Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Ca´lculo IV Lucas Kenji Ychisawa 2015 Cap´ıtulo 1 Introduc¸a˜o O ca´lculo IV ministrado na UFRJ trata do estudo das se´ries in- finitas e soluc¸a˜o de equac¸o˜es diferenciais, que sa˜o de grande im- portaˆncia para diversos cursos, na˜o apenas para engenharia. Logo, e´ de grande importaˆncia que o aluno passe nessa mate´ria compre- endendo os conceitos apresentados. Essa apostila, assim como os outros materiais desse curso, foi feita para facilitar a compreensa˜o e o aprendizado dessa mate´ria por meio de exemplos detalhados e exerc´ıcios recomendados. Ale´m de apresentar uma linguagem mais clara para os alunos. Nessa obra, abordaremos os conceitos de sequeˆncias e se´ries in- finitas, estudo de se´ries de poteˆncia, novos me´todos de resoluc¸a˜o de equac¸o˜es diferenciais ordina´rias, se´rie de Fourier e, por u´ltimo, resoluc¸a˜o de equac¸o˜es diferenciais parciais. gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 1 Conteu´do 1 Introduc¸a˜o 1 2 Sequeˆncias e se´ries 5 2.1 Sequeˆncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 2.2 Se´ries . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 2.3 Sequeˆncias mono´tonas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 2.3.1 Teorema da Sequeˆncia mono´tona . . . . . . . . . . . . 6 2.4 Testes de convergeˆncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 2.4.1 Teste da divergeˆncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 2.4.2 Teste da integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 2.4.3 Absolutamente convergente e Condicionalmente con- vergente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 2.4.4 Teste de Cauchy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 2.4.5 Teste da Raza˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 2.4.6 Teste de Leibniz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 2.4.7 Teste da comparac¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 2.4.8 Teste da comparac¸a˜o no limite . . . . . . . . . . . . . . 18 2.5 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 3 Se´ries de poteˆncia 23 3.1 Definic¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 3.2 Convergeˆncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 3.3 Se´rie de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 3.3.1 Coeficientes da se´rie de Taylor . . . . . . . . . . . . . . 27 3.3.2 Resto de Lagrange . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 3.3.3 Se´rie de Maclaurin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 3.4 Exercicios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 2 4 Equc¸a˜o Diferencial Ordina´ria 32 4.1 Resoluc¸a˜o de EDO por meio de se´ries de taylor em pontos ordina´rios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 4.2 Ponto Singular Regular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 4.2.1 Equac¸a˜o de Euler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 4.2.2 Me´todo de Frobenius . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 4.3 Transformada de Laplace . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 4.3.1 Definic¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 4.3.2 Func¸a˜o de Heaviside . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 4.3.3 Delta de Dirac . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 4.4 Soluc¸a˜o de EDO por meio da Transformada de Laplace . . . . 56 4.4.1 Convoluc¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 4.5 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 5 Se´rie de Fourier 62 5.1 Definic¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 5.2 Ca´lculo dos coeficientes da Se´rie de Fourrier . . . . . . . . . . 63 5.3 Teorema de convergeˆncia de Fourier . . . . . . . . . . . . . . . 65 5.4 Extensa˜o Perio´dica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 5.5 Func¸o˜es par e ı´mpar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 5.6 Extensa˜o Par e I´mpar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 5.7 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 6 Equac¸a˜o Diferencial Parcial 71 6.1 Me´todo de separac¸a˜o de varia´veis . . . . . . . . . . . . . . . . 71 6.2 Equac¸a˜o do calor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 6.2.1 Definic¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 6.2.2 Equac¸a˜o do calor com condic¸o˜es homogeˆneas . . . . . . 72 6.2.3 Equac¸a˜o do calor com condic¸o˜es na˜o homogeˆneas . . . 76 6.3 Equac¸a˜o da onda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 6.3.1 Definic¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 6.4 Equac¸a˜o de Laplace . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 6.4.1 Definic¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 6.4.2 Problema de Dirichlet no Retaˆngulo . . . . . . . . . . . 83 6.4.3 Problema de Dirichlet no C´ırculo . . . . . . . . . . . . 88 6.5 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 7 Gabarito 96 gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 3 8 Apeˆndice A 100 9 Apeˆndice B 105 10 Apeˆndice C 107 11 Apeˆndice D 109 12 Refereˆncias 112 gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 4 Cap´ıtulo 2 Sequeˆncias e se´ries 2.1 Sequeˆncias Uma sequeˆncia e´ uma lista de nu´meros com ordem definida. Exemplo: Os termos de uma progressa˜o geome´trica com a1 = 1 e raza˜o 1 2 formam a sequeˆncia: {1, 0.5, 0.25, 0.125, ...} 2.2 Se´ries Uma se´rie e´ a soma dos termos de uma sequeˆncia de infinitos termos. Exemplo: Usando a mesma progressa˜o geome´trica usada no exemplo anterior, a se´rie relacionada a ela e´: ∞∑ n=1 1× (0.5)n 2.3 Sequeˆncias mono´tonas Sequeˆncias mono´tonas sa˜o aquelas que sa˜o sempre crescente ou decres- cente. Essa definic¸a˜o e´ importante pois ela e´ usada em alguns testes de gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 5 convergeˆncia como veremos a seguir. Exemplo 1: Um exemplo de sequeˆncia decrescente e´ a progressa˜o harmoˆnica: 1 n Nela podemos ver que conforme a posic¸a˜o n de um termo aumenta, seu valor diminui, fazendo com que a sequeˆncia seja sempre decrescente, logo ela e´ mono´tona. Exemplo 2: Um exemplo de sequeˆncia crescente e´ a progressa˜o aritme´tica com a1 = 1 e raza˜o 3. Nessa P.A. e´ obvio que os termos ira˜o sempre crescer conforme sua posic¸a˜o na sequeˆncia sobe. Portanto, ela e´ crescente e mono´tona. 2.3.1 Teorema da Sequeˆncia mono´tona Se uma sequeˆncia for mono´tona e for limitada superior e inferiormente, ou seja c ≤ an e an ≤ d, onde c e d sa˜o constantes, enta˜o essa sequeˆncia e´ convergente. 2.4 Testes de convergeˆncia As se´ries podem convergir ou divergir. Quando uma se´rie converge isso quer dizer que o somato´rio dos infinitos termos tende para um valor finito e se ela diverge, na˜o existe tal valor. No caso de convergeˆncia, na˜o estamos muito interessados no pro´prio valor e sim na convergeˆncia em si, pois em muitos casos o ca´lculo deste e´ muito complexo e foge do interesse do curso. Existe uma se´rie especifica que nos foi ensinada e que no´s podemos descobrir facilmente o valor de sua soma, o somato´rio dos termos de uma progressa˜o geome´trica. No ensino me´dio, vimos que para calcular essa soma, no´s pode- mos usar a fo´rmula: S = a1(1−q n) 1−q , onde a1 e´ o primeiro termo da sequeˆncia, q e´ a raza˜o da progressa˜o geome´trica e n e´ o nu´mero de termos. Logo, para o caso em que temos infinitos termos, como vamos trabalhar em ca´lculo IV, gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 6 a u´nica forma de termos uma soma de valor finito e´ tendo q < 1, e essa condic¸a˜o ja´ e´ suficientepara garantir que essa se´rie seja convergente. Contudo, a maioria das se´ries na˜o sa˜o ta˜o simples de dizer se sa˜o convergen- tes ou na˜o. Para isso, no´s temos os testes de convergeˆncia. Eles apresentam condic¸o˜es que dizem se uma se´rie e´ convergente ou na˜o. Na apresentac¸a˜o desses testes, sempre sa˜o consideradas se´ries da forma ∞∑ n=0 an com excec¸a˜o da se´rie alternada. A prova desses testes sera´ feita no apeˆndice A 2.4.1 Teste da divergeˆncia Esse teste diz que para que uma se´rie seja convergente, ela deve apresentar lim n→∞ an = 0 Cuidado: O rec´ıproco na˜o necessariamente e´ verdadeiro, ou seja, apenas porque ela apresenta esse limite, na˜o podemos dizer que a se´rie seja conver- gente. Contudo, se esse limite na˜o for verdadeiro para a func¸a˜o em questa˜o, podemos dizer que ela e´ divergente. Exemplo 1: ∞∑ n=0 lnn Ao tomarmos lim n→∞ lnn podemos ver claramente que ele tende a infinto. Com isso, ja´ podemos dizer que a se´rie e´ divergente. Exemplo 2: ∞∑ n=1 1 n2 gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 7 Se tormamos lim n→∞ 1 n2 , vemos que esse limite e´ igual a 0. Portanto essa se´rie pode ser convergente e, de fato, e´. Exemplo 3: ∞∑ n=1 1 n Aqui, se tomarmos lim n→∞ 1 n veremos que ela tende a 0. Contudo, como veremos a seguir, essa se´rie e´ divergente. 