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AP3 2017.1 Análise das Decisões Gerencias Gabarito

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Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
 
 
Avaliação Presencial – AP3 
Período - 2017/1º 
Disciplina: Análise das Decisões Gerenciais 
Coordenador da Disciplina: Marcelo Alvaro da Silva Macedo 
 
Aluno (a): ............................................................................................................................ 
Pólo: .................................................................................................................................... 
 
 Só serão aceitas respostas feitas a caneta esferográfica azul ou preta; 
 Não será feita revisão da questão quando respondida a lápis. 
 
Boa sorte! 
 
Discorra sobre um processo decisório onde estejam presentes aspectos relacionados com 
as heurísticas de julgamento. Descreva para esta situação pelo menos um viés de 
decisão que esteja acontecendo. 
 
 
 
 
 
Padrão de Resposta Esperado 
 
 
Os três grupos genéricos de heurísticas são: da Disponibilidade; da 
Representatividade; e da Ancoragem e Ajustamento. 
Heurística da Disponibilidade é aquela que diz com que freqüência avaliamos 
as chances de ocorrência de um evento pela facilidade com que conseguimos lembrar-
nos de ocorrências desse evento. Segundo Kahneman, Slovic e Tversky,
1
 os gerentes 
avaliam a freqüência, a probabilidade ou as causas prováveis de um evento por meio do 
grau em que as circunstâncias ou ocorrências do mesmo estão prontamente disponíveis 
na memória. Certamente, um evento que evoca emoções, sendo vívido, facilmente 
imaginado e específico, estará mais disponível na memória do que um evento que seja 
por natureza não emocional, neutro, difícil de imaginar ou vago. Com isso a Heurística 
da Disponibilidade pode constituir uma estratégia gerencial muito útil para a tomada de 
decisão, tendo em vista que circunstâncias de eventos de maior freqüência são, em 
geral, reveladas mais facilmente, em nossas mentes, do que as de eventos de menor 
freqüência. Porém, não se deve considerar essa heurística infalível ou livre de vieses, 
em virtude de ser a disponibilidade da informação também afetada por outros fatores 
não relacionados com a freqüência objetiva (real) do evento em julgamento. Esses 
fatores, que deveriam ser irrelevantes ou pouco importantes na avaliação de 
probabilidade, podem influenciar indevidamente a proeminência perceptível imediata 
do evento, a vividez com que se revela ou a facilidade com que é imaginado. 
Segundo Bazerman,
2
 a Heurística da Representatividade é o julgamento por 
estereótipo, em que a base do julgamento são modelos mentais de referência. Os 
gerentes avaliam a probabilidade de ocorrência de um evento por meio da similaridade 
da mesma com seus estereótipos de acontecimentos semelhantes. Em alguns casos, 
quando sob controle, o uso dessa heurística é uma boa aproximação preliminar. Porém, 
em outros, leva a comportamentos que muitos de nós encaramos como irracionais ou 
moralmente condenáveis - tais como a discriminação. Um problema evidente é o fato de 
que indivíduos tendem a basear-se em tais estratégias mesmo quando essas informações 
são insuficientes e há outras de melhor qualidade com base nas quais se pode fazer um 
julgamento correto. 
 
