Buscar

informativo esquematizado 590 STJ

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Informativo 590-STJ (16/09 a 03/10/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
Todos os julgados foram comentados. 
 
ÍNDICE 
 
DIREITO CIVIL 
CONTRATO DE SEGURO 
 O atraso do segurado em comunicar o seguro que houve um sinistro com o veículo nem sempre irá gerar a perda 
da indenização securitária. 
 
DPVAT 
 Súmula 580-STJ. 
 
AÇÕES POSSESSÓRIAS 
 Particular pode ajuizar ação possessória tendo como objeto bem público de uso comum do povo. 
 
ALIMENTOS 
 A genitora possui legitimidade para prosseguir na execução de alimentos proposta na época em que tinha a 
guarda do filho com o objetivo de ser ressarcida pelas prestações pretéritas. 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
PLANO DE SAÚDE 
 Quando um hospital credenciado não prestar determinados serviços para os usuários do plano, este deverá 
informar ao consumidor a restrição existente, sob pena de estarem todas incluídas. 
 Prazo prescricional da pretensão condenatória decorrente de nulidade de cláusula de reajuste de plano ou seguro 
de assistência à saúde. 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
 Súmula 581-STJ. 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
JUSTIÇA GRATUITA 
 Possibilidade de concessão de assistência judiciária gratuita ao contratante de serviços advocatícios ad exitum. 
 
RECURSOS 
 Possibilidade de aplicação da teoria da causa madura em julgamento de agravo de instrumento. 
 
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA 
 É possível a utilização de deduções e presunções na apuração de lucros cessantes. 
 
DIREITO PENAL 
ARREPENDIMENTO POSTERIOR 
 Não se aplica o arrependimento posterior em homicídio culposo na direção de veículo. 
 
Informativo 590-STJ (16/09 a 03/10/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 2 
LESÃO CORPORAL 
 Perda de dois dentes configura lesão grave (e não gravíssima). 
 
ROUBO 
 Súmula 582-STJ. 
 
EXTORSÃO 
 Incide a majorante do § 1º do art. 158 do CP no caso da extorsão do § 3º. 
 
ART. 273 DO CP 
 Venda de substâncias que estão na Portaria SVS/MS 344/98 e princípio da consunção. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL 
 O MP, no exercício do controle externo da atividade policial, pode ter acesso às OMPs. 
 
PROVAS 
 É lícito o acesso aos dados armazenados em celular apreendido com base em autorização judicial. 
 
INDENIZAÇÃO POR ERRO JUDICIÁRIO 
 Indenização em razão de equívoco no reconhecimento de reincidência. 
 
SAÍDA TEMPORÁRIA 
 Possibilidade de concessão de mais de cinco saídas temporárias por ano 
 Prazo mínimo entre saídas temporárias 
 Possibilidade de fixação de calendário anual de saídas temporárias por ato judicial único 
 Competência do juiz da execução para fixação do calendário prévio de saídas temporárias 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
SIMPLES 
 Inexistência de alvará de localização e funcionamento não impede empresa de aderir ao Simples. 
 
DIREITO ADUANEIRO 
 Não se deve conceder o drawback suspensão se não houver beneficiamento/agregação de valor à mercadoria a 
ser exportada. 
 
DIREITO PREVIDENCIÁRIO 
PREVIDÊNCIA PRIVADA 
 A súmula 340 do STJ é aplicável para os planos de previdência privada. 
 
 
DIREITO CIVIL 
 
CONTRATO DE SEGURO 
O atraso do segurado em comunicar o seguro que houve um sinistro com o veículo 
nem sempre irá gerar a perda da indenização securitária 
 
O art. 771 do CC determina que o segurado deverá comunicar imediatamente à seguradora 
quando ocorrer algum sinistro envolvendo o veículo, já que isso possibilita que esta tome 
medidas que possam amenizar os prejuízos da realização do risco, bem como a sua propagação. 
Esse dispositivo legal prevê que, se não houver esta comunicação imediata, o segurado perderá 
o direito à indenização. 
 
Informativo 590-STJ (16/09 a 03/10/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 3 
Vale ressaltar, no entanto, que, para que ocorra a sanção prevista no art. 771 do CC, é necessário 
que fique demonstrada a ocorrência de uma omissão dolosa do segurado, que beire a má-fé, ou 
culpa grave e que, com isso, prejudique, de forma desproporcional, a atuação da seguradora. 
Assim, se o segurado demorou três dias para comunicar à seguradora que o veículo foi 
roubado porque foi ameaçado pelo criminoso, ele não perderá o direito de ser indenizado já 
que, neste caso, não poderia ser dele exigido comportamento diverso. 
Resumindo: o segurado que, devido às ameaças de morte feitas pelo criminoso a ele e à sua 
família, deixou de comunicar prontamente o roubo do seu veículo à seguradora não perde o 
direito à indenização securitária (art. 771 do CC). 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.404.908-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 2/8/2016 (Info 590). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João fez um contrato de seguro de veículos com a “Seguradora X”. 
No dia 02/02, João foi roubado por um assaltante armado na porta de sua casa, que levou o carro, o 
agrediu e ainda ameaçou que se este contasse o ocorrido à Polícia em menos de uma semana iria voltar 
para matar a sua família. 
Três dias depois, João procurou a seguradora e comunicou o roubo. 
A seguradora, no entanto, negou o pagamento da indenização afirmando que o segurado demorou a 
comunicar o ocorrido, descumprindo, portanto, o art. 771 do Código Civil: 
Art. 771. Sob pena de perder o direito à indenização, o segurado participará o sinistro ao segurador, logo 
que o saiba, e tomará as providências imediatas para minorar-lhe as consequências. 
 
Ainda de acordo com a seguradora, o aviso tardio propiciou ao criminoso tempo suficiente para vender o 
veículo a terceiro. Se a comunicação tivesse sido imediata, como diz a lei, o veículo tinha grandes chances 
de recuperação pela Polícia. 
 
João propôs, então, ação contra a seguradora pedindo o pagamento da indenização e alegando que 
demorou a comunicar o ocorrido porque estava com medo diante das ameaças feitas pelo assaltante. 
 
A tese defendida por João foi aceita? Ele terá direito à indenização securitária? 
SIM. 
 
O segurado que, devido às ameaças de morte feitas pelo criminoso a ele e à sua família, deixou de 
comunicar prontamente o roubo do seu veículo à seguradora não perde o direito à indenização 
securitária (art. 771 do CC). 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.404.908-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 2/8/2016 (Info 590). 
 
Realmente, é ônus do segurado comunicar imediatamente à seguradora quando ocorrer algum sinistro 
envolvendo o veículo, já que isso possibilita que esta tome medidas que possam amenizar os prejuízos da 
realização do risco bem como a sua propagação. 
 
Todavia, não é em qualquer hipótese que a ausência da pronta notificação do sinistro acarretará a perda 
da indenização securitária. Em outras palavras, esta sanção não incide de forma automática. 
 
Para que ocorra a sanção prevista na parte inicial do art. 771 do CC é necessário que fique demonstrada a 
ocorrência de uma omissão dolosa do segurado, que beire a má-fé, ou culpa grave e que, com isso, 
prejudique, de forma desproporcional, a atuação da seguradora. 
 
Assim, não haverá a sanção do art. 771 do CC se: 
 ficar demonstrado que não havia medidas a serem tomadas de imediato pela seguradora e que poderiam 
minorar os efeitos do sinistro. Ex: o veículo foi completamente incendiado no momento do acidente. 
 ou se existirem fatos relevantes que impeçam o segurado de fazer a imediata comunicação do sinistro. 
 
Informativo 590-STJ (16/09 a 03/10/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 4 
 
Nestes dois casos, não há como punir o segurado com a drástica sanção da perda do direito à indenização, 
especialmente considerando a presença da boa-fé objetiva, princípio-chave que permeia todas as relações 
contratuais, incluídas as de natureza securitária. 
 
Na situaçãoconcreta, não houve má-fé ou omissão injustificada do segurado quanto ao atraso na 
comunicação do aviso de sinistro, de modo que não merece ser sancionado com a perda do direito à 
indenização securitária. O atraso de 3 dias para informar o roubo do automóvel se deu em razão de 
ameaças de morte feitas pelo criminoso quando da subtração do bem à mão armada no interior da 
residência da própria vítima. Na ocasião, o meliante havia prometido ao segurado retornar para matar 
seus familiares, ordenando que não comunicasse à polícia por pelo menos uma semana. 
Assim, o temor de represálias era real e não era razoável exigir do segurado comportamento diverso, que 
poderia colocar em risco não só sua segurança, mas também de sua família. 
Não houve nenhum conluio entre o segurado e o criminoso, tampouco vontade deliberada de fraudar o 
contrato de seguro ou de piorar os efeitos decorrentes do sinistro em detrimento dos interesses da 
seguradora. 
 
 
 
DPVAT 
Súmula 58-STJ 
 
Súmula 580-STJ: A correção monetária nas indenizações do seguro DPVAT por morte ou 
invalidez, prevista no § 7º do art. 5º da Lei nº 6.194/1974, redação dada pela Lei nº 
11.482/2007, incide desde a data do evento danoso. 
STJ. 2ª Seção. Aprovada em 14/09/2016, DJe 19/09/2016 (Info 590). 
 
