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2017 - 07 - 18 Curso Avançado de Processo Civil - Volume 2 - Edição 2016 OITAVA PARTE - PRECEDENTES JUDICIAIS E OUTROS MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS REITERADOS OITAVA PARTE - PRECEDENTES JUDICIAIS E OUTROS MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS REITERADOS (Autores) Luiz Rodrigues Wambier Eduardo Talamini Capítulo 34. PRECEDENTES JUDICIAIS 34.1. Noções gerais Até há pouco, o termo "precedente judicial" sempre teve um sentido que não é necessariamente aquele em que agora ele tem sido empregado. Tratava-se de um sentido intimamente ligado à acepção literal do termo e vinculado à tradição jurídica nacional e estrangeira. Falava-se em precedente para se referir a um pronunciamento judicial proferido no passado e identificado, em um momento posterior, como sendo um subsídio relevante ou decisivo para a resolução de novos casos, em que a mesma ou análoga questão se ponha. Assim, por ocasião de seu proferimento, a decisão não era desde logo qualificada como um "precedente" (ainda que, muitas vezes, já fosse fácil antever que no futuro ela assumiria essa função). Nesse sentido tradicional, o precedente é identificado como tal não no momento em que é emitido, mas depois, quando invocado, interpretado e utilizado como subsídio ou baliza para uma nova decisão. Ou seja, nessa acepção, é uma visão retrospectiva que nos permite identificar os precedentes. Como dito, esse foi tradicionalmente o sentido de "precedente" no sistema brasileiro, tal como ainda o é em ordenamentos estrangeiros. Quando o caso Marbury versus Madison foi julgado pela Suprema Corte americana não se anunciou, com pompa e circunstância, que estava sendo emitido o precedente que reconhecia a possibilidade de controle jurisdicional difuso de constitucionalidade das leis nos Estados Unidos. De fato, foi esse o papel que tal julgamento assumiu. Mas essa sua função de precedente veio a ser identificada algum tempo depois, já como resultado da leitura e aplicação que dele fizeram a doutrina e decisões subsequentes. Mas, sem prejuízo da valia e serventia dessa primeira acepção (que continua e continuará a vigorar entre nós), recentemente, por uma figura de linguagem, passou-se a usar o termo "precedente" para indicar, de modo mais amplo, pronunciamentos judiciais que, já quando são emitidos, nascem com a declarada finalidade de servir de parâmetro, de vincular, em maior ou menor grau, decisões judiciais (ou mesmo atos administrativos e até condutas privadas) subsequentes, que versem sobre casos em que se ponha a mesma questão jurídica. A rigor, há bastante tempo que isso existe no ordenamento brasileiro. Apenas não era, de modo usual, chamado de "precedente". Considerem-se os pronunciamentos do STF em controle direto de constitucionalidade. Essa medida surgiu nos anos 1960 desde sua origem com eficácia erga omnes. O entendimento de que tais decisões têm eficácia vinculante no sentido estrito do termo (v. n. 34.2.3, a seguir) sedimentou-se em meados dos anos 1990. Nos últimos anos, multiplicaram-se os mecanismos com tal finalidade. Ampliaram-se os instrumentos de controle direto de inconstitucionalidade e surgiram outros - alguns dos quais alheios à jurisdição constitucional. A essa tendência ampliativa correspondeu o alargamento do significado do termo "precedente". As decisões resultantes desses vários mecanismos, com frequência, passaram a ser chamadas de "precedentes vinculantes" ou "obrigatórios". O CPC/2015 dá mais alguns passos nessa direção. Prevê novas hipóteses de pronunciamentos que, em maior ou menor medida, têm caráter vinculante. O Código emprega em várias oportunidades o termo "precedente". Em uma delas, a palavra é usada em seu sentido tradicional (art. 926, § 2.º). Mas, em outras, seu emprego parece referir-se precipuamente, se não exclusivamente, à segunda acepção acima exposta (art. 489, § 1.º, V e VI; art. 927, § 5.º). Essas considerações conduzem a outra questão. Ao ampliar e intensificar as hipóteses de "precedentes vinculantes", o CPC teria alterado parâmetros do ordenamento brasileiro? Os precedentes judiciais teriam passado a constituir fontes primárias de direito? Enfim, teria sido estabelecido um sistema jurídico fundado nos precedentes, como se dá na common law? A resposta é negativa. Há décadas, nota-se uma aproximação entre os sistemas da civil law e da common law: cada vez é maior a relevância que a jurisprudência assume na civil law; são cada vez mais frequentes as normas jurídicas, na common law, que advêm de textos legais positivados. Mas permanecem sendo modelos muito distintos. O papel que os precedentes (no sentido próprio, tradicional) têm na common law não deriva de uma simples atribuição de especial eficácia a eles - de resto inexistente. Antes, é fruto de seculares tradições. O direito inglês consolidou-se dessa forma: com um conjunto de costumes, decisões judiciais e mesmo, na origem, manifestações doutrinárias de tratadistas formando um arcabouço jurídico que veio a constituir a "lei da terra" ou "lei comum". A ideia de que o direito é aquilo que os tribunais decidiam no passado, que os antepassados tinham por correto, está arraigada nessa tradição jurídica. Na civil law, modelo em que se enquadra o Brasil, o primado é da lei positivada. Isso, porém não significa que as decisões judiciais limitem-se a declarar ou descobrir o sentido da lei. O direito é fato, valor e norma. O texto escrito da lei, em si, pouco representa. O seu significado não é meramente extraído, mas construído, definido, não apenas a partir da letra da lei (que não deixa de ser elemento de grande importância), mas também dos valores sociais, políticos, econômicos, culturais reinantes na sociedade. Esse papel construtivo é atribuído não apenas aos órgãos judiciais, mas a todos aqueles que aplicam, vivenciam, diariamente o direito. Esse fenômeno, sempre presente no direito da civil law, intensificou-se a partir da Segunda Guerra Mundial - até mesmo como uma reação ao fato de que um ordenamento positivado tenha se prestado a legitimar atrocidades como as praticadas pelo regime nazista. Estabeleceram-se sistemas de Constituições rígidas e se multiplicaram as normas com caráter principiológico e (ou) que empregam conceitos jurídicos indeterminados e cláusulas gerais, de modo que, cada vez mais, a definição do sentido e alcance do comando normativo depende da consideração particularizada dos valores reinantes na sociedade. Nesse contexto, as decisões jurisdicionais assumem especial importância - seja para definir soluções para o caso concreto, seja para produzir diretrizes jurisprudenciais que contribuem para a própria conformação do ordenamento jurídico como um todo (v. vol. 1, n. 4.7). Assim, o CPC/2015 não inaugura um novo modelo de fontes do direito. O cenário acima descrito já se punha antes e independentemente dele. O Código, portanto, não é causador de nenhuma alteração de paradigmas. Antes, ele é o reflexo de paradigmas que foram gradativamente se alterando nos últimos cinquenta ou sessenta anos. As regras que atribuem força vinculante a determinados precedentes não alteram as balizas do direito material. São mecanismos eminentemente processuais - ainda que engendrados tendo-se em vista as necessidades e peculiaridades do atual sistema jurídico. 