Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Volume 22 número 2 abril-junho 2004 ISSN 0102-0536 Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004 SOCIEDADE DE OLERICULTURA DO BRASIL Journal of the Brazilian Society for Vegetable Science UNESP FCA C. Postal 237 - 18603-970 Botucatu SP Tel.: (0xx14) 3811 7172 / 3811 7104 Fax: (0xx14) 3811 7104 / 3811 3438 E-mail: sob@fca.unesp.br Presidente/President Rumy Goto UNESP-Botucatu Vice-Presidente/Vice-President Carlos Alberto Simões do Carmo INCAPER - Venda Nova dos Imigrantes 1º Secretário / 1st Secretary Arlete Marchi T. de Melo IAC - Campinas 2º Secretário / 2nd Secretary Ingrid B. I. Barros UFRGS-Porto Alegre 1º Tesoureiro / 1st Treasurer Marcelo Pavan UNESP-Botucatu 2º Tesoureiro / 2nd Treasurer Osmar Alves Carrijo Embrapa Hortaliças - Brasília COMISSÃO EDITORIAL DA HORTICULTURA BRASILEIRA Editorial Committee C. Postal 190 - 70359-970 Brasília DF Tel.: (0xx61) 385 9088 / 385 9051 / 385 9073 / 385 9000 Fax: (0xx61) 556 5744 E-mail: hortbras@cnph.embrapa.br Presidente / President Leonardo de Britto Giordano Embrapa Hortaliças Coordenação Executiva e Editorial / Executive and Editorial Coordination Sieglinde Brune Embrapa Hortaliças Editores / Editors Ana Maria Montragio Pires de Camargo IEA André Luiz Lourenção IAC Antônio Evaldo Klar UNESP - Botucatu Antônio T. Amaral Jr. UENF Arthur Bernardes Cecilio Filho UNESP - Jaboticabal Braulio Santos UFPR Carlos Alberto Lopes Embrapa Hortaliças Celso Luiz Moretti Embrapa Hortaliças César Augusto B. P. Pinto UFLA Cláudio Brondani Embrapa Arroz e Feijão Cláudio José da S. Freire Embrapa Clima Temperado Clementino Marcos Batista de Farias Embrapa Semi-Árido Daniel J.Cantliffe University of Florida Djalma Rogério Guimarães Instituto CEPA Eduardo S. G. Mizubuti UFV Eunice Oliveira Calvete UFP Francisco Bezerra Neto ESAM Francisco Murilo Zerbini Junior UFV Jerônimo Luiz Andriolo UFSM José Magno Q. Luz UFU Luiz Henrique Bassoi Embrapa Semi-Árido Marcelo Mancuso da Cunha IICA-MI Maria Aparecida N. Sediyama EPAMIG Maria do Carmo Vieira UFMS Marie Yamamoto Reghin UEPG Marilene L. A. Bovi IAC Paulo César R. Fontes UFV Paulo César Tavares de Melo ESALQ Paulo Espíndola Trani IAC Renato Fernando Amabile Embrapa Cerrados Ricardo Alfredo Kluge ESALQ 170 Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004 Programa de apoio a publicações científicas A revista Horticultura Brasileira é indexada pelo CAB, AGROBASE, AGRIS/FAO e TROPAG. Scientific Eletronic Library Online: http://www.scielo.br/hb www.hortciencia.com.br www.sobhortalica.com.br Horticultura Brasileira, v. 1 n.1, 1983 - Brasília, Sociedade de Olericultura do Brasil, 1983 Trimestral Títulos anteriores: V. 1-3, 1961-1963, Olericultura. V. 4-18, 1964-1981, Revista de Olericultura. Não foram publicados os v. 5, 1965; 7-9, 1967-1969. Periodicidade até 1981: Anual. de 1982 a 1998: Semestral de 1999 a 2001: Quadrimestral a partir de 2002: Trimestral ISSN 0102-0536 1. Horticultura - Periódicos. 2. Olericultura - Periódicos. I. Sociedade de Olericultura do Brasil. CDD 635.05 Editoração e arte/Composition Luciano Mancuso da Cunha Revisão de inglês/English revision Patrick Kevin Redmond Tiragem/printing copies 1.000 exemplares Volume 22 número 2 abril-junho 2004 ISSN 0102-0536 Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004 SUMÁRIO/CONTENT CARTA DO EDITOR / EDDITOR´S LETTER 173 PESQUISA / RESEARCH Efeito da variação de níveis de água disponível no solo sobre o crescimento e produção de feijão caupi, vagens e grãos verdes Effect of different levels of available water in the soil on the growth and production of cowpea bean pods and green grains J. T. Nascimento; M. B. Pedrosa; J. Tavares Sobrinho 174 Crescimento de cultivares de alface conduzidas em estufa e a campo Growth of lettuce cultivars in greenhouse and the field B. Radin; C. Reisser Júnior; R. Matzenauer; H. Bergamaschi 178 Adubação orgânica e altura de corte da erva-cidreira brasileira Organic fertilization and cutting