O que é o DPVAT? 
O DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre) é um seguro obrigatório 
de danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre, ou por sua carga, a pessoas, 
transportadas ou não. 
Em outras palavras, qualquer pessoa que sofrer danos pessoais causados por um veículo automotor, ou 
por sua carga, em vias terrestres, tem direito a receber a indenização do DPVAT. Isso abrange os 
motoristas, os passageiros, os pedestres ou, em caso de morte, os seus respectivos herdeiros. 
Ex: dois carros batem e, em decorrência da batida, acertam também um pedestre que passava no local. No 
carro 1, havia apenas o motorista. No carro 2, havia o motorista e mais um passageiro. Os dois motoristas 
morreram. O passageiro do carro 2 e o pedestre ficaram inválidos. Os herdeiros dos motoristas receberão 
indenização de DPVAT no valor correspondente à morte. O passageiro do carro 2 e o pedestre receberão 
indenização de DPVAT por invalidez. 
Para receber indenização, não importa quem foi o culpado. Ainda que o carro 2 tenha sido o culpado, os 
herdeiros dos motoristas, o passageiro e o pedestre sobreviventes receberão a indenização normalmente. 
O DPVAT não paga indenização por prejuízos decorrentes de danos patrimoniais, somente danos pessoais. 
 
Quem custeia as indenizações pagas pelo DPVAT? 
Os proprietários de veículos automotores. Trata-se de um seguro obrigatório. Assim, sempre que o proprietário 
do veículo paga o IPVA, está pagando também, na mesma guia, um valor cobrado a título de DPVAT. 
O STJ afirma que a natureza jurídica do DPVAT é a de um contrato legal, de cunho social. 
O DPVAT é regulamentado pela Lei nº 6.194/74. 
 
 
 
Informativo 590-STJ (16/09 a 03/10/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 5 
Como a pessoa obtém a indenização do DPVAT? 
A pessoa deverá procurar uma das empresas seguradoras que seja consorciada ao DPVAT e apresentar a 
documentação necessária. Para requerer o seguro DPVAT não é necessário advogado, despachante ou 
qualquer outra ajuda de terceiros. 
 
Existe um prazo para pagamento? 
SIM. A Lei prevê que a indenização deve ser paga, em cheque nominal aos beneficiários, no prazo de 30 
dias da entrega dos documentos que comprovem o acidente, o óbito, a invalidez etc. (art. 5º, § 1º). 
 
Qual é o valor da indenização de DPVAT prevista na Lei? 
• no caso de morte: R$ 13.500,00 (por vítima) 
• no caso de invalidez permanente: até R$ 13.500,00 (por vítima) 
• no caso de despesas de assistência médica e suplementares: até R$ 2.700,00 como reembolso a cada vítima. 
Esses valores estão previstos textualmente no art. 3º da Lei n. 6.194/74 e foram previstos nesta Lei por 
força da MP340/2006. Confira: 
Art. 3º Os danos pessoais cobertos pelo seguro estabelecido no art. 2º desta Lei compreendem as 
indenizações por morte, por invalidez permanente, total ou parcial, e por despesas de assistência médica e 
suplementares, nos valores e conforme as regras que se seguem, por pessoa vitimada: 
I - R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais) - no caso de morte; 
II - até R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais) - no caso de invalidez permanente; e 
III - até R$ 2.700,00 (dois mil e setecentos reais) - como reembolso à vítima - no caso de despesas de 
assistência médica e suplementares devidamente comprovadas. 
 
Obs: os três incisos acima foram incluídos pela Medida Provisória 340/2006, convertida na Lei n. 
11.482/2007. Antes, tais valores eram previstos em salários-mínimos. 
 
Pois bem. Imagine agora a seguinte situação hipotética: 
A esposa de João faleceu em um acidente de trânsito. João pleiteou, então, o pagamento da indenização 
de R$ 13.500,00 prevista no inciso I do art. 3º da Lei n. 6.194/74. No entanto, João defendeu a seguinte 
tese: ora, esse valor é o mesmo desde 2006 (quando a MP 340/2006 foi editada). Isso não é justo porque 
em todos os pagamentos de valores deverá haver correção monetária. 
Desse modo, João sustentou que o valor que seria pago a ele, ou seja, os R$ 13.500,00, deveria ser 
corrigido monetariamente desde 2006 até o momento do seu pagamento. 
 
A tese de João foi aceita pela jurisprudência? Os valores da indenização do DPVAT deverão ser 
atualizados (corrigidos monetariamente) desde 2006, ou seja, quando tais quantias foram previstas na 
lei em quantias fixas? 
NÃO. A MP 340/2006 (convertida na Lei 11.482/2007) não previu que os valores deveriam ser corrigidos 
desde 2006. Isso não foi determinado pela MP. Assim, infelizmente, tais indenizações foram, ao longo dos 
anos, perdendo valor real diante da inflação. 
 
Mas a Lei do DPVAT (Lei n. 6.194/74) não prevê nenhum tipo de correção monetária? Ela não fala disso 
em nenhum dispositivo? 
Prevê sim. O § 7º do art. 5º da Lei n. 6.194/74 (Incluído pela Lei nº 11.482/2007) estabelece o seguinte: 
Art. 5º (...) § 7º Os valores correspondentes às indenizações, na hipótese de não cumprimento do prazo 
para o pagamento da respectiva obrigação pecuniária, sujeitam-se à correção monetária segundo índice 
oficial regularmente estabelecido e juros moratórios com base em critérios fixados na regulamentação 
específica de seguro privado. 
 
 
 
Informativo 590-STJ (16/09 a 03/10/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 6 
Desse modo, a única correção monetária que a Lei do DPVAT previu foi para o caso de a indenização não 
ser quitada no prazo de 30 dias, que é o tempo previsto na Lei para que a seguradora pague o beneficiário 
(art. 5º, § 1º). Assim, demorando mais de 30 dias para ser paga a indenização, deverá incidir correção 
monetária, que será contada, no entanto, desde a data do evento danoso. 
 
Resumindo: 
 Existe correção monetária dos valores do DPVAT desde 2006? NÃO. Tais valores foram previstos em 
quantias fixas e a MP e a Lei não previram formas de corrigir essas quantias (infeliz opção do 
legislador, que não pode ser consertada pelo Poder Judiciário); 
 Existe alguma forma de correção monetária dos valores do DPVAT? SIM. A Lei prevê que, se a 
seguradora demorar mais que 30 dias para pagar a indenização após o recebimento dos documentos, 
o beneficiário deverá receber os valores com correção monetária, mas o termo inicial desta correção 
não é 2006 e sim a data do evento danoso. 
 
O tema já estava pacificado no STJ por meio do REsp 1.483.620-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, 
julgado em 27/5/2015 (recurso repetitivo) (Info 563). 
 
 
 
AÇÕES POSSESSÓRIAS 
Particular pode ajuizar ação possessória tendo como objeto bem público de uso comum do povo 
 
Particulares podemajuizar ação possessória para resguardar o livre exercício do uso de via 
municipal (bem público de uso comum do povo) instituída como servidão de passagem. 
Ex: a empresa começou a construir uma indústria e a obra está invadindo a via de acesso (rua) 
que liga a avenida principal à uma comunidade de moradores locais. Os moradores possuem 
legitimidade para ajuizar ação de reintegração de posse contra a empresa alegando que a rua 
que está sendo invadida representa uma servidão de passagem. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.582.176-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/9/2016 (Info 590). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
A empresa "XX" começou a construir uma indústria em um terreno localizado na área rural do Município. 
Ocorre que a obra avançou sobre uma rua que liga uma comunidade de 12 casas com a avenida principal. 
Em outras palavras, parte da indústria em construção está invadindo a via de acesso para as casas dos 
moradores locais. 
Diante disso, os moradores ajuizaram ação de reintegração de posse contra a empresa alegando que a rua 
que está sendo invadida representa uma servidão de passagem que dá acesso aos loteamentos há mais de 
20 anos. 
A ré alegou, dentre outros argumentos, que a estrada objeto da controvérsia é bem público municipal de 
uso comum, não podendo sua proteção possessória ser requerida por particulares. Isso porque os 
particulares não detêm a posse dos bens públicos, mas sim a mera detenção, que não pode ser tutelada 
por ações possessórias. 
 
A tese da empresa foi acolhida pelo STJ? 
NÃO. 
 
Particulares podem ajuizar ação possessória para resguardar o livre exercício do uso de via municipal 
(bem público de uso comum do povo) instituída como servidão de passagem. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.582.176-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/9/2016 (Info 590). 
 
 
Informativo 590-STJ (16/09 a 03/10/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 7 
Bem de uso comum do povo 
O art. 99 do Código Civil classifica os bens públicos de acordo com a sua destinação (ou afetação): 
a) bens de uso comum do povo b) bens de uso especial c) bens dominicais 
São aqueles destinados à 
utilização geral pelos indivíduos, 
podendo ser utilizados por todos 
em igualdade de condições, 
independentemente de 
consentimento individualizado 
por parte do Poder Público (uso 
coletivo). 
Exs: ruas, praças, rios, praias etc. 
São aqueles utilizados pela 
Administração para a prestação 
dos serviços administrativos e 
dos serviços públicos em geral, 
ou seja, utilizados pela 
Administração para a satisfação 
de seus objetivos. 
Exs: prédio onde funciona um 
órgão público. 
São aqueles que não estão 
sendo utilizados para nenhuma 
destinação pública, abrangendo 
o denominado domínio privado 
do Estado. 
Exs: terras devolutas, terrenos 
de marinha, prédios públicos 
desativados, móveis inservíveis, 
dívida ativa etc. 
 
Desse modo, quando se fala em bem de uso comum do povo, o particular é o usuário concreto do bem e, 
como tal, pode ser considerado como titular de direito subjetivo público. Em outras palavras, se o seu 
direito de utilizar o bem de uso comum for violado, seja por terceiro, seja pela própria Administração 
Pública, ele poderá defender o seu direito de usar o bem, seja na via administrativa ou judicial. 
Exemplo: se um rico empresário resolve construir uma casa na beira da praia e fechá-la, tornando-a 
privativa, qualquer outra pessoa poderá questionar judicialmente esta medida. Nesse sentido: DI PIETRO, 
Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 27ª ed., São Paulo: Atlas, 2014. p. 763-764. 
 