2.4.2 Teste da integral O Teste da integral so´ pode ser aplicado quando a sequeˆncia relacionada a` se´rie for positiva, decrescente(mono´tona) e cont´ınua. Para verificarmos a continuidade, no´s supomos que an = f(n) e checamos a continuidade da func¸a˜o. Assim, se tivermos uma se´rie que tenha essas caracter´ısticas, podemos apli- car o seguinte teste: Ainda considerando an = f(n), se ∞∫ 1 f(n)dn for convergente, a se´rie tambe´m e´ convergente. Se a integral for divergente, a se´rie tambe´m e´. Exemplo 1: Nesse exemplo, vamos provar que a se´rie ∞∑ n=1 1 n e´ divergente. 1 n e´ positiva e decrescente para n > 1 e, portanto, podemos aplicar o teste da integral. Ao calcularmos a integral:∫ ∞ 1 1 n dn no´s obtemos o resultado : lnn ∣∣∣∣∣ ∞ 1 , que e´ igual a ∞. Logo, pelo teste da gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 8 integral, podemos dizer que a se´rie ∞∑ n=1 1 n e´ divergente. Exemplo 2: Agora iremos provar que a se´rie ∞∑ n=1 1 np com p > 1 e´ convergente. Essa se´rie, na˜o importando o valor de p, e´ sempre positiva e decrescente e, portanto, podemos aplicar o teste da Integral. Fazendo a integral: ∫ ∞ 1 1 np dn temos como resultado: n−p+1 −p+ 1 | ∞ 1 = 1 p− 1 e como p > 1, temos que o resultado dessa integral e´ um nu´mero finito, logo a se´rie e´ convergente. 2.4.3 Absolutamente convergente e Condicionalmente convergente Nos dois pro´ximos testes, Teste de Cauchy e Teste da Raza˜o, sera˜o apre- sentados os conceitos de absolutamente convergente e condicionalmente con- vergente. Se uma se´rie for absolutamente convergente, ela e´ convergente. Para uma se´rie ser absolutamente convergente, ∑ an e ∑ |an| existem e sa˜o finitos. Se ∑ an existir e for finito, mas ∑ |an| na˜o, enta˜o a se´rie e´ condicionalmente convergente. gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 9 Exemplo 1: ∞∑ n=1 1 n2 Como se trata de uma p-se´rie, no´s ja´ sabemos que ela converge, logo ∞∑ n=1 1 n2 existe e e´ finito. Ale´m disso, como | 1 n2 | = 1 n2 , podemos dizer que ∞∑ n=1 | 1 n2 | tambe´m existe e e´ finito, logo essa se´rie e´ absolutamente convergente. Exemplo 2: ∞∑ n=1 (−1)n+1 n A se´rie ∞∑ n=1 (−1)n+1 n como veremos no teste das se´ries alternadas e´ conver- gente, portanto esse somato´rio da´ um valor definido e finito. Contudo, | ∞∑ n=1 (−1)n+1 n | = ∑ 1 n , que ja´ sabemos ser divergente, logo essa se´rie e´ con- dicionalmente convergente. 2.4.4 Teste de Cauchy O teste de Cauchy, tambe´m conhecido como teste da ra´ız, e´ feito a partir da ana´lise do seguinte limite: lim n→∞ n √ |an| • Se lim n→∞ n √ |an| < 1, enta˜o a se´rie e´ absolutamente convergente; • Se lim n→∞ n √ |an| > 1, enta˜o a se´rie e´ divergente; • Se lim n→∞ n √ |an| = 1, enta˜o o teste e´ inconclusivo e na˜o podemos falar nada sobre a convergeˆncia da se´rie com esse teste. gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 10 Exemplo 1: Vamos determinar se a se´rie abaixo e´ convergente ou divergente: ∞∑ n=1 e2n nn Vamos aplicar o teste de Cauchy, logo vamos calcular o limite lim n→∞ n √√√√∣∣∣∣∣e2nnn ∣∣∣∣∣ lim n→∞ e2 n = 0 < 1 Portanto, pelo teste da ra´ız, podemos dizer que a se´rie e´ absolutamente convergente e, consequentemente, convergente. Exemplo 2: Vamos usar o Teste de Cauchy para determinar a convergeˆncia da se´rie ∞∑ n=1 nn 31+2n Novamente tomaremos o limite usado nesse teste: lim n→∞ n √√√√∣∣∣∣∣ nn31+2n ∣∣∣∣∣ lim n→∞ n n n 3 1+2n n lim n→∞ n 3 1 n +2 lim n→∞ n 32 lim n→∞ n 9 =∞ Logo, pelo teste da ra´ız, essa se´rie diverge. gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 11 Exemplo 3: Vamos tentar usar o Teste de Cauchy para determinar a convergeˆncia da seguinte se´rie: ∞∑ n=1 ( 1 + 1 n )n Ao tomarmos o limite: lim n→∞ n √√√√∣∣∣∣∣ ( 1 + 1 n )n∣∣∣∣∣ lim n→∞ ( 1 + 1 n ) = 1 Portanto, na˜o podemos dizer nada em relac¸a˜o a convergeˆncia dessa se´rie por meio desse teste. Contudo, se no´s aplicarmos o teste da divergeˆncia, podemos ver que essa se´rie diverge, como podemos ver com o limite: lim n→∞ an lim n→∞ ( 1 + 1 n )n Esse limite e´ o limite fundamental alge´brico, e seu resultado e´ dado por: lim n→∞ ( 1 + 1 n )n = e Logo, como o limite na˜o tendeu a 0, podemos dizer que a se´rie e´ diver- gente. Isso mostra que mesmo se o teste de Cauchy for inconclusivo, no´s ainda podemos usar outros testes para determinar a convergeˆncia de se´ries. gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 12 2.4.5 Teste da Raza˜o O teste da raza˜o, assim como o teste de Cauchy, e´ feito por meio da ana´lise de um limite. Neste caso, o limite e´ lim n→∞ | an+1 an | • Se lim n→∞ | an+1 an | < 1, enta˜o a se´rie e´ absolutamente convergente; • Se lim n→∞ | an+1 an | > 1, enta˜o a se´rie e´ divergente; • Se lim n→∞ | an+1 an | = 1, enta˜o o teste e´ inconclusivo e na˜o podemos falar da convergeˆncia da se´rie com esse teste. OBS: Se o teste da raza˜o for inconclusivo, o teste da ra´ız tambe´m sera´, assim como se o da ra´ız for inconclusivo, o da raza˜o tambe´m falhara´. Exemplo 1: Vamos analisar a convergeˆncia da se´rie: ∞∑ n=1 n+ 1 n! Essa se´rie inclui um n! em seu an, algo que no´s na˜o aprendemos a trabalhar com os testes passados e e´ um ind´ıcio que teremos que usar o teste da raza˜o. Vamos enta˜o aplicar o teste calculando lim n→∞ | an+1 an | limn→∞| (n+1)+1 (n+1)! n+1 n! | limn→∞| n+ 2 (n+ 1)! n! n+ 1 | limn→∞| n+ 2 (n+ 1)n! n! n+ 1 | limn→∞| n+ 2 (n+ 1)2 | = 0 < 1 Portanto, essa se´rie e´ absolutamente convergente e, consequentemente, con- vergente. gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 13 Exemplo 2: Vamos determinar a convergeˆncia da se´rie abaixo: ∞∑ n=1 nn n! O fatorial indica que o teste da raza˜o pode nos levar a resposta, enta˜o e´ o teste que iremos usar. lim n→∞ | an+1 an | lim n→∞ ∣∣∣∣∣(n+ 1)n+1(n+ 1)! n!nn∣∣∣∣∣ Como estamos trabalhando apenas com termos positivos nesse limite, no´s podemos retirar o mo´dulo. lim n→∞ (n+ 1)n(n+ 1) (n+ 1)n! n! nn lim n→∞ (n+ 1)n nn lim n→∞ ( (n+ 1) n )n lim n→∞ ( 1 + 1 n )n = e > 1 Portanto, pelo teste da raza˜o, podemos dizer que essa se´rie diverge. Exemplo 3: Vamos analisar agora um caso em que o teste da raza˜o na˜o e´ inconclusivo. Vamos tentar determinar a convergeˆncia da se´rie abaixo com esse teste. ∞∑ n=1 (−1)n √ n n+ 1 lim n→∞ | an+1 an | gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 14 lim n→∞ | (−1)n+1 (−1)n √ (n+ 1) (n+ 1 + 1) n+ 1√ n | lim n→∞ √ n+ 1 n+ 2 n+ 1√ n lim n→∞ n+ 1 n+ 2 √ n+ 1 n 1 √ 1 = 1 Logo, o teste da raza˜o foi inconclusivo para essa se´rie. Contudo, com o teste a seguir, o teste de Leibniz, e´ poss´ıvel ver que essa se´rie e´ conver- gente. 2.4.6 Teste de Leibniz Se´ries alternadas sa˜o as que possuem um termo que faz com que seu valor alterne entre positivo e negativo. Esse termo e´ chamado de alternador e normalmente e´ apresentado da forma (−1)n ou (−1)n+1. O teste de Leibniz, tambe´m conhecido como teste da se´rie alternada diz: Se uma se´rie tiver a forma ∞∑ n=1 (−1)nan ou ∞∑ n=1 (−1)n−1an e tiver as seguintes caracter´ısticas: • an+1 < an(monotona e decrescente) • limn→∞ an = 0 Podemos dizer que essa se´rie e´ convergente. gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 15 Exemplo: Nesse exemplo, no´s veremos como a presenc¸a de um al- ternador na se´rie pode alterar sua convergeˆncia. No´s iremos analisar a se´rie: ∞∑ n=1 (−1)n n Podemos ver que ela e´ muito semelhante a` se´rie harmoˆnica, que ja pro- vamos ser divergente. No´s podemos ver que seu an e´ decrescente e lim n→∞ an = limn→∞ 1 n = 0 Com essas caracter´ısticas, no´s ja´ podemos garantir que essa se´rie e´ con- vergente, diferente da se´rie harmoˆnica. Portanto, com esse teste foi mostrado que um alternador faz uma grande diferenc¸a quando estamos tratando da convergeˆncia das se´ries infinitas. 2.4.7 Teste da comparac¸a˜o Nesse teste e no teste da comparac¸a˜o no limite, no´s iremos trabalhar com a se´rie que queremos descobrir a convergeˆncia e uma se´rie, ∑ bn, que ja´ sabemos sobre a convergeˆncia. Para podermos aplicar esse teste, ambas as se´rie so´ podem ter termos positivos. • Se an ≤ bn e ∑ bn for convergente, enta˜o ∑ an e´ convergente. • Se an ≥ bn e ∑ bn for divergente, enta˜o ∑ an e´ divergente. Nesse teste, deve-se prestar muita atenc¸a˜o nessa desigualdade, pois na˜o se pode dizer nada ale´m desses dois casos. Exemplo 1: Vamos analisar a convergeˆncia da se´rie: ∞∑ n=1 n3 + 14 n4 gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 16 O teste mais interessante para usar para ver a convergeˆncia dessa se´rie e´ o teste da comparac¸a˜o pois e´ fa´cil ver com qual se´rie ela sera´ comparada. Podemos ver claramente que ∞∑ n=1 n3 + 14 n4 > ∞∑ n=1 n3 n4 Ale´m disso, podemos simplificar a frac¸a˜o e ver que n3 n4 = 1 n e portanto, ∞∑ n=1 n3 + 14 n4 > ∞∑ n=1 1 n Como a se´rie harmoˆnica e´ divergente, podemos dizer pelo teste da comparac¸a˜o que ∑ n3+14 n4 e´ divergente. Exemplo 2: A se´rie a ser analisada e´ ∞∑ n=1 n n4 + 5 Para descobrir a convergeˆncia dessa se´rie, podemos aplicar o teste da comparac¸a˜o e usaremos como refereˆncia a se´rie ∞∑ n=1 n n4 = ∞∑ n=1 1 n3 Essa se´rie e´ uma p-se´rie com p=3, logo ela e´ convergente. Ale´m disso, como esta se´rie possui um denominador menor que a se´rie em questa˜o, podemos dizer que ela e´ maior. Portanto, como estamos comparando com uma se´rie convergente e maior, podemos dizer que ∞∑ n=1 n n4+5 e´ convergente. gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 17 Exemplo 3: Um exemplo de comparac¸a˜o que na˜o podemos usar sera´ mostrado no exemplo a seguir. Considere a se´rie ∑ 5 n3 Parece que poder´ıamos comparar com a se´rie se´rie ∞∑ n=1 1 n3 . Pore´m, a se´rie em questa˜o e´, obviamente, maior do que a p-se´rie, que e´ convergente. Portanto, na˜o podemos dizer nada sobre a convergeˆncia dessa se´rie com o teste da comparac¸a˜o. OBS: Com o teste da Integral podemos ver facilmente que essa se´rie e´ convergente. 