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Capítulo 32. CONFLITO DE COMPETÊNCIA

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2017 - 07 - 18 
Curso Avançado de Processo Civil - Volume 2 - Edição 2016
SÉTIMA PARTE - OUTROS PROCESSOS E INCIDENTES NOS TRIBUNAIS
SÉTIMA PARTE - OUTROS PROCESSOS E
INCIDENTES NOS TRIBUNAIS
(Autores)
Luiz Rodrigues Wambier
Eduardo Talamini
Capítulo 32. CONFLITO DE COMPETÊNCIA
32.1. Noções gerais
O legislador definiu critérios para a determinação da competência dos diversos órgãos
da Jurisdição, a fim de que se possa saber, no caso concreto, qual juízo, entre todos
igualmente investidos na função jurisdicional, tem competência para processar e julgar
determinada causa (v. vol. 1, cap. 6).
Entretanto, pode ocorrer que, na aplicação desses critérios, haja embate entre dois ou
mais órgãos jurisdicionais a respeito de qual deles é o competente. Para essas situações, o
Código elegeu um mecanismo destinado ao controle da competência no curso do processo:
o incidente de conflito de competência (arts. 66, 951 e ss. do CPC/2015).
Surge o conflito quando dois ou mais órgãos judiciários, que não estão em relação de
sobreposição hierárquica, afirmam-se igualmente competentes para a mesma causa
(conflito positivo) ou negam sua competência, atribuindo-a um ao outro (conflito
negativo). Ocorre também quando há controvérsia entre dois ou mais juízos a respeito da
reunião ou separação de processos.
Para que se configure o conflito negativo, a teor do que dispõe o parágrafo único do art.
66, é preciso que a atribuição seja recíproca. Para que se estabeleça o conflito, exige-se que
X decline a competência a Y e este, rejeitando-a, imediatamente a atribua a X, suscitando o
conflito. Isto é, se X atribuir a competência a Y e este rejeitá-la, declinando-a a Z, não
haverá conflito suscitável.
Já no conflito positivo, a instauração prescinde de manifestação explícita dos
conflitantes atestando sua competência, bastando a prática de atos por ambos os juízos em
relação à mesma causa, como se competentes fossem.
Observe-se ainda que, de acordo com a Súmula 59 do STJ, não há conflito quando já
existir sentença transitada em julgado, prolatada por um dos juízos conflitantes.
32.2. Natureza jurídica
O conflito de competência não é ação nem recurso. É um incidente processual, por
meio do qual se busca determinar qual juízo, entre os conflitantes, tem competência para
processar e julgar a causa. Portanto, ele não constitui um processo novo. Trata-se de um
episódio processual, interno ao processo em curso, destinado a coordenação da atuação de
diferentes órgãos judiciais, a fim de que dois ou mais deles não atuem ao mesmo tempo
sobre o mesmo objeto ou que todos eles simultaneamente se abstenham de atuar.
32.3. Legitimidade
Têm legitimidade para suscitar o conflito as partes, o Ministério Público e o juiz (art.
951 do CPC/2015). A jurisprudência, inclusive do STJ, reconhece também a legitimidade do
terceiro, desde que revestido de interesse jurídico.
Conforme dispõe o art. 952, o conflito não pode ser suscitado pela parte que já alegou
incompetência relativa no processo. Como a arguição da incompetência relativa no
processo opera a preclusão consumativa, a parte que a arguiu carece de interesse para
suscitar o conflito.
Nada impede, por outro lado, que, estando pendente o conflito, o réu que não o
suscitou aduza a incompetência relativa em contestação (art. 952, parágrafo único).
32.4. Competência
A regra de competência para o julgamento do conflito é bastante simples. Em geral, é
competente o tribunal hierarquicamente superior aos juízos conflitantes.
Assim, se o conflito se instalar entre juízos de primeiro grau que exerçam a jurisdição
em um mesmo Estado, será competente o respetivo Tribunal de Justiça (v.g., se a
divergência ocorrer entre o juízo da comarca da capital de São Paulo e o juízo da comarca
de Campinas, julgará o conflito o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo).
Será do STJ a competência, conforme dispõe o art. 105, I, d, da CF/1988, quando o
conflito surgir entre tribunais, entre um tribunal e juízes a ele não vinculados e entre
juízes vinculados a diferentes tribunais.
Se o conflito se der entre o STJ e outro tribunal, entre tribunais superiores (STJ, STE,
TST e STM) ou entre estes e qualquer outro tribunal, a competência será do STF, nos
termos do art. 102, I, o, da CF/1988.