34.2. Força vinculante Uma vez indicadas as possíveis acepções de "precedente", o passo seguinte é o de saber quais são os "precedentes vinculantes" e em que consiste tal eficácia. Não cabe aqui exame detalhado da natureza jurídica desse fenômeno,1 mas apenas sua noção geral e o destaque para diferentes significados que a expressão pode assumir. A rigor, toda decisão de tribunal tem força vinculante, em face do grau de jurisdição inferior, no âmbito do próprio processo em que foi proferida. Então, se o tribunal dá provimento a um agravo de instrumento e reforma a decisão de primeiro grau para indeferir a tutela antecipada por esse concedida,o juízo a quo, tão logo cientificado dessa decisão, deve cessar prontamente a execução da medida urgente. Se não o faz, viola a força vinculante da decisão do tribunal (e caberá reclamação, como se vê adiante). Nesse âmbito, a "força vinculante" nada mais é do que a própria autoridade, imperatividade, da decisão judicial - atributo inerente à sua condição de ato estatal. Mas não é essa a dimensão da força vinculante que gera os mais intensos debates teóricos e dificuldades práticas. A questão delicada reside em saber em que medida a decisão tomada por um tribunal em um dado caso vincula os órgãos jurisdicionais inferiores (e, eventualmente, órgãos de toda a Administração Pública) mesmo em relação a outros casos, entre outras partes, que são objeto de outros processos. Vale dizer, trata-se da questão da força vinculante erga omnes ou ultra partes. No entanto, há tendência de utilização indiscriminada dos termos "vinculação", "força vinculante" ou "eficácia vinculante" para aludir-se a situações distintas entre si, quanto à intensidade do fenômeno. Identificam-se pelo menos três diferentes significados para o termo "vinculação", no que concerne à força de um pronunciamento judicial em face de outros órgãos julgadores. Essas três acepções correspondem a diferentes graus de impositividade que pode ser assumida por um pronunciamento judicial.2 34.2.1. Vinculação padrão (vinculação fraca) Em um primeiro sentido, o termo "vinculação" é utilizado para designar a força persuasiva de um determinado precedente jurisprudencial. Trata-se da eficácia tradicional da jurisprudência nos sistemas da civil law. Mas não se deve subestimar essa dimensão do precedente. Mesmo em sistemas de civil law, como o brasileiro, a segurança jurídica, a isonomia e a certeza do direito impõem que os tribunais decidam de modo harmônico e coerente. Nos estados descentralizados, adiciona-se ainda outro fundamento: a exigência de unidade federativa. 34.2.2. Vinculação média Em uma segunda acepção, alude-se à "eficácia vinculante" em referência a hipóteses em que, tendo em vista a existência de precedentes ou de uma orientação jurisprudencial consolidada, a lei autoriza os órgãos judiciais ou da Administração Pública a adotar providências de simplificação do procedimento e consequente abreviação da duração do processo. Considerem-se os seguintes exemplos: (i) as regras que autorizam o relator a decidir monocraticamente recursos respaldado em súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; em acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; em entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; ou em súmula ou jurisprudência predominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal ou de tribunais superiores (art. 932, IV e V - v. cap. 23, acima); (ii) a regra que dispensa o órgão fracionário do tribunal de remeter a questão de constitucionalidade para o seu plenário ou órgão especial, nos termos do art. 97 da Constituição, quando já há anterior pronunciamento destes ou do Plenário do STF (art. 949, parágrafo único - v. cap. 38, adiante); (iii) as regras que autorizam o órgão a quo a não conhecer do recurso extraordinário por falta de repercussão geral quando já houver um prévio pronunciamento do STF nesse sentido, em outro recurso tratando de questão constitucional idêntica (art. 1.035, § 8.º - v. cap. 29, acima); (iv) as regras que autorizam o órgão a quo a retratar-se em recurso extraordinário ou especial, ou negar-lhe seguimento, quando a mesma questão constitucional ali versada já houver sido decidida no mérito, respectivamente, pelo STF ou STJ (decisão-quadro) no procedimento de recursos repetitivos (arts. 1.040, I e II - v. cap. 30, acima); (v) regras que dispensam procuradores judiciais do Poder Público da propositura de ações e recursos quando a pretensão for contrária a decisões reiteradas do STF ou dos tribunais superiores (Lei 9.469/1997, art. 4.º) ou a "declaração de inconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal - STF, súmula ou jurisprudência consolidada do STF ou dos tribunais superiores" (Lei 8.213/1991, art. 131). Nessas normas, a ênfase não está tanto na imposição, na obrigatoriedade, de observância do precedente (que, de todo modo, pode existir - e normalmente existe - por força de outras normas, adiante examinadas), mas sim na autorização ao órgão jurisdicional inferior (ou ao procurador público) para que ele deixe de observar uma determinada imposição, para que ele possa, invocando o precedente, simplificar sua atividade (em vez de levar a apelação ao julgamento do colegiado, o relator mesmo julga; em vez de mandar o recurso especial ao STJ, o próprio tribunal local já o extingue - e assim por diante). 34.2.3. Vinculação forte (força vinculante em sentido estrito) A força vinculante em sentido estrito vai além dos dois fenômenos examinados nos itens anteriores. É a própria imposição da adoção do pronunciamento que se reveste de tal força, pelos demais órgãos aplicadores do direito (órgão judiciais de grau de jurisdição inferior e, eventualmente, órgãos administrativos), na generalidade dos casos em que a mesma questão jurídica se puser - sob pena de afronta à autoridade do tribunal emissor daquela decisão. Tal afronta autoriza, inclusive, a formulação de reclamação perante o tribunal prolator da decisão revestida da força vinculante, para a preservação de sua autoridade (cap. 39, adiante). Portanto, é dessa acepção (ou grau) da força vinculante que se tratará no tópico seguinte. 34.3. 