2.4.8 Teste da comparac¸a˜o no limite Para usarmos esse teste, novamente, ambas se´ries devem possuir apenas termos positivos. Esse teste diz que: • se lim n→∞ an bn = L e L for um nu´mero positivo e finito, enta˜o ambas as se´ries convergem ou divergem simultaneamente • Se lim n→∞ an bn = 0, enta˜o se bn converge, an converge. • Se lim n→∞ an bn =∞, enta˜o se bn diverge, an diverge. As se´ries mais usadas para os testes da comparac¸a˜o sa˜o as p-se´ries, que sa˜o dadas por ∞∑ n=1 1 np . Se p > 1, enta˜o ela e´ convergente, e se p ≤ 1, enta˜o ela e´ divergente, como foi mostrado no teste da integral. Exemplo 1: Vamos usar o teste de comparac¸a˜o no limite para determinar a con- vergeˆncia da se´rie ∞∑ n=1 lnn n2 gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 18 Para realizar o teste, no´s iremos usar como uma segunda se´rie ∞∑ n=1 1 n 3 2 Como no´s ja´ sabemos, ela e´ uma p-se´rie com p > 1, logo ela e´ convergente e no´s a usaremos como denominador no teste, restando para calcular o limite: lim n→∞ lnn n2 1 n1,5 lim n→∞ lnn n2 × n1,5 lim n→∞ lnn n0,5 Aplicando a Regra de L’Hoˆpital: lim n→∞ lnn n0,5 = lim n→∞ (lnn)′ (n0,5)′ lim n→∞ 1 n 0, 5n−0,5 = lim n→∞ 2n0,5 n lim n→∞ 2 n0,5 = 0 Com esse resultado e com a se´rie que usamos como denominador, pode- mos dizer que a se´rie ∞∑ n=1 lnn n2 e´ convergente. Exemplo 2: Nesse exemplo, vamos usar outra possibilidade do teste da comparac¸a˜o no limite para descobrir se a se´rie abaixo e´ convergente ou divergente. ∞∑ n=1 1 ln2 n Primeiro iremos escolher uma se´rie para usarmos no denominador e nesse caso sera´ a se´rie harmoˆnica, que no´s sabemos que e´ divergente. Enta˜o gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 19 no´s resolveremos o limite: lim n→∞ 1 ln2 n 1 n lim n→∞ n ln2 n Aplicando a regra de L’Hoˆpital para resolver esse limte: lim n→∞ n ln2 n = lim n→∞ (n)′ (ln2 n)′ lim n→∞ 1 2 lnn n lim n→∞ n 2 lnn Aplicando novamente a regra de L’Hoˆpital: lim n→∞ 1 2 n = lim n→∞ n 2 =∞ Como obtemos que o limite tende a∞ e comparamos com uma se´rie que diverge, isso quer dizer que a se´rie ∞∑ n=1 1 ln2 n tambe´m diverge. Exemplo 3: Vamos ver a u´ltima possibilidade do teste da comparac¸a˜o no limite. Va- mos analisar a convergeˆncia da se´rie abaixo. ∞∑ n=1 4 3n + 1 Para fazer esse teste, no´s vamos trabalhar com a se´rie ∞∑ n=1 4 3n Enta˜o vamos calcular o limite: lim n→∞ 4 3n + 1 3n 4 gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 20 lim n→∞ 3n 3n + 1 lim n→∞ 3n(1) 3n(1 + 1 3n ) lim n→∞ 1 1 + 1 3n = 1 Como o resultado desse limite foi um nu´mero finito e positivo, as duas se´ries devem convergir ou divergir juntas. Analisando a se´rie que foi usada no denominador, no´s vemos que ela se trata de um somato´rio de progressa˜o geome´trica, uma se´rie geome´trica.Ela pode ser escrita da forma ∞∑ n=1 4 3n = ∞∑ n=1 4( 1 3 )n ou seja, ela e´ um somato´rio de progressa˜o geome´trica comq < 1 e ,como vimos no in´ıcio do cap´ıtulo, isso indica que ela e´ convergente e, devido ao teste da comparac¸a˜o no limite, tambe´m podemos dizer que a se´rie no numerador e´ convergente. 2.5 Exerc´ıcios Para os exerc´ıcios de 1 ao 20 diga se a se´rie converge ou diverge: 1) ∞∑ n=1 cos2 n n2+1 2) ∞∑ n=1 (−1)n n+2 n(n+1) 3) ∞∑ n=1 en 1+e2n 4) ∞∑ n=1 (−1)n 3n n! 5) ∞∑ n=1 ( lnn n )n gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 21 6) ∞∑ n=1 n3 n4−1 7) ∞∑ n=1 (−1)n3n−1 2n+1 8) ∞∑ n=1 1√ n( √ n+1) 9) ∞∑ n=1 n2−1 3n4+1 10) ∞∑ n=1 1 n2+2 11) ∞∑ n=1 ( n+1 2n+1 )n 12) ∞∑ n=1 n! 2n 13) ∞∑ n=1 sin( 1 n ) 14) ∞∑ n=1 (1 3 ) 1 (n−1)! gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 22 Cap´ıtulo 3 Se´ries de poteˆncia 3.1 Definic¸a˜o Uma se´rie de poteˆncia e´ uma se´rie que depende de um fator x na forma ∞∑ n=0 an(x− xo)n 3.2 Convergeˆncia Quando trabalhamos com se´ries de poteˆncia, tratamos de apenas 3 pos- sibilidades: • A se´rie so´ converge quando x = x0 • A se´rie converge para todo x real • A se´rie converge se |x − x0| < R e diverge se |x − x0| > R, onde R e´ chamado de raio de convergeˆncia. Para determinar o caso que estamos tratando e o R, se necessa´rio, no´s po- demos usar os testes de convergeˆncia que aprendemos no cap´ıtulo passado, sendo o da ra´ız e o da raza˜o os mais u´teis. Assim que obtemos o raio de convergeˆncia, e´ poss´ıvel encontrar o intervalo de convergeˆncia, ou seja, o intervalo de valores de x para que a se´rie seja convergente. gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 23 Para determinar se os extremos do intervalo sa˜o convergentes devemos ana- lisar devemos analisa´-los isoladamente usando os testes de convergeˆncia. Dentro do intervalo de convergeˆncia, no´s podemos derivar e integrar cada termo da se´rie de individualmente como se fosse um polinomio e isso e´ cha- mado de derivac¸a˜o ou integrac¸a˜o termo a termo. Essa propriedade e´ impor- tante na resoluc¸a˜o de equac¸o˜es diferenciais ordina´rias. Exemplo 1: Vamos determinar o raio de convergeˆncia e o intervalo de convergeˆncia da se´rie ∞∑ n=1 xn n Vamos aplicar o teste da raza˜o: lim n→∞ ∣∣∣∣∣ x(n+1)(n+ 1) nxn ∣∣∣∣∣ lim n→∞ ∣∣∣∣∣x(xn)n+ 1 nxn ∣∣∣∣∣ lim n→∞ ∣∣∣∣∣ x(n)(n+ 1) ∣∣∣∣∣ Aplicando a regra de L’Hoˆpital: lim n→∞ ∣∣∣∣∣ x(n)n+ 1 ∣∣∣∣∣ = limn→∞ ∣∣∣∣∣ (nx)′(n+ 1)′ ∣∣∣∣∣ lim n→∞ ∣∣∣∣∣x1 ∣∣∣∣∣ = limn→∞ |x| Com isso podemos ver que para a se´rie convergir, |x| < 1, logo o raio de convergeˆncia dessa se´rie de poteˆncia e´ 1. Agora, no´s vamos determinar a convergeˆncia dos pontos extremos do intervalo de convergeˆncia, que sa˜o os pontos x=1 e x=-1. Para fazer isso, no´s vamos substituir esses valores na se´rie de poteˆncia e determinar se a se´rie e´ convergente ou na˜o. gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 24 • Para x=1 ∞∑ n=1 1n n ∞∑ n=1 1 n Essa e´ a se´rie harmoˆnica que no´s ja´ sabemos que e´ divergente. • Para x=-1 ∞∑ n=1 (−1)n n Essa e´ uma se´rie alternada que no´s vimos no exemplo do teste de Leibniz e determinamos que e´ convergente. Portanto, no´s temos que o intervalo de convergeˆncia dessa se´rie de poteˆncia e´ dado por [-1,1), pois o extremo x=1 na˜o e´ convergente. Exemplo 2: Vamos determinar o raio de convergeˆncia e o intervalo de convergeˆncia da se´rie ∞∑ n=1 (x+ 5)n 5n+1 Iremos aplicar o teste da ra´ız: lim n→∞ ∣∣∣∣∣ n √ (x+ 5)n 5n+1 ∣∣∣∣∣ lim n→∞ ∣∣∣∣∣(x+ 5) n n 5 n+1 n ∣∣∣∣∣ lim n→∞ ∣∣∣∣∣x+ 551+ 1n ∣∣∣∣∣ lim n→∞ ∣∣∣∣∣x+ 55 ∣∣∣∣∣ gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 25 Para que essa se´rie seja convergente, devemos ter que |x+ 5| 5 < 1 |(x+ 5)| < 5 Logo, o raio de convergeˆncia dessa se´rie e´ 5. Para determinarmos o intervalo de convergeˆncia dessa se´rie temos que nos atentar ao fato de que ela na˜o esta´ centrada em 0 como no u´ltimo exemplo, e sim em −5, fazendo com que o intervalo de convergeˆncia seja uma das seguintes opc¸o˜es: [-10, 0],[-10,0),(-10,0] ou (-10,0). Novamente, para determinarmos onde o intervalo e´ aberto ou fechado no´s iremos substituir diretamente na se´rie e testar a convergeˆncia. • Para x=-10 ∞∑ n=1 (−10 + 5)n 5n+1 ∞∑ n=1 (−5)n 5n+1 ∞∑ n=1 (−1)n5n 5n5 ∞∑ n=1 (−1)n 5 Usando o teste da divergeˆncia podemos ver que essa se´rie diverge. • Para x=0 ∞∑ n=1 (0 + 5)n 5n+1 ∞∑ n=1 5n 5n5 ∞∑ n=1 1 5 Novamente, pelo teste da divergeˆncia essa se´rie e´ divergente. Portanto, o intervalo de convergeˆncia dessa se´rie e´ (-10,0). gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 26 3.3 Se´rie de Taylor A se´rie de Taylor e´ um caso de se´rie de poteˆncia que tem a forma f(x) = ∞∑ n=0 f (n)(a) n! (x− a)n , onde a e´ uma constante. Ela e´ a representac¸a˜o de uma func¸a˜o anal´ıtica em torno de um ponto x=a. Uma func¸a˜o anal´ıtica e´ uma func¸a˜o que pode ser escrita na forma de se´rie de taylor. Nem todas as func¸o˜es podem ser representadas em forma de se´rie de Taylor. As condic¸o˜es que uma func¸a˜o deve satisfazer para isso poder ocorrer sa˜o: • A func¸a˜o deve ser infinitamente diferencia´vel • A func¸a˜o deve estar definida no ponto a 3.3.1 Coeficientes da se´rie de Taylor O coeficiente f (n)(a) n! pode ser demonstrado da seguinte forma: Representamos uma func¸a˜o em forma de se´rie de poteˆncia: f(x) = c0 + c1(x− a) + c2(x− a)2 + c3(x− a)3 + ..., com |x− a| < r, onde r e´ o raio de convergeˆncia. Enta˜o, tomamos que x=a, para fazermos com que os coeficientes cn na˜o dependam de x. f(a) = c0 