Buscar

contratransferencia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

,
 
5 FREUD, S (1 920l, Group Psychology and the Analysis of thf! Ego. Standard Edition, 
London, Hogarth Press, v,1B,
 
6 GITElSON, M (19521 The emotIOnal position of the analyst in the Psydoo-an<llytical
 
SituatIOn Int. J Psycho-Anel. 33: 1_10 
7, GREENSON, R (1960), Empathy and its vICIsSitudes, Irlt..J Psycho·An<ll, 41. 
'118-42'1 
B GRINBERG, L, (1957), Perturbsciones en 18 interpreteni6n por 113 contraidentiflcaci6n 
proyactiv<! Rail. PSII;:oan~lrSI5, 14,23-28 
9 __ (19581 Aspectos rn~gicos en 101 trans!er~mCI<l If en 18 contretransferencia, Rev. 
Psrcoanalr51s, 15' 347-368 
10. HEIMAN"J, P [1950] On CDunterrrans1e,-em;e Int J. Psycho-Anal" 35: 81-84, 
'1 -------! 1952) Certain functions Dr introjection and projection in early infancy. In: Oevalop­
men,s III Psycho·Analys'S London, Hogarth Press 
12	 KLEIN, M (1952). Some theoretical concl'Jsions regarding the emotional life of the 
Infant In' Developments m Psycho_Anelys's llJndon, Hogarth Press, 
13. __ (1955), Sabre la Inent,flcaCIt:Jn. In-------'HEIMANN, P: MoNEY-KIRlE, R.E. Nwevas 
Dlr8cciorles en PS'CDilrlal'SIS Buenos Awes, Paid6s, 1965 
14, KOHUT, H ~jr-ms em! rr-ansformations o(nar-cpssism InlldltD 
15 MARTINS, M (19641 Comunicacit:Jn a la Sociedad Psicosnalftlca de Porto Alegre 
16, MONEY-KIRLE, R [19561. Nor-mei countertr-ansference and some of its de~istilJns. 
In, J Psycho-Anal., B7' 360-366. 
17 ORR, 0 W [195'11. Transference and clJuntertransference, JAm. Psychoen. Assoc" 
2 621-670 
18 PILLBURY, W S,: Theodor Lipps. In, Encyclopaedia Brltann,ca. ~.14 
19 RACKER, H. l19571.The meanings snd uses of COllntertrsnsference Psychoan, 
Quar-t, 26: 303·357, 
20 REICH, A, (19601. Further- remarks on countertrensferenDe lilt. J Psycho-Anal, 
41 389-395. 
21 i=ll'/IERE. J, (1952), General Introduction In: Developments in Ps,cho-Ane!ysis, loP'l­
don, Hogarth Press, 
22 i=l OSENFELO. H, (1965) On the ps)'chopathology of narcissism In. PfiychotlC Staces. 
London, Hogarth Press. 
13 
Notas sabre a 
contratransferencia* 
I, Il1lrod",ao: Di,~rge"das co"cepluoj,r 
2. Co""ito de Ej~fuhlii"g 
J. Contratrol1sffrf~do.'ptJsj,do ""tJrmo/" do IffOpt~'" 
4. Di"6mic,, o"a/ftira t JUO.f j,"pJjc",,,~s "0 fonnafM p,lc"""Un'c" 
.5. R~f~ri"ciO.f bibliognJjic:O.f 
1, INTRODUCAo: OIVERGENCIAS CDNCEPTUAIS 
o conceito de contratransferencla tem-se desenvolvido, nos ultimos 
anos, com rum as aparentemente opostos, Em conseqOencia, configu­
rou-se na teoria psicanalltica Como um tema de controversia que diFiculta 
o intercambio clentifico entre os psicanalistas, A divergencia surgiu for­
malmente por ocasiao do II Congresso Pan-Americano de Psicanalise 
(Buenos Aires, 1966]. quando se comprovou c1aramente a discordancia 
entre os pSlcanalistas estadunidenses e seus colegas sul-americanos,
Eevidente que a controversia se originou anteriormente relacionada 
a discussoes sobre teoria e tecnica, particularmente em diversos concel­
tos referentes a transferencia e a seu manejo e ainda ao momento em 
que comel;:am as primeiras relal;:oes objetais da crianlta Embora sendo 
uma dificuldade emanada de muitas outras anteriores, julgamos de Inte­
resse reavaliar alguns pontos sobre a questao, ainda obscuros e confu­
sos. numa tentativa de contribulr para uma eventual solul;:.3o do problema, 
A multiplicidade de aproximal;:oes com a contratransfen§ncia, tanto 
em seus aspectos conceptuais como pragmaticos, pode sar c1aramente 
evidenciada no exaustivo relato que realizaram os psicanalistas espanh6is 
· 
."
• 
• Trabalha realizado em colaboraljao com Rober-to Pinta RibeIro e publicado na Revista 
da Psicoanallsls, am 196B,25: B47-862, 
',j " 1R7,"186 
Boflll 10 Folch·Mateu l' 963J 1550 neo Impede, contudo, que, dentro do 
verdadeiro caleidosc6plo conceptual. possam ser I,dentificadas e discu­
tldas duas correntes rrincipals 
Aqueles psicanalistas que, em Iinhas gerais, seguem Ll chamada esco­
la de pSlcologi<,. do EU, partlculermente os estadunidensas na sua grande 
malOrla, e que consideram a contratransferencla como algo alheio qual ita­
tlYamente estranho a oosiGao emooional normal do terapeuta ne situa(fao 
analitlca, algo que yem a parasitar de Forma noCiva 0 processo analfticD, 
De acordo com tal ponto de Vista, a contratrensfer~ncia nao constitui 
um elemento que normalmente FaGa parte do processo, mas sobretudo 
e um fatar excfusivamente perturbador para 0 bom andamento do trabalho 
analitlco Ellminar a contratransferencia, por meio de sua superec;ao atra­
'"es do Inslqht de como ocorre no analista. deve ser a unica preocupac;ao, 
Reich (1960J, entre outros, surge como boa representante da concep­
c<ao domirlante nesta COrrente: "A contratransfer~nclaconsiste nos efei­
tos que as necessidades e conflitos do proprio anallsta acarretam sobre 
sua compreensao 10 tecnica". No Congresso Pan-Americano de Buenos 
Aires. 0 relator estadunldense Rangell (1966) reafirmou explicitamente 
tal posic;ao, oessa maneira, 56 os aspectos conFlitivos da relac;€lO do 
analista com seu paciente. ligados a perslstencia dos conflitos infantis 
no prlmelrO, constltuem a contratransferEmcia, Nao sao admltidas como 
