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A MEDICINA DA PESSOA As dimensões humanas da educação médica e a construção do conhecimento • Um pouco da história – saúde-doença: evolução do conceito • A construção do modelo biomédico • Descartes e o modelo biomédico • Foucault e a evolução do saber em medicina • A construção do modelo biomédico e o ensino médico • O complexo de Procusto • O resgate psíquico e a construção do modelo biopsicossocial na prática e no ensino em medicina • Freud e a psicanálise • A integração do estudo e do treinamento das aptidões psicológicas nos currículos • A psicologia médica como estudo da relação e da comunicação • O estudo da comunicação e o currículo médico Um pouco da história – saúde-doença: evolução do conceito • Conhecer a história..., do paciente, sua queixa, sua doença – sua história de vida • Do período pré-histórico ao Iluminismo • Paleopatologia • Pré-história: medicina instintiva, empírica e mágico-religiosa • Informações dos papiros médicos – Edwin Smith (1822-1906) • Do juramento de Hipócrates ao AMM (1994) • A era da razão e da observação • Descartes: dualismo psicofísico • Iluminismo • Robert Koch (1843-1910) – bacilo da tuberculose • Louis Pasteur (1822-1895) – micobriologia/ pasteurização/vacina contra a raiva • Thomas Green Morton (1819-1868) – anestesia por inalação • Joseph Lister (1827-1912) – introdução da antissepsia • Ernst von Bergmann (1836-1907) – esterilização preventiva / assepsia • Ignaz Philipp Semmelweis (1818-1865) – grande precursor da assepsia • Rudolf Virchow (1821-1902) – Histopatologia • Santiago Ramón y Cajal (1852-1934) – Pai da Neurociência • Claude Bernard (1813-1878) – Fundador da medicina experimental ou laboratorial • Gregor Mendel (1822-1824) – Leis de Mendel • Wilhelm Conrad Rontgen (1845-1913) – raios X • Culminou na Medicina Científica e no Modelo Biomédico A construção do modelo biomédico • Exclusão do psíquico e a perda de uma visão integral do ser e do adoecer • Antes – um possível convívio harmonioso entre as vertentes religiosas e empírica • Não existia separação entre doenças físicas e mentais • Schneider (1986): - Escola de Cós ou hipocrática – o homem em sua totalidade. - Escola de Cnido – analítica, específica e mecanicista • Medicina Psicossomática – um retorno a escola de Cós • Alexander e Selesnick (1968) – métodos distintos da abordagem da psique e de seus transtornos: - Método orgânico: explicar os fenômenos em termos físicos. - Método psicológico: uma explicação psicológica. - Método mágico-religioso: explicar e manejar por meio da magia e/ou religião • ... o reducionismo do modelo biomédico seria o reflexo de um funcionamento que de forma não percebida, guarda relações com o modelo mágico”... (DE MARCO, 2012) • Por exemplo: o papel do demônio seria assumido pela química cerebral (responsável pelo funcionamento ou pela doença mental e não as próprias experiências de vida da pessoa) • Importante ressaltar: - A química cerebral não pode ser isolada do homem, de sua personalidade, do que é o núcleo de sua existência. -Assim, como também pode ser alterada pelas vivencias da pessoa, por suas tensões emocionais, ansiedades, cólera, medo, desesperança. Descartes e o modelo biomédico • Influência do paradigma cartesiano sobre o pensamento médico – fator determinante na construção do modelo biomédico, alicerce consensual da moderna medicina científica • Propõe: - separação absoluta entre fenômenos da natureza e fenômenos do espirito. - separação radical entre mente e corpo • Dualismo ontológico: internoXexterno / estados psiqícos vivenciadosXacontecimento corporal no espaço ABRE CAMINHO • Dualismo metodológico: estruturação de diferentes métodos de abordagem que resultará em duas direções distintas de desenvolvimento: - O estudo da natureza e do corpo (res estensa) – imensamente facilitado, na medida que são apartados da complexidade dos fenômenos psíquicos e submetidos ao enquadre mecanicista (decomposição em partes). - O estudo dos estados psíquicos vivenciados (res cogitans) – abordado por uma metodologia distinta / campo das Ciências Humanas (excluídas do científico). Alma, psique – remetida ao religioso ou ao filosófico. • Para que a experiência clínica fosse possível como forma de conhecimento e ação, foi necessária “toda uma reorganização do campo hospitalar, uma nova definição do estatuto de doente na sociedade e a instauração de determinada relação entre a assistência e a experiência, os socorros e o saber; foi preciso situar o doente em um espaço coletivo e homogêneo” (FOUCAULT, 1980) Foucault e a evolução do saber em medicina • Evolução da medicina; • Evolução do saber médico; • Fatores presentes na construção do modelo biomédico • Uma medicina das espécies – prevalece até 1770 / deu ligar ao estágio da medicina clínica (uma medicina dos sintomas – doenças como fenômenos dinâmicos) • Uma medicina dos tecidos (adquirir conhecimentos da patologia através do paciente individual A construção do modelo biomédico e o ensino médico • O Método Experimental (investigação científica) • Modelo biomédico – ancorado na perspectiva biológica e abordável por meio do método experimental – repercutiu no ensino e na formação dos profissionais • Dimensão biológica com exclusão dos aspectos psicossocioculturais • Objeto dessa medicina: uma máquina biológica • Tecnicismo e Superespecialização – perda de uma visão integral do ser e dos cuidados • Holismo ingênuo – que nada quer separar ou tudo quer juntar de maneira indistinta • Manter uma perspectiva integral do ser não pode ser confundida com a ideia de que tudo pode ser abordado simultaneamente • Especialização – uma necessidade fundamental • Especialismo – quando perverte em algo distinto (complexo de Procusto) O resgate psíquico e a construção do modelo biopsicossocial na prática e no ensino em medicina • Psicanálise (Sigmund Freud) – um dos campos mais expressivos dessa retomada no alvorecer do século XX. • Suas contribuições forneceram abertura (relação médico-paciente e a relação mente e corpo e seus modos de funcionamento) vislumbrados e aprofundados • Décadas de 30 e 40 – entrada na academia e no ensino nos EUA • Franz Alexander (1891-1964) – introdução da psicanálise nas escolas de Medicina • Michael Balint (1896-1970) – medicina psicossomática / tratamento com psicoterapia 1932: primeiro grupo de treinamento e pesquisa com médicos, mais tarde “grupos Balint) “ o remédio mais usado em medicina é o próprio médico, o qual, como os demais medicamentos, precisa ser conhecido em sua posologia, efeitos colaterais e toxicidade” (BALINT, 2005) A integração do estudo e do treinamento das aptidões psicológicas nos currículos • Ernst Freiherr von Feuchtersleben ( 1806-1849) – médico vienense, cunhou a expressão “Psicologia Médica” • Objetivo: treinamento das aptidões psicológicas desses profissionais, independente de sua especialização • Maurice Fleury (1860-1936) – reintrodução da psicologia médica como disciplina regular do curso médico • John Broadus Watson (1878-1958) – propôs “que o ensino de psicologia era tão essencial para estudantes de medicina quanto anatomia, farmacologia, cirurgia e outras”... • Freud, em 1919 – preocupação com o conteúdo e objetivo da disciplina não fossem limitados à psicologia acadêmica fundada em uma psicologia experimental A psicologia médica como estudoda relação e da comunicação • “ a psicologia médica como parte da medicina encarregada de informar e formar o médico para melhor realizar o seu trabalho em geral, proporcionando-lhe uma conceituação ampla do contexto psicobiológico e psicossocial da saúde e da enfermidade e facilitando-lhe o desenvolvimento de suas habilidades de interação interpessoal” (JEAMMET e COL., 1982) • Para Schneider (1986): “a relação médico-paciente é o objeto privilegiado da psicologia médica, incluindo um conjunto de conhecimentos que toma corpo e desemboca em uma prática centrada no homem enfermo, suas reações à enfermidade e na relação psicológica com seu médico” • Para Schneider (1986), a tarefa da psicologia médica é “instrumentalizar o aluno com conhecimento psicológicos para que o futuro médico possa compreender melhor o paciente a quem trata, os aspectos psíquicos desse paciente que estarão presentes em qualquer que seja sua afecção, as considerações teóricas e a etiologia da enfermidade” O estudo da comunicação e o currículo médico “...deve haver instrução e avaliação específica das habilidades de comunicação na forma em que se relacionam com as responsabilidades dos médicos, incluindo comunicação com pacientes, famílias, colegas e outros profissionais da saúde” (AAMC, 1999)
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