height of Lippia alba M. R. A. Santos; R. Innecco 182 Produção de mudas pré-básicas de batata por estaquia a partir de plantas micropropagadas Production of pre-basic potato plants by cuttings obtained from micropropagated plants J. E. S. Pereira; G. R. L. Fortes 186 Avaliação da resistência de acessos de tomateiro a tospovírus e a geminivírus Evaluation of tomato accessions for tospovirus and geminivirus resistance A. L. Lourenção; A. M. T. Melo; W. J. Siqueira; A. Colariccio; P. C. T. Melo 193 Organogênese de ápices meristemáticos de batata em meios de isolamento e multiplicação in vitro Organogenesis of potato meristem tips on the in vitro isolation and multiplication media J. E. S. Pereira; G. R. L. Fortes 197 GA3 e Paclobutrazol no florescimento e na produção de frutos em duas cultivares de morangueiro GA3 and Paclobutrazol on the flowering and yield of strawberry J. Duarte Filho; L. E. C. Antunes; J. G. Pádua 202 Atividade de enzimas pectinametilesterase e poligalacturonase durante o amadurecimento de tomates do grupo multilocular Activity of the enzymes pectinmetylesterase and polygalacturonase during the ripening of tomatoes of the multilocular group J. M. Resende; M. I. F. Chitarra; W. R. Maluf; A. B. Chitarra; O. J. Saggin. Júnior 206 Formas de aplicação de cálcio na cultura do melão rendilhado sob cultivo protegido Calcium application methods on greenhouse muskmelon cultivation E. C. D. Faria; O. A. Carrijo 213 Bacterização de sementes e desenvolvimento de mudas de pepino Bacterization of seeds and development of cucumber seedlings E. B. Silveira; A. M. A. Gomes; R. L .R. Mariano; E. B. Silva Neto 217 Resistência de cultivares e híbridos de cebola a tripes Thrips resistance in onion cultivars and hybrids V. Loges; M. A. Lemos; L. V. Resende; D. Menezes; J. A. Candeia; V. F. Santos 222 Produção, qualidade e uso de água do tomateiro para processamento em função da época de paralisação das irrigações Production, quality and water use efficiency of processing tomato as affected by the final irrigation timing W. A. Marouelli; W. L. C. Silva; C. L. Moretti 226 Avaliação de cultivares de mandioca, para consumo in natura, quanto à resistência à mancha parda da folha Evaluation of cassava cultivars for resistance to brown leaf spot R. P. Santos; M. G. F. Carmo; M. S. Parraga; D. Macagnan; C. A. Lopes 232 Identificação e quantificação dos componentes de perdas de produção do tomateiro Identification and quantification of tomato yield loss components R. A. Loos; D. J. H. Silva; P. C. R. Fontes; M. C. Picanço; L. M. Gontijo; E. M. Silva; A. A. Semeão 238 Capacidade combinatória de sete caracteres de resistência de Lycopersicon spp. à traça do tomateiro Combining ability of seven resistance characteristics of Lycopersicon spp. to tomato leafminer F. A. Suinaga; V. W. D. Casali; M. C. Picanço; D. J. H. Silva 243 Comportamento de cultivares de alface americana em Santana da Vargem Performance of crisphead lettuce cultivars in Santana da Vargem J. E. Yuri; G. M. Resende; J. H. Mota; R. J. Souza; S. A. C. Freitas; J. C. Rodrigues Junior 249 Solarização do solo com filmes plásticos com e sem aditivo estabilizador de luz ultravioleta Soil solarization with plastic films with and without UV light stabilizers B. C. Barros; F. R. A. Patrício; M. E. B. M. Lopes; S. S. Freitas; C. Sinigaglia; V. M. A. Malavolta; J. Tessarioli Neto; R. Ghini 253 Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004 Cultivo de manjericão em hidroponia e em diferentes substratos sob ambiente protegido Culture of basil in substrata and hydroponic systems under protected environment P. C. Fernandes; R. Facanali; J. P. F. Teixeira; P. R. Furlani; M. O. M. Marques 260 Rendimiento de plantas de tomate injectadas y efecto de la densidad de tallos en el sistema hidropónico Yield of tomato crop as a result of grafting and shoot density in hydroponic system R.M. N. Peil; J. L. Gálvez 265 Armazenamento temporário de sementes da palmeira juçara: efeitos do tempo, temperatura