3. A força vinculante no processo civil brasileiro 34.3.1. Decisões com força vinculante previstas na Constituição Antes do CPC/2015, todos os casos de decisão com força vinculante erga omnes (em sentido estrito) concerniam a instrumentos previstos na Constituição, atinentes ao controle concentrado de constitucionalidade desempenhado pelo STF. A eficácia vinculante está presente nas decisões liminares e nos pronunciamentos finais de acolhimento ou improcedência do pedido na ação direta de inconstitucionalidade, na ação declaratória de constitucionalidade, na arguição de preceito fundamental e na súmula vinculante (CF/1988, arts. 102, §§ 1.º e 2.º, e 103-A; Lei 9.868/1999, art. 11, § 1.º, art. 12-F, § 1.º, art. 21, art. 28, parágrafo único; Lei 9.882/1999, arts. 5.º, § 3.º, e 10.º, § 3.º; Lei 11.417/2006, art. 7.º etc.). 34.3.2. A disciplina do CPC O CPC explicita a necessidade de uniformização da jurisprudência e de manutenção de sua estabilidade, integridade e coerência (art. 926). Reafirma também a necessidade de respeito à jurisprudência (art. 927 e art. 489, § 1.º, V e VI; art. 985, I e II; art. 1.039 etc.). Por outro lado, o diploma amplia as hipóteses de força vinculante em sentido estrito. Tal eficácia é também atribuída às decisões proferidas nos procedimentos de recursos especiais e de recursos extraordinários repetitivos e nos incidentes de resolução de demandas repetitivas e de assunção de competência (arts. 985, § 1.º c/c art. 928; 947, § 3.º; 988, IV - v. caps. 30, 35 e 36, acima). 34.4. Uniformização da jurisprudência No CPC/1973, a uniformização de jurisprudência era disciplinada como incidente com o objetivo de evitar a desarmonia da interpretação de teses jurídicas, uniformizando, assim, a jurisprudência interna dos tribunais. Hoje, diversos outros mecanismos cumprem também esse papel - muitos deles engendrados ainda sob a égide do Código anterior. A uniformização de jurisprudência, como incidente, não foi disciplinada no CPC/2015. Mas a ideia de que se deva manter a jurisprudência uniforme, segura, como indicativo eficiente da interpretação do direito e da conduta que se deva esperar da sociedade, passa a ser uma meta a ser alcançada pelo sistema processual todo. Devem ser absolutamenteevitados os casos de súbita alteração de entendimento nos Tribunais, bem como as situações de conclusões completamente distintas para casos idênticos, por vezes, em uma mesma e única sessão de julgamento. Visando a dar maior efetividade ao princípio da isonomia e a garantir a segurança jurídica, o caput do art. 926 prevê que "os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente". O § 1.º do mesmo art. 926 dispõe que os tribunais deverão editar enunciados de súmula que reflitam a sua jurisprudência dominante.3 Não se trata de súmula com o grau de vinculatividade daquelas editadas pelo STF no regime estabelecido pelo art. 103-A da CF/1988 (incluído pela EC 45 - cap. 37, adiante). Mas isso não significa dizer que a súmula editada nos termos do § 1.º do art. 926 não deva ser observada, e, sim, que o seu desrespeito deve ser atacado por outro meio que não o da reclamação (ou seja, apenas não há a vinculatividadeforte - v. n. 34.2.3, acima). Nesse sentido, são súmulas "não vinculantes". Mas vinculam, sim, nas outras duas acepções do termo acima indicadas. No que tange a essas súmulas, quando emitidas em matéria constitucional pelo STF ou em matéria federal infraconstitucional pelo STJ, há explícita determinação da necessidade de sua observância (art. 927, III). Além disso, também se prevê expressamente que os juízes e tribunais sigam "a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados" (art. 927, V) - o que abrangerá as súmulas editadas por tais órgãos. Portanto, há o dever de observar tais súmulas, ainda que não caiba a reclamação. O Código remete aos regimentos internos dos tribunais a disciplina do procedimento e dos pressupostos para a edição de enunciados de súmula que reflitam a sua jurisprudência dominante (art. 926, § 1.º). 34.5. Estabilidade, integridade e coerência Como já indicado, o art. 926, caput, impõe aos tribunais o dever de manter sua jurisprudência estável, íntegra e coerente. Tal determinação aplica-se não apenas aos pronunciamentos com força vinculante. É uma diretriz a ser observada em toda e qualquer atuação de cada corte. Isso requer, além da seriedade de propósito dos integrantes das cortes, para dar cumprimento a tal norma, uma série de providências práticas, operacionais, de administração judiciária. Entre outras providências, é imprescindível que se estabeleçam sistemas de controle que permitam aos diferentes órgãos e integrantes do tribunal e aos graus de jurisdição inferiores identificar com facilidade as questões jurídicas que já foram levadas a julgamento e o modo como foram resolvidas. Assim, são necessários repertórios jurisprudenciais com indexação precisa, não apenas dos assuntos versados, mas dos dispositivos normativos interpretados e aplicados em cada decisão. Em grande medida, as contradições e instabilidades da orientação jurisprudencial dos tribunais advêm de absoluta falta de controle daquilo que já decidiu e como já se decidiu. Como dito antes, ao menos até o advento do Código de 2015, não foram infrequentes os casos em que, numa mesma sessão, um mesmo órgão, julgou exatamente a mesma questão de dois modos distintos, sem que houvesse ou fosse enfrentado qualquer fator que justificasse a diferenciação de tratamento. Pior que isso, muitas vezes, decisões antagônicas acerca de uma mesma questão, numa mesma época, provieram de um mesmo e único relator - sem que também houvesse qualquer elemento a justificar a distinção... Na maioria dos casos, tais injustificáveis variações derivam de pura e simples falta de controle das questões já decididas (somada a uma inconsistência de premissas - de que se fala no parágrafo seguinte -, pois, se decidisse com base em premissas coerentes e constantes, o julgador, ainda que sem se dar conta de que já havia decidido antes aquela mesma questão, tornaria a decidi-la em termos idênticos ou similares aos adotados antes). Os repertórios jurisprudenciais organizados com rigor prestam-se a diminuir o risco de situações como essa. Permitem a precisa identificação do que já se decidiu - seja para que se torne a adotar o mesmo entendimento, seja para que, quando houver fundados motivos para tanto, se proponha uma nova orientação. E a coerência e integridade jurisprudenciais não se satisfazem com a simples consistência nas reiteradas manifestações do tribunal a respeito de uma mesma e única questão jurídica que se repita em vários casos. Mais do que isso, é preciso também que haja correspondência, proporcionalidade, no trato de questões que, embora não idênticas, sejam análogas; é necessário ainda que, quando uma mesma premissa puser-se para a solução de duas questões, mesmo sendo essas distintas, aquela seja definida, em ambos os casos, nos mesmos termos, se não houver um fator que justifique a distinção - e assim por diante. Vale dizer, não bastam coerência e integridade sob o aspecto puramente formal, restrito a cada específica questão jurídica. Esses atributos precisam pôr-se em termos substanciais, de modo que conceitos, categorias gerais, institutos jurídicos sejam delineados e aplicados pelo tribunal de um modo consistente, constante, homogêneo. Caberá ao próprio tribunal, quando produz decisões que virão a constituir precedentes, justificar as razões por que deixa eventualmente de adotar como premissas diretrizes por ele mesmo estabelecidas, em precedentes anteriores - demonstrando sua superação ou elementos diferenciais contidos na nova questão (art. 489, § 1.º). Portanto, isso demanda um sistema ainda mais sofisticado de organização do acervo jurisprudencial dos tribunais - seja para que o jurisdicionado possa identificar as diretrizes jurisprudenciais da corte (art. 927, § 5.º), seja para que os próprios integrantes da corte possam razoavelmente dominar esse arcabouço de precedentes e considerá-lo no enfrentamento de novas questões. Essa tarefa poderá ser cumprida de modo menos complexo e custoso, na medida em que as decisões dos tribunais, sem deixar de cumprir as exigências de fundamentação (art. 489, §§ 1.º e 2.º), sejam objetivas, não se percam em considerações paralelas irrelevantes para o cerne da questão (aquilo que se chama de obiter dictum) nem em citações doutrinárias e jurisprudenciais extensas e desnecessárias para o enfrentamento do caso. Tudo isso guarda também direta relação com a exigência de estabilidade jurisprudencial. Como visto, a instabilidade (por vezes, na mesma câmara, com o mesmo relator...) muitas vezes não deriva de intencionais mudanças de orientação, mas apenas do descontrole acima apontado - problema que tende a ser eliminado ou diminuído com as providências também já indicadas. Mas, além disso, não são infrequentes os verdadeiros casos de alterações de orientação jurisprudencial, por vezes até sucessivas. Não se pretende a fossilização de entendimentos que se revelam superados. A produção jurisprudencial deve revestir-se de dinamismo que acompanhe as mutações que ocorram no cenário social, político, cultural... Nesse ponto, cabe distinguir, por um lado, os casos em que, ao longo do tempo, se altera o próprio sentido do dispositivo legal não por mera divergência ("amadurecimento") de interpretação, mas em vista de uma evolução no âmbito sociocultural (a letra da lei permanece a mesma, mas a norma torna-se outra), e, por outro, os casos em que se tem a simples oscilação interpretativa fazendo com que uma mesma corte, em curto período de tempo e sem que tenha havido a alteração de premissas ou do contexto, adote diferentes posicionamentos sobre a mesma questão. É essa instabilidade que se busca evitar. Um dos modos de se reduzir essa instabilidade consiste em evitar a emissão de pronunciamentos revestidos de maior eficácia vinculante enquanto ainda não houver verdadeiro amadurecimento da interpretação da questão. Por exemplo, há casos em que se constata já haver grande número de processos em que se discuteuma mesma questão jurídica. No entanto, se não há ainda um razoável aprofundamento da compreensão da questão, é preferível que não se instaure desde logo um procedimento de resolução de questões repetitivas (julgamento de recursos por amostragem ou incidente de resolução de demandas repetitivas, conforme o caso - cap. 30 e 36). Isso, em um primeiro momento, gerará certa gama de decisões divergentes no tribunal - o que poderia implicar um descumprimento da determinação contida no art. 926. Mas isso se faria no tempo estritamente necessário para o tribunal enriquecer sua apreensão da matéria. O enfrentamento desses primeiros casos permitirá aos integrantes do tribunal aprimorar seu domínio da questão - ampliando-se as chances de que finalmente profiram, em procedimento de resolução de casos repetitivos, uma decisão que seja fruto de verdadeira reflexão, meditação sobre o tema. Uma decisão nesses termos terá muito maior propensão à estabilidade. Estará bem menos sujeita ao risco de precisar ser complementada, ressalvada, retificada ou mesmo integralmente revista. Em suma, perde-se um pouco de tempo antes, para não se perder muito mais depois, com idas e vindas desnecessárias. Além disso, o dever de estabilidade da jurisprudência impõe que, nos casos em que as modificações de orientação sejam mesmo necessárias, venham acompanhadas de medidas que impeçam graves sacrifícios aos jurisdicionados que pautaram sua conduta no anterior entendimento jurisprudencial. Trata-se desse aspecto no tópico seguinte. 34.6. Modificação de entendimento sedimentado Como já indicado, o dever de estabilidade jurisprudencial, mesmo quando observado com rigor, não obsta a ocorrência de câmbios jurisprudenciais. Por mais que o tribunal adote cautelas para evitar a pura e simples oscilação de orientações, haverá casos em que será imprescindível que se modifique um entendimento antes adotado, por força de alterações no contexto político ou sociocultural. Nessa hipótese, o Código explicita a necessidade de que se adotem especiais providências no procedimento de revisão jurisprudencial e na subsequente definição da eficácia do novo entendimento. São medidas que já derivariam de princípios gerais ou mesmo de outras normas específicas. Sua reiteração ou explicitação, nos §§ 2.º a 4.º do art. 927, evidencia sua relevância. O art. 927, § 2.º, prevê a possibilidade de realização de audiências públicas prévias à deliberação do tribunal sobre a alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em julgamento de casos repetitivos. Prevê igualmente a participação nesse procedimento, como amici curiae, de pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a rediscussão da tese. Ambas as determinações já seriam extraíveis de outras disposições normativas (CPC/2015, art. 983, caput e § 1.º; art. 1.038, I e II; Lei 11.417/2006, art. 3.º, § 2.º; RISTF, art. 13, XVII etc.). Sua reiteração presta-se a confirmar que o regime processual da revisão do "precedente" é idêntico, sob esse aspecto, ao da sua formação. Em alguma medida, como a revisão impõe a alteração de parâmetros até então adotados, com a chance de significativas externalidades (transtornos concretos para uma vasta gama de sujeitos), a participação de amicus curiae e a realização de audiência pública assumem ainda maior importância do que no procedimento de original formulação da tese jurídica. O art. 927, § 4.º, reitera a necessidade de fundamentação adequada e específica, apta a justificar a alteração jurisprudencial. Também esse é um preceito com caráter precipuamente didático. O dever de fundamentar já adviria das regras gerais (CF/1988, art. 93, IX; CPC/2015, art. 11 e 489, §§ 1.º e 2.º). Além disso, é também prevista a possibilidade de modulação dos efeitos da decisão que altera a jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou aquela oriunda de julgamento de casos repetitivos (art. 927, § 3.º). Deverão ser preservados os efeitos fundados na anterior interpretação. Mais ainda, circunstâncias graves e especiais podem autorizar uma sobrevida desses efeitos, posterior, mesmo, à mudança do entendimento - a exemplo do que ocorre na modulação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade. Reitere-se que as normas jurídicas são resultado da interpretação e aplicação da disposição normativa, em uma dada conjuntura fática e à luz de valor reinantes na sociedade naquele dado momento. Logo, se muda a interpretação, não há exagero em dizer que é a própria norma que se está modificando. Devem ser considerados os princípios da segurança jurídica, boa-fé, razoabilidade e proporcionalidade. Considera-se a circunstância de que os sujeitos adotaram condutas, programaram o futuro, contraíram compromissos, pautando-se na interpretação estabelecida, de modo firme, pelos órgãos que detêm competência para definir as interpretações a serem seguidas. Se uma dada interpretação era a assente e depois foi modificada reconhecidamente por força de alteração na conformação constitucional da questão, nem é o caso de dizer-se que aquelas condutas dos jurisdicionados fundaram-se na mera suposição de acerto da interpretação. Nesse caso, mais do que isso, pode-se dizer que as condutas foram adotadas sob o amparo da norma que então vigorava (compreendida a norma - reitere-se - como o resultado da interpretação). Já no caso em que se pretenda dizer que a alteração da interpretação deveu-se à mera correção de um entendimento antes incorreto, mesmo assim será concebível a preservação de efeitos. Nesse caso, as condutas e programações pretéritas fundaram-se, quando menos, na presunção da legitimidade, autoridade e idoneidade da interpretação ditada pelos órgãos estatais aplicadores do direito. A necessidade de preservação de efeitos será tanto mais intensa quanto mais estabilizada estivesse a interpretação anterior nos órgãos aplicadores do direito.4 34.7. Publicidade O § 5.º do art. 927 impõe aos tribunais o dever de dar publicidade a seus precedentes, divulgando-os, preferencialmente, na rede mundial de computadores. Recomenda-se, ainda, que os precedentes sejam organizados de acordo com a questão jurídica decidida. A regra é de suma importância e vai ao encontro de um dos escopos do sistema de precedentes que é dar à solução judicial dos litígios maior previsibilidade - como já destacado acima. 34.8. Método de formação O procedimento de produção dos "precedentes" (na segunda acepção antes examinada) varia conforme a hipótese específica de que se trate. Várias de suas modalidades são examinadas em capítulos próprios deste Curso (v. cap. 30 e cap. 35 a 38, deste volume). Em comum, em todos esses procedimentos, há a especial atenção dada à garantia do contraditório em uma extensão que vai além das partes do caso que serve de base para a consolidação jurisprudencial: ampla publicidade da instauração do procedimento, admissão da intervenção do amicus curiae, possibilidade de realização de audiências públicas etc. Mas, mesmo quando não produzidas a partir dos mecanismos específicos de formação de "precedentes", as decisões dos tribunais são aptas a assumir essa condição (considere- se, especialmente, o art. 927, V). Aqui se está diante da ideia de precedente em sua acepção tradicional: mediante o exame retrospectivo das decisões dos tribunais, identificam-se orientações extraíveis de reiteradas decisões ou pronunciamentos que retratam de modo claro a pacificação ou consolidação de teses antes esparsas - e assim por diante. A verificação de que determinada decisão reflete o entendimento assumido por um tribunal ou por órgãos seus, de modo a poder ser qualificada como sua orientação jurisprudencial, obviamente, constitui atividade mais complexa do que a identificação de uma súmula ou de uma tese fixada de julgamento de caso repetitivo. Em certa medida, os chamados "precedentes vinculantes" destinam-se precisamente a simplificar essa tarefa,ao expressar orientações que, se não fosse assim, ficariam difusas, esparsas, no repertório de decisões de cada corte. Noções gerais Força vinculante Vinculação padrão (vinculação fraca) Vinculação média Vinculação forte (força vinculante em sentido estrito) A força vinculante (em sentido estrito) no processo civil brasileiro Decisões previstas na CF/1988 Ação direta de inconstitucionalidade Ação declaratória de constitucionalidade Arguição de preceito fundamental Súmula vinculante A disciplina do CPC/2015 Recursos especiais e extraordinários repetitivos IRDR Incidente de assunção de competência Uniformização da jurisprudência Estabilidade, integridade e coerência Modificação de entendimento sedimentado Dever de estabilidade jurisprudencial Audiências públicas Participação de terceiros Fundamentação adequada e específica Modulação Publicidade Divulgação na rede mundial de computadores Organização conforme a questão jurídica decidida Método de formação Doutrina Complementar · Alexandre Freitas Câmara (O Novo Processo..., p. 433) aduz que: "O Direito Brasileiro conhece dois tipos de precedente: o precedente vinculante e o precedente não vinculante (persuasivo ou argumentativo). A distinção é importante, uma vez que precedentes vinculantes, como a própria denominação indica, são de aplicação obrigatória, não podendo o órgão jurisdicional a ele vinculado, em casos nos quais sua eficácia vinculante se produza, deixar de aplica-lo e decidir de forma distinta. Já os precedentes não vinculantes são meramente argumentativos, e não podem ser ignorados pelos órgãos jurisdicionais, os quais, porém, podem decidir de modo distinto, desde que isto se faça através de um pronunciamento judicial em que se encontre uma fundamentação específica para justificar a não aplicação do precedente. Em outras palavras: havendo um precedente vinculante, e se deparando o órgão jurisdicional a ele vinculado com um novo caso ao qual tal precedente se aplica, não é legítima decidir de modo diferente. Não sendo, porém, vinculante o precedente, é admissível decisão conflitante, desde que isso se faça com justificativa adequada que demonstre a razão pela qual é constitucionalmente legítimo decidir-se de outro modo". · Humberto Theodoro Júnior (Curso..., 47. ed., vol. 2, p. 794; 795) sugere que: "O sistema uniformizador da jurisprudência adotado entre nós, é bom esclarecer, não é exatamente o mesmo dos precedentes, observado nos países regidos pelo commonlaw. Na tradição anglo-saxônica o confronto se dá entre casos, ou seja, o precedente se impõe quando o novo caso a ser resolvido seja igual a outro anteriormente julgado por tribunal, no respeitante a seus elementos essenciais. Mantém-se, no novo Código brasileiro, a tradição do regime de súmulas, com o qual o direito positivo nacional, inclusive no plano constitucional, já se acha familiarizado, e que, à evidência, não é o mesmo do direito anglo-saxônico. Nesse sentido, está determinado por nosso novo CPC que, uma vez verificado o estabelecimento da jurisprudência qualificada como dominante, entre seus julgamentos, os tribunais brasileiros 'editarão enunciados de súmula', com observância dos pressupostos fixados no regimento interno (art. 926, § 1.º). (...) O novo CPC dispensou grande atenção ao fenômeno jurisprudencial, por reconhecer a relevante influência político-institucional que a interpretação e aplicação do direito positivo pelos órgãos judiciais exercem sobre a garantia fundamental de segurança jurídica, em termos de uniformização e previsibilidade daquilo que vem a ser o efetivo ordenamento jurídico vigente no país. Entretanto, para que essa função seja efetivamente desempenhada, a primeira condição exigível é que os tribunais velem pela coerência interna de seus pronunciamentos. Por isso, o novo CPC dedica tratamento especial ao problema da valorização da jurisprudência, dispondo, em primeiro lugar, que 'os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente (art. 926, caput)". · Luiz Guilherme Marinoni (Breves..., p. 2.074) leciona que: "A súmula, no direito brasileiro, foi pensada para expressar a interpretação dos tribunais e compreendida como mecanismo de facilitação da resolução de casos que se repetem. É certo que a súmula, para tentar garantir a igualdade perante o direito e a segurança jurídica, não deve fugir do contexto fático dos casos que lhe deram origem. Nesse sentido, a norma afirma que, 'ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater-se às circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram sua criação'. A previsão do CPC tem explicação. Sem a busca da história que deu origem à súmula, jamais será possível tê-la como auxiliar do desenvolvimento do direito, já que não existirão critérios racionais capazes de permitir a conclusão de que determinada súmula pode, racionalmente, ter o seu alcance estendido ou restrito (distinguishing) para permitir a solução do caso sob julgamento. Da mesma forma, enquanto enunciado geral e abstrato, não será possível dizer que os valores que estiveram à base dos precedentes que lhe deram origem foram superados, de modo a justificar a sua revogação ou cancelamento (Luiz Guilherme Marinoni. Precedentesobrigatórios. 3. ed. São Paulo: Ed. RT, 2013, p. 480-483). Não obstante, uma súmula jamais terá condições de expressar com precisão e adequação as circunstâncias de fato pertinentes aos casos. Isso pela simples razão de que a súmula supõe, antes de tudo, casos que apontam para uma mesma solução de direito, que, como é óbvio, podem ter vários contextos fáticos. Bem vistas as coisas, caso se imagine uma súmula que diga respeito a contextos fáticos similares, simplesmente se confirma o óbvio: o que pode garantir a unidade do direito, a segurança jurídica e a igualdade é o precedente obrigatório. A súmula continuará a ser uma recomendação, geralmente sequer considerada pela própria Corte que a editou, no máximo capaz de persuadir acerca da interpretação das normas". · Hermes Zaneti Jr. (Comentários ao novo..., p. 1.320) aduz que: "No inciso II, o art. 927 do CPC/2015 menciona os enunciados da súmula vinculante do STF, também com eficácia vinculante e efeito erga omnes para o Poder Judiciário e para a Administração Pública, por expressa determinação constitucional e legal, independentemente do novo diploma processual (art. 103-A, CF/1988). Nos dois casos, incisos I e II, o que diferencia a situação anterior ao CPC/2015 para a atual é a criação de uma teoria dos precedentes, é a existência de uma dogmática dos precedentes a partir da promulgação do CPC. Portanto, mesmo que já ocorresse a presença de efeito vinculante, o modelo de precedentes que está sendo adotado no Brasil modifica, significativamente, a eficácia de procedentes das decisões em controle de constitucionalidade concentrado e nos enunciados da súmula vinculante". · Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery (Comentários..., p. 1.833) entendem que: "Em vista do exposto, o que ocorreu, por meio das últimas alterações de peso impostas ao CPC/1973, reforçadas pelo atual CPC, foi a criação de um 'precedente à brasileira' - para usar a expressão de Julio Cesar Rossi (O precedente à brasileira: súmula vinculante e o incidente de resolução de demandas repetitivas [RP 208/203]) -, consubstanciado na súmula, em primeiro lugar, e em segundo lugar nas decisões em ações/recursos repetitivos e de repercussão geral. Se se levar este ponto em consideração, aí sim seria possível falar em súmula como precedente, nos termos em que o faz o CPC/2015 (o mesmo podendo ser dito em relação ao julgamento de recursos repetitivos e à repercussão geral). Talvez seja melhor do que justificar a adoção do instituto com base na interpretação errônea do instituto do commonlaw, apelando-se para a necessidade de julgamento célere que acabou por ser consagrada como regra constitucional (CF/1988 5.º LXXVIII), como se outros meios (administrativos, p.ex.) de solução do grande acúmulo de feitos a julgar não fossem possíveis". · Teresa Arruda Alvim Wambier, Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro e Rogerio Licastro Torres de Mello (Primeiros..., p. 1.313) lecionam que o art. 926, CPC/2015, "revela, de forma inequívoca, uma preocupação que esteve presente, como pano de fundo, em todos os momentos de elaboração do novo CPC. Esta preocupação diz respeito à extrema desuniformidade da jurisprudência brasileira, que ocorre mesmo em torno de temas extremamente relevantes, desuniformidade esta que compromete de maneira profunda e indesejável a previsibilidade e a segurança jurídica. Exemplos seriam até desnecessários, já que este fenômeno é conhecido e lamentado por todos. Mas não é só. Também ocorrem no Brasil, com reprovável frequência, alterações bruscas jurisprudenciais. Estas mudanças repentinas comprometem a segurança jurídica, surpreendendo o jurisdicionado e impedindo os indivíduos e as empresas de planejar suas vidas, 'de acordo com o direito'. Por isso, uma das linhas mestras do NCPC é estimular e criar condições mais favoráveis para que se produza, no país, jurisprudência uniforme, estável. No NCPC, há uma mistura de técnicas para atingir esta finalidade: uma parte principiológica; novos institutos, como, por exemplo, o incidente de resolução de demandas repetitivas, e aprimoramento de figuras que já existem no CPC/1973 - como o regime de julgamento de recursos repetitivos. O art. 926, caput, contém regra geral que, de rigor, nem mesmo deveria precisar ser enunciada. A obviedade do que diz a lei se percebe pelo que seria o inverso da regra: os Tribunais não devem uniformizar sua jurisprudência. Devem mantê-la instável, dividida e incoerente. Trata-se de dispositivo que nada mais faz do que enunciar, em forma de regra norteadora da conduta dos magistrados, o princípio da isonomia, prestigiado pela Constituição Federal Brasileira e pelos Estados de Direito Democráticos, em geral. Devem os Tribunais evitar que seus órgãos fracionários decidam diferentemente sobre o mesmo tema, no mesmo momento histórico. Por isso, quando surgir esta situação, devem uniformizar a sua jurisprudência. Um dos expedientes que podem levar a esta finalidade é o incidente de assunção de competência. Devem procurar não alterar a sua jurisprudência, salvo quando se estiver frente a duas hipóteses: (a) quando o entendimento modificado for reconhecidamente errado; (b) quando alterações ocorridas no plano da sociedade - culturais, portanto - exigirem que se dê à lei interpretação diferente daquela que se vinha dando até então. Portanto, e essa exigência é pressuposto da manutenção da forma sistemática do direito, a jurisprudência dos Tribunais do país deve ser uniforme, firme e estável". Enunciados do FPPC N.º 2. (Art. 10; art. 927, § 1.º, CPC/2015) Para a formação do precedente, somente podem ser usados argumentos submetidos ao contraditório. N.º 55. (Art. 927, § 3.º, CPC/2015) Pelos pressupostos do § 3.º do art. 927, a modificação do precedente tem, como regra, eficácia temporal prospectiva. No entanto, pode haver modulação temporal, no caso concreto. N.º 88. (Art. 976; art. 928, parágrafo único, CPC/2015) Não existe limitação de matérias de direito passíveis de gerar a instauração do incidente de resolução de demandas repetitivas e, por isso, não é admissível qualquer interpretação que, por tal fundamento, restrinja seu cabimento. N.º 146. (Art. 332, I; art. 927, IV, CPC/2015) Na aplicação do inciso I do art. 332, o juiz observará o inciso IV do caput do art. 927. N.º 162. (Art. 489, § 1.º, CPC/2015) Para identificação do precedente, no processo do trabalho, a decisão deve conter a identificação do caso, a suma do pedido, as alegações das partes e os fundamentos determinantes adotados pela maioria dos membros do colegiado, cujo entendimento tenha ou não sido sumulado. N.º 166. (Art. 926, CPC/2015) A aplicação dos enunciados das súmulas deve ser realizada a partir dos precedentes que os formaram e dos que os aplicaram posteriormente. N.º 167. (Art. 926; art. 947, § 3.º; art. 976; art. 15, CPC/2015) Os tribunais regionais do trabalho estão vinculados aos enunciados de suas próprias súmulas e aos seus precedentes em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas. N.º 169. (Art. 927, CPC/2015) Os órgãos do Poder Judiciário devem obrigatoriamente seguir os seus próprios precedentes, sem prejuízo do disposto nos § 9.º do art. 1.037 e § 4.º do art. 927. N.º 170. (Art. 927, caput, CPC/2015) As decisões e precedentes previstos nos incisos do caput do art. 927 são vinculantes aos órgãos jurisdicionais a eles submetidos. N.º 171. (Art. 927, II, III e IV; art. 15, CPC/2015) Os juízes e tribunais regionais do trabalho estão vinculados aos precedentes do TST em incidente de assunção de competência em matéria infraconstitucional relativa ao direito e ao processo do trabalho, bem como às suas súmulas. N.º 172. (Art. 927, § 1.º, CPC/2015) A decisão que aplica precedentes, com a ressalva de entendimento do julgador, não é contraditória. N.º 173. (Art. 927, CPC/2015) Cada fundamento determinante adotado na decisão capaz de resolver de forma suficiente a questão jurídica induz os efeitos de precedente vinculante, nos termos do Código de Processo Civil. N.º 175. (Art. 927, § 2.º, CPC/2015) O relator deverá fundamentar a decisão que inadmitir a participação de pessoas, órgãos ou entidades e deverá justificar a não realização de audiências públicas. N.º 306. (Art. 489, § 1.º, VI, CPC/2015) O precedente vinculante não será seguido quando o juiz ou tribunal distinguir o caso sob julgamento, demonstrando, fundamentadamente, tratar-se de situação particularizada por hipótese fática distinta, a impor solução jurídica diversa. N.º 314. (Art. 926; art. 927, I e V, CPC/2015) As decisões judiciais devem respeitar os precedentes do Supremo Tribunal Federal, em matéria constitucional, e do Superior Tribunal de Justiça, em matéria infraconstitucional federal. N.º 315. (Art. 927, CPC/2015) Nem todas as decisões formam precedentes vinculantes. N.º 316. (Art. 926, CPC/2015) A estabilidade da jurisprudência do tribunal depende também da observância de seus próprios precedentes, inclusive por seus órgãos fracionários. N.º 317. (Art. 927, CPC/2015) O efeito vinculante do precedente decorre da adoção dos mesmos fundamentos determinantes pela maioria dos membros do colegiado, cujo entendimento tenha ou não sido sumulado. N.º 318. (Art. 927, CPC/2015) Os fundamentos prescindíveis para o alcance do resultado fixado no dispositivo da decisão (obiter dicta), ainda que nela presentes, não possuem efeito de precedente vinculante. N.º 319. (Art. 927,CPC/2015) Os fundamentos não adotados ou referendados pela maioria dos membros do órgão julgador não possuem efeito de precedente vinculante. N.º 320. (Art. 927,CPC/2015) Os tribunais poderão sinalizar aos jurisdicionados sobre a possibilidade de mudança de entendimento da corte, com a eventual superação ou a criação de exceções ao precedente para casos futuros. N.º 321. (Art. 927, § 4.º, CPC/2015) A modificação do entendimento sedimentado poderá ser realizada nos termos da Lei 11.417, de 19 de dezembro de 2006, quando se tratar de enunciado de súmula vinculante; do regimento interno dos tribunais, quando se tratar de enunciado de súmula ou jurisprudência dominante; e, incidentalmente, no julgamento de recurso, na remessa necessária ou causa de competência originária do tribunal. N.º 322. (Art. 927, § 4.º, CPC/2015) A modificação de precedente vinculante poderá fundar-se, entre outros motivos, na revogação ou modificação da lei em que ele se baseou, ou em alteração econômica,política, cultural ou social referente à matéria decidida. N.º 323. (Art. 926; art. 927, CPC/2015) A formação dos precedentes observará os princípios da legalidade, da segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia. N.º 324. (Art. 927,CPC/2015) Lei nova, incompatível com o precedente judicial, é fato que acarreta a não aplicação do precedente por qualquer juiz ou tribunal, ressalvado o reconhecimento de sua inconstitucionalidade, a realização de interpretação conforme ou a pronúncia de nulidade sem redução de texto. N.º 325. (Art. 927; art. 15, CPC/2015) A modificação de entendimento sedimentado pelos tribunais trabalhistas deve observar a sistemática prevista no art. 927, devendo se desincumbir do ônus argumentativo mediante fundamentação adequada e específica, modulando, quando necessário, os efeitos da decisão que supera o entendimento anterior. N.