Agora, no´s fazemos a derivac¸a˜o termo a termo pois estamos tomando um valor dentro do intervalo de convergeˆncia. f ′(x) = c1 + 2c2(x− a) + 3c3(x− a)2 + ... Novamente, no´s tomamos x=a, e temos f ′(a) = c1 Aplicando o processo mais uma vez, temos f ′′(a) = 2c2 E pela u´ltima vez f ′′′(a) = 6c3 = 3× 2c3 = 3!c3 Portanto, no´s temos que cn = f (n)(a) n! gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 27 Exemplo: Vamos encontrar a se´rie de Taylor equivalente a func¸a˜o f(x) = sin(x) em torno do ponto x = pi. Para fazermos isto, no´s vamos achar uma se´rie que satisfac¸a sin(x) = ∞∑ n=0 cn(x− pi)n Como estamos tratando de uma se´rie de Taylor, vamos calcular o coefi- ciente cn com a fo´rmula que vimos. cn = f (n)(a) n! Agora, no´s iremos efetuar a derivac¸a˜o algumas vezes para descobrirmos a relac¸a˜o entre seu valor e o n. f(pi) = sin(pi) = 0 f ′(x) = (sin(x))′ = cos(x) −→ cos(pi) = −1 f ′′(x) = (sin(x))′′ = − sin(x) −→ − sin(pi) = 0 f (3) = (sin(x))(3) = − cos(x) −→ − cos(pi) = 1 f (4) = (sin(x))(4) = sin(x) −→ sin(pi) = 0 f (5) = (sin(x))(5) = cos(x) −→ cos(pi) = −1 Com esses valores no´s podemos notar algumas caracter´ısticas desse coe- ficiente: • Quando n na˜o for ı´mpar, o valor do coeficiente e´ 0. • Seu valor alterna entre -1 e 1 entre os ı´mpares. No´s temos que expressar o cn de forma que essas caracter´ısticas estejam presentes. Para isso, o coeficiente da se´rie de Taylor sera´ definido por: cn = (−1)n+1 (2n+ 1)! gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 28 E a se´rie por: f(x) = ∞∑ n=0 (−1)n+1 (2n+ 1)! (x− pi)2n+1 O n! e a poteˆncia do termo (x− pi) se tornaram (2n+ 1) para expressar o fato que estamos considerando apenas os termos ı´mpares da se´rie, pois essa expressa˜o apresenta apenas valores ı´mpares quando n for um nu´mero natural. Ale´mdisso, o termo (−1)n+1 expressa a alternaˆncia de valor entre -1 e 1 dentro dos ı´mpares. A poteˆncia (n+ 1) foi escolhida pois ela e´ a que melhor define a alternac¸a˜o neste problema, ou seja, em outras situac¸o˜es ela pode ser expressada por uma poteˆncia diferente. 3.3.2 Resto de Lagrange Nem sempre uma representac¸a˜o em forma de se´rie de Taylor e´ igual a pro´pria func¸a˜o. O Resto de Lagrange e´ usado para representar a diferenc¸a entre as duas e com ele no´s temos um teorema para garantir a igualdade entre uma func¸a˜o um polinoˆmio de Taylor. Teorema: Se f(x) = Rn(x) + Tn(x), onde Tn e´ o polinoˆmio de Taylor da func¸a˜o f(x) em torno do ponto x0 e Rn e´ o resto de Lagrange, e lim n→∞Rn = 0 para |x− x0| < R, enta˜o f(x) e´ igual a se´rie de Taylor para esse intervalo. 3.3.3 Se´rie de Maclaurin A se´rie de Maclaurin e´ um caso especial da se´rie de Taylor, onde ela e´ centrada em 0, ou seja, ela e´ dada por: ∞∑ n=0 anx n Exemplo: Vamos encontrar a se´rie de Maclaurin da func¸a˜o ln(x+ 1) gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 29 Como ainda estamos com uma se´rie de Taylor, no´s vamos encontrar o coeficiente da se´rie da mesma forma. f(0) = ln(0 + 1) = ln(1) = 0 f ′(x) = (ln(x+ 1))′ = 1 x+ 1 −→ f ′(0) = 1 1 = 1 f ′′(x) = (ln(x+ 1))′′ = −1 (x+ 1)2 −→ f ′′(0) = −1 1 = −1 f (3) = (ln(x+ 1))(3) = 2 (x+ 1)3 −→ f (3)(0) = 2× 1 1 = 2× 1 f (4) = (ln(x+ 1)(4) = −6 (x+ 1)4 −→ f (4)(0) = −2× 3 1 = −1× 2× 3 f (5) = (ln(x+1)(5) = 24 (x+ 1)5 −→ f (5)(0) = 1× 2× 3× 4 1 = 1×2×3×4 Podemos ver que quando n = 0 o coeficiente sera´ nulo e seu termo tambe´m sera´, logo podemos comec¸ar a se´rie com n = 1. Podemos ver que, novamente, ha´ a alternaˆncia de sinal, enta˜o vamos usar (−1) elevado a uma poteˆncia que satisfac¸a a situac¸a˜o do problema. Nesse caso, quando n e´ ı´mpar o coeficiente e´ positivo e quando n e´ par ele e´ negativo, portanto uma poteˆncia que podemos usar e´ n+ 1. Por u´ltimo, podemos ver que os valores dos coeficientes esta˜o relacionados a um termo fatorial, devido a` multiplicac¸a˜o de termos consecutivos. Para encontrar qual e´ esse termo, no´s precisamos notar a relac¸a˜o entre ele e o n, e da forma que os termos foram decompostos durante a derivac¸a˜o torna mais fa´cil para descobrir essa relac¸a˜o. Podemos ver que o termo relacionado a poteˆncia n tera´ (n−1)! usado no ca´lculo de seu coeficiente. Juntando todas as informac¸o˜es acima temos que a se´rie de Maclaurin relacionada f(x) = ln(x+ 1) e´ ∞∑ n=1 (−1)n+1 (n− 1)! n! (x)n ∞∑ n=1 (−1)n+1 (n− 1)! n(n− 1)!x n ∞∑ n=1 (−1)n+1x n n gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 30 3.4 Exercicios 15. Determine o intervalo de convergeˆncia das se´ries abaixos. a) ∞∑ n=1 2nxn 1+2n b) ∞∑ n=1 (−1)n (2n+1)! (x− 1)n c) ∞∑ n=1 (3x−1)n 32n d) ∞∑ n=1 [2 + (−1)n]2n(x+ 1)n e) ∞∑ n=1 xn n(n+2)2n 16. Desenvolva as func¸o˜es abaixo em forma de se´rie de Taylor em torno dos pontos indicados. a)f(x) = x2ex, x0 = 0 b)f(x) = sin2(x), x0 = 0 c)f(x) = − 1 x , x0 = −1 d)f(x) = 1 2x−9 , x0 = 3 17. Desenvolva em forma de se´rie de poteˆncia a seguinte func¸a˜o: f(x) = 2 3+4x3 gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 31 Cap´ıtulo 4 Equc¸a˜o Diferencial Ordina´ria Durante a mate´ria de ca´lculo II no´s aprendemos formas de resolver algu- mas equac¸o˜es diferenciais de primeira e de segunda ordem. Contudo, esses me´todos na˜o podem ser aplicados a uma grande variedade de situac¸o˜es. Nesse cap´ıtulo, aprenderemos formas mais gerais de resoluc¸a˜o de EDOs, que sa˜o por meio de se´ries infinitas e transformadas de Laplace. 4.1 Resoluc¸a˜o de EDO por meio de se´ries de taylor em pontos ordina´rios Considerando uma Equac¸a˜o Diferencial Ordina´ria de forma: P (x)Y ′′ + Q(x)Y ′ + R(x)Y = f(x), se ambas as razo˜es Q(x) P (x) e R(x) P (x) sa˜o anal´ıticas, ou seja, admitem se´ries de poteˆncia com raio de convergeˆncia maior ou igual a 0 em um ponto x, enta˜o dizemos que esse ponto e´ um ponto ordina´rio e podemos usar este me´todo. Essa forma de resoluc¸a˜o consiste em representar os termos da equac¸a˜o em forma de series de poteˆncia. Com esse me´todo, e´ poss´ıvel resolver problemas de ordem superior a 1 com coeficientes na˜o constantes, algo que com os me´todos aprendidos em calculo II na˜o era poss´ıvel. Para determinar a soluc¸a˜o de uma EDO por esse me´todo devemos seguir os seguintes passos: gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 32 1. fazer com que seus termos sejam representados por se´ries de poteˆncia. Isso pode ser feito encontrando essa representac¸a˜o para o termo de ordem 0 e enta˜o aplicando a derivac¸a˜o termo a termo quantas vezes forem necessa´rias; 2. efetuar todas as multiplicac¸o˜es dos coeficientes da equac¸a˜o; 3. Igualar os expoentes e os contadores inferiores das se´ries, pois na˜o po- demos ”junta´-las”se elas na˜o estiverem com os mesmo contadores. 4. A partir da se´rie enta˜o, encontramos a relac¸a˜o de recorreˆncia, que re- laciona os termos a` um ”anterior”. 5. Se tivermos condic¸o˜es iniciais, no´s as usamos para encontrar o valor exato da resoluc¸a˜o. Exemplo: Vamos resolver a equac¸a˜o diferencial: y′′ + xy′ + y = 0 Como podemos ver, os me´todos que aprendemos em ca´lculo II na˜o podem ser aplicados, pois se trata de uma EDO de segunda ordem e na˜o tem todos os coeficientes constantes. Logo, vamos ter que usar as se´rices de poteˆncia. Para comeA˜ar vamos fazer que: y = ∞∑ n=0 anx n Enta˜o vamos aplicar a derivac¸a˜o termo a termo e vamos obter: y′ = ∞∑ n=1 nanx n−1 Como quando n = 0 todo esse termo sera´ 0 para y’, enta˜o o contador inferior comeA˜a em n=1 e na˜o n=0. y′′ = ∞∑ n=2 n(n− 1)anxn−2 Agora no´s substituimos a representac¸a˜o em se´rie de poteˆncia na equac¸a˜o. ∞∑ n=2 n(n− 1)anxn−2 + x ∞∑ n=1 nanx n−1 + ∞∑ n=0 anx n = 0 gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 33 Como o termo x fora do somato´rio na˜o depende de n, no´s podemos aplicar a distributiva e coloca´-lo dentro do somato´rio, fazendo com que a equac¸a˜o se torne: ∞∑ n=2 n(n− 1)anxn−2 + ∞∑ n=1 nanx n + ∞∑ n=0 anx n = 0 O pro´ximo passo e´ fazer com que todas as poteˆncias de x tenham o mesmo expoente. Para fazer isso no´s podemos fazer uma alterac¸a˜o nos contadores e em todos os termos no mesmo somato´rio. Nesse caso, como a maioria dos termos possui xn, no´s iremos alterar apenas o termo que possui xn−2. ∞∑ n=2 n(n− 1)anxn−2 = ∞∑ n=0 (n+ 2)(n+ 1)an+2x n CUIDADO: No momento de igualar os expoentes, devemos ter o cuidado de ver se algum contador ficara´ negativo. Se isso ocorrer, a mudanc¸a feita esta´ incorreta e outra deve ser escolhida. Agora, para podermos juntar as poteˆncias de x em um mesmo so- mato´rio, no´s devemos colocar todos com o mesmo contador. ∞∑ n=0 (n+ 2)(n+ 1)an+2x n = 2a2 + ∞∑ n=1 (n+ 2)(n+ 1)an+2x n ∞∑ n=0 anx n = a0 + ∞∑ n=1 anx n Com isso, no´s temos a expressa˜o final: a0 + 2a2 + ∞∑ n=1 [(n+ 2)(n+ 1)an+2 + nan + an]x n = 0 Com isso no´s temos: a0 + 2a2 = 0 −→ a2 = −a0 2 (n+ 2)(n+ 1)an+2 + (n+ 1)an = 0 −→ an+2 = −an n+ 2 gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 34 Essa u´ltima equac¸a˜o e´ chamada de f´formula de recorreˆncia e a partir dela no´s podemos encontrar os valores de qualquer termo se tivermos o valor de a0 e a1, pore´m ela na˜o nos da´ a resoluc¸a˜o da nossa equac¸a˜o original. Agora, no´s iremos usar essa relac¸a˜o para determinar como o n afeta o valor de y. Primeiro devemos notar que arecorreˆncia esta´ relacionando um termo com outro duas ”posic¸o˜es”a frente, ou seja, ela dara´ uma re- correˆncia entre os termos pares e ı´mpares e isso fara´ com que no´s te- nhamos duas soluc¸o˜es, o que era esperado pois estamos tratando de uma equac¸a˜o de segunda ordem. Vamos comeA˜ar a estudar a recorreˆncia a partir do termo a0 e vamos analisar apenas os termos pares, enta˜o apenas depois iremos estudar os termos ı´mpares. a2 = −a0 2 a4 = −a2 4 −→ a4 = a0 2× 4 a6 = −a4 6 −→ a6 = −a0 2× 4× 6 Com isso, no´s podemos ver que os termos pares se comportam da seguinte maneira: a2n = (−1)na0 2× 4× 6× ...