1 KAHNEMAN, D. P., SLOVIC, P. e TVERSKY, A. Judgment under Uncertainty: Heuristics and Biases. 
Cambridge: Cambridge University Press, 1988. 
2 BAZERMAN (1994). 
Ainda segundo o mesmo autor, a heurística da ancoragem e ajustamento é 
aquela em que se avalia a chance de ocorrência de um evento pela colocação de uma 
base (âncora) e se faz, então, um ajuste. Os gerentes começam a realização de suas 
avaliações com base em um valor inicial, que é posteriormente ajustado para fins de 
uma decisão final. O valor inicial, ou ponto de partida, pode ser sugerido por um 
precedente histórico, pela maneira na qual um problema é apresentado ou por uma 
informação aleatória. Em situações ambíguas, um fator trivial pode exercer um 
profundo efeito sobre nossa decisão, caso sirva como ponto de partida, do qual 
passamos a proceder a ajustamentos. Freqüentemente, as pessoas serão capazes de 
perceber a falta de razoabilidade da âncora, mas seu ajustamento muitas vezes 
permanecerá, irracionalmente, próximo à mesma. O que se pode ver com grande 
constância é que, independentemente da base do valor inicial, os ajustamentos efetuados 
no mesmo tendem a ser insuficientes. Assim, podemos ter decisões distintas para o 
mesmo problema, dependendo de quais são os valores iniciais. 
A discussão acerca das heurísticas e vieses do processo decisório sugere que os 
indivíduos desenvolvam regras simplificadoras para reduzirem as exigências de 
processamento de informação na tomada de decisão. Essas regras proporcionam aos 
decisores maneiras eficientes de lidar com problemas complexos, que produzem boas 
decisões em várias situações. A heurística, no entanto, também leva os tomadores de 
decisão a resultados sistematicamente enviesados, quando mal utilizada. Um viés 
cognitivo refere-se, exatamente, às situações nas quais as heurísticas são indevidamente 
aplicadas no processo de tomada de decisão. 
Exploraremos, aqui, a oportunidade de as pessoas auditarem suas próprias 
decisões e identificarem os vieses que as afetam. Ao final de nossa discussão teórica 
faremos uma análise de uma série de questões que nos ajudarão a entender as heurísticas 
e vieses existentes em várias situações de decisão e que levam os decisores a se 
desviarem sistematicamente da racionalidade. A idéia por trás dessa maneira de explorar 
essa problemática está em aumentar sua capacidade de conscientização do impacto da 
heurística sobre suas decisões e para ajudá-lo a desenvolver uma capacidade a fim de 
apreciar os erros sistemáticos que emanam de um excesso de dependência das mesmas. 
De forma geral os vieses que serão analisados são relevantes, praticamente, para todos 
os indivíduos, e cada um deles diz respeito a pelo menos uma das heurísticas já 
apresentadas. 
A meta desta discussão é ajudá-lo a "descongelar" seus padrões de tomada de 
decisão e perceber com mais facilidade como as heurísticas se transformam em vieses 
quando são aplicadas de forma inadequada. Por meio da apreciação de diversos 
problemas que demonstram os fracassos desses tipos de heurísticas, você irá tornar-se 
mais consciente dos vieses em sua tomada de decisão. Aprendendo a identificar tais 
vieses, você poderá melhorar a qualidade de suas decisões. 
Vamos explorar agora os vieses em relação a cada tipo de heurística. Em 
relação a Heurística da Disponibilidade, há os seguintes vieses: 
 facilidade de lembrança: baseia-se na vividez e na ocorrência recente, ou seja, 
segundo Kahneman, Slovic e Tversky,
3
 quando um indivíduo julga a freqüência de 
um evento por meio da disponibilidade de suas ocorrências, aquele cujas 
manifestações forem mais facilmente relembradas parecerá acontecer mais do que o 
de igual freqüência e menos facilmente recordado. Os mesmos autores dizem que, 
tendo em vista nossa suscetibilidade à vividez e à ocorrência recente, temos uma 
tendência especial a superestimar eventos pouco prováveis. A observação direta de 
um evento, mesmo de baixa freqüência, faz com que ele nos seja mais evidente; 
 possibilidade de recuperação: baseia-se nas estruturas da memória e na facilidade 
de recuperação. Entre as alternativas apresentadas em um processo decisório, 
aquela que apresentar menor dificuldade relativa de ser lembrada será a escolhida, 
mesmo que não seja a de maior freqüência. Isso afeta diretamente nosso 
comportamento debusca de informação no âmbito de nossas rotinas de trabalho. 
Estruturamos as organizações de forma a que propiciem ordem, mas essa mesma 
estrutura pode levar à confusão, caso a ordem suposta não funcione exatamente 
conforme sugerida; 
 associações pressupostas: as pessoas freqüentemente caem na armadilha do viés da 
disponibilidade em sua avaliação da probabilidade de que dois eventos ocorram em 
conjunto. Ao avaliarem dois eventos as pessoas costumam ignorar o fato de estes 
formarem quatro situações distintas que precisam ser consideradas na apreciação da 
correlação existente entre as duas situações. Vários estudos mostram que, quando a 
probabilidade de dois eventos ocorrerem em conjunto é julgada pela 
disponibilidade de situações percebidas, desse tipo, em nossas mentes, em geral 
 
3 KAHNEMAN, SLOVIC e TVERSKY (1988). 
 
atribuímos uma probabilidade desproporcionalmente elevada de que ocorram 
novamente em conjunto. 
Toda uma vida de experiência nos levou a acreditar que, em geral, os eventos 
mais freqüentes são relembrados em nossas mentes com mais facilidade do que os que 
têm menor incidência, sendo os eventos mais prováveis mais fáceis de serem lembrados 
do que os menos prováveis. Em resposta a esse aprendizado, desenvolvemos a 
heurística da disponibilidade para estimar a probabilidade de eventos. Em muitos casos, 
essa heurística simplificadora leva a julgamentos acurados e eficientes. Entretanto, 
como estes três primeiros vieses indicam, o uso inadequado da heurística da 
disponibilidade pode conduzir a erros sistemáticos no julgamento gerencial. 
Pressupomos com facilidade demasiada que nossas lembranças disponíveis sejam 
verdadeiramente representativas de algum conjunto maior de ocorrências que existe fora 
de nossa faixa de experiência. 
Numa análise da heurística da representatividade temos os seguintes vieses: 
 falta de sensibilidade às proporções da base: as pessoas tendem a ignorar 
informações relevantes acerca das proporções da base. Normalmente são 
consideradas informações irrelevantes e desconsideradas outras que são cruciais no 
processo decisório. Segundo Kahneman, Slovic e Tversky,
4
 quando os indivíduos 
não são expostos às informações irrelevantes eles costumam usar corretamente os 
dados das proporções da base. Assim, dizem os autores, as pessoas compreendem a 
relevância das informações sobre as proporções da base, mas tendem a 
desconsiderá-las quando também se encontram disponíveis dados descritivos; 
 falta de sensibilidade ao tamanho da amostra: embora, estatisticamente falando, o 
tamanho da amostra seja crucial para uma análise, Kahneman, Slovic e Tversky
5
 
observam que este elemento se situa claramente fora do repertório de intuições das 
pessoas. Ao trabalhar com problemas que lidem com amostragens, as pessoas 
muitas vezes usam a heurística da representatividade. Em suas mentes, elas fazem 
analogias com informações dadas, e claramente ignoram a questão do tamanho da 
amostra, a qual é crítica para uma avaliação acurada de qualquer problema dessa 
natureza; 
 
4 KAHNEMAN, SLOVIC e TVERSKY (1988). 
5
 KAHNEMAN, SLOVIC e TVERSKY (1988). 
 
 concepções errôneas do acaso: a maioria dos indivíduos se vale freqüentemente de 
sua intuição e da heurística da representatividade e erradamente concluem que 
determinado desempenho seria pouco provável, tendo em vista ser extremamente 
baixa a probabilidade de obtê-lo. O que os indivíduos geralmente procuram é que 
eventos aleatórios se pareçam aleatórios. Isto é, as pessoas ignoram a 
independência de eventos múltiplos aleatórios, em virtude de uma melhor aparência 
de aleatoriedade, e por outras vezes julgam as taxas de probabilidade como sendo 
"uniformes". Isso mostra nossa preocupação pelo equilíbrio de eventos aleatórios, o 
que, pelo contrário, faria com que estes deixassem de ser aleatórios. O que autores 
como Kahneman, Slovic e Tversky
6
 dizem é que o acaso é, em geral, encarado 
como um processo auto corretivo, no qual um desvio em uma direção induz a um 
desvio na direção oposta a fim de restaurar o equilíbrio esperado. O que de fato 
acontece é que os desvios não se corrigem à medida que o processo probabilístico 
se desenrola, mas na verdade eles tão-somente se diluem; 
 regressão à média: esse é um viés sistemático da Heurística da Representatividade, 
pois os indivíduos, em geral, supõem que os resultados futuros serão 
representativos ao máximo daqueles do passado. Assim, tendemos a desenvolver, 
ingenuamente, previsões que se baseiam na suposição de uma correlação perfeita 
com dados passados. Sob circunstâncias pouco usuais ou extremas, a esperança de 
regressão à média se concretiza com mais facilidade, já que é pouco provável que 
eventos com resultados extremos se repitam. Contudo, em geral, não reconhecemos 
o efeito enviesado da regressão à média em casos menos drásticos; 
 a falácia da conjunção: a heurística da representatividade leva a uma outra distorção 
bastante comum e sistemática do julgamento humano: a falácia da conjunção. Uma 
das leis qualitativas mais simples e fundamentais da probabilidade é que um 
subconjunto não pode ser mais provável do que um conjunto maior que inclui 
totalmente o primeiro. Embora isto seja incontestável, estatisticamente falando, ou 
seja, uma simples estatística pode facilmente demonstrar que uma conjunção 
(combinação de dois ou mais eventos) não pode ser mais provável do que quaisquer 
de seus eventos, a Falácia da Conjunção prevê e demonstra que uma conjunção será 
julgada mais provável do que um componente isolado da mesma quando esta 
parecer mais representativa do que o componente em si. Esse viés também pode 
 
6
 KAHNEMAN, SLOVIC e TVERSKY (1988). 
 
operar em uma -base de maior disponibilidade, ou seja, a conjunção pode criar 
associações mais intuitivas com eventos, atos ou pessoas vívidas do que um 
componente dela. Isso resultará numa maior percepção, incorreta, da mesma como 
mais provável do que o componente. 
A experiência tem-nos ensinado que a probabilidade de uma ocorrência está 
muito mais relacionada com a probabilidade de um grupo de ocorrências que a mesma 
representa. Infelizmente, tendemos a utilizar em demasia essas informações ao 
tomarmos nossas decisões. Os vieses que acabamos de explorar ilustram as 
irracionalidades sistemáticas que podem surgir em nossos julgamentos quando não 
temos consciência desse excesso de dependência. Por último, vamos a uma análise da 
Heurística da Ancoragem e do Ajustamento. Seus vieses podem ser assim classificados: 
 ajuste insuficiente da âncora: alguns estudos constataram que as pessoas 
desenvolvem estimativas começando com urna âncora inicial, baseada em qualquer 
informação que lhes seja fornecida, e ajustando-as, a partir daí, para chegarem à 
resposta final. Porém, em geral, o que acontece é que esses ajustes são insuficientes 
para anular os efeitos da âncora. Na maioria dos casos as respostas são fortemente 
influenciadas e, por conseguinte, enviesadas por conta da âncora inicial, mesmo que 
esta seja irrelevante. Ou seja, diferentes pontos de partida levam a respostas 
distintas. É interessante observar que é muito difícil fazer com que urna pessoa 
mude suas estratégias de tornada de decisão, mesmo com o problema que estamos 
discutindo. Isso ocorre porque cada urna das heurísticas discutidas aqui está 
atualmente servindo corno urna de suas âncoras cognitivas, sendo fundamentais em 
seus processos de julgamento. Assim, qualquer estratégia cognitiva sugerida aqui 
tem que ser apresentada e compreendidaem urna forma que venha a levar as 
pessoas a romperem com suas âncoras cognitivas existentes. Isso é, sem dúvida, 
algo muito difícil, mas suficientemente importante para fazer valer a pena qualquer 
esforço necessário; 
 eventos conjuntivos e disjuntivos: o que geralmente observamos nos estudos 
sobre esse viés é urna superestimação da probabilidade de eventos conjuntivos 
(aqueles que devem ocorrer em conjunto uns com os outros) e urna subestimação 
da probabilidade dos eventos disjuntivos (aqueles que ocorrem independentemente 
uns dos outros). Assim, quando múltiplos eventos têm todos que acontecer, 
superestimamos sua verdadeira probabilidade, ao passo que, se apenas um dentre 
inúmeros eventos tem que ocorrer, subestimamos sua real probabilidade. Isso 
também pode ser explicado pela ancoragem, pois o que acontece, também, é que a 
probabilidade de um evento é tida corno âncora para julgar a probabilidade dos 
eventos conjuntivos e disjuntivos. E corno o ajuste é normalmente insuficiente para 
adequar nosso julgamento, o que acontece é a inadequação de nossas respostas; 
 excesso de confiança: a maioria das pessoas tem um excesso de confiança em 
suas capacidades de estimativa e não admite a incerteza que efetivamente existe. O 
excesso de confiança tem sido identificado corno um padrão comum de julgamento 
e demonstrado em urna grande variedade de contextos. Outra constatação comum 
consiste na tendência das pessoas a terem o maior excesso de confiança na exatidão 
de suas respostas quando lhes pedem que respondam a perguntas de dificuldade 
moderada a extrema. Isto é, à medida que decresce o conhecimento das pessoas 
sobre urna pergunta, elas não diminuem de forma correspondente seu nível de 
confiança. Contudo, as pessoas não demonstram tipicamente excesso de confiança, 
chegando mesmo a demonstrar falta de confiança frente a perguntas com as quais 
têm familiaridade. Assim, devemos estar mais alertaspara o excesso de confiança 
em áreas fora de nossa especialidade. Há um alto grau de controvérsia em tomo de 
explicações dando conta da existência do excesso de confiança. Kahneman, Slovic 
e Tversky
7
explicam o excesso de confiança em termos de ancoragem. 
Especificamente, eles alegam que, quando se solicita aos indivíduos que 
estabeleçam urna faixa de confiança ao redor de urna resposta, sua estimativa 
inicial serve de âncora que passa a enviesar seus cômputos de intervalos de 
confiança em ambas as direções. Corno se explicou anteriormente, os ajustamentos 
com base nas âncoras são normalmente insuficientes, resultando em urna faixa de 
confiança excessivamente estreita. Bazerman
8
 sugere duas estratégias viáveis para 
sua eliminação. Em primeiro lugar, ele constata que, ao se dar às pessoas 
umfeedbaek sobre seu excesso de confiança com base em seus julgamentos, 
consegue-se obter um sucesso moderado na redução desse tipo de viés. Em 
segundo, solicitando-se às pessoas que expliquem por que suas respostas podem 
estar erradas (ou bem longe de exatas), é possível diminuir o excesso de confiança 
ao se fazer com que os indivíduos vejam as contradições em seu julgamento. 
 
7 KAHNEMAN, SLOVIC e TVERSKY (1988). 
8
 BAZERMAN (1994). 
 
A necessidade de se contar com urna âncora inicial tem grande peso em nossos 
processos de tornada de decisão, principalmente ao tentarmos estimar probabilidades ou 
estabelecer valores. A experiência ensinou-nos que partir de algum ponto é mais fácil do 
que começar do nada na determinação de tais números.Contudo, corno nos mostram os 
três últimos vieses, é comum que nos baseamos excessivamente nesses tipos de âncora e 
que raramente questionemos sua validade ou adequação em urna determinada situação. 
Corno no caso das demais heurísticas, freqüentemente deixamos de perceber até mesmo 
que a mesma está impactando nossos julgamentos. 
Além dos vieses atribuídos às heurísticas estudadas anteriormente, existem 
outros dois vieses que precisam ser considerados. Estes são mais genéricos, ou seja, não 
estão ligados exclusivamente a nenhuma das heurísticas anteriores. Vamos vê-los: 
 armadilha da confirmação: a maioria das pessoas está sempre procurando 
evidências de confirmação e excluem a busca de informações de não-confirmação 
de seus processos de decisão. Contudo, em geral não é possível saber que algo é 
verdadeiro sem que se verifique sua eventual não-confirmação. É fácil observar a 
armadilha da confirmação nos processos decisórios. Quando se torna urna decisão, 
seja essa qual for, a pessoa, por conta da armadilha da confirmação, tende a evitar, 
mesmo antes de se comprometer em definitivo, evidências desafiadoras ou de não-
confirmação, que são exatamente as que poderiam proporcionar as visões mais 
úteis; 
 retrospecto: as pessoas não são, em geral, muito boas para se lembrarem ou 
reconstituírem a forma pela qual uma situação incerta lhes apareceu antes de 
descobrirem os resultados da decisão. Talvez nossa intuição seja algumas vezes 
precisa, mas tendemos a superestimar o que sabíamos e distorcer nossas convicções 
acerca do que conhecíamos anteriormente, com base no que posteriormente viemos 
a constatar. O fenômeno ocorre quando as pessoas olham para trás para avaliar o 
julgamento dos outros assim como o de si mesmos. Este viés é o conhecido "eu já 
sabia". Segundo Kahneman, Slovic e Tversky;
9
 a maneira mais usual de tentar 
explicar esse viés é por meio das heurísticas já apresentadas anteriormente. A 
ancoragem pode contribuir para esse tipo de viés quando indivíduos interpretam 
seus julgamentos subjetivos anteriores das probabilidades de UIT.. evento que 
ocorreu, em referência à âncora de saber se o resultado efetivamente se deu ou não. 
 
9 KAHNEMAN, SLOVIC e TVERSKY (1988). 
Sendo os ajustamentos às âncoras sabidamente inadequados, pode-se esperar que o 
conhecimento em retrospecto venha a enviesar as percepções do que se pensa que 
já se sabia de antemão. Além disso, à medida que os diferentes elementos de dados 
sobre o evento variam em termos de seu apoio ao resultado real, indícios que se 
mostrem consistentes com o resultado conhecido poderão tornar-se cognitivamente 
mais evidentes e, assim, mais disponíveis na memória. Isso levará um indivíduo a 
justificar uma antevisão alegada em vista dos "fatos fornecidos". Finalmente, a 
relevância de determinado elemento de informação pode, posteriormente, ser 
julgada como maior, à medida que ele seja representativo do resultado final 
observado. A alegação de que o que aconteceu era previsível com base em 
conhecimento prévio nos coloca em uma posição de usar o retrospecto para criticar 
o julgamento de antevisão de outra pessoa. No curto prazo, o retrospecto apresenta 
diversas vantagens. Em especial, é muito lisonjeador acreditar que seu julgamento é 
muito melhor do que realmente é. O retrospecto reduz, no entanto, sua capacidade 
de aprender com o passado e avaliar, objetivamente, as decisões de si mesmo e dos 
demais. Bazerman
10
 diz que vários pesquisadores defendem a idéia de que os 
indivíduos deveriam, sempre que possível, ser recompensados com base no 
processo e na lógica de suas decisões e não dos resultados. Um tomador de decisão 
cuja decisão é de alta qualidade, mas não funciona na prática, deveria ser 
recompensado e não punido. A lógica desse argumento é no sentido de que os 
resultados são afetados por uma série de fatores que caem fora do controle direto do 
tomador de decisão. Contudo, à medida que nos baseamos nos resultados e no 
retrospecto que lhes corresponde, avaliaremos indevidamente a lógica usada pelo 
decisor em termos dos resultados que ocorrerame não dos métodos que foram 
empregados. 
Como podemos ver, as heurísticas, ou regras simplificadoras, constituem 
ferramentas cognitivas que usamos para simplificar a tomada de decisão. Existem 
alguns vieses, que também já foram abordados, que resultam da utilização em demasia 
das heurísticas de julgamento. Esses vieses estão resumidos no Quadro 02, junto com as 
heurísticas a eles associadas. Deve-se apenas enfatizar que as heurísticas não são 
mutuamente excludentes, ou seja, na verdade pode-se ter mais de uma heurística em 
operação em nossos processos de tomada de decisão em qualquer dado momento. 
 
10 BAZERMAN (1994). 
Procura-se, no quadro, reconhecer apenas a heurística predominante em cada tipo de 
viés identificado. 
 
VIÉS DESCRIÇÃO 
VIESES DA HEURÍSTICA DA DISPONIBILIDADE 
FACILIDADE DE LEMBRANÇA Os indivíduos julgam que os eventos mais facilmente recordados na memória, 
com base em sua vividez ou ocorrência recente, são mais numerosos do que 
aqueles de igual frequência cujos casos são menos facilmente lembrados. 
CAPACIDADE DE 
RECUPERAÇÃO 
Os indivíduos são enviesados em suas avaliações da frequência de eventos, 
dependendo de como suas estruturas de memória afetam o processo de busca. 
ASSOCIAÇÕES PRESSUPOSTAS Os indivíduos são enviesados ao analisarem a probabilidade de que dois 
eventos ocorram em conjunto, em função de desconsiderarem a possibilidade 
dessa correlação s serem afetados pela disponibilidade em suas memórias. 
VIESES DA HEURÍSTICA DA REPRESENTATIVIDADE 
FALTA DE SENSIBILIDADE À 
PROPORÇÕES DA BASE 
Os indivíduos tendem a ignorar as proporções da base na avaliação da 
probabilidade de eventos, quando é fornecida qualquer outra informação 
descritiva, mesmo se esta for irrelevante. 
FALTA DE SENSIBILIDADE AO 
TAMANHO DA AMOSTRA 
Os indivíduos, frequentemente, não são capazes de apreciar o papel do 
tamanho da amostra na avaliação da confiabilidade das informações da 
mesma. 
CONCEPÇÕES ERRÔNEAS 
SOBRE O ACASO 
Os indivíduos esperam que uma sequência de dados gerados por um processo 
aleatório pareça ser "aleatória", mesmo quando for demasiado curta para que 
aquelas expectativas sejam estatisticamente válidas. 
REGRESSÃO À MÉDIA Os indivíduos tendem a ignorar o fato de que eventos extremos tendem a 
regredir à média nas tentativas subsequentes. 
A FALÁCIA DA CONJUNÇÃO Os indivíduos julgam erradamente que as conjunções (dois eventos que 
ocorrem em conjunto) são mais prováveis do que um conjunto mais global de 
ocorrências do qual a conjunção é um subconjunto. 
VIESES DA HEURÍSTICA DA ANCORAGEM E AJUSTAMENTO 
INSUFICIENTE AJUSTAMENTO 
DA ÂNCORA 
Os indivíduos fazem estimativas para valores com base em um valor inicial 
(derivado de eventos passados, atribuição aleatória ou qualquer outra 
informação que esteja disponível) e, em geral, fazem ajustes insuficientes 
daquela âncora quando do estabelecimento de um valor final. 
VIÉS DE EVENTOS 
CONJUNTIVOS E DISJUNTIVOS 
Os indivíduos exibem um viés tendendo para a superestimação da 
probabilidade de eventos conjuntivos e para a subestimação da probabilidade 
de ventos disjuntivos. 
EXCESSO DE CONFIANÇA Os indivíduos tendem a ser excessivamente confiantes quanto à infalibilidade 
de seus julgamentos ao responderem a perguntas de dificuldade variando de 
moderada a extrema. 
VIESES QUE EMANAM DIVERSAS HEURÍSTICAS 
ARMADILHA DA 
CONFIRMAÇÃO 
Os indivíduos tendem a buscar informações de confirmação para o que 
consideram ser verdadeiro e negligenciam a busca de indícios de não 
confirmação. 
RETROSPECTO Após terem constatado a ocorrência ou não de um evento, os indivíduos 
tendem a superestimar o grau em que teriam antevisto o resultado correto.

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