Possibilidade jurídica de o particular requerer a proteção possessória de bem público de uso comum 
Realmente, o STJ possui inúmeros julgados afirmando que a ocupação irregular de bem público dominical 
não caracteriza posse, mas mera detenção, hipótese que afasta o reconhecimento de direitos em favor do 
particular com base em alegada boa-fé. 
Assim, por exemplo, se o particular invade um bem público que não é utilizado para nada (ex: um terreno 
baldio), a jurisprudência entende que ele não é considerado possuidor, mas mero detentor. Logo, não 
poderá invocar a proteção possessória contra o Poder Público. 
Esse entendimento, porém, não se aplica para o caso de um particular que está defendendo seu direito de 
usar um bem público de uso comum do povo. Aqui a situação é diferente. 
No caso de bens públicos de uso comum do povo, podemos sim falar em posse e o particular poderá 
defendê-la em juízo. Nesse sentido: THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – 
Procedimentos Especiais – vol. III, Rio de Janeiro: Forense, 2014, p.122). 
Desse modo, podemos concluir que: 
 o ordenamento jurídico não permite a proteção possessória em caso de particular que ocupe bens 
públicos dominicais, sendo esta situação caracterizada como mera detenção; 
 é possível, no entanto, que particulares exerçam proteção possessória para garantir seu direito de 
utilizar bens de uso comum do povo, como é o caso, por exemplo, da tutela possessória para 
assegurar o direito de uso de uma via pública. 
 
 
 
ALIMENTOS 
A genitora possui legitimidade para prosseguir na execução de alimentos proposta na época em 
que tinha a guarda do filho com o objetivo de ser ressarcida pelas prestações pretéritas 
 
A genitora que, ao tempo em que exercia a guarda judicial do filho, representou-o em ação de 
execução de débitos alimentares possui legitimidade para prosseguir no processo executivo 
com intuito de ser ressarcida, ainda que, no curso da cobrança judicial, a guarda tenha sido 
transferida ao genitor (executado). 
 
Informativo 590-STJ (16/09 a 03/10/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 8 
Ex: João e Maria foram casados e são pais de Lucas. Depois que se separaram, iniciou-se uma 
disputa pela guarda do filho. Enquanto não se definia a questão, a guarda foi provisoriamente 
deferida para Maria. O juiz determinou que João pagasse pensão alimentícia em favor do filho. 
O pai ficou devendo 4 meses de pensão (abril a julho/2015). Em razão disso, Lucas, 
representado por Maria, ajuizou execução de alimentos cobrando a quantia. Em novembro de 
2015, o juiz, na sentença, determinou que a guarda de Lucas deveria ficar com o pai, 
revogando a decisão interlocutória anterior que havia deferido a guarda em favor de Maria. 
Mesmo assim, a genitora possui legitimidade para prosseguir na execução dos débitos 
alimentares relacionados com a época em que ela era guardiã do filho. Isso porque ela teve 
que assumir as despesas com o filho no período em que o pai não pagou a pensão alimentícia e 
precisa ser ressarcida. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.410.815-SC, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 9/8/2016 (Info 590). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João e Maria foram casados e são pais de Lucas. 
Depois que se separaram, iniciou-se uma disputa pela guarda do filho. 
Enquanto não se definia a questão, a guarda foi provisoriamente deferida para Maria. 
O juiz determinou que João pagasse pensão alimentícia em favor do filho. 
O pai ficou devendo 4 meses de pensão (abril a julho/2015). 
Em razão disso, Lucas, representado por Maria, ajuizou execução de alimentos cobrando a quantia. 
Em agosto de 2015, João voltou a pagar regularmente todos os meses a pensão. 
A execução continuava tramitando normalmente, mas aí, em novembro de 2015, houve uma reviravolta: 
no processo da guarda, o juiz, na sentença, determinou que a guarda de Lucas deveria ficar com o pai. 
Com isso, foi revogada a decisão interlocutória anterior que havia deferido liminarmente a guarda da 
criança para Maria. 
Diante da sentença proferida, João peticionou no processo de execução afirmando que não deveria mais 
pagar os 4 meses atrasados porque ao final a guarda do filho ficou com ele. 
O juiz concordou com o pedido e extinguiu a execuçãosem resolução do mérito, ao fundamento de que a 
transferência da guarda do menor para o genitor acarretou a ilegitimidade da mãe para a execução e a 
perda superveniente do interesse de agir, considerando que se João pagasse o valor dos 4 meses, estes 
reverteriam em favor da criança e esta já está sob a guarda do "devedor". Logo, como João é quem 
administra o dinheiro do filho menor, eventual pagamento seria dado para ele mesmo. 
 
Agiu corretamente o juiz? 
NÃO. O pai, mesmo estando atualmente com o filho, continua obrigado a pagar os meses de pensão 
alimentícia atrasados nos quais a guarda da criança estava com a mãe. Isso porque, neste período, 
enquanto não recebia o dinheiro da pensão, ela teve que assumir os gastos com a criação e sustento do 
filho e tais despesas devem ser ressarcidas. Assim, decidiu o STJ que: 
A genitora que, ao tempo em que exercia a guarda judicial dos filhos, representou-os em ação de 
execução de débitos alimentares possui legitimidade para prosseguir no processo executivo com intuito 
de ser ressarcida, ainda que, no curso da cobrança judicial, a guarda tenha sido transferida ao genitor 
(executado). 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.410.815-SC, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 9/8/2016 (Info 590). 
 
Realmente a partir do momento em que houve a alteração da guarda para o pai, cessou a obrigação do 
genitor de pagar a pensão alimentícia. No entanto, tal fato não o exime da dívida alimentar pretérita, 
contraída nos meses em que a guarda da criança estava com a mãe. 
Assim, o débito alimentar no período em que Lucas estava sob a guarda materna permanece inalterado e 
a genitora tem legitimidade para continuar executando tal quantia. 
Maria Berenice Dias já se debruçou sobre este tema e ensina: 
 
Informativo 590-STJ (16/09 a 03/10/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 9 
"Para evitar prejuízo enorme, como o genitor que detém a guarda é quem acaba sozinho provendo ao 
sustento da prole, indispensável reconhecer a ocorrência de sub-rogação. Ou seja, resta ele como titular 
do crédito vencido e não pago enquanto o filho era menor, ainda que relativamente capaz. Se ele está sob 
sua guarda, como o dever de lhe prover o sustento é de ambos os genitores, quando tal encargo é 
desempenhado somente por um deles, pode reembolsar-se com relação ao omisso. (...) 
O mesmo ocorre quando o filho passa para a guarda do outro genitor. Se existe um crédito alimentar, 
quem arcou sozinho com o sustento do filho pode reembolsar-se do que despendeu. Dispõe ele de 
legitimidade para cobrar os alimentos. Age em nome próprio, como credor sub-rogado." (DIAS, Maria 
Berenice. Manual de Direito das Famílias. 9ª ed. São Paulo: RT, 2013. p. 582.) 
 
Mas na execução agora constará como exequente a mãe ou permanecerá sendo o filho? 
A mãe. O STJ entende que há neste caso sub-rogação. A mãe, como arcou com a dívida que era do pai da 
criança, sub-rogou-se no direito de cobrar o pai como se fosse o filho. 
O CPC permite que o sub-rogado que não receber o crédito do devedor possa prosseguir na execução já 
iniciada pelo credor originário. Veja: 
Art. 857 (...) § 2º A sub-rogação não impede o sub-rogado, se não receber o crédito do executado, de 
prosseguir na execução, nos mesmos autos, penhorando outros bens. 
 
No processo de execução, a mãe poderá pedir a prisão civil do devedor? 
NÃO. O STJ entendeu que, como houve a alteração da guarda e a execução atualmente está correndo no 
interesse da mãe, não é mais possível pedir a prisão civil do devedor, razão pela qual o prosseguimento do 
feito deve seguir o rito previsto no art. 913 do CPC/2015. 
 
 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
PLANO DE SAÚDE 
Quando um hospital credenciado não prestar determinados serviços para os usuários do plano, 
este deverá informar ao consumidor a restrição existente, sob pena de estarem todos incluídos 
 
No caso em que, nas informações divulgadas por plano de saúde aos seus usuários, 
determinado hospital particular figure como instituição credenciada sem ressalvas, se o 
usuário optar pela realização de tratamento contratado e disponibilizado pelo aludido 
hospital, a operadora do plano será obrigada a custeá-lo, ainda que o serviço seja prestado em 
parceria com instituição não credenciada, cuja unidade de atendimento funcione nas 
dependências do hospital, sendo irrelevante o fato de haver, na mesma localidade, outras 
instituições credenciadas para o mesmo tipo de tratamento de saúde. 
Ex: João, cliente do plano de saúde, precisava fazer quimioterapia. Na página do plano na 
internet consta que o Hospital São Carlos integra a rede credenciada. Dentro deste hospital, no 
setor de oncologia, funciona o Instituto Santa Marta. Diante disso, ele pediu as guias de serviço 
para fazer a quimioterapia lá. O plano de saúde não autorizou alegando que o Instituto Santa 
Marta, apesar de funcionar dentro do Hospital São Carlos, é uma instituição diferente e que 
apenas o Hospital é credenciado. João terá direito de fazer o tratamento lá. Quando um 
hospital credenciado não prestar determinados serviços para os usuários do plano, este 
deverá informar ao consumidor, de forma clara, qual é a restrição existente e quais as 
especialidades oferecidas pela entidade que não estão cobertas, sob pena de todas elas 
estarem incluídas no credenciamento. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.613.644-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 20/9/2016 (Info 590). 
 
