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C. DIREITO ADMINISTRATIVO

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1 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
PROFª. CRISTINA MOGIONI 
 
PODER DE POLÍCIA 
 
INTRODUÇÃO 
 
O regime jurídico-administrativo, como já visto, caracteriza-se pelas prerrogativas concedidas 
à Administração Pública e sujeições a ela impostas para resguardar a liberdade dos indivíduos. 
O poder de polícia é uma das atividades da Administração Pública em que está presente a 
bipolaridade abordada: a autoridade da Administração Pública e a liberdade do indivíduo. De um lado, o 
indivíduo, que quer exercer plenamente seus direitos; de outro lado, a Administração Pública, que tem 
a função de conformar o exercício dos direitos individuais ao bem-estar coletivo. A conformação dos 
direitos individuais ao interesse público é feita mediante o exercício do poder de polícia. 
 
CONCEITO 
 
Para Hely Lopes Meirelles, “Poder de polícia é a faculdade de que dispõe a Administração 
Pública para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em 
benefício da coletividade ou do próprio Estado”. 
O Código Tributário Nacional, no seu artigo 78, traz um conceito de poder de polícia, já que 
seu exercício é um dos fatos geradores da taxa: “considera-se poder de polícia atividade da 
administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a 
prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à 
higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades 
econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou 
ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos”. 
 
FUNDAMENTO 
 
Fundamenta-se o poder de polícia na Supremacia Geral da Administração Pública sobre os 
indivíduos. Vale dizer, não é necessário que exista uma especial ou qualificada sujeição do 
particular à Administração Pública, como ocorre entre esta e os servidores públicos, os contratados, 
etc. Decorre, então, o poder de polícia, do princípio da supremacia do interesse público sobre o 
interesse particular. 
 
MEIOS DE ATUAÇÃO 
 
O poder de polícia pode ser exercido pelo Poder Legislativo e pelo Poder Executivo. 
Através do Poder Legislativo, criam-se, por lei, as chamadas limitações administrativas. 
Através do Poder Executivo, a Administração Pública “regulamenta as leis e controla a sua 
aplicação, preventivamente (por meio de ordens, notificações, licenças ou autorizações) ou 
repressivamente (mediante imposição de medidas coercitivas)”. 
O exercício do poder de polícia pelo Poder Executivo também é conhecido como polícia 
administrativa. 
Modernamente, o poder de polícia diz respeito aos mais variados setores: segurança, meio-
ambiente, patrimônio cultural, propriedade, defesa do consumidor, saúde, etc. 
 
CARACTERÍSTICAS 
 
Costuma-se indicar as seguintes características ou atributos do poder de polícia: 
discricionariedade, auto-executoriedade e coercibilidade. 
Na maioria das vezes, o poder de polícia é, de fato, discricionário. No entanto, também 
 
 
 