32.5. Procedimento
O conflito é instaurado por petição dirigida ao tribunal competente para apreciá-lo, nos
casos em que a iniciativa for da parte, de terceiro interessado ou do Ministério Público
(art. 953, II), ou através de ofício, quando suscitado pelo juiz (inciso I).
Tanto a petição quanto o ofício observarão as regras relativas à prática desses atos em
geral e deverão ser instruídos com os documentos que o suscitante reputar úteis à prova
do conflito.
Distribuído o conflito suscitado pelas partes ou pelo Ministério Público, o relator
determinará a oitiva dos conflitantes, que deverão prestar informações no prazo por ele
designado. Se o conflito for instaurado por um dos juízos, o relator determinará a oitiva
apenas do suscitado.
O parágrafo único do art. 955 autoriza o relator a decidi-lo monocraticamente quando
houver respaldo em súmula do STF, do STJ ou do próprio tribunal, ou em tese fixada em
recursos repetitivos ou em incidente de assunção de competência.
Ao final do prazo designado para a prestação de informações (sendo elas prestadas ou
não), nos casos em que atuar como custos legis, previstos no art. 178, deverá o Ministério
Público ser intimado para que, no prazo de cinco dias, manifeste-se sobre o conflito.
Encerrado esse prazo, o conflito é levado a julgamento pelo órgão colegiado
(excetuadas as hipóteses de julgamento monocrático acima citadas), que declarará qual o
juízo competente, remetendo-se a ele os autos do processo. Nos conflitos envolvendo
órgãos fracionários dos tribunais, desembargadores e juízes do tribunal, observam-se as
disposições dos regimentos internos dos tribunais.
Contra a decisão que resolve o conflito, podem caber embargos de declaração, recurso
especial ou recurso extraordinário, conforme o caso.
Caso o conflito se instale entre autoridade judiciária e autoridade administrativa (e
aqui não se está diante de um conflito de competência, mas de um "conflito de
atribuições"), observar-se-á o regimento interno do tribunal competente para dirimir o
conflito (art. 959).
32.6. Efeitos
Não ocorrendo nenhuma das hipóteses de julgamento monocrático, e sendo positivo o
conflito (i.e., instalada a divergência por que os dois ou mais juízos em conflito declaram-
se competentes), poderá o relator, de ofício ou a requerimento da parte, determinar o
sobrestamento do processo, designando um dos juízos conflitantes para apreciar,
provisoriamente, as questões urgentes.
Se houver conflito negativo, a paralisação já lhe será consequência natural, pois ambos
os juízos, porque não se consideram competentes, abstêm-se de praticar atos no processo.
Mas também nesse caso, o relator deverá designar um deles para a resolução das medidas
urgentes que porventura sobrevenham.
Ao declarar qual é o juízo competente, cabe ao tribunal dizer quais atos eventualmente
praticados pelo juízo incompetente serão considerados válidos e quais não o serão. Para
tanto, deverá ter sempre em mente o princípio do aproveitamento dos atos processuais
defeituosos, extraível, dentre outras disposições, do § 1.º do art. 282 do CPC/2015.
Como já dito (v. vol. 1, n. 28.2.2), a invalidade somente deverá ser decretada quando
houver, concomitantemente, defeito no ato processual e prejuízo, entendido esse último
como a capacidade de o defeito impedir que a finalidade do ato seja alcançada. Trata-se
daquilo que tradicionalmente é denominado pela doutrina de princípio do "pas de nullité
sans grief", ou de que "não há nulidade sem prejuízo".
32.7. O falso conflito de competência entre tribunal arbitral e juiz estatal
Discute-se o cabimento do incidente de conflitode competência quando tanto o juiz
estatal quanto o árbitro (ou tribunal arbitral) afirmam-se competentes para o julgamento
de uma causa (ou ambos se afirmam incompetentes - hipótese incomum na prática).