Informativo 590-STJ (16/09 a 03/10/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 10 
 
Imagine a seguinte situação adaptada: 
João, cliente do plano de saúde Unimed, descobriu que estava com câncer e que precisava fazer 
quimioterapia. 
Ele pesquisou na página do plano na internet e descobriu que o Hospital São Carlos integra a rede 
credenciada da Unimed. Dentro deste hospital, no setor de oncologia, funciona o Instituto Oncológico 
Santa Marta, uma referência no tratamento do câncer. 
Diante disso, ele pediu as guias de serviço para fazer a quimioterapia no Instituto Oncológico Santa Marta. 
O plano de saúde não autorizou o procedimento alegando que o Instituto Santa Marta, apesar de 
funcionar dentro do Hospital São Carlos, é uma instituição diferente e que apenas o Hospital é 
credenciado. O plano alegou, ainda, que na cidade existem outras instituições credenciadas para realizar 
tratamento quimioterápico, de forma que o consumidor não seria prejudicado. 
Inconformado com a justificativa, João propôs ação de obrigação de fazer contra a Unimed pedindo que 
ela fosse condenada a custear o tratamento. Argumentou que, se o Hospital São Carlos é credenciado pela 
operadora ré, o seu serviço de oncologia, ainda que realizado em parceria com outra instituição, também 
deve ser disponibilizado aos usuários do plano de saúde. 
 
A tese de João foi aceita pelo STJ? 
SIM. 
 
No caso em que, nas informações divulgadas por plano de saúde aos seus usuários, determinado 
hospital particular figure como instituição credenciada sem ressalvas, se o usuário optar pela realização 
de tratamento contratado e disponibilizado pelo aludido hospital, a operadora do plano será obrigada a 
custeá-lo, ainda que o serviço seja prestado em parceria com instituição não credenciada, cuja unidade 
de atendimento funcione nas dependências do hospital, sendo irrelevante o fato de haver, na mesma 
localidade, outras instituições credenciadas para o mesmo tipo de tratamento de saúde. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.613.644-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 20/9/2016 (Info 590). 
 
Os planos de saúde são regidos pela Lei nº 9.656/98. Esta lei determina que as operadoras de planos de 
saúde deverão ajustar com as entidades conveniadas, contratadas, referenciadas ou credenciadas, 
mediante instrumentos formais, as condições de prestação de serviços de assistência à saúde. 
 
Em outras palavras, quando a operadora de saúde contratar umhospital, laboratório ou profissional para 
que estes prestem serviços para os usuários do plano, deverá ser celebrado um contrato escrito, no qual 
as obrigações de cada uma das partes fiquem bem definidas. Isso está previsto nos arts. 16, VI, 17-A, § 2º, 
e 18, I, da Lei nº 9.656/98. 
 
Desse modo, quando a operadora do plano de saúde divulga para os seus usuários a lista dos prestadores 
credenciados (ex: hospitais), ela deverá também descrever, de forma bem clara, os serviços que cada um 
está apto a executar, pessoalmente ou por meio de terceiros, segundo o contrato de credenciamento que 
foi assinado. 
 
Assim, por exemplo, quando um hospital credenciado não prestar determinados serviços para os usuários 
do plano, este deverá informar ao consumidor qual é a restrição existente e quais as especialidades 
oferecidas pela entidade que não estão cobertas, sob pena de o usuário considerar, com razão, que todas 
estão incluídas no credenciamento. 
 
No caso concreto, na página do plano de saúde na internet constava o Hospital São Carlos como uma das 
instituições credenciadas pela Unimed. Não havia, na informação divulgada aos usuários, nenhuma 
ressalva quanto aos serviços oferecidos pela entidade, ou seja, não havia indicação de nenhuma restrição. 
 
 
Informativo 590-STJ (16/09 a 03/10/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 11 
Somente ao tentar realizar a quimioterapia foi que o consumidor descobriu que os serviços de oncologia 
do hospital são prestados, em sistema de parceria, com o Instituto de Oncologia Santa Marta, outra 
instituição, mas que funciona dentro do hospital. 
 
O fato de o plano de saúde ter credenciado o hospital, sem restrições, faz com que seus serviços abranjam, 
para fins de cobertura, todas as especialidades médicas oferecidas pela instituição, ainda que prestadas 
sob o sistema de parceria com instituição não credenciada. 
 
Divergências de índole administrativa entre a operadora e o prestador (hospital) sobre quais serviços 
estariam efetivamente cobertos no contrato de credenciamento não podem servir de pretexto para 
prejudicar o consumidor de boa-fé, que confiou na rede conveniada e nas informações divulgadas pelo 
plano de saúde. 
 
As partes, nas relações contratuais, devem manter posturas de cooperação, transparência e lealdade 
recíprocas, de modo a respeitar as legítimas expectativas geradas no outro, sobretudo em contratos de 
longa duração, em que a confiança é elemento essencial e fonte de responsabilização civil. 
 
 
 
PLANO DE SAÚDE 
Prazo prescricional da pretensão condenatória decorrente de nulidade 
de cláusula de reajuste de plano ou seguro de assistência à saúde 
 
Em caso de pretensão de nulidade de cláusula de reajuste prevista em contrato de plano ou 
seguro de assistência à saúde ainda vigente, com a consequente repetição do indébito, a ação 
ajuizada está fundada no enriquecimento sem causa e, por isso, o prazo prescricional é trienal, 
nos termos do art. 206, § 3º, IV, do Código Civil. 
Em outras palavras, se o usuário do plano de saúde (ou do seguro-saúde), ainda com o 
contrato em vigor, pretende declarar a nulidade da cláusula de reajuste e obter a devolução 
dos valores pagos a mais, o prazo prescricional para isso é de 3 anos. 
No Código Civil passado, não havia uma previsão como a do art. 206, § 3º, IV, do CC/2002. O art. 
177 do CC/1916 afirmava que, se para a situação concreta não houvesse prazo prescricional 
expressamente previsto na lei, deveria ser aplicado o prazo de 20 anos caso a ação versasse 
sobre direitos pessoais. Logo, se o fato ocorreu na vigência do CC/1916, o prazo prescricional 
aplicável é de 20 anos. 
Resumindo, foi fixada a seguinte tese: 
Na vigência dos contratos de plano ou de seguro de assistência à saúde, a pretensão 
condenatória decorrente da declaração de nulidade de cláusula de reajuste nele prevista 
prescreve em 20 anos (art. 177 do CC/1916) ou em 3 anos (art. 206, § 3º, IV, do CC/2002), 
observada a regra de transição do art. 2.028 do CC/2002. 
STJ. 2ª Seção. REsp 1.361.182-RS, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. para acórdão Min. Marco Aurélio 
Bellizze, julgado em 10/8/2016 (recurso repetitivo) (Info 590). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João mantinha um contrato de seguro-saúde. Quando completou 60 anos de idade, a mensalidade por ele 
paga aumentou significativamente. 
Inconformado, João procurou a companhia de seguro, que lhe explicou que existe uma cláusula no seu 
contrato que autoriza o aumento do valor da mensalidade quando o usuário completa 60 anos. 
O usuário procurou a Defensoria Pública, que ajuizou ação contra a seguradora pedindo que: 
 
Informativo 590-STJ (16/09 a 03/10/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 12 
1) essa cláusula seja declarada inválida, por violar o art. 15, § 3º do Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/2003) 
Art. 15 (...) § 3º É vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores 
diferenciados em razão da idade. 
 
2) a ré seja condenada a devolver os valores cobrados a mais decorrentes do aumento abusivo (repetição 
de indébito). 
 
Prazo prescricional 
Surgiu, no entanto, uma discussão quanto ao prazo prescricional dessa ação: 
1ª) a Defensoria Pública sustentou que a pretensão seria imprescritível porque se trata de ação 
declaratória de nulidade. Subsidiariamente, caso assim não se entendesse, requereu o reconhecimento de 
que o prazo é de 5 anos, nos termos do art. 27 do CDC: 
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do 
serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do 
dano e de sua autoria. 
 
2ª) A empresa de seguro saúde, por sua vez, argumentou que o prazo prescricional deveria ser de 1 ano, 
nos termos do art. 206, § 1º, II, “b”, do CC: 
Art. 206. Prescreve: 
§ 1º Em um ano: 
(...) 
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo: 
(...) 
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão; 
 
Qual das duas correntes foi acolhida pelo STJ? 
Nenhuma das duas. 
 
1ª) Não se pode falar que a ação é meramente declaratória, considerando que o autor, partindo da 
premissa de que a cláusula é abusiva, deseja, na verdade, o ressarcimento pelos pagamentos 
supostamente indevidos que realizou. 
Desse modo, se a ação não se restringe à declaração de nulidade da cláusula contratual, havendo pedido 
de obtenção de efeitos patrimoniais decorrente desta declaração, não temos no caso concreto uma ação 
puramente declaratória, mas sim condenatória, estando sujeita, portanto, ao prazo prescricional. 
Não se pode utilizar o art. 27 do CDC, por sua vez, porque, pela simples leitura do dispositivo, percebe-se 
que ele se aplica apenas para as ações de reparação de danos causados por fato do produto ou do serviço 
(acidente de consumo / defeito de segurança), não incidindo, portanto, nos casos em que se discute 
abusividade de cláusula contratual. 
 
2ª) Não se pode aplicar o art. 206, § 1º, II, “b”, do CC ao presente caso. Isso porque o seguro-saúde, apesar 
de ter esse nome, é considerado, por força de lei, como “plano privado de assistência à saúde” (art. 2º da 
Lei 10.185/2001). 
Segundo a doutrina e a jurisprudência, os planos privados de assistência à saúde executam uma obrigação 
de fazer consistente na prestação de serviços voltados a garantir a preservação da saúde do 
usuário/segurado. Desse modo, o serviço que prestam não pode ser considerado como “contrato de 
seguro”, já que tais empresas não se limitam ao pagamento de indenização securitária. 
Vale ressaltar, ainda, que o prazo de 1 ano do art. 206, § 1º, II, “b”, do CC aplica-se para os casos em que a 
parte requer judicialmente o pagamento da indenização securitária contratada. No caso, a parte quera 
nulidade de cláusula do contrato e o ressarcimento dos valores pagos. 
 