tais es demalS respostas emocionais e intelectuais do analista ante 0 
material trazido pelo paciente, Com referencia a posiljao emocional do 
terapeuUl no trabalho com seu paciente, deve basear-se em uma caracte­
ristlca a funC;ao do Eu do anallsta [Gitelson. 1952: Rengall. 1966), in dis­
pensavel para qua este possa situar-se ante 0 paciente e compreender 
amaterial Os espectos dessa concepc;ao utilizam para tal um dos elemen­
tcs menclonados pOl' Freud (1 920J, e que participaria do mecanismo 
da Identlflcac;ao, a "Einfuhlung". expressao alema de diffcil traduc;ao literal. 
par ela traduzlda do Ingles. com alguma infelicidade, pelo termo "empathy", 
Apesar da Importancia concedida pelos autores estadunidenses ao 
suncairo de empatla, um unico trabalho. nas ultimas deca::las, foi especial· 
mente elaborado. Green50n [19601, pelo expos to, expressa 0 ponto 
de vista dominente na esco'la estadunidense, ao afirmar: "Ter empatle 
Slgr,lflca compartilhar, experimE'n,tar os sentimentos de outra pessoe, 
Este compartilhar e temporario E um fen6meno pre-consciente, 0 prin­
cipal motlvo da empatia e obter a compreens80 do paciente" Mais adiante 
diz, "A empetla necessita ser diferencieda da identifica(f80. embora parec;:a 
eXlstir uma intima relac;ao entre as duas A identificac;:ao e urn fen6meno 
essencialmenta inconsciente e permanente, enquanto a empatia e cons­
clente e temporaria" Kohut (1966), ao ebordar incidentalmente 0 
tema, considara a empatia como uma func;eo da parte aut6noma do tu. 
que 510 origlr,e ou 5e bloquela nas prlm8lraS vlvE!ncias da crianc;:a com 
o selo materno. 
Oesta maneira, 05 autores estadunldens8s nElO admitem que 0 ana­
Iista estabelec;a normalmente uma relac;ao objetal com seu paciente, com 
a consegUinte partlcipac;ao dos mecanismos peculiares e toda relar;ao 
obietal, como, entre outros, os de introler;ao e projeGEn Reich [1960) 
nao delxa de reconhecer que "existe no terapeu ta algum Interesse libldl­
noso obletal para Com 0 peciente, 0 que COnstltul uma condic;ao preVia 
para a empatia" Mais adiante, contudo, crltica a escola inglesa pOr causa 
da enfase que esta concede aos conflitos agressrvos pre-genitais 10 aos 
mecanlsmos de introjec;ao e projec;ao e de sua propensao ever 0 processo 
analitlco como uma mutue identiflcac;ao e proiec;ao entre analista e paClen­
te ou antre partes das respectlvas personalidades, A autore rechac;e 
tel enfoque aflrmando que se trata aqui de uma confusao entre e forma 
especial e transit6ria de identificac;ao da qual depois 0 analista se desllga, 
tal como ocorre ne empatie, e a identificac;ao e e projec;ao em sua forma 
mais direta. 
Dutro grupo importante de psicanalistas, seguindo os pontos de vista 
iniclalmente sustentados porHeimann [iS50l e Money-Kyrle [1956J. 
mas realmente estruturados e desenvolvidos por Racker (196OJ, em 
8uenos Aires, e adotados por outros analistas ergentinos [Grlnbarg, 
1957 e 1966; Rodrigue, E, & G., 1966), admite, junto a contretrans­
ferencia descrita pelos estadunidenses, uma contratransfer~ncia "nor­
mal", considerada Como imprescindivel para 0 funcionamento do processo 
analitico do qual 0 terapeuta e parte integrante, A contratransferencla 
classica, admltida pelas duas correntes, nao seria mais do que uma carica­
tura. um desvio quant',tativo dessa contratransferencia "normal" Este 
grupo admite a participac;ao dos mecanismos de introjec;ao e prolec;:ao 
por parte do terapeuta em sua relaljao com 0 paciente e considera 0 
processo analftico como um complexo de transfan§ncia _ contratransfe­
rencia; em todo momento 0 analista tE'm consciencla de sua participac;:ao 
em tal processo. 0 grupo admite 0 carater nocivo dos desvios incons­
cientas dessa posic;ao normal - a contratransfer€mCia patologica _ e 
a necessidade de sua superaC;ao ou resoluC;ao Sustenta. entretanto, 
que a compreansao pelo analista dos mecanismos particlpantes em sua 
relaljao com 0 paciente pode sar usada como instrumento tecnico em 
seu trabalho. 
oessa forma, a empatia aos estadunidenses nao e 0 mesmo que 
a contratransferencia normal dos Ingleses e sul-amerlcanos, A prime ira 
e uma conceplj80 semi-estatica. pre-conscience, urna caracteristlca aut6­
nome do Eu, A segunda, essencialmente dinamica, e a consequencla de 
uma relac;ao objetal em um princlpio inconsciente, mas logo feite Cons­
cienta pela capacidade de "autoinsight" do analista 
Sem omitir, preliminarmente. nossa edesao a ultima corrente, deseja. 
mos destacar que a controversie fundamental reside na definiG~lO daqullo 
que sa entende por posiljao emocional normal do terapeuta no transcurso 
de seu trabalho ou no conca ito de empatia adotadopelos autores estaduni­
denses A seguir examinaremos certos aspectos neo muito claros, orlun­
dos do usa da expressao "empatla" em psrcanalise, para logo sinteti­
zarmos nosso ponto de vista sobre a participac;ao emocional do analiste 
no processo psicanalftico, 
'PO 188 
2 _ CONCEITO DE "EINFUHLUNG' 
o import.ante papel da identlflcaqao no pl'ocasso pSIQuico que pOSSI­
bi11ta a compreensao dos sentimentos na outra pessoa, fe', tradicional­
mente ~eccnhecido, de forma tacita, mesmo pale psicologia nEIO analftica
 