 
2 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
PROFª. CRISTINA MOGIONI 
 
existem atos vinculados praticados com base neste poder. 
Sempre que o poder de polícia é discricionário, o administrador possui certa liberdade de 
ação, tudo dentro dos limites estabelecidos em lei. Assim, a Administração Pública poderá, por 
exemplo, escolher a sanção que melhor reprima o exercício abusivo do direito individual em 
questão, analisar da conveniência e oportunidade em conceder uma autorização, como, por 
exemplo, a autorização para porte de arma para pesca. No exercício discricionário do poder de 
polícia, a Administração Pública deverá observar os princípios da razoabilidade e da 
proporcionalidade. 
O poder de polícia também é vinculado quando a lei estabelece qual a conduta que deve ter o 
administrador, sem qualquer liberdade de atuação, diante do caso concreto. Exemplo típico do poder 
de polícia vinculado é a licença. Se o particular atende a todos os requisitos dispostos em lei, só resta ao 
administrador conferir-lhe a licença pedida, como, por exemplo, a licença para construir, para dirigir. 
A licença se opõe à autorização. Ambas decorrem do exercício do poder de polícia. A primeira 
configura exemplo de exercício vinculado do poder de polícia, enquanto que a segunda configura 
exemplo de exercício discricionário deste poder. A licença atende a um direito subjetivo, é, 
portanto, definitiva. A autorização atende a um interesse individual, mas não a um direito 
subjetivo; é precária, porque se sujeita à revogação pelo Poder público. 
Pelo atributo da auto-executoriedade, a administração pode fazer cumprir suas decisões, por 
seus próprios meios, diretamente, ou seja, sem a necessidade de buscar autorização prévia do 
Poder Judiciário. 
Assim, a Administração Pública pode advertir uma indústria que esteja causando excesso de 
poluição ou pode multá-la e, até mesmo, interditá-la, obrigando a que paralise suas atividades. 
Deve-se fazer uma ressalva no tocante à imposição e execução das multas. A Administração 
Pública pode impor as multas e utilizar meios indiretos de coação para com o faltoso, mas a 
cobrança do seu montante depende de ajuizamento de execução fiscal, nos termos da Lei 6.830/80. 
Há quem desdobre o atributo da auto-executoriedade em dois: exigibilidade e 
executoriedade. Pelo primeiro, a Administração Pública pode obrigar o particular 
independentemente de sua concordância e de obtenção de autorização pelo Judiciário, 
podendo, ainda, utilizar meios indiretos de coação. Ex: a imposição de multa a motorista que 
dirigiu com excesso de velocidade, impedindo também o licenciamento do veículo utilizado 
enquanto não paga a multa. Esta sanção não é, no entanto, dotada do atributo da 
executoriedade, já que a cobrança da penalidade depende de propositura de execução. Pelo 
segundo, a Administração Pública pode executar diretamente as decisões tomadas. Ex: 
apreensão de mercadorias deterioradas ou com prazo de validade vencido; interdição de 
fábrica que cause excesso de poluição; dissolução de reunião perturbadora da ordem; etc. 
Enquanto a exigibilidade está presente em todas as medidas tomadas com base no poder de 
polícia, a executoriedade só existe se houver lei autorizadora ou se a medida for de tal modo 
urgente que, se não tomada, o interesse público será prejudicado ainda mais. 
A coercibilidade credencia a Administração Pública a impor coativamente aos administrados 
as medidas adotadas, utilizando-se, até mesmo, de força física, se necessário, no caso de existir 
resistência da parte obrigada. 
Na verdade, a coercibilidade e a auto-executoriedade não podem ser apartadas, já que estão 
intimamente relacionadas. 
Há quem ainda confira outro atributo ao poder de polícia: o fato de ser uma atividade 
negativa, isto em contraposição com o serviço público, uma atividade positiva. Através do serviço 
público a Administração Pública presta, direta ou indiretamente, uma atividade material aos 
administrados; através do poder de polícia, a administração pública impõe restrições à liberdade ou 
à propriedade, limitando a conduta individual. 
 
 
 
 
3 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
PROFª. CRISTINA MOGIONI 
 
Para Celso Antônio Bandeira de Mello, o poder de polícia seria uma atividade negativa porque 
impõe ao administrado uma abstenção, um não-fazer, um non facere. Ainda que se imponha uma 
atividade positiva ao particular, um fazer, como exibir planta para licenciamento de construção, a 
Administração Pública não quer estes atos, quer apenas evitar que a atividade pretendida pelo 
particular prejudique a coletividade. 
O citado autor, no entanto, adverte que há “umaordem de casos em que se excepciona esta 
característica do poder de polícia. É a que respeita ao condicionamento do uso da propriedade 
imobiliária a fim de que se conforme ao atendimento de sua função social. (...) Isso decorre não 
apenas do art. 5º., XXIII, da Constituição, mas, sobretudo, do art. 182, parágrafo 4º., incluso no 
Capítulo Da Política Urbana”. 
 