 
Informativo 590-STJ (16/09 a 03/10/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 13 
Qual foi, então, o prazo prescricional firmado pelo STJ para este tipo de pretensão? 
3 anos, com base no art. 206, § 3º, IV, do Código Civil: 
Art. 206. Prescreve: 
(...) 
§ 3º Em três anos: 
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa; 
 
Em caso de pretensão de nulidade de cláusula de reajuste prevista em contrato de plano ou seguro de 
assistência à saúde ainda vigente, com a consequente repetição do indébito, a ação ajuizada está 
fundada no enriquecimento sem causa e, por isso, o prazo prescricional é trienal, nos termos do art. 206, 
§ 3º, IV, do Código Civil. 
Em outras palavras, se o usuário do plano de saúde (ou do seguro-saúde), ainda com o contrato em 
vigor, pretende declarar a nulidade da cláusula de reajuste e obter a devolução dos valores pagos a 
mais, o prazo prescricional para isso é de 3 anos. 
STJ. 2ª Seção. REsp 1.361.182-RS, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. para acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze, 
julgado em 10/8/2016 (Info 590). 
 
Por que se fala aí em “enriquecimento sem causa”? 
O argumento utilizado pelo autor para obter a restituição dos valores pagos a maior é o de que a cláusula 
contratual de reajuste é inválida. Ao reconhecer que esta cláusula é ilegal ou abusiva, a consequência 
lógica é a “perda da causa que legitimava o pagamento efetuado”. Em outras palavras, se a cláusula é 
abusiva, a causa que justificava o recebimento das quantias pelo plano de saúde deixa de existir. Logo, o 
plano de saúde enriqueceu sem causa, devendo, portanto, fazer a repetição do indébito, ou seja, a 
restituição dos valores cobrados, nos termos dos arts. 182, 876 e 884 do CC: 
Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se achavam, e, 
não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente. 
(...) 
Art. 876. Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a restituir; obrigação que 
incumbe àquele que recebe dívida condicional antes de cumprida a condição. 
(...) 
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o 
indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários. 
Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado a restituí-
la, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido. 
 
No Código Civil de 1916 havia previsão de prazo prescricional para as pretensões de enriquecimento sem causa? 
NÃO. No Código Civil passado, não havia uma previsão como a do art. 206, § 3º, IV, do CC/2002. 
O CC/1916 afirmava que, se para a situação concreta não houvesse prazo prescricional expressamente 
previsto na lei, deveria ser aplicado o prazo de 20 anos caso a ação versasse sobre direitos pessoais. Isso 
estava no art. 177 do CC/1916: 
Art. 177. As ações pessoais prescrevem, ordinariamente, em 20 (vinte) anos, as reais em 10 (dez), entre 
presentes, e entre ausentes, em 15 (quinze), contados da data em que poderiam ter sido propostas. 
 
Logo, se o fato ocorreu na vigência do CC/1916, o prazo prescricional aplicável é de 20 anos, nos termos 
do art. 177 em razão de não haver prazo expresso no Código revogado regulando a matéria. 
 
Resumindo. Qual é o prazo prescricional para o usuário de plano de saúde questionar a nulidade da 
cláusula que impôs o reajuste das parcelas e cobrar os valores pagos indevidamente a maior? 
 Se o fato ocorreu sob a vigência do CC/1916: 20 anos. 
 Se o fato ocorreu sob a vigência do CC/2002: 3 anos. 
 
Informativo 590-STJ (16/09 a 03/10/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 14 
 
E se o fato começou na época do CC/1916 e continuou durante o CC/2002, neste caso, qual dos dois 
prazos será aplicado? 
Neste caso, deverá ser observada a regra de transição do art. 2.028 do CC/2002: 
Art. 2.028. Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua 
entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada. 
 
Resumindo: 
Na vigência dos contratos de plano ou de seguro de assistência à saúde, a pretensão condenatória 
decorrente da declaração de nulidade de cláusula de reajuste nele prevista prescreve em 20 anos (art. 
177 do CC/1916) ou em 3 anos (art. 206, § 3º, IV, do CC/2002), observada a regra de transição do art. 
2.028 do CC/2002. 
STJ. 2ª Seção. REsp 1.361.182-RS, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. para acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze, 
julgado em 10/8/2016 (Info 590). 
 
E quanto ao mérito? É abusiva a cláusula que determina o aumento de preço da mensalidade do plano 
de saúde pelo fato de o usuário ter passado para uma nova faixa de idade? 
Em regra, NÃO. 
 
A previsão de reajuste de mensalidade de plano de saúde em decorrência da mudança de faixa etária de 
segurado idoso não configura, por si só, cláusula abusiva, devendo sua compatibilidade com a boa-fé 
objetiva e a equidade ser aferida em cada caso concreto. 
STJ. 2ª Seção. REsp 1280211/SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 23/04/2014. 
 
Em regra, é válida a cláusula prevista em contrato de seguro-saúde que autoriza o aumento das 
mensalidades do seguro quando o usuário completar 60 anos de idade. 
Exceções. Essa cláusula será abusiva quando: 
a) não respeitar os limites e requisitos estabelecidos na Lei nº 9.656/98; ou 
b) aplicar índices de reajuste desarrazoados ou aleatórios, que onerem em demasia o segurado. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.381.606-DF, Rel. originária Min. Nancy Andrighi, Rel. para acórdão Min. João Otávio 
de Noronha, julgado em 7/10/2014 (Info 551). 
 
 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
 
RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
Súmula 581-STJ 
 
Súmula 581-STJ: A recuperação judicial do devedor principal não impede o prosseguimento 
das ações e execuções ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou coobrigados em 
geral, por garantia cambial, real ou fidejussória. 
STJ. 2ª Seção. Aprovada em 14/09/2016, DJe 19/09/2016 (Info 590). 
 
RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
A recuperação judicial surgiu para substituir a antiga “concordata” e tem por objetivo viabilizar a 
superação da situação de crise do devedor, a fim de permitir que a atividade empresária se mantenha e, 
com isso, sejam preservados os empregos dos trabalhadores e os interesses dos credores. 
A recuperação judicial consiste, portanto, em um processo judicial, no qual será construído e executado 
um plano com o objetivo de recuperar a empresa que está em vias de efetivamente ir à falência. 
 
Informativo 590-STJ (16/09 a 03/10/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 15 
 
FASES DA RECUPERAÇÃO 
De forma resumida, a recuperação judicial possui três fases: 
a) postulação: inicia-se com o pedido de recuperação e vai até o despacho de processamento; 
b) processamento: vai do despacho de processamento até a decisão concessiva; 
c) execução: da decisão concessiva até o encerramento da recuperação judicial. 
 
JUÍZO FALIMENTAR 
A Lei nº 11.101/2005, em seu art. 3º, prevê que é competente para deferir a recuperação judicial o juízo 
do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil. 
A falência e a recuperação judicial são sempre processadas e julgadas na Justiça estadual. 
 
PLANO DE RECUPERAÇÃO 
Em até 60 dias após o despacho de processamento da recuperação judicial, o devedor deverá apresentar 
em juízo um plano de recuperação da empresa, sob pena de convolação (conversão) do processo de 
recuperação em falência. 
 
Este plano deverá conter: 
 discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a serem empregados (art. 50); 
 demonstração de sua viabilidade econômica; e 
 laudoeconômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos do devedor, subscrito por profissional 
legalmente habilitado ou empresa especializada. 
 
Os credores analisam o plano apresentado, que pode ser aprovado ou não pela assembleia geral de 
credores. 
 
Credores são avisados sobre o plano, podendo apresentar objeções 
Após o devedor apresentar o plano de recuperação, o juiz ordenará a publicação de edital contendo aviso 
aos credores sobre o recebimento do plano e fixando prazo para a manifestação de eventuais objeções. 
Desse modo, os credores serão chamados a analisar esse plano e, se não concordarem com algo, poderão 
apresentar objeção. 
O prazo para os credores apresentarem objeções é de 30 dias. 
 
Se não houver objeção dos credores 
Caso nenhum credor apresente objeção ao plano no prazo fixado, considera-se que houve aprovação 
tácita. 
Nessa hipótese, não será necessária a convocação de assembleia-geral de credores para deliberar sobre o 
plano. 
 
Se houver objeção por parte dos credores 
Havendo objeção de algum credor, o juiz deverá convocar a assembleia-geral de credores para que ela 
decida sobre o plano de recuperação apresentado. 
A assembleia-geral, após as discussões e esclarecimentos pertinentes, poderá: 
a) aprovar o plano sem ressalvas; 
b) aprovar o plano com alterações; 
c) não aprovar o plano. 
 
Se o plano não for aprovado: o juiz decreta a falência (salvo na hipótese do art. 58, § 1º). 
 
 
 
Informativo 590-STJ (16/09 a 03/10/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 16 
Se o plano for aprovado: o juiz homologa a aprovação e concede a recuperação judicial, iniciando-se a 
fase de execução. Atenção: no regime atual, o plano de recuperação é aprovado pelos credores e apenas 
homologado pelo juiz. 
 