como ,In' compcnente da pOSiqElO emocicnal do analista ante seu paci,ente,
 
Freud 11920J abordou 0 tema, de forma expliclta, no capitulo VII de
 
sua PSlcologla das massas e anallS2 do Eu, e, ao tratar de alguns aspectos
 
alnda obscuro5 dos meCanlSm05 de Identlflcacao, fez referancia a pertici ­
par;.ac do procE:SSO denomlnado "ElnfuHung" pela pSlcolcgia, "processu 
de que depende em sua malor parte, nossa compreensao do Eu de outras 
pesso85 Mais adiante, em uma nol.a de rodape, afirmou' "Pertlndo da 
idenLIFlceC;,o a atrav8s da imltat<ao, chegamOs a Einfuhlung, is to a, a 
COrl,prE:ensao do mecanismo que permite adotar, em geral. uma atitude 
determin8da	 com respelto a outras vldas psiqulcas", 
Parecp. que, ate 0 momenta. ninguem se dispos a lnvest',gar, entao, 
o con;:,eito de EifOhlung usado par Freud. Trata-se de uma doutri.na em a­
nada da pSlcologia filosofica de fim de seculo, mais especi e do 
chan1ado'pSIQologismo" dominante na epoca. A dmJtrina de 'Einfuhlum( 
e de autcrla do fl16sofo Trleodor Lipps (1 923), desenvo\vida em sua fon~a 
acabada emDs fundamentos da estetica, orlgir18lmente edltada em 1903. 
, Lipps Introduz 0 concelto de "Einfuhlung" para expilcar os rnecanismos 
II que 12vam a Identlfica!;:80 com C1 belo, a uma compreensao psiQuica do 
]/ sentlmento estetico A "Einfuhlu'lg", em sintese. "e aquele mecanlsmo 
pelo qual contemplamos as cOlsas, estabelecemos com elas uma mutua 
corrente dl? Influencias, uma especie de endosmose, com a qual. par 
urn lado mfundllT'os nossOS pr6pllos sentlmentos mas coisas, e, por 
ouLre. recebemos, de sua configurec;:M e de suas prcpriedades, de term i­
nedc:,s Irnpressoes" {Lipps, 19231 
Dessa manella, vamos que a coneep!;:ao usada por Freud EO da qual 
sl,;rrjlU a trClduc;:a(] "empatla" n05 autores Ingle5eS, compreende dois tem­
pus: urT' prOleLivo e outro introletlV'o, Era a esse Interc§mblo de proieqoes 
elPtroleqoe que Freud se refeT'la no capitulO 1<3 mencionado de Psicofogla s
 
das rnassas e analise do Eu,
Coma 1<3 aS5lnalamos, 0 termo alemeo e de dlficd tradut<ao Literal-
mente signlfica "sentir em si"; rOi traduzido para 0 ingles como "empatia" 
e pcH'a 0 castelhano como "projec;:ao sentimental" Esta ultima forma 
fUI utilizada na traduqao espanhola do Tratado de Lipps e da obl'a de 
Fre'.Jd,A vaguldade da palavre "empatia" delxou confuso seu Emprego para 
nte 
explioar <1 posiqao de cornpreensao do psicanallsta em rela!;:80 ao pecie 
e dentro do processo psicanalitico por tudo que terminamos de expor, 
a "Einfuhlung", sem duvlda, corresponda mais acontratransferencia nor­
e ao 
ma', Clue oonceituarnus Inicialment.e, com seus mecanlsmos de proj 9 
e Introiec;ao mutua, do que a limitada concep!;:ao cia arnpatia ado taL 
pelos autol'es norte-americanos, 
3 - CONTRATRM-.JSFERENCIA - POSlc;Ao
 