× (2n) = (−1)na0 n!2n Logo temos que y1 = ∞∑ n=0 (−1)na0 n!2n x2n Agora faremos a mesma coisa para os termos ı´mpares: a1 = a1 a3 = −a1 3 a5 = −a3 5 −→ a5 = a1 3× 5 a7 = −a5 7 −→ a7 = −a1 3× 5× 7 gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 35 Podemos dizer, enta˜o, que para os ı´mpares os termos sa˜o dados por: a2n+1 = (−1)na1 (2n+ 1)!! O s´ımolo ”!!”indica um multifatorial, que nesse caso, indica o produto em que os termos diminuem de dois em dois. Dessa forma, a segunda soluc¸a˜o e´ dada por: y2 = ∞∑ n=0 (−1)na1 (2n+ 1)!! x2n+1 Finalmente, temos que a resoluc¸a˜o da EDO sera´ uma combinac¸a˜o linear das duas soluc¸o˜es: y = y1 + y2 a0 e a1 podem ser determinados se tivermos condic¸o˜es iniciais. 4.2 Ponto Singular Regular Novamente considerando uma Equac¸a˜o Diferencial Ordina´ria com a forma P (x)Y ′′+Q(x)Y ′+R(x)Y = f(x), se uma ou ambas as razo˜es Q(x) P (x) e R(x) P (x) na˜o forem anal´ıticas, no´s estamos tratando de um ponto singular e na˜o podemos usar o me´todo anterior. Ale´m disso, se Q(x) e R(x) forem anal´ıticas, estamos tratando de um ponto singular regular. Quando estamos tratando de ponto singulares regulares, existem dois casos, a equac¸a˜o de Euler e um caso mais geral. 4.2.1 Equac¸a˜o de Euler A equac¸a˜o na forma x2y′′ + axy′ + by = 0 e´ chamada de equac¸a˜o de Eu- ler. Claramente, quando x=0, as razo˜es na˜o sa˜o anal´ıticas, e portanto, e´ um ponto singular. Para resolver procuramos uma soluc¸a˜o na forma x = et e y(et) = w(t). Enta˜o a partir da derivac¸a˜o de y(et) e sua igualdade com w(t), no´s obtemos uma equac¸a˜o diferencial de segundo grau com coeficientes constantes, que no´s sa- bemos resolver. A derivac¸a˜o para obter essa EDO ficara´ clara no exemplo a seguir. gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 36 Exemplo: Vamos encontrar a soluc¸a˜o da Equac¸a˜o Diferencial abaixo: x2y′′ − 3xy′ + 4y = 0 Primeiramente, no´s tomamos x = et e y(et) = w(t). Com essas igualda- des, no´s vamos procurar as derivadas de w: w(t) = y(et) Derivando e aplicando a regra da cadeia: w′(t) = y′et Aplicando a regra do produto e a regra da cadeia novamente, no´s temos: w′′(t) = y′′e2t + ety′ Lembrando que x = et, as relac¸o˜es entre as derivadas podem ser expressas da seguinte forma: w′(t) = xy′ w′′(t) = x2y′′ + w′(t) Substituindo os valores que obtemos acima na equac¸a˜o diferencial origi- nal, no´s teremos: w′′ − w′ − 3w′ + 4w = 0 w′′ − 4w′ + 4w = 0 Essa e´ uma equac¸a˜o diferencial ordina´ria de segunda ordem com coefici- entes constantes, ou seja, e´ algo que podemos resolver usando os me´todos de ca´lculo II. A equac¸a˜o indicial associada e´: r2 − 4r + 4 = 0 (r − 2)2 = 0 gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 37 Logo, a equac¸a˜o indicial indica que no´s teremos uma ra´ız, enta˜o no´s teremos a resposta na forma: w = c1e 2t + c2te 2t Para conseguirmos a resposta em func¸a˜o de x, temos que lembrar que fizemos x = et no inv´icio do problema: y = c1x 2 + c2 ln(x)x 2 Se tivermos condic¸o˜es iniciais podemos achar as constantes c1 e c2 OBS: A forma da equac¸a˜o na˜o precisa ser apenas x2y′′+axy′+by = 0. Ela precisa apenas conter os termos de segundo grau com o que esta´ na segunda ordem de diferenciac¸a˜o e o de primeiro grau com o que esta´ na primeira ordem. Contudo, o termo de segundo grau deve ser o quadrado do de primeiro grau. Por exemplo, (x− 2)2y′′+ (x− 2)y′+ 5y = 0 pode ser resolvida pelo me´todo acima, mas (x+ 3)2y′′ + (x− 3)y′ + 3y = 0 na˜o. 4.2.2 Me´todo de Frobenius O me´todo de Frobenius e´ usado quando estamos trabalhando com um ponto singular que na˜o apresenta a forma necessa´ria para usarmos a resoluc¸a˜o da equac¸a˜o de Euler. Para usarmos esse me´todo, temos que usar uma se´rie de poteˆncia diferente da se´rie de Taylor, a se´rie de frobenius. Ela e´ definida da seguinte forma: y = ∞∑ n=0 anx n+r onde r e´ a ra´ız da equac¸a˜o indicial. Considerando uma equac¸a˜o diferencial na forma: y′′+ p(x)y′+ q(x)y = 0,la e´ dada por r(r− 1) + p0r+ q0 = 0, com p0 = lim x→0xp(x) e q0 = limx→0x 2q(x) e mais a frente veremos o porqueˆ. O me´todo de frobenius e´ muito similar ao me´todo usando a se´rie de taylor. Pore´m temos que nos atentar a`s principais diferenc¸as: gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 38 • Como os termos apo´s a derivac¸a˜o termo a termo da se´rie de Frobe- nius na˜o dependem somente de n, isso quer dizer que os contadores continuara˜o partindo de 0, mesmo com a derivada; • Temos que substituir r no final para descobrir a recorreˆncia; Ale´m disso, temos um teorema que e´ muito importante na resoluc¸a˜o desse tipo de problema: Teorema: Sejam r1 a maior raiz e r2 a menor ra´ız, se r1 − r2 na˜o for um nu´mero inteiro positivo ou 0, enta˜o no´s podemos garantir que ha´ soluc¸a˜o para as duas ra´ızes. Se na˜o, so´ podemos garantir soluc¸a˜o para a maior. Esse teorema sera´ mostrado mais a frente. Ele indica que no´s trabalharemos com 3 casos: • r1 − r2 = n, onde n na˜o e´ um nu´mero inteiro • r1 = r2 • r1 − r2 = n, onde n A˜ um nu´mero inteiro Em todos os casos, o processo envolvendo a maior ra´ız e´ o mesmo. A dife- renc¸a surge quando trabalhamos com a menor. Veremos o primeiro caso, em que a diferenc¸a na˜o e´ um natural: Exemplo 1: Vamos resolver a equac¸a˜o diferencial ordina´ria a seguir: 2x2y′′ + 3xy′ + (2x2 − 1)y = 0 Como podemos ver, o ponto x = 0 e´ um ponto singular, pois as razo˜es que devemos analisar sa˜o: 3x 2x2 e em x=0, ela na˜o e´ anal´ıtica, e e´ regular pois x 3x 2x2 = 3 2 e x2 2x2 − 1 2x2 = −1 2 gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 39 sa˜o anal´ıticas em x=0. Ale´m disso, podemos notar que essa equac¸a˜o na˜o tem a forma de uma equac¸a˜o de Euler, logo para resolveˆ-la precisamos usar o me´todo de Fro- benius. Primeiro, iremos solucionar a equac¸a˜o indicial: r(r − 1) + p0r + q0 = 0 No´s temos que p0 = 3 2 e q0 = −1 2 . Assim, teremos: r2 − r + 3r 2 − −1 2 = 0 r2 + r 2 − 1 2 = 0 2r2 + r − 1 = 0 Resolvendo essa equac¸a˜o do segundo grau, no´s teremos r1 = 1 2 e r2 = −1. No´s iremos substituir esses valores apo´s no´s trabalharmos com as se´rie de poteˆncia. y = ∞∑ n=0 anx n+r y′ = ∞∑ n=0 (n+ r)anx n+r−1 y′′ = ∞∑ n=0 (n+ r)(n+ r − 1)anxn+r−2 Agora iremos substituir esses valores na equac¸a˜o: 2x2 ∞∑ n=0 (n+r)(n+r−1)anxn+r−2+3x ∞∑ n=0 (n+r)anx n+r+2x2 ∞∑ n=0 anx n+r− ∞∑ n=0 anx n+r = 0 ∞∑ n=0 2(n+r)(n+r−1)anxn+r+ ∞∑ n=0 3(n+r)anx n+r+ ∞∑ n=0 2anx n+r+2− ∞∑ n=0 anx n+r = 0 Para fazer com que todos tenham o mesmo expoente, no´s faremos a mudanc¸a: ∞∑ n=0 2(n+r)(n+r−1)anxn+r+ ∞∑ n=0 3(n+r)anx n+r+ ∞∑ n=2 2an−2xn+r− ∞∑ n=0 anx n+r = 0 gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 40 Agora iremos fazer com que todos os contadores comecem de n = 2: 2r(r − 1)a0xr+ 2(r − 1)ra1xr+1 + 3ra0xr + 3(r + 1)a1xr+1 + ∞∑ n=0 [ ( (n+ r)(2n+ 2r + 1)− 1 ) an + 2an−2]xn+r = 0 (2r2+r−1)a0xr+[(r+1)(2r+3)−1]a1xr+1+ ∞∑ n=0 [ ( (n+r)(2n+2r+1)−1 ) an+2an−2]xn+r = 0 Logo, temos que fazer com que cada termo seja igual a 0. Podemos ver que no primeiro termo, no´s temos a equac¸a˜o indicial. Ela sempre ira´ aparecer nesse termo e no´s fazemos com que ela seja igual a 0. Isso e´ feito para que o termo a0 seja arbitra´rio, ou seja, possa assumir qualquer valor. Ale´m disso, no´s podemos ver que para ambas as ra´ızes, o segundo termo na˜o e´ nulo. Isso faz com que a u´nica opc¸a˜o restante seja que a1 = 0. Finalmente, iremos tratar do u´ltimo termo: ∞∑ n=0 [ ( (n+ r)(2n+ 2r + 1)− 1 ) an + 2an−2]xn+r = 0 Isso faz com que no´s tenhamos a fo´rmula: an = −2an−2 [(n+ r)(2n+ 2r + 1)− 1] Agora no´s iremos substituir as duas ra´ızes para obter duas respostas linearmente independentes: • Para r1 = 12 an = −2an−2 (n+ 1 2 )(2n+ 2)− 1 an = −2an−2 n(2n+ 3) Agora iremos procurar a relac¸a˜o de an com a0: a2 = −2a0 1× 2× 7 −→ −a0 1× 7 gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 41 a4 = −a2 2× 11 −→ a4 = a0 1× 2× 7× 11 a6 = −a4 3× 15 −→ a6 = −a0 1× 2× 3× 7× 11× 15 Com esses termos, ja´ podemos perceber o padra˜o. Logo, os termos pares sa˜o dados por: a2n = (−1)na0 n!(7 · 11 · 15 · · · (4n+ 3)) Portanto, temos que uma das respostas e´ dada na forma: y = x 1 2 ( a0 + ∞∑ n=1 (−1)na0 n!(7 · 11 · 15 · · · (4n+ 3)) ) y1 = x 1 2 ∞∑ n=0 (−1)na0 n!