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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ ESTUDO DE VIABILIDADE DE UMA EMPRESA DE RECICLAGEM DE RESÍDUOS DE MADEIRA DA CONSTRUÇÃO CIVIL CURITIBA 2016 CAROLINA SOLDERA PEDRO CORDEIRO NEVES RAFAELA APARECIDA FRANCISCO THAIS APARECIDA SOARES ESTUDO DE VIABILIDADE DE UMA EMPRESA DE RECICLAGEM DE RESÍDUOS DE MADEIRA DA CONSTRUÇÃO CIVIL Trabalho de graduação apresentado à disciplina de Elaboração de Projetos Florestais do Curso de Engenharia Florestal, Setor de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Romano Timofeiczyk Junior CURITIBA 2016 SUMÁRIO LISTA DE SIGLAS ............................................................................................................... 8 LISTA DE FIGURAS............................................................................................................. 9 LISTA DE TABELAS .......................................................................................................... 10 AGRADECIMENTOS .......................................................................................................... 11 1 SUMÁRIO EXECUTIVO................................................................................................... 10 2 PREMISSAS DO PROJETO ............................................................................................ 11 3 CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO .............................................................. 11 3.1 DESCRIÇÃO DO PRODUTO .................................................................................... 12 3.2 LOCALIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO ................................................................ 12 3.3 COMERCIALIZAÇÃO ................................................................................................ 14 3.4 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA EMPRESA .................................................... 15 3.4.1 Equipamentos de Proteção Individual ................................................................. 16 3.5 ASPECTOS LEGAIS ................................................................................................. 17 3.5.1 Âmbito Municipal ................................................................................................. 17 3.5.2 Âmbito Federal .................................................................................................... 20 4 ANÁLISE DE MERCADO ................................................................................................ 20 4.1 CONTEXTO NO BRASIL ........................................................................................... 20 4.2 ÁREA GEOGRÁFICA DE INTERESSE ..................................................................... 23 4.3 DEMANDA DO MERCADO ....................................................................................... 24 4.4 PRODUTOS SUBSTITUTOS E CONCORRENTES .................................................. 28 4.5 OFERTA DE MATÉRIA PRIMA ................................................................................. 29 4.5.1 Investimentos na construção civil e urbana ......................................................... 29 4.5.2 Composição dos resíduos da construção civil ..................................................... 30 4.5.3 Volume de resíduos de madeira gerados em Sorocaba ...................................... 31 4.6 ANÁLISE SWOT ........................................................................................................ 34 4.6.1 Características da análise SWOT ....................................................................... 34 4.6.2 Forças ................................................................................................................. 35 4.6.3 Fraquezas ........................................................................................................... 36 4.6.4 Oportunidades .................................................................................................... 37 4.6.5 Ameaças ............................................................................................................. 37 4.6.6 Matriz SWOT ...................................................................................................... 38 5 DELINEAMENTO ESTRATÉGICO .................................................................................. 40 5.1 CERTIFICAÇÃO ISO 14.001 ..................................................................................... 40 6 DESCRIÇÃO TÉCNICA DO EMPREENDIMENTO .......................................................... 41 6.1 PROCESSO PRODUTIVO E MÁQUINAS ................................................................. 41 6.2 INFRAESTRUTURA .................................................................................................. 45 6.3 LAYOUT DA EMPRESA ............................................................................................ 45 6.4 INSUMOS NECESSÁRIOS ....................................................................................... 47 6.5 QUADRO DE FUNCIONÁRIOS DA EMPRESA ......................................................... 47 7 DESCRIÇÃO DE CUSTOS .............................................................................................. 50 7.1 INVESTIMENTOS ..................................................................................................... 50 7.1.1 Terreno ............................................................................................................... 50 7.1.2 Construções ........................................................................................................ 51 7.2 CUSTOS FIXOS ........................................................................................................ 51 7.2.1 Frota de veículos................................................................................................. 51 7.2.2 Caçambas ........................................................................................................... 52 7.2.3 Maquinário .......................................................................................................... 52 7.2.4 Certificação ......................................................................................................... 53 7.2.5 Salários ............................................................................................................... 54 7.2.6 Equipamentos de Segurança Individual .............................................................. 55 7.3 CUSTOS VARIÁVEIS ................................................................................................ 57 7.3.1 Manutenção ........................................................................................................ 57 7.3.2 Energia elétrica necessária ................................................................................. 58 7.3.3 Água utilizada ..................................................................................................... 58 7.4 CAPITAL DE GIRO ................................................................................................... 58 7.5 DESCRIÇÃO DAS RECEITAS DO EMPREENDIMENTO ......................................... 59 7.5.1 Preço do cavaco ................................................................................................. 59 7.5.2 Aluguel das caçambas ........................................................................................ 59 7.6 TRIBUTAÇÃO ...........................................................................................................60 7.6.1 PIS ...................................................................................................................... 61 7.6.2 COFINS .............................................................................................................. 61 7.6.3 Imposto de Renda de pessoa jurídica ................................................................. 62 7.6.4 CSLL ................................................................................................................... 62 7.6.5 ICMS ................................................................................................................... 62 7.6.6 IPI ....................................................................................................................... 63 8 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO ECONÔMICA DO PROJETO .......................................... 63 8.1 TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE (TMA) ................................................................ 63 8.2 HORIZONTE DE PLANEJAMENTO .......................................................................... 65 8.3 VALOR LÍQUIDO PRESENTE (VPL) ......................................................................... 65 8.4 TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) ....................................................................... 66 8.5 RAZÃO BENEFICIO-CUSTO (RBC) .......................................................................... 