POLÍCIA ADMINISTRATIVA E POLÍCIA JUDICIÁRIA 
 
Costuma-se distinguir a polícia administrativa da polícia judiciária pelo caráter preventivo da 
primeira em oposição ao caráter repressivo da segunda. A distinção, no entanto, não é absoluta. A 
polícia administrativa pode agir preventiva ou repressivamente. Quando exerce atividade 
fiscalizatória, por exemplo, a polícia administrativa é preventiva. Ex: fiscalização das condições de 
segurança dos veículos automotores, das casas de espetáculos; fiscalização de pesos e medidas, 
impedindo que o consumidor seja lesado. Mas, muitas vezes, a polícia administrativa é repressiva. A 
apreensão de mercadorias com prazo de validade vencido e de produtos deteriorados, a interdição 
de estabelecimento que esteja causando excesso de poluição, a apreensão da licença do motorista 
infrator, a dissolução de reunião perturbadora da ordem, são exemplos típicos de polícia 
administrativa informada por caráter repressivo. 
A polícia judiciária, que se incumbe de reprimir os infratores da lei penal, é, de fato, 
repressiva quanto a este aspecto, mas é preventiva em relação ao interesse geral, porque visa a 
impedir que o infrator incida novamente na prática do ilícito penal. 
O critério mais seguro de diferenciação, então, reside na ocorrência ou não da infração penal. 
Se há prática de ilícito penal, a polícia judiciária age. Não havendo prática de ilícito penal, apenas a 
polícia administrativa age. 
Aponta-se, ainda, a seguinte diferença. A polícia judiciária é privativa de certas corporações 
(polícias militar e civil), ao passo em que a polícia administrativa é exercida por todos os órgãos da 
Administração Pública, incluindo os órgãos integrantes das polícias militar e civil. 
 
COMPETÊNCIA PARA A ADOÇÃO DE MEDIDAS DE POLÍCIA ADMINISTRATIVA 
 
Normalmente, é competente para praticar atos de polícia administrativa a pessoa política que 
for competente para legislar sobre a matéria. Todavia, haverá competência concorrente quando se 
conjugam interesses de mais de uma pessoa política acerca da matéria. 
Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello: “haverá competência concorrente quando o 
interesse de pessoas políticas diferentes se justapõe. Assim, em matéria de segurança e salubridade 
públicas não é rara a ocorrência do fato. A legislação municipal que regula a expedição de alvará de 
licença para funcionamento de locais de divertimentos públicos prevê fiscalização também da 
segurança dos eventuais usuários”. 
Sobre a competência para a adoção de medidas de polícia administrativa, há duas Súmulas 
que merecem destaque: 
Súmula nº 645 do Supremo Tribunal Federal: “É competente o Município para fixar o horário 
de funcionamento de estabelecimento comercial”. 
Súmula nº 19 do Superior Tribunal de Justiça: “A fixação de horário bancário, para atendimento ao 
 
 
 
 
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público, é de competência da União”. 
 
DELEGAÇÃO DE ATOS DE POLÍCIA ADMINISTRATIVA 
 
Por envolverem atos expressivos de autoridade pública, os de polícia administrativa, salvo 
hipóteses excepcionais (como é o caso dos capitães de navios), não podem ser delegados a 
particulares. 
Isso não exclui a possibilidade de certos atos materiais, precedentes ou sucessivos dos atos 
administrativos qualificados como de polícia administrativa, serem praticados por particulares. 
Como escreve Celso Antônio Bandeira de Mello, ao se referir a estudo feito por Adílson Dallari, o 
“credenciamento” configura exemplo de ato material precedente de ato de polícia administrativa. “É o 
que sucede, por exemplo, na fiscalização do cumprimento de normas de trânsito mediante 
equipamentos fotossensores, pertencentes e operados por empresas privadas contratadas pelo Poder 
Público, que acusam a velocidade do veículo ao ultrapassar determinado ponto e lhe captam 
eletronicamente a imagem, registrando dia e momento da ocorrência”. 
Como exemplo de ato material sucessivo de ato de polícia administrativa, poderia ser citada a 
implosão feita por um particular de obra irregular, após resistência do administrado em atender ao 
ato administrativo. 
Em resumo, salvo exceções, os atos de polícia administrativa não podem ser delegados a 
particulares. Estes poderão apenas praticar atos materiais precedentes ou sucessivos de atos de 
polícia administrativa. 
 
DELEGAÇÃO DO PODER DE POLÍCIA A ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO INDIRETA: 
 
Não há impedimento a que o exercício da polícia administrativa seja delegado por lei a pessoa 
jurídica da Administração Indireta, ainda que se trate de pessoa jurídica de direito privado, na 
opinião de José dos Santos Carvalho Filho. 
As condições para tanto são: 1ª) a pessoa jurídica deve ser integrante da Administração 
Pública Indireta; 2ª) a competência delegada deve ser conferida por lei; e 3ª) o poder de polícia 
deve se restringir a atos de natureza fiscalizatória, ou seja, as restrições devem preexistir e a 
entidade apenas exerce função executória, não inovadora. 
 