APROVADO O PLANO, OCORRE A NOVAÇÃO DOS CRÉDITOS ANTERIORES AO PEDIDO 
 
A homologação do plano de recuperação judicial autoriza a retirada do nome da empresa recuperanda e 
dos seus respectivos sócios dos cadastros de inadimplentes, bem como a baixa de eventuais protestos 
existentes em nome destes? 
SIM. A atual Lei de Falências e Recuperação Judicial estabelece que o plano de recuperação judicial 
acarreta a novação dos créditos anteriores ao pedido: 
Art. 59. O plano de recuperação judicial implica novação dos créditos anteriores ao pedido, e obriga o 
devedor e todos os credores a ele sujeitos, sem prejuízo das garantias, observado o disposto no § 1º do 
art. 50 desta Lei. 
 
Qual é a consequência jurídica de haver a novação dos créditos? 
A novação ocorre, dentre outras hipóteses, quando o devedor contrai com o credor nova dívida para 
extinguir e substituir a anterior (art. 360, I, do CC). 
Desse modo, o que o art. 59 está afirmando é que, quando o plano de recuperação judicial é homologado, 
as dívidas que o devedor (recuperando) possuía com os credores são extintas e substituídas por outras 
novas obrigações. 
Como a novação induz a extinção da relação jurídica anterior, substituída por uma nova, não será mais 
possível falar em inadimplência do devedor com base na dívida extinta (Min. Nancy Andrighi). 
Diante disso, não se justifica a manutenção do nome da recuperanda ou de seus sócios em cadastros de 
inadimplentes em virtude da dívida novada. 
Assim, “a novação extingue a dívida anterior; estando o autor adimplente quanto ao novo débito, é ilícita a 
inscrição em órgãos de proteção ao crédito fundamentada em inadimplemento de parcela vencida 
anteriormente à novação” (AgRg no Ag 948.785/RS, 3ª Turma, Rel. Min. Ari Pargendler, DJe de 05.08.2008). 
Essa regra do art. 59 tem como norte a preocupação de recuperar a empresa em dificuldade financeira, 
atendendo ao chamado “princípio da preservação da empresa”. 
 
A novação decorrente da recuperação judicial implica a extinção de garantias que haviam sido 
prestadas aos credores? 
NÃO. A novação prevista no Código Civil extingue sim os acessórios e as garantias da dívida, sempre que 
não houver estipulação em contrário (art. 364). 
No entanto, na novação prevista no art. 59 da Lei nº 11.101/2005 ocorre justamente o contrário, ou 
seja, as garantias são mantidas, sobretudo as garantias reais, as quais só serão suprimidas ou 
substituídas “mediante aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia”, por ocasião da 
alienação do bem gravado (art. 50, § 1º). 
 
 Novação do CC: em regra, extingue as garantias prestadas. 
 Novação da recuperação judicial: em regra, não extingue as garantias prestadas. 
 
Portanto, muito embora o plano de recuperação judicial opere novação das dívidas a ele submetidas, as 
garantias reais ou fidejussórias, de regra, são preservadas, circunstância que possibilita ao credor 
exercer seus direitos contra terceiros garantidores e impõe a manutenção das ações e execuções 
aforadas em face de fiadores, avalistas ou coobrigados em geral. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.326.888-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 8/4/2014 (Info 540). 
 
 
 
 
Informativo 590-STJ (16/09 a 03/10/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 17 
Exemplo: 
A sociedade GW Ltda. emitiu uma nota promissória em favor da empresa X. Gabriel (sócio da GW) figurou 
como avalista na nota promissória, ou seja, ele ofereceu uma garantia pessoal de pagamento da dívida. 
Ocorre que a sociedade GW Ltda. requereu recuperação judicial e o plano foi aprovado. A empresa X 
ajuizou, então, execução de título extrajudicial cobrando de Gabriel o valor da nota promissória vencida. 
Gabriel defendeu-se alegando que, como foi aprovado o plano de recuperação judicial, houve novação e a 
execução deveria ser extinta. 
O STJ não concordou com a tese. Para a Corte, a homologação do plano de recuperação judicial da 
devedora principal não implica a extinção de execução de título extrajudicial ajuizada em face de sócio 
coobrigado. 
Conforme já explicado, muito embora o plano de recuperação judicial opere novação das dívidas 
anteriores, as garantias (reais ou fidejussórias), como regra, são preservadas. Logo, o aval (garantia) 
prestado por Gabriel não foi extinto com a aprovação do plano. 
Diante disso, o credor poderá exercer seus direitos contra Gabriel (terceiro garantidor), devendo, 
portanto, ser mantida a execução proposta contra ele. 
 
Qual é o fundamento legal para essa conclusão? 
O § 1º do art. 49 da Lei n. 11.101/2005: 
§ 1º Os credores do devedor em recuperação judicial conservam seus direitos e privilégios contra os 
coobrigados, fiadores e obrigados de regresso. 
 
O STJ reafirmou esse entendimento em recurso especial repetitivo, fixando a seguinte tese: 
A recuperação judicial do devedor principal não impede o prosseguimento das execuções nem induz 
suspensão ou extinção de ações ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou coobrigados em 
geral, por garantia cambial, real ou fidejussória, pois não se lhes aplicam a suspensão prevista nos arts. 
6º, caput, e 52, inciso III, ou a novação a que se refere o art. 59, caput, por força do que dispõe o art. 49, 
§ 1º, todos da Lei n. 11.101/2005. 
(STJ. 2ª Seção. REsp 1333349/SP, Rel. Min.Luis Felipe Salomão, julgado em 26/11/2014) 
 
Na I Jornada de Direito Comercial do CJF⁄STJ já havia sido aprovado enunciado espelhando a posição: 
Enunciado 43: A suspensão das ações e execuções previstas no art. 6º da Lei n. 11.101⁄2005 não se 
estende aos coobrigados do devedor. 
 
Agora o tema foi sumulado. 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
JUSTIÇA GRATUITA 
Possibilidade de concessão de assistência judiciária gratuita 
ao contratante de serviços advocatícios ad exitum 
 
É possível o deferimento de assistência judiciária gratuita a jurisdicionado que tenha firmado 
com seu advogado contrato de honorários com cláusula ad exitum. 
Obs: cláusula ad exitum (ou quota litis) é aquela na qual fica previsto que o advogado somente irá 
receber de seu cliente os honoráriosadvocatícios contratuais ao final da causa, se esta for exitosa. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.504.432-RJ, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 13/9/2016 (Info 590). 
 
 
Informativo 590-STJ (16/09 a 03/10/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 18 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João propôs ação contra Pedro. 
Na petição inicial, o autor requereu os benefícios da justiça gratuita, ou seja, pediu para não pagar as 
custas judiciais e as despesas processuais, conforme previsto no art. 98 do CPC/2015: 
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as 
custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma 
da lei. 
 
O juiz proferiu o seguinte despacho: 
"Segundo o art. 98 do CPC/2015, os benefícios da justiça gratuita somente poderão ser deferidos para o 
jurisdicionado que não tenha condições de pagar as custas, as despesas processuais e os honorários 
advocatícios. Constato que o autor está sendo assistido juridicamente por advogado particular. Logo, 
presume-se que ele está pagando os honorários deste profissional ou que ele está trabalhando pro bono. 
Diante do exposto, como condição para o deferimento do benefício, intime-se o autor para que apresente 
declaração do advogado de que não está cobrando honorários advocatícios do requerente, havendo 
patrocínio gratuito incondicional." 
 
O autor respondeu ao despacho afirmando que celebrou com o advogado contrato ad exitum, ou seja, ele 
não pagou nada ainda e o profissional só receberá caso a ação seja julgada procedente, hipótese na qual o 
requerente entregará um percentual de 30% sobre o que vier a receber do réu. 
 
O que acontecerá neste caso? O autor terá direito ao benefício da justiça gratuita? 
SIM. 
 
É possível o deferimento de assistência judiciária gratuita a jurisdicionado que tenha firmado com seu 
advogado contrato de honorários com cláusula ad exitum. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.504.432-RJ, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 13/9/2016 (Info 590). 
 
O STJ possui entendimento consolidado no sentido de que a parte que celebrou com seu advogado 
contrato de honorários com cláusula ad exitum possui direito de receber os benefícios da justiça gratuita. 
Nesse sentido: STJ. 3ª Turma. REsp 1.404.556/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 10/6/2014. 
 
Essa solução é consentânea com o propósito da Lei, pois garante ao cidadão de poucos recursos o direito 
de escolher o advogado que, aceitando o risco de não auferir remuneração no caso de indeferimento do 
pedido, melhor represente seus interesses em juízo. 
 
Além disso, esta exigência feita pelo magistrado de que o advogado deverá apresentar declaração de 
patrocínio gratuito incondicional não encontra previsão na lei, tendo sido, portanto, criado um novo 
requisito em afronta ao princípio da legalidade (art. 5º, II, da CF/88). 
 
 
 
RECURSOS 
Possibilidade de aplicação da teoria da causa madura em julgamento de agravo de instrumento 
 
Admite-se a aplicação da teoria da causa madura (art. 515, § 3º, do CPC/1973 / art. 1.013, § 3º 
do CPC/2015) em julgamento de agravo de instrumento. 
Ex: o MP ingressou com ação de improbidade contra João, Paulo e Pedro pedindo a 
indisponibilidade dos bens dos requeridos. O juiz deferiu a medida em relação a todos eles, no 
entanto, na decisão não houve fundamentação quanto à autoria de Pedro. Diante disso, ele 
 
Informativo 590-STJ (16/09 a 03/10/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 19 
interpôs agravo de instrumento. O Tribunal, analisando o agravo, entendeu que a decisão 
realmente é nula quanto a Pedro por ausência de fundamentação. No entanto, em vez de 
mandar o juiz exarar nova decisão, o Tribunal decidiu desde lodo o mérito do pedido e deferiu 
a medida cautelar de indisponibilidade dos bens de Pedro, apontando os argumentos pelos 
quais este requerido também praticou, em tese, ato de improbidade. 
STJ. Corte Especial. REsp 1.215.368-ES, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 1/6/2016 (Info 590). 
 