(7 · 11 · 15 · · · (4n+ 3)) Agora iremos trabalhar com a outra ra´ız: • Para r2 = −1 Com essa mudanc¸a, nossa recorreˆncia tambe´m sera´ alterada e se tornara´: an = −2an−2 n(2n− 3) Novamente, iremos buscar a forma que an se relaciona com a0: a2 = −a0 1 a4 = −a2 2× 5 −→ a4 = a0 1 · 2 · 5 a6 = −a4 3× 9 −→ a6 = −a0 1 · 2 · 3 · 5 · 9 Com isso no´s ja´ podemos encontrar a soluc¸a˜o. a2n = (−1)na0 n!(1 · 5 · 9 · · · (4n− 3)) gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 42 Isso faz com que a soluc¸a˜o seja: y2 = x −1 ( 1 + ∞∑ n=1 (−1)na0 n!(1 · 5 · 9 · · · · · · · · · (4n− 3))x 2n ) E a soluc¸a˜o final sera´ a soma das duas soluc¸o˜es, ou seja: y = y1 + y2 Quando tratamos do caso em que as duas ra´ızes sa˜o iguais, temos apenas uma soluc¸a˜o. Essa soluc¸a˜o sera´ calculada usando a u´nica ra´ız que temos: Exemplo 2: xy′′ + y′ − 4y = 0 Podemos ver que x = 0 se trata de um ponto singular regular e que a equac¸a˜o na˜o pode ser resolvida como uma equac¸a˜o de Euler, logo usare- mos o me´todo de Frobenius. x ∞∑ n=0 (n+ r − 1)(n+ r)anxn+r−2 + ∞∑ n=0 anx n+r−1 − 4 ∞∑ n=0 anx n+r = 0 ∞∑ n=0 (n+ r − 1)(n+ r)anxn+r−1 + ∞∑ n=0 (n+ r)anx n+r−1 − ∞∑ n=0 4anx n+r = 0 Agora faremos com que todos tenham o mesmo expoente em x: ∞∑ n=0 (n+ r−1)(n+ r)anxn+r−1 + ∞∑ n=0 (n+ r)anx n+r−1− ∞∑ n=1 4an−1xn+r−1 = 0 (r−1)a0xr−1+(r)a0xr−1+ ∞∑ n=1 [(n+r−1)(n+r)+(n+r)an−4an−1]xn+r−1 = 0 r2a0x r−1 + ∞∑ n=1 [(n+ r)2an − 4an−1]xn+r−1 = 0 ∞∑ n=1 [(n+ r)2an − 4an−1]xn+r−1 = 0 gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 43 an = an−1 (r + n)2 Agora iremos calcular as ra´ızes da equac¸a˜o indicial: r(r − 1) + p0r + q0 = 0 p0 = 1 q0 = 0 r2 − r + r = 0 r2 = 0 r = 0 Vemos que temos uma ra´ız dupla, logo teremos apenas uma soluc¸a˜o. an = an−1 n2 a1 = 4a0 12 a2 = 4a1 22 → a2 = 4 2a0 (1 · 2)2 a3 = 4a2 32 → a3 = 4 3a0 (1 · 2 · 3)2 Podemos ver que ha´ uma relac¸a˜o entre n e an: an = 4na0 (n!)2 Logo, a soluc¸a˜o da equac¸a˜o diferencial e´ dada por: y = ∞∑ n=0 4na0x n (n!)2 O caso em que a diferenc¸a entre a ra´ızes e´ um nu´mero inteiro e´ mais complexo que os outros. Nessa situac¸a˜o ha´ duas possibilidades: • A menor ra´ız na˜o fornece soluc¸a˜o • A menor ra´ız fornece uma soluc¸a˜o geral que inclui a soluc¸a˜o com a maior ra´ız. gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 44 Isso significa que quando estamos tratando desse caso e´ mais conveniente trabalhar primeiro com a menor ra´ız, pois se ela fornecer uma soluc¸a˜o, ela ja´ sera´ a resposta do problema. Agora iremos ver um exemplo para cada uma dessas situac¸o˜es. Exemplo 3: xy′′ + 3y′ − y = 0 Vemos que x = 0 e´ um ponto singular regular e que a equac¸a˜o na˜o pode ser resolvida como uma equac¸a˜o de Euler, logo nos resta apenas o me´todo de Frobenius. x ∞∑ n=0 (n+ r − 1)(n+ r)anxn+r−1 + 3 ∞∑ n=0 (n+ r)anx n+r−1 − ∞∑ n=0 anx n+r = 0 ∞∑ n=0 (n+ r − 1)(n+ r)anxn+r−1 + ∞∑ n+0 3(n+ r)anx n+r−1 − ∞∑ n=0 anx n+r = 0 Agora iremos fazer com que todos tenham o mesmo expoente na poteˆncia de x. ∞∑ n=0 (n+r−1)(n+r)anxn+r−1+ ∞∑ n=0 3(n+r)anx n+r−1− ∞∑ n=1 an−1xn+r−1 = 0 (r−1)ra0xr−1+3ra0xr−1+ ∞∑ n=1 [(n+r−1)(n+r)+3(n+r)]anxn+r−1−an−1xn+r−1 = 0 Agora iremos resolver a equac¸a˜o indicial: r(r − 1) + p0r + q0 = 0 r2 − r + 3r = 0 r(r + 2) = 0 r1 = 0 r2 = −2 Como a diferenc¸a entre as duas e´ um nu´mero natural, iremos trabalhar primeiro com a menor ra´ız: (n+ r + 2)(n+ r) = an−1 gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 45 n(n− 2)an = an−1 an = an−1 n(n− 2) a1 = −a0 a2(2)(0) = a1 a1 = 0 = a0 Logo, na˜o ha´ soluc¸a˜o para a menor ra´ız. Agora iremos trabalhar com a maior ra´ız an = an−1 n(n+ 2) a1 = a0 3 a2 = a1 (4 · 2) → a2 = a0 24 a3 = a2 5 · 3 → a3 = a0 360 a4 = a3 6 · 4 → a4 = a0 8640 Nossa soluc¸a˜o e´ dada por: y = a0 + a0x 3 + a0x 2 24 + a0x 3 360 + a0x 4 8640 + .... Exemplo 4: x2y′′ + (x2 + x)y′ − y = 0 Podemos notar que x = 0 e´ um ponto singular regular e que devemos usar o me´todo de Frobenius. x2 ∞∑ n=0 (n+r−1)(n+r)anxn+r−2+(x2+x) ∞∑ n=0 (a+r)anx n+r−1− ∞∑ n0 anx n+r−1 ∞∑ n=0 (n+r−1)(n+r)anxn+r+ ∞∑ n=0 anx n+r+1+ ∞∑ n=0 (n+r)xn+r− ∞∑ n=0 anx n+r = 0 gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 46 Fazendo com que todas as poteˆncias de x tenham o mesmo expoente: ∞∑ n=0 (n+r−1)(n+r)anxn+r+ ∞∑ n=1 (n+r−1)an−1xn+r+ ∞∑ n=0 (n+r)anx n+r− ∞∑ n=0 anx n+r = 0 Agora iremos fazer com que todos comecem no mesmo n: (r−1)ra0xr+ra0xr−1a)xr+ ∞∑ n=1 [(n+r−1)(n+r)+n+r−1]anxn+r+(n+r−1)an−1xn+r = 0 (n+ r + 1)(n+ r − 1)an = −an−1(n+ r − 1) an = −an−1 (n+ r + 1) Agora iremos procurar as ra´ızes da equac¸a˜o indicial: r(r − 1) + p0r + q0 = 0 p0 = 0 q0 = 1 r2 − 1 = 0 r1 = 1 r2 = −1 Como a diferenc¸a entre as ra´ızes e´ um nu´mero natural, iremos comeA˜ar trabalhando com a menor ra´ız: an = −an−1 n a1 = −a0 Para n = 2, teremos o resultado 0=0, logo a2 pode assumir qualquer valor, ou seja e´ arbitra´dio. a3 = −a2 3 = −2a2 2 · 3 a4 = −a3 4 → a4 = 2a2 2 · 3 · 4 a5 = −a4 5 → a5 = − 2a2 2 · 3 · 4 · 5 gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 47 Podemos notar que ha´ uma relac¸a˜o entre n e o termo an para n ≥ 3 an = (−1)n2a2 n! Logo, a soluc¸a˜o e´ dada por: y = a0x −1 − a0 + ∞∑ n=2 (−1)n2a2xn − 1 n! Podemos ver que a soluc¸a˜o obtida e´ a combinac¸a˜o linear de duas func¸o˜es linearmente independentes, como deveria ser. Por u´ltimo, no´s iremos provar que podemos garantir duas soluc¸o˜es apenas se a diferenc¸a entre as ra´ızes na˜o for um nu´mero natural ou 0. Considerando novamente uma EDO de forma: x2y′′ + xp(x)y′ + q(x)y = 0 onde x=0 e´ um ponto singular regular, expandindoy, p(x) e q(x) em se´ries de poteˆncia, teremos: ∞∑ n=0 cn(n+r)(n+r−1)xn+r+(p0+p1+p2x+p2x2...) ∞∑ n=0 cn(n+r)x n+r+(q0+q1x+q2x 2...) ∞∑ n=0 cnx n+r = 0 c0r(r−1)xr+c1(r+1)rxr+1+c2(r+2)(r+1)xr+2+...+(p0+p1x+p2x2...)(c0rxr+c1(r+1)xr+1+...) +(q0 + q1x+ q2x 2 + ...)(c0x r + c1x r+1 + c2x r+2 + ...) = 0 Agora considerando φ(r) como a equac¸a˜o indicial, e φ(r+ n) com a equac¸a˜o indical deslocada em n unidades, no´s podemos mudar a equac¸a˜o para: φ(r)c0x r + [φ(r+ 1)c1 +R1(r, c0)]x r+1 + [φ(r+ 2)c2 +R(r, c0, c1)]x r+2 + ... = 0 O R e´ usado para representar todos os outros termos que esta˜o em func¸a˜o de xr+n que na˜o se enquadram no caso da equac¸a˜o indicial deslocada. ∞∑ n=0 φ(r + n)cn +R(n, c0, c1, ...cn−1) = 0 Logo, temos que ter: φ(r + n)cn = −R(n, c0, c1, ..., cn−1) gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 48 Essa equac¸a˜o indica que se φ(r + n) = 0, no´s teremos dois casos: Ou cn na˜o existe, ou ele e´ arbitra´rio. No´s so´ podemos garantir que ele e´ arbitra´rio no caso de n=0, pois teremos a equac¸a˜o indicial, que fara´ com que o resultado seja 0. Pore´m, podemos perceber que na˜o ha´ R para o caso de c0, ou seja temos o produto: 0c0 = 0 Isso faz com que c0 seja arbitra´rio. Contudo, isso na˜o e´ necessariamente verdadeiro para todos os n. Como vimos acima, para n ≥ 1, existe a possi- bilidade de R ter um valor. Pore´m, como n varia somente entre nu´meros naturais, se a diferec¸a entre as ra´ızes na˜o for inteiro positivo ou 0, o caso em que φ(r+n) so´ ocorrera´ quando n = 0, pois variando apenas com nu´meros naturais no´s nunca iremos chegar a` menor ra´ız a partir da primeira. Por causa disso, quando essa condic¸a˜o na˜o for satisfeita, podemos garantir apenas soluc¸a˜o para a maior ra´ız e a menor pode ou na˜o ter ra´ız. 4.3 Transformada de Laplace 4.3.1 Definic¸a˜o A transformada de Laplace e´ uma ferramenta u´til para a resoluc¸a˜o das equac¸o˜es diferenciais. Ela se trata de um operador que indica uma integrac¸a˜o paticular. A transformada de laplace de uma func¸a˜o f(t), por exemplo, e´ dada por L {f(t)} = ∫ ∞ 0 e−stf(t)dt . Nem todas as func¸o˜es tem uma transformada de Laplace relacionada. Para podermos podermos usar esse operador a func¸a˜o tem que satisfazer as se- guintes condic¸o˜es: • A func¸a˜o e´ seccionalmente cont´ınua no intervalo 0 ≤ t ≤ τ para qual- quer τ positivo. • |f(t)| ≤ Keat quando t > 0. Onde K e a sa˜o constantes com K positiva, ou seja, ela e´ de ordem exponencial. gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 49 Uma das notac¸o˜es para a transformada de Laplace, que sera´ usada a partir de agora, e´ usar a letra original da func¸a˜o em forma maiu´scula, por exemplo a transformada de Laplace de f(x) e´ F(x). Devido ao fato da transformada de Laplace ser uma integral, elas apresentam as mesmas propriedades. Ale´m disso, ela possui uma propriedade que e´ muito usada na soluc¸a˜o de equac¸o˜es diferenciais ordina´ria que e´: L {f (n)(t)} = snL {f(t)}− sn−1f(0)− sn−2f ′(0)− ...