LIMITES AO EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA 
 
O exercício do poder de polícia, ainda quando discricionário, encontra limites. 
Os direitos fundamentais assegurados pela Constituição Federal são os primeiros limites ao 
poder de polícia. Tais direitos podem ser conformados ao interesse público mediante o poder de 
polícia, mas jamais suprimido por atuação desse poder. 
A fim de que os direitos individuais não sejam eliminados, costuma-se apontar as seguintes 
regras para exercício da polícia administrativa: 
 
a) necessidade: a medida de polícia somente pode ser tomada se o interesse público estiver 
sendo realmente lesado ou se existir ameaça real ou provável de lesão; 
b) proporcionalidade dos meios aos fins: a medida de polícia deve ser adequada a atingir o 
fim de interesse público visado sem cometimento de excessos; 
c) eficácia: a medida adotada deve ser adequada a resguardar o interesse público. 
 
 
 
 
 
 
 
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ATOS ADMINISTRATIVOS 
 
CONCEITO 
 
A função executiva é veiculada por meio de atos jurídicos denominados de atos 
administrativos. 
Já foi visto que, na atividade pública em geral, praticam-se três categorias de atos: os atos 
legislativos, os atos judiciais e os atos administrativos. 
O objeto de nosso estudo é o ato administrativo que, em princípio, cabe ao Poder Executivo, 
mas as autoridades judiciárias e as mesas legislativas também fazem uso de tal categoria de ato 
quando ordenam seus serviços e dispõem sobre seus servidores. 
Também os dirigentes de autarquias e fundações, administradores de empresas estatais e os 
delegados de serviço público praticam atos administrativos. 
O ato administrativo pode ser entendido como espécie de ato jurídico. 
O ato jurídico é todo ato lícito que tenha por fim imediato adquirir, declarar, resguardar, 
transferir, modificar ou extinguir direitos. 
Para que o ato administrativo se destaque do gênero ato jurídico e passe a se qualificar, 
então, como administrativo, basta que se acrescente a Administração Pública como a expedidora 
do ato, com a amplitude que se deu acima, a finalidade pública e o regime jurídico-administrativo. 
Assim, para Hely Lopes Meirelles: “ato administrativo é toda manifestação unilateral de 
vontade da Administração Pública que, agindonessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, 
resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos 
administrados ou a si própria” (pág. 145). 
Esse conceito deixa de fora as seguintes categorias de atos: 
 
a. os contratos administrativos, porque são atos bilaterais; 
b. os atos de direito privado praticados pela Administração Pública, como a locação de 
um imóvel; 
c. as atividades materiais, também chamadas de fatos administrativos, como a 
construção de uma ponte, o ministério de uma aula em escola pública, são atos que pertencem 
ao domínio da técnica e só reflexamente interessam ao direito; 
d. atos políticos ou de governo, como a sanção e o veto à lei. 
 
ATRIBUTOS 
 
O ato administrativo é espécie de ato jurídico. O ato administrativo se destaca do gênero ato 
jurídico porque é informado por características próprias, formadoras de um regime jurídico 
administrativo. 
Os atributos ou características dos atos administrativos são: a presunção de legitimidade e 
veracidade, a imperatividade, a autoexecutoriedade e a tipicidade. 
 
PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE E VERACIDADE 
 
Embora se costume dizer presunção de legitimidade ou de veracidade, como se as expressões 
fossem sinônimas, melhor mencionar presunção de legitimidade e veracidade, apartando-as. 
Pela presunção de legitimidade, reputam-se praticados os atos administrativos de acordo 
com a lei. 
Pela presunção de veracidade, os fatos alegados pela Administração são reputados 
 
 
 