Julgamento do mérito diretamente pelo Tribunal ("teoria da causa madura") 
O CPC/1973, em seu art. 515, § 3º, permitia que o TJ ou o TRF, ao decidir a apelação interposta contra 
sentença terminativa, julgasse ele próprio (o Tribunal) o mérito da ação caso entendesse que o juiz não 
deveria ter extinguido o processo sem resolução do mérito. 
Ex: João ajuíza ação contra Pedro e o magistrado profere sentença extinguindo o processo sem resolução 
do mérito por entender que o autor seria parte ilegítima. João interpõe apelação ao TJ. O Tribunal analisa 
o recurso e entende que ele é sim parte legítima, ou seja, não havia razão jurídica para o magistrado ter 
extinguido o processo sem examinar o mérito. Em vez de mandar o processo de volta à 1ª instância, o 
próprio TJ poderá julgar o mérito da demanda. Para isso, no entanto, a causa tem que estar em condições 
de imediato julgamento (ex: se a sentença indeferiu a petição inicial, não há condições de o Tribunal julgar 
o mérito; ao contrário, se a sentença foi proferida após a fase instrutória, em tese, já haveria essa 
possibilidade). 
O CPC/2015 repetiu essa regra do Código revogado e foi além, trazendo mais três hipóteses em que o 
Tribunal, ao dar provimento à apelação, poderá julgar diretamente o mérito, sem ter que devolver a 
questão ao juiz. 
 
Nomenclatura 
Esse julgamento do mérito diretamente pelo Tribunal ficou conhecido na prática como "teoria da causa 
madura", ou seja, estando a causa "em condições de imediato julgamento" (leia-se: madura), o Tribunal já 
deverá decidir desde logo o mérito. 
 
Comparativo 
Com uma melhor redação, o CPC/2015 repetiu a regra do § 3º do art. 515 do Código passado. Além disso, 
acrescentou três novas hipóteses (incisos II, III e IV). Algumas delas já eram admitidas pela jurisprudência, 
mas agora constam expressamente na legislação. Compare: 
 
CPC/1973 CPC/2015 
Art. 515 (...) 
§ 3º Nos casos de extinção do 
processo sem julgamento do 
mérito (art. 267), o tribunal pode 
julgar desde logo a lide, se a causa 
versar questão exclusivamente de 
direito e estiver em condições de 
imediato julgamento. 
 
Art. 1.013. (...) 
§ 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, 
o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando: 
I - reformar sentença fundada no art. 485; 
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente 
com os limites do pedido ou da causa de pedir; 
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese 
em que poderá julgá-lo; 
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação. 
 
Em provas de concurso, fiquem atentos para a redação dos incisos II a IV do § do art. 1.013 porque eles 
serão exaustivamente cobrados. 
 
Feitas estas considerações, imagine agora a seguinte situação hipotética: 
O Ministério Público ingressou com ação de improbidade contra João, Paulo e Pedro pedindo a 
indisponibilidade dos bens dos requeridos. 
 
Informativo 590-STJ (16/09 a 03/10/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 20 
O juiz, por meio de decisão interlocutória, deferiu a indisponibilidade em relação a todos eles, no entanto, 
na decisão não houve qualquer fundamentação quanto ao réu Pedro. 
Diante disso, ele interpôs agravo de instrumento contra a decisão. 
O Tribunal, analisando o agravo, decidiu que a decisão realmente é nula quanto a Pedro por ausência de 
fundamentação. No entanto, em vez de mandar o juiz exarar nova decisão, o Tribunal decidiu desde lodo o 
mérito do pedido e deferiu a medida cautelar de indisponibilidade dos bens de Pedro, apontando os 
argumentos pelos quais este requerido também praticou, em tese, ato de improbidade. 
Pedro interpôs recurso especial contra a decisão do Tribunal argumentando que o CPC, ao tratar sobre a 
teoria da causamadura, é expresso ao falar em "sentença". Além disso, o parágrafo que trata sobre esse 
assunto está inserido dentro do artigo que cuida da apelação. Assim, não seria possível a aplicação da 
teoria da causa madura para agravos de instrumento. 
 
Agiu corretamente o Tribunal neste caso? É possível que o Tribunal, ao julgar agravo de instrumento, 
aplique a teoria da causa madura e aprecie desde logo o mérito? 
SIM. 
 
Admite-se a aplicação da teoria da causa madura (art. 515, § 3º, do CPC/1973 / art. 1.013, § 3º do 
CPC/2015) em julgamento de agravo de instrumento. 
STJ. Corte Especial. REsp 1.215.368-ES, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 1/6/2016 (Info 590). 
 
O entendimento adotado pelo STJ é amplamente aceito pela doutrina: 
"(...) Está aí, portanto, a questão da dimensão do disposto pelo novo parágrafo do art. 515 - se ele abrange 
apenas o recurso de apelação, ou também outros. Figure-se a hipótese da decisão interlocutória com que 
o juiz determina a realização de uma prova e a parte manifesta agravo de instrumento com o pedido de 
que essa prova não seja realizada: se o tribunal aceitar os fundamentos do recurso interposto, para que a 
prova não se realize, e entender também que nenhuma outra existe a ser realizada, é de rigor que passe 
desde logo ao julgamento do meritum causae, porque assim é o espírito da Reforma - acelerar a oferta da 
tutela jurisdicional, renegando mitos seculares, sempre que isso não importe prejuízo à efetividade das 
garantias constitucionais do processo nem prejuízo ilegítimo às partes (...)" (DINAMARCO, Cândido Rangel. 
A reforma da reforma. 6ª ed., São Paulo: Malheiros, 2003, p. 162-163). 
 
"Inclinamo-nos pela admissibilidade de aplicação do art. 515, §3º também ao agravo de instrumento. (...)" 
(WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Os agravos no CPC brasileiro. 4ª ed., São Paulo: RT, 2006, p. 350). 
 
"Cumpre esclarecer que o §3º do art. 515 não se restringe ao âmbito do recurso de apelação, sendo 
comum a todos os meios de impugnação, tendo em vista que, salvo exceções, a modificação legislativa 
não é restritiva, mas sim extensiva a todo o sistema recursal." (ROGRIGUES, Marcelo Abelha. Manual de 
Direito Processual Civil. 5ª ed., São Paulo, RT, p. 644). 
 
Já sob a égide do novo CPC, Daniel Assumpção Neves também defende o mesmo entendimento: 
"Conforme se nota da expressa previsão do art. 1.013, § 3.º, I, do Novo CPC, a norma diz respeito à 
apelação, sabidamente uma das espécies recursais. Ocorre, entretanto, que parcela considerável da 
doutrina entende ser a regra pertencente à teoria geral dos recursos. Dessa forma, defende-se a aplicação 
da regra em todo e qualquer recurso, em especial no agravo de instrumento (...)" (NEVES, Daniel Amorim 
Assumpção. Novo CPC comentado. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 1.680). 
 
 
 
 
 
 
 
Informativo 590-STJ (16/09 a 03/10/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 21 
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA 
É possível a utilização de deduções e presunções na apuração de lucros cessantes 
 
É possível ao julgador, na fase de liquidação de sentença por arbitramento, acolher as 
conclusões periciais fundadas em presunções e deduções para a quantificação do prejuízo 
sofrido pelo credor a título de lucros cessantes. 
A utilização de presunções não pode ser afastada de plano, uma vez que esta espécie de prova 
é utilizada pelo direito processual nacional como forma de facilitação de provas difíceis, desde 
que razoáveis. 
Na apreciação de lucros cessantes, o julgador não pode se afastar de forma absoluta de 
presunções e deduções, porquanto deverá perquirir acerca dos benefícios legítimos que não 
foram realizados por culpa da parte ex adversa. Exigir prova absoluta do lucro que não 
ocorreu, seria impor ao lesado o ônus de prova impossível (prova diabólica). 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.549.467-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 13/9/2016 (Info 590). 
 
O que é sentença líquida? 
Segundo posição majoritária, para o CPC, sentença líquida é aquela que define o quantum debeatur, ou 
seja, é aquela que fixa exatamente o valor da obrigação devida. 
 
Sentença deve ser líquida 
Em regra, o juiz deverá prolatar a sentença líquida (art. 491). O CPC prevê, no entanto, duas situações 
excepcionais em que será autorizado que o magistrado profira sentença ilíquida. Confira: 
REGRA (art. 491, caput): na ação de obrigação de pagar quantia, ainda que a parte tenha formulado pedido 
genérico, a decisão deverá definir desde logo a extensão da obrigação ("quanto se deve"), o índice de 
correção monetária, a taxa de juros, o termo inicial de ambos e a periodicidade da capitalização dos juros. 
 
EXCEÇÕES. Em duas situações será permitido que o magistrado deixe de fixar os parâmetros acima: 
a) quando não for possível determinar, de modo definitivo, na sentença, o montante devido; 
b) quando a apuração do valor devido depender da produção de prova de realização demorada ou 
excessivamente dispendiosa, assim reconhecida na sentença. 
 
Ocorrendo um desses dois casos, o valor devido deverá ser apurado por meio de liquidação de sentença. 
 
O que é a liquidação da sentença? 
A liquidação da sentença pode ser conceituada como a etapa do processo que ocorre após a fase de 
conhecimento e que se destina a descobrir o valor da obrigação (quantum debeatur) quando não foi 
possível fixar essa quantia diretamente na sentença. 
 
Objetivo da liquidação 
Descobrir o quantum debeatur e, assim, permitir o cumprimento da sentença (execução). 
 
Natureza 
A liquidação da sentença não gera um processo autônomo. Trata-se apenas de uma nova fase do 
processo. Sua natureza é, portanto, de fase procedimental. 
A liquidação tem natureza cognitiva, ou seja, trata-se de uma fase de conhecimento, não sendo 
considerada como uma fase executiva (execução). 
 
