Buscar

passarola

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 173 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 173 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 173 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Volume 22 número 2
abril-junho 2004 ISSN 0102-0536
Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004
SOCIEDADE DE OLERICULTURA DO BRASIL
Journal of the Brazilian Society for Vegetable Science
UNESP – FCA
C. Postal 237 - 18603-970 Botucatu – SP
Tel.: (0xx14) 3811 7172 / 3811 7104
Fax: (0xx14) 3811 7104 / 3811 3438
E-mail: sob@fca.unesp.br
Presidente/President
Rumy Goto
UNESP-Botucatu
Vice-Presidente/Vice-President
Carlos Alberto Simões do Carmo
INCAPER - Venda Nova dos Imigrantes
1º Secretário / 1st Secretary
Arlete Marchi T. de Melo
IAC - Campinas
2º Secretário / 2nd Secretary
Ingrid B. I. Barros
UFRGS-Porto Alegre
1º Tesoureiro / 1st Treasurer
Marcelo Pavan
UNESP-Botucatu
2º Tesoureiro / 2nd Treasurer
Osmar Alves Carrijo
Embrapa Hortaliças - Brasília
COMISSÃO EDITORIAL DA
HORTICULTURA BRASILEIRA
Editorial Committee
C. Postal 190 - 70359-970 Brasília – DF
Tel.: (0xx61) 385 9088 / 385 9051 / 385 9073 / 385 9000
Fax: (0xx61) 556 5744
E-mail: hortbras@cnph.embrapa.br
Presidente / President
Leonardo de Britto Giordano
Embrapa Hortaliças
Coordenação Executiva e Editorial / Executive and
Editorial Coordination
Sieglinde Brune
Embrapa Hortaliças
Editores / Editors
Ana Maria Montragio Pires de Camargo
IEA
André Luiz Lourenção
IAC
Antônio Evaldo Klar
UNESP - Botucatu
Antônio T. Amaral Jr.
UENF
Arthur Bernardes Cecilio Filho
UNESP - Jaboticabal
Braulio Santos
UFPR
Carlos Alberto Lopes
Embrapa Hortaliças
Celso Luiz Moretti
Embrapa Hortaliças
César Augusto B. P. Pinto
UFLA
Cláudio Brondani
Embrapa Arroz e Feijão
Cláudio José da S. Freire
Embrapa Clima Temperado
Clementino Marcos Batista de Farias
Embrapa Semi-Árido
Daniel J.Cantliffe
University of Florida
Djalma Rogério Guimarães
Instituto CEPA
Eduardo S. G. Mizubuti
UFV
Eunice Oliveira Calvete
UFP
Francisco Bezerra Neto
ESAM
Francisco Murilo Zerbini Junior
UFV
Jerônimo Luiz Andriolo
UFSM
José Magno Q. Luz
UFU
Luiz Henrique Bassoi
Embrapa Semi-Árido
Marcelo Mancuso da Cunha
IICA-MI
Maria Aparecida N. Sediyama
EPAMIG
Maria do Carmo Vieira
UFMS
Marie Yamamoto Reghin
UEPG
Marilene L. A. Bovi
IAC
Paulo César R. Fontes
UFV
Paulo César Tavares de Melo
ESALQ
Paulo Espíndola Trani
IAC
Renato Fernando Amabile
Embrapa Cerrados
Ricardo Alfredo Kluge
ESALQ
170 Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004
Programa de apoio a publicações científicas
A revista Horticultura Brasileira é indexada pelo CAB, AGROBASE,
AGRIS/FAO e TROPAG.
Scientific Eletronic Library Online: http://www.scielo.br/hb
www.hortciencia.com.br
www.sobhortalica.com.br
Horticultura Brasileira, v. 1 n.1, 1983 - Brasília, Sociedade de Olericultura do Brasil, 1983
Trimestral
Títulos anteriores: V. 1-3, 1961-1963, Olericultura.
V. 4-18, 1964-1981, Revista de Olericultura.
Não foram publicados os v. 5, 1965; 7-9, 1967-1969.
Periodicidade até 1981: Anual.
de 1982 a 1998: Semestral
de 1999 a 2001: Quadrimestral
a partir de 2002: Trimestral
ISSN 0102-0536
1. Horticultura - Periódicos. 2. Olericultura - Periódicos. I. Sociedade de Olericultura do
Brasil.
CDD 635.05
Editoração e arte/Composition
Luciano Mancuso da Cunha
Revisão de inglês/English revision
Patrick Kevin Redmond
Tiragem/printing copies
1.000 exemplares
Volume 22 número 2
abril-junho 2004 ISSN 0102-0536
Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004
SUMÁRIO/CONTENT
CARTA DO EDITOR / EDDITOR´S LETTER
173
PESQUISA / RESEARCH
Efeito da variação de níveis de água disponível no solo sobre o crescimento e produção de feijão caupi, vagens e grãos verdes
Effect of different levels of available water in the soil on the growth and production of cowpea bean pods and green grains
J. T. Nascimento; M. B. Pedrosa; J. Tavares Sobrinho 174
Crescimento de cultivares de alface conduzidas em estufa e a campo
Growth of lettuce cultivars in greenhouse and the field
B. Radin; C. Reisser Júnior; R. Matzenauer; H. Bergamaschi 178
Adubação orgânica e altura de corte da erva-cidreira brasileira
Organic fertilization and cutting height of Lippia alba
M. R. A. Santos; R. Innecco 182
Produção de mudas pré-básicas de batata por estaquia a partir de plantas micropropagadas
Production of pre-basic potato plants by cuttings obtained from micropropagated plants
J. E. S. Pereira; G. R. L. Fortes 186
Avaliação da resistência de acessos de tomateiro a tospovírus e a geminivírus
Evaluation of tomato accessions for tospovirus and geminivirus resistance
A. L. Lourenção; A. M. T. Melo; W. J. Siqueira; A. Colariccio; P. C. T. Melo 193
Organogênese de ápices meristemáticos de batata em meios de isolamento e multiplicação in vitro
Organogenesis of potato meristem tips on the in vitro isolation and multiplication media
J. E. S. Pereira; G. R. L. Fortes 197
GA3 e Paclobutrazol no florescimento e na produção de frutos em duas cultivares de morangueiro
GA3 and Paclobutrazol on the flowering and yield of strawberry
J. Duarte Filho; L. E. C. Antunes; J. G. Pádua 202
Atividade de enzimas pectinametilesterase e poligalacturonase durante o amadurecimento de tomates do grupo multilocular
Activity of the enzymes pectinmetylesterase and polygalacturonase during the ripening of tomatoes of the multilocular group
J. M. Resende; M. I. F. Chitarra; W. R. Maluf; A. B. Chitarra; O. J. Saggin. Júnior 206
Formas de aplicação de cálcio na cultura do melão rendilhado sob cultivo protegido
Calcium application methods on greenhouse muskmelon cultivation
E. C. D. Faria; O. A. Carrijo 213
Bacterização de sementes e desenvolvimento de mudas de pepino
Bacterization of seeds and development of cucumber seedlings
E. B. Silveira; A. M. A. Gomes; R. L .R. Mariano; E. B. Silva Neto 217
Resistência de cultivares e híbridos de cebola a tripes
Thrips resistance in onion cultivars and hybrids
V. Loges; M. A. Lemos; L. V. Resende; D. Menezes; J. A. Candeia; V. F. Santos 222
Produção, qualidade e uso de água do tomateiro para processamento em função da época de paralisação das irrigações
Production, quality and water use efficiency of processing tomato as affected by the final irrigation timing
W. A. Marouelli; W. L. C. Silva; C. L. Moretti 226
Avaliação de cultivares de mandioca, para consumo in natura, quanto à resistência à mancha parda da folha
Evaluation of cassava cultivars for resistance to brown leaf spot
R. P. Santos; M. G. F. Carmo; M. S. Parraga; D. Macagnan; C. A. Lopes 232
Identificação e quantificação dos componentes de perdas de produção do tomateiro
Identification and quantification of tomato yield loss components
R. A. Loos; D. J. H. Silva; P. C. R. Fontes; M. C. Picanço; L. M. Gontijo; E. M. Silva; A. A. Semeão 238
Capacidade combinatória de sete caracteres de resistência de Lycopersicon spp. à traça do tomateiro
Combining ability of seven resistance characteristics of Lycopersicon spp. to tomato leafminer
F. A. Suinaga; V. W. D. Casali; M. C. Picanço; D. J. H. Silva 243
Comportamento de cultivares de alface americana em Santana da Vargem
Performance of crisphead lettuce cultivars in Santana da Vargem
J. E. Yuri; G. M. Resende; J. H. Mota; R. J. Souza; S. A. C. Freitas; J. C. Rodrigues Junior 249
Solarização do solo com filmes plásticos com e sem aditivo estabilizador de luz ultravioleta
Soil solarization with plastic films with and without UV light stabilizers
B. C. Barros; F. R. A. Patrício; M. E. B. M. Lopes; S. S. Freitas; C. Sinigaglia; V. M. A. Malavolta; J. Tessarioli Neto; R. Ghini 253
Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004
Cultivo de manjericão em hidroponia e em diferentes substratos sob ambiente protegido
Culture of basil in substrata and hydroponic systems under protected environment
P. C. Fernandes; R. Facanali; J. P. F. Teixeira; P. R. Furlani; M. O. M. Marques 260
Rendimiento de plantas de tomate injectadas y efecto de la densidad de tallos en el sistema hidropónico
Yield of tomato crop as a result of grafting and shoot density in hydroponic system
R.M. N. Peil; J. L. Gálvez 265
Armazenamento temporário de sementes da palmeira juçara: efeitos do tempo, temperatura e polpa na germinação e vigor
Temporary storage of jussara palm seeds: effects of time, temperature and pulp on germination and vigor
C. C. Martins; M. L. A. Bovi; J. Nakagawa; G. Godoy Júnior 271
Análise dialélica da capacidade combinatória em feijão-de-vagem
Diallel analysis of combining ability in snap bean
M. P. Silva; A. T. Amaral Júnior; R. Rodrigues; R. F. Daher; N. R. Leal; A. R. Schuelter 277
Resistência por antibiose de Lycopersicon peruvianum à traça do tomateiro
Antibiosis resistance of Lycopersicon peruvianum to tomato leafminer
F. A. Suinaga; M. C. Picanço; M. D. Moreira; A. A. Semeão; S. T. V. Magalhães 281
Épocas de colheita de umbelas e comprimento da haste floral no rendimento e no potencial fisiológico de sementes de cebola
Harvesting period of umbels and seed stalk length on seed yield and on physiological potential of onion seed
M. Y. Reghin; M. D. Pria; R. F. Otto; J. Vinne 286
Produção de mudas de alface em bandejas e substratos comerciais
Production of lettuce seedlings in different trays and commercial substrates
P.E. Trani; M. C. S. S. Novo; M. L. Cavallaro Júnior; L. M.G. Telles 290
Germinação de sementes e desenvolvimento de plântulas de moringa (Moringa oleifera Lam.) em função do peso
da semente e do tipo de substrato
Germination of seeds and seedling development of drumstick as a function of seed weight and substrate type
A. M. E. Bezerra; V. G. Momenté; S. Medeiros Filho 295
Variação somaclonal in vitro em cultura de calos de cultivares de batata
Somaclonal variation on in vitro callus culture potato cultivars
P. N. Bordallo; D. H. Silva; J. Maria; C. D. Cruz; E. P. Fontes 300
Impacto da temperatura e fotoperíodo no desenvolvimento ovariano e oviposição de traça-das-crucíferas