67 8.6 VALOR ANUAL UNIFORME EQUIVALENTE (VAUE) ............................................... 68 8.7 ANÁLISE DE CENÁRIOS .......................................................................................... 68 8.8 PONTO DE EQUILÍBRIO .......................................................................................... 68 8.8.1 Ponto de equilíbrio operacional (PEO) .................................................................... 69 8.8.2 Ponto de equilíbrio financeiro ou de caixa (PEF) .................................................... 69 8.9 DEPRECIAÇÃO ........................................................................................................ 70 9 RESULTADOS ................................................................................................................ 71 10 CONCLUSÃO ................................................................................................................ 74 ANEXOS ............................................................................................................................. 84 LISTA DE SIGLAS ABRELP: Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais CCEE: Câmara de Comercialização de Energia Elétrica CETESB: Companhia Ambiental do Estado de São Paulo COFINS: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente CTR: Central de Tratamento de Resíduos FGTS: Fundo de Garantia do Tempo de Serviço IBAMA: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis INSS: Instituto Nacional de Seguro Social IPI: Imposto sobre Produtos Industrializados IPT: Instituto de Pesquisa Tecnológica PAC: Plano de Aceleração de Crescimento PIB: Produto Interno Bruto PIS: Programa de Integração Social PGRCC: Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil PNUD: Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento RCC: Resíduos da Construção Civil RSU: Resíduos Sólidos Urbanos SECOVI: Sindicato de Habitação e Condomínios SIGOR: Sistema de Gestão de Resíduos da Construção Civil LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: ESQUEMA ILUSTRATIVO DAS ATIVIDADES PROPOSTAS................10 FIGURA 2: EXEMPLO DE CAÇAMBA QUE DEVE SER UTILIZADA EM SOROCABA………………………………………………………………………………..17 FIGURA 3: TIPOS DE RESÍDUOS DE MADEIRA ENCONTRADOS EM DIFERENTES OBRAS NO MUNICÍPIO DE CURITIBA, 2013..................................20 FIGURA 4: PERCENTAGEM DO NÚMERO DE CONTAMINANTES PRESENTES NOS RESÍDUOS DE MADEIRA DE CONSTRUÇÃO CIVIL EM CURITIBA, 2013...................................………………………………………………………………..20 FIGURA 5: MAPA DEMONSTRATIVO DA ÁREA GEOGRÁFICA DE INTERESSE.22 FIGURA 6: POTENCIAL DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA A PARTIR DE RESÍDUOS FLORESTAIS (SILVICULTURA)............................................................23 FIGURA 7: USINAS TERMELÉTRICAS A BIOMASSA EM OPERAÇÃO E POTÊNCIA INSTALADA POR ESTADO – SITUAÇÃO EM SETEMBRO DE 2003..24 FIGURA 8: POLIGUINDASTE DUPLO COM CAÇAMBAS DE 7M³..........................31 FIGURA 9: CALHA DE ENTRADA QUE ALIMENTA O PICADOR...........................32 FIGURA 10: DETECTOR DE METAL........................................................................32 FIGURA 11: PICADOR DE FACA.............................................................................32 FIGURA 12: AFIADOR DE FACAS (ESQUERDA) E UMA FACA (DIREITA)...........33 FIGURA 13: CORREIA DE SAÍDA............................................................................34 FIGURA 14: LAYOUT EXTERNO DA EMPRESA.....................................................35 FIGURA 15: LAYOUT INTERNO DA EMPRESA......................................................36 LISTA DE TABELAS TABELA 1: DISTÂNCIAS ENTRE SOROCABA E OS PRINCIPAIS MUNICÍPIOS INDUSTRIAIS DA REGIÃO.......................................................................................12 TABELA 2: QUADRO DE FUNCIONÁRIOS DA EMPRESA....................................37 TABELA 3: PREÇOS DOS EQUIPAMENTOS USADOS NA PRODUÇÃO..............40 TABELA 4: CUSTO DOS SALÁRIOS DO QUADRO DE PROFISSIONAIS DA EMPRESA…………………………………………………………………………………..41 TABELA 5: PREÇOS DOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL..........43 TABELA 6: PREÇOS DOS EXTINTORES................................................................44 TABELA 7: DESCRIÇÃO DOS IMPOSTOS INCIDENTES.......................................46 TABELA 8: RESULTADOS PARA OS CRITÉRIOS DE ANÁLISE ECONÔMICA.... 51 TABELA 9: ANÁLISE DO CENÁRIO 1......................................................................51 TABELA 10: ANÁLISE DO CENÁRIO 2....................................................................52 TABELA 11: ANÁLISE DO CENÁRIO 3....................................................................52 TABELA 12: ANÁLISE DO CENÁRIO 4....................................................................52 AGRADECIMENTOS Nós gostaríamos de agradecer ao professor Romano Timofeiczyk Junior por toda as oportunidades em que pode nos tirar as dúvidas a respeito da elaboração deste projeto, bem como aos professores Dimas Agostinho da Silva e Carlos Roberto Sanquetta pelo suporte dado na parte técnica do trabalho. Agradecemos também a Construtora Lotus; a Construtora Just; a Pedro Granado Imóveis; e a Plaenge Empreendimentos por toda recepção e atenção em nos fornecer dados e sanar dúvidas a respeito do setor da construção civil e mercado imobiliário. A respeito da parte produtiva do processo, também agradecemos as empresas Divino Entulho; Construmax; Raphael Terraplanagem; Freitas Entulhos; Goulart Construções; e CLV Disk Entulho pelo suporte dado em como funciona o serviço de aluguel e transporte das caçambas de resíduos. Muito importante agradecer também a Divisão de Planejamento e Desenvolvimento Sócio Habitacional da prefeitura de Sorocaba e ao Secovi-SP pelo auxílio na quantidadede obras de casas e prédios construídos no respectivo município. Por fim, nós gostaríamos de agradecer a empresa Lippel por toda a paciência e solicitude em tirar todas as nossas dúvidas e em fornecer todos os dados técnicos e valores a respeito das máquinas utilizadas no processo de produção de cavacos. 10 1 SUMÁRIO EXECUTIVO O presente projeto apresenta um estudo de viabilidade de uma empresa que recicla resíduos de madeira provenientes da construção civil no município de Sorocaba, SP, visando a produção de cavacos para comercialização nas indústrias da região. Os principais objetivos deste projeto foram a apresentação do estudo detalhado de mercado de cavacos de madeira na região de trabalho, incluindo aspectos de oferta de matéria-prima e potencial demanda do produto; descrição de todo o processo produtivo com dimensionamento de custos e receitas obtidas ao longo do horizonte de planejamento e avaliação de viabilidade a partir de indicadores econômicos: VPL, TIR, VAUE, RBC. Para que a empresa possa iniciar suas atividades, será necessário um investimento inicial de R$ 5.661.449,56, o qual inclui a aquisição de um terreno de 8.400 m² para a instalação e edificação da sede da empresa, aquisição de maquinários e veículos necessários para funcionamento das atividades além de capital de giro para os três primeiros meses de atividade. A partir destes investimentos, será possível alcançar um VPL de R$ R$ 169.101,30 ao longo de um período de 10 anos de atividade, visando o estabelecimento da empresa no mercado e sua lucratividade, considerando uma taxa mínima de atratividade de 10% a.a. 11 2 PREMISSAS DO PROJETO A elaboração da proposta de implementação da CICLUS, empreendimento que se baseia na produção de cavacos a partir do reaproveitamento de resíduos de madeira da construção civil, foi realizada e analisada economicamente levando em consideração as seguintes premissas: · Investidor com interesse no setor de reciclagem de madeira; · Viabilidade financeira: Investidor possui capital disponível; · A taxa mínima de atratividade (TMA) estipulada pelo investidor é de 10%; · O horizonte de planejamento estipulado é de 10 anos, sem reinvestimento. 3 CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO As atividades propostas pela CICLUS são de recolhimento de resíduos de madeira da construção civil com transporte próprio e posterior beneficiamento em unidade produtiva da empresa para geração de cavacos, os quais serão comercializados com fins energéticos para as indústrias localizadas próximas à sede do empreendimento, conforme FIGURA 1: FIGURA 1: ESQUEMA ILUSTRATIVO DAS ATIVIDADES PROPOSTAS. FONTE: OS AUTORES (2016). 12 3.1 DESCRIÇÃO DO PRODUTO O cavaco é um recurso renovável, composto por lascas cisalhadas, com um comprimento variável entre 5 e 50 mm, obtidas a partir da picagem dos materiais de madeira recolhidos, que na sua maioria destina-se a produção de energia em fornos e caldeiras, por apresentar boas características energéticas e melhor desempenho no que diz respeito ao seu escoamento em silos (NASCIMENTO; BIAGGIONI, 2010). Segundo a empresa Lippel, a correta classificação granulométrica dos cavacos permite prever a energia liberada na combustão assim como assegurar o fluxo dos cavacos pelo sistema de alimentação. Cavacos muito grandes impedem o fluxo do material pelo sistema, causando entupimento. Partículas muito finas queimam rapidamente na câmara de combustão, conduzindo a variação de calor e a formação de cinzas. Sendo, portanto, classificado como “pequeno” (LIPPEL, 2014). A correta classificação dos cavacos e a busca pela homogeneização do produto será prezado pela empresa, uma vez que objetiva-se comercializar um cavaco de qualidade superior. O cavaco gerado possuirá uma qualidade superior também devido ao fato da matéria prima apresentar baixo teor de umidade, variando entre 20 e 25%. A densidade do cavaco será de 220 a 260 kg/m³, com poder calorífico entre 3.100 a 3.300 kcal/kg, 2% de cinza e granulometria aproximada de 2 x 4 x 8 cm. 3.2 LOCALIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO O presente empreendimento será implementado no município de Sorocaba, no estado de São Paulo. Um importante aspecto considerado para a escolha da localização deste empreendimento foi a proximidade com depósitos de lixo autorizados e Centrais de Tratamento de Resíduos (CTR) para facilitar o descarte dos materiais que não serão reciclados, uma vez que a etapa de descarte representará um custo elevado para a empresa. O município de Sorocaba inaugurou em 2008 um aterro especializado para descarte de resíduos de construção civil, localizado na Avenida General Motors, nº 200. 13 Outro aspecto que determinou a escolha da localização do empreendimento foi o preço da terra e um potencial crescimento na construção civil (tanto habitacional quanto de infraestrutura urbana) para garantir a disponibilidade de matéria-prima. Além disso, o município deve apresentar desenvolvimento industrial acentuado, para garantir potenciais compradores do produto gerado. O município de Sorocaba, próximo ainda de municípios como Jundiaí, Campinas e São Paulo, se enquadra como tal. TABELA 1: DISTÂNCIAS ENTRE SOROCABA E OS PRINCIPAIS MUNICÍPIOS INDUSTRIAIS DA REGIÃO. Trajeto Distância Sorocaba – Campinas 85,8 km Sorocaba - São Paulo 101,2 km Sorocaba – Jundiaí 88,6 km Sorocaba – Piracicaba 107,7 km Sorocaba – Tatuí 64 km Sorocaba – Itu 35,6 km Sorocaba – Salto 42,5 km FONTE: GOOGLE MAPS (2016) Sorocaba é o oitavo município mais populoso de São Paulo, com 623.789 habitantes e apresenta um crescimento populacional de aproximadamente 8% ao ano (SEADE, 2015). O município é conhecido pela sua economia sólida, grande poder aquisitivo da população e as facilidades para concessão de crédito, fatores que impulsionam o mercado imobiliário e evidenciam a necessidade de crescentes investimentos em infraestrutura urbana (ILIOVITZ, 2004). De acordo com dados de 2013 do PNUD, o município de Sorocaba alcançou 0,798 no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), que vai de 0 a 1,0. Isso representa o 47° melhor IDHM do país e o 25° no estado de São Paulo. Este índice é considerado alto e muito próximo do maior nível que é a partir de 0,8 (SILVA, 2013). 14 Sob essa análise, verifica-se que haverá em Sorocaba boa disponibilidade de matéria-prima ao longo dos anos, atrelado ao fato de haver apenas uma empresa (Salmeron) atuante nesta linhagem específica na região, ao contrário do que é observado em outros municípios como Curitiba, por exemplo, com mais de 5 empresas atuantes na reciclagem de resíduos da construção civil. De acordo com as estimativas, a empresa concorrente recicla aproximadamente 24% ou 400 m³ de resíduos de madeira de um total de 3.300 m³ produzidos mensalmente em Sorocaba. Estes números são baseados em cálculos que levam em conta quanto cada metro quadrado construído gera de metro cúbico de resíduo de madeira. Este cálculo é melhor explicado no tópico sobre a oferta de matéria-prima (ENGECAMPUS, 2015). O que mostra que há espaço para entrada de mais empresas no setor. Além disso, a região metropolitana de Sorocaba possui uma zona industrial bastante consolidada, destacando-se o setor alimentício e a siderurgia. A região que compreendeo município de Sorocaba e Campinas responde por cerca de 33,5% do PIB industrial paulista, dados que demonstram que na região existe uma forte demanda por cavacos de madeira para a geração de energia. (SEADE, 2015). Por fim, dados de março de 2016 do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que o setor da indústria teve um saldo negativo de empregos 543 de postos de empregos fechados. Isso significa que há mão-de-obra disponível no mercado, mais trabalhadores procurando por uma oportunidade de emprego na região de Sorocaba (OLIVEIRA, 2016). 3.3 COMERCIALIZAÇÃO Pelo fato da empresa estar localizada em Sorocaba, a produção será destinada principalmente para as principais empresas na região metropolitana de Sorocaba e que estejam em um raio médio de 100 km da sede da empresa. Desta forma, todas as cidades dentro deste raio médio ou que estejam próximo a ele serão atendidas com o fornecimento de cavacos, isso inclui cidades como Piracicaba e São Paulo que estão a pouco mais de 100 km de Sorocaba. As cidades incluídas nesta área de atuação são conhecidas como grandes consumidoras da biomassa florestal. Isso se deve ao fato da grande presença de empresas metalúrgicas, siderúrgicas e do ramo alimentício, sendo assim o cavaco de madeira reciclada entra como mais 15 uma fonte de energia mais barata que as demais e ser proveniente de um recurso renovável. A comercialização será principalmente dos ramos siderúrgicos, metalúrgicos e alimentícios, bem como todas as possíveis fábricas que necessitem de fontes de biomassa florestal para a geração de energia ou vapor. A entrega do produto será feita pela própria empresa que dispõe de caminhões basculantes para o transporte dos cavacos de madeira reciclada. A divulgação do serviço de reciclagem se dará através de contato com as construtoras, sindicatos de construtores e órgãos públicos de habitação e construção civil. Da mesma que a divulgação do produto ocorrerá através do contato com sindicatos e associações de classe dos ramos citados anteriormente, divulgação com funcionários da própria empresa e pela internet através de um website. 3.4 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA EMPRESA A CICLUS propõe a fabricação de cavacos a partir do reaproveitamento de resíduos de madeira da construção civil. A obtenção da matéria prima será realizada a partir da coleta do material nas obras, onde a separação da madeira dos demais resíduos da construção será realizada no próprio canteiro de obras e colocada em caçambas da CICLUS que permanecerão nas obras para carregamento e serão periodicamente recolhidas por caminhão poliguindaste e levadas à sede da empresa. Esse material será posteriormente transformado em cavaco à partir do eficiente processo produtivo da empresa adaptado para as características dos insumos oriundos das construções que eventualmente podem apresentar metais como pregos e entre outros, e atendendo altos níveis de qualidade do produto final obtendo cavaco diferenciado pelo teor de umidade reduzido e poder calorífico superior. O cavaco acabado é transportado em caminhões basculantes, utilizando-se da frota da própria CICLUS, onde o produto é carregado e basculado pelos caminhões da empresa, e existe ainda a opção do cliente retirar o cavaco com seus caminhões, fazendo uso dos acessos e rampas de carregamento oferecidas pela empresa. 16 Embora não exista nenhum serviço terceirizado na CICLUS e todas as atividades sejam realizadas pela empresa, a dependência de coletar seus insumos nas obras significa não garantir a produção de sua matéria prima o que classifica a gestão organizacional da empresa em estrutura horizontalizada. Diferentemente da estrutura verticalizada onde a estratégia das empresas prevê que a empresa produzirá internamente tudo que utiliza para fabricação do produto final, pode ser definida basicamente como uma estratégia em que a empresa “faz tudo”. A verticalização era decorrente da preocupação em manter o controle sobre as tecnologias de processo, de produtos e negócios (segredos industriais), entre outras. Porém, o elevado número de atividades realizado internamente acarretou problemas gerenciais devido ao aumento do porte das empresas e atividades não ligadas diretamente ao negócio principal, com consequências para a perda da eficiência e o aumento do custo de produção. A horizontalização passou a ser uma opção para a manutenção da competitividade das empresas e tornou-se a preferência das estruturas organizacionais das empresas modernas tendo em vista às vantagens de redução de custos, flexibilidade para definir volumes de produção e foco no principal produto da empresa. 3.4.1 Equipamentos de Proteção Individual Segundo a Norma Regulamentadora nº 6 (NR6), considera-se Equipamento de Proteção Individual (EPI) todo dispositivo ou produto de uso individual pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco, além de exigir o uso, orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado e sobre a conservação do EPI, além de substituir imediatamente quando danificado. Na empresa deste projeto, os equipamentos de proteção individual utilizados pelos funcionários serão: a) Óculos de proteção visual – equipamento fornecido a todos os funcionários e visitantes da empresa que acessem a área de produção; b) Luvas de proteção – equipamento fornecido ao operador do picador de madeira, refere-se a um par de luvas confeccionado em malha tricotada com 17 fios de aço que protege o operador de agentes cortantes e perfurantes na região das mãos; c) Coletes refletivos – equipamento fornecido a todos os funcionários e visitantes da empresa que acessem a área de produção e as áreas de carga e descarga de materiais, evitando acidentes através da eficiente visibilidade do colete sinalizando a presença das pessoas nestes locais; d) Protetor auricular com embalagem para conservação – equipamento fornecido a todos os funcionários e visitantes da empresa que acessem a área de produção, protegendo contra os ruídos sonoros gerados no processo produtivo; e) Capacete - equipamento fornecido a todos os funcionários e visitantes da empresa que acessem a área de produção e as áreas de carga e descarga de materiais; f) Calçado de proteção - equipamento fornecido a todos os funcionários da empresa que acessem a área de produção, assistentes de limpeza e motoristas; 3.5 ASPECTOS LEGAIS 3.5.1 Âmbito Municipal Em abril de 2016, Sorocaba aderiu ao Sistema de Gestão de Resíduos da Construção Civil (SIGOR), o qual permite o monitoramento da gestão de resíduos da construção civil desde a geração até a sua destinação final, incluindo transporte. Esta iniciativa demonstra a preocupação ambiental do município atrelado a problemática da etapa de destinação dos resíduos da construção. A princípio, todas as obras acima de 1.000 m² devem se cadastrar no SIGOR e gradualmente objetiva-se o cadastramento de todas as obras do município. Este cadastro poderá facilitar a identificação da matéria-prima em Sorocaba, além de facilitar a logística e o planejamento da produção. De acordo com o Plano Diretor de Resíduos Sólidos de Sorocaba, todas as construções que produzem mais que 1 m³ de resíduos por dia devem elaborar um “Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos”, no qual deve constar qual será a destinação destes resíduos. Esta temática também é retratada pela Lei 12.305 de 18 2010, a qualdiz que a responsabilidade pelo correto descarte dos resíduos RCC é do gerador, o qual deve “contratar uma empresa especializada para fazer o transporte do resíduo até um local licenciado.” Frente a essa necessidade de descarte dos RCCs, foi fundado um Aterro Especial para descarte de Resíduos Inertes no município de Sorocaba. Entretanto, estes aterros só permitem descarte de Resíduos de Classe “A”, conforme Resolução CONAMA 307 de 2002, o que torna necessário a existência de empresas que reciclem os resíduos das outras classes, como é o caso da madeira que se enquadra na Classe “B”. Ainda de acordo com a Resolução CONAMA 307 de 2002 e 448 de 2012, os empreendimentos que produzem resíduos da “Classe B” devem ser reciclados ou encaminhados a áreas de armazenamento para futura reciclagem por empresas especializadas. A Resolução de 307 também obriga que todos os municípios elaborem um “Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil” para estabelecer os procedimentos necessários para a correta destinação dos RCCs. Sorocaba elaborou seu Plano de Gerenciamento de Resíduos no ano de 2014, no qual apresenta as dificuldades e iniciativas do município, além das necessárias implantações de campanhas de conscientização ambiental e incentivos fiscais. Em um aspecto municipal, Sorocaba oferece incentivos fiscais para empresas que atuam com reciclagem de resíduos, de tal forma a oferecer a isenção de 100% das taxas que incidam na aprovação de projetos de construção, instalação ou ampliação de unidades e isenção de 100% do Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza, para as empresas que entrarem com Processo Administrativo a favor do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social e Secretaria do Desenvolvimento Econômico e comprovarem sua excepcional importância para o município. A respeito da legislação que norteia a circulação de caçambas pelo município de Sorocaba e a coleta de resíduos sólidos, a lei de nº 5.315 de 1996 cita que as caçambas deverão ser pintadas com esmalte sintético da cor amarelo ouro, com faixas zebradas para permitir a visualização noturna e com o nome e telefone da empresa responsável gravados, conforme FIGURA 2. 19 FIGURA 2: EXEMPLO DE CAÇAMBA QUE DEVE SER UTILIZADA EM SOROCABA. FONTE: CLV DISK ENTULHOS (2016). A respeito da colocação das caçambas nas obras, atividade de responsabilidade compartilhada da empresa e das obras e construções, ainda deve- se observar que: a. é proibida a colocação de caçambas a menos de dez metros do alinhamento da guia da rua mais próxima, em esquinas ou pontos de ônibus; b. se houver restrições de horários nas zonas centrais para carga e descarga, a colocação de caçambas deve obedecer as mesmas restrições; c. é permitida a colocação de caçambas sobre a calçada apenas em casos de impossibilidade de colocá-las sobre as ruas sem obstrução do trânsito. Deve-se observar entretanto, a necessidade de deixar 1,5 m na via pública para circulação de pedestres. Já a respeito do transporte de caçambas com entulho, atividade que será de inteira responsabilidade da empresa, deve-se observar o que segue: a. obrigatório trafegar com a carga rasa, limitada a borda da caçamba; b. cobrir as caçambas para impedir a queda de entulhos; c. se o transporte ocasionar danos e riscos às pessoas, a empresa responsável assumirá as multas e sanções. 20 3.5.2 Âmbito Federal Na esfera nacional, um projeto de lei que beneficia as empresas que trabalham com reciclagem de resíduos foi aprovado pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, atualmente aguardando votação no Plenário da Câmera. De acordo com este Projeto de Lei, serão oferecidos incentivos fiscais como redução pela metade das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), do PIS e do COFINS para as empresas que atuam com a reciclagem de resíduos sólidos e a produção de energia renovável, como é o caso da empresa deste projeto. O sancionamento desta lei apresentará uma perspectiva positiva para a instalação e funcionamento da empresa nos próximos anos. Entretanto, a lei vigente atual de nº 11.196 de 2005, conhecida como a Lei do Bem, não beneficia a empresa proposta diretamente. Esta lei trata a respeito da redução dos impostos IPI, PIS E COFINS apenas para empresas de reciclagem que reciclam resíduos das categorias: plástico, papel, vidro, ferro, aço, cobre, níquel, alumínio e estanho, não incluindo as recicladoras de madeira. 4 ANÁLISE DE MERCADO 4.1 CONTEXTO NO BRASIL O Brasil é um país em desenvolvimento, e, como tal, presencia uma crescente demanda por investimentos em obras de construção civil no segmento habitacional (com uma população de mais de 200 milhões de pessoas) e principalmente no de infraestrutura, com uma forte demanda para a construção e manutenção de estradas, portos e ferrovias que são elementos chave para o crescimento socioeconômico do país. Objetivando este desenvolvimento, existem no país alguns programas de incentivo, como o Plano de Aceleração de Crescimento (PAC), lançado em 2007 e renovado no ano de 2011, quando foi lançado o PAC 2, no qual o governo espera realizar investimentos na ordem de R$ 955 bilhões no ramo da infraestrutura (PEREIRA, 2014). Desde então vem sendo feitos investimentos na infraestrutura urbana do município, tais como obras de mobilidade urbana como é o caso da 21 revitalização de vias públicas. Onde no ano de 2015, quase 70 mil m² de ruas foram recapeadas na cidade (PREFEITURA, 2015). Ainda de acordo com o governo federal, esta segunda etapa do PAC, contemplam investimentos entre os anos de 2015 e 2018. Desta forma há uma expectativa de mais investimos nos próximos anos (PLANEJAMENTO, 2015). O crescimento da construção civil, de importância socioeconômica inderrogável, também resulta em um problema ambiental, no que se refere, principalmente, à ineficiente gestão de resíduos de construção civil (os chamados RCC) do Brasil. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELP), aproximadamente 60% de todo o lixo urbano advém dos RCCs, representados por mais de 33 milhões de tonelada por ano de produção destes resíduos, de um total de 61 milhões de RSUs (SENADO, 2012). Segundo Nagalli et. al (2013), cerca de 31% dos resíduos gerados em uma obra de edifício residencial são de madeira, sendo que este número pode ser ainda maior ao se considerar apenas a fase estrutural do empreendimento, uma vez que a grande maioria dos resíduos de madeira são do tipo vigota, caibro, tábua, sarrafo, ripa e painel compensado (FIGURA 3). Normalmente, estes resíduos são descartados, sem qualquer tipo de tratamento. (MIRANDA et. al, 2009). Como é muito difícil encontrar estudos a respeito da quantidade de resíduos gerados de madeira em uma obra, foram utilizados dados de obras realizadas em Curitiba. Mas que serve para se ter uma boa noção, porque são obras de prédios e casas, o mesmo tipo de construções de que serão recolhidos os resíduos em Sorocaba. Segundo dados da consultoria Engecampus (2015), 36% dos resíduos da construção do empreendimento Marc Chagall, que se trata de um prédio de alvenaria, são de madeira. Isso totaliza em aproximadamente 200 m³ de resíduos lignocelulósicos para uma obra com 37 apartamentos, sendo a menor planta de apartamento com 182 m² de área construída (PLAENGE, 2015). O cálculo detalhado a respeito desta obra e da expectativa de resíduos gerados estão no tópico sobre a oferta de matéria-prima.FIGURA 3: TIPOS DE RESÍDUOS DE MADEIRA ENCONTRADOS EM DIFERENTES OBRAS NO MUNICÍPIO DE CURITIBA, 2013. 22 FONTE: ANDRÉ NAGALLI ET AL (2013). Segundo Nagalli et al.(2013), uma das maiores dificuldades encontradas para o reaproveitamento dos resíduos de madeira é a contaminação com outros produtos da construção civil, como o apresentado na FIGURA 4, referente a uma pesquisa realizada em Curitiba no ano de 2013, que indica o número de contaminantes presentes nos resíduos de madeira de construção civil da cidade. Por esse motivo, os empreendimentos que trabalham com reciclagem de resíduos da construção civil separam estes resíduos previamente no próprio canteiro de obra. FIGURA 4: PERCENTAGEM DO NÚMERO DE CONTAMINANTES PRESENTES NOS RESÍDUOS DE MADEIRA DE CONSTRUÇÃO CIVIL EM CURITIBA, 2013. FONTE: ANDRÉ NAGALLI ET. AL (2013). Atrelado à crescente necessidade de destinação final dos RCCs, surge em nível nacional e mundial a necessidade de substituir os combustíveis fósseis por fonte 23 de energias renováveis, como a biomassa florestal. Esta tendência vem acontecendo por diversas questões ambientais, sociais e econômicas. Do ponto de vista ambiental o uso de combustíveis fósseis, e as emissões dos gases provenientes deles, é uma das principais causas da intensificação do aumento do efeito estufa. Pelo lado social, isso eleva a pressão da sociedade perante as empresas que mantêm a matriz energética baseada em combustíveis fósseis e os futuros prejuízos diretos e indiretos que o uso do mesmo trás. Por questões econômicas, sempre há a busca pela redução dos custos e reaproveitamento de matérias-primas ou resíduos. Neste cenário que o cavaco de madeira reciclada se encaixa como uma ótima alternativa para os diversos setores da indústria brasileira. 4.2 ÁREA GEOGRÁFICA DE INTERESSE A área geográfica de interesse deste empreendimento compreende o município de Sorocaba e região metropolitana, desta forma vai se concentrar em todos os pontos onde ocorrerão construções de casas e prédios residenciais ou obras de infraestrutura que gerem resíduos de construção civil contendo madeira. Desta forma pode ser tanto nos bairros centrais, como nos bairros mais residenciais de Sorocaba e municípios adjacentes. Como mercado consumidor serão atendidos os municípios localizados em um raio de até aproximadamente 100 km da sede do empreendimento, englobando todos os municípios da região metropolitana (Alambari, Alumínio, Araçariguama, Araçoiaba da Serra, Boituva, Capela do Alto, Cerquilho, Cesário Lange, Ibiúna, Iperó, Itu, Jumirim, Mairinque, Piedade, Pilar do Sul, Porto Feliz, Salto, Salto de Pirapora, São Miguel Arcanjo, São Roque, Sarapuí, Sorocaba, Tapiraí, Tatuí, Tietê e Votorantim), além dos municípios de São Paulo, Campinas e Jundiaí, para manter a viabilidade do transporte do produto. Os resíduos de madeira serão coletados nos municípios localizados em um raio de até 30 km da sede, mantendo como foco as obras de Sorocaba (FIGURA 5). 24 FIGURA 5: MAPA DEMONSTRATIVO DA ÁREA GEOGRÁFICA DE INTERESSE. FONTE: ADAPTADO DO GOOGLE MAPS (2016). 4.3 DEMANDA DO MERCADO Atualmente a biomassa representa aproximadamente 10% do consumo nacional para fins energéticos, o que representa 12.500 MW em capacidade de geração de energia do Brasil. Em termos de geração de energia elétrica representa 4% energia gerada no país. Estes 10% representa outras formas de geração de energia, por exemplo a energia térmica que é muito utilizada para a secagem de grãos. É a terceira fonte mais importante da matriz energética do País, atrás apenas das fontes hídrica e gás natural. A cana-de-açúcar ainda é a principal matéria-prima, porém a utilização de outras biomassas como a madeira, vem crescendo nos últimos anos. (CANA ONLINE, 2015) Dentro da matriz energética limpa do Brasil, 26,2% corresponde a biomassa, dos quais 8,3% são de biomassa vegetal do tipo lenha ou carvão. O cavaco de madeira tradicional de eucalipto ou pinus custa 33% mais que a lenha, mas ainda assim reduz o consumo de energia e custos para empresa. Além da economia, a bioenergia reduz o desmatamento, pois a origem da madeira é proveniente de 25 plantios e não de florestas nativas. (GENTIL, 2015). Ainda segundo o site Dia de Campo, do total de energia consumida nas indústrias brasileiras de cimento e de aço, aproximadamente 34% e 40%, respectivamente, correspondem ao uso da biomassa. Não foi possível encontrar dados para uma demanda histórica de cavacos na região, porém, levando em conta que há uma crescente de investimentos e aumento nos números das indústrias presentes na região, é de se considerar que a demanda irá aumentar ou manter-se estável pelo menos. Em uma pesquisa realizada pela CCEE entre os anos de 2013 e 22014 (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) revelou que houve um crescimento de 18% na energia gerada a partir de fontes de biomassa, o que representa uma oferta de energia de quase 21 mil GWh (CANA, 2015). Um motivo que explica o crescimento do uso da biomassa é o alto preço do óleo combustível de R$ 77,00 para cada quilo de vapor gerado, enquanto que no caso da biomassa do eucalipto o quilo sai por R$ 33,00. (GENTIL, 2015). Baseado nessa crescente necessidade do uso da biomassa vegetal como alternativa para os combustíveis fósseis, é possível encontrar diversos casos de demandas para o cavaco de madeira. Este tipo de fonte de fonte de energia é uma alternativa muito vantajosa para as indústrias, principalmente do setor siderúrgico, metalúrgico e alimentício. Na FIGURA 6 a seguir, é possível observar o panorama do potencial de geração de energia elétrica por meio de resíduos florestais. Isso comprova a grande vocação do estado de São Paulo para o uso deste tipo de biomassa. 26 FIGURA 6: POTENCIAL DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA A PARTIR DE RESÍDUOS FLORESTAIS (SILVICULTURA). FONTE: CENTRO NACIONAL DE REFERÊNCIA EM BIOMASSA - CENBIO (2003). Já na FIGURA 7, é possível observar o tipo de fonte de biomassa utilizada nas termelétricas de cada região. Como é possível observar, a região onde a empresa será instalada fica próximo a usinas que utilizam resíduos florestais como matéria- prima para a geração de energia. Desta forma é possível observar o potencial produtivo da região, tanto para termelétrica como para as empresas em si. 27 FIGURA 7: USINAS TERMELÉTRICAS A BIOMASSA EM OPERAÇÃO E POTÊNCIA INSTALADA POR ESTADO – SITUAÇÃO EM SETEMBRO DE 2003. FONTE: ANEEL (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA) (2003). Devido ao grande parque industrial presente em Sorocaba, a demanda por cavacos de madeira é grande, tendo em vista os grandes investimentos que têm sido feitos nos últimos anos. Pelo fato da dificuldade de se encontrar dados a respeito dos números exatos do consumo de cavacos, estima-se que há demanda dos mesmos pela porcentagem de empresas que consomem biomassa para geração de energia. Aliada a essa propensão por consumo de biomassa para geração de energia elétrica e térmica, existe também o fato de que a produção de ambas as empresas será um montante de cavacos que serão facilmente consumidos, pois o volume não produzido é pouco perto da demanda por energia da região. Exemplo disso são os investimentos feitos pela montadora Toyota, a Exco Technologies uma fabricante canadense de ferramentas voltadas ao setor automotivo, e empresasque trabalham com caldeiras tais como a Mettalica Caldeiraria Pesada e a Carmar Oil e Gás. Essas empresas, juntamente com outras do parque industrial, vão proporcionar investimentos de centenas de milhões de reais na instalação e ampliação das suas plantas (G1, 2015). Inclusive com a chegada da Toyota no município, mais outras 11 empresas vieram a se instalar na região, pois são fornecedoras de peças para a montadora. O setor industrial corresponde atualmente com 60% do PIB do município e isto só denota a 28 grande participação deste setor e do seu potencial produtivo e de grande consumidor de fontes de energia como o cavaco de madeira (DIÁRIO, 2013). As próprias indústrias do ramo alimentício vêm investindo em um gama maior de produtos para expandir o volume de vendas. Este setor engloba pequenas e grandes empresas na cidade, que vão desde doces quase artesanais, a produtos como barras de cereais, que são exportados. Existe na cidade cerca de 130 indústrias alimentícias, onde os principais produtos são biscoitos, doces, barras de cereais e bebidas (ROMA, 2014). E considerando ainda que muitas empresas possuem filtros em suas caldeiras, não haveria problemas com cavacos contaminados com resinas advindas de colagem dos OSB’s. Além da vocação industrial da região de Sorocaba, existe como fonte alternativa de possíveis clientes, o setor agroindustrial. Este tipo de biomassa vegetal é muito utilizado na geração de energia elétrica e secagem de grãos. Um exemplo da importância e da viabilidade da produção de cavacos é observada na região Leste e Oeste do estado de Minas Gerais, onde em quase sua totalidade o setor de agroindústrias vem substituindo os combustíveis fósseis por cavacos para a produção de vapor. Já no setor sucroalcooleiro, esta substituição se dá através da produção de energia elétrica por meio de cogeração, onde o consumo de cavaco é maior por causa da maior demanda de energia elétrica perante a geração de vapor (VALVERDE, 2015). Por fim, observa-se que existe em Sorocaba e região mais de 300 indústrias atuantes nos setores alimentícios, metalurgia e siderurgia, automotivas, entre outras. A estimativa da demanda de energia de biomassa na região é de, aproximadamente, 70 MWh. 4.4 PRODUTOS SUBSTITUTOS E CONCORRENTES Para a análise de produtos substitutos e concorrentes, será considerado o mercado da biomassa vegetal, na qual se inclui o cavaco de madeira. Os principais substitutos e concorrentes indiretos do produto foco deste empreendimento são a energia elétrica e os combustíveis fósseis, como o óleo BPF. Já em relação aos concorrentes diretos, serão elencados os outros produtores de cavaco na região. 29 A produção de energia advinda da biomassa apresenta como principal vantagem o fato de ser renovável e, portanto, ambientalmente correta. Além disso, a energia da biomassa gera cinzas menos agressivas ao meio ambiente e causa menor corrosão dos equipamentos como caldeiras e fornos em comparação com os combustíveis fósseis. Em relação ao cavaco gerado a partir de resíduos de madeira, a principal vantagem é o baixo custo de aquisição, atrelado a um alto poder calorífico (NASCIMENTO; BIAGGIONI, 2010). De acordo a ADETEC (2016), a energia térmica gerada por uma tonelada de óleo BPF 1A (advindo de combustíveis fósseis e um dos principais substitutos do cavaco) pode ser substituída por 2,3 toneladas de madeira, considerando que o poder calorífico do óleo BPF 1A é de aproximadamente 9.600kcal/kg. Para fins comparativos, o preço do óleo é aproximadamente três vezes maior que o preço do cavaco de madeira. Além disso, estima-se que o preço do óleo poderá subir ainda mais frente à pressão ambiental para exploração dos combustíveis fósseis. Diante desta necessidade e da possibilidade de uma crise energética, observada principalmente no âmbito nacional com a crise da Petrobrás, a produção dos cavacos de madeira surge como uma eficiente e alternativa barata. Atualmente, na área geográfica de interesse deste projeto, existem três empreendimentos atuantes na geração de cavacos de madeira, sendo apenas uma (Salmeron LTDA) do mesmo segmento de reciclagem de resíduos da construção civil. As outras duas empresas produtoras de cavaco, Opção Verde e Soropack, possuem foco na reciclagem de resíduos de serrarias e na produção de paletes, respectivamente. 4.5 OFERTA DE MATÉRIA PRIMA 4.5.1 Investimentos na construção civil e urbana O município de Sorocaba vem sendo alvo de diversos tipos de investimentos, tanto do setor público, quanto do privado. Em junho de 2014, foi assinado um convênio com um compromisso de investimento por parte do Governo Federal através da segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2). Na época da 30 assinatura, o governo da Presidenta Dilma Rousseff havia destinando R$ 196 milhões para investir em Sorocaba (PEREIRA, 2014). Além do PAC, existem os programas habitacionais, tais como: Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal; Casa Paulista, do Governo Estadual e o Nossa Casa Sorocaba do Governo Municipal. Em maio de 2015, juntos estes três programas habitacionais entregaram 2.576 apartamentos no município (DIÁRIO DE SOROCABA, 2015). Essa diversidade de programas habitacionais é um ponto positivo, pois a cidade não fica dependente de um único para ocorrer investimentos em moradias. Outro fato importante, é que boa parte destas moradias são na modalidade de apartamentos, que geram mais resíduos do que as casas convencionais. Além dos investimentos provenientes iniciativa pública, há também os investimentos provenientes da iniciativa privada. Por ser uma cidade de porte médio a grande, em Sorocaba estão presentes as maiores construtoras e incorporadoras do país. Esta é outra fonte de investimento na área da construção civil e que constantemente vem gerando lançamentos de prédios e casas, além de reformas e todo tipo de obra urbana. Para o ano de 2015, houve uma estimativa que a Caixa Econômica Federal liberaria entre R$1,8 e R$2 bilhões para o financiamento habitacional em Sorocaba. Um valor que representa um crescimento de até 11,5% com o ano de 2014 (SOUZA, 2015). Ainda de acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) e a Deloitte consultoria, o ano de 2017 representa uma retomada nos investimentos e crescimento para o setor de construção civil, para o país como um todo (MILANEZ, 2016). 4.5.2 Composição dos resíduos da construção civil A composição dos resíduos provenientes de construção civil varia com parâmetros temporais relacionados à fase em que a obra se encontra e com as características da região em que os resíduos são produzidos, onde a diversidade de produtos utilizados pode variar de acordo com os hábitos empregados nas atividades construtivas em diferentes regiões (JADOVSKI, 2005). A variabilidade entre os tipos de materiais que compõem os resíduos das construções dificulta a fase de recolhimento da matéria prima, entretanto, a simples 31 atitude de separar os resíduos de madeira no canteiro de obra colocando-os em uma caçamba específica para este tipo de material facilita o processo de reciclagem. Apesar de alguns produtos de madeira estarem sendo substituídos por outros materiais, ainda é intensivo o uso da madeira na construção civil, sendo usada principalmente na estrutura, nas fases de fundação, acabamentos (portas e rodapés) e estrutura dos telhados (COSTA, 2007). Abaixo estão listadas as principais formas de uso da madeira na construção, conforme classificadoe definido pelo Instituto de Pesquisa Tecnológica (IPT) (FERREIRA, 2003). a) Madeira roliça; b) Madeira serrada; i. pranchas e pranchões ii. vigas e vigotas iii. tábuas e caibros iv. madeira beneficiada v. madeira em lâminas c) Chapas de madeira; i) compensado ii) chapa de densidade média (MDF) iii) chapa de aglomerado iv) chapas de partículas orientadas (OSB) 4.5.3 Volume de resíduos de madeira gerados em Sorocaba Como citado anteriormente, a proporção de madeira entre os resíduos da construção civil pode ficar entre 31% (NAGALLI, 2013) e 36% (ENGECAMPUS, 2015). Como são dados difíceis de se obter, pois há muito pouca pesquisa a respeito, para o cálculo da geração de resíduos em Sorocaba foi feita uma estimativa baseada no número de construções realizadas nos últimos anos no município. Foi utilizado como base o PGRCC do prédio residencial Marc Chagall da Plaenge Empreendimentos no município de Curitiba. Neste documento está detalhado que são gerados 242 m³ de resíduos de madeira para a construção de um prédio com 37 apartamentos, onde o menor deles tem 182 m² de área construída. Simplificando são 32 6.734 m² de área construída em apartamentos, desta forma para cada m² construído são gerados 0,04 m³ de resíduos. A quantidade de construções realizadas no município de Sorocaba nos últimos anos pode ser observada na tabela 2, baseado em dados fornecidos pelo Secovi-SP. TABELA 2. LANÇAMENTOS DE IMÓVEIS RESIDENCIAIS NO MUNICÍPIO DE SOROCABA. Ano Unidades Prédios / Casas Empreendimentos 2012 4.809 117 51 2013 6.843 291 70 2014 5.696 182 61 2015 (até maio) 4.333 127 39 FONTE: Secovi-SP (2016) Onde: Unidades: é o número de apartamentos e casas quando horizontal. Prédios/Casas: número de prédios (blocos), a variável casa não entra nesta estatística. Empreendimentos: conjunto de apartamentos ou/e conjunto de casas lançados no mesmo endereço e na mesma data. Desta forma, o número utilizado para as construções de empreendimentos da iniciativa privada é proveniente do item “unidades”. Se pegarmos uma média dos últimos 3 anos completos, já que 2015 os dados vão somente até maio, temos 5.783 unidades, o que também fica próximo do valor encontrado em 2014. Com o número de unidades construídas, o passo seguinte é definir um tamanho médio para as mesmas. Para estipular um tamanho médio foram utilizados levantamentos feitos pelo Secovi-SP (2011) para o município de Sorocaba, Karla Spotorno representando a Consultoria Geoimovel (2014) para o município de São Paulo e do jornal O Globo (2011) para o município do Rio de Janeiro. Segundo dados do Secovi-SP o tamanho médio dos imóveis para aquela data era entre 46 a 65 m², por outro lado para a consultoria Geoimovel o tamanho médio fica entre 51 a 70 m² e por fim, para O Globo, o tamanho médio encontrado foi de aproximadamente 60 m², para apartamentos um apartamento de 2 quartos. A tendência observada por todas estas fontes é a 33 diminuição gradual da metragem média dos imóveis. De maneira geral o estudo feito pelo Secovi-SP é o ideal, pois é específico para Sorocaba e ele também está dentro do que é visto no resto do país. Desta forma o tamanho médio escolhido para cada unidade foi de 60 m². Ainda segundo