− sf (n−2)(0)−f (n−1)(0) Exemplo: Vamos encontrar a transformada de Laplace da func¸a˜o f(t) = cos(at), onde a e´ uma constante. Vamos aplicar a definic¸a˜o da transformada de Laplace: L {cos(at)} = ∫ ∞ 0 e−st cos(at)dt Para resolver essa integral impro´pria iremos usar o me´todo da integrac¸a˜o por parte: u = e−st dv = cos(at)dt du = −se−stdt v = sin(at) a ∞∫ 0 e−st cos(at)dt = e−st sin(at)− ∞∫ 0 −se−st sin(at) a dt ∞∫ 0 e−st cos(at)dt = e−st sin(at) + s a ∞∫ 0 e−st sin(at)dt Resolvendo a u´ltima integral por partes: u = e−st du = −se−stdt dv = sin(at)dt v = − cos(at) a ∞∫ 0 e−st sin(at)dt = −e−st cos(at) a − ∞∫ 0 − cos(at) a (−s)e−stdt gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 50 [ e−st a sin(at)− s a2 e−st cos(at) ]∞ 0 − s 2 a2 ∞∫ 0 e−st cos(at)dt = ∞∫ 0 e−stcos(at)dt [ e−st a sin(at)− s a2 e−st cos(at) ]∞ 0 = s2 + a2 a2 ∞∫ 0 e−st cos(at)dt Solucionando os limites(Usando o teorema do confronto): s a2 = s2 + a2 a2 ∞∫ 0 e−st cos(at)dt s s2 + a2 = ∞∫ 0 e−st cos(at)dt Portanto, L {cos(t)}(s) = s s2 + a2 Contudo essa soluc¸a˜o na˜o e´ verdadeira para todo s. Ela so´ ocorre para s > 0, pois se esse na˜o for o caso, a integral tera´ como resultado ∞. 4.3.2 Func¸a˜o de Heaviside A func¸a˜o de Heaviside e o Delta de Dirac sa˜o usados para equacionar a situac¸a˜o em que a forc¸a externa e´ descontinua. A func¸a˜o de Heaviside, ou func¸a˜o degrau, representa quando uma forc¸a passa a atuar apo´s um certo instante e ela e´ representada por ut, onde t e´ o instante em que ela passa a atuar. Exemplo 1: Nesse exemplo, vamos mostrar como a func¸a˜o degrau e´ representada graficamente. Vamos trabalhar com uma func¸a˜o simples: y = { 0, x < 2 1, x > 2 gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 51 Ela tambe´m pode ser escrita por y = u2(t) Ela pode ser usada para representar qualquer func¸a˜o que seja descont´ınua e e´ uma forma mais pra´trica de representar, principalmente na resoluc¸a˜o de Equac¸o˜es diferenciais ordina´rias, onde elas aparecem frequeˆntemente. Exemplo 2: Nesse exemplo vamos mostrar como uma func¸a˜o mais complexa sob o efeito da func¸a˜o de heaviside. y = { 0, x < 3 sin(x− 3), x > 3 e pode ser representada por y = u3(t) sin(t− 3). Para calcular a transformada de Laplace de func¸o˜es sob o efeito da func¸a˜o degrau uτ , devemos calcular a integral: L {uτf(t− τ)} = ∫ ∞ 0 e−stuτf(t− τ)dt Contudo, no´s sabemos que devido a func¸a˜o de Heaviside para todo t < τ , uτf(t− τ) = 0, logo podemos mudar a integral para∫ ∞ τ e−stf(t− τ) = e−τsL {f(t)} Junto com essa igualdade, no´s temos outra que e´ muito usada junto da func¸a˜o degrau: L {eαtf(t)} = F (s− α) Com essas duas relac¸o˜es, no´s conseguimos trabalhar com a func¸a˜o de Heaviside dentro de Equac¸o˜es Diferenciais Ordina´rias. Exemplo 3: gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 52 Vamos calcular L {upi(t) sin(t− pi)}. A transformada de Laplace da func¸a˜o sin(t) e´ 1 s2+1 (Verifique). Pore´m, podemos ver que ela esta´ acompanhada da func¸a˜o de Heaviside e esta´ na forma apropriada para aplicarmos a transformada de Laplace sem fazer nenhuma alterac¸a˜o, logo temos que a operac¸a˜o sera´ facilmente resolvida: L {upi(t) sin(t− pi)} = e −pis s2 + 1 Exemplo 4: Nesse exemplo veremos a transformada de Laplace L {e2t sin(t)}. Vimos anteriormente que se uma func¸a˜o esta´ sendo multiplicada por uma poteˆncia de ”e”sua transformada de Laplace sofre apenas uma pequena alterac¸a˜o, que nesse caso se tornara´: L {e2t sin(t)} = 1 (s− 2)2 + 1 Esse resultado pode ser facilmente obtido ao usarmos a definic¸a˜o da trans- formada de Laplace: L {e2t sin(t)} = ∫ ∞ 0 e−ste2t sin(t)dt L {e2t sin(t)} = ∫ ∞ 0 e(2−s)t sin(t)dt Agora aplicaremos o me´todo de integrac¸a˜o por partes: u = sin(t) dv = e(2−s)tdt du = cos(t)dt v = e (2−s)t 2−s ∞∫ 0 e(2−s)t sin(t)dt = [ e(2−s)t sin(t) 2− s ]∞ 0 − ∞∫ 0 e(2−s)t cos(t) 2− s dt ∞∫ 0 e(2−s)t sin(t)dt = [ e(2−s)t sin(t) 2− s ]∞ 0 − 1 2− s ∞∫ 0 e(2−s)t cos(t)dt gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 53 Aplicando novamente o me´todo de integrac¸a˜o por parte: u = cos(t) dv = e(2−s)tdt du = sin(t)dt v = e (2−s)t 2−s ∞∫ 0 e(2−s)t sin(t)dt = e(2−s)t (2− s sin(t)− 1 2− s [ e(2−s)t 2− s cos(t)+ ∞∫ 0 e(2−s)t 2− s sin(t)dt ] ∞∫ 0 e(2−s)t sin(t)dt = [ e(2−s)t 2− s sin(t)− e(2−s)t cos(t) (2− s)2 ]∞0 + ∞∫ 0 e(2−s)t (2− s)2 sin(t)dt ∞∫ 0 e(2−s)t sin(t)dt+ ∞∫ 0 e(2−s)t (2− s)2 sin(t)dt = [ e(2−s)t 2− s sin(t)− e(2−s)t cos(t) (2− s)2 ]∞ 0 Assumindo que (2− s) < 0, no´s temos: (2− s)2 + 1 (2− s)2 ∞∫ 0 e(2−s)t sin(t)dt = 1 (2− s)2 ∞∫ 0 e(2−s) t sin(t)dt = 1 (s− 2)2 + 1 Como estamos elevando a diferenc¸a ao quadrado, a ordem dos termos ”s”e ”2”no denominador na˜o importa. Assim, provamos que L {e2t sin(t)} e´, de fato, 1 (s−2)2+1 como esperado. E´ recomendado que o aluno tente fazer o mesmo processo com outras func¸o˜es para ficar familiarizado com esse tipo de operac¸a˜o. 4.3.3 Delta de Dirac O Delta de Dirac, tambe´m conhecido como func¸a˜o delta de Dirac, e´ usado para representar forc¸as externas de natureza impulsiva. Essas forc¸as sa˜o ca- racterizadas pelo fato de terem grande mo´dulo, mas atuarem por um per´ıodo de tempo muito curto. Para entendermos as propriedades dessa ”func¸a˜o”, vamos estudar a natureza gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 54 do impulso de uma forc¸a. No´s vimos em f´ısica que o impulso e´ dado por I = ∫ F (t)dt, logo para calcularmos o impulso de uma forc¸a que age apenas no intervalo [−t, t], iremos calcular:∫ t −t F (t)dt e como fora desse intervalo a forc¸a e´ nula, enta˜o∫ t −t F (t)dt = ∫ ∞ −∞ F (t)dt . Agora, no´s iremos pegar o caso especifico em que a forc¸a e´ dada por F (t) = { 1 2τ , −τ < t < τ 0, t < −τout > τ Nesse caso, podemos ver claramente que se τ 6= 0, o I(t) = 1. A partir disso, no´s tomamos o limite lim τ→0F (t) = δ(t) que e´ o delta de Dirac, ou func¸a˜o impulso unita´rio, pois como vimos, o impulso exercido por essa forc¸a tem mo´dulo 1. A partir do gra´fico abaixo e das analises que fizemos, vamos enunciar algumas propriedades dessa func¸a˜o. Figura 4.1: delta de Dirac Assim podemos dizer, a partir desse gra´fico e do estudo do impulso, que: 1. δ(t) = 0, se t 6= 0 2. ∞∫ −∞ δ(t)dt = 1 E a partir disso, podemos extender esses itens para os deslocamentos hori- zontais dessa func¸a˜o, fazendo com que as caracter´ısticas gerais sejam: • δ(t− t0) = 0, se t 6= t0 • ∞∫ −∞ δ(t− t0) = 1 gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 55 Uma das principais operac¸o˜es que devemos estudar que envolvem o delta de Dirac e´ a integral de forma ∫ δ(t − t0)f(t)dt, pois como vimos em uma sec¸a˜o anterior, e´ por meio de uma integral que calculamos a transformada de Laplace. A integral tem o seguinte resultado ∞∫ −∞ δ(t− t0)f(t)dt = ∞∫ 0 δ(t− t0)f(t)dt = f(t0), se t0 > 0 e sera´ provado no apeˆndice B. Com essa igual- dade, com a definic¸a˜o da transformada de laplace e a a convoluc¸a˜o, que sera´ apresentada a seguir, e´ poss´ıvel achar a transformada de qualquer func¸a˜o envolvendo o delta de dirac que sera´ apresentada nesse curso. Exemplo 5: Vamos ca´lcular L {δ(t− t0)}, onde t0 e´ positivo.. Vamos lembrar que a definic¸a˜o da transformada de Laplace e´: ∞∫ 0 f(t)e−stdt. Logo, vamos ter que calcular ∞∫ 0 δ(t− t0)e−stdt. Como vimos acima, as integrais envolvendo o delta de Dirac teˆm uma resoluc¸a˜o ra´pida e, nesse caso, sera´: L {δ(t− t0)} = est0 4.4 Soluc¸a˜o de EDO por meio da Transfor- mada de Laplace Nem todas as EDOs podem ser resolvidas com a transformada de laplace. Para podermos aplicar este me´todo, a equac¸a˜o deve satisfazer duas condic¸o˜es: • Ela deve ser uma equac¸a˜o diferencial com coeficientes constantes; • Devemos ter algumas condic¸o˜es iniciais. O grau da equac¸a˜o indica quantas condic¸o˜es devemos ter para aplicar essa ferramenta. Essa forma de resoluc¸a˜o e´ especialmente u´til quando estamos trabalhando com func¸o˜es de Heaviside e com o Delta de Dirac, pois entre os mt´odos aprendidos, e´ o u´nico que consegue trabalhar com esses tipos de func¸o˜es. Para fazer uso deste me´todo, no´s devemos: 1. Aplicar a transformada de Laplace em ambos os lados da Equac¸a˜o diferencial; gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 56 2. Isolar do termo L {y} 3. Aplicar a operac¸a˜o inversa a` transformada de Laplace em ambos os lados da nova equac¸a˜o para obter o termo y Esse processo ficara´ mais claro no exemplo a seguir. Exemplo: Vamos resolver o problema de valor inicial:{ y′′(t) + y′(t)− 2y(t) = 2t y(0) = 0 y′(0) = 1 Podemos ver que esse problema satisfaz as condic¸o˜es necessa´rias para usarmos a transformada de Laplace para encontrar a soluc¸a˜o. Enta˜o, vamos seguir o primeiro passo e aplicar a transformada de Laplace em ambos os lados da equac¸a˜o: L {y′′(t) + y′(t)− 2y(t)} = L {2t} Usando as propriedades enunciadas na apresentac¸a˜o da transformada de La- place e a tabela no final do cap´ıtulo podemos facilmente fazer essa operac¸a˜o: s2Y − sy(0)− y′(0) + sY − y(0)− 2Y = 2 s2 s2Y − 1 + sY − 2Y = 2 s2 Y (s2 + s− 2)− 1 = 2 s2 Y = s2 + 2 s2(s2 + s− 2) Y = s2 + 2 s2(s− 1)(s+ 2) Aplicando o me´todo de frac¸o˜es parciais, no´s temos: s2 + 2 s2(s− 1)(s+ 2) = As+B s2 + C s− 1 + D s+ 2 gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 57 Ao resolver o sistema, no´s teremos que as constantes A, B, C e D sa˜o: A = −1 2 , B = −1, C = 1 e D = −1 2 , portanto podemos mudar a igualdade inicial para: Y = −1 2 s− 1 s2 + 1 s− 1 − 1 2(s+ 2) Y = −1 2s − 1 s2 + 1 s− 1 − 1 2(s+ 2) Agora que no´s aplicamos a operac¸a˜o inversa a transformada de Laplace em ambos os lados para obtermos o y: L {Y }−1 = L {−1 2s − 1 s2 + 1 s− 1 − 1 2(s+ 2) }−1 y = −1 2 − t+ et − e −2t 2 E´ recomendado que o aluno saiba a forma da transformada de Laplace de algumas func¸o˜es sem a necessidade de tabela como: sin(t), cos(t), tn onde n e´ um nu´mero natural, os deslocamentos dessas func¸o˜es com a func¸a˜o de Heaviside e a transformada do delta de Dirac. 