"NORMAL" DO TERAPEUTA
 
A partir das consldera!;:oes elaboradas no Item anterior, pretenderros 
fU'ldamentar melhor nosso ponto de Vista sob,e a poslC;ao emoclonal 
normal do terapeuta na situac;eo analitlca, isto <3, trata-se de ums ralat;;ao 
ob letal se melhante a qualquer cutra, na qUEll funci,anarn mecanlsmos priJle­
tives e Intl'ojeLlvos, com caracterlstlcas IUllclona',s partlculares que, a 
segulI, tr'ataremos de slntetizar 
Oesde 0 COnl€C;O do tratamanto analftlco. 0 terepeuta e 0 obleto 
central e primordial de fantasia do paciellte, a qual manlfesta, baslca­
mente, caracterrstlcas hbidinalS ou agresslvas Em garel, tals caracte· 
ristlcas positlvas ou negativas coaxistem fusionadas A elas sa sobre­
poem outras com finelidades defensivas, que deterrninam uma modlf',­
ca!;:ao ou deformal;:ao das fantaSias basicas, reprasentando a relal;:ao 
\.I'ansferenciel do paCiente com seu anallsta 
Ante esse modo de funcionar, 0 terapeuta se situara consclente 
e inconseientemente, iste e, "contratransferencialmenta". A percepC;:E!O 
da fantasia inconsclente de paclente nao resulta apenas daquilo que e 
ouvido ou VIStO pelo anallsta Este estabelece um contata profundo, efet',­
vo, emocionel, mediante Unl continuo mavlmento de IntroleC;ao e de prOle­
C;ao em rela9ao aoseu paCiante - seu obleto no mcmento Eefetivemente, 
a frm de compreender a qLle esta ocorrendo, 0 terapeLlta proleta partes 
suas no paciente, rnobihzado pela sue eUriosidade, assim coma oelas 
vlveneias relatlvas a sua anal,lse pessoal e a suas experienclas anterlores, 
Per intermedio cJessa verdadelra identlficac;.3o por prOj'aC;EIO, 0 anallslCl 
pode acompanhar e pr-rceber os olver'SOS iT'ovimentos emocionals de seu 
paClente, os irnpu',sos e as dafesas da ego, sempre em relac;ao com seus 
obletos intarnos e externos, Coneomitantemente, verfica-se um mOVI­
mento no sentido oposto, isto <3,0 anallsta Ir,croJeta suas proprlas parLas 
de inlclo projetadas no paClante, junto com os conteudos do material 
varbal e nao verbal desse ultimo, Tudo isso se Impragnara e se organlzara 
no inconsciente do terapeuta, qUe dessa maneira, se poe em aGilo. 
Assim sendo, gradualmente, desenvolve-se na mente do allallsta uma 
nist6ria ou fantasie, na qual e da maxima Importancia a denominada equa­
C;aD etiologica de Freud. Esta, no analista, Inclui sues vlvencias atuals, 
especlalmente aquelas re'lacionadas com a sltuac;ao analltiea, asssim co­
mo sua concepC;ao te6rica vigente no momento e sua experiencia cllnlca 
Se as relac;:oes objeteis tem importancia no esquema conceptual do ana­
llsta, na historia ou fantasia perceblda serao identlflcadosdois persona­
gens que representam 0 paeiente e 0 terapauta, Oestaca-se tambem 
o v':nculo emoclonal existente entre ambos na organlzac;ao da trama da 
fantas'a selCl em termos de obletos tot8is CU, a que e mais frequente, 
err term os de objetos parclslS, tanto do paciente como do analista, e 
que nao depel',rjem da realldade externa e objetlva. Assim, os diversos 
aspectos Inc',uidDS nas associac:;oe5 do pac1ente corresponciem a determi­
nedas respostas C:JnsoienteS e InconsClentes do enalista, A sucessao 
de tals fanta::"as com;::Jreendldas e Inter'pretadas, determina a evoluljao 
do tratamenlo analltleo, Llrra vel que as interpretac:;oes descobrem slste­
mat!cament2 os papeis dos dOls per'sonagens centrais, paclente e ana­Ils~a, cs v'niwios qL,e os ligam e os motivos daterminantes desses vinculos, 
Nesse sentldo as Idelas que estamos desenvolvendo nEW se distanciam 
muito da concf?Pt;ao de "campo analit1ca" estabelecida par W, & M, Baran­
ger [1961)DevemDS esclareoer que a fantaSia ;,nconsClente desenvolvlda e ex­
press pelo pacle'lte e imediatamente Introletada pelo terapeuta nao 
e so aarelata de uma histone Realmente, Crladas por impulsos instintivos 
e orle'ltadas ate a pessoa do analista, tels fantaSies, recolhidas par 
est'" apr'esentJm-se, de manewa geral, como earacteristicas eltamente 
dlflam;C<lS Corr efeito, com elas 0 paciente busea rnaneiar a terapeuta 
seQU'lcio SLas necessidades inconscientes. Conforme a s·,tuac:;ao, pade 
eeurrer (jlJe 0 analista sela levado, ou ate arrestado, a assumir papeis 
CiO gesto do paclPnte, Estariarnos entao ante a 'contratransferencia 
oruetive' descflt8 par Grimberg (1957J, Em determlnarlas t.:ircunstan­
Clas. pode tambern represantar uma parte au a totalidacJe da fant2lsie 
oaslca IneonsC!en",e do anallsta; em tel situaliao, tambern cabe a este 
assu:T',1r 'gualmente uma posit;:ao defenslva contra a reallzac:;ao da fantasia 
haslca E ob'J'o que 0 sentido desse processo modlfica-se incess ante­
rlente eo suceder psiqulco dependare nao s6 da intensidade das fanta­
Sias :'lconsClentes do paclente mas tambem das respostas do terapeuta, 
Uc SL,Cl ct:lpaGldede de compreensao e da rapldez com que possa inter­
pretar' detalhada a relteredamenta 
No desenvolvlmenLo de um tratamE'llto analitlco ou na analise de 
urna neurose transferencla'" 0 paciente ten tara desdobrar as suas fanta­
sies Inconsclentes aSSlm oomO manifastar as ansiedades concomitantes, 
nas qUt:l;,S se percebem suas tentativas de envalver, de uma ou de outra ~anelra, seu terapeuta De',era este, mediante suceSSlvas projet;:oes 
e introlec;oes, Identlficar-sa oom as obletos e situat;:oes passadas do 
anallsando, compreer,cJendo suas flutuar;oes entre 0 amo, e 0 6dio. sua 
ansledade e suas def esas 50mente asslm admitlndo dentro de si as 
fantaSias do pac,ente. Identlflcando-se corn e',e, podel'a 0 anallsta enten­
der e ampilar conscientamente tudo 0 que percebeu, mas agora jEl depu­
rado rnrlqlJPcldJ, orrlenado e compreendldo, sob e forma de interpre­
l,ac;[jI2S nSlc,Jn8Iit.lcas, ern particular a~ Interpretac:;CJes transferenciais 
5eqlmdo Martins (1964J, com as interpretac:;oes transferenciais 
c terap<,uta desfaz a tentaLiva maglca do pacienLe de envalve-Io e enre­
da-ICJ nUrlil filnLasiCl que Iha e alhele, Desfelta a magl8. anallsta e anall­
sande S,=ntE"1l um 8livlo, uma dlmlnull:;ao da ten sao psiquica. 'Jlvenciada 
l2mbel l eOrlO satisfaC;8c e prazer, ac serem reduzldas as terlsoes ate 
8nt~0 eXlstentes, Nesse momanto, esta-se desfazendo a magia ani po­
tenta e 0 terapeuta se VB liberado da trama na qual 0 paciente tentou 
envalve-Io, Ao mesmo tempo, ao intarpretar adequada e oportunamente, 
desfaz e rasolve a fantaSia Inconsciente efaborada sobre sua pessoa, 
assim como, vinculo fantastico estabelecldo corn 0 paciente 56 entao 
aparecem ambos, analista e analisando, em um flash, como obletoS reals 
au pelo menos, malS proxirnos da realidade objetlva, 
Desfeito 0 aspecto maglco, onipotente, da relac;eo de transferE!rlcie 
contratransferencia, recanheclda melhor pelo paciente sua realldade 
Interna, seus obietos intrajetados e a vinculo que com ele astabeleceu, 
s6 entao 0 analista pode ser percebido 80mo objeto real 0 paClente, 
alam dISSO, recor,hece, incorpora e Introjeta partes ou aspectos de seu 
Eu ate en tao InconSClentes Reconheclmentos sucassivos desta ordern 
permitam a ampllat;:~1D e a enrlqueclmento do ago a custa de partes que, 
antes, se encontravam ocuftas ou parmanecram inaperantes, com a que 
a Eu amadurece e se fortalece progressivamente, 
Com reconhecimento da realidade interna e externe, 0 paclente sente 
culpa e responsabilldades autentlcas a que jil Impllca alguma necessldade 
de reparac;:ao. 
4 - DINAMICA ANALiTICA E 5UA5 lMPLICACOE5
 