Impact of temperature and photoperiod on ovarian development and oviposition of the Diamondback Moth
A. Crema; M. C. Branco 305
Contribuição das folhas cotiledonares para o crescimento e estabelecimento de plântulas de cucurbitáceas
Cotyledonary leaf contribution for growth and establishment of cucurbit seedlings
D. A. Bisognin; C. V. T. Amarante; J. Dellai 309
PÁGINA DO HORTICULTOR / GROWER'S PAGE
Competição das cultivares de alface Vera e Verônica em dois espaçamentos
Comparison of lettuce cultivars Vera and Verônica in two different spacing systems
A. A. Lima; E. G. Miranda; L. Z. O. Campos; W. H. Cuznato Junior; S. C. Mello; M. S. Camargo 314
Efeito do uso do xisto em características químicas do solo e nutrição do tomateiro
Effect of the use of schist on chemical characteristics of soil and on tomato nutrition
H. S. Pereira; G. C. Vitti 317
Comportamento de cultivares e linhagens de alface americana em Santana da Vargem (MG), nas condições de inverno
Performance of crisphead lettuce cultivars and inbred lines in Santana da Vargem, Brazil, under winter conditions
J. E. Yuri; G. M. Resende; J. H. Mota; R. J. Souza; J. C. Rodrigues Júnior 322
Efeito de esterco bovino sobre os rendimentos de espigas verdes e de grãos de milho
The effect of cattle manure on yield of green corn ears and maize grains
J. Silva; P. S. Lima e Silva; M. Oliveira; K. M. Barbosa e Silva 326
Perfil dos consumidores de plantas medicinais e condimentares do município de Pato Branco (PR)
The profile of consumers medicinal plants and spices of Pato Branco city, Paraná State, Brazil
J. A. Marchese; F. Broetto; L. C. Ming; R. Goto; M. B. Stefanini; A. Galina; A. C. Tedesco; C. Conte; C. M. Miniuk; D. A. Schurt;
E. Sangaletti; G. O. Silva; G. Gomes; J. A. Bertagnolli; L. Francheschi; M. L. Cossa; M. R. D. Moraes; P. M. Lima; R. Lira; S. Costa 332
COMUNICAÇÃO / COMUNICATION
336
NORMAS PARA PUBLICAÇÃO / INSTRUCTIONS TO AUTHORS
337
173Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004
carta do editor
De 25 a 30 de julho próximo será realizado o 440 Congresso Brasileiro de Olericultura, em
Campo Grande (MS). Para tornar possível este evento, a Sociedade de Olericultura do Brasil
conta este ano com a colaboração do Instituto de Desenvolvimento Agrário, Assistência Técnica
e Extensão de Rural de Mato Grosso do Sul, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul,
Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal, Embrapa e da Univer-
sidade Católica Dom Bosco. O tema “Hortaliças: novos rumos, diversificação e renda”, é bastan-
te oportuno, especialmente em um ano no qual, mais uma vez, o setor agrícola foi o responsável
pelo superávit da balança comercial brasileira e por manter o bom nível de empregos no campo.
Desejamos aos organizadores pleno sucesso na realização deste evento e que a olericultura nacio-
nal seja cada vez mais divulgada e fortalecida.
Aproveitamos para comunicar aos nossos leitores que o colega Marcelo Mancuso da Cunha
está deixando a Comissão Editorial da Horticultura Brasileira. Durante dez anos tivemos o privi-
légio de contar com a sua valiosa contribuição na editoração da Horticultura Brasileira, realizan-
do todo o acompanhamento no preparo da revista, desde a confecção dos fotolitos nas empresas
gráficas, passando pela arte final das nossas capas. Nossos sinceros agradecimentos ao colega
Marcelo.
Este ano fomos, mais uma vez, contemplados com o apoio do CNPq. Sem esta colaboração
não nos seria possível a publicação ininterrupta da revista Horticultura Brasileira, mantendo o
seu característico padrão de qualidade. Portanto, expressamos nosso agradecimento ao CNPq e a
todos que, direta ou indiretamente, dão sua contribuição para tornar possível a publicação da
nossa revista.
Leonardo de B Giordano
Presidente da Comissão Editorial
Horticultura Brasileira
174 Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004
pesquisa
O feijão caupi [Vigna unguiculata(L.) Walp], também conhecido
como feijão macassar, representa fun-
damental importância social e econômi-
ca para o Nordeste do Brasil, constituin-
do-se como uma das principais fontes
protéicas na alimentação da população
rural (Embrapa, 1982). O consumo na
forma de grãos secos, vagens ou grãos
verdes como hortaliça, com 60 a 70%
de umidade (Oliveira et al., 2001), tem
aumentado nos últimos anos, tornando-
se em excelente alternativa de
comercialização para os agricultores.
No Estado da Paraíba é cultivado em
quase todas as micro-regiões, onde detém
75% das áreas destinadas ao cultivo de
feijão comum (IBGE, 1996). Nessas
áreas, o cultivo de feijão caupi é realizado
predominantemente sob o regime de
NASCIMENTO, J.T.; PEDROSA, M.B.; TAVARES SOBRINHO, J. Efeito da variação de níveis de água disponível no solo sobre o crescimento e produção
de feijão caupi, vagens e grãos verdes. Horticultura Brasileira, Brasília, v.22, n.2, p.174-177, abril-junho 2004.
Efeito da variação de níveis de água disponível no solo sobre o cresci-
mento e produção de feijão caupi, vagens e grãos verdes
João Tavares Nascimento1,2; Murilo Barros Pedrosa2; José Tavares Sobrinho2
1Escola Agrotécnica Federal de Castanhal, Alameda Pe. Rolim, 124, 68743-580 Castanhal-PA; E-mail: jnascimenton@bol.com.br;
2UFPB-CCA, C. Postal 02, 58397-000 Areia-PB
sequeiro, onde a irregularidade de chuvas
e altas temperaturas têm contribuído con-
sideravelmente para o déficit hídrico e
conseqüente redução da sua produtivida-
de. Embora o feijão caupi seja considera-
do espécie adaptada à seca, sua capacida-
de de adaptação varia dentro da espécie
(Turk e Hall, 1980; Ziska e Hall, 1982;
Summerfield et al., 1985). Portanto, para
o manejo adequado desta cultura, visan-
do produtividade, é importante conhecer
a capacidade de resposta aos níveis de
déficit hídrico, bem como a relação entre
consumo de água e produtividade. Com
base nesse conhecimento, o agricultor
pode selecionar cultivares apropriadas à
situação. Costa et al. (1997) ressaltam a
necessidade de avaliar o comportamento
de cultivares desenvolvidas para sequeiro,
para evitar perdasda produtividade.
Estudando os caracteres de adapta-
bilidade e estabilidade de vários
genótipos de feijão caupi na região
Semi-árida do Nordeste brasileiro, San-
tos et al. (2000) relataram que houve
forte interação genótipo x ambiente, in-
dicando desempenho distinto quando
cultivados em diferentes situações de
manejo e época do ano. Estes autores
indicaram ainda, a possibilidade de ex-
plorar satisfatoriamente a interação
genótipo x ambiente, com vista a reco-
mendar-se genótipos com ampla ou es-
pecífica adaptação, tanto para áreas de
sequeiro, como para áreas irrigadas.
Leite et al. (1999) acrescentam a
importância do conhecimento do cres-
cimento da cultura em função da água
disponível no solo, instrumento funda-
mental para explicar perdas de produ-
RESUMO
Estudou-se o efeito da variação de níveis de água disponível no
solo, sobre o crescimento e produção de vagens e grãos verdes de
feijão caupi [Vigna unguiculata (L.) Walp], cv. IPA 206. A produção
de vagens e de grãos verdes desta espécie é uma excelente alternati-
va de comercialização para os agricultores do Nordeste do Brasil,
visto que o seu consumo é bastante significativo na região. Instalou-
se o experimento em vasos de 13 kg, em casa de vegetação na UFPB
em Areia (PB), de agosto a dezembro de 2000. O delineamento esta-
tístico utilizado foi de blocos ao acaso com 4 tratamentos corres-
pondentes aos níveis de água disponível do solo (40; 60; 80 e 100%),
logo após as irrigações, com 6 repetições. Os resultados observados
mostraram que o nível crescente de déficit hídrico afetou drastica-
mente o desempenho desta cultivar em estudo em comparação à
testemunha. As maiores reduções estimadas foram constatadas no
comprimento da haste principal, 26 e 48%, no número de folha por
planta, 23 e 35%, no número de vagens por planta, 32 e 49%, e na
massa de vagens por planta, 23 e 30%, respectivamente para os ní-
veis de 60 e 40% de água disponível do solo. Nas condições do
experimento a cultivar de feijão caupi IPA 206 não tolera déficit
hídrico acentuado.
Palavras-chave: Vigna unguiculata, déficit hídrico, feijão macassar,
rendimento de grãos verdes.
ABSTRACT
Effect of different levels of available water in the soil on the
growth and production of cowpea bean pods and green grains
The effect of different levels of available water in the soil was
evaluated on the growth and production of green pod and green beans
(Vigna unguiculata (L.) Walp) of cowpea, cv. IPA 206. Both forms
of commercialization are excellent alternatives for farmers from the
Northeast of Brazil. Plants were cultivated in 13 kg soil pots under
green house conditions in Areia, Paraiba State, from August to
December/2000. The experimental design was a randomized
complete block design with six replications and four treatments
corresponding to 40; 60; 80 and 100% of available water in the soil,
just after irrigations. The production was significantly affected by
the deficit of water. Great reduction was observed in the length of
the main stem (26 and 48%), in the number of leaves per plant (23
and 35%), in the number of pods per plant (32 and 49%) and in the
mass of pods per plant (23 and 30%), respectively, for the levels of
60 and 40% of available water in the soil. The production of green
pod and green beans of cowpea cv. IPA 206 is greatly affected by
deficit of water of 40 and 60%.
Keywords: Vigna unguiculata, deficit of water, macassar bean pod,
green grains.
(Recebido para publicação em 15 de maio de 2003 e aceito em 4 de fevereiro de 2004)
175Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004
ção em condições de déficit hídrico. A
baixa produtividade desta cultura no
estado da Paraíba, atribuída em parte à
sua adaptação ecológica, mostra a ne-
cessidade do conhecimento do aprovei-
tamento hídrico das cultivares usadas na
região, visando melhor aproveitamento
da água disponível no solo em combi-
nação com a distribuição de chuvas.
