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2017 - 07 - 18 Curso Avançado de Processo Civil - Volume 2 - Edição 2016 NONA PARTE - COISA JULGADA E SUA REVISÃO NONA PARTE - COISA JULGADA E SUA REVISÃO (Autores) Luiz Rodrigues Wambier Eduardo Talamini Capítulo 40. COISA JULGADA 1 40.1. Conceito de coisa julgada material Trataremos primeiro da coisa julgada material. No item seguinte, veremos que a coisa julgada pode também ser apenas formal - e que as duas espécies são expressões de um mesmo e único fenômeno (v. n. 40.2, adiante). A coisa julgada material é qualidade de que se reveste o pronunciamento de méritotransitado em julgado, consistente na imutabilidade de seu comando. Esse conceito sintético requer desdobramentos. 40.1.1. Âmbito de incidência A coisa julgada material incide sobre sentenças e decisões interlocutórias de mérito (art. 502 do CPC/2015). Tradicionalmente, a coisa julgada é vinculada à sentença. Mas no ordenamento vigente, ela pode também recair sobre decisões interlocutórias. Como se viu (n. 12.5), o art. 356 do CPC/2015 explicita a possibilidade de solução parcial do mérito, com o prosseguimento do processo para instrução probatória da outra parcela. O pronunciamento terá natureza de decisão interlocutória, passível de agravo de instrumento (art. 356, § 5.º, do CPC/2015). Transitando em julgado essa decisão interlocutória, ela terá eficácia definitiva (art. 356, § 3.º, do CPC/2015). Em coerência com tais regras, atribui-se à interlocutória de mérito transitada em julgado a autoridade de coisa julgada: o art. 502 do CPC/2015 alude genericamente a "decisão de mérito", em vez de "sentença". As referências exclusivas à "sentença" nos dispositivos legais seguintes devem ser compreendidas como abrangentes da decisão interlocutória de mérito. Isso vale igualmente para as referências a "sentença" feitas no curso desse capítulo. Uma vez tendo a decisão interlocutória de mérito feito coisa julgada (porque preclusos os recursos contra ela), ainda que o processo permaneça tramitando perante o juiz de primeiro grau (para a instrução da parte do mérito ainda não decidida), o juiz não poderá mais rever aquela decisão - ainda quando se deparar com uma questão de ordem pública, de direito processual ou material, que, se tivesse sido conhecida por ele antes, teria determinado outro resultado para aquela parcela já decidida. 40.1.2. Trânsito em julgado Ela opera sobre tais pronunciamentos apenas depois do seu trânsito em julgado, isso é, quando não mais couber recursos contra tais decisões. Isso pode acontecer simplesmente porque os recursos não tenham sido interpostos, e então transitará em julgado a própria sentença de primeiro grau de jurisdição, proferida pelo juízo singular. Ou pode ocorrer porque realmente não há mais recursos a serem interpostos, tendo, por exemplo, a causa chegado até o Supremo Tribunal Federal. 40.1.3. Coisa julgada e efeitos da sentença A coisa julgada não é propriamente um efeito da sentença. Ao menos, não pode ser considerada como um dos efeitos principais da sentença. Por muito tempo sustentou a doutrina (e ainda sustenta, em outros ordenamentos), que a coisa julgada seria o próprio efeito declaratório da sentença. Mas a coisa julgada e os efeitos da sentença são fenômenos distintos. Basta ver que a sentença é apta a produzir todos os seus efeitos principais, inclusive o declaratório, mesmo antes de transitar em julgado. É o que se dá quando pende apenas recurso sem efeito suspensivo. Mais do que isso, há sentenças que jamais farão coisa julgada e mesmo assim são aptas a produzir todos os efeitos, inclusive o declaratório (p. ex., a sentença penal condenatória, que é passível de revisão a todo tempo). A rigor, a coisa julgada é um plus em relação aos efeitos principais da sentença. É uma qualidade que a lei adiciona à sentença, no sentido de torná-la imutável. A distinção é importante para fins práticos, especialmente em relação aos limites subjetivos da coisa julgada (art. 506 do CPC/2015 - n. 40.8, adiante). Mais precisamente, a coisa julgada torna imutável o comando da sentença. Uma vez estabelecida a coisa julgada, nem o juiz que proferiu a sentença nem qualquer outro poderá emitir nova decisão sobre o mesmo objeto (pedido e causa de pedir) entre as mesmas partes. Os efeitos, em si, não ficam imutabilizados. Por exemplo, se depois da condenação transitada em julgado, o credor perdoar a dívida, cessa o efeito condenatório - como também cessa se houver seu pagamento integral ou sua satisfação por meios executivos. Isso se aplica aos demais efeitos sentenciais (o casal divorciado por sentença transitada em julgado pode reatar o vínculo; a despeito de declarada a inexistência da dívida, por sentença que fez coisa julgada, o devedor pode reconhecer o débito; o réu vencedor da investigação de paternidade pode reconhecer o autor como seu filho; as partes do contrato resolvido judicialmente por inadimplemento podem pactuar mantê-lo... - e assim por diante). No entanto, e ainda que as partes estejam de acordo, elas jamais podem obter do Judiciário um novo pronunciamento jurisdicional acerca do mesmo objeto litigioso. Em suma, o comando jurisdicional fica imutabilizado. 40.1.4. Coisa julgada e cognição superficial A perpetuação de pronunciamentos fundados na simples aparência não é consentânea com um modelo de processo razoável, exigido pela cláusula do devido processo legal (art. 5.º, LIV, da CF). A coisa julgada material é incompatível com a cognição superficial de mérito (cap. 2, acima). A decisão proferida nessas condições não é apta a perpetuar-se; é provisória. A atividade jurisdicional amparada na mera plausibilidade do direito presta-se a produzir resultados rápidos, e é imprescindível para situações em que há urgência. Mas a celeridade paga um preço: é menos estável. Por isso, a tutela antecipada concedida em caráter antecedente, mesmo quando estabilizada por falta de impugnação recursal do réu, não faz coisa julgada (art. 304, § 6.º, do CPC/2015 - v. cap. 42). Do mesmo modo, a decisão concessiva de mandado monitório não embargada (art. 701, § 2.º, do CPC/2015) não faz coisa julgada material: para caber ação rescisória contra tal ato houve a necessidade de uma especial disposição normativa, o que seria desnecessário se o pronunciamento se revestisse daquela autoridade (vol. 4, cap. 11). O § 2.º do art. 503 do CPC/2015 também expressa a incompatibilidade entre cognição sumária e coisa julgada (v. n. 40.5.4.7, adiante). 40.2. Coisa julgada formal e coisa julgada material A coisa julgada consiste sempre na imutabilidade e indiscutibilidade do comando da decisão sobre o qual ela recai. O atributo de formal ou material é do comando, e não da coisa julgada. O comando formal é aquele se limita a encerrar o processo (ou sua fase cognitiva). Assim, a coisa julgada formal consiste na proibição de reabertura e redecisão de um processo já encerrado (ou da fase cognitiva processual já encerrada). Toda sentença, seja de mérito ou não, faz coisa julgada formal, pois sempre veicula comando que encerra o processo como um todo ou sua fase cognitiva (art. 203, § 1.º, do CPC/2015). Como seu comando principal limita-se a isso, a sentença extintiva do processo sem julgamento de mérito não proíbe a repropositura da ação (art. 486 do CPC/2015; Súmula 304 do Supremo Tribunal Federal). Já o comando material é o que repercute sobre a esfera jurídico-substancial dos jurisdicionados (condenando, declarando, constituindo, mandando...). A coisa julgada que recai sobre esse comando - material - proíbe que mesmo em outro processo entre as mesmas partes ele seja revisto. Por isso, é comum dizer-se que apenas as sentenças de mérito fazem coisa julgada material. Mas, por exemplo, o comando secundário de condenação em verbas de sucumbência, em regra presente mesmo em sentenças que não julgam o mérito, é material - e empresta essa qualidade à coisa julgada que o acoberta. Acoisa julgada material, em princípio, só pode ser revista mediante mecanismos rescisórios previstos em lei. 40.3. Coisa julgada e Constituição A coisa julgada é uma garantia constitucional (art. 5.º, XXXVI, da CF). Ao proibir que a lei fira a coisa julgada, a Constituição está também proibindo que o juiz, que é aplicador da lei, desrespeite a coisa julgada. Há ofensa direta à Constituição quando se desconsidera o próprio cerne da coisa julgada. Além disso, a coisa julgada guarda íntima relação com o direito à proteção jurisdicional (art. 5.º, XXXV, da CF). Ela se presta a conferir estabilidade à tutela jurisdicional obtida. De nada adiantaria consagrar-se o direito à proteção jurisdicional, se o resultado dessa proteção pudesse ser desfeito a qualquer momento. O atributo da coisa julgada não é inerente a todos os atos jurisdicionais. Há atos que, conquanto jurisdicionais, não fazem coisa julgada. A coisa julgada é um dado político: atribui-se ao legislador a tarefa de conferir tal qualidade a certos provimentos jurisdicionais, privilegiando a segurançajurídica em face do valor de justiça (que, em tese, autorizaria a permanente possibilidade de revisão do ato). Cabem aqui duas ressalvas. O legislador não goza de irrestrita liberdade na atribuição da qualidade da coisa julgada a certos atos. Ele se submete, como em toda atividade legislativa infraconstitucional, a limites constitucionais. Por exemplo, não seria legítima lei que atribuísse a coisa julgada a decisões proferidas sem a possibilidade de prévio contraditório entre as partes. Do mesmo modo, não seria compatível com a Constituição imputar a coisa julgada a pronunciamentos emitidos com base em simples probabilidade, aparência (i.e., cognição superficial, não exauriente). A segunda e não menos importante ponderação a fazer-se é de que, ainda que nem todo ato jurisdicional faça coisa julgada, o ato jurisdicional é o único apto a fazer coisa julgada. É o único ao qual o legislador pode atribuir essa qualidade. Ou seja, apenas o resultado da atuação jurisdicional pode ser imunizado, de modo a não poder ser revisto. Os atos privados e os demais atos estatais jamais podem ter idêntica qualidade precisamente porque vigora a garantia da inafastabilidade da tutela jurisdicional (art. 5.º, XXXV, da CF). As leis são passíveis de controle de constitucionalidade. Os atos administrativos também sempre se submetem à revisão jurisdicional. Logo, nunca poderiam adquirir autoridade equiparável à da coisa julgada. Os atos jurisdicionais não só não podem ser revistos pelos outros Poderes estatais ("reserva de sentença" - v. vol. 1, n. 4.3.6), como ainda, para que cumpram adequadamente sua função, necessitam, muitas vezes, que lhes seja atribuída pelo ordenamento estabilidade, que impeça até mesmo sua revisão jurisdicional (coisa julgada). 40.4. Coisa julgada e ordem pública - Negócio processual A inocorrência de coisa julgada é pressuposto de validade processual (art. 485, V, do CPC/2015). É matéria cognoscível de ofício. Se houver coisa julgada, o juiz deve reconhecer a inadmissibilidade da tutela jurisdicional, independentemente de pedido de qualquer das partes (arts. 337, § 5.º, e 485, § 3.º, do CPC/2015). Nesse caso, o silêncio das partes é irrelevante. Mais que isso, o consenso das partes é irrelevante - como visto no n. 40.1, acima. A segurança jurídica e a racionalidade (eficiência) da atuação estatal - que justificam, em princípio, a rejeição à dupla atuação sobre o mesmo objeto - são fatores de ordem pública. Assim, a coisa julgada (que - reitere-se - não se confunde com a eficácia sentencial) está fora do âmbito de disponibilidade das partes. Não é possível um negócio jurídico processual que elimine a coisa julgada ou lhe diminua o alcance. Mas, observados os requisitos do art. 190 do CPC/2015, as partes podem convencionar a obrigação de não rediscutir pronunciamentos e questões que não estão abrangidos pela coisa julgada (o que, em termos práticos, poderia ser impropriamente qualificado como uma "ampliação" dos limites da coisa julgada). Além disso, como observado no n. 40.1, se a relação de direito material objeto da sentença for disponível, as partes podem consensualmente desconsiderar os efeitos da sentença e estabelecer outros em seu lugar. Mas esse ato de disposição realiza-se no plano do direito material. Não é negócio processual. 40.5. Limites objetivos da coisa julgada 40.5.1. Objeto do processo (pedido e causa de pedir) A coisa julgada vigora nos limites do pedido e da causa de pedir (art. 337, §§ 1.º, 2.º e 4.º, do CPC/2015), que, conjugados, constituem o objeto do processo ("lide"). Modificando- se qualquer desses dois elementos em relação à ação já sentenciada, tem-se nova ação, cujo conhecimento não é obstado pela anterior coisa julgada. A causa de pedir relevante para esse fim é a remota (fática). Sobre o tema, v. também vol. 1, cap. 9, e, neste vol., n. 5.9. Alguns exemplos permitem compreender melhor tais limites. Primeiro exemplo: o autor pede a resolução do contrato fundada no inadimplemento do réu (causa de pedir), e essa ação é julgada improcedente e transita em julgado. A coisa julgada aí formada não impede a propositura de nova ação, pelo mesmo autor contra o mesmo réu, novamente fundada no pretenso inadimplemento desse, mas com outro pedido, de imposição do cumprimento do contrato. Como o pedido agora é diferente tem- se outro objeto processual. Segundo exemplo: o autor pede a anulação do contrato por vício de vontade. Afirma ter havido coação, relatando um conjunto de fatos pelos quais o réu teria ameaçado tornar públicos fatos desabonadores do autor e de sua família, se esse não assinasse o instrumento de contrato apresentado por aquele. A ação é julgada improcedente e transita em julgado. Depois disso, se o mesmo autor tornar a propor ação anulatória do mesmo contrato contra o mesmo réu, mas alegando agora outros fatos (outros eventos, em datas distintas) que também caracterizariam coação, não há coisa julgada. Os fatos distintos, configuradores de outra causa de pedir, tornam essa ação diferente da anterior (diferente objeto). Terceiro exemplo: o autor pede que se revise um contrato bancário, a fim de se eliminar dele a cobrança de um determinado encargo. Para tanto, invoca normas do Código Civil e resoluções do Banco Central. A ação é julgada improcedente e transita em julgado. Então, o autor torna a propor ação contra a mesma instituição financeira, pedindo a supressão do mesmo encargo daquele mesmo contrato bancário. Mas, agora, invoca em seu favor normas do CDC, não consideradas no processo anterior. Nesse caso, há coisa julgada, que impede o exame do mérito dessa nova ação. A simples alteração das normas jurídicas invocadas, a mera requalificação jurídica dos mesmos fatos, não altera a causa de pedir. Essa segunda ação é idêntica à primeira. As normas do CDC, só agora expressamente invocadas pelo autor, já poderiam e deveriam ter sido consideradas, mesmo de ofício (iura novit curia), no primeiro processo. Elas já estavam abrangidas pela causa de pedir do primeiro processo. 40.5.2. Objeto idêntico ou incompatível A rigor, não é apenas a identidade de objetos processuais (mesmo pedido e causa de pedir) que delimita, objetivamente, a coisa julgada. Pense-se no seguinte exemplo: B é condenado ao pagamento de R$500.000,00 a A, como dívida de um mútuo. Tal sentença faz coisa julgada. Posteriormente, B promove contra A ação declaratória de inexistência de dívida, alegando que jamais tomou dinheiro emprestado de A. Essa ação não é idêntica àquela primeira: naquela o pedido é condenatório ao pagamento de uma dívida, por determinado fundamento; nessa, o pedido é declaratório da inexistência da mesma dívida, pela ausência daquele fundamento. No entanto, há coisa julgada, que impede o conhecimento do mérito dessa segunda ação. Assim se dá porque a coisa julgada configura-se tambémquando, embora não sendo idênticos os objetos da primeira e da segunda ação, o objeto da segunda ação for incompatível em termos concretos com o comando que transitou em julgado na primeira ação. Em síntese, sob o aspecto objetivo há coisa julgada: (a) quando se repete na segunda ação objeto idêntico ao da primeira; (b) quando se propõe na segunda ação objeto que seria contraditório em termos práticos, concretos, com o objeto da primeira ação - em outras palavras, um objeto que fica excluído necessária e concretamente pelo resultado da primeira ação. 40.5.3. Limitação ao dispositivo sentencial A coisa julgada atinge apenas as questões decididas em caráter principal, como dispositivo da sentença ou da interlocutória de mérito, e não a motivação sentencial (art. 504 do CPC/2015). Somente os comandos que acolhem ou rejeitam os pedidos fazem coisa julgada - ou, no caso da sentença que nega a admissibilidade da tutela jurisdicional (art. 485 do CPC/2015), apenas o comando que põe fim à fase cognitiva ou à execução faz coisa julgada formal. A rigor, tais comandos devem constar da parte dispositiva do pronunciamento decisório. Mas, se por um defeito de técnica redacional, o comando estiver inserido na parte da sentença dedicada à motivação, ele fará coisa julgada mesmo assim. Ou seja, ele não deixará de ser comando - e de fazer coisa julgada - só porque foi formalmente mal colocado no texto da sentença. Os argumentos jurídicos, desenvolvidos pelo julgador para fundamentar sua conclusão, não fazem coisa julgada. Também não faz coisa julgada a versão dos fatos reputada correta pelo juiz, ao fundamentar a sentença (art. 504, II, do CPC/2015). Ainda que a motivação da sentença contenha argumentos que seriam em tese perfeitamente aproveitáveis para a solução de outro objeto processual (pedido e causa de pedir), não será ela vinculante para o juiz que venha a julgar essa outra ação. Esse é o sentido do enunciado da Súmula 239 do Supremo Tribunal Federal ("Decisão que declara indevida a cobrança do imposto em determinado exercício não faz coisa julgada em relação aos posteriores"). Por vezes a exata identificação do sentido e alcance do comando - e, portanto, da coisa julgada - depende da consideração dos fundamentos da decisão (por exemplo, determinar o exato alcance de um julgamento parcial de procedência, quando o decisum está mal redigido). Mesmo nesse caso, os fundamentos não farão em si mesmos, coisa julgada. 40.5.4. Questões prejudiciais e coisa julgada Qualificam-se como prejudiciais as questões atinentes à existência, inexistência ou modo de ser de uma relação ou situação jurídica que, embora sem constituir propriamente o objeto da pretensão formulada (mérito da causa), são relevantes para a solução desse mérito (por exemplo, relação de filiação, na ação de alimentos ou de petição de herança; validade do contrato na ação de cobrança de uma de suas parcelas). São inconfundíveis com as questões preliminares, que concernem à existência, eficácia e validade do processo. As preliminares podem conduzir apenas à impossibilidade do julgamento do mérito, não contribuindo para a sua solução (são questões meramente processuais). As questões prejudiciais repercutem sobre o mérito da causa. 40.5.4.1. Coisa julgada da resolução de questões prejudiciais No CPC/1973, previa-se que a resolução de questões prejudiciais, que não houvessem sido objeto de pedido expresso da parte, nem na demanda inicial, nem em ação declaratória incidental (que era uma ação que se permitia propor incidentalmente no processo), não faria coisa julgada. Tome-se um exemplo: o réu alegava que era filho do falecido (de cujus), contudo não pedia uma sentença declaratória de filiação, mas apenas que se declarasse que ele tinha direito a uma parte da herança e se condenasse seus supostos irmãos a lhe entregar o seu quinhão de tal herança (ação de petição de herança). Os réus, seus supostos irmãos, ao contestar a ação, negavam tal condição. No CPC/1973, a questão da filiação seria, nessa hipótese, examinada apenas na fundamentação da sentença e não faria coisa julgada. O decisum (dispositivo) se limitaria ao pedido de recebimento de uma parte da herança. Isso significava que, se tal ação (de pedido de herança) fosse julgada improcedente, por reputar o juiz, na motivação da sentença, que o autor não era filho do falecido, a questão da herança faria coisa julgada material (porque resolvida na parte decisória), mas a inexistência da filiação não seria objeto de coisa julgada (porque enfrentada apenas na fundamentação da sentença). Assim, se, depois disso, esse mesmo autor viesse a propor outra ação, contra os mesmos réus - pedindo alimentos dos seus pretensos irmãos - o juiz poderia, nesse outro processo, reconhecer a relação de filiação e impor aos réus o dever de pagar alimentos. Era esse o significado do art. 469, III, do CPC/1973. Na vigência daquele diploma, para que a questão da filiação fizesse coisa julgada já naquele primeiro processo, seria necessário o ajuizamento de uma ação declaratória incidental (art. 470 do CPC/1973). Agora, o § 1.º do art. 503 do CPC/2015 prevê que, dentro de certas condições, a coisa julgada incide sobre a resolução de questão prejudicial, decidida expressa e incidentemente no processo. Tal regra não constitui exceção à norma do art. 504 do CPC/2015. A decisão expressa da questão prejudicial, uma vez observados os pressupostos dos §§ 1.º e 2.º do art. 503, faz coisa julgada precisamente porque se trata de um comando sentencial, e não simples fundamentação. Não só recebe a autoridade de um decisum (coisa julgada) como produz todos os efeitos de um decisum. No exemplo acima dado, suponha-se que, na ação de petição de herança, houve o reconhecimento da filiação. Desde que preenchidos os pressupostos a seguir examinados, esse reconhecimento fará coisa julgada e terá a eficácia de um comando sentencial declaratório da filiação: poderá ser levado a registro no cartório competente etc. Não se trata de exceção à regra que limita a coisa julgada ao dispositivo da decisão de mérito. A hipótese constitui exceção, isso sim, à norma que permite que o juiz apenas decida as pretensões efetivamente postas pelas partes. Nesse caso, basta que se estabeleça o efetivo contraditório sobre questão prejudicial do âmbito de competência absoluta do juízo, para que o juiz sobre ela emita decisum. Ou seja, em contraste com o CPC/1973, a novidade não está em estender-se a coisa julgada à fundamentação, mas sim em dispensar a ação declaratória incidental para que o juiz possa proferir comando sobre a questão prejudicial. Retomando o exemplo acima dado: se, para julgar a ação de petição de herança, o juiz submete a debate e instrução probatória a questão da filiação do autor, a conclusão que ele vier a tomar a respeito dessa questão, desde que observadas determinadas condições (a seguir examinadas), não constituirá simples parte da fundamentação da sentença, mas sim dispositivo (comando) decisório - que também será acobertado pela coisa julgada. 40.5.4.2. Extinção da ação declaratória incidental, no CPC/2015, como figura geral Por essas razões, o CPC/2015 não prevê mais, como instituto de alcance geral, a ação declaratória incidental para a solução de questões prejudiciais. Em regra, ela não é mais necessária. Hipótese dessa ação permanece prevista especificamente para a declaração de falsidade de documento (art. 433 do CPC/2015 - v. n. 19.4, acima). 40.5.4.3. Pressuposto necessário para o julgamento da lide Se a questão nem sequer for pressuposto para o julgamento do mérito, ela não se caracteriza como prejudicial. Não poderá ser objeto de comando sentencial nem consequentemente ter sua resolução acobertada pela coisa julgada (art. 503, § 1.º, I, do CPC/2015). Aliás, nessa hipótese, ela não precisa ser solucionada nem mesmo na fundamentação, dada sua irrelevância para a solução da lide.Mas nesse ponto põe-se controvérsia. Há duas correntes de interpretação do inc. I do § 1.º do art. 503 do CPC/2015. Para uma delas, apenas fica excluída a possibilidade de fazer coisa julgada a resolução da questão que nem mesmo em tese é prejudicial para a solução da causa. Para outra, não basta isso. Seria indispensável que no caso concreto a resolução da questão prejudicial fosse o fator único e determinante da solução dada à causa. A exemplificação permite compreender melhor as duas concepções. Fiquemos com o exemplo que já vinha sendo utilizado. Imagine-se que na ação de petição de herança antes referida, o juiz conclui que o autor é filho do de cujus, mas também constata que nenhum bem foi deixado pelo falecido para ser herdado - e por isso julga improcedente o pedido de herança. Para a primeira corrente interpretativa, a resolução da questão da filiação faz coisa julgada material nesse caso (desde que observados os demais requisitos, a seguir examinados), por ser ela prejudicial ao cabimento da herança. Para a segunda corrente, como a improcedência não derivou da ausência de filiação (e sim da ausência de bens), a definição dela não seria objeto de um decisum e não faria coisa julgada material. Os adeptos dessa concepção defendem que, para evitar que isso ocorresse, a parte interessada deveria ajuizar oportunamente uma ação declaratória incidental. Vale dizer, para eles, a despeito do absoluto silêncio da lei quanto a tal instituto (referido apenas para hipótese muito específica, na arguição de falsidade), continuaria existindo a ação declaratória incidental. E, para não correr riscos, a parte deveria oportunamente ajuizá-la. Essa segunda concepção é bastante plausível em termos lógicos. Mas conduz a resultados práticos que não parecem ser os pretendidos pelo sistema estabelecido pelo CPC/2015. Apenas ao final do processo, saber-se-ia se a questão prejudicial faria coisa julgada material. Para não correr o risco de a questão prejudicial não fazer coisa julgada, a parte continuaria tendo de ajuizar ação declaratória incidental. Primeiro, é muito discutível que continue existindo ação declaratória incidental. A propositura de uma nova ação, no processo já em curso, é uma exceção à estabilidade da demanda - e, como tal, depende de expressa autorização normativa. De resto, cairiam por terra os evidentes propósitos da atribuição de coisa julgada à resolução de questões prejudiciais: economia processual e simplificação procedimental. Aliás, paradoxalmente, ficaria mais complicado do que era antes (quando, afinal, se houvesse declaratória incidental, haveria coisa julgada da questão prejudicial; se não houvesse, não haveria: agora, a valer a tese ora criticada, haveria todo um jogo de combinações...). 40.5.4.4. Contraditório prévio e questão prejudicial Para que a decisão sobre a questão prejudicial revista-se de coisa julgada, é imprescindível que haja possibilidade plena de contraditório prévio a respeito dela. Vale dizer, não basta o fato de poder subsequentemente recorrer da decisão. Há de se permitir o debate e instrução probatória sobre a questão, para que só depois seja decidida. 40.5.4.5. Contraditório efetivo e questão prejudicial O contraditório também deve ser "efetivo". Tal pressuposto tem de ser devidamente compreendido. É preciso que a questão seja posta no processo e fique claro para as partes que ela é relevante para a solução da lide e receberá uma decisão expressa. Cumpre ao juiz - em respeito aos deveres de debate e prevenção, ínsitos aos princípios do contraditório e da cooperação (art. 5.º, LV da CF; arts. 6.º, 9.º e 10 do CPC/2015) - advertir as partes quanto a isso. Em princípio, o saneamento do processo é a ocasião oportuna para tanto (art. 357 do CPC/2015). Por um lado, mesmo que o juiz não cumpra esse dever de advertência, se as partes efetivamente debaterem a questão, está preenchido esse requisito para a incidência da coisa julgada. Por outro lado, uma vez posta claramente a existência da questão prejudicial, e sendo dada às partes a oportunidade de instrução jurídica e probatória, está também preenchido o requisito. A circunstância de uma ou ambas as partes, uma vez devidamente cientes de que a questão prejudicial está posta, não se dedicar à sua instrução jurídica e fática, em regra, não obstará que a decisão expressa do juiz sobre tal questão tenha autoridade de coisa julgada. No processo civil, vigora o princípio da disponibilidade do contraditório. 40.5.4.6. Revelia e não formação da questão prejudicial Se houver revelia, a decisão sobre ponto prejudicial à solução de mérito não fará coisa julgada. A regra expressa na parte final do inc. II do § 1.º do art. 503 do CPC/2015 indica a preocupação do legislador em evitar que se forme contra o revel coisa julgada relativamente a uma pretensão acerca da qual ele não foi citado. Mas tal norma até seria dispensável: ponto é a afirmação (sobre fato e [ou] direito; sobre aspecto processual ou de mérito...) que uma parte faz no processo; se o ponto é impugnado pelo adversário, ele torna-se uma questão. Se há revelia, a questão prejudicial nem sequer se constitui. 40.5.4.7. Cognição plena e questão prejudicial Se existem restrições probatórias à investigação da questão prejudicial ou por qualquer outra razão a profundidade da sua cognição é limitada, a decisão acerca dela não fará coisa julgada. A norma do § 2.º do art. 503 do CPC/2015 nada mais é do que expressão da incompatibilidade entre cognição superficial e coisa julgada (v. n. 40.3, acima). 40.5.4.8. Competência absoluta para a questão prejudicial O art. 503, § 1.º, III, do CPC/2015, estabelece que o juízo precisa deter competência em razão da matéria e da pessoa para resolver a questão prejudicial como questão principal, para que sobre ela incida a coisa julgada. Mas a exigência de que o juiz detenha competência material (i.e., competência absoluta) para julgar em caráter principal a questão prejudicial é apenas requisito para a incidência da coisa julgada, e não para que ele possa dirimir a questão. O juiz estatal civil sempre tem o poder de resolver apenas na fundamentação questões prejudiciais para as quais não teria competência de julgamento em caráter principal. Por exemplo, está apto a resolver a questão relativa à existência de um contrato de trabalho que seja prejudicial ao julgamento do mérito, embora não possa emitir a respeito uma decisão expressa apta a fazer coisa julgada material. 40.5.4.9. Decisão expressa sobre a questão prejudicial Para haver coisa julgada é indispensável decisão expressa do juiz sobre a questão prejudicial. Não basta que ela possa ser intuída, dessumida ou pressuposta a partir da decisão dada ao mérito. É preciso que haja efetivo enfrentamento da questão prejudicial pelo juiz. 40.5.4.10. Desnecessidade de inserção formal no comando Pouco importa que esse comando resolutório da questão prejudicial esteja formalmente inserido na motivação ou na parte dispositiva da sentença ou da interlocutória de mérito. Respeitados os pressupostos dos §§ 1.º e 2.º, ele fará coisa julgada. 40.6. Ainda os limites objetivos da coisa julgada: os limites temporais Alude-se a "limites temporais" da coisa julgada para designar a delimitação do momento em que ela opera. Trata-se de definir quais fatos, no curso do tempo, estão abrangidos pela causa de pedir e o pedido postos em juízo e, consequentemente, pela coisa julgada que se formar. A rigor, tal investigação concerne aos próprios limitesobjetivos da coisa julgada, razão por que a expressão "limite temporal" é por muitos considerada inadequada. O tema comporta dois enfoques. 40.6.1. Momento em relação ao qual a coisa julgada opera A partir de que momento a superveniência de fatos que a princípio estariam abrangidos na causa de pedir posta em juízo passa a implicar uma nova causa de pedir, um novo objeto processual (consequentemente, podendoservir de base a uma nova ação, que não seria obstada pela coisa julgada formada na ação anterior)? Por um lado, os fatos anteriores ao início do processo e que integram a causa de pedir serão abrangidos pela coisa julgada que ali se forma. Por exemplo, o pagamento feito pelo réu antes mesmo da propositura da ação condenatória está indubitavelmente abrangido no objeto processual. Se tal defesa não for conhecida no curso do processo, a ação for julgada procedente e formar-se a coisa julgada, não será dado ao réu, alegar depois o dito pagamento para eximir-se da condenação (senão nas vias excepcionais de desconstituição do julgado). Há inclusive a norma do art. 508 do CPC/2015 a explicitar essa impossibilidade (n. 40.7, adiante). Por outro lado, os fatos ocorridos depois do trânsito em julgado e que estejam aptos a alterar a relação ou situação jurídica que foi objeto da sentença acobertada pela res iudicata não esbarrarão no óbice da coisa julgada. Constituirão uma nova causa de pedir, delineadora de um novo objeto processual. Mantendo o exemplo: o pagamento feito depois de transitada em julgada a condenação poderá ser legitimamente arguido pelo condenado, caso o credor pretenda, mesmo assim, promover a execução (cf., p. ex., arts. 525, § 1.º, VII, e 535, VI, do CPC/2015). As dificuldades surgem em relação aos fatos ocorridos no curso do processo, entre a litispendência e o trânsito em julgado. Qual a linha divisória para que se submetam a um ou outro regime? A resposta vincula-se ao seguinte parâmetro: o último momento em que era possível o conhecimento, dentro do processo, dos fatos supervenientes constituirá o marco temporal relevante. Esse momento vai até a conclusão para julgamento do último recurso ordinário contra a decisão de mérito no processo (apelação contra a sentença; agravo de instrumento contra a interlocutória de mérito; recurso ordinário em sentido estrito contra o acórdão em ação de competência originária do Tribunal, em específicas hipóteses) ou do reexame necessário. Assim o é porque a fase recursal ordinária ainda permite o reexame e consideração direta de fatos, admitindo até mesmo instrução probatória. A parte interessada tem o ônus de alegar os fatos relevantes para a causa que ocorram até esse momento. Apenas depois disso, em sede de recurso especial e extraordinário, é que não será possível o exame de matéria fática. Portanto, são abrangidos pela coisa julgada todos os fatos ocorridos até o momento da conclusão dos autos antes da decisão da fase recursal ordinária ou de reexame necessário - desde que contidos na causa de pedir já posta em juízo. 40.6.2. Relações jurídicas continuativas O art. 505, I, do CPC/2015 autoriza que tornem a ser decididas "questões já decididas relativas à mesma lide (...) se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no estado de fato ou de direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença". Relação continuativa ou de trato continuado é aquela cuja hipótese de incidência concerne a fatos ou situações que perduram no tempo, de modo que suas posições jurídicas internas (direitos, deveres, ônus...) podem ser modificadas ou redimensionadas no curso da relação, conforme varie o panorama fático ou jurídico. Por exemplo, é o que se tem no direito a alimentos: em que o alimentando só tem o direito de recebê-los e o alimentante, o dever de pagá-los, enquanto esse detiver condições econômicas de provê- los e aquele efetivamente necessitar recebê-los. É o que também ocorre na relação locatícia de imóvel urbano, no que tange ao direito ao valor de aluguel compatível com o preço de mercado; ou ainda na relação previdenciária atinente a auxílio por incapacidade temporária etc. A decisão de mérito que tem por objeto relação continuativa faz normalmente coisa julgada. Se houver alteração no panorama fático ou jurídico que repercuta sobre as posições jurídicas internas da relação continuativa, tem-se uma nova causa de pedir. Assim, a nova ação, que tome por base esse novo panorama, não será idêntica à anterior, não sendo alcançada pelos limites objetivos da coisa julgada antes estabelecida. Um exemplo para evidenciar essa constatação teórica: o alimentante era jogador de futebol em plena atividade, jogava num grande clube e ganhava mensalmente R$250.000,00; seu filho, uma criança de seis anos que vivia com a mãe, necessitava de auxílio para o sustento. Diante de tal causa de pedir, considerando-se as necessidades da criança e as possibilidades do pai, fixaram-se, em sentença, alimentos no valor de R$10.000,00 mensais. Tal decisão transitou em julgado e fez coisa julgada. Cinco anos depois, o alimentante está desempregado, doente e endividado. Depois de sucessivas contusões, já não podia jogar futebol e não conseguiu nenhuma outra colocação profissional. Ele promove então ação de exoneração de pagamento de alimentos, invocando sua atual impossibilidade de colaborar com o sustento do filho. Essa é uma nova causa de pedir, diversa daquela que se tinha na época em que foi proferida a sentença impositiva de alimentos. Trata-se de fatos posteriores ao limite "temporal" da coisa julgada antes apontado. Então, não se trata de desfazer a coisa julgada anterior. Não se pode tampouco dizer que a coisa julgada anterior era "condicionada" ou estava submetida a uma cláusula rebus sic stantibus, isso é, a uma ressalva no sentido de que só valeria enquanto não mudassem as circunstâncias que deram base à sua formação. A rigor, a coisa julgada sempre se põe nesses termos: fatos novos, constitutivos de nova causa de pedir, dão base a uma nova ação, não atingida pela coisa julgada anterior. A relação continuativa apenas oferece maiores oportunidades para que isso ocorra. Pode haver relações jurídicas múltiplas e sucessivas, porém homogêneas, entre os mesmos sujeitos, que podem ser objeto de uma única ação destinada a atingir inclusive as relações futuras (por exemplo, cada incidência do tributo nos sucessivos exercícios ou nas reiteradas operações praticadas pelo contribuinte implica uma específica relação jurídica: essas reiteradas relações, inclusive as futuras, podem ser objeto de uma única ação). Sobrevindo após a coisa julgada alteração fática ou jurídica que repercuta sobre essas relações, ter-se-á igualmente nova causa de pedir, autorizadora de nova ação (p. ex., depois de o comerciante haver obtido sentença transitada em julgado assegurando-lhe o recolhimento de tributo pela alíquota de 10% sobre as venda que faz, sobrevém lei que altera a alíquota para 15%: a coisa julgada advinda de tal sentença não o exonerará de passar a recolher a nova alíquota nas operações supervenientes à vigência da nova lei). Há casos em que o ordenamento prevê uma ação típica para a obtenção de nova sentença relativa ao novo panorama estabelecido na relação continuativa (por exemplo, revisional de alimentos - art. 1.699 do CC/2002; art. 13 da Lei 5.478/1968). Na falta de previsão específica, é possível a simples propositura de nova ação, segundo as regras gerais. 40.7. Eficácia preclusiva da coisa julgada Nos termos do art. 508 do CPC/2015: "Transitada em julgado a decisão de mérito, considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações e as defesas que a parte poderia opor tanto ao acolhimento quanto à rejeição do pedido". A regra não consagra o "julgamento implícito" das alegações que poderiam haver sido realizadas e não o foram. Tampouco significa que haja coisa julgada relativamente a elas. Até porque, ainda que elas houvessem sido efetivamente aduzidas no processo, seu enfrentamento dar-se-ia na motivação da sentença, de modo que nem mesmo nessa hipótese a expressa solução delas faria coisa julgada. Apenas fica vedado à parte valer-se dessas alegações, a fim de tentar obter outro provimento acerca do mesmo pedido e causa de pedir e em face do mesmo adversário. Ou seja, a regra proíbeque a parte invoque alegações que poderia oportunamente ter feito e não fez como um subterfúgio para desconsiderar a coisa julgada. A coisa julgada traz consigo o veto à apresentação tardia de argumentos que teriam sido relevantes, se oportunamente apresentados. É a eficácia preclusiva da coisa julgada. Por exemplo, se o réu reputa que, no momento em que é citado na ação de cobrança, a dívida já estava paga, ele tem o ônus de alegar tal pagamento em sua defesa. Se transitar em julgado sentença condenando-o ao pagamento da dívida, não será possível, depois disso, ele pretender alegar - seja em nova ação autônoma, seja em impugnação ao cumprimento da sentença - que a dívida já estava paga mesmo antes de iniciar-se a ação anterior. Não há "julgamento implícito" de que houve pagamento nem coisa julgada quanto a isso. Apenas, a omissão na alegação do pagamento no processo já resolvido não serve de pretexto para se quebrar a coisa julgada. Por essas razões, tal eficácia preclusiva põe-se apenas nos limites objetivos e subjetivos da coisa julgada. Assim, se for diverso o pedido ou a causa de pedir, tem-se nova ação, não atingida pela coisa julgada anterior - e, na medida em que também seja relevante para essa nova ação, a alegação ou defesa não formulada no processo anterior poderá ser então aduzida. Também aqui um exemplo ajuda a compreender a questão: o autor propôs ação de indenização por acidente de trânsito contra o réu. Alega apenas que ele estava em excesso de velocidade. A ação é julgada improcedente e transita em julgado. Depois disso, o autor não pode, contra o mesmo réu, formular novo pedido de indenização pelo mesmo acidente de trânsito, alegando, apenas agora, embriaguez do réu. Ele tinha o ônus de formular essa alegação no primeiro processo. Eis a eficácia preclusiva da coisa julgada. Mas imagine-se que o autor formula, contra o mesmo réu, uma ação pedindo indenização por uma agressão física que lhe teria sido feita pelo réu numa discussão que tiveram depois do acidente. O pedido e a causa de pedir são diversos dos da ação anterior. Então, não há coisa julgada. Nessa ação, não haverá óbice nenhum a que ele alegue, como argumento fático, a embriaguez do réu. 40.8. Limites subjetivos da coisa julgada 40.8.1. Limites subjetivos e garantias constitucionais A coisa julgada só vincula as partes do processo em que ela se estabeleceu (art. 506 do CPC/2015). Eis uma imposição das garantias do acesso à justiça, devido processo legal, contraditório e ampla defesa (art. 5.º, XXXVI, LIV e LV da CF): apenas a parte tem a possibilidade de exercer o direito de ação ou defesa em sua plenitude dentro do processo; portanto, apenas ela pode ficar vinculada ao resultado desse processo. O sujeito torna-se parte quando propõe a demanda ou é citado para o processo. Os sucessores das partes também são atingidos pela coisa julgada. Com a sucessão, são transferidas todas as posições jurídicas relativas ao objeto da sucessão (universal ou singular), inclusive as de caráter processual, como é a coisa julgada. Nesse sentido, o sucessor não detém a condição de terceiro. Ele assume as próprias posições materiais e processuais do sucedido, nos limites do objeto da sucessão. 40.8.2. Extensão dos efeitos a terceiros A limitação da coisa julgada às partes não impede que os efeitos da decisão de mérito atinjam terceiros. São fenômenos distintos (v. n. 40.1, acima). Os terceiros serão atingidos pelos efeitos sentenciais na proporção em que se relacionem com o objeto do litígio. Podem ter benefícios ou desvantagens, mas não ficarão impedidos de discutir em demanda própria aquele mesmo objeto processual, na medida em que detenham legitimidade e interesse para tanto. 40.8.3. Terceiros titulares de direitos comuns ou de direitos ou ações concorrentes Assim, se um dos vários legitimados para a impugnação de um ato único ou para a defesa de um direito comum obtém sucesso na ação que propôs, o resultado favorável também produz efeito em face dos demais legitimados (por exemplo, impugnação de deliberação assemblear por um dos vários sócios; art. 1.º, § 3.º da Lei 12.016/2009; arts. 260, 267, 1.314, 1.791, parágrafo único, do CC/2002 etc.). O efeito da improcedência (manutenção do ato impugnado; ausência de proteção jurisdicional ao direito comum) também atinge os terceiros. Mas eles não estão impedidos, pela coisa julgada, de tornar a propor a mesma ação. Já na primeira hipótese, faltar-lhes-ia interesse de agir para pedir aquilo que já foi concedido na ação do outro legitimado. Exemplo: um dos quatro mil associados de um clube promove ação pedindo a anulação de deliberação em assembleia geral que dobrou o valor da contribuição mensal. Se ele vence a ação e desconstitui a deliberação assemblear, não apenas ele, mas todos os associados do clube continuarão pagando o valor de mensalidade não majorado. O efeito desconstitutivo da sentença atinge a todos eles, precisamente porque incide sobre um ato que também dizia respeito a todos eles. Faltará interesse de agir para outro sócio vir pedir a mesma anulação, que já ocorreu. Mas, se aquela ação é julgada improcedente, mantém- se em vigor a deliberação assemblear, também para todos os associados. E qualquer deles que não tenha tomado parte na primeira ação pode tornar a propor ação de invalidação, inclusive com a mesma causa de pedir da ação anterior. A coisa julgada da improcedência da ação anterior não o atingirá, pois não foi parte naquele primeiro processo.2 Essa extensão dos efeitos a terceiros, conjugada com a não vinculação à coisa julgada, transmite a impressão de que o terceiro poderia "beneficiar-se" da coisa julgada alheia (noção essa sugerida pelo próprio art. 506 do CPC/2015, que afirma que a coisa julgada apenas não pode "prejudicar" terceiros - sugerindo que ela poderia beneficiá-los). Não é propriamente isso, como se viu. A situação ora examinada é completamente distinta daquele que se têm quando diversas pessoas possuem uma pretensão homogênea contra um mesmo sujeito (por exemplo: inúmeros contribuintes contra o Fisco; consumidores contra um fornecedor; pensionistas contra o órgão previdenciário etc.). Nesses casos, trata-se de direitos individuais homogêneos: são posições análogas, mas que não integram uma mesma relação jurídico-material unitária. Em tais casos, o sucesso de um dos titulares de pretensão homogênea em sua ação não se estende aos demais titulares da posição análoga (exemplo: não é porque um dos milhões de contribuintes ganhou uma ação contra o Fisco que isso se aplicará automaticamente a todos os demais; a vitória de um consumidor em face do fornecedor, em ação individual, não se estende aos demais - e assim por diante). Para esses casos, para que se tenha um resultado que aproveite a todos, é preciso empregar-se ação coletiva. 40.8.4. Substituição processual e coisa julgada A sentença de mérito em princípio faz coisa julgada em face do substituto processual, mas não necessariamente em face do substituído. A sua vinculação à coisa julgada depende de que o substituído tenha tido: (i) prévia oportunidade de exercer a ação e não o tenha feito; (ii) possibilidade de ciência do processo em que ocorria sua substituição, sendo-lhe permitido, caso queira, ingressar nesse processo (exemplos: art. 109 do CPC/2015, observados determinados requisitos; art. 3.º da Lei 12.016/2009; art. 159, §§ 3.º e 4.º da Lei 6.404/1976 etc.). Exemplos de casos em que o substituído não fica vinculado à coisa julgada: art. 2.º, §§ 4.º e 5.º, da Lei 8.560/1992; art. 54, II, da Lei 8.906/1994. 40.8.5. Terceiros intervenientes e coisa julgada Os terceiros que intervém no processo serão atingidos pela coisa julgada sempre que, mediante a intervenção, assumam a condição de parte. É o que ocorre com o terceiro na assistência litisconsorcial, denunciação da lide, chamamento ao processo e na desconsideração de personalidade jurídica. Não é o que se dá naassistência simples e na intervenção do amicus curiae. O assistente simples submete-se às consequências previstas no art. 123 do CPC/2015, que não se identificam com a coisa julgada, por serem, sob certo aspecto, mais extensas (o assistente simples em princípio vincula-se à própria fundamentação da decisão de mérito, i.e., a "justiça da decisão"), e, sob outro, mais tênues (o assistente simples não fica vinculado à autoridade da sentença se demonstrar a ocorrência das hipóteses dos incs. I e II do art. 123 do CPC/2015 - v. vol. 1, n. 19.5.1.2). 40.9. Eficácia negativa e eficácia positiva da coisa julgada Por um lado, a coisa julgada tem uma função (ou aspecto, ou eficácia) "negativa". Consiste na proibição, nos limites acima expostos, de que qualquer órgão jurisdicional torne a apreciar o mérito do objeto processual sobre o qual já recai a coisa julgada. É nesse sentido que a coisa julgada funciona como pressuposto processual negativo (art. 485, V, do CPC/2015). Por outro lado, há a função (ou aspecto, ou eficácia) "positiva" da coisa julgada. O decisum (resultado) sobre o qual recai a coisa julgada terá de ser obrigatoriamente seguido por qualquer juiz, ao julgar outro processo, entre as partes, cujo resultado dependa logicamente da solução a que se chegou no processo em que já houve coisa julgada material (ex.: o resultado de procedência de ação declaratória de existência do crédito terá de ser considerado no julgamento de posterior ação condenatória relativa ao mesmo crédito, entre as mesmas partes; o resultado na ação de investigação de paternidade terá de ser considerado na subsequente ação de alimentos). 40.10. A "relativização" da coisa julgada Usa-se o termo "relativização" da coisa julgada para designar a impugnação e desconstituição da coisa julgada em hipóteses e por vias alheias àquelas típicas, autorizadas em lei (p. ex., nos arts. 525, §§ 12 e 15, 535, §§ 5.º a 8.º, e 966 do CPC/2015). Ainda que a coisa julgada seja garantia constitucional, por vezes a sentença veicula grave violação à Constituição - estabelecendo-se um conflito entre princípios constitucionais. Mas nem mesmo isso autoriza a pura e simples desconsideração da "coisa julgada inconstitucional". Será imprescindível a ponderação dos valores jurídicos concretamente envolvidos no caso concreto: o princípio que prevalecer sacrificará o outro apenas na medida estritamente necessária para a consecução das suas finalidades. O ponto nuclear da discussão sobre a "relativização" reside na seguinte pergunta: é admissível a revisão atípica da coisa julgada? Por um lado, não é possível descartar que excepcionalmente, em casos concretos, a coisa julgada - que é sem dúvida uma garantia fundamental constitucional - preste-se a acobertar sentença que manifestamente viole outros direitos fundamentais. Nesse caso, tem-se um conflito entre princípios constitucionais. Quando isso ocorrer, deverão a princípio ser usados os meios típicos de impugnação da coisa julgada. No entanto, quando não for admissível o emprego dos meios típicos (seja porque o caso não se enquadra em suas hipóteses de cabimento, seja porque já se esgotou o prazo para o meio típico), não parece viável uma solução absoluta, na base do "ou tudo ou nada". Nem é possível dizer que sempre cairá por terra a coisa julgada, nem é possível afirmar o exato oposto, no sentido de que seria sempre vedada a revisão atípica. Não há como deixar de aplicar em tais hipóteses o princípio da proporcionalidade. Seja como for, um dado parece fundamental: ainda que se admita a revisão atípica da coisa julgada nessas hipóteses, na medida do possível haverá de se observar, em rigorosa simetria, a competência originária e o modelo procedimental da ação rescisória - sob pena de haver sacrifícios à segurança jurídica e à operacionalidade do sistema ainda maiores do que os necessários (o que seria incompatível com o princípio da proporcionalidade).3 Conceito de coisa julgada material Qualidade do pronunciamento de mérito transitado em julgado Âmbito de incidência Trânsito em julgado Coisa julgada x efeitos da sentença Cognição superficial - impossibilidade Coisa julgada formal e coisa julgada material Limites constitucionais Coisa julgada e ordem pública - Negócio processual Limites objetivos da coisa julgada Objeto do processo (pedido e causa de pedir) Objeto idêntico ou incompatível Limitação ao dispositivo sentencial Questões prejudiciais Coisa julgada da resolução de questões prejudiciais Extinção da ação declaratória incidental Pressuposto necessário para o julgamento da lide Contraditório prévio e questão prejudicial Contraditório efetivo e questão prejudicial Revelia e não formação da questão prejudicial Cognição plena e questão prejudicial Competência absoluta para a questão prejudicial Decisão expressa sobre a questão prejudicial Desnecessidade de inserção formal no comando Limites temporais Momento em relação ao qual a coisa julgada opera Relações jurídicas continuativas Eficácia preclusiva da coisa julgada Limites subjetivos Garantias constitucionais Extensão dos efeitos a terceiros Terceiros titulares de direitos comuns ou de direitos ou ações concorrentes Substituição processual Terceiros intervenientes Eficácia negativa e eficácia positiva A questão da "relativização" da coisa julgada Doutrina Complementar · Antonio do Passo Cabral (Breves..., p. 1.304) ensina que: "Na redação do art. 472 do CPC de 1973, a coisa julgada não 'beneficiava' nem 'prejudicava' terceiros. A nova redação da lei processual excluiu a expressão 'beneficiar', e agora a coisa julgada não atinge os terceiros para prejudicá-los, podendo, todavia, os atingir para beneficiá-los. A solução é elogiável ao prever a possibilidade de extensão da coisa julgada a terceiros para beneficiá- los; mas é criticável porque vai na contramão da tendência mundial ao não permitir, em nenhuma hipótese, que a coisa julgada possa atingir terceiros mesmo para prejudicá-los. Vejamos brevemente cada uma dessas questões. (...) A regra legal do novo CPC é boa porque, afinal, se é o contraditório o vetor para definir a limitação subjetiva da coisa julgada, seria natural imaginar que um terceiro que não participou do processo não deve ser atingido pela proibição decorrente da coisa julgada de rediscutir as questões decididas no processo inter alia. Porém, esta proibição existe para que ele não seja prejudicado, ou seja, a limitação subjetiva da coisa julgada funciona como uma proteção ao terceiro não participante. Não obstante, se o conteúdo estabilizado pela coisa julgada for favorável ao terceiro, este pode se valer da coisa julgada e pretender que a questão se mantenha indiscutível a seu favor. Trata-se de coisa julgada in utilibus para o terceiro. A mudança em relação ao texto do CPC de 1973 é muito positiva. Quando o terceiro for beneficiado pelo resultado da discussão transitada em julgado, e quiser opor aquele resultado às partes do processo, estas não poderão pretender rediscutir o conteúdo estável. E, por terem as partes exercitado o contraditório - afinal participaram do processo em que proferida a decisão coberta pela coisa julgada - o limite subjetivo as atinge, impedindo- lhes a reabertura do debate". · Alexandre Freitas Câmara (O Novo Processo..., p. 308) afirma que: "Exige-se, (...), para que a solução da questão prejudicial ao mérito se insira nos limites objetivos da coisa julgada, que 'a seu respeito [tenha] havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de revelia' (art. 503, § 1.º, II). Fica, então, e desde logo, excluída a possibilidade de formar-se coisa julgada material sobre a resolução da questão prejudicial se réu tiver sido revel. Mesmo que não se tenha configurado a revelia, porém, a coisa julgada não pode se formar. É que se exige, para que a solução da questão prejudicial aomérito seja inserida nos limites objetivos da coisa julgada, que sobre ela tenha havido 'contraditório prévio e efetivo'. Assim, será preciso sempre verificar se sobre a questão as partes tiveram, antes da decisão, oportunidade para se manifestar de forma efetiva, tendo sido possível esgotar- se o debate acerca da mesma. Figure-se, por exemplo, o caso da decisão liminar proferida no procedimento especial da 'ação monitória' (art. 701), a qual é prolatada sem contraditório prévio e, pois, jamais permitirá a formação da coisa julgada sobre a resolução da questão prejudicial. Pois este requisito pode gerar, na prática, alguma perplexidade. Afinal, nada impede que em outro processo se suscite novamente a questão, ao argumento de que no processo anterior não houve contraditório prévio e efetivo sobre ela, não tendo as partes debatido de forma completa todos os aspectos da questão". · Eduardo Talamini (A coisa julgada e sua revisão, p. 612-613; 648) escreve o seguinte a respeito da chamada "relativização da coisa julgada", na síntese do capítulo que trata da aplicação da proporcionalidade: "Nos casos de 'coisa julgada inconstitucional', pode haver conflito entre princípios constitucionais. A recusa de enfrentá-lo e resolvê-lo - seja negando sua existência, seja afirmando que sua solução já é integralmente dada pelas regras infraconstitucionais - é incompatível com a Constituição. O único modo constitucionalmente legítimo de solucioná-lo consiste na ponderação dos valores fundamentais envolvidos, no caso concreto. Há parâmetros razoavelmente objetivos para tal tarefa. Deve-se considerar o princípio da proporcionalidade, com seus subprincípios: da adequação (a medida tem de ser suscetível de atingir o fim escolhido), da necessidade ou restrição menor possível (deve-se escolher o meio mais brando possível para a consecução do fim eleito e que não exceda os limites indispensáveis para tanto) e da proporcionalidade em sentido estrito ou ponderação propriamente dita (o ônus imposto ao valor sacrificado deve ser menor do que os benefícios propiciados ao valor prevalecente). A ponderação, por sua vez, envolve: identificar exatamente os princípios em conflito; atribuir a cada um deles a correspondente importância, em vista das peculiaridades do caso; decidir a respeito da prevalência de um ou alguns sobre os demais, e em quais limites. Na aferição da possibilidade de quebra atípica da coisa julgada, a adoção desses parâmetros implica: (a) a constatação prévia, inequívoca, e objetiva da possibilidade de produção de uma solução mais correta; (b) a identificação dos valores envolvidos (inclusive a boa-fé), com a consideração de seu correspondente peso no caso concreto; (c) a comparação dos benefícios e sacrifícios concretos aos valores constitucionais envolvidos, em caso de manutenção ou de quebra da coisa julgada, considerando-se inclusive as possíveis soluções parciais. A consideração desses fatores conduz à absoluta excepcionalidade da quebra atípica da coisa julgada. Cumpre ainda definir o meio processual mediante o qual se desenvolverá toda essa atividade". E quanto ao meio processual a utilizar, resume nos seguintes termos seu entendimento: "Por um lado, a ação rescisória, durante o prazo em que pode ser proposta, é instrumento adequado para a revisão da ampla maioria das hipóteses de 'sentença inconstitucional' - e deverá ser essa a via a empregar, sempre que cabível. Por outro, quebra atípica da coisa julgada (i.e., quando não presentes os requisitos para o emprego da ação rescisória e das outras medidas típicas antes examinadas) reveste-se de absoluta excepcionalidade e, em regra, é incompatível com o emprego de uma mera ação declaratória (em princípio, o caso não é de actio nullitatis), embargos de executado ou arguição incidental. A ação para a quebra atípica da 'coisa julgada inconstitucional', utilizável apenas quando incabível a via rescisória típica, deve ser configurada como um mecanismo equivalente à ação rescisória - vale dizer, uma ação rescisória extraordinária. Deve submeter-se ao mesmo regime de competência e, em regra, o objeto do processo também será equiparável ao do processo rescisório (desfazimento total ou parcial do julgado anterior e nova solução). As diferenças põem-se: no prazo, necessariamente flexibilizado; nos pressupostos de 'rescisão' (na rescisória, a simples configuração de uma das hipóteses rescisórias; na quebra atípica, o necessário juízo de ponderação de valores); e na possibilidade de quebra parcial (em um sentido diferente daquele em que é possível uma 'rescisão' parcial: p. ex., apenas a eliminação da função positiva da coisa julgada; ou ainda, a neutralização de consequências da sentença, mediante ressarcimento ou compensação)". · Humberto Theodoro Júnior (Curso..., 56. ed., vol. 1, p. 1.100). Para o autor: "A coisa julgada é instituto processual de ordem pública, de sorte que a parte não pode abrir mão dela. Cumpre ao réu argui-las nas preliminares da contestação (NCPC, art. 337, VII). Entretanto, de sua omissão não decorre qualquer preclusão, porquanto, em razão de seu aspecto de interesse iminentemente público, pode a exceção de res iudicata ser oposta em qualquer fase do processo e em qualquer grau de jurisdição, 'devendo ser decretada, até mesmo de ofício', pelo juiz. Outrossim, para ser acolhida a exceção de res iudicata, haverá de concorrer, entre as duas causas, a tríplice identidade de partes, pedido e causa de pedir (art. 337, § 2.º). 