 
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DIREITO ADMINISTRATIVO 
PROFª. CRISTINA MOGIONI 
 
verdadeiros. Assim é que as certidões, atestados e declarações por ela fornecidas são dotadas de fé 
pública. Ambas as presunções são “juris tantum”, ou seja, admitem prova em contrário. 
O efeito prático das presunções reside no fato de inverter o ônus de agir; cabe ao 
interessado, que se julga prejudicado com o ato administrativo praticado, ingressar no Poder 
Judiciário e pleitear a anulação do ato, apresentando os fatos em que fundamenta sua pretensão. 
O ônus da prova também se inverte. Cabe, a princípio, ao interessado, provar os fatos que 
alega, militando em favor da Administração Pública a presunção de legitimidade e veracidade. 
Todavia, isso não exime a Administração de provar o que alega, sendo admissível que documentos 
em poder da Administração sejam requisitados pelo magistrado para a formação de seu 
convencimento. 
Maria Sylvia Zanella Di Pietro entende que a presunção de veracidade é que inverte o 
ônus da prova, “uma vez que, quando se trata de confronto entre o ato e a lei, não há matéria 
de fato a ser produzida” (pág. 192). 
 
IMPERATIVIDADE 
 
Por este atributo, os atos administrativos criam obrigações para os administrados, 
independentemente de sua concordância. É o que Renato Alessi, renomado jurista italiano, chama 
de “poder extroverso”, visto que os atos administrativos interferem na esfera jurídica dos 
administrados, tão somente pela vontade da Administração Pública. 
A imperatividade existe apenas nos atos administrativos que impõe obrigações para os 
administrados. Maria Sylvia Zanella Di Pietro destaca que “quando se trata de ato que confere 
direitos solicitados pelo administrado (como na licença, autorização, permissão, admissão), ou 
de ato apenas enunciativo (certidão, atestado, parecer), esse atributo inexiste”. (pág. 193) 
 
AUTOEXECUTORIEDADE 
 
A autoexecutoriedade permite à Administração Pública por em execução suas decisões, 
usando de meios coercitivos próprios, sem que para tanto precise buscar no Poder Judiciário 
autorização de qualquer espécie. 
Há quem divida o atributo em dois: exigibilidade e executoriedade. 
Pelo primeiro, a Administração Pública pode exigir do particular a observância da obrigação 
imposta, sem necessidade de obtenção de autorização pelo Judiciário, podendo, ainda, utilizar 
meios indiretos de coação. Exemplo: a imposição de multa a motorista que dirigiu com excesso de 
velocidade, impedindo também o licenciamento do veículo utilizado enquanto não paga a multa. 
Esta sanção não é, no entanto, dotada do atributo da executoriedade, já que a cobrança da 
penalidade depende de propositura de execução. 
Pelo segundo, a Administração Pública pode executar diretamente as decisões tomadas, 
utilizando de força pública, se necessário. Exemplo: apreensão de mercadorias deterioradas ou com 
prazo de validade vencido; interdição de fábrica que cause excesso de poluição; dissolução de 
reunião perturbadora da ordem; etc. 
 
A EXECUTORIEDADE SÓ É POSSÍVEL 
 
a. quando expressamente prevista em lei; 
b. quando se tratar de medida urgente que, se não adotada, o interesse público será 
irremediavelmente comprometido. 
 
 
 
 
 
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DIREITO ADMINISTRATIVO 
PROFª. CRISTINA MOGIONI 
 
TIPICIDADE 
 
Pela tipicidade, o ato administrativo deve se amoldar ao disciplinado em lei para atingir a 
finalidade especialmente pretendida pela Administração Pública. 
Exemplificando, o ato administrativo que reprime uma infração cometida pelo servidor é a 
punição, que pode ser a repreensão, a suspensão, ou, até mesmo, a demissão. A remoção do 
servidor não se destina a puni-lo, mas sim a atender à necessidade do serviço, de sorte que, 
eventual remoção com o fim de punição, a par de configurar desvio de finalidade, não atende ao 
atributo da tipicidade. 
 
PERFEIÇÃO, VALIDADE E EFICÁCIA 
 
Segundo Odete Medauar “considera-se perfeito o ato administrativo que resultou do 
cumprimento de todas as fases relativas a sua formação, podendo, então, ingressar no mundo 
jurídico”. 
Válido é o ato administrativo ajustado às exigências normativas. 
Eficaz é o ato pronto a produzir seus efeitos. O ato não é considerado eficaz se: 
-subordinado a evento futuro e incerto, como a ocorrência de condição suspensiva; 
-subordinado a evento futuro e certo, como o termo inicial; 
-subordinado à prática de ato controlador a cargo de outra autoridade. 
 
ELEMENTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS 
 
São cinco os elementos ou requisitos dos atos administrativos: sujeito, objeto, forma, motivo 
e finalidade. 
 
SUJEITO 
 
É o competente para a prática do ato, conforme dispõe a lei. 
Em direito civil, toda pessoa é capaz para adquirir direitos e obrigações, seja por si, ou por 
terceiros. Em direito administrativo, não basta ao agente público que tenha capacidade, nos termos 
da lei civil, é necessário que tenha ainda competência para a prática deste ato administrativo. 
A competência é atribuída às pessoas políticas pela Constituição Federal e às demais pessoas 
jurídicas, órgãos e agentes públicos que compõem a Administração Pública, por lei. 
A competência decorre da lei, conforme dispõem os artigos 61, parágrafo 1º, II, da 
Constituição Federal e 25, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. 
A Emenda Constitucional nº 32/2001, alterou o disposto no artigo 84, VI, da Constituição, 
atribuindo ao Presidente da República competência para “dispor mediante decreto, sobre: a) 
organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa 
nem criação ou extinção de órgãos públicos”. 
Assim, na esfera federal, a competência poderá ser definida por decreto. 
 
OBJETO 
 
Também chamado de conteúdo do ato administrativo, identifica-se com o efeito jurídico 
imediato por ele (ato) produzido. O ato administrativo pode visar ao nascimento, à alteração ou à 
extinção de um direito. 
O objeto deve ser lícito (conforme à lei), possível (realizável no mundo dos fatos e do direito), 
 
 
 
 
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DIREITO ADMINISTRATIVO 
PROFª. CRISTINA MOGIONI 
 
certo (definido)e moral (de acordo com os princípios de boa-fé, ética e honestidade). 
 
FORMA 
 
A forma pode ser entendida num sentido amplo ou restrito. Estritamente, a forma é a 
exteriorização do ato, ao passo em que, no sentido amplo, integram o conceito de forma todas as 
formalidades eventualmente dispostas em lei para a prática do ato. 
Normalmente, os atos administrativos são praticados na forma escrita, mas são possíveis atos 
administrativos verbais como as ordens dos superiores aos subalternos, e até mesmo atos 
administrativos convencionais, como os sinais de trânsito, apitos e gestos dos guardas de trânsito, 
placas. Se a lei estabelecer determinada forma para a prática do ato e, não obstante, não for 
observada, o ato será nulo. Às vezes a lei estabelece, por exemplo, que o ato praticado seja 
revestido da forma de decreto, resolução etc. 
A Administração Pública também poderá manifestar sua vontade através do silêncio, desde 
que haja previsão legal de que o silêncio da Administração Pública após certo prazo gere algum 
efeito. 
A Lei do Processo Administrativo na esfera federal (Lei n. 9.784/99) estabelece, em seu artigo 
22, que “os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a 
lei expressamente a exigir”. Pode-se dizer, então, que esta lei institui o informalismo do ato 
administrativo, como regra. 
A motivação do ato administrativo, isto é, a exposição dos fatos e do direito que embasam a 
expedição do ato, faz parte do conceito de forma. A falta da exposição dos fatos e do direito que 
justificam a prática do ato administrativo causa nulidade do ato por inobservância da forma. 
 
MOTIVO 
 
É o pressuposto de fato e de direito que embasa o ato administrativo. 
A Administração Pública, ao praticar o ato administrativo, deverá indicar qual o conjunto de 
circunstâncias que a levaram a expedir o ato administrativo. É o pressuposto de fato. 
O pressuposto de direito é o dispositivo legal que fundamenta a prática do ato. 
Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, motivo difere de motivação. Motivação é a exposição dos 
motivos. A motivação, como já foi dito, integra a forma do ato administrativo. 
Discute-se se a motivação é obrigatória nos atos vinculados ou nos atos discricionários. 
A respeito, existem três correntes de pensamento: 
 
1ª. Entende que a motivação é necessária apenas nos atos vinculados; 
2ª. Entende que a motivação é necessária somente nos atos discricionários; 
3ª. Entende que a motivação, via de regra, deve ser observada tanto nos atos vinculados, 
como nos discricionários. 
 