º 326. (Art. 927; art. 15, CPC/2015) O órgão jurisdicional trabalhista pode afastar a aplicação do precedente vinculante quando houver distinção entre o caso sob julgamento e o paradigma, desde que demonstre, fundamentadamente, tratar-se de situação particularizada por hipótese fática distinta, a impor solução jurídica diversa. N.º 327. (Art. 928, parágrafo único, CPC/2015) Os precedentes vinculantes podem ter por objeto questão de direito material ou processual. N.º 345. (Art. 976; art. 928; art. 1.036, CPC/2015) O incidente de resolução de demandas repetitivas e o julgamento dos recursos extraordinários e especiais repetitivos formam um microssistema de solução de casos repetitivos, cujas normas de regência se complementam reciprocamente e devem ser interpretadas conjuntamente. N.º 380. (Art. 8.º; art. 926; art. 927, CPC/2015) A expressão "ordenamento jurídico", empregada pelo Código de Processo Civil, contempla os precedentes vinculantes. N.º 393. (Art. 138, 926, § 1.º; art. 927, § 2.º, CPC/2015) É cabível a intervenção de amicus curiae no procedimento de edição, revisão e cancelamento de enunciados de súmula pelos tribunais. N.º 412. (Art. 190, CPC/2015) A aplicação de negócio processual em determinado processo judicial não impede, necessariamente, que da decisão do caso possa vir a ser formado precedente. N.º 431. (Art. 489, § 1.º, VI; art. 926; art. 927, CPC/2015) O julgador, que aderir aos fundamentos do voto-vencedor do relator, há de seguir, por coerência, o precedente que ajudou a construir no julgamento da mesma questão em processos subsequentes, salvo se demonstrar a existência de distinção ou superação. N.º 433. (Art. 496, § 4.º, IV; art. 6.º; art. 927, § 5.º, CPC/2015) Cabe à Administração Pública dar publicidade às suas orientações vinculantes, preferencialmente pela rede mundial de computadores. N.º 453. (Art. 926; art. 1.022, parágrafo único, I, CPC/2015) A estabilidade a que se refere o caput do art. 926 consiste no dever de os tribunais observarem os próprios precedentes. N.º 454. (Art. 926; art. 1.022, parágrafo único, I, CPC/2015) Uma das dimensões da coerência a que se refere o caput do art. 926 consiste em os tribunais não ignorarem seus próprios precedentes (dever de autorreferência). N.º 455. (Art. 926, CPC/2015) Uma das dimensões do dever de coerência significa o dever de não contradição, ou seja, o dever de os tribunais não decidirem casos análogos contrariamente às decisões anteriores, salvo distinção ou superação. N.º 456. (Art. 926, CPC/2015) Uma das dimensões do dever de integridade consiste em os tribunais decidirem em conformidade com a unidade do ordenamento jurídico. N.º 457. (Art. 926, CPC/2015) Uma das dimensões do dever de integridade previsto no caput do art. 926 consiste na observância das técnicas de distinção e superação dos precedentes, sempre que necessário para adequar esse entendimento à interpretação contemporânea do ordenamento jurídico. N.º 458. (Art. 926; art. 927, § 1.º; art. 10, CPC/2015) Para a aplicação, de ofício, de precedente vinculante, o órgão julgador deve intimar previamente as partes para que se manifestem sobre ele. N.º 459. (Art. 927, § 1.º; art. 489, § 1.º, V e VI; art. 10, CPC/2015) As normas sobre fundamentação adequada quanto à distinção e superação e sobre a observância somente dos argumentos submetidos ao contraditório são aplicáveis a todo o microssistema de formação dos precedentes. N.º 460. (Art. 927, § 1.º; art. 138, CPC/2015) O microssistema de aplicação e formação dos precedentes deverá respeitar as técnicas de ampliação do contraditório para amadurecimento da tese, como a realização de audiências públicas prévias e participação de amicus curiae. N.º 461. (Art. 927, § 2.º; art. 947, CPC/2015) O disposto no § 2.º do art. 927 aplica-se ao incidente de assunção de competência. N.º 480. (Art. 1.037, II; art. 928; art. 985, I, CPC/2015) Aplica-se no âmbito dos juizados especiais a suspensão dos processos em trâmite no território nacional, que versem sobre a questão submetida ao regime de julgamento de recursos especiais e extraordinários repetitivos, determinada com base no art. 1.037, II. N.º 522. (Art. 489, I; art. 931; art. 933, CPC/2015) O relatório nos julgamentos colegiados tem função preparatória e deverá indicar as questões de fato e de direito relevantes para o julgamento e já submetidas ao contraditório. N.º 549. (Art. 927, CPC/2015; Lei 10.259/2001) O rol do art. 927 e os precedentes da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais deverão ser observados no âmbito dos Juizados Especiais. N.º 558. (Art. 988, IV, § 1.º; art. 927, III; art. 947, § 3.º, CPC/2015) Caberá reclamação contra decisão que contrarie acórdão proferido no julgamento dos incidentes de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência para o tribunal cujo precedente foi desrespeitado, ainda que este não possua competência para julgar o recurso contra a decisão impugnada. 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A força argumentativa dos julgados do STF, RT 932/389; Mark Tushnet, Os precedentes judiciais nos Estados Unidos, RePro 218/99; Mateus Costa Pereira, Radiografia de uma decisão judicial: rumo à valorização dos precedentes, RePro 224/359; Mauricio Martins Reis, Precedentes obrigatórios e sua adequada compreensão interpretativa: de como as súmulas vinculantes não podem ser o "bode expiatório" de uma hermenêutica jurídica em crise, RePro 220/207; Maurício Requião, O caráter normativo do precedente, RePro 223/333; Misabel De Abreu Machado Derzi, Thomas da Rosa de Bustamante, Dierle Nunes e Ana Luísa de Navarro Moreira, Recursos extraordinários, precedentes e a responsabilidade política dos tribunais, RePro 237/473; Narda Roberta da Silva, A eficácia dos precedentes no novo CPC. Uma reflexão à luz da teoria de Michele Taruffo, RePro 228/343; Nelson Nery Jr., Teoria geral dos recursos, 7. ed., São Paulo: Ed. 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Nelson Nery Jr. e Teresa Arruda Alvim Wambier), v. 12, n. 2, p. 136-143 - também disponível em [www.academia.edu]. 2 Novamente, remete-se a Eduardo Talamini, "Objetivação do controle incidental de constitucionalidade e força vinculante (ou 'devagar com o andor que o santo é de barro')", n. 3, p. 144 e ss. 3 A respeito, cf. Luiz Rodrigues Wambier, Uma proposta em torno do conceito de jurisprudência dominante, RePro 100/81. 4 Sobre o tema, v. Eduardo Talamini, Coisa julgada e sua revisão, São Paulo, Ed. RT, 2005, n. 8.2; "Efeitos da declaração de inconstitucionalidade". In: Direito constitucional brasileiro, v. 2 (org. Clèmerson M. Clève), São Paulo, Ed. RT, 2014, p. 669-705.
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