'Configura-se, destarte, a coisa julgada quando há identidade de fato e de relação jurídica entre as duas demandas. Se, porém, for comum a relação de direito, mas houver diversidade do tempo e da natureza da lesão, não se caracteriza a coisa julgada. Mesmo após o encerramento do processo por sentença definitica e depois de esgotadas as possibilidades de recurso, ainda é possível, durante dois anos, a invalidação do decisório ofensivo à coisa julgada, por meio da ação rescisória autorizada pelo art. 966, IV". · Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery (Comentários..., p. 1.193; 1.196) ensinam que: "Para que a decisão/sentença de mérito, proferida pelo juiz no processo civil, adquira autoridade da coisa julgada (coisa julgada material), é necessário que estejam presentes os pressupostos processuais de existência: jurisdição do juiz, petição inicial, capacidade postulatória (somente para o autor) e citação do réu (quando necessária). Presentes os pressupostos de existência da relação jurídica processual, o processo existe e, consequentemente, a decisão ou sentença que nele vier a ser proferida, se de mérito, será acobertada pela auctoritas rei iudicatae, tornando-se imutável, indiscutível e intangível. Caso falte um dos pressupostos processuais de existência, o processo inexiste e a decisão ou sentença que nele vier a ser proferida será, igualmente, inexistente: não terá força de coisa julgada e por isso prescinde de rescisão, porque não produz nenhum efeito. (...) Depois de aferida a existência da relação jurídica processual, ela pode ser válida ou inválida. Será válida se estiverem presentes os pressupostos processuais de validade: a) juiz não impedido; b) juiz que não seja absolutamente incompetente; c) petição inicial apta; d) citação válida; e) inexistência de coisa julgada, litispendência ou perempção. A relação processual será inválida se faltar um dos pressupostos de validade. O processo, portanto, é nulo. Essa nulidade, entretanto, é endoprocessual, vale dizer, fica restrita ao processo em que ocorreu e fica superada pela superveniência da coisa julgada material: a sentença nula produz efeitos, que somente cessarão se for rescindida. Para o plano da existência da sentença, é irrelevante a consideração sobre os pressupostos de validade, porque, para aferir-se a validade, o plano da existência já foi superado: só pode ser válida ou inválida a sentença efetivamente existente. Por isso é que a falta de algum dospressupostos de validade, por exemplo, pode ensejar a rescisão da sentença, tais como no caso de a decisão ou sentença de mérito transitada em julgado haver sido proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente (CPC 966 II), ou, ainda, com ofensa à coisa julgada (CPC 966 IV). Isto significa que o sistema admite que a sentença inválida possa fazer coisa julgada material". · Teresa Arruda Alvim Wambier, Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro e Rogerio Licastro Torres de Mello (Primeiros..., p. 820) lecionam que "É, como regra, o termo inicial para o prazo da ação rescisória, que termina 2 (dois) anos depois da última decisão que transitou em julgado no processo (art. 975). Sobre o trânsito em julgado dispõe o art. 6.º, § 3.º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (antiga LICC), redação dada pela Lei 12.376/2010: 'Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso'. O que pode comportar alguma discussão é identificar esse momento, ou seja, quando se deve considerar que não mais caiba recurso. Contudo, não da última decisão de mérito, mas da decisão que inadmitiu o último recurso. Ainda que a decisão a ser rescindida seja, de rigor, a de que se recorreu, cujo recurso não foi conhecido. Diz-se, comumente, que o juízo de admissibilidade de recursos tem natureza declaratória. Essa afirmação, levada às últimas consequências, significaria que, quando o recurso é indeferido (= quando não se conhece do recurso, quando não se o admite), ter- se-ia que, na realidade, este já não cabia quando da sua interposição e, pois, a decisão que transitou em julgado teria sido aquela de que se recorreu, no momento em que foi proferida, e não a decisão que considerou inadmissível o recurso dela interposto. Veja-se, contudo, que a parte está de mãos atadas enquanto tramita o recurso. Se essa tramitação se alongar no tempo, quando sobrevier a decisão de inadmissibilidade do recurso, o prazo para a ação rescisória pode já se ter escoado, pois só neste momento é que se virá a saber que, na verdade, terá sido a decisão recorrida que transitou em julgado. Os Tribunais têm considerado o caso da intempestividade flagrante como sendo o único caso em que se considera a coisa julgada como tendo sido formada antes da interposição do recurso, e não no momento da decisão sobre a sua inadmissibilidade. No STJ consolidou-se o entendimento de que, para efeito de se estabelecer o termo inicial do prazo para a ação rescisória, leva-se em conta a última decisão que inadmitiu o recurso, embora seja a decisão de mérito, de que se terá recorrido, aquela que a rescisória deverá impugnar. Como se afirmou em julgado recente, "entendimento diverso obrigará as partes a ingressarem com o recurso e com a ação rescisória, pois ninguém sabe de antemão qual será o julgamento sobre a admissibilidade". Enunciados do FPPC N.º 111. (Art. 19; art. 329, II; art. 503, § 1.º, CPC/2015) Persiste o interesse no ajuizamento de ação declaratória quanto à questão prejudicial incidental. N.º 137. (Art. 658; art. 966, § 4.º; art. 1.068, CPC/2015) Contra sentença transitada em julgado que resolve partilha, ainda que homologatória, cabe ação rescisória. N.º 161. (Art. 487, II, CPC/2015) É de mérito a decisão que rejeita a alegação de prescrição ou de decadência. N.º 165. (Art. 503, §§ 1.º e 2.º, CPC/2015) A análise de questão prejudicial incidental, desde que preencha os pressupostos dos parágrafos do art. 503, está sujeita à coisa julgada, independentemente de provocação específica para o seu reconhecimento. N.º 313. (Art. 503, §§ 1.º e 2.º, CPC/2015) São cumulativos os pressupostos previstos nos § 1.º e seus incisos, observado o § 2.º do art. 503. N.º 336. (Art. 966, CPC/2015) Cabe ação rescisória contra decisão interlocutória de mérito. N.º 337. (Art. 966, § 3.º, CPC/2015) A competência para processar a ação rescisória contra capítulo de decisão deverá considerar o órgão jurisdicional que proferiu o capítulo rescindendo. N.º 338. (Art. 966, caput e § 3.º; art. 503, § 1.º, CPC/2015) Cabe ação rescisória para desconstituir a coisa julgada formada sobre a resolução expressa da questão prejudicial incidental. N.º 341. (Art. 975, §§ 2.º e 3.º; art. 1.046, CPC/2015) O prazo para ajuizamento de ação rescisória é estabelecido pela data do trânsito em julgado da decisão rescindenda, de modo que não se aplicam as regras dos §§ 2.º e 3.º do art. 975 do CPC à coisa julgada constituída antes de sua vigência. N.º 436. (Art. 502; art. 506, CPC/2015) Preenchidos os demais pressupostos, a decisão interlocutória e a decisão unipessoal (monocrática) são suscetíveis de fazer coisa julgada. N.º 437. (Arts. 503, § 1.º; art. 19, CPC/2015) A coisa julgada sobre a questão prejudicial incidental se limita à existência, inexistência ou modo de ser de situação jurídica, e à autenticidade ou falsidade de documento. N.º 438. (Art. 503, § 1.º, CPC/2015) É desnecessário que a resolução expressa da questão prejudicial incidental esteja no dispositivo da decisão para ter aptidão de fazer coisa julgada. N.º 439. (Art. 503, §§ 1.º e 2.º, CPC/2015) Nas causas contra a Fazenda Pública, além do preenchimento dos pressupostos previstos no art. 503, §§ 1.º e 2.º, a coisa julgada sobre a questão prejudicial incidental depende de remessa necessária, quando for o caso. N.º 534. (Art. 548, III, CPC/2015) A decisão a que se refere o inc. III do art. 548 faz coisa julgada quanto à extinção da obrigação. N.º 535. (Art. 548, III, CPC/2015) Cabe ação rescisória contra a decisão prevista no inc. III do art. 548. N.º 555. (Art. 966, § 2.º, CPC/2015) Nos casos em que tanto a decisão de inadmissibilidade do recurso quanto a decisão recorrida apresentem vícios rescisórios, ambas serão rescindíveis, ainda que proferidas por órgãos jurisdicionais diversos. 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Complementar Ada Pellegrini Grinover, A ação civil pública refém do autoritarismo, RePro 96/28; _____, A coisa julgada perante a Constituição, a Lei da Ação Civil Pública, o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Código de Defesa do Consumidor, O processo em evolução, Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995; _____, Coisa julgada. Processo cumulativo contendo três pedidos. Recurso extraordinário parcial, com trânsito em julgado da matéria atinente a dois pedidos. 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