NA FORMAr;Ao PSICANALiTICA
 
Expostos nossos pontos de vista sobra e din,3mlca da sltuac;ao <'lna!l­
tlca a 0 papef nela rapresentado palo psicanalista, d8S8!amos destacar 
uma consequencia. logics derivac;:ao daqullo que acabamos de expor Oue­
remos mencionar suas Importantes impllcac;6es para 8 formac;:aa pSlcana­
litiea, sela na selec:;ao de candidatos. sela nas anafis8s pessoais e super­
vls6es. 
Acreditamos que a capacldade de mover-se dentro do processo anall­
tlCO com uma contratransferencia normal - para nao falar da patol6gica, 
aspecto sempre reconhecldo par todas as correntes - depende essenclal­
mente da Inexistencia de trat;:os esquizoldes au parenoides de certa impor­
Umcia na personalidade do terapeuta, ou de traljos narClslstas para usar 
aqui a nomenclatura femillar a psicologla do Eu, 0 terapeuta deve ser 
capaz de deixar-se envolver pelas fantaSias latantes de saus anallsandos, 
projetando-se transitunamente em seus paclentes, Ao mesmo tempo 
necesslta Introjetar os aspectos asslm obtldos e, dessa forma, vlncule-Ios 
ao seu proprio Inconseiente 
Eopcrtuno recordar aqu', a c1asslca frase de Freud: ''Das Analyslel'en 
verdwbt den Charakter '. ou sela que a analise eltera e modi fica 0 car'ater 
Mas tambem po de significar arrUlrlar, estroplar ou adoecer 0 enalista, 
Com efelto. ha eandidatos a ps',cenellse que nao suportam a expA­
rlenCle constanLe e relterada dos sentlmentos de frustrac;ao, Impotencla 
ou ansiedede. deseneedeacJos inevitavelmenta pela situat;:ao analitlca, 
Dessa maneira, as limltat;6as de nossa :Jepac'ldade pera ajudar 0 paclente 
constituem-se em outra fonte de tensao e desprezer, sabrec8rga nem 
I J~ 
'~2 
1 
sempre faed de 5uportar e elaborar pare eertos candidatos, Estes costu­
mem entEIO defender-se de introjetar tais emuc;oes e sentimentos dese­
gradavels Ern outras palavras. defendem-se de adoecer passageiramen­
te, usando varlOs mecenisrPos. entre 05 quais cabe mencionar certo 
greu de dlstEJncie Com 0 paciente, friez8 au rigidez efetlva ,Igualmente 
Com a finallclade de "nao sentw" 0 paclente au de nao se envolver afetive­
me~La co'" ele, Assim 0 l:Januino interesse pela pessoa e substituido 
pela compreenseo inteiectuel do caso, pela novidada cienLffica de eertas 
minuclas descobert8S no transcurso do tratamento ou pala possibllidade 
de que 0 material de seu pecl,:nte possa confwmar teorla!:> ou tecnlcas 
mUlto reCentes 
Enec,essarlo dastacer que aqui la podemos estar pr6xlrnos da frl1n, 
lewa com a contratransfen3nCIa patolcigica, apesar de, mUitas vezes, 
trat'lr-se de sltu:H;oes de, relatlvamente, pouea profundidade e de escas­
sa intensidade Teis SltuaGbes, contuoo, voltam com inusltade Frequencia 
ou rJermClnecem com rara 8stabilidade Mesmo aSSlm, Lais problemils, 
Isoladcs ClI.1 reunldos podem, na pratica. criar uma quase Impossibllldade 
eo candidate, qualselu a de estaoelecer a Impreclndfvel relacao emocional 
cu empaLlca com 0 anallsando, 
5 _ ;IE"f.:RENCIAS L118L10GRAFI[.11S 
B[,RANGE~ 'Ii & M 1186': L~ Slf,U8c'on snijlit,cil c;omo campo rj'n!lm,co, Rev l!ruguilya 
cOf' Ps,CO,.lnil,',srs 11 
8CJ~11 L " & FOL_CH-MATEl! P (1983\ i'I"oblemcs rlm,q'j!ls et t~chnl[jues du <:onr.re­
Lnr,sfer'c, Rev,;c Franya'se dll Psvcnenal ,27 l1um~ro ~speclal 
i:HEUD S ('192[;'1 C,-rjUp PsycMll1gv and Anal;,srs Of ~Ile EQo,St,mcsr(1 Edition, LondDn 
Hoqal'l!" r-'r>;S5 " 18 
rOiTELSOU, rj, i 18521 Tlw e",otlon~1 r.051',wn c' Lh~ a[1alyst In lh," psyc!1oanalvtlcal Situ a­
IllOll 1'1'1. ,.' Psycho-Anal 33(11 
r.:;FE;Er~SON R 11 9601 EITlp~thy and I(S !IClss,tLJde~. In, J P5ycf-o ..j,nal ,41 
GRLNL)>=RG L 11'=1'j71 ",pr'c'''o;;Jc1ones e'l',i) 'ntel',~cet8~I0[1 pOt lil cantra-,rjpnliflcClc'on 
urCyrr II"'~ k~v c'le f"SJCDiJ'l"J"OiI'<; i 4 \ 1 i 
I_A~"(':'FR /,,'1 Ll8ERMAN" POORIGUE. t: RODRIGUE, G 11966) EI prOC~50 
ar"l',lIC'l RElillo <I' II CongrE50 P~n,-,m€rlcamJ de P5ICQ;)r.ah~IS, Buenos Aires 