O STJ, ainda que por maioria, já afirmou a admissibilidade do incidente nessa hipótese,
reputando-se o órgão competente para dirimir o conflito. Contudo, essa orientação é
bastante criticada. Primeiro, porque ela trata o tribunal arbitral como que se órgão
judicial ele fosse. É da essência da arbitragem o seu caráter privado, não estatal. O conflito
de competência deve servir para dirimir impasses entre órgãos judiciários ou, quando
muito, entre um órgão judicial e outro administrativo (hipótese em que se tem conflito de
atribuições). Em segundo lugar, a orientação em discurso desconsidera o princípio da
competência-competência. O conflito de competência pressupõe a disputa entre dois
órgãos que, ao menos em tese, podem ser, de fato, competentes para a causa. Mas entre
tribunal arbitral e Judiciário isso não se põe. O ordenamento estabelece que cabe, em
primeiro lugar, ao tribunal arbitral decidir sobre sua própria competência - devendo a
causa submeter-se a seu processamento e julgamento, se ele se reputar competente (Lei
9.307/1996, art. 8.º, parágrafo único). O juiz estatal terá a última palavra sobre o tema, pois
detém a competência para o controle da validade da sentença arbitral, incluindo-se entre
os aspectos controláveis a validade e a eficácia da convenção arbitral (Lei 9.307/1996, arts.
32, I e IV, e 33). Mas há uma ordem clara, definida: primeiro, prevalece a decisão do
árbitro; depois de acabado o processo arbitral, pronuncia-se o Judiciário. O juiz estatal tem
a última palavra sobre a existência, eficácia e validade da convenção arbitral, mas não
tem a primeira. Logo, e a rigor, não cabe falar em conflito de competência na hipótese.
O CPC contém regra que, se devidamente observada, deve eliminar a ideia do
cabimento de conflito de competência na hipótese. Existindo arbitragem em curso, o juiz
estatal deve aguardar a definição do tribunal arbitral. Uma vez afirmada pelo tribunal
arbitral a sua própria jurisdição e competência, o juiz estatal submete-se a tal deliberação,
cabendo-lhe apenas extinguir o processo judiciário. É o que se extrai do art. 485, VII, que
impõe ao juiz proferir decisão extintiva sem julgamento de mérito quando "acolher a
alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer
sua competência".
De qualquer modo, caso se insista na ideia de que cabe a configuração do conflito de
competência entre juiz estatal e árbitro, parece certo que o órgão competente para dirimir
tal incidente deverá mesmo ser o STJ.
Cabimento
Conflito positivo: dois juízos se declaram competentes
Conflito negativo: atribuição recíproca
Controvérsia a respeito da reunião ou separação de processos
Natureza jurídica Incidente processual
Legitimidade
Partes
Ministério Público
Juiz
Terceiro sujeito aos efeitos da sentença
Competência
- Regra geral: tribunal hierarquicamente superior
- do STJ (art. 105, I, d,
CF/1988)
 Entre tribunais
  Tribunal e juízes a ele não
vinculados
  Juízes vinculados a diferentes
tribunais
- do STF (art. 102, I, o,
CF/1988)
 STJ e outro tribunal
 Tribunais superiores
  Tribunal superior e outro
tribunal
Procedimento
- Petição (partes ou MP) ou ofício (juiz) + documentos
- Dirigido ao tribunal competente
- Oitiva dos conflitantes ou do suscitado
- Julgamento monocrático (art. 955, parágrafo único, do CPC/2015)
- Manifestação do MP - art. 178 do CPC/2015
- Julgamento colegiado
- Cabimento de recurso
- Remessa dos autos ao juízo declarado competente
Efeitos
- Sobrestamento do processo
- Designação de juízo para as questões urgentes
- Validação/ invalidação dos atos praticados pelo juízo
incompetente
O falso conflito de competência entre tribunal arbitral e juiz estatal
Doutrina Complementar
· Humberto Theodoro Júnior (Curso..., 47. ed., vol. 3, p. 821) leciona que: "Há, pois,
conflitos positivos e negativos. Para dar surgimento ao conflito positivo, não é necessário
que haja decisão expressa de um ou de ambos os juízes a respeito da própria competência
e da incompetência do outro. Basta que os diferentes juízes pratiquem atos em causa
idêntica, com reconhecimento implícito da própria competência. Haverá, por sua vez,
conflito negativo quando um juiz atribuir a competência ao outro e vice-versa (art. 66, II)".
· Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart e Daniel Mitidiero (Novo
Código..., p. 894) explicam que: "Havendo conflito entre turmas, seções, câmaras, Conselho
Superior da Magistratura, juízes de segundo grau e desembargadores do mesmo tribunal,
há conflito interno de competência, devendo ser observado o regimento interno de cada
tribunal para solução do conflito. No âmbito do Superior Tribunal de Justiça, por exemplo,
já se decidiu que a definição de competência de suas seções opera levando em conta a
natureza da relação jurídica litigiosa, pouco importando o instrumento processual
utilizado ou a fundamentação da decisão recorrida ou que consta do recurso (STJ, Corte
Especial, CC 48.562/DF, rel. Min. Luiz Fux, j. 06.03.2006, DJ 27.03.2006, p. 134). (...) O
conflito interno de competência tem de observar o que dispõe o regimento interno do
tribunal em que se originou. Seu conteúdo, contudo, não é livre, havendo normas do
Código de Processo Civil de reprodução obrigatória no regimento, como aquelas referentes
à legitimação e à intervenção obrigatória do Ministério Público".
· Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery (Comentários..., p. 1.887 e p. 362)
esclarecem, quanto à suspensão do processo em situação de conflito positivo de
competência que: "Não é faculdade, mas dever de ofício do relator suspender o processo
quando o conflito for positivo, a fim de se evitar atos processuais que poderão ser inúteis.
Quando o conflito for negativo não se aplica a norma sob comentário, porque nenhum dos
juízos estará praticando ato processual. (...) A suspensão do processo, pelo relator do
conflito de competência, impede que outros atos processuais sejam praticados enquanto
durar a suspensão. No entanto, os atos já praticados (v.g., liminares) continuam a produzir
efeitos. Só podem ser cassados pelo recurso ou outro meio adequado de impugnação, mas
não pelo conflito de competência, cujo objetivo é afirmar qual o juízo competente para
processar e julgar a causa. A norma do CPC 955 não autoriza o relator a cassar liminares
concedidas nos processos das ações a que se refere o conflito". Ainda, sobre a
possibilidade ou não de instauração do conflito de competência entre juízo estatal e
árbitro, afirma que: "Não existe conflito de competência entre juízo estatal e árbitro.
Quando a pretensão é submetida ao juízo arbitral, a ele compete decidir sobre sua própria
competência, como autorizado pela LArb 8.º par.ún. É vedado ao Poder Judiciário
pronunciar-se previamente sobre a competência do tribunal arbitral. Caso seja proferida
sentença arbitral com um dos vícios da LArb 32, a sentença é nula e o vício pode ser
reconhecido pelo juízo estatal mediante ação de nulidade de sentença arbitral. O controle
da higidez da cláusula compromissória, da convenção de arbitragem e da sentença
arbitral, portanto, somente pode ser feita pelo Poder Judiciário a posteriori, isto é, se e
quando sobrevier sentença arbitral. Não antes".
·   Patrícia Miranda Pizzol (Breves..., p. 2.127) expõe que: "O relator pode julgar o
conflito de competência, em decisão monocrática, desde que haja súmula do Supremo
Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal ou tese firmada
em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência. Pode-se
questionar se o julgamento do conflito pelo relator fere a Constituição Federal, poisela
atribui competência aos tribunais e não a órgãos monocráticos para o julgamento dos
conflitos de competência. Entende-se, porém, que, o relator age como um juiz preparador,
permitindo maior celeridade na prestação jurisdicional, na medida em que evita que um
conflito sem chance de prosperar seja processado. Ademais, a decisão do relator é
recorrível por agravo interno. Quem julga o agravo interno é o órgão colegiado, o que
afasta eventual violação à Constituição Federal, tendo o órgão a quo competência para
exercer o juízo de retratação".
· Teresa Arruda Alvim Wambier, Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da
Silva Ribeiro e Rogerio Licastro Torres de Mello (Primeiros..., p. 1.351) sustentam que:
"A parte, ao arguir incompetência relativa, expressamente afirma que um juízo é
competente e o outro, por exclusão, não o é. Ao fazê-lo, a parte (e estamos tratando da
parte ré, que é quem necessariamente suscita a incompetência relativa, em contestação)
esgota o ato processual por intermédio do qual poderia invocar a ocorrência de
incompetência relativa (que, como sabemos, envolve questão de direito disponível).
Nestas condições, permitir que esta parte, além de haver arguido incompetência relativa,
suscite conflito de competência pautada nas mesmas razões perfaria inadmissível bis in
idem, e por esta razão o art. 952 do NCPC determina ser carecedora de interesse para
suscitar o conflito de competência a parte que já tenha arguido incompetência relativa".
Enunciados do FPPC
N. 238. (Art. 64, caput e § 4.º, CPC/2015). O aproveitamento dos efeitos de decisão
proferida por juízo incompetente aplica-se tanto à competência absoluta quanto à
relativa.
N. 276. (Art. 281; art. 282, CPC/2015). Os atos anteriores ao ato defeituoso não são
atingidos pela pronúncia de invalidade.