A última corrente é a mais aceitável. A motivação deve existir tanto nos atos vinculados, 
quanto nos atos discricionários. É claro que a motivação nos atos vinculados é bem sucinta, basta 
mencionar a situação ocorrida e o dispositivo legal que autorizam a expedição do ato 
administrativo. Já nos atos discricionários, a motivação deve incluir as razões que levaram a 
Administração Pública a optar por uma das soluções previstas em lei para o caso concreto, a fim de 
que seja possível verificar a obediência aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. 
Ligada à motivação, existe a Teoria dos Motivos Determinantes. Segundo esta teoria, a 
Administração Pública fica vinculada ao motivo citado para embasar a prática do ato, de tal modo 
 
 
 
 
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que, demonstrada a inexistência ou falsidade do motivo, o ato é inválido e poderá ser anulado. 
Ainda que a lei não descreva o motivo para a prática do ato, se a Administração Pública 
indicar o motivo em que se fundou para expedir o ato administrativo, ele deverá ser existente e 
verdadeiro, sob pena de anulação do ato. Ex: de inexistência de motivo na exoneração “ad nutum” 
de ocupante de cargo em comissão, não é necessário dispor sobre o motivo, mas se a 
Administração Pública, por exemplo, disser que praticou o ato visando reduzir gastos e, em seguida, 
nomear outra pessoa para o cargo, o ato será nulo. 
 
FINALIDADE 
 
É o resultado pretendido pela Administração. Pode ser tomada num sentido amplo e restrito. 
Pelo primeiro, diz-se que o ato administrativo deve sempre atender a um fim de interesse público, 
vedando-se à Administração Pública que pratique um ato tão somente para atender a um dado 
interesse particular. Ex: a desapropriação não pode, por exemplo, ser praticada para perseguir um 
inimigo político. Pelo segundo, o ato administrativo praticado deve corresponder ao específico 
interesse público disposto em lei. Ex: a lei prevê a remoção de servidor para atender a necessidade 
do serviço público, jamais para punir o servidor, eis que existem sanções específicas para o servidor 
faltoso. Se a Administração Pública remove um servidor para puni-lo, estará se desviando do fim de 
interesse público disposto em lei para a espécie. 
 
Haverá desvio de finalidade ou de poder sempre que o ato administrativo se apartar da 
finalidade, tomada esta num sentido amplo ou restrito. Vale dizer, tanto faz que o administrador 
tenha praticado o ato com o fim de atender apenas a um dado interesse particular, ou que ele 
assim tenha agido para atender a um fim de interesse público, mas não aquele estabelecido por lei 
para a hipótese. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PROFª. CRISTINA MOGIONI 
 
PERGUNTAS: 
 
1) Qual é o conceito de poder de polícia? 
2) Em que se fundamenta o poder de polícia? 
3) Quais são os meios de atuação do poder de polícia? 
4) O que é polícia administrativa? 
5) Quais são as características do poder de polícia? 
6) Pode haver poder de polícia vinculado? 
7) Qual a diferença entre licença e autorização? 
8) No que consiste o atributo da autoexecutoriedade? 
9) No que consiste a coercibilidade? 
10) Como se pode distinguir a polícia administrativa da polícia judiciária? 
11) Qual é a pessoa competente para adotar medidas de polícia administrativa? 
12) Podem os atos de polícia administrativa ser delegados a particulares? 
13) De que forma é veiculada a função executiva? 
14) O que se entende por ato jurídico? 
15) O que é ato administrativo? 
16) Quais são os atributos do ato administrativo? 
17) Qual é o efeito prático das presunções de legitimidade e veracidade do ato administrativo? 
18) Em que consiste a imperatividade do ato administrativo? 
19) No que consiste o atributo da autoexecutoriedade? 
20) O que se entende por tipicidade do ato administrativo? 
21) Quais são os elementos do ato administrativo? 
22) Como se atribui a competência para a prática do ato administrativo? 
23) Qual é a forma em que os atos administrativos são praticados? 
24) Qual é a diferença entre a motivação e o motivo do ato administrativo? 
25) O que se entende por finalidade do ato administrativo?

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