e polpa na germinação e vigor Temporary storage of jussara palm seeds: effects of time, temperature and pulp on germination and vigor C. C. Martins; M. L. A. Bovi; J. Nakagawa; G. Godoy Júnior 271 Análise dialélica da capacidade combinatória em feijão-de-vagem Diallel analysis of combining ability in snap bean M. P. Silva; A. T. Amaral Júnior; R. Rodrigues; R. F. Daher; N. R. Leal; A. R. Schuelter 277 Resistência por antibiose de Lycopersicon peruvianum à traça do tomateiro Antibiosis resistance of Lycopersicon peruvianum to tomato leafminer F. A. Suinaga; M. C. Picanço; M. D. Moreira; A. A. Semeão; S. T. V. Magalhães 281 Épocas de colheita de umbelas e comprimento da haste floral no rendimento e no potencial fisiológico de sementes de cebola Harvesting period of umbels and seed stalk length on seed yield and on physiological potential of onion seed M. Y. Reghin; M. D. Pria; R. F. Otto; J. Vinne 286 Produção de mudas de alface em bandejas e substratos comerciais Production of lettuce seedlings in different trays and commercial substrates P.E. Trani; M. C. S. S. Novo; M. L. Cavallaro Júnior; L. M.G. Telles 290 Germinação de sementes e desenvolvimento de plântulas de moringa (Moringa oleifera Lam.) em função do peso da semente e do tipo de substrato Germination of seeds and seedling development of drumstick as a function of seed weight and substrate type A. M. E. Bezerra; V. G. Momenté; S. Medeiros Filho 295 Variação somaclonal in vitro em cultura de calos de cultivares de batata Somaclonal variation on in vitro callus culture potato cultivars P. N. Bordallo; D. H. Silva; J. Maria; C. D. Cruz; E. P. Fontes 300 Impacto da temperatura e fotoperíodo no desenvolvimento ovariano e oviposição de traça-das-crucíferas Impact of temperature and photoperiod on ovarian development and oviposition of the Diamondback Moth A. Crema; M. C. Branco 305 Contribuição das folhas cotiledonares para o crescimento e estabelecimento de plântulas de cucurbitáceas Cotyledonary leaf contribution for growth and establishment of cucurbit seedlings D. A. Bisognin; C. V. T. Amarante; J. Dellai 309 PÁGINA DO HORTICULTOR / GROWER'S PAGE Competição das cultivares de alface Vera e Verônica em dois espaçamentos Comparison of lettuce cultivars Vera and Verônica in two different spacing systems A. A. Lima; E. G. Miranda; L. Z. O. Campos; W. H. Cuznato Junior; S. C. Mello; M. S. Camargo 314 Efeito do uso do xisto em características químicas do solo e nutrição do tomateiro Effect of the use of schist on chemical characteristics of soil and on tomato nutrition H. S. Pereira; G. C. Vitti 317 Comportamento de cultivares e linhagens de alface americana em Santana da Vargem (MG), nas condições de inverno Performance of crisphead lettuce cultivars and inbred lines in Santana da Vargem, Brazil, under winter conditions J. E. Yuri; G. M. Resende; J. H. Mota; R. J. Souza; J. C. Rodrigues Júnior 322 Efeito de esterco bovino sobre os rendimentos de espigas verdes e de grãos de milho The effect of cattle manure on yield of green corn ears and maize grains J. Silva; P. S. Lima e Silva; M. Oliveira; K. M. Barbosa e Silva 326 Perfil dos consumidores de plantas medicinais e condimentares do município de Pato Branco (PR) The profile of consumers medicinal plants and spices of Pato Branco city, Paraná State, Brazil J. A. Marchese; F. Broetto; L. C. Ming; R. Goto; M. B. Stefanini; A. Galina; A. C. Tedesco; C. Conte; C. M. Miniuk; D. A. Schurt; E. Sangaletti; G. O. Silva; G. Gomes; J. A. Bertagnolli; L. Francheschi; M. L. Cossa; M. R. D. Moraes; P. M. Lima; R. Lira; S. Costa 332 COMUNICAÇÃO / COMUNICATION 336 NORMAS PARA PUBLICAÇÃO / INSTRUCTIONS TO AUTHORS 337 173Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004 carta do editor De 25 a 30 de julho próximo será realizado o 440 Congresso Brasileiro de Olericultura, em Campo Grande (MS). Para tornar possível este evento, a Sociedade de Olericultura do Brasil conta este ano com a colaboração do Instituto de Desenvolvimento Agrário, