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LISTA DE EXERCÍCIOS Introdução à geometria riemanniana 1. Seja M uma variedade diferenciável e Diff(M) o grupo de difeomorfismos de M (via composição de funções). Seja então G ⊂Diff(M) um subgrupo. Diz-se que G age própria, descontínuamente e sem pontos fixos sobre M se: (a) Dados x, y ∈M com x 6= y e y ∉Gx, existem abertos U ⊂M (contendo x) e V ⊂M (contendo y) de modo que, para todos g ,h ∈G , temos g (U )∩h(V )=; (b) Dado x ∈M , existe um aberto U ⊂M (contendo x) tal que, para todo g ∈G− {e}, temos g (U )∩U =;. Mostre que se, em particular, M =Rm e se G é o grupo das translações do Rm por elementos de Zm , então G age própria, descontínuamente e sem pontos fixos sobre M . Mostre ainda que a relação ∼ definida em M por x ∼ y ⇐⇒ y ∈Gx é uma relação de equivalência em M . Mostre então que o espaço quociente M/G possui uma estrutura natural de variedade diferenciável que faz com que a projeção pi : M −→M/G seja um difeomorfismo local. 2. Seja f : M m −→N m+k uma imersão entre duas variedades. Suponha que N possui uma métrica riemanniana 〈 , 〉. Mostre que, dado um ponto p ∈M e vetores tangentes ~u,~v em Tp M , a expressão (~u,~v)p = 〈 d fp (~u),d fp (~v) 〉 f (p) define uma métrica riemanniana em M . Use essa definição e o teorema de Whitney para mostrar que toda variedade diferenciável admite uma métrica riemanniana. 1 3. Sejam (M m ,〈 , 〉) e (N n , ( , )) variedades riemannianas. Considere então a variedade produto M ×N e as projeções naturais pi1 e pi2. Mostre que, dado um ponto (p, q) ∈M ×N e vetores tangentes ~u,~v em T(p,q)(M ×N ), a expressão abaixo define uma métrica riemanniana em M ×N [~u,~v](p,q) = 〈 d(pi1)(p,q)(~u),d(pi1)(p,q)(~v) 〉 p + ( d(pi2)(p,q)(~u),d(pi2)(p,q)(~v) ) q 4. Considere a circunferência S1 com a métrica induzida pelo R2. O n-toro Tn é definido como sendo a n-variedade produto S1×·· ·×S1 munida da métrica produto. Mostre que o n-toro é localmente isométrico ao Rn . 5. Sejam a,b,c,d ∈R com ad −bc = 1. Mostre que as aplicações w = az+b cz+d são isometrias do plano hiperbólicoH2. 6. (Disco de Poincaré) Considere o disco unitário no R2 D2 = {(x, y) ∈R2; x2+ y2 < 1} Mostre que a seguinte métrica definida em D2 é riemanniana d s2 = 4 d x 2+d y2( 1−x2− y2)2 Mostre ainda que a aplicação f :H2 −→D2 dada por f (w)= w − i w + i é uma isometria entre a variedade riemanniana D2 e o plano hiperbólico H2. Fixe agora r ∈]0,1[. Considere a seguinte região do disco D2 S = {(x, y) ∈D2; x2+ y2 ≤ r 2} Calcule a área deS segundo a métrica definida acima. 2 7. Seja Gm um grupo de Lie, compacto e conexo, munido de uma métrica 〈 , 〉 invariante à esquerda. Como G é orientável, existe uma m-forma elemento de volume Ω definida em G . (a) Dados g ∈G e b1, . . . ,bm ∈ Tg G , defina a m-forma ν em G por νg (b1, . . . ,bm)=Ωe (d(Lg−1 )g (b1), . . . ,d(Lg−1 )g (bm)) Mostre que ν é uma m-forma invariante à esquerda, ou seja, temos (Lg ) ∗(ν)= ν para todo g ∈G . (b) (Métrica bi-invariante emG) Dados g ∈G e ~u,~v ∈ Tg G , defina 〈〈~u,~v〉〉g = ∫ G f ν onde f (h)= 〈d(Rh)g (~u),d(Rh)g (~v)〉g h e ν é a m-forma volume do item (a). i. Mostre que 〈〈 , 〉〉 é uma métrica riemanniana em G . ii. Dados h,k, g ∈G , mostre que é válida a seguinte igualdade〈 d(Rh)kg (d(Lk )g (~u)),d(Rh)kg (d(Lk )g (~v)) 〉 kg h = f (h) Conclua então que 〈〈 , 〉〉 é invariante à esquerda. iii. Dados h,k, g ∈G , mostre que é válida a seguinte igualdade〈 d(Rh)g k (d(Rk )g (~u)),d(Rh)g k (d(Rk )g (~v)) 〉 g kh = ( f ◦Lk )(h) Conclua então que 〈〈 , 〉〉 é invariante à direita. 8. Com as notações e definições do exercício (1), seja M =Rn , seja G o grupo das translações do Rn por elementos de Zn e M/G a respectiva variedade quociente. Sabemos que a projeção pi : M −→M/G é um difeomorfismo local. Mostre que podemos definir uma métrica riemanniana em M/G por meio da seguinte expressão 〈~u,~v〉pi(p) = d((pi|U )−1)pi(p)(~u) ·d((pi|U )−1)pi(p)(~v) onde pi(p) ∈M/G e ~u,~v ∈ Tpi(p)(M/G). Demonstre que essa definição não depende dos representantes. Mostre que o quociente M/G é compacto, orientável e calcule o seu volume. 3 9. Suponha que G é um grupo de Lie e que X ,Y ∈X(G) são campos de vetores invariantes à esquerda, ou seja, temos que d(Lh)g (Xg )= XLh (g ) d(Lh)g (Yg )= YLh (g ) para todos h, g ∈ G . Mostre que o colchete [X ,Y ] dos campos X e Y é invariante à esquerda, isto é, para todos h, g ∈G temos d(Lh)g ([X ,Y ]g )= [X ,Y ]Lh (g ) 10. Seja Rn/Zn a variedade quociente do exercício (8) e f :Rn −→Tn dada por f (x1, . . . , xn)= ( e2piix1 , . . . ,e2piixn ) Mostre que f é um difeomorfismo local sobrejetor. Obtenha então um difeomorfismo entre Rn/Zn e o toro Tn usando f , a aplicação quociente pi :Rn −→Rn/Zn e também o diagrama comutativo Rn pi �� f // Tn Rn/Zn f¯ 77 Utilizando a métrica do exercício (8), existe isometria entre Tn e Rn/Zn? 11. Mostre que no plano hiperbólicoH2 a conexão riemanniana é determinada pelas seguintes igualdades ∇e1 e1 = 1y e2 ∇e1 e2 =− 1y e1 ∇e2 e2 =− 1y e2 onde e1 = ∂∂x e e2 = ∂∂y . 4 12. Determine as geodésicas do plano hiperbólicoH2. Solução: Considere a carta ϕ(u, v) = (u, v) de H2. Então g11 = g22 = 1/v2 e g12 = 0. Seja α(t) = ϕ(u(t), v(t)) = (u(t), v(t)) uma geodésica de H2. O sistema de equações diferenciais que define uma geodésica fica assim u′′− 2v u′v ′ = 0 v ′′+ 1v (u′2− v ′2)= 0 Se u′ = 0 então u = u0 é constante e v satisfaz v ′′ = (v ′)2/v e portanto v(t) = aebt (com a,b ∈ R constantes) e assim as curvas α(t) = (u0, aebt ), com t ∈R, são geodésicas deH2. Por outro lado, supondo u′ 6= 0, temos d 2v du2 = d du ( v ′ u′ )= d( v ′ u′ ) du = ( v ′ u′ ) ′ u′ = v ′′u′− v ′u′′ (u′)2 · 1 u′ (1) Multiplicando a primeira equação do sistema por v ′ e a segunda por u′ u′′v ′ = 2 v ·u′(v ′)2 e v ′′u′ =−u ′ v · ((u′)2− (v ′)2) (2) Substituindo (2) em (1) obtemos d 2v du2 =− 1 v (1+ ( v ′ u′ )2)=− 1 v (1+ ( d v du )2) resultando na equação diferencial (na variável u) v d 2v du2 + ( d v du )2 =−1 ou ainda d du (v d v du )=−1. Integrando temos u2+ v2 =αu+β (α,β ∈R). 5 13. Considere as seguintes curvas α,β :R−→H2 dadas por α(s)= (0,es), β(s)= (tanh(s), 1 cosh(s) ) Mostre que ambas são geodésicas normalizadas do plano hiperbólicoH2. 14. Seja (M ,〈 , 〉) uma variedade riemanniana com conexão riemanniana ∇. Mostre que podemos definir uma métrica no fibrado tangente T M da seguinte maneira: (a) Tome (p,~v) ∈ T M e vetores U ,V ∈ T(p,~v)(T M) (b) Considere duas curvas α,β :]−²,²[−→ T M α(t )= (p(t ), X t ), β(t )= (q(t ),Yt ) tais que p(0)= q(0)= p, X0 = Y0 =~v , α′(0)=U e β′(0)=V (c) Defina uma métrica 〈〈 , 〉〉 em T M por 〈〈U ,V 〉〉(p,~v) = 〈 d(pi)(p,~v)(U ),d(pi)(p,~v)(V ) 〉 p + 〈 D X d t (0), DY d t (0) 〉 p Mostre que se trata de uma métrica riemanniana. 15. Defina uma conexão afim ∇ em R2 declarando que Γki j (x, y) é zero exceto Γ111(x, y)= x, Γ112(x, y)= Γ121(x, y)= 1, Γ222(x, y)= 2y Considere a curva γ : [0,1]−→R2 dada por γ(t )= (t ,0). Determine o (único) campo paralelo X t ao longo de γ tal que X0 = (0,1). 16. Seja (M ,〈 , 〉) uma variedade riemanniana com sua conexão riemanniana ∇˜. Suponha que N é uma subvariedade de M munida da métrica induzida e denote por ∇ a respectiva conexão riemanniana de N . Mostre que ∇X Y = (∇˜X˜ Y˜ )> onde X ,Y ∈X(N ), X˜ , Y˜ ∈X(M) são extensões dos campos X ,Y e ( )> vai denotar a componente tangente a N . Use esse resultado para determinar as geodésicas do S2. 6 17. Seja M uma variedade riemanniana com métrica 〈 , 〉 e com a sua conexão riemanniana ∇. Um campo X ∈X(M) é chamado um campo de Killing se 〈∇Y X , Z 〉+〈∇Z X ,Y 〉 = 0 para todos Y , Z ∈X(M). Suponha que X ∈X(M)é um campo de Killing e que p ∈M é o único ponto de uma bola geodésica B²(p) tal que Xp = 0. Mostre que X é tangente às esferas geodésicas centradas em p e contidas em B²(p). 18. Seja M uma variedade riemanniana com métrica 〈 , 〉 e com sua conexão riemanniana ∇. Suponha que f : M −→ R é uma função diferenciável tal que ∥∥grad fp∥∥p = 1 para todo p ∈ M , mostre que as curvas integrais do campo grad f são geodésicas. Solução: Se γ : [a,b]−→M é uma curva integral de grad f unindo p = γ(a) e q = γ(b), então ∥∥γ′(t )∥∥γ(t ) = ∥∥grad fγ(t )∥∥γ(t ) = 1 para todo t ∈ [a,b]. Desse modo L (γ)= ∫ b a ∥∥γ′(t )∥∥γ(t ) d t = ∫ b a 〈 γ′(t ),grad fγ(t ) 〉 γ(t ) d t = ∫ b a ( f ◦γ)′(t )d t = f (q)− f (p) Por outro lado, dada uma curva α : [a,b]−→M unindo p e q obtemos L (α)= ∫ b a ∥∥α′(t )∥∥α(t ) d t ≥ ∫ b a 〈 α′(t ),grad fα(t ) 〉 α(t ) d t = ∫ b a ( f ◦α)′(t )d t = f (q)− f (p) onde a desigualdade foi obtida usando a desigualdade de Cauchy-Schwarz. Logo,L (α)≥L (γ). Como α é arbitrária, conclui-se que γ é geodésica � 19. Seja M m uma variedade riemanniana e tome p ∈M . Mostre que existe uma vizinhança U ⊂M de p e campos de vetores E1, . . . ,Em ∈X(U ), ortonormais em cada ponto de U e tais que (∇Ei E j )p = 0 para todos i , j ∈ {1, . . . ,m}. 7 20. Seja G um grupo de Lie. Uma curva diferenciável α : R −→ G é dita um subgrupo a 1-parâmetro se α é um homomorfismo de grupos, ou seja, para todos t , s ∈R vale a seguinte igualdade α(t + s)=α(t )α(s) Seja X ∈X(G) um campo invariante à esquerda. Mostre então que a curva integral maximal α de X tal que α(0)= e é um subgrupo a 1-parâmetro. 21. Seja G um grupo de Lie munido de uma métrica riemanniana bi-invariante. Mostre que todo subgrupo a 1-parâmetro de G é uma geodésica. Mostre que todas as geodésicas de G são obtidas por translações à esquerda de subgrupos a 1-parâmetro de G . 22. Seja T2 = S1 ×S1 o toro plano. Mostre que T2 é um grupo de Lie com respeito à operação p :T2×T2 −→T2 dada por p((g1, g2), (h1,h2))= (g1h1, g2h2) Mostre ainda que a métrica produto é bi-invariante com respeito à essa estrutura de grupo de Lie. Determine as geodésicas de T2. 23. Uma geodésica γ : [0,+∞[−→M em uma variedade riemanniana M é dita um raio partindo de γ(0) se ela é minimizante entre γ(0) e γ(s), para todo s ∈]0,+∞[. Admita que M é completa, não compacta, e seja p ∈M . Mostre que M contém um raio partindo de p. 24. Considere o semi-plano superior R2+ = { (x, y) ∈R2; y > 0} munido da métrica riemanniana dada por g11(x, y)= 1, g12(x, y)= g21(x, y)= 0, g22(x, y)= 1 y Mostre que essa variedade riemanniana não é completa. 8 25. Seja M uma variedade riemanniana conexa. Mostre que os limitados e fechados de M são compactos se, e sómente se, existe uma seqüência de compactos de M , digamos (Kn)n∈N, que satisfaz: (a) Kn ⊂Kn+1 para todo n ∈N e ainda⋃Kn =M (b) Se (qn)n∈N é uma seqüência em M com qn ∉Kn para cada n, então lim n→+∞d(p, qn)=+∞ onde p é um ponto de K0. 26. Seja M uma variedade riemanniana completa e seja X ∈X(M). Suponha que exista uma constante c > 0 tal que ∥∥Xp∥∥ ≤ c para todo p ∈ M . Prove que as trajetórias de X , ou seja, as curvas α(t) em M com α′(t) = Xα(t ), estão definidas para todo valor real de t . 27. Sejam f , g : M −→M isometrias de uma variedade riemanniana conexa M . Suponha que existe um p ∈M tal que f (p)= g (p) e d fp = d gp . Mostre que f = g em M . 28. Seja M uma variedade riemanniana conexa e p ∈M . Mostre que existe, no máximo, uma isometria f : M −→M que é involutiva ( f 2 = Id) e que possui p como ponto fixo isolado. 29. Mostre que se M é uma variedade riemanniana simétrica e seσp : M −→M é a isometria involutiva relativa a p ∈M , então d(σp )p =−Id. 30. Mostre que toda variedade riemanniana simétrica é completa. 31. Suponha que G é um grupo de Lie conexo com uma métrica riemanniana bi-invariante. Mostre que G é uma variedade riemanniana simétrica. 32. Seja M uma variedade na qual toda métrica riemanniana arbitrária a torna uma variedade riemanniana completa. Mostre que M deve ser compacta. 9 33. Seja M uma variedade riemanniana e X ∈ X(M) um campo de Killing. Defina a aplicação A :X(M)−→X(M) por A(Z )=∇Z X . Considere agora a função f : M −→ R dada por f (q) = 〈Xq , Xq〉q e seja p ∈ M um ponto crítico de f . Prove que, dado Z ∈X(M), temos (a) 〈 A(Z )p , Xp 〉 p = 0 (b) 〈 A(Z )p , A(Z )p 〉 p = 12 Zp (Z 〈X , X 〉)+ 〈 (R(X , Z )X )p , Zp 〉 p Solução: Para todo Z ∈X(M) temos Zp 〈X , X 〉 = 0, uma vez que p é ponto crítico de f . Então 0 = Zp 〈X , X 〉 = 2 〈 (∇Z X )p , Xp 〉 p = 2 〈 A(Z )p , Xp 〉 p e assim mostrando (a). Para mostrar o item (b), usamos a equação de Killing 0= 〈∇Y X , Z 〉+〈∇Z X ,Y 〉 para todos Z ,Y ∈X(M). Fazemos Y = X e obtemos 0= 〈∇X X , Z 〉+〈∇Z X , X 〉 que calculado em p nos fornece, juntamente com o item (a), a expressão 0= 〈(∇X X )p , Zp〉p +〈A(Z )p , Xp〉p = 〈(∇X X )p , Zp〉p o que implica (∇X X )p = 0, uma vez que Z é arbitrário. Por outro lado, defina Sq = 1 2 Zq (Z 〈X , X 〉)q ++ 〈 (R(X , Z )X )q , Zq 〉 q para todo q ∈M , onde Z é um campo fixado. Como X é Killing obtemos S = 1 2 Z (Z 〈X , X 〉)+〈(R(X , Z )X ), Z 〉 =Z 〈∇Z X , X 〉+ 〈∇Z∇X X −∇X∇Z X −∇[X ,Z ]X , Z〉 =−Z 〈∇X X , Z 〉+ 〈∇Z∇X X −∇X∇Z X −∇[X ,Z ]X , Z〉 =〈∇[X ,Z ]X , Z〉−〈∇X X ,∇Z Z 〉−〈∇X∇Z X , Z 〉 =−〈∇Z X , [X , Z ]〉−〈∇X X ,∇Z Z 〉−〈∇X∇Z X , Z 〉 =−〈∇Z X ,∇X Z 〉+〈∇Z X ,∇Z X 〉−〈∇X X ,∇Z Z 〉+〈∇Z X ,∇X Z 〉 =〈∇Z X ,∇Z X 〉−〈∇X X ,∇Z Z 〉 e então Sp = 〈 A(Z )p , A(Z )p 〉 p − 〈 (∇X X )p , (∇Z Z )p 〉 p︸ ︷︷ ︸ =0 = 〈A(Z )p , A(Z )p〉p � 10 34. Suponha que M m é uma variedade riemanniana compacta de dimensão par e com curvatura seccional positiva. Prove que todo campo de Killing X em M possui uma singularidade, ou seja, existe p ∈M tal que Xp = 0. Solução: Considere a função f : M −→R dada por f (q)= 〈Xq , Xq〉q . Como a variedade M é compacta, f possui um ponto de mínimo global p ∈ M . Por absurdo, suponha que Xp 6= 0 e considere então o subespaço vetorial E ⊂ Tp M que é o complemento ortogonal do vetor Xp em Tp M . Observe que dimR(E)=m−1 é ímpar. Tome agora a aplicação A do exercício (33). Fazemos três afirmações (a) “A(Tp M)⊂ E " De fato, pelo item (a) do exercício anterior, dado z ∈ Tp M e a sua extensão local Z , temos 〈 A(z), Xp 〉= 〈(A(Z ))p , Xp〉= 0 uma vez que p é ponto crítico de f . (b) “A|E : E −→ E é isomorfismo " De fato, se y ∈ E é um vetor não nulo e se Y é uma extensão local de y , então 〈 Yp , Xp 〉= 0 e {Yp , Xp} gera um plano σ⊂ Tp M cuja curvatura seccional K (p,σ) é positiva. Como conseqüência〈 (R(X ,Y )X )p ,Yp 〉 p =K (p,σ) (∥∥Xp∥∥∥∥Yp∥∥−〈Xp ,Yp〉p)> 0 e uma vez que p é um ponto de mínimo de f , segue que Zp (Z 〈X , X 〉)≥ 0 Pelo item (b) do exercício anterior obtemos 〈 A(y), A(y) 〉 p = 1 2 Zp (Z 〈X , X 〉)+ 〈 (R(X ,Y )X )p ,Yp 〉 p > 0 mostrando que A(y) 6= 0 e assim A é injetora e portanto sobrejetora. (c) “A|E : E −→ E é anti-simétrica " De fato, 〈 A(y), z 〉 p + 〈 y, A(z) 〉 p = 〈 (∇Y X )p , Zp 〉+ 〈Yp , (∇Z X )p〉 = 0 uma vez que X é Killing. A contradição segue da observação de que não existe matriz quadrada, anti-simétrica e inversível de ordem ímpar � 11 35. Uma variedade de Einstein é uma variedade riemanniana M m para a qual existe uma constante real λ de modo que Ric(X ,Y )=λ〈X ,Y 〉 para todos X ,Y ∈X(M). Mostre que se m = 2 ou m = 3, então a variedade de Einstein M m tem curvatura seccional constante. Mostre que se uma variedade riemanniana M m possui curvatura seccional constante, então M m é uma variedade de Einstein. 36. Mostre que toda variedade diferenciável M admite uma certa métrica que a torna uma variedade riemanniana completa. 37. Uma curva divergente em uma variedade riemanniana M éuma aplicação diferenciável α : [0,+∞[−→M tal que, para todo compacto K ⊂M , existe um t0 ∈]0,+∞[ com α(t) ∉ K para todo t > t0. O comprimento de uma curva divergente é lim a→+∞ ∫ a 0 ∥∥α′(t )∥∥d t Mostre que M é completa se, e sómente se, o comprimento de qualquer curva divergente é infinito. 38. Uma variedade riemanniana M é dita homogênea se, dados p, q ∈M , existe uma certa isometria f : M −→ M tal que f (p) = q . Prove que todas as variedades riemannianas homogêneas são completas. 39. Sejam M e M¯ duas variedades riemannianas e ainda f : M −→ M¯ um difeomorfismo. Suponha que M¯ é completa e que existe uma constante c > 0 tal que |v | ≥ c ∣∣d fp (v)∣∣ para todo p ∈M e para todo v ∈ Tp M . Prove que M é completa. 12 40. Seja M uma variedade riemanniana completa e ainda M¯ uma variedade riemanniana conexa. Suponha que f : M −→ M¯ é uma isometria local. Suponha ainda que quaisquer dois pontos de M¯ podem ser unidos por uma única geodésica de M¯ . Prove que f é uma isometria global. 41. Seja M uma variedade riemanniana. Considere um J um campo de Jacobi ao longo de uma geodésica γ : [0, a] −→ M . Então, para todo t ∈ [0, a], temos 〈 J (t ),γ′(t ) 〉 γ(t ) = 〈 J ′(0),γ′(0) 〉 γ(0) t + 〈 J (0),γ′(0) 〉 γ(0) Conclua que se J (0)= J (t0)= 0 para algum t0 ∈]0, a], então〈 J (t ),γ′(t ) 〉 γ(t ) = 0 para todo t ∈ [0, a]. Conclua também que se J (0)= 0, então〈 J ′(0),γ′(0) 〉 γ(0) = 0 se, e sómente se, 〈 J (t ),γ′(t ) 〉 γ(t ) = 0 para todo t ∈ [0, a]. 42. Seja M uma variedade riemanniana. Suponha ainda que γ : [0, a]−→M é uma geodésica e que X ∈X(M) um campo de Killing. Mostre que (a) A restrição Xγ(s) é um campo de Jacobi ao longo de γ (b) Se M é conexa e existe p ∈ M com Xp = 0 e (∇Y X )p = 0 para todo vetor Yp ∈ Tp M , então X = 0 em M . 43. Seja M variedade riemanniana e M ,→M uma subvariedade com a métrica induzida. Considere uma curvaγ : [0,1]−→M que é também uma geodésica de M . Para cada planoσ⊂ Tγ(t )M com γ′(t ) ∈σ, mostre que vale a seguinte desigualdade de Synge K (σ)≤K (σ) onde K representa a curvatura seccional em M . 13 44. (Toro de Clifford) Considere a seguinte aplicação f :R2 −→R4 dada por f (x, y)= 1p 2 ( cos( p 2x),sen( p 2x),cos( p 2y),sen( p 2y) ) (a) Mostre que f é uma imersão isométrica e que f (R2)⊂S3. (b) Mostre que os campos abaixo são campos normais a f (R2) ξ f (x,y) = 1p 2 ( cos( p 2x),sen( p 2x),cos( p 2y),sen( p 2y) ) η f (x,y) = 1p 2 ( −cos(p2x),−sen(p2x),cos(p2y),sen(p2y) ) (c) Determine os autovetores dos operadores de Weingarten Aξ e Aη. (d) Mostre que f (R2) tem curvatura seccional constante igual a zero. (e) Mostre que a imersão isométrica f :R2 −→S3 é mínima. 45. Seja f : M n −→Rn+k uma imersão isométrica de uma variedade compacta M . Mostre que existe x0 ∈M e um vetor ξ ∈ (Tx0 M)⊥ tal que〈 Aξ(X ), X 〉≥ ‖X ‖2 para todo X ∈ Tx0 M . 46. Seja f : M n −→ M n+kc uma imersão isométrica de uma certa variedade riemanniana M em uma variedade M c de curvatura seccional constante c . Suponha que f é mínima em x0 ∈M . Mostre que: (a) Ricx0 (X )≤ c, para todo vetor X ∈ Tx0 M unitário. (b) Ricx0 (X )= c ⇔ f é totalmente geodésica em x0. 47. Considere uma imersão isométrica f : M n −→M n+k entre duas variedades riemannianas. Mostre que são equivalentes as seguintes afirmações: (a) f é umbílica em x0 ∈M . (b) Aξ = 〈H(x0),ξ〉 Id, para todo ξ ∈ (Tx0 M)⊥. (c) α(X ,Y )= 〈X ,Y 〉H(x0), para todos X ,Y ∈ Tx0 M . 14 48. Seja G um grupo de Lie munido de uma métrica riemanniana bi-invariante. Seja H ⊂ G um subgrupo de Lie de G . Mostre que, munido da métrica induzida, o subgrupo H é uma subvariedade totalmente geodésica de G . 49. Considere uma imersão isométrica f : M n −→ M n+kc em uma variedade M c de curvatura seccional constante c . Mostre que se n ≥ 2 e f é umbílica, então: (a) ∇⊥X H = 0, para todo X ∈X(M). (b) R⊥ = 0. 50. Seja f : M n −→Rn+1 uma imersão isométrica umbílica, onde n ≥ 2 e ainda M n é uma variedade riemanniana conexa. Mostre que ou a imagem f (M) está contido em um hiperplano, ou f (M) está contido em uma esfera. 51. Seja f : M n −→Rn+k uma imersão isométrica e seja ξ ∈X⊥(M) um campo de vetores unitário e paralelo, ou seja, para todo X ∈X(M) vale que ∇⊥X ξ= 0 Admita ainda que, para todo x ∈M , o operador de Weingarten Aξx é um isomorfismo e que 〈 f (x),ξx 〉= c constante. Mostre que f (M) está contido em uma esfera com centro na origem do Rn+k . 52. Seja n ≥ 2 e f : M n −→ M n+1 uma imersão isométrica. Dado um ponto x ∈M , dizemos que um vetor não nulo X ∈ Tx M é assintótico para f se αx (X , X )= 0 Mostre que se f é mínima, para todo x ∈M existe X ∈ Tx M assintótico para f . Mostre ainda que f é uma imersão mínima em x ∈M se, e sómente se, existirem n vetores de Tx M X1, . . . , Xn que são ortogonais e assintóticos. 15 53. Seja f : M n+k −→M n uma submersão riemanniana. Mostre que se X ,Y , Z ,W são campos em M e X ,Y , Z ,W são os seus respectivos levantamentos em M , então: (a) ∇X Y =∇X Y + 1 2 [X ,Y ]v (b) A expressão 〈〈 R(X ,Y )Z ,W 〉〉 −〈R(X ,Y )Z ,W 〉 é igual a 1 4 〈〈 [Y , Z ]v , [X ,W ]v 〉〉 − 1 4 〈〈 [X , Z ]v , [Y ,W ]v 〉〉 − 1 2 〈〈 [Z ,W ]v , [X ,Y ]v 〉〉 Conclua que se X e Y são ortonormais, então temos a igualdade K (X ,Y )=K (X ,Y )− 3 4 ∥∥∥[X ,Y ]v∥∥∥2 Considere a aplicação f :S2n+1 −→Pn(C) dada por f (z0, z1, . . . , zn)= [(z0, z1, . . . , zn)] Mostre que f é uma submersão. Mostre ainda que, definindo uma métrica riemanniana 〈 , 〉 em Pn(C) por〈 Xp ,Yp 〉 p = 〈〈 X b ,Y b 〉〉 S2n+1 onde b ∈ f −1(p) (a definição não depende de representantes), a aplicação f torna-se uma submersão riemanniana. Conclua que, munido dessa métrica, Pn(C) é uma variedade de Einstein. 16
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