HEL MA~JN I' 119501 Or1 Counterlran5ference, Int. ~I Psycl1o·Anal , 35 [ 11 
',,-OI---jUT H '.',9661 Forms ()IlU T,'ans'ormat'ons Of ~·la!'C'SSI5m, •.1 Am Psych()-Anal, A5' 
S'Y ,14 ,'21 
UPPS T I' 82J' Lns rur;d;;mCntos oe la ~~(At,ca Madrl~ clQI"ro 
MA,lTINS M 1,9641 Comur>lca,16n a I;; SOCl8llad Psloal"alltlca de Porto AI~gre 
MDNFY ,KIRI. f.:, R i 18·561 NO,omsl CaunterLrsl1sfere-ece and Some of ,t5 O~vlatlOn5 Ir>t 
) Psycho·'l",ai 37, 
"1/\CKER f-J (1360), Los ",gn,flcadDs Y \ISDS d~ 18 contratrar>sf~c~nci8 1[1 ESClidIOs sabre 
[~CnICiT pSlcoanalitJc,' Buenos A,res Pald6s 
qA;JCEL, L 118661 The psychoanallW: process RelatCl all'l Congreso PSlcoanal,tlco Pana· 
mcrlcano BU",,-"lJ" Awes 
qE,CH A ~I 9,,0! Fljrtr·er Remal '~s on COIJ'1c~rl,ransfer~nce Int I' P5'vcho,Anal .l i 
ROQ::<:IG'_,c C & RODRIGUE, G 119661 EI Wlltl'XW del proreSD analWcD Buencs Aires, 
[14 /Situar;oes dificeis na 
clinica psicanalitica* 
Inrrodll~d" 
Exemplos ~jf"'r'licos de "si"",~ ~'s 1I((;c";.<" 
J, Sjlllaroe.< ,II/ICe" e " """':",m de ".Tel/ill!.: m'nl'/lW" 
4. (1"",der(J"jc>.rin",~ 
05, Ru4ineia,' bibllDgrafieas 
1 - INTROOUi;Ao 
o present-e teme presta-se edrnlravelmente e um I'ntercamblo de 
ideias. assim Como serve da suporle para 0 cotelo de "praxIs" mals ou 
menos Imnrovisad8s, sem corpo de doutrina flxada E. pm5, um Dos assun­
tas malS prliprio5 ao debate de 110S5a atividElde clinica, que, para sar 
Oem desenvolvlda, precisa olhEr sempre pal'a dues faces a do anallsti'l 
e a do pal1lente, 
Com eFalto, neste trebalho, fazernos abservai;oes visendo a Intro­
duzrr' urn debate sabre 51tuacoes diF(cels na clinice anaHtica, levando em 
conta que as dlficuldades do' paClente provocem problemas no allallSla 
os quais revelam dificuldedes especfficas de sua formacao, 
I
 2 - EXEMPLOS HIPOTET,ICOS OE SITUAGOES OIFiCEIS
 Quanto ao paClente d!hcil em analise , pode ser aquefe com 0 qLlal temos dificuldade de conviver em virtude de suas idlossincraslas pes, soais, !1em sempre compreenslveis, interpretaveis ou eleboravels, quer 
Dplll'l5 
TcClbelho resliz'3do em colalloriJ\;ao CQm SergiO 0 M€~"ias e AnLrJnlo l 8 MoslClrElelroIY 
1C~, 
d'zer, nem selnpre modiflcavels Nestes casas, a mals diFicl1 suportar 
Sl~~ 'r;:OSlst@nCI<:l" au suas atitudes "agressivas" Epassive I que, nestas 
';1~IJar;:rJe~~, ciJlba ao anallsta grande parte das diFiculdades 
IJma I)u'~"a posslbllLdede de caso dlficil pode estar relaCionada a urna 
(Je~ermlrl;acJa fase da carreira pSlcanalitlca de analista Suponhamos um 
caso em slJperVISao d'dat:ca em que, na proxlmidade do termlno da super­
VIS;JC, c raClente tr<:lZ a notiCla de que te,a que se transferlf para outro 
estado au fazer L1tTla v:agem de estudos para 0 exterior - enflm - deve 
Interromper r_emrorarlamente a analise, Aqul, para 0 a'lalista, nEm ha 
nterrupc;a::J tE:mporaria mas 0 termino de Ijma experiencla analitica que 
assim 5e frustr8 Neste exemplo hipotetieo, 0 fa to "termino de super­
VI5;''IO'' nao CaL parte da blognJfla do paclente como a Faz da cC1rreira 
pSlcaniJlitlca do analisla 
Alnda uma Dutra situac;ao dlflcll pode ser conflgurada, aD Imaginarmos 
urn anallsta flnanceir;:lmenta dependente de seu paelente - ao menos 
por urn periodo dR sua '.llda - ou Imaglnames sempre urn allallsta economl­
camente l'loependente dE: seu paelerote'J Oependendo da resposta a essa 
pergunta, pode-se cor:figurar como uma situaGao dificil 0 casu de um 
paciente sofrer u~ ,"81.,es eeonomlco e flear Imposslbllitado de pagar a 
aniJllse 
Sp as SII)JaGoes aClma refefldas forem aceltas como dlficeis, perce­
be-se que e cia rnaxima Importaneie, na evallaliao e delimltaQEJo de situa­
lioes d,fiC£% da c1inlca analitiea, levar em conta, com toda a clareza, 
o mLlme"ta Vital em que se en contra 0 analista, assiln como a soma 
da suas habilidades d,sponivels nesse dado momento e a soma de suas 
dlflculdades presentes, 
3 - SITUA,DES DIFICEIS E CDNCEITO DE
 
"SETTING ANALITICO"
 
P;:onsamos que urn ponto de referenCla muito utd para a eompr'eensao 
do terna "S' tuaQoes di ficeis" se Ja 0 conceito da 'setting analitlco" "enqua­
dramento' au "moldura" 0 enquadramento analitico eorrsta de uma serie 
de elementos mais ou menos f,xos. estaveis, da situacao analitiea que 
nao se confl.. ndem como proeesso, mas devem, outrosslm, conte-Io e 
delim,ta-Io 8em mUIL<:l d,seordEmcla entre nos, podemos Identlfiear uma 
sltuar;;ao clinlca dificil do seguinte modo. em relaGao ao anquadramento: 
e tanto mal!', dlflcd a sltuar;:ao quanto rTi81S ela ten de a alterar ou trans­
fo,ma, 05 COlTiponentes do enquadremento: alLerar asslm a propria estru­
tura que suporta a analise e [lUe ccntem 0 par analista-anailsando, 
Poder~o obleL<:lr-nos, por exemplo, Clue urn paclente ebsolutamenta 
sllenclcso e Impassl'Jal e uma sltuac;au dlficil e que ela em nada amealia 
a estrl,tura f,xa da sltuaGao analitlea, chegando mesmo a consolida-Ia 
Acred,tamos no entanto, que em nosao trabalho, essa e uma das 
sltuaGoes il.Je mals forca a alterar,ao do enquadramento, porque nada 
tao intensamentE: Quanta 0 sdenclC] absuluto do paciente Ir.lplice a tenta­
196 
tive de Inversao de papeis - 0 sllenelo~ do paelente pode forGar alterCl­
Goes no campo da sessao, 
Relatamos, a segulr, 0 caso de uma paclente que hebltualmente, 
por mUltos dlas de analise, permanec,;a em silenCio Passedo elgum tempo, 
disse que, quando nao falava, seu anallsta movlmentava-sa am sua eadelra 
com muito mals Frequencla do que nos perlodos em que trocavam algum 
dialogo, Sentle como se a cadelfe a estlvesse espetando 
A segull associou com um aconteeimento de SUcl inf<'mcia que retra­
tava, em seu entender, sua extrema passlvldade infantil: tlnha tres ou 
quatro anos quando um familiar [pal ou tio] queria fotografa-Ia efT' un'. 
local on de havla mUltas flo res Tomou-a no colo e a coloeou sob,e um 
montlculo de terra que havla por detras de um pe de hor'Lenslas Ele 
nao sabia que 0 montieulo era urn formlguello, mas a menlna iogo pereabeu 
do que se trata'J<J 0 fot6grafo d,z,a: "flee qUieta, neD te move" 13 ela 
permeneceu ali em pe, sem sem se muver nem reclamar, severamente 
at8cada pelas forlnlgas, ate que estfJlasse 0 obt:.urador da maquina foto­
gro'lflca 
Ouando relatou essa estoria, 0 anailsta lembrou-se de que, err' val'IOS 
momentos, durante seus sllenCIOS esteve por levanter' da poltrona, pell­
sando que daverla mudar aqueie ritual de permanecer sentado, ,mobl:,zado 
na cCldeira durante um sllenclO persistente do paclente Esteve, par var,as 
vezes, em vies de romper 0 enquadramento analitlco 
4 - CONSIDERAGDES FINAlS 
Grinberg tretou de tais fen6menos de tl'ansferencia da transferencia 
com 0 nome de contra-identifleacao prOjetlva 
Em tals momentos, 0 analista pode utlll,ar conceitos incorporedos 
a teoria pSlcanalitlca, oomo 0 de Grinberg, que mencionamos aelma: mUI­
tas ve,es, porem, acreditamos Que seJa de meior provelto para 0 trabalho 
analitico Que a mente do anallsta funCJone livre de pressupostos teoncos 
[embora valiososJ e passe por um processo de questionamen to radical 
de sua pratica, de onde podera surQirum "aehado" importante para 0 
paciante (au para 0 par analista-anallsandol A proposito desse tema 
e Que Hanna Segal escreve em seu artiqo ''Psicanalise e Liberdade de 
Pensamento" que. "Apesar de as Ideias psicanalltlcas ter'em ganho certa 
acelteGao garal, a batalha pela liberdade do pensament:.o tem de ser trava­
da Individualmente com cada enalisando, no diva, assim como dentro de 
nos mec;mos" 
o sllenc:o prj08 IncllJSIVe proyocar altera~oes r~la[lvaS ao consenso 88tabel~cldo I)ar~ 
o pre~o cia S85sao ASSlrn se 0 paClertte permanece 8m sllcnclo por IJm tempo wrtelderado 
derr,;JSiacl" longCJ pclCJ ;;In<llista, 8ste pod era pensal' em aiollOllr ou abrevla~ [' tempo da 
S",SSaCl, PQ(1endo CQno;<:!<:J'IPllterrente modificar seus sentlrnento5 em rel8cao aremL.Jl'Le'acao 
'<'ue recebe do llaCIente 
1J7 
Sob:'£-! ;) paclente do formlguelro, citada aClma, entendemos que ela 
poderla est5r dlzendo que 0 formigualro era 0 diva onde "foi coloceda", 
tslvez qUlsesse ma's liberdade para leventar, sentar ou ander, eo tema 
propos to coderia ser 0 da liberdade de movimento, E a mente do anallste 
poder,a conL'r'uar 0 quest'onarnento: no caso dessa pacicnte, que seria 
Ilberdaje? Livra a~eo ou livre associaGao? Livre aQ.3o e "acting-out"? 
Dever'l;) nesta ceso, a paclente \fer-se livre do diva au 0 analista ver-se 
livre de pol trona (ernbos formlguelros)? E 0 for'mlgueiro sera uma expres­
SEll) erotica ou agresslva'J Ou ums expr'essao agressiva porque arotlca? 
Ou erotlce porque agresslva'J 
o curso livre de qlie5tlonamentos amlJiguos e antagofllcos na mante 
do 5nal'sLa, ass'm como uma amea~a oonstante dos Ilmites do "setting 
anelltlco" CaracLerlzem, a nOS50 '.Jer, a emergencia de uma sltuaQao 
dnlca dlflcd r'Jeste conr;exto, que se assemelha muito e Inquietude dos 
rnome'ltos cr'utlVos da mente, e que c analista podere encontrar ume 
"solL,~~ao' rJer"J CJ diflculuade, caso eXlsta 
Na analise de peclentes limitrofes, a emergencla de situa~oes dlficeis 
rlElD rpprasenta senao tentati'Jas do rompimento da moldura anal(tice, 