o levantamento do Secovi-SP, 75% dos lançamentos em 2011 eram de imóveis verticais, ou seja, apartamentos. Ainda há para se computar no número de lançamentos, os empreendimentos de programas habitacionais presentes no município de Sorocaba. De acordo os dados da secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Sócio Habitacional do município, entre novembro de 2015 e até o fim de 2016 serão lançados 5.600 apartamentos e 5.600 casas. Estes lançamentos estão divididos da seguinte forma: Programa Habitacional Bem Viver 144; Parque da Mata 320 apartamentos; Jardim Carandá 2.560; Viver Melhor 416; e Jardim Altos do Ipanema 2.160 apartamentos (VIEIRA, 2016). A respeito das casas estas são do Vida Nova Sorocaba, no bairro Aparecidinha (PEREIRA, 2016). É bom salientar que estas moradias populares tem uma metragem um pouco menor que as convencionais, que varia de 44 a 49 m². Desta forma, foi escolhida uma metragem média de 45 m², assim os 5.600 apartamentos populares equivalem 4.200 apartamentos convencionais. As casas populares têm uma metragem aproximada de 43 m², assim as 4.600 casas equivaleriam a 4.013 lançamentos tradicionais. Pode-se ver de maneira resumida todos estes dados na tabela 3 a seguir: TABELA 3: NÚMERO DE CONSTRUÇÕES EM SOROCABA COM A ÁREA MÉDIA E O VOLUME DE RESÍDUOS GERADOS Tipos de construção Quantidade Tamanho médio (m²) Volume de resíduos (m³) Apartamentos 4.337 60,00 9.352,07 Casas 1.446 75,00 3.896,70 Apartamentos populares 4.200 45,00 6.792,10 Casas populares 4.013 43,00 6.201,26 Total 26.242,13 FONTE: Os Autores (2016) 34 Como mencionado anteriormente, cada metro quadrado construído gera em média 0,04 m³ de resíduo de madeira. Somando os empreendimentos particulares temos 13.248,77 m³ de resíduo por ano ou 1.104,06 m³ por mês, o que abriga facilmente os 400 m³ do concorrente e os 400 m³ propostos para o projeto. Incluindo todos os tipos de construções temos um volume de resíduos de 26.242,13 m³ por ano ou 2.186,84 m³ por mês. Desta forma fica claro que há oferta de matéria-prima o suficiente para suportar as duas empresas e as suas respectivas produções. 4.6 ANÁLISE SWOT A análise SWOT é uma importante metodologia utilizada na etapa de planejamento estratégico de uma empresa, fundamentada por Kenneth Andrews e Roland Christensen ao longo das décadas de 60 e 70 (TAVARES, 2008). Representa uma ferramenta estrutural da administração, com objetivo de avaliar o ambiente interno e externo à corporação, a partir do qual são formuladas estratégias para otimizar o desempenho da empresa no mercado (KOTLER, 1992). O termo SWOT significa em inglês: strengths, weakness, opportunities e threats, ou em português: forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. Desta forma, a análise SWOT também permite o levantamento de pontos fortes e pontos fracos do empreendimento (BASTOS, 2012) A partir do levantamento das características do ambiente interno e externo e das forças e fraquezas da empresa, prescrevem-se tais informações em uma matriz para facilitar a visualização e permitir a tomada de decisões. Desta forma, a análise SWOT irá apresentar todos os pontos fortes e pontos fracos da empresa, fundamentando as tomadas de decisão em relação à implantação da sede, assim como os mercados de possível atuação. 4.6.1 Características da análise SWOT Um dos aspectos abordados pela análise SWOT são os ambientes internos e externos. O ambiente interno refere-se a própria organização, contando com os pontos fortes e pontos fracos que a mesma possui (BASTOS, 2012). Neste caso, o 35 ambiente interno analisado pelo presente método é a própria empresa e sua estrutura organizacional. O ambiente interno pode apresentar forças ou fraquezas. As forças representam as vantagens que a empresa possui em relação aos seus concorrentes, o nível de engajamento dos seus clientes, sua eficiência organizacional e vantagens em relação as atividades desenvolvidas e recursos utilizados. Já as fraquezas representam as propensões que interferem o bom desenvolvimento da empresa, como a falta de capacitação de mão-de-obra,fraqueza nas relações com os clientes e pouca vantagem competitiva em relação aos concorrentes. Já o ambiente externo se refere às forças maiores, externas ao ambiente da empresa e que estão fora do seu controle. Diferentemente do ambiente interno, no ambiente externo serão avaliadas as previsões futuras que podem representar oportunidades e ameaças para a organização. O ambiente externo à nível nacional e internacional não tem se mostrado favorável para a Ciclus e outras organizações que tentam ganhar espaço no mercado. Entretanto, tais ameaças prejudicam não apenas a Ciclus mas vários outros empreendimentos deste setor, principalmente a nível nacional com a recessão da economia e consequente diminuição da renda dos consumidores. 4.6.2 Forças As principais forças que a empresa apresenta, em ordem decrescente de importância são: 1. Necessidade de descarte de resíduos da construção civil: devido à legislação municipal, todas as construções que produzem mais que 1m³ de resíduos por dia devem elaborar um “Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos”, no qual deve constar qual será a destinação destes resíduos. 2. Cavaco de baixa umidade com qualidade superior: a baixa umidade do produto final cavaco e seu alto poder calorífico garantem sua diferenciação frente aos cavacos produzidos de tora de madeira; 3. Custo da matéria-prima com preço competitivo: a matéria-prima utilizada no processo produtivo da empresa chegam até a sede com custo menor do que as produtoras de cavaco que compram toras; 36 4. Apoio da legislação ambiental, municipal e federal: devido ao passivo ambiental gerado pelos resíduos da construção civil, várias iniciativas têm sido criadas no âmbito legal, de forma a incentivar a entrada de novas recicladoras no mercado; 5. Certificação e marketing ambiental: a certificação ambiental ISO 14.001 garante que o produto gerado pela empresa advém de um sistema de produção ambientalmente correto, permitindo a comercialização com clientes mais exigentes, 6. Proximidade com importantes centros industriais: a localização da empresa facilita a comercialização de seus produtos, por estar próximo aos importantes centros industriais do país; 4.6.3 Fraquezas Por outro lado, as principais fraquezas encontradas, em ordem decrescente de importância, são: 1. Alto investimento inicial com demora para retorno do capital investido: devido ao grande número de maquinários necessários e outros implementos, este é um negócio que requer alto investimento inicial, com consequente demora para retorno do capital investido quando comparado à outros empreendimentos; 2. Alta sensibilidade à variação de preços: uma pequena queda no preço do produto poderá tornar o empreendimento inviável; 3. Dependência do setor da construção civil para obtenção da matéria-prima: ao contrário dos concorrentes indiretos da empresa, esta depende fortemente do crescimento da construção civil para obtenção da matéria-prima, se houver diminuição do número de obras na região, a matéria-prima ficará mais cara devido a baixa disponibilidade; 4. Logística comprometida: carência de infraestrutura no país, estradas com baixa qualidade, dependência das rodovias devido à falta de investimentos em ferrovias. 37 4.6.4 Oportunidades Em relação ao ambiente externo, as principais oportunidades que afetam o empreendimento são em ordem decrescente de importância: 1. Incentivo fiscal federal: a aprovação da lei que autoriza a redução da alíquota do IPI, PIS e COFINS para as empresas recicladoras permitirá um menor custo para a produção do cavaco reciclado, tornando-o mais competitivo; 2. Aumento do preço do combustível fóssil no Brasil: o aumento do preço dos combustíveis fósseis no Brasil também permite que o cavaco produzido seja mais competitivo no mercado. 3. Pressão ambiental para a exploração dos combustíveis fósseis: a crescente pressão ambiental criada para a exploração dos combustíveis fósseis faz surgir a necessidade do surgimento no mercado de fontes de energia renovável; 4. Criação do SIGOR no Município: a criação do SIGOR permitirá um melhor monitoramento da matéria-prima, permitindo que a empresa localize com facilidade as potenciais obras do Município. 4.6.5 Ameaças Por outro lado, as ameaças enfrentadas pela empresa em relação ao ambiente externo são, em ordem decrescente de importância: 1. Situação política e econômica do país: a recessão da economia brasileira acarreta em uma redução na renda e consumo dos brasileiros, afetando diretamente a produção das principais indústrias; 2. Desaceleração das indústrias brasileiras: consequentemente a situação política e econômica do país, a desaceleração das indústrias brasileiras reduz a demanda pelo produto cavaco; 3. Alto custo e baixa disponibilidade de mão-de-obra: a mão-de-obra é um dos maiores custos da empresa e está cada vez mais difícil a nível nacional encontrar mão-de-obra qualificada e barata; 4. Concorrência com outras fontes de energia: existe uma grande quantidade de concorrentes indiretos no mercado, com diversas alternativas para fontes de energia; 38 5. Influência do mercado internacional do petróleo: o preço do petróleo afeta diretamente a demanda pelo cavaco de madeira, de forma que se houver uma maior influência internacional no preço do petróleo no Brasil, poderá ocorrer uma redução deste preço e diminuição da demanda pelo cavaco. 4.6.6 Matriz SWOT Desta forma, todas as forças, oportunidades, fraquezas e ameaças podem ser resumidas na matriz apresentada abaixo: 39 QUADRO 1: MATRIZ SWOT Pontos Positivos Pontos Negativos FORÇAS FRAQUEZAS · Apoio da legislação ambiental municipal, estadual e federal; · Certificação ambiental; · Necessidade de descarte de resíduos da construção civil; · Custos da matéria-prima reduzidos com custo competitivo; · Proximidade com importantes centros consumidores. · Produto de qualidade superior (baixa umidade) · Dependência do setor da construção civil para matéria-prima; · Alto investimento inicial com demora para retorno do capital investido; · Alta sensibilidade à variação de preços; · Logística comprometida. OPORTUNIDADES AMEAÇAS · Criação do SIGOR no município; · Incentivo fiscal federal; · Pressão ambiental para exploração dos combustíveis fósseis; · Aumento do preço do combustível fóssil no Brasil; · Situação política e econômica do país; · Desaceleração das indústrias brasileiras; · Concorrência com outras fontes de energia; · Alto custo e baixa disponibilidade de mão-de-obra; · Influência do mercado internacional do petróleo. FONTE: OS AUTORES (2016). 40 5 DELINEAMENTO ESTRATÉGICO A reciclagem de madeiras consumidas é uma atividade que contribui para sustentabilidade do planeta, uma vez que dá uma destinação a resíduos antes descartados. A CICLUS propõe explorar esta questão a favor da empresa ao informar seus clientes que faz reaproveitamento de energia limpa e renovável, cooperativismo social e ambiental, que é uma empresa ecologicamente correta, que minimiza a utilização de recursos naturais, gera empregos e rendas.E a seus fornecedores informar que faz uma destinação correta de resíduos de madeira de suas obras, fornece uma prevenção de multas (CETESB, IBAMA, DEPRN entre outros), que é uma empresa transparente e é certificada pela ISO 14001 e licenciada pela CETESB e pelo IBAMA. Além de tudo isso, a empresa oferecerá caçambas para a coleta dos resíduos, são coletas rápidas, oferece certificado de destinação, garante coleta sem períodos sazonais, possui frota própria e segurada, possui flexibilidade no horário de coleta, rastreamento de material, colaboradores treinados e capacitados profissionalmente, fácil agendamento através de telefones, e-mail ou atendimento online. A CICLUS propõe que a empresa procure fazer contrato com empresas de construção civil que possuem certificação LEED, para que assim se garanta que mesmo sua matéria-prima seja ambientalmente correta. 5.1 CERTIFICAÇÃO ISO 14.001 A CICLUS propõe a empresa mostrar aos seus clientes seu comprometimento com os aspectos ambientais, por isso sugere a certificação ambiental ISO 14.001. A ISO 14.000 - Internacional Organization for Standardization - é uma série de normas, na qual se insere a norma ISO 14.001, a única passível de certificação. A finalidade desta norma é equilibrar a proteção ambiental e a prevenção de poluição com as necessidades socioeconômicas. Esta norma especifica os requisitos de tal sistema de gestão ambiental, de forma com que se possa aplicar a todos os tipos e 41 portes de organizações e adequar-se as diferentes condições geográficas, culturais e sociais (BARBOSA et al., 2008). Dentre as vantagens encontradas na certificação podemos destacar: Redução de riscos com multas e indenizações, melhoria da imagem da empresa em relação a performance ambiental, melhoria da imagem da empresa quanto ao cumprimento da legislação ambiental, prevenção da poluição, redução dos custos com seguro, melhoria do sistema de gerenciamento da empresa. O nível de complexidade do Sistema de Gerenciamento Ambiental da empresa e o grau de precisão do controle necessário para a empresa não serão altos, tendo em vista que não há riscos ambientais graves causados pelo processo e que a empresa é enquadrada como pequena empresa, segundo classificação do BNDES. As maiores preocupações deverão ser apenas com a coleta seletiva do lixo, a otimização dos recursos utilizados, como energia por exemplo e a conscientização do pessoal, onde tudo deve ser documentado, implementado, monitorado e revisado. Para a implementação e supervisão da aplicação das normas um funcionário será treinado, o mesmo será ainda responsável por organizar reuniões para tratar de assuntos relacionados a certificação. 6 DESCRIÇÃO TÉCNICA DO EMPREENDIMENTO A empresa pretende produzir 400 m³ por dia e formar um estoque para 7 dias, para isso contará com as máquinas detalhadas abaixo. 6.1 PROCESSO PRODUTIVO E MÁQUINAS A primeira etapa é a captação da matéria-prima, que será feita nas construções civis, onde os resíduos já serão separados em caçambas específicas a fim de se otimizar tempo e recursos. As caçambas serão recolhidas mais tarde por um poliguindaste duplo (FIGURA 8) e levadas até o pátio da empresa. 42 FIGURA 8: POLIGUINDASTE DUPLO COM CAÇAMBAS DE 7M³. FONTE: ARSEPEL.COM.BR (2016) Quando descarregadas é tomado o cuidado para não haver contato da madeira com a água da chuva para garantir um menor teor de umidade e para isso, a madeira quando armazenada será em local coberto e com piso concretado. A matéria-prima é transportada por uma calha de entrada (FIGURA 9), passa por detectores de metal (FIGURA 10) para a retirada de impurezas metálicas e em seguida alimentará o picador de faca (FIGURA 11). FIGURA 9: CALHA DE ENTRADA QUE ALIMENTA O PICADOR. FONTE: LIPPEL (2016) 43 FIGURA 10: DETECTOR DE METAL. FONTE: LIPPEL (2016) FIGURA 11: PICADOR DE FACA. FONTE: LIPPEL (2016) . Como pode haver pequenas possíveis impurezas advindas da construção civil, como cimento, plástico etc. A faca do picador pode ser comprometida mais rapidamente, exigindo constante afiação, por esse motivo haverá também conjuntos de facas extras, bem como um afiador (FIGURA 12). 44 FIGURA 12: AFIADOR DE FACAS (ESQUERDA) E UMA FACA (DIREITA). FONTE: LIPPEL (2016). O cavaco terá dimensões entre 9,5 mm e 19 mm, que são medidas indicadas para utilização como biomassa que será convertida em energia na combustão direta em fornos, caldeiras etc. O cavaco resultante do processo será transportado pela correia de saída do picador formando a pilha do estoque (FIGURA 13). O cavaco já pronto para uso é estocado em local coberto e com piso de concreto para evitar contaminações e excesso de umidade e garantir a qualidade do produto final mesmo que estocado por longos períodos. FIGURA 13: CORREIA DE SAÍDA FONTE: LIPPEL (2016). 45 O transporte do cavaco será feito por caminhão basculante e carregado por pás carregadeiras, também será oferecida um espaço para carregamento caso os clientes queiram ir buscar o produto com seus próprios caminhões. O empilhamento das caçambas, para economia de espaço, será feito por uma empilhadeira. No tópico dos custos é abordado quantidades de cada equipamento adquirido. 6.2 INFRAESTRUTURA A área a ser ocupada pela empresa será de 8.400 m², 120 x 70, e deverá ser composta por: • Local de entrada e saída de caminhões e poliguindastes; • Recepção; • Escritório suspenso; • Locais de armazenagem; • Locais de triagem; • Locais de armazenagem pós-triagem; • Banheiros feminino e masculino com vestiário; • Guarita para Segurança; • Refeitório; • Muros de delimitação de área e portão garantindo o controle de acesso ao local, com sistema de sinalização na entrada e saída, identificando o empreendimento; 6.3 LAYOUT DA EMPRESA A área será composta por 4 galpões, 2 dos galpões serão destinados a produção, os outros dois para armazenamento das caçambas e do estoque de cavaco, medindo estes 30 x 20 m, e o terceiro 50 x 25 m para o armazenamento das caçambas. 46 Serão 4 garagens de 25 x 15 m. Sobrará uma área de 645 m² nas garagens para garantir boa movimentação dos funcionários e dos próprios caminhões. Será reservado um espaço de 100 m² para o escritório e 100 m² para vestiário, banheiro e refeitório. As figuras que seguem apresentam um protótipo de como seria a disposição de cada aspecto acima descrito. FIGURA 14: LAYOUT EXTERNO DA EMPRESA. FONTE: OS AUTORES (2016). 47 FIGURA 15: LAYOUT INTERNO DA EMPRESA FONTE: OS AUTORES (2016). 6.4 INSUMOS NECESSÁRIOS O principal insumo da função de produção proposta pela CICLUS é a madeira advinda dos resíduos da construção civil de Sorocaba, São Paulo. Os principais fornecedores dos insumos serão, portanto, as construtoras localizadas no município e região, conforme a área geográfica de interesse apresentada. 6.5 QUADRO DE FUNCIONÁRIOS DA EMPRESA O dimensionamento da equipe de profissionais de uma empresa está relacionado com o porte do empreendimento. Na implementação da empresa de reciclagem de madeira a equipe planejada atende ao potencial de produção dos equipamentos em funcionamento durante horário comercial, em um turno de oito horas sendo trabalhados seis dias por semana. A mão de obra direta diz respeito ao trabalho
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