A cultivar IPA 206 vem sendo culti-
vada e recomendada para o uso há dez
anos na região; Entretanto, ainda são
incipientes os resultados de pesquisa
sobre sua adaptação na microrregião do
Brejo Paraibano. Santos et al. (2000),
estudando o comportamento produtivo
desta cultivar em regime irrigado e de
sequeiro, relataram alteração no seu
comportamento quando da variação de
água disponível no solo, com boa pro-
dutividade sob irrigação e, em regime
de sequeiro, sua produção variou em
função das oscilações pluviométricas.
Este trabalho teve por objetivo ava-
liar o efeito das variações de níveis de
água disponível no solo sobre o cresci-
mento e produção de feijão caupi, va-
gens e grãos verdes, var. IPA 206, a fim
de se estabelecer o nível crítico de defi-
ciência hídrica para esta cultivar no
município de Areia (PB).
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em
condições de casa de vegetação da
UFPB em Areia, de agosto a dezembro
de 2000, utilizando a cultivar de feijão
caupi IPA 206.
O delineamento experimental em-
pregado foi o de blocos ao acaso, com 4
tratamentos correspondentes aos níveis
de água disponível (AD) de 40; 60; 80 e
100%, mantido após as irrigações do
solo, equivalendo aos níveis de umida-
de de 20; 30; 40 e 50 g kg-1, respectiva-
mente, com 6 repetições, totalizando 24
parcelas.
O ensaio foi realizado em vasos plás-
ticos de 13 kg de capacidade, em solo
classificado como Neossolo Regolítico
psamítico típico, de textura franco-are-
nosa, coletado na camada de 0-20 cm,
no qual se realizaram as análises físico-
hídrica e química em laboratório, com
os resultados: areia grossa= 648 g kg-1;
areia fina= 175 g kg-1; silte= 118 g kg-1;
argila= 59 g kg-1; capacidade de campo
para o potencial matricial de -0,01 MPa
(Cc)= 89,1 g kg-1; ponto de murcha per-
manente para o potencial de -0,1
(PMP)= 39,1 g kg-1; água total disponí-
vel (AD)= 50,0 g kg-1; pH, 6,9; P, 133
mg dm-3; K+, 110 mg dm-3; Na+, 0,21
cmolc dm
-3; H++Al3+, 0,58 cmolc dm
-3;
Ca+++Mg++,5,10 cmolc dm
-3.
A adubação mineral recomendada
para a cultura do feijão caupi em fun-
ção da análise química do solo foi de 30
kg de N/ha, 60 kg de P2O5/ha e 60 kg de
K2O/ha, usando o sulfato de amônio (1
g/vaso), superfosfato simples (2 g/vaso)
e o cloreto de potássio (0,65 g/vaso),
como fontes de N, P e K, respectivamen-
te. O sulfato de amônio foi aplicado em
duas vezes, sendo a metade aos 20 dias
da emergência, e a outra, aos 40 dias. O
total de superfosfato simples e o do
cloreto de potássio foram aplicados no
plantio. A semeadura foi realizada nos
vasos com a distribuição de 4 sementes
e aos 7 dias da emergência, realizou-se
o desbaste, deixando a planta mais vi-
gorosa.
Durante 15 dias após a emergência
(DAE), a umidade do solo foi mantida
no nível de 100% da água disponível
(AD). A partir deste período, as irriga-
ções foram feitas considerando os níveis
de 40; 60; 80 e 100% AD, durante a fase
vegetativa à colheita final. O controle
da irrigação determinado pelos trata-
mentos, foi feito diariamente através do
método de pesagem e a quantidade de
água consumida foi reposta de modo a
manter cada tratamento com o nível de
água do solo previamente estabelecido,
realizado sempre no intervalo das 7;00
às 8;00 h.
Os componentes de produção ava-
liados foram: número de grãos por va-
gem (NGV), número de vagens por
planta (NVP), massa de grãos por plan-
ta (MGP), massa de vagens por planta
(MVP) e comprimento médio de vagens
por planta (CMV). Para a análise de
crescimento, foram avaliados os com-
ponentes: comprimento da haste prin-
cipal (CHP) e o número de folhas por
planta (NFP).
A avaliação dos componentes de
produção foi realizada no momento da
colheita das vagens, quando estas atin-
giam a fase de maturação não comple-
ta, ou seja, no estágio de vagens ou grãos
verdes na faixa de 60 a 70% de umida-
de (Oliveira et al. 2001). Para a avalia-
ção de crescimento,as mensurações fo-
ram obtidas do 22° ao 43º DAE, em in-
tervalos de 7 dias, compreendendo par-
te da fase vegetativa e início da
reprodutiva. Os dados utilizados para
análise de variância do comprimento da
haste principal (CHP) e do número de
folhas por planta (NFP) foram os obti-
dos na ultima avaliação, aos 43 DAE.
Os dados obtidos foram submetidos
à análise variância e de regressão para
explicar o comportamento dos compo-
nentes estudados em função dos trata-
mentos aplicados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Houve diferenças significativas
(P<0,01) entre os tratamentos (níveis de
água disponível no solo) para todos os
componentes avaliados, indicando que
os níveis de deficiência hídrica aplica-
dos no solo, influenciaram significati-
vamente o desempenho do crescimento
de plantas e de produção de feijão caupi,
cv. IPA 206.
Na Figura 1 (a) e (b) está represen-
tada a variação da evolução do CHP e
do NFP, respectivamente, sob os níveis
de 40; 60; 80 e 100% AD, mensurado
no período do 22º ao 43º DAE, corres-
pondente à fase vegetativa e início da
reprodutiva. Para estas variáveis (CHP
e NFP), observou-se comportamento
semelhante entre tratamentos até aos 29
DAE, quando então, a partir deste pe-
ríodo se iniciou a diferenciação entre
eles, acentuando-se com a aproximação
da fase reprodutiva aos 43 DAE. Anali-
sando os comportamentos através dos
dados, verificaram-se efeitos extrema-
mente negativos, sendo crítico para os
níveis de 60 e 40% AD, ocorridos a par-
tir da pré-floração. Com isto, evidencia-
se claramente que a exigência por esta
cultura em água aumenta com a proxi-
midade da fase reprodutiva, denotando-
se que esta cultivar em estudo é mais
tolerante ao déficit hídrico na fase
vegetativa. Estes resultados são concor-
dantes com os de Leite et al. (1999),
quando relataram que os efeitos de
déficits hídricos ocorridos na fase
vegetativa do caupi provocaram meno-
Efeito da variação de níveis de água disponível no solo sobre o crescimento e produção de feijão caupi, vagens e grãos verdes
176 Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004
res reduções nos componentes de cres-
cimento, porém, na fase reprodutiva, ou
seja, na pré-floração e no enchimento
de grãos, seus efeitos foram mais acen-
tuados.
Os dados dessas variáveis (CHP e
NFP) obtidos aos 43 DAE foram sub-
metidos à análise de regressão, a qual
constatou efeito quadrático para o CHP
( Y = 11 , 5 4 9 + 2 , 1 7 2 9 x - 0 , 0 0 8 6 x 2;
R2=0,99**) e linear para o NFP
(Y=3,8334+0,0542x; R2=0,99**). Pelos
resultados estimados pelas equações,
observaram-se reduções de aproxima-
damente 10; 26 e 48% e 11; 23 e 35%,
para o CHP e NFP, respectivamente,
para os níveis de 80; 60 e 40% AD,
quando comparados à testemunha. Por-
tanto, dos resultados entre variáveis,
verificou-se valores aproximados e cres-
centes com os níveis de déficit hídrico
nas faixas de 80 e 60% AD, sendo que
no nível de 40%, o efeito redutivo foi
em maior magnitude e mais acentuado
para o CHP.
Resende et al. (1981) relataram que
plantas submetidas a tensões hídricas
reduzem a turgescência e, conseqüen-
temente, a expansão celular, o que pro-
move redução no alongamento do cau-
le e da folha. Para Babalola (1980), a
translocação de fotoassimilados para as
raízes é comprometida em condições de
déficit hídrico, afetando diretamente o
crescimento das plantas. Já, para Leite
et al. (1999), considerando que as fo-
lhas são os centros de produção da
fotossíntese e que o resto da planta de-
pende da exportação de material assi-
milado da folha para outros órgãos da
planta de feijão caupi, o estresse hídrico
nesta cultura, compromete tal exporta-
ção, contribuindo para os decréscimos
de seu crescimento e produção. Resul-
tados semelhantes foram relatados por
TurK e Hall (1980) e Hiler et al. (1972),
quando plantas de feijão caupi subme-
tidas à deficiência hídrica apresentaram
baixa transpiração, refletindo na redu-
ção de altura de plantas. Távora e Melo
(1991), estudando o amendoim subme-
tido a ciclos de deficiência hídrica, cons-
tataram também reduções significativas
do número de folhas por planta. Ainda,
Larcher (1986) afirma que, pela defi-
ciência de água, ocorre perda progres-
siva da turgescência protoplasmática e
aumento na concentração de solutos.
Dos efeitos destes, resulta inicialmente
um distúrbio na função celular. Surgem,
então, os déficits funcionais e, por fim,
as estruturas protoplasmáticas são
danificadas. Segundo ainda este mesmo
autor, a redução da perda de água, pela
redução da superfície de transpiração da
planta, para evitar a sua dessecação,
parece ser uma das medidas
comportamentais, entre outras, de resis-
tência ao déficit hídrico, refletindo-se na
sua morfologia. A redução da superfí-
cie de transpiração é efetuada rápida e
reversivelmente, pelo desdobramento e
enrolamento das folhas. Esta ocorrên-
cia também foi constatada para esta cul-
tivar em estudo, principalmente, nos tra-
tamentos nos níveis de 60 e 40% de água
disponível no solo.
Para os componentes de produção da
cultivar em estudo (Figura 2), a varia-
ção encontra-se representada pelas se-
guintes equações de regressão: efeito
quadrático para o NGV (Y1) e efeito li-
near para o NVP (Y2) e CMV (Y3). Nos
valores estimados pelas equações, rela-
tivo à testemunha foram observados
decréscimos crescentes com o aumento
do déficit hídrico, sendo para o NGV,
decréscimos de aproximadamente 3; 9
e 22%, e para o NVP, reduções da or-
dem de aproximadamente, 16; 32 e 49%,
enquanto para o CMV, reduções de apro-
ximadamente, 8; 16 e 24%, referentes
aos níveis de 80; 60 e 40% AD, respec-
tivamente para esses componentes.
Para o componente MGP (Figura 3 a),
verificou-se comportamento linear, e
comportamento quadrático para a MVP
(Figura 3 b). Nos resultados estimados,
observou-se decréscimos de produção
relativa à testemunha de aproximada-
mente, 3; 8 e 13% para MGV, e para
MVP, também reduções da ordem de 13;
23 e 30%, relativos aos níveis de 80; 60
e 40% AD, respectivamente para am-
bos os componentes.