Espécies 
O art. 509 do CPC/2015 prevê apenas duas espécies de liquidação: 
 
Informativo 590-STJ (16/09 a 03/10/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 22 
POR ARBITRAMENTO PELO PROCEDIMENTO COMUM 
(antiga liquidação por artigos) 
Ocorre quando for necessária a realização de uma 
PERÍCIA para se descobrir o quantum debeatur. 
 
A liquidação por arbitramento deverá ser feita 
quando: 
a) o magistrado assim determinar na sentença; 
b) as partes convencionarem que será feito dessa 
forma; 
c) a natureza do objeto da liquidação exigir que 
seja feita dessa forma. 
 
Requerida a liquidação por arbitramento, o juiz 
nomeará o perito e fixará o prazo para que ele 
entregue o seu laudo. 
Ocorre quando for necessário alegar e provar um 
FATO NOVO para se descobrir o quantum debeatur. 
 
É utilizada quando forem necessários outros meios 
de prova para se determinar o valor da 
condenação, além da perícia. Deve-se esclarecer 
que, na liquidação por artigos, também pode ser 
realizada perícia se esta for necessária para provar 
um fato novo. O critério que a diferencia da 
liquidação por arbitramento é que na liquidação 
por artigos será necessário provar um fato novo. 
 
Obs.: fato novo é aquele que não tenha sido 
analisado e decidido durante o processo. Não 
significa necessariamente que tenha surgido após a 
sentença. Novo = ainda não apreciado no processo. 
Prevista no art. 510: 
Art. 510. Na liquidação por arbitramento, o juiz 
intimará as partes para a apresentação de 
pareceres ou documentos elucidativos, no prazo 
que fixar, e, caso não possa decidir de plano, 
nomeará perito, observando-se, no que couber, o 
procedimento da prova pericial. 
Prevista no art. 511: 
Art. 511. Na liquidação pelo procedimento comum, o 
juiz determinará a intimação do requerido, na 
pessoa de seu advogado ou da sociedade de 
advogados a que estiver vinculado, para, querendo, 
apresentar contestação no prazo de 15 (quinze) dias, 
observando-se, a seguir, no que couber, o disposto 
no Livro I da Parte Especial deste Código.Ex.: João estava construindo um prédio, tendo 
essa construção causado danos na estrutura do 
imóvel vizinho. O juiz condena João a indenizar o 
autor da ação. Na fase de liquidação, um 
engenheiro irá fazer um laudo dos prejuízos 
causados. 
Ex.: Pedro foi vítima de infecção hospitalar. O juiz 
condena o hospital a pagar todas as despesas que 
ele já teve por conta da moléstia, bem como as 
que ainda terá após a sentença. Na fase de 
liquidação da sentença, Pedro irá alegar e provar 
os gastos que teve após a sentença. 
 
Algumas vezes a sentença traz todos os parâmetros para se encontrar o quantum debeatur, mas o valor 
exato da condenação dependerá de alguns cálculos aritméticos (ex: o juiz condena o réu a pagar 500 
mil, acrescidos de multa de 2%, mais juros legais e correção monetária). Neste caso, será necessária 
realizar liquidação? 
NÃO. Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, o credor poderá promover, 
desde logo, o cumprimento da sentença (§ 2º do art. 509 do CPC). 
Nestes casos, o próprio credor (com o auxílio do seu advogado e de programas existentes na internet) 
elabora os cálculos e, após eles estarem prontos, apresenta-os em juízo, instaurando-se logo em seguida o 
cumprimento de sentença. 
Obs: na época do CPC/1973 isso era chamado de liquidação por mero cálculo aritmético (liquidação por 
cálculos do credor). O CPC/2015 deixou claro que esses cálculos aritméticos não são uma terceira espécie 
de liquidação e que só existem atualmente duas espécies: liquidação por arbitramento e pelo 
procedimento comum. 
 
Feita a revisão acima, imagine agora a seguinte situação hipotética: 
A indústria "AA" ingressou com ação de indenização contra a empresa "ZZ" por ela ter fornecido moldes 
errados, o que fez com que houvesse um paralisação na sua linha de produção. 
A demanda foi julgada procedente, tendo a ré sido condenada a pagar: 
 
Informativo 590-STJ (16/09 a 03/10/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 23 
a) danos emergentes, no valor de R$ 200 mil; 
b) lucros cessantes, a serem calculados em liquidação por arbitramento. 
 
Vale ressaltar que quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, o credor poderá 
promover simultaneamente: 
1) a execução da parte líquida e 
2) a liquidação da outra parte (em autos apartados). 
 
Foi o que fez a indústria "AA". Iniciou-se, então, a liquidação por arbitramento. 
O perito nomeado pelo juízo calculou que o prejuízo da autora, a título de lucros cessantes, foi de R$ 300 mil. 
O juiz acatou as conclusões da perícia. 
A empresa devedora, contudo, não concordou com a decisão do juiz e recorreu alegando que a perícia 
chegou a esse valor baseada em presunções e deduções do quanto seria produzido e vendido e que essa 
metodologia não poderia ser aplicada na liquidação. 
 
A tese da empresa devedora foi aceita pelo STJ? 
NÃO. Os argumentos da empresa devedora não foram acolhidos pelo STJ e a decisão do juiz que acolheu a 
perícia foi mantida. 
 
É possível ao julgador, na fase de liquidação de sentença por arbitramento, acolher as conclusões 
periciais fundadas em presunções e deduções para a quantificação do prejuízo sofrido pelo credor a 
título de lucros cessantes. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.549.467-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 13/9/2016 (Info 590). 
 
As presunções não são apenas admitidas pelo direito processual, como em algumas situações são 
fundamentais para a decisão do juiz. 
Quando se fala em lucros cessantes estamos tratando sobre o ganho que a parte prejudicada deixou de 
obter e que ela conseguiria naturalmente com o exercício do seu trabalho normal. 
Na apuração dos lucros cessantes a utilização de deduções e presunções é, na maioria dos casos, 
imprescindível. Isso porque não se pode exigir do credor que aponte uma conta exata do quanto deixou de 
lucrar em decorrência do ato ilícito praticado pelo devedor, sob pena de se exigir do credor a prova de 
fatos que não aconteceram. Essa exigência é considerada como prova diabólica e impossível. O resultado 
disso seria praticamente negar a reparação integral do dano considerando que o credor não teria 
condições de provar algo que não ocorreu (um lucro que não aconteceu por culpa do devedor). 
 
 
 
DIREITO PENAL 
 
ARREPENDIMENTO POSTERIOR 
Não se aplica o arrependimento posterior em homicídio culposo na direção de veículo 
 
Não se aplica o instituto do arrependimento posterior (art. 16 do CP) para o homicídio culposo 
na direção de veículo automotor (art. 302 do CTB) mesmo que tenha sido realizada 
composição civil entre o autor do crime a família da vítima. 
Para que seja possível aplicar a causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do CP é 
indispensável que o crime praticado seja patrimonial ou possua efeitos patrimoniais. 
O arrependimento posterior exige a reparação do dano e isso é impossível no caso do homicídio. 
STJ. 6ª Turma. REsp 1.561.276-BA, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/6/2016 (Info 590). 
 
Informativo 590-STJ (16/09 a 03/10/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 24 
Arrependimento posterior 
O arrependimento posterior é previsto no art. 16 do Código Penal, nos seguintes termos: 
Art. 16. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a 
coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de 
1/3 a 2/3. 
 
Trata-se de um benefício ou prêmio para estimular o agente a restituir a coisa ou reparar os danos 
causados com sua conduta. 
 
Requisitos: 
1) O crime deve ter sido praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa. 
Se o agente praticou violência contra a coisa: pode receber o benefício. 
Se o agente praticou, culposamente, violência contra a pessoa: pode receber o benefício. 
O art. 16 vale para todos os crimes com que ele seja compatível, sem distinção, inclusive contra a 
Administração Pública. Assim, é errado pensar que o arrependimento posterior aplica-se apenas para os 
crimes contra o patrimônio. 
 
2) O agente, voluntariamente, deve ter reparado o dano ou restituído a coisa. 
A reparação do dano ou restituição deve ser total ou pode ser parcial? 
A doutrina afirma que o benefício somente deveria ser concedido em caso de reparação integral. 
Vale ressaltar, no entanto, que a 1ª Turma do STF decidiu que a incidência do arrependimento posterior, 
contido no art. 16 do CP, prescinde da reparação total do dano. Em outras palavras, entendeu-se que a 
reparação poderia ser parcial (HC 98658/PR, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 9/11/2010). 
 
3) Essa reparação ou restituição deve ter acontecido antes do recebimento da denúncia ou queixa. 
Se for feita após o recebimento, o agente terá direito apenas à atenuante genérica prevista no art. 65, III, 
“b” do CP: 
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: 
III - ter o agente: 
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe 
as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano; 
 
Redução 
A redução da pena, no caso de arrependimento posterior, varia de 1/3 a 2/3. 
 
Qual é o parâmetro para a redução? 
A 1ª Turma do STF já decidiu que o juiz, ao definir o quanto da pena será reduzido, deverá levar em 
consideração a extensão do ressarcimento (se total ou parcial) e também o momento de sua ocorrência. 
Assim, se a reparação for total e no mesmo dia dos fatos, a redução deve ser a máxima de 2/3 (HC 
98658/PR, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 9/11/2010). 
 
Comunicabilidade no concurso de pessoas 
O benefício do arrependimento posterior comunica-se aos coautores e partícipes que não tenham 
participado da restituição da coisa ou da reparação do dano. 
Assim, uma vez reparado o dano integralmente por um dos autores do delito, a causa

Outros materiais