N. 277. (Art. 281; art. 282, CPC/2015). Para fins de invalidação, o reconhecimento de que
um ato subsequente é dependente de um ato defeituoso deve ser objeto de fundamentação
específica à luz de circunstâncias concretas.
N. 278. (Art. 282, §§ 2.º e 4.º, CPC/2015). O CPC adota como princípio a sanabilidade dos
atos processuais defeituosos.
N. 279. (Art. 282; art. 283, CPC/2015). Para os fins de alegar e demonstrar prejuízo, não
basta a afirmação de tratar-se de violação a norma constitucional.
N. 289. (Art. 327, § 1.º, II, CPC/2015). Se houver conexão entre pedidos cumulados, a
incompetência relativa não impedirá a cumulação, em razão da modificação legal da
competência.
N. 363. (Art. 1.036 a 1.040, CPC/2015). O procedimento dos recursos extraordinários e
especiais repetitivos aplica-se por analogia às causas repetitivas de competência originária
dos tribunais superiores, como a reclamação e o conflito de competência.
N. 479. (Art. 1.046; art. 43, CPC/2015). As novas regras de competência relativa
previstas no CPC de 2015 não afetam os processos cujas petições iniciais foram
protocoladas na vigência do CPC/73.
Bibliografia
Fundamental
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 47. ed., Rio de Janeiro:
Forense, 2015, vol. 3; Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart e Daniel Mitidiero,
Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo: Ed. RT, 2015; Nelson Nery Jr. e Rosa
Maria de Andrade Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Ed. RT, 2015;
Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini e Bruno Dantas
(coord.), Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Ed. RT, 2015;
_____, Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro e Rogerio Licastro
© desta edição [2016]
Torres de Mello, Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil: artigo por artigo,
São Paulo: Ed. RT, 2015.
Complementar
Anete Vasconcelos de Borborema, Conflito de competência, RePro 23/208; Arnoldo
Wald, A recente evolução do conflito de atribuições, RePro 71/234; _____, A reforma da lei
da arbitragem (uma primeira visão), Doutrinas Essenciais Arbitragem e Mediação 1/249;
_____, Conflito de competência entre o Poder Judiciário e o Tribunal arbitral. Cabimento.
Competência constitucional (art. 105, I, d, da CF/1988) e legal (art.115, I, do CPC) do STJ
para resolvê-lo. Decisão majoritária que consolida a jurisprudência na matéria, Revista de
Arbitragem e Mediação 40/351; _____, Daniela Rodrigues Teixeira, Mariana Tavares
Antunes e Rodrigo Ribeiro Fleury, Conflito positivo de competência. Jurisdição estatal
arbitral, Revista de Arbitragem e Mediação 23/281; Athos Gusmão Carneiro, Conflito de
competência entre a Justiça Federal e a Justiça Estadual. O juiz somente está subordinado
ao tribunal ao qual seja hierarquicamente vinculado. A súmula 55 do Superior Tribunal
de Justiça, RePro 82/241; Benedito Izidro da Silva, Conflito positivo de competência. Juízos
arbitral e comum. Ação declaratória de extinção de compromisso arbitral. Protocolo de
Genebra. Vinculação à arbitragem. Competência do juízo arbitral constituído pela Câmara
de Comércio Internacional - CCI, o suscitante, Revista de Arbitragem e Mediação 13/190;
Caio Cesar Vieira Rocha, Conflito positivo de competência entre árbitro e magistrado,
Doutrinas Essenciais Arbitragem e Mediação 2/645; Carlos Eduardo de Carvalho, Conflito
de competência., RePro 7/363; _____, Conflito de jurisdição n. 238.412 do Tribunal de Justiça
de São Paulo: RePro 3/312; Jorge Tadeo Flaquer Scartezzini, Conflito de atribuições: noções
gerais e aspectos relevantes, RIASP 5/51; José Scarance Fernandes, Princípio da identidade
física do juiz - início da audiência (Conflito de Competência n. 208.448, da Capital), RePro
2/338; Gustavo Normanton Delbin, Instituto do "passe" e o conflito de competência entre a
justiça comum e a justiça do trabalho, RT 932/541; Ricardo Antônio Arcoverde Credie,
Competência da justiça comum - ação de indenização entre empregador e empregado,
RePro 24/350; Teresa Arruda Alvim Wambier, Conflito de competência entre justiça federal
e justiça estadual, Pareceres - Teresa Arruda Alvim Wambier 2/63.

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