De maneira geral, considerando es-
tes resultados, verifica-se através das
equações de regressão estudadas para os
componentes de produção nas Figuras
2 e 3, grande variação da produção des-
ta cultivar em estudo, frente às deficiên-
cias hídricas impostas pelos tratamen-
tos, com reduções significativas, à me-
dida que diminuíram os níveis de água
disponível no solo, sendo considerados
Figura 1. (a) CHP, comprimento da haste principal, e (b) NFP, número de folhas por planta, em
feijão caupi cv. IPA 206, cultivado sob níveis de água disponível no solo. Areia, UFPB, 2000.
Figura 2. Número de grãos por vagem, NGV (Y1), número de vagens por planta, NVP (Y2)
e comprimento médio de vagens por planta, CMV (Y3), em feijão caupi cv. IPA 206, cultiva-
do sob níveis de água disponível no solo. Areia, UFPB, 2000.
J. T. Nascimento et al.
177Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004
críticos para esta cultivar, os níveis de
60 e 40%.
O componente NVP foi
grandemente afetado pelos níveis de
estresse hídrico e com mais severidade
que o ocorrido nos outros componen-
tes, em todos os níveis de déficit hídrico
impostos pelos tratamentos. Segundo
Leite et al. (2000), tal comportamento
pode ser explicado como um dos meca-
nismos de resistência à seca utilizado
por esta planta, no sentido de buscar
melhores condições para superar a falta
de água, produzindo menor quantidade
de vagens. Por sua vez, Lima (1996),
avaliando o efeito de cinco níveis de
água disponível no crescimento e pro-
dutividade do feijão caupi, observou
também que o número de vagens por
planta diminuiu com o aumento do
estresse hídrico. Para este autor, a redu-
ção deste componente parece ser o prin-
cipal fator de decréscimos na produção
de grãos de feijão caupi. Miranda e
Belmar (1977) e Stone et al. (1988) tam-
bém observaramredução no número de
vagens por planta em feijoeiros subme-
tidos à deficiência hídrica. Summerfield
et al. (1976), encontrou no caupi redu-
ção de 50% no número de vagens e
massa de grãos por planta quando o
estresse hídrico foi imposto na fase de
desenvolvimento vegetativo.
De acordo com Karamanos et al.
(1982), a ocorrência de estresse hídrico
durante a fase vegetativa inicial, provo-
ca redução do crescimento e da superfí-
cie fotossintética, ocorrendo conseqüen-
temente, menor número de flores, de va-
gens por planta e de grãos por vagens.
Carvalho et al. (2000), por sua vez,
constataram queda na produção de 32 a
100%, relativos aos níveis de 80 e 20%
de água consumida, respectivamente,
em relação à testemunha (reposição de
100% de água consumida). Ritchie
(1981) afirma que além de afetar a ex-
pansão foliar, a deficiência hídrica do
solo pode causar o enrolamento e a
abscisão, ou morte parcial das folhas,
diminuição da brotação, polinização,
translocação e enchimento de grãos,
bem como, o abortamento das vagens.
Para esta cultivar em estudo, IPA 206,
os níveis de água disponível no solo de 40
e 60%, exerceram efeitos extremamente
negativos sobre os componentes de pro-
dução, especialmente sobre o número de
vagens por planta com mais severidade,
evidenciando-se ser este um mecanismo
importante de resistência à seca.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Prof. Dr.
Genildo Bandeira Bruno, Coordenador
do Programa de Pós-Graduação em
Agronomia do CCA-UFPB, pelo apoio
concedido para a realização deste expe-
rimento.
LITERATURA CITADA
BABALOLA, O. Water relations of three cowpea
cultivars [Vigna unguiculata (L.) Walp]. Plant and
Soil, v.56, p.59-69, 1980.
CARVALHO, J.A.; PEREIRA, G.M.;
ANDRADE, M.J.B.; ROQUE, M.W. Efeito do
déficit hídrico sobre o rendimento do feijão caupi
[Vigna unguiculata (L.) Walp]. Ciênc. Agrotec.,
Lavras, v.24, n.3, p.710-717, 2000.
COSTA, M.M.M.N.; TÁVORA, F.J.A.F.; PINHO,
J.L.N.; MELO, F.I.O. Produção, componentes de
produção, crescimento e distribuição das raízes de
caupi submetido à deficiência hídrica. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, Brasília, v.32, n.1, p.43-
50, 1997.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA
AGROPECUÁRIA. CNP-Arroz e Feijão Promo-
ve Reunião e Cursos sobre o Cultivo da Cultura
do Caupi. Brasília: 46-82, 1982. (EMBRAPA-
CNPAF. Informativo, 9)
HILER, E.A.; VAN BAVEL, C.H.M.; HOSSAIN,
M.M.; JORDAN, W.R. Sensitivity of southern
peas to plant water deficit at three growth stages.
Agron. J., v.64, p.60-64, 1972.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-
tística. Anuário estatístico. Rio de Janeiro, 1996.
KARAMANOS, A.J.; ELSTON, J.;
WADSWORTH, R.M. Water stress and leaf
growth of field beans (Vicia faba, L.) in the field:
water potentials and laminar expansion. Annals
of Botany, v.49, n.6, p.815-826, 1982.
LARCHER, W. Ecofisiologia vegetal. 4 ed. São
Paulo: EPU. 1986, 339 p.
LEITE, M.L.; RODRIGUES, J.D.; MISCHAN,
M.M.; VIRGENS FILHO, J.S. Efeitos do déficit
hídrico sobre a cultura do caupi [Vigna unguiculata
(L.) Walp], cv. EMAPA-821. II - Análise de Cres-
cimento. Rev. de Agricultura. Piracicaba, v.74, n.3,
p.351-370, 1999.
LEITE, M.L.; RODRIGUES, J.D.; VIRGENS FI-
LHO, J.S. Efeitos do déficit hídrico sobre a cultura
do caupi, cv. EMAPA-821. III - Produção. Rev. de
Agricultura. Piracicaba, v.75, n.1, p.9-20, 2000.
LIMA, G.P.B. Crescimento e produtividade do
caupi [Vigna unguiculata (L.) Walp] sob diferen-
tes níveis de disponibilidade hídrica do solo. In:
REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE
CAUPI, 4., 1996, Teresina. Resumos... Teresina:
CNPAMN/ EMBRAPA, 1996. p.41-43.
MIRANDA, N.O.; BELMAR, N.C. Déficit
hídrico y frecuencia de riego en frijol (Phaseolus
vulgaris L.). Agricultura Técnica, v.37, n.3, p.111-
117, 1977.
OLIVEIRA, A.P.; ARAÚJO, J.S.; ALVES, E.U.;
NORONHA, M.A.S.; CASSIMIRO, C.M.; MEN-
DONÇA, F.G. Rendimento de feijão caupi cultiva-
do com esterco bovino e adubo mineral. Horticultura
Brasileira. Brasília, v.19, n.1, p.81-84, 2001.
RESENDE, M.; HENDERSON, D.W. FERERES,
E. Freqüência de irrigação e produção de feijão
Kidney. Pesquisa Agropecuária Bras., Brasília,
v.16, n.3, p.363-370, 1981.
RITCHIE, J.T. Water dynamics in the soil-plant-
atmosphere system. Plant and Soil, v.58, p.81-96,
1981.
SANTOS, C.A.F.; ARAÚJO, F.P.; MENEZES,
E.A. Comportamento produtivo de caupi em re-
gime irrigado e de sequeiro em Petrolina e
Juazeiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
Brasília, v.35, n.11, p.2229-2234, 2000.
STONE, L.F.; MOREIRA, J.A.A.; SILVA, S.C.
Efeitos da tensão da água do solo sobre a produti-
vidade e crescimento do feijoeiro. I. Produtivida-
de. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília,
v.23, n.2, p.161-167, 1988.
SUMMERFIELD, R.J.; HUXLEY, P.A.; DART,
P.J.; HUGHES, A.P. Some effects of
environmental stress on seed yield of cowpea.
Plant and Soil, v.44, p.527-546, 1976.
SUMMERFIELD, R.J.; PATE, J.S.; ROBERTS,
E.H.; WIEN, H.C. The physiology cowpea. In:
SINGH, S.R.; RACHIE, K.O. (Eds.). Cowpea
research, production and utilization. Chichester:
John Wiley, 1985. p.66-101.
TÁVORA, F.J.A.F.; MELO, F.I.O. Respostas de
cultivares de amendoim a ciclos de deficiência
hídrica: crescimento vegetativo, reprodutivo e re-
lações hídricas. Ciência Agronômica, Fortaleza,
v.22, n.1/2, p.47-60, 1991.
TURK, K.J.; HALL, A.E. Drougth adaptation of
cowpea. III. Influence of drougth on plant growth
and relations with seed yield. Agonomy Journal,
v.72, p.428-433, 1980.
ZISKA, L.H.; HALL, A.E. Seed yields and water
use of cowpeas [Vigna unguiculata (L.) Walp]
subjected to planned-water deficit irrigation.
Irrigation Science, v.3, p.1-9, 1982.
Figura 3. (a) MGV, massa de grãos por vagem, e (b) MVP, massa de vagens por planta, em
feijão caupi cv. IPA 206, cultivado sob níveis de água disponível no solo. Areia, UFPB, 2000.
Efeito da variação de níveis de água disponível no solo sobre o crescimento e produção de feijão caupi, vagens e grãos verdes
178 Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004
A alface encontra-se entre as cincohortaliças de maior movimento fi-
nanceiro na CEASA (RS), sendo somen-
te menor do que tomate, batata, cebola
e cenoura. É a segunda maior em ter-
mos de volume comercializado dentre
as folhosas, apresentando um montante
de 7,72 t comercializadas em 2001
(CEASA, 2002).
No estado do Rio Grande do Sul, a
alface é produzida durante todo o ano,
existindo, no entanto, dois períodos com
condições climáticas pouco favoráveis:
o verão, quando ocorrem elevadas tem-
peratura do ar e radiação solar, o que
favorece o pendoamento precoce das
plantas; e o inverno com ocorrência de
baixas temperaturas e precipitações plu-
viais prolongadas que podem retardar o
crescimento e danificar as plantas
(Segovia et al., 1997).
A alface, cultura de clima tempera-
do, é melhor adaptada a temperaturas
baixas do que às altas. A máxima tole-
rável pela planta fica em torno de 30ºC
e a mínima situa-se em torno de 6ºC,
para a maioria das cultivares. É uma
planta que exige grandes amplitudes tér-
micas entre o dia e a noite. A umidade
RADIN, B.; REISSER JÚNIOR, C.; MATZENAUER, R.; BERGAMASCHI, H. Crescimento de cultivares de alface conduzidas em estufa e a campo.
Horticultura Brasileira, Brasília, v.22, n.2, p.178-181, abril-junho 2004.
Crescimento de cultivares de alface conduzidas em estufa e a campo
Bernadete Radin1; Carlos Reisser Júnior2; Ronaldo Matzenauer1; Homero Bergamaschi3
1FEPAGRO/SCT, Rua Gonçalves Dias, 570, 90130-060 Porto Alegre-RS; 2Embrapa Clima Temperado, C. Postal 403, 96001-970
Pelotas-RS; 3UFRGS, C. Postal 776, 91501-970 Porto Alegre-RS. E-mail: radin@fepagro.rs.gov.br
relativa mais adequada ao bom desen-
volvimento da alface, varia de 60 a 80%,
mas em determinadas fases de seu ciclo
apresenta melhor desempenho com va-
lores inferiores a 60%. Umidade muito
elevada favorece a ocorrência de doen-
ças, fato que constitui um dos proble-
mas da culturaproduzida em estufa plás-
tica (Cermeño, 1990).
Comparando o crescimento e desen-
volvimento de algumas cultivares de
alface durante o inverno, em estufa e a
campo, Segovia et al. (1997) mostraram
que o número de folhas emitidas na es-
tufa apresentou tendência de maiores
valores. Por outro lado, o acúmulo de
massa seca apresentou velocidade seme-
lhante, nos dois ambientes, embora com
valores menores a campo. Também fo-
ram verificadas taxas de crescimento
maiores no interior de estufas, resultan-
do em produção mais precoce e de me-
lhor qualidade do que aquela obtida em
ambiente não protegido.
Na análise dos parâmetros de cres-
cimento e desenvolvimento foi obser-
vado que o cultivo em estufa influencia
a velocidade de crescimento da planta.
Os parâmetros da massa seca foliar e do
índice de área foliar indicam que a massa
específica das folhas é menor no inte-
rior da estufa. Isso significa que no in-
terior da estufa as folhas se expandem
mais rapidamente, o que pode ser atri-
buído, principalmente, aos teores mais
elevados da umidade relativa do ar exis-
tentes no interior da estufa. Essa carac-
terística favorece a aparência visual do
produto, mas é negativa do ponto de vis-
ta da resistência ao transporte e da con-
servação pós-colheita (Tibbits e
Bottemberg, 1976).
Segundo Dantas e Escobedo (1998),
a taxa de crescimento relativo (TCR),
expressa em função da variação da mas-
sa seca, no verão foi aproximadamente
9% superior na parte externa do que a
interna da estufa. Entretanto, no inver-
no, a TCR foi maior dentro da estufa
plástica, em torno de 20%. De maneira
geral, a TCR média do inverno superou
a TCR média do verão em 10%. A taxa
de crescimento da cultura (TCC) que
correlaciona o índice de área foliar com
a taxa de assimilação líquida, expres-
sando a produção de massa seca em re-
lação à área cultivada, geralmente foi
maior no verão, com superioridade de
RESUMO
Alguns indicadores de crescimento das cultivares de alface
Verônica, Marisa e Regina foram analisados, através de um experi-
mento em estufa de plástico e a campo, de 15/04 a 03/06/99, na
FEPAGRO, em Eldorado do Sul (RS). As amostragens das plantas
iniciaram-se uma semana após o transplante e prosseguiram (sema-
nalmente) até o final do ciclo da cultura. As plantas cultivadas em
estufa, apresentaram aumento na massa de matéria fresca e seca fo-
liar, na área foliar e área foliar específica e no número de folhas.
Além disso, o ciclo da cultura foi reduzido, quando comparada àquela
cultivada a campo. As cultivares não apresentaram diferença entre
si quando cultivadas em ambiente de estufa, mas, em condições de
campo, a cultivar Regina apresentou maior número de folhas e maior
índice de área foliar do que as cultivares Marisa e Verônica.
Palavras-chave: Lactuca sativa L., estufa de plástico, matéria seca,
matéria fresca.
ABSTRACT
Growth of lettuce cultivars in greenhouse and the field
The growth of lettuce cvs. Veronica, Marisa and Regina was
analised through an experiment carried out under plastic greenhouse
and under field conditions, from April 15th to June 03rd 1999, in
Eldorado do Sul, Rio Grande do Sul State, Brazil. Sampling of plants
started one week after transplanting and proceeded until the end of
the plant cycle on a weekly basis. The lettuce cultivated under
greenhouse presented more fresh and dry mass, leaf area, specific
leaf area and greater number of leaves. In addition, plants cultivated
under greenhouse presented a shorter cycle when compared to the
plants cultivated in field conditions. The cvs. did not show any
difference when cultivated under greenhouse environment, but, in
field conditions, the cv. Regina presented a larger number of leaves
and a larger leaf area index than the cultivars Marisa and Veronica.
Keywords: Lactuca sativa L., plastic greenhouse, fresh matter, dry
matter.
(Recebido para publicação em 6 de janeiro de 2003 e aceito em 5 de janeiro de 2004)
179Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004
aproximadamente 69% nos ambientes
protegidos e de 60% na parcela exter-
na, refletindo demasiadamente no ren-
dimento final da cultura.
A alface é uma folhosa extremamen-
te sensível às variações meteorológicas
e ao excesso de chuva. Por este motivo
realizou-se um experimento em ambien-
te de estufa e a campo, com o objetivo
de analisar alguns indicadores de cres-
cimento das cultivares de alface
Verônica, Marisa e Regina, em Eldorado
do Sul (RS).
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na
FEPAGRO em Eldorado do Sul (latitu-
de 30005’S; longitude 51039’W; altitude
10 m) na região climática da Depressão
Central do Rio Grande do Sul. O clima
da região é “Cfa” subtropical úmido de
verão quente. A precipitação média anual
é de 1440 mm e a evapotranspiração de
referência (Método de Penman) é de
1235 mm na média anual (Bergamaschi
e Guadagnin, 1990).
O experimento foi conduzido a cam-
po e em estufa plástica tipo pampeana,
com cobertura em arco, possuindo 24 m
de comprimento e 10 m de largura, cober-
ta com polietileno transparente de 150 µm
de espessura. Na parte lateral da estufa
havia tela antiinsetos de coloração bran-
ca. Foram utilizadas três cultivares de al-
face: Regina (lisa), Verônica e Marisa
(crespas). O espaçamento utilizado foi de
30 cm entre linhas e 30 cm na linha.
A semeadura foi realizada em ban-
dejas de poliestireno expandido, com
128 células, em 17/03/99. O substrato
utilizado foi à base de compostagem de
pinus. Em 15/04 foi realizado o trans-
plante das mudas para os canteiros nos
dois ambientes. As amostragens das
plantas iniciaram uma semana após o
transplante (22/04), e continuaram se-
manalmente até o final do ciclo da cul-
tura (20/05 em estufa e 03/06 a campo).
Foram utilizados tensiômetros de
manômetros de mercúrio (construídos)
para o monitoramento do potencial
matricial da água no solo, para que não
houvesse restrição hídrica. A irrigação
foi realizada por gotejamento, através
de mangueiras com gotejadores integra-
dos tipo labirinto. Não foi aplicada adu-
bação e nem defensivos durante o ciclo
de desenvolvimento da cultura.
A abertura das cortinas da estufa era
realizada em torno das 8 horas e o fe-
chamento por volta das 18 horas, com
exceção dos dias em que havia muito
vento, nos quais as cortinas eram fecha-
das para evitar danos às plantas e/ou à
cobertura da estufa.
Durante o período experimental, fo-
ram coletadas duas plantas por parcela
e em cinco repetições. Analisou-se a
área foliar (AF), massa de matéria fres-
ca aérea (MMF), massa de matéria seca
aérea (MMS), número de folhas (NF),
área foliar específica (AFE), taxa de
crescimento absoluto (TCA) e percen-
tagem de matéria seca.
A área foliar foi medida com a aju-
da do um integrador de área foliar LI-
COR (modelo LI 3000). A determina-
ção da massa de matéria fresca aérea
(MMF) foi realizada pela pesagem das
folhas logo após a colheita das mesmas.
A determinação da massa de matéria
seca aérea (MMS) foi realizada secan-
do-se as folhas das plantas em estufa
ventilada a 750C, até peso constante,
realizando-se posteriormente a pesagem
das mesmas.
A área foliar específica (AFE) foi
calculada da seguinte maneira:
(1)
A taxa de crescimento absoluto
(TCA) foi calculada pela seguinte ex-
pressão:
(2)
em que P2 – P1 é a diferença de mas-
sa de matéria seca (g), em determinada
área, e T2 – T1 é o intervalo de tempo
(dias) entre as duas amostragens.
Os resultados foram avaliados pela
análise de variância tendo sido utiliza-
do o delineamento de blocos
casualizados com cinco repetições, sen-
do cada bloco constituído de três parce-
las de vinte plantas.
Para a caracterização das condições
meteorológicas dos ambientes no inte-
rior e no exterior da estufa utilizou-se
dois termohigrógrafos (marca Fuess):
um localizado na parte central da estufa
e outro a campo a 1,2 macima da su-
perfície do solo. De maneira geral, a
temperatura no interior da estufa foi, no
máximo, 20C superior à observada a
campo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise da evolução semanal da
massa de matéria fresca (MMF), das
folhas das cultivares de alface Regina,
Marisa e Verônica nos dois ambientes
indicou que o ambiente exerce influên-
cia no desenvolvimento das plantas, ou
seja, as plantas produzidas em ambien-
tes protegidos, apresentaram maior pro-
dução de matéria fresca (Figura 1). Este
aspecto é evidenciado pela menor per-
centagem de matéria seca existente nas
folhas das plantas cultivadas no interior
da estufa e também pela maior área fo-
liar (Figura 2). No momento da colhei-
ta, as plantas cultivadas fora da estufa
apresentaram mais de 6% de matéria
seca, enquanto que as cultivadas em es-
tufa apresentaram em torno de 3%. Isto
mostra que as plantas cultivadas em es-
tufa apresentaram-se mais hidratadas, o
que as torna mais tenras e com melhor
aspecto visual.
Não foi observada diferença signi-
ficativa entre as cultivares estudadas no
que se refere à produção de matéria fres-
ca das folhas da alface no cultivo em
estufa. No entanto, no cultivo em con-
dições de campo, a variedade Marisa
apresentou valores significativamente
menores quando comparada às demais
(Tabela 1 e Figura 1A).
Observou-se que, no interior da es-
tufa, houve antecipação na colheita, sen-
do esta realizada aos 35 DAT. Neste
período as plantas cultivadas a campo
ainda não haviam se desenvolvido ple-
namente, apresentando menor MMF e
MMS (Figura 1). A antecipação da co-
lheita da alface no cultivo em estufa tam-
bém foi verificada por Segovia et al.
(1997) e Dantas e Escobedo (1998).
Também analisou-se as diferenças
entre as cultivares dentro de cada am-
biente, ao longo de todo o ciclo da cul-
tura. Os resultados mostraram que, em
estufa, a MMS entre as cultivares não
se diferenciaram entre si. A campo, as
cultivares se diferenciaram somente nas
duas últimas semanas antes da colheita
(Figura 1B), sendo a cultivar Marisa
inferior às demais.
Crescimento de cultivares de alface conduzidas em estufa e a campo
180 Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004
O ambiente também influenciou no
número de folhas produzidas por planta
(Figura 3A e Tabela 1). As alfaces, quan-
do cultivadas em estufa, apresentaram
um número final de folhas maior do que
as cultivadas a campo. Segundo Hermes
et al. (2001) a variedade de alface Re-
gina necessita de 45,1 GD (graus-dia)
para a emissão de uma nova folha. Como
no ambiente de estufa havia maior tem-
peratura durante o período do experi-
mento, pode-se inferir que houve maior
soma de GD, o que provocou aumento
no número de folhas das três cultivares
no ambiente da estufa. Além disso, a
temperatura exerce efeito significativo
na taxa de aparecimento de folhas em
diversas espécies de plantas. Em
Cowpea (Vigna unguiculata L.) por
exemplo, o aumento de temperatura ace-
lera o aparecimento de folhas (Craufurd
et al., 1997).
Também observou-se diferenças no
número de folhas entre as cultivares es-
tudadas, ou seja, a variedade Regina
apresentou maior número de folhas que
as cultivares Verônica e Marisa, as quais
não apresentaram diferença entre si (Fi-
gura 3A e Tabela 1). Também é impor-
tante observar que a variedade Regina,
cultivada a campo, apresentou maior
número de folhas que as cultivares
Marisa e Verônica cultivadas no interior
da estufa. Isto é um indicativo de que a
variedade Regina apresenta melhor
adaptação ao ambiente e/ou menor ne-
cessidade de graus dia, do que as outras
cultivares, para emissão de novas folhas.
O ambiente da estufa teve influên-
cia no estabelecimento da superfície
foliar da alface, fazendo com que as
cultivares apresentassem aumentos sig-
nificativos do índice de área foliar em
relação ao cultivo a campo, desde a pri-
meira semana de cultivo. A variedade
Regina apresentou IAF maior que as
demais, as quais, não apresentaram di-
ferença entre si (Figura 2B e Tabela 1).
Os dados obtidos para área foliar
específica (AFE), que representa a área
foliar pelo seu respectivo peso, indica-
ram que o ambiente da estufa também
influencia este parâmetro (Figura 3B).
Em estufa, onde ocorre menor disponi-
bilidade de radiação solar incidente de-
vido a redução de aproximadamente
B. Radin et al.
Figura 1. Massa de matéria fresca foliar (MMF) (A) e massa de matéria seca foliar (MMS)
(B) de três cultivares de alface cultivadas em estufa e a campo em função de dias após o
transplante (DAT). Eldorado do Sul (RS), FEPAGRO, 1999.
BA
Figura 2. Percentagem de massa de matéria seca (%MMS) (A) e índice de área foliar (IAF)
(B) nas três cultivares de alface cultivadas em estufa e a campo em função de dias após o
transplante (DAT). Eldorado do Sul (RS), FEPAGRO, 1999.
BA
*Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
Tabela 1. Massa de matéria fresca foliar (MMF), massa de matéria seca foliar (MMS), área foliar (AF) e número de folhas (NF) da cultura
da alface, observados no dia da colheita. Eldorado do Sul (RS), FEPAGRO, 1999.
181Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004
LITERATURA CITADA
BERGAMASCHI, H.; GUADAGNIN, M.
Agroclima da estação experimental agronômica
da UFRGS. Porto Alegre, Faculdade de Agrono-
mia, UFRGS, 1990.
CEASA. Disponível em http://
www.ceasars.gov.br. Acesso em novembro 2002.
CERMEÑO, Z.S. Estufas – instalações e mane-
jo. Lisboa. Litexa Editora, Ltda. 355 p. 1990.
CHARLES-EDWARDS, D.A. A model for leaf
growth. Annals of Botany, London, v.44, p.523-
535, 1979.
CHARLES-EDWARDS, D.A.; DOLEY, D.;
RIMMINGTON, G.M. Modelling plant growth
and development. North Ryde: Academic Press,
1986. 235 p.
CRAUFURD, P.Q.; SUBEDI, M.;
SUMMERFIELD, R.J. Leaf appearance in
Cowpea: Effects of temperature and photoperiod.
Crop Science, Madison, v.37, p.167-171, 1997.
DALE, J.E. The control of leaf expansion. Annual
Review of Plant Physiology and Plant Molecular
Biology, Palo Alto, v.30, p.267-295, 1988.
DANTAS, R.T.; ESCOBEDO, J.F. Índices morfo-
fisiológicos e rendimento da alface (Lactuca sativa
L.) em ambientes natural e protegido. Revista Bra-
sileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Cam-
pina Grande, v.2, n.1, p.27-31, 1998.
HERMES, C.C.; MEDEIROS, S.L.P.;
MANFRON, P.A.; CARON, B.; POMMER, S.F.;
BIANCHI, C. Emissão de folhas de alface em fun-
ção de soma térmica. Revista Brasileira de
Agrometeorologia, Santa Maria, v.9, n.2, p.269-
275, 2001.
SEGOVIA, J.F.O.; ANDRIOLO, J.L; BURIOL,
G.A.; SCHNEIDER, F.M. Comparação do cresci-
mento e desenvolvimento da alface (Lactuca
sativa L.) no interior e no exterior de uma estufa
de polietileno em Santa Maria, RS. Ciência Ru-
ral, Santa Maria, v.27, n.1, p. 37-41, 1997.
TIBBITS, T.W.; BOTTEMBERG, G. Growth of
lettuce under controlled humidity levels. Journal
of the American Society of Horticultural Science.
Mount Vernon, v.101, n.1, p.70-73, 1976.
30% pelo material de cobertura, a AFE
foi maior. Isto está de acordo com re-
sultados de Dale (1988), o qual obser-
vou que, o aumento de sombreamento
resulta em folhas maiores mas, mais fi-
nas. Charles-Edwards (1979), também
relata que folhas que tiveram sua expan-
são celular sob condições de baixa dis-
ponibilidade de radiação solar são mais
finas, e tem maior superfície de área
foliar do que folhas que se expandiram
sob condições de alta disponibilidade de
radiação solar. As oscilações da AFE que
ocorrem ao longo do ciclo podem ser
devido às variações da temperatura e da
radiação solar. Segundo Carles-Edwards
et al. (1986), a AFE de plantas de toma-
te e de crisântemo que cresceram em
ambiente controlado foram
correlacionadas com a temperatura mé-
dia do ambiente. As duas culturas apre-
sentaram aumento da AFE com o au-
mento da temperatura enquanto que o
aumento na disponibilidadede radiação
solar resultou em decréscimos na AFE.
Em plantas de milho e de tomate que
cresceram em condições de alta disponi-
bilidade de radiação solar, a AFE pode
decrescer por causa do acúmulo de ami-
do nos cloroplastos com o decorrer do ci-
clo (Charles-Edwards et al., 1986). Com
isso, pode-se inferir que o declínio da AFE
com o decorrer do tempo poderia ser de-
vido ao acúmulo de material estrutural e
também ao envelhecimento das folhas.
Em síntese observou-se, no presen-
te trabalho, que o cultivo em estufa ace-
lera os parâmetros de crescimento de
diferentes cultivares de alface, o que se
reflete, principalmente, numa antecipa-
ção da colheita. Para as condições de
campo observou-se um melhor desem-
penho da cultivar Regina, em relação às
cultivares Marisa e Verônica.
Crescimento de cultivares de alface conduzidas em estufa e a campo
Figura 3. Número de folhas por planta (A) e área foliar específica (AFE) (B) de três cultiva-
res de alface cultivadas em estufa e a campo em função de dias após o transplante (DAT).
Eldorado do Sul (RS), FEPAGRO, 1999.
BA
182 Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004
Lippia alba (Mill.) N.E. Brown é umadas espécies medicinais mais utili-
zadas pela população brasileira, de acor-
do com a lista publicada pela Central
de Medicamentos (CEME), (Angelucci
et al., 1990; Ming, 1992). Popularmen-
te conhecida como erva-cidreira, foi
incluída em projetos como “Farmácias
Vivas”, da Universidade Federal do
Ceará (Mattos, 2000a) e “Fitoterapia nos
Serviços de Saúde”, implementado pela
Secretaria Estadual de Saúde do Paraná
(Ming, 1990), além de alguns projetos
desenvolvidos pela Prefeitura de Cam-
pinas (SP), que visam oferecer, sem fins
lucrativos, assistência farmacêutica
fitoterápica às comunidades carentes
(Castro, 2001). Porém, a Organização
Mundial de Saúde considera fundamen-
tal que se realizem investigações expe-
rimentais acerca das plantas utilizadas
para fins medicinais e de seus princí-
pios ativos, para garantir sua eficácia e
segurança terapêutica (Carlos et al.,
2000). Paralelamente, se faz necessário
o levantamento etnobotânico das espé-
cies medicinais de cada região
fitogeográfica do Brasil (Matos, 1997).
SANTOS, M.R.A.; INNECCO, R. Adubação orgânica e altura de corte da erva-cidreira brasileira. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 22, n. 2, p. 182-185,
abril-junho 2004.
Adubação orgânica e altura de corte da erva-cidreira brasileira1
Maurício R.A. Santos2; Renato Innecco3
2Embrapa Agroindústria Tropical, C. Postal 3761, 60511-110 Fortaleza-CE; E-mail: mrasantos@zipmail.com.br; 3UFC, Depto Fitotecnia,
C. Postal 12.168, 60356-001 Fortaleza-CE; E-mail: innecco@ufc.br
É de grande importância que se es-
tabeleçam linhas de ação voltadas para
o desenvolvimento de técnicas de ma-
nejo ou cultivo (pesquisas fitotécnicas)
das plantas com potencial terapêutico,
considerando-se a sua utilização pelo
homem e a manutenção do equilíbrio
dos ecossistemas (Mattos, 2000b). É
fundamental que estas técnicas sejam
desenvolvidas respeitando-se as condi-
ções edafoclimáticas regionais, uma vez
que a produção de princípios ativos pe-
las plantas pode ser intensamente afeta-
da pelo ambiente de cultivo (Retamar,
1977; Zoghbi et al., 1998).
O objetivo deste trabalho foi esta-
belecer parte da tecnologia de produção
de L. alba, quimiotipo limoneno-
carvona (Matos, 1996), nas condições
do nordeste brasileiro, avaliando os efei-
tos de níveis de adubação orgânica e de
altura de corte das plantas na produção
de matéria seca foliar, no teor e na com-
posição química do óleo essencial.
MATERIAL E MÉTODOS
Os estudos de campo foram realiza-
dos em área da UFC, no município de
Pentecoste (CE). A região apresenta mé-
dias anuais de 26,8°C de temperatura, 73%
de umidade relativa do ar e 723,3 mm de
precipitação pluviométrica, o que carac-
teriza um clima do tipo quente e úmido
(Mattos, 2000a). Utilizou-se mudas de
erva-cidreira brasileira (Lippia alba Mill.
N.E. Brown - Verbenaceae; det.: F.R.S.
Pires; exsicata n° 21.806 - Herbário Prisco
Bezerra/UFC; coleta: Horto de Plantas
Medicinais/UFC, 21.02.1995), produzidas
por estaquia e mantidas sob sombrite, com
nebulização, por um período de 60 dias
até serem transplantadas para canteiros de
alvenaria com 10,0 m2, no espaçamento
de 0,50 x 0,50 m, com irrigação por as-
persão, duas vezes ao dia, por períodos de
três horas. O delineamento estatístico foi
em parcelas subdivididas, sendo as doses
de adubo orgânico: zero, 2 e 4 kg/m2 (tra-
tamentos primários, em blocos ao acaso,
com 3 repetições); e as alturas de corte:
15; 30 e 45 cm (tratamentos secundários),
em parcelas de 2,0 m2, com 8 plantas cada.
Os substratos foram preparados mis-
turando-se adubo orgânico (Vitasolo)
com arenito. Foram retiradas amostras
das parcelas, cuja análise resultou, para
1 Extraído da tese de doutorado do primeiro autor, realizada com apoio da CAPES.
RESUMO
Avaliou-se os efeitos da adubação orgânica e de alturas de corte
em plantas de Lippia alba, quimiotipo limoneno-carvona, na produ-
ção de matéria seca foliar e de óleo essencial, no Nordeste brasilei-
ro. As doses 0; 2 e 4 kg m-2 de adubo foram aplicadas em parcelas
subdivididas em cortes de 15; 30 e 45 cm de altura, agrupadas em
blocos casualizados. Foram realizadas colheitas aos 60 e 120 dias
após o plantio. A adubação não influenciou significativamente as
produções de matéria seca foliar e de óleo essencial. O corte a 45 cm
de altura resultou na maior produção de matéria seca foliar. As maio-
res concentrações de óleo essencial foram obtidas nos cortes a 30 e
45 cm de altura.
Palavras-chave: Lippia alba, Verbenaceae, óleo essencial.
ABSTRACT
Organic fertilization and cutting height of Lippia alba
The effects of organic fertilization and cutting height on dry
matter and essential oil production from leaves of Lippia alba,
limonene-carvone chemotype, were evaluated in the Northeastern
Brazilian Region. A split plot experiment was conducted with the
organic fertilization (0; 2 and 4 kg m-2) as main plots and 15; 30 and
45 cm cutting height as subplots. First harvest was done 60 days and
the second 120 days after planting date. Dry matter and essential oil
production were not influenced by fertilization. Highest dry matter
production was observed on 45 cm cutting height. Highest essential
oil production was obtained on 30 and 45 cm cutting height.
Keywords: Lippia alba, Verbenaceae, essential oil.
(Recebido para publicação em 24 de março de 2003 e aceito em 24 de janeiro de 2004)
183Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004
0,0 kg m-2 de adubo: pH = 4,3; Ca = 1,0
cmolc dm-3; Mg = 1,0 cmolc dm-3; K =
60,0 mg dm-3; Na = 52,0 mg dm-3; Al =
0,15 cmolc dm-3 e P = 3,0 mg dm-3; para
2,0 kg m-2: pH = 4,8; Ca = 1,4 cmolc dm-3;
Mg = 1,3 cmolc dm-3; K = 93,0 mg dm-3;
Na = 46,0 mg dm-3; Al = 0,10 cmolc dm-3
e P = 115,0 mg dm-3; e para 4 kg m-2: pH
= 4,8; Ca = 1,4 cmolc dm-3; Mg = 1,4
cmolc dm-3; K = 121,0 mg dm-3; Na =
64,0 mg dm-3; Al = 0,10 cmolc dm-3 e P =
155,0 mg dm-3. Foram realizadas duas
colheitas, aos 60 e 120 dias após o trans-
plante das mudas (nos meses de agosto e
outubro/2002, respectivamente), em tor-
no das 9 horas da manhã, nas quais se
coletou quatro repetições de 500 g de
folhas frescas, as quais foram imediata-
mente submetidas à extração de óleo es-
sencial por arraste a vapor, utilizando
metodologia descrita por Craveiro et al.
(1981). As folhas foram secas em estufa,
a 45°C, até atingirem peso constante.
Utilizando uma balança analítica, deter-
minou-se a matéria seca das folhas. Os
rendimentos de óleo essencial e dos seus
constituintes foram obtidos através de
CG/EM, de acordo com metodologia
descrita por Alencar et al. (1984). Os
dados obtidos foram submetidos à análi-
se de variância e as médias foram com-
paradas pelo teste de Tukey, ao nível de
5% de significância(Gomes, 1986).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não ocorreram diferenças significa-
tivas entre os tratamentos de adubação,
nas produções de matéria seca foliar e
de óleo essencial (Tabela 1). Em rela-
ção às duas variáveis estudadas, as pro-
duções obtidas na segunda colheita fo-
ram superiores às da primeira, prova-
velmente porque as plantas já estavam
plenamente estabelecidas. A produção
de limoneno não sofreu efeito da adu-
bação, em nenhuma das colheitas. A pro-
dução de carvona foi influenciada ne-
gativamente pela adubação: na primei-
ra colheita, os resultados não diferiram
significativamente, mas na segunda a
ausência de adubação resultou na maior
produção de carvona (5,015 L/ha). Este
resultado se repetiu no total obtido des-
te composto nas duas colheitas, perfa-
zendo 7,053 L/ha.
Estes resultados divergem de alguns
trabalhos dentro da mesma linha de pes-
quisa com outras plantas medicinais.
Mattos (2000a) estudou a produção de
matéria seca e de óleo essencial por
plantas de Mentha arvensis L. (hortelã-
japonesa), com doses de 0; 2; 4; 6 e 8
kg/m2 de adubo orgânico. O autor obte-
ve produções máximas, nas duas variá-
veis, com 6 kg/m2 de adubação. Em ex-
perimento similar, Cruz (1999) também
obteve, para Mentha x villosa Huds.
(hortelã-rasteira), produções máximas
com 6 kg/m2 de adubação. Os dois pes-
quisadores mencionados trabalharam no
Nordeste brasileiro.
Estudando os efeitos das doses de 0;
1; 2; 3 e 4 kg/m2 de adubo orgânico em
plantas de Achillea millefolium L. (“mil-
folhas”), Scheffer e Ronzelli Júnior
(1990), no Paraná, verificaram que as
maiores produções de biomassa foram
obtidas nos tratamentos que receberam
2 a 4 kg/m2 de adubo e os maiores teo-
res de óleo essencial com as doses de 1
a 4 kg/m2. Ueda e Ming (1998), em
Botucatu (SP), observaram correlação
positiva da adubação química (N, P, K)
com a produção de biomassa, ao longo
de um ano, por plantas de Cymbopogon
winterianus (citronela-de-java), mas a
produção de óleo essencial não foi afe-
tada pela adubação.
As alturas de corte diferiram signi-
ficativamente em relação à produção de
matéria seca e de óleo essencial, nas
duas colheitas (Tabela 2). Na primeira
colheita, as produções de matéria seca
obtidas nos cortes a 15 e 30 cm de altu-
ra foram de 0,944 e 0,839 t/ha, respecti-
vamente, e não diferiram significativa-
mente entre si, mas foram superiores à
obtida com corte a 45 cm. Na segunda
colheita ocorreu situação inversa, isto
é, corte a 45 cm resultou na maior pro-
dução (1,840 t/ha), enquanto as outras
produções obtidas foram inferiores e
estatisticamente equivalentes. As produ-
ções totais de cada tratamento, represen-
tadas pelo somatório das produções ob-
tidas nas duas colheitas, obedeceram ao
mesmo padrão observado na segunda
colheita: a maior produção (2,562 t/ha)
foi obtida com corte a 45 cm. Isto se
deve à magnitude dos valores obtidos
na segunda colheita em relação à pri-
meira (provavelmente devido ao fato das
 Adubação orgânica e altura de corte da erva-cidreira brasileira
*/ Letras diferentes indicam diferença significativa, dentro de cada colheita, com 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
Tabela 1. Efeito da adubação orgânica em plantas de Lippia alba, quimiotipo limoneno-carvona, em duas colheitas (agosto e outubro/2002).
Pentecoste (CE), UFC, 2002.
184 Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004
plantas já estarem plenamente
estabelecidas, como mencionado ante-
riormente). Em termos práticos, pode-se
afirmar que as plantas cortadas a 45 cm
de altura apresentaram crescimento mui-
to mais intenso do que as outras plantas,
a ponto de compensar os menores valo-
res obtidos na primeira colheita.
Na segunda colheita, os rendimen-
tos de óleo essencial presente nas folhas
foram muito superiores aos obtidos na
primeira colheita. O corte das plantas a
45 cm de altura resultou em maiores
rendimentos de óleo essencial em rela-
ção aos outros tratamentos, na primeira
colheita, obtendo-se uma produção de
5,540 L/ha. Na segunda colheita, os ren-
dimentos obtidos nos cortes a 30 e 45
cm não diferiram significativamente
entre si (11,135 e 12,492 L/ha, respecti-
vamente) e foram superiores aos resul-
tados obtidos no corte a 15 cm. O mes-
mo padrão foi observado quando se con-
siderou os valores obtidos nas duas co-
lheitas conjuntamente, obtendo-se
15,159 e 17,032 L/ha, respectivamente,
nos cortes a 30 e 45 cm de altura. Estes
resultados refletem o fato confirmado
por Castro (2001), de que nas porções
apicais das plantas de Lippia alba a pro-
dução de metabólitos secundários é mais
intensa do que em suas porções basais.
A altura de corte não influenciou a
produção dos compostos estudados na
primeira colheita. Porém, na segunda
colheita e no total das duas colheitas, o
corte à altura de 30 cm resultou nas
produções máximas de limoneno (2,397
e 3,151 L/ha) e, na produção de carvona,
os maiores resultados foram obtidos
com o corte a 15 cm de altura (5,805 e
7,903 L/ha). A falta de uniformidade
desses resultados reflete o dinamismo
das interconversões que ocorrem conti-
nuamente entre os constituintes dos
óleos essenciais. Estas interconversões
envolvem reações de oxidação, redução,
hidratação, desidratação, ciclização e
isomerização, influenciadas por fatores
ambientais (Castro, 2001). Resultado
similar ocorreu no trabalho de Innecco
et al. (2000), que submeteram plantas
de Lippia sidoides (alecrim-pimenta) a
quatro cortes sucessivos, a 10; 20; 30 e
40 cm de altura, observando que tanto
as produções máximas de matéria seca
quanto as de óleo essencial ocorreram
em plantas cortadas a 30 cm de altura.
Porém, Mattos et al. (2000), trabalhan-
do com Ocimum gratissimum (alfava-
ca-cravo), realizaram cinco cortes, em
intervalos de 30 dias, nas alturas de 15
e 25 cm, observando que estes dois tra-
tamentos não resultaram em diferenças
significativas em relação às produções
de matéria seca ou óleo essencial.
Nas condições do presente trabalho,
com relação ao quimiotipo limoneno-
carvona da espécie Lippia alba (Mill.)
N.E. Brown, pode-se afirmar que a adu-
bação não influenciou significativamen-
te a produção de biomassa foliar e de
óleo essencial e não afetou a produção
de limoneno, além de influenciar negati-
vamente a produção de carvona. Entre as
alturas de corte testadas, 45 cm é a que
resultou na maior produção de biomassa
foliar por área e, 30 e 45 cm são equiva-
lentes quanto ao rendimento de óleo es-
sencial por área. Porém, as maiores pro-
duções de limoneno podem ser obtidas
com corte à altura de 30 cm e as de carvona
com corte à altura de 15 cm.
LITERATURA CITADA
ALENCAR, J.W.; CRAVEIRO, A.A.; MATOS,
F.J.A. Kovats indexes as a preselection routine in
mass-spectra library searches of volatiles. Journal
of Natural Products, v.47, n.5, p.890-892, 1984.
ANGELUCCI, M.E.M.; CORDAZZO, S.N.;
FORTES, V.A. Efeitos farmacológicos do extrato
de Lippia alba (Mill.) N.E.B. In: SIMPÓSIO DE
PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL, 11.,
1990, João Pessoa. Resumos... João Pessoa:
SBPM, 1990. PN 4.12.
CARLOS, I.C.C.; PESSOA, M.T.F.C.; SIQUEIRA,
R.L.C.L. Registro de medicamentos fitoterápicos.
Fortaleza: Secr. Saúde do Est. do Ceará, 2000. 37 p.
CASTRO, D.M. Efeito da variação sazonal, co-
lheita selecionada e temperaturas de secagem
sobre a produção de biomassa, rendimento e com-
posição de óleos essenciais de folhas de Lippia
alba (Mill.) N. E. Br. ex Britt. e Wilson
(Verbenaceae). 2001. 132 p. (Tese doutorado),
UNESP, Botucatu.
CRAVEIRO, A.A.; FERNANDES, A.G.;
ANDRADE, C.H.; MATOS, F.J.A.; ALENCAR,
J.W.; MACHADO, M.I.L. Óleos essenciais de plan-
tas do nordeste. Fortaleza: EUFC, 1981. 209 p.
CRUZ, G.F. Desenvolvimento de sistema de cultivo
para hortelã-rasteira (Mentha x villosa Huds.). 1999.
35 p. (Tese mestrado), UFC, Fortaleza.
GOMES, F.P. Curso de estatística experimental.
São Paulo: Nobel, 1986. 430 p.
INNECCO,R.; MATTOS, S.H.; CRUZ, G.F. De-
terminação da altura de corte do alecrim-pimen-
ta. Horticultura Brasileira, Brasília, v.18, p.992-
993, 2000. Suplemento. Trabalho apresentado no
40° Congresso Brasileiro de Olericultura, 2000.
M. R. A. Santos e R. Innecco
*/ Letras diferentes indicam diferença significativa, dentro de cada colheita, com 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
Tabela 2. Efeito da altura de corte em plantas de Lippia alba, quimiotipo limoneno-carvona, em duas colheitas (agosto e outubro/2002).
Pentecoste (CE), UFC, 2002.
185Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004
MATOS, F.J.A. As ervas cidreiras do nordeste do
Brasil: estudo de três quimiotipos de Lippia alba
(Mill.) N.E. Brown (Verbenaceae). Parte II –
Farmacoquímica. Revista Brasileira de Farmácia,
v.77, n.4, p.137-141, 1996.
MATOS, F.J.A. O formulário fitoterápico do pro-
fessor Dias da Rocha. 2. ed. Fortaleza: EUFC,
1997. p.124.
MATTOS, S.H. Estudos fitotécnicos da Mentha
arvensis L. var. Piperacens Holmes como produ-
tora de mentol no Ceará. 2000a. 98 p. (Tese dou-
torado), UFC, Fortaleza.
MATTOS, S.H. Perspectivas do cultivo de plantas
medicinais para a fitoterapia no Estado do Ceará.
Horticultura Brasileira, Brasília, v.18, p.45-46,
2000. Suplemento. Trabalho apresentado no 40°
Congresso Brasileiro de Olericultura, 2000b.
MATTOS, S.H.; INNECCO, R.; CRUZ, G.F.;
EHLERT, P.A.D. Determinação da altura de corte
em alfavaca-cravo. Horticultura Brasileira,
Brasília, v.18, p.992-993, 2000. Suplemento. Tra-
balho apresentado no 40° Congresso Brasileiro de
Olericultura, 2000.
MING, L.C. Estaquia da falsa erva cidreira - Lippia
alba N. E. Brown (Verbenaceae). In: SIMPÓSIO
DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL, 11.,
1990, João Pessoa. Resumos... João Pessoa:
SBPM, 1990. PN 4.80.
MING, L.C. Influência de diferentes níveis de adu-
bação orgânica na produção de biomassa e teor
de óleos essenciais de Lippia alba (Mill.) N.E. Br.
Verbenaceae. 1992. 206 p. (Tese mestrado),
UFPR, Curitiba.
RETAMAR, J.A. Characteristics of essential oils.
Rivista Italiana Essenze, Profumi, Piante
Officinali, Aromi, Saponi, Cosmetici, Aerosol,
v.59, n.10, p.534-537, 1977. Disponível em:
<http://www.periodicos.capes.gov.br>. Acesso em
29/10/2002.
SCHEFFER, M.C.; RONZELLI JÚNIOR, P. In-
fluência de diferentes níveis de adubação orgâni-
ca sobre a biomassa e teor de óleos essenciais da
Achillea millefolium L. In: SIMPÓSIO DE PLAN-
TAS MEDICINAIS DO BRASIL, 11., 1990, João
Pessoa. Resumos... João Pessoa: SBPM, 1990. PN.
4.12.
UEDA, E.T.; MING, L.C. Influência de N, P, K
na produção de biomassa foliar e teor de óleo es-
sencial em citronela-de-java – Cymbopogon
winterianus – Poaceae. In: CONGRESSO BRA-
SILEIRO DE OLERICULTURA, 38., 1998,
Petrolina. Resumos... Petrolina: SOB, 1998. p. 352.
ZOGHBI, M.G.B.; ANDRADE, E.H.A.; SAN-
TOS, A.S.; SILVA, N.H.L.; MAIA, J.G.S.
Essential oils of Lippia alba (Mill.) N.E.Br.
growing wild in the brazilian amazon. Flavour and
Fragrance Journal, v.13, n.1, p.47-48, 1998. Dis-
ponível em: <http://
www.periodicos.capes.gov.br>. Acesso em: 29/10/
2002.
 Adubação orgânica e altura de corte da erva-cidreira brasileira
186 Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004
Um dos fatores mais limitantes dacultura da batata (Solanum
tuberosum L.) é a sua suscetibilidade a
grande número de doenças. Por ser cul-
tura propagada vegetativamente, uma
vez infectados, os tubérculos-semente
levam à degenerescência da cultura com
influências diretas sobre a produtivida-
de (Assis, 1999; Lopes e Reifschneider,
1999). Se por um lado, o controle de
fungos e bactérias pode ser feito por
meio de produtos químicos, o mesmo
não acontece com as viroses, devido à
interação dos vírus com as células da
planta (Fortes e Pereira, 2003).
Na prática, há duas formas de se
obter material propagativo livre de ví-
rus: por meio do cultivo das sementes
verdadeiras ou botânicas ou através da
cultura de meristemas. O uso de semen-
tes verdadeiras para multiplicação da
batata tem importância apenas para tra-
balhos de melhoramento da espécie,
devido, principalmente, à variabilidade
PEREIRA, J.E.S.; FORTES, G.R.L. Produção de mudas pré-básicas de batata por estaquia a partir de plantas micropropagadas. Horticultura Brasileira,
Brasília, v.22, n.2, p.186-192, abril-junho 2004.
Produção de mudas pré-básicas de batata por estaquia a partir de plan-
tas micropropagadas
Jonny Everson Scherwinski Pereira1; Gerson Renan de Luces Fortes2
1Embrapa Acre, C. Postal 321, 69908-970 Rio Branco-AC; Email: jonny@cpafac.embrapa.br; 2Embrapa Recursos Genéticos e
Biotecnologia, C. Postal 02372, 70770-900 Brasília-DF
que este tipo de material pode apresen-
tar, quando utilizado em cultivo comer-
cial, além dos problemas relacionados
à falta de tecnologia de produção a par-
tir deste tipo de material propagativo. A
cultura de meristemas, associada à
micropropagação, é uma técnica
comumente utilizada para obtenção ou
recuperação de plantas livres de vírus
(Fortes e Pereira, 2003). Embora sendo
rotineiramente utilizada na cultura da
batata, essa técnica ainda apresenta ele-
vados custos, sendo importante portan-
to, a busca de novos métodos que per-
mitam o aumento da taxa de multiplica-
ção de materiais comprovadamente li-
vres de patógenos (Pereira e Fortes,
2003). Contudo, para que os materiais
obtidos cheguem aos bataticultores em
boas condições sanitárias e em breve
espaço de tempo, devem ser multipli-
cados de maneira rápida e de forma que
se previna a reinfecção por diversos
patógenos (Pereira et al., 2001b;
Medeiros et al., 2001; Pereira, 2002).
A possibilidade de utilização de es-
tacas das hastes de plantas de batata
micropropagadas pode constituir-se em
técnica eficiente para aumentar a taxa
de multiplicação de maneira prática e
econômica, além de possibilitar sua
multiplicação durante os diferentes pe-
ríodos do ano. O método constitui-se
num procedimento de propagação
vegetativa para obter de forma acelera-
da um incremento no número de plan-
tas livres de doenças, principalmente
viroses, utilizando porções vegetativas
de diferentes partes da planta, tais como
hastes de plantas juvenis. Desta forma,
acredita-se que de uma única planta sa-
dia possa se produzir dezenas de novas
plantas e, consequentemente, aumentar
a taxa de multiplicação do material pré-
básico (Bryan et al., 1981; Silva, 1987).
Salienta-se ainda que, além de aumen-
tar a taxa de multiplicação, esta propa-
gação rápida pode tornar-se em técnica
RESUMO
O uso de estacas de batata a partir de plantas multiplicadas in
vitro pode transformar-se em técnica bastante eficiente para melho-
rar a taxa de multiplicação de material com alta qualidade
fitossanitária. O trabalho objetivou estabelecer um protocolo para a
produção de mudas pré-básicas por estaquia a partir de microestacas
obtidas de plantas de batata recém aclimatizadas e oriundas da
micropropagação. Em dois experimentos, foram estudados os efei-
tos do tipo de material propagativo (basal, mediano e apical), do
tempo de exposição das microestacas (zero e um minuto) a seis di-
ferentes concentrações de AIB (0; 250; 500; 750 e 1000 mg L-1), do
período de aclimatização das plantas (15 e 30 dias) e do tipo de
substrato (areia e vermiculita) na produção de mudas pré-básicas de
batata. Verificou-se que microestacas das três posições apresenta-
ram taxas de enraizamento superiores a 90% quando a coleta foi
realizada em plantas de batata com 15 dias de aclimatização, segui-
do do tratamento de imersão rápida em solução de AIB na concen-
tração de 500 mg L-1 e utilizando-se areia ou vermiculita como
substrato.
Palavras-chave: Solanum tuberosum L., enraizamento, propagação
vegetativa, semente básica, cultura de tecidos.
ABSTRACT
Production of pre-basic potato plants by cuttings obtained
from micropropagated plants
The use of cuttings from micropropagated potato

Outros materiais