patrimônio. Assim, 
quando João morresse, sua esposa e o filho 3 ficariam, em tese, sem herança porque ele, ainda em vida, 
doou os bens para os outros filhos. 
O legislador entendeu que esse cenário não seria “justo” e, por isso, criou uma regra para proteger os 
herdeiros necessários contra doações que forem feitas durante a vida do falecido e que não invadirem a 
legítima sem respeitar a igualdade que deve existir entre os herdeiros necessários que concorrem entre si. 
Assim, em nosso exemplo, depois que João falecer, o CC impõe que os filhos 1 e 2 deverão “devolver” os 
apartamentos doados e estes imóveis, juntamente com o restante da herança deixada pelo morto, serão 
divididos entre os herdeiros na forma prevista pela lei. 
 
Conceito de colação 
Colação é... 
- o dever imposto pelo Código Civil 
- aos herdeiros necessários do falecido 
- no sentido de que, se eles receberam alguma doação do falecido quando este ainda era vivo, 
- serão obrigados a trazer de volta para o monte esses bens 
- a fim de que, reunido todo o patrimônio que pertencia ao morto, 
- ele seja partilhado entre os herdeiros na forma prevista na lei. 
 
Previsão no Código Civil 
A colação está disciplinada nos arts. 2.002 a 2.012 do CC. 
 
Feitas essas considerações, imagine a seguinte situação hipotética: 
João era um homem muito rico e, para evitar que houvesse disputas depois de sua morte, resolveu doar, 
por meio de escrituras públicas, ainda em vida, todos os seus bens para os herdeiros. 
Nas escrituras públicas constou a concordância de todos os herdeiros necessários acerca das doações que 
foram feitas, ficando expresso, ainda, que não haveria colação no futuro. 
 
Depois que João morreu, um dos filhos, o mais encrenqueiro de todos, ingressou com pedido na Justiça 
para abertura do inventário de seu falecido pai. Segundo alegou este filho, as doações que foram feitas 
pelo pai em vida não foram válidas, já que ele foi prejudicado porque ficou com os piores imóveis. Assim, 
pediu que fosse instaurado processo de inventário a fim de que se procedesse a colação de todos os bens 
doados com o objetivo de que se realizasse nova partilha entre os herdeiros. 
 
O juiz do inventário deve aceitar o pedido? 
NÃO. 
 
Na hipótese em que o autor da herança tenha promovido em vida a partilha da integralidade de seus bens 
em favor de todos seus descendentes e herdeiros necessários, por meio de escrituras públicas de doação 
nas quais ficou consignado o consentimento de todos eles e, ainda, a dispensa de colação futura, a 
alegação de eventual prejuízo à legítima em decorrência da referida partilha deve ser pleiteada pela via 
anulatória apropriada, e não por meio de ação de inventário. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.523.552-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 3/11/2015 (Info 573). 
 
Inventário 
Inventário é o processo judicial instaurado com o objetivo de se apurar quais foram os bens deixados pelo 
falecido e, após isso, realizar a partilha entre os herdeiros. Consiste, portanto, na descrição pormenorizada 
dos bens da herança, tendente a possibilitar o recolhimento de tributos, o pagamento de credores e, por 
fim, a partilha. 
 
 
 
Informativo 573-STJ (12/11 a 25/11/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 21 
Doação-partilha 
No caso concreto, houve o que vulgarmente se denomina "doação-partilha", ou seja, a doação, para os 
herdeiros dos bens ainda em vida. 
Nesta situação, entende-se que não há doação propriamente dita, mas sim um inventário antecipado, em 
vida. Logo, não é cabível a colação. Se houve alguma ilegalidade ou se a partilha foi errada, ela deverá ser 
rescindida ou corrigida. 
 
Não era cabível inventário, mas sim ação ordinária de anulação 
Diante disso, no caso concreto, o autor não tem interesse de agir para a abertura de inventário, já que este 
não teria qualquer utilidade. 
O eventual prejuízo à legítima do herdeiro necessário em decorrência de partilha em vida dos bens feita 
pelo pai falecido deve ser buscada pela via da ação anulatória (e não por meio de ação de inventário). 
Afinal, se não há bens a serem partilhados, não há a necessidade de processo do inventário. 
 
 
 
SUCESSÃO DO CÔNJUGE 
Discussão de culpa no direito sucessório e ônus da prova 
 
Importante!!! 
Não tem nos livros!!! 
Ocorrendo a morte de um dos cônjuges após dois anos da separação de fato do casal, é 
legalmente relevante, para fins sucessórios, a discussão da culpa do cônjuge sobrevivente pela 
ruptura da vida em comum, cabendo a ele o ônus de comprovar que a convivência do casal se 
tornara impossível sem a sua culpa. 
Assim, em regra, o cônjuge separado há mais de dois anos não é herdeiro, salvo se ele (cônjuge 
sobrevivente) provar que não teve culpa pela separação. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.513.252-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 3/11/2015 (Info 573). 
 