que 51mbollCame'lte 8 a propria eclosao do estado psioot;co, rompimentc­
dlsperseo dos Ilmltes do ago 
ASSlm, ume paclente "borderline' com ooasionais surtos psic6ticos, 
em analis~, a saida das sessoes dizia ao analista que ainda 0 faria ir 
c; sua casa para aLende-la, nem que tivesse que ten tar suicidio varlas 
'.Jp-zes Fez duas ou t.res dessas tentat.ivas, mais au menos graves, nos 
['Ito anos em que esteve em tratamento, em nenhuma desses ocasioes, 
o enalista fUI e sua casa, pais sempre era prontamente atendida pelo 
marido, IT'edico, que a proLegie e cercava de todas as atenGoes neces­
serlas Ide certo modo 0 marldo funclonava como um protetor do "setting 
,inal'~lco"J Certa vez 0 anelista segulu as sessoes no hospital onde preci­
sou 5er Ir,ternade, mas nunca fOl a sua casa 
Embora em S8US alto anos de analise tenhil feitc muitos progressos 
e tellha saida bastante [;'Iais Integrada mentalmente a analista considera, 
,rJ r:,;enSi'lr 2tualrnerllE':' no caso que SEU prooeulment.o possa nao te, 
sid:] u ma's adequado, Na epoca, devldo a certa Inseguran~a, abstlnha-se 
UP. Ir ve-Ia ern cesa por temer que sue relaQeo oom a peciente se compll­
casse a pOnto de se transformar numa "folie a deux", COfTl seu papel 
totalmente descaraoterlzado e dominado por ela. 
A pretensao da paciente, na epoca, era intl'oduzi-Io na sua Icucura 
(CesaJ, faze-Io vlver suas ansledades desde dentro dela mesma, da forma 
o rnals conoreta possivel, e ai observa-Io e testa-Io para segulr fazendo 
transforrra~oes de "insight", Quella que 0 enalista a visse de dentro 
dela mesrna, Na epoea, suas manobras eram entendidas mais do ponto 
de Vista do controle, da onlpotencla, da Inveja e da destrutividade, e 
o anallsta resolvia proteger 0 enquadramanto, e a Sl proprio, da maneira 
mals "desenvolta" que Ihe era possivel, Ir a sua casa seria uma ruptura 
do enquadramento, e 0 conteudo slmb6lico de sua proposta Iha foi inter­
pretado no sentido oolocado acima, A paciente concordava com es inter­
pretac;oes, mas estas nao Ihe serviam, pois quella 0 analista la mesmo, 
, 
em sua casa, fazendo com ela sessoes especlals Fantasiava que na 
ocasiao, estarla acamade, vestindo sua :nais linda camlsola de sede, 
melo transparente, e que enteo, sim, conseguiria Ihe passar Informac;oes 
a seu respelto que, na sala do consultorlo, comunicar, 
Essa imagem serviu para aumenter os temores do anallsLa de ser 
envolvido numa Intensa manobre sedutora de paclenta 0 Impact8 des5es 
temores impedrra-o de perceber que podenam eStilr se abllndo al Irrpcr­
tantes dlmensoes na comunlca~§o da peclente: tr,]nsmltlr-Ihe, et.r,:;"jeS 
da trensferE!nCla profundes ensiedades qlianto a vulnerabilldade de seu 
COrpo - vulnerabilidade que atr:wes dessil manobra se transferlu para 
o proprio Corpo do anallsta, que passou ass IT, a eVlter esse tipo de eneon­
tro sob alegaQoes de natureza tecnlca as ma',s variadas As Interpre­
ta~6es que Ihe eram proporOionadas a nlvel de ccnf',i,to edipico neo Indu21am 
a modificeQoes na sua produ~ao Imaginarie 
Acreditemos que essa paClente precisave da cor,cratude da expe­
rlencla para segull fazendo transforme~oes de "rnsight", mas os detalhes 
da formeQao psicenalitica de seu analista. na epoca, neD Ihe permltlram 
reallza-Ia 
Em um trabalho sobre os aspectos metepslcol6gicDs da regf'eSS~lO, 
Winnicott (1954-5.459) observa que "forma~oes reatlva,> no Compor­
tamento do analista sao prejudiciais, nao porque aparecem sob forma 
de tranqulllzaQoes e nega~oes, mas porque repr'esentam elementos 111­
conscientes reprlmldos no analista, que Impllcam ume limtaQao de seu 
trabalho" , 
As amea~as de ruptura do enquadramE'nto que lalS sltueQoes provo­
cam levam 0 analista a questlonamentos radicalS e par vezes amblguos 
do stabelecldo em termos de teorla e tecnlca, n~1O tendo, nesses morr,er,­
tos. mais que a intulGao para dar pro"segulmento aD trebelho 
o mesmo autor 'que citamos acima lembra muitc bern que a analise 
neo e epenas um exerdcio teCnlcD (1954-5478). Acrescentamos que um 
anallsta s6 alcenQera a plenitude de suas pOSSibilidades quando puder 
adicionar ao patamar dos prccedlmentos tecnlcos baslcos 0 livre exerciclo 
d<:l crl<:lttvidade do pensamento e da liberdade de aQao 
Um de nos * no X Pre-Congresso Didatico de Buenos Alles, a propo­
SltO da preservaQao da crlativldade na forma~eo do pSlcenaliste, observou, 
"Certamente em qualquer atividade humana e necessaria a crlatlVldade 
Mas na PSlcanallse, ela e imprescindivel nao s6 pare 0 estudo contlnuado 
e, naturalmente, para a pesquisa, mas pnnclpalmente para 0 trabalho 
com os unalisandos, na atividade do dia-a-dla com 05 paClentes, Todos 
sabem que 5em 0 desenvolvlmento da capecidade crlatlva _ que deve 
eXlstir em cada momanto da sessao -nao pode exrstir analise, 0 paclente 
atraves das assoclac;oes IIvres traz para a sessao uma parte de sua 
pessoa que s6 se torna Inteligivel - proporOlonando InSight _ quando 
o analista, com sua atenr;;ao flutuante, cl'ia e completa a outra que falta 
ao paClente, atraves da interprataQao" 
• ver Item 9 - Ef""to5 sabre <'1 formayao do anal,s,.;) __ no C,lplWlo <1 deste I,vro 
IU!J 198

Outros materiais