4.4.1 Convoluc¸a˜o Nas sec¸o˜es passadas relacionada a` transformada de laplace, no´s vimos a transformada e a transformada inversa de func¸o˜es simples, por exemplo L {t} = 1 s2 e L −1{1 s } = 1. Pore´m, no´s na˜o consideramos o caso em que ha´ o produto de func¸o˜es, exceto no caso da func¸a˜o de Heaviside e do Delta de Dirac. Sera´ queL −1{ 1 s2 1 s } = L −1{ 1 s2 }L −1{1 s }, ou seja,L −1{ 1 s3 } = t? Obviamente na˜o. Basta olhar na tabela de transformadas que veremos queL −1{ 1 s3 } = t2 2 . Isso indica que no´s na˜o podemos trabalhar com o produto de func¸o˜es de forma ta˜o simples. Para resolvermos problemas que envolvam esse tipo de operac¸a˜o devemos fazer uso do chamado produto convoluc¸a˜o. Ele e´ definido da seguinte forma: f ∗ g = t∫ 0 f(τ)g(t− τ)dτ gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 58 Para que essa operac¸a˜o seja poss´ıvel, as func¸o˜es f e g devem ser seccional- mente cont´ınuas. Uma propriedade interessante do produto convoluc¸a˜o e´ a propriedade comu- tativa, ou seja: f ∗ g = g ∗ f Ela e´ muito u´til pelo fato de que com isso no´s podemos escolher qual func¸a˜o estara´ deslocada e isso pode facilitar os nosso ca´lculos. No´s iremos provar que essa propriedade se aplica a essa operac¸a˜o a seguir: f ∗ g = t∫ 0 f(τ)g(t− τ)dτ Fazendo a mudanc¸a de varia´veis: u = t− τ du = −dτ f ∗ g = 0∫ t −f(t− u)g(u)du f ∗ g = t∫ 0 g(u)f(t− u)du = g ∗ f Com isso provamos a propriedade comutativa do produto convoluc¸a˜o. Agora, iremos enunciar o teorema que ira´ relacionar o produto convoluc¸a˜o com a transformada de Laplace: Teorema:Se f e g sa˜o func¸o˜es seccionalmente cont´ınuas e de ordem expo- nencial, enta˜o: L {f ∗ g} = F (s)G(s) Ale´m disso, podemos garantir a operac¸a˜o inversatambe´m: L −1{F (s)G(s)} = f ∗ g Esse teorema sera´ provado no apeˆndice C. Exemplo: Vamos resolver a EDO abaixo usando a transformada de La- place: x′′(t) + x(t) = cos(t) gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 59 x(0) = x′(0) = 0 Iremos aplicar a transformada nos dois lados da equac¸a˜o: L {x′′(t) + x(t)} = L {cos(t)} s2X − sx′(0)− x(0) +X = s s2 + 1 X(s2 + 1) = s s2 + 1 X = s s2 + 1 1 s2 + 1 L −1{X} = L −1{ s s2 + 1 1 s2 + 1 } Usando o teorema que aprendemos: x = f ∗ g x = cos(t) ∗ sin(t) x = t∫ 0 cos(τ) sin(t− τ)dτ x = t∫ 0 cos(τ)[sin(t) cos(τ)− sin(τ) cos(t)]dτ x = sin(t) t∫ 0 cos2(τ)dτ − cos(t) t∫ 0 sen(τ) cos(τ)dτ x = sin(t) t∫ 0 1 + cos(2τ) 2 dτ − cos(t) t∫ 0 sin(τ) cos(τ)dτ Fazendo a substituic¸a˜o u = sin(t) e du = cos(t)dt para resolver a segunda integral, teremos: x = [ sin(t) τ 2 + sin(t) sin(2t) 4 ]t 0 − cos(t)sin 2(t) 2 x = [ sin(t) τ 2 + cos(t) sin2(t) 2 ]t 0 − cos(t)sin 2(t) 2 gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 60 x = t sin(t) 2 + cos(t) sin2(t) 2 − cos(t)sin 2(t) 2 x = t sin(t) 2 Com esse exemplo, vimos como usar o produto convoluc¸a˜o para solucionar alguns casos de equac¸o˜es diferenciais ordina´rias. 4.5 Exerc´ıcios Se necessa´rio consulte a tabela de transformadas de Laplace no fim do cap´ıtulo. 18) y′′ + 4y = t2 + 3et y(0) = 0, y′(0) = 2 19)y′′ + xy′ + 2y = 0 20)x2y′′ + xy′ + 4y = 0 21)2xy′′ + (x+ 1)y′ + 3y = 0 22) y′′ − 6y′ + 9y = 0 y(0) = 0, y′(0) = 2 23) y′′ + 4y = cos(3t) y(0) = 0 y′(0) = 0 24)x2y′′ + 5xy′ + 4y = 0 25) y′′ + y = 1 y(0) = 0 y′(0) = 0 Fac¸a o 26 usando convoluc¸a˜o 26) 4y′′ + 4y′ + y = 0 y(0) = 1, y′(0) = 2 27)2x2y′′ + 3xy′ + (2x2 − 1)y = 0 28)xy′′ − y = 0 29) { y′′ + 2y′ + 2y = etδ(t− 1) y(0) = 0 y′(0) = 0 30)9x2y′′ + 3x2y′ + 2y = 0 31) y′′ − 2y′ − 3y = 3te2t y(0) = 1 y′(0) = 0 32) { y′′ − 2y′ + y = e2tδ(t− 1) y(0) = 0 y′(0) = 0 33)4xy′′ + 2y′ + y = 0 34)x2y′′ + 10 4 y = 0 gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 61 Cap´ıtulo 5 Se´rie de Fourier 5.1 Definic¸a˜o A se´rie de Fourier e´ a representac¸a˜o de func¸a˜o perio´dica em forma de somato´rio de infinitos de senos e cossenos. Nem todas as func¸o˜es teˆm uma representac¸a˜o em forma de se´rie de Fourier, pois ,assim como para se´rie de Taylor, a func¸a˜o deve satisfazer condic¸o˜es para poder ser expressa dessa forma. Essas condic¸o˜es sa˜o: • A func¸a˜o deve ser seccionalmente cont´ınua • A func¸a˜o deve ser perio´dica • A func¸a˜o deve ter um nu´mero finito de ma´ximos e mı´nimos locais dentro de seu per´ıodo. Se essas condic¸o˜es forem satisfeitas, podemos representar a func¸a˜o em questa˜o, com per´ıodo 2L na forma: f(x) ∼ a0 2 + ∞∑ n=1 an cos ( npix L ) + bn sin ( npix L ) Onde an e bn sa˜o os coeficientes da se´rie de Fourier de uma se´rie que iremos aprender a ca´lcular na pro´xima sec¸a˜o. O s´ımbolo ” ∼ ” foi usado pois ainda na˜o provamos que a func¸a˜o e´, de fato, igual ao somato´rio da se´rie de Fourier. gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 62 5.2 Ca´lculo dos coeficientes da Se´rie de Four- rier Os coeficientes an e bn da se´rie de Fourier sera˜o calculados nessa sec¸a˜o, mas a prova das seguintes equac¸o˜es sera´ dada no apeˆndice D. Para ca´lcular os termos no´s usamos as fo´rmulas: an = 1 L L∫ −L f(x) cos ( npix L ) dx bn = 1 L L∫ −L f(x) sin ( npix L ) dx OBS: O termo a0 deve ser ca´lculado separadamente do an, ou seja, na˜o de- vemos calcular uma expressa˜o para an e substituir n por 0. Isso na˜o pode ser feito, pois normalmente leva a` divisa˜o por 0. Exemplo: Vamos achar a se´rie de Fourier associada a` func¸a˜o: f(x) = { 0, −5 < x < 0 3, 0 < x < 5 , f(x) = f(x+ 10) A igualdade f(x) = f(x + 10) indica que a func¸a˜o e´ perio´dica com per´ıodo 10. 2L = 10 L = 5 Primeiro iremos calcular o a0 separadamente do an: a0 = 1 L L∫ −L f(x)cos(0)dx a0 = 1 5 [ 0∫ −5 0dx+ 5∫ 0 3dx ] gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 63 a0 = 1 5 [15] a0 = 3 Agora iremos calcular os coeficientes an e bn: an = 1 L L∫ −L f(x) cos ( npix L ) dx an = 1 5 [ 0∫ −5 0dx+ 5∫ 0 3 cos ( npix 5 )] dx an = 1 5 [ 3 5∫ 0 cos ( npix 5 )] dx an = 3 5 [ 5 npi sin ( npix 5 )]5 0 an = 3 npi [sin(npi)− sin(0)] sin(npi) sera´ 0 para todo n natural, logo: an = 3 npi [0] an = 0 Agora iremos calcular o bn: bn = 1 L L∫ −L f(x) sin ( npix L ) dx bn = 1 5 [ 0∫ −5 0dx+ 5∫ 0 3 sin ( npix 5 ) dx ] bn = 1 5 [ 3 5∫ 0 sin ( npix 5 )] gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 64 bn = 3 5 [−5 npi cos ( npix 5 )]5 0 bn = −3 npi [cos(npi)− cos(0)] bn = 3 npi [cos(0)− cos(npi)] cos(npi) tambe´m pode ser escrito da forma: (−1)n, pois e´ a forma como seu valor varia com n natural. bn = 3 npi [1− (−1)n] bn = 3 npi [1 + (−1)n+1] Isso quer dizer que quando n for ı´mpar, a expressa˜o [1 + (−1)n+1] = 2, ja´ quando n for par, [1 + (−1)n+1 = 0]. Logo, podemos simplificar a expressa˜o para: bn = 6 (2n+ 1)pi Agora que temos todos os coeficientes, podemos dizer que a se´rie de Fourier associada a` func¸a˜o e´: f(x) ∼ 3 2 + ∞∑ n=0 6 (2n+ 1)pi sin ( (2n+ 1)pix 5 ) f(x) ∼ 3 2 + 6 pi ∞∑ n=0 1 2n+ 1 sin ( (2n− 1)pix 5 ) 5.3 Teorema de convergeˆncia de Fourier Para garantir que uma func¸a˜o seja igual a sua se´rie de Fourier equivalente, devemos usar o Teorema de convergeˆncia de Fourier. Este teorema diz que se uma func¸a˜o e sua derivada sa˜o seccionalmente cont´ınuas, enta˜o podemos garantir que nos intervalos de continuidade a se´rie gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 65 tem valor equivalente a` func¸a˜o e nos pontos de descontinuidade, a se´rie con- verge para a me´dia aritme´tica dos limites laterais. 5.4 Extensa˜o Perio´dica Como sabemos, para uma func¸a˜o ter uma se´rie de Fourier associada, ela deve ser perid´ica. Contudo, existem situac¸o˜es, como as que veremos na re- soluc¸a˜o de Equac¸o˜es Diferenciais Parciais, em que trataremos de func¸o˜es que esta˜o limitadas em um intervalo 0 < x < a e que no´s queremos aplicar a se´rie de Fourier. Para fazer isso, no´s teremos que usar um me´todo conhecido como extensa˜o perio´dica. Esse me´todo consiste em usar uma func¸a˜o que esta´ definida em um inter- valo fechado de forma [0, a] e ”repet´ı-la”com um per´ıodo a, fazendo com que tenhamos uma func¸a˜o perio´dica. Esse processo sera´ mostrado no exemplo abaixo Exemplo: Vamos fazer a extensa˜o perio´dica da func¸a˜o f(x) = x no intervalo [0,1). Essa func¸a˜o e´ uma reta que passa pela origem, as sA˜ consideramos o intervalo em que x varia de 0 a 1 A extensa˜o perio´dica dessa func¸a˜o e´ dada pela expressa˜o: f(x) = x, 0 ≤ x < 1, f(x) = f(x+ 1) Essa expressa˜o mostra que essa extensa˜o tem per´ıodo 1 e quais valores a func¸a˜o assume. O gra´fico dessa extensa˜o e´: Figura 5.1: Extensa˜o perio´dica Com essa extensa˜o e´ poss´ıvel determinar a se´rie de Fourier equivalente dessa nova func¸a˜o, ja´ que agora ela satisfaz todas as condic¸o˜es necessa´rias. gau ∫∫ ianos - aulas de reforc¸o e particulares: gaussianos.ufrj@gmail.com 66 5.5 Func¸o˜es
Compartilhar