Se a pessoa morrer e for casada, o cônjuge terá direito à herança? O cônjuge é herdeiro? 
SIM. O cônjuge é herdeiro necessário (art. 1.845 do CC). 
 
Exceção: 
O cônjuge não será herdeiro se, quando houve a morte, o casal estava separado há mais de dois anos, nos 
termos do art. 1.830 do CC: 
Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do 
outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, 
neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente. 
 
Resumindo: 
 Regra 1: o cônjuge sobrevivente (viúvo/viúva) tem direito sucessório. 
 Regra 2: o cônjuge sobrevivente (viúvo/viúva) não terá direito sucessório se, quando seu(ua) esposo(a) 
morreu, eles estavam separados judicialmente ou divorciados. 
 Regra 3: o cônjuge sobrevivente não terá direito sucessório se, quando seu(ua) esposo(a) morreu, eles 
estavam separados de fato há mais de dois anos. 
 Exceção à regra 3: o cônjuge sobrevivente, mesmo estando separado de fato há mais de dois anos no 
momento da morte, continuará tendo direito sucessório se ele (cônjuge sobrevivente) não teve culpa 
pela separação de fato. 
 
 
 
Informativo 573-STJ (12/11 a 25/11/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 22 
O art. 1.830 do CC fala em "culpa" e a doutrina brasileira possui ojeriza (aversão) à culpa na relações 
familiares. Diante disso, indaga-se: esse dispositivo continua válido e sendo aplicável pela jurisprudência? 
SIM. Ocorrendo a morte de um dos cônjuges após dois anos da separação de fato do casal, é legalmente 
relevante, para fins sucessórios, a discussão da culpa do cônjugesobrevivente pela ruptura da vida em comum. 
Assim, o STJ continua aplicando o art. 1.830 do CC, que permanece válido. 
 
Críticas da doutrina 
Como já dito, esse dispositivo é amplamente criticado pela doutrina brasileira, principalmente, no que diz 
respeito à possibilidade de discussão de culpa como requisito para se determinar a exclusão ou não do 
cônjuge sobrevivente da ordem de vocação hereditária. 
 
Rolf Madaleno, por exemplo, em texto carregado de ironia, fala que o art. 1.830 institui a “culpa 
mortuária” ou "culpa funerária", ressaltando a dificuldade de produção da prova após o falecimento de 
um dos cônjuges, que poderá gerar longas e desgastantes discussões processuais (Rolf Madaleno, A 
concorrência sucessória e o trânsito processual: a culpa mortuária., In: Revista brasileira de direito de 
família, v. 7, n. 29, p. 144-151, abr./maio 2005). 
 
Paulo Lôbo sustenta que a imputação da culpa do falecido pela separação de fato viola os princípios 
constitucionais da ampla defesa e do contraditório, impedindo que o falecido possa contraditar a acusação 
de culpa (Direito Civil: Sucessões. São Paulo: Saraiva, 2014). 
 
Francisco José Cahali e Giselda Hironaka são também críticos da previsão e observam que a imputação de 
culpa para fins de direito sucessório representa verdadeiro retrocesso, principalmente diante da EC 
66/2010, que trouxe a possibilidade da dissolução do casamento diretamente por divórcio sem observação 
de tempo mínimo de convivência ou discussão de culpa (CAHALI, Francisco José; HIRONAKA, Giselda Maria 
Fernandes Novaes. Direito das Sucessões. 5ª ed. São Paulo: RT, 2014). 
 
Apesar disso, o STJ considerou que não há que se falar em ilegalidade ou impertinência da discussão da 
culpa no vigente direito sucessório, devendo ser mantida a aplicação do art. 1.830 do CC para os casos em 
que ele regular. 
 
Qual será o parâmetro utilizado pelo juiz para aferir a culpa de que trata o art. 1.830 do CC? 
O magistrado deverá utilizar como critérios os motivos elencados no art. 1.573 do CC, que caracterizam a 
impossibilidade da comunhão de vida: 
 Art. 1.573. Podem caracterizar a impossibilidade da comunhão de vida a ocorrência de algum dos 
seguintes motivos: 
I - adultério; 
II - tentativa de morte; 
III - sevícia ou injúria grave; 
IV - abandono voluntário do lar conjugal, durante um ano contínuo; 
V - condenação por crime infamante; 
VI - conduta desonrosa. 
Parágrafo único. O juiz poderá considerar outros fatos que tornem evidente a impossibilidade da vida em 
comum. 
 
De quem é o ônus de provar a culpa mencionada no art. 1.830 do CC? O cônjuge sobrevivente é quem 
deverá provar que não teve culpa? Ou os demais herdeiros interessados (exs: filhos, irmãos etc.) na 
herança é que deverão provar que o falecido não teve culpa? 
O ônus da prova é do cônjuge sobrevivente. 
O cônjuge sobrevivente é que deverá provar que não teve culpa pela separação. Ele que terá que 
comprovar que a convivência se tornou impossível sem culpa sua. 
Se o cônjuge sobrevivente não conseguir provar isso, ele não terá direito à herança. 
 
Informativo 573-STJ (12/11 a 25/11/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 23 
Isso se justifica porque, conforme se verifica da ordem de vocação hereditária prevista no art. 1.829 do 
CC/2002, o cônjuge separado de fato é exceção à ordem de vocação. 
Assim, em regra, o cônjuge separado há mais de dois anos não é herdeiro, salvo se ele (cônjuge 
sobrevivente) provar que não teve culpa pela separação. 
 
Resumindo: 
Ocorrendo a morte de um dos cônjuges após dois anos da separação de fato do casal, é legalmente 
relevante, para fins sucessórios, a discussão da culpa do cônjuge sobrevivente pela ruptura da vida em 
comum, cabendo a ele o ônus de comprovar que a convivência do casal se tornara impossível sem a sua 
culpa. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.513.252-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 3/11/2015 (Info 573). 
 
 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
Direito à reparação de danos por vício do produto 
 
Não tem direito à reparação de perdas e danos decorrentes do vício do produto o consumidor 
que, no prazo decadencial, não provocou o fornecedor para que este pudesse sanar o vício. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.520.500-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 27/10/2015 (Info 573). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João comprou um carro usado da revendedora "XX" 
Em março/2010, João descobriu que o veículo estava com um problema no ar condicionado e o levou para 
consertar na oficina "ZZ". 
Em novembro/2010, o consumidor ingressou com ação de indenização contra a revendedora "XX" 
cobrando o valor gasto com o conserto. 
 
O pedido terá êxito? 
NÃO. No caso concreto, houve decadência do direito do consumidor de reclamar o vício. Vamos entender 
com calma a situação: 
 
João, ao falar do problema de seu carro, sempre utiliza a expressão “defeito”. Para fins de direito do 
consumidor, trata-se realmente de “defeito”? 
NÃO. Juridicamente falando, segundo a concepção majoritária, o problema apresentado no carro de João 
classifica-se como “vício” e não “defeito”. 
 
Vício Defeito 
Vício é a inadequação do produto ou serviço para 
os fins a que se destina. 
Ex: Paulo compra um Playstation e ele não liga. 
Defeito diz respeito à insegurança do produto ou 
serviço. 
Ex: Paulo compra um Playstation, ele liga o 
aparelho, começa a jogar e, de repente, o 
videogame esquenta muito e explode, ferindo-o. 
 
O vício pode ser de duas subespécies: vício de qualidade ou de quantidade. 
No caso concreto, trata-se de um vício de qualidade do produto, previsto no art. 18 do CDC: 
 
 
Informativo 573-STJ (12/11 a 25/11/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 24 
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente 
pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se 
destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as 
indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as 
variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. 
 
Qual é o prazo de que o consumidor dispõe para reclamar sobre a existência de vícios do produto ou serviço? 
Tais prazos estão previstos no art. 26 do CDC: 
 se o serviço ou produto for considerado “NÃO DURÁVEL”: 30 dias; 
 se o serviço ou produto for considerado “DURÁVEL”: 90 dias. 
 
Os prazos acima mencionados são prescricionais ou decadenciais? 
Decadenciais, tanto que o art. 26 do CDC fala em “caducar”, expressão utilizada para a decadência. 
 
A partir de quando são contados esses prazos? 
 Se o vício for APARENTE (de fácil constatação): conta-se da data da entrega do produto ou do término 
da execução do serviço. 
 Se o vício for OCULTO: conta-se do momento em que ficar evidenciado o vício. 
 
Vício aparente ou de fácil constatação é aquele que não exige do consumidor médio nenhum 
conhecimento especializado ou apreciação técnica (perícia), por decorrer de análise superficial do produto 
(simples visualização ou uso), cuja constatação é verificável de plano, a partir de um simples exame do 
bem ou serviço, por mera experimentação ou por “saltar aos olhos” ostensivamente sua inadequação 
(REsp 1.161.941-DF). 
 
Resumindo: 
PRAZOS DECADENCIAIS PARA RECLAMAR VÍCIOS DO PRODUTO OU SERVIÇO 
Produto ou serviço Prazo Início da contagem 
Não durável 30 dias Vício aparente: data da entrega do produto ou serviço. 
Vício oculto: momento em que evidenciado o vício. Durável 90 dias 
 
Desse modo, o consumidor deveria ter reclamado com o fornecedor no prazo decadencial após o 
surgimento do vício. Como não o fez neste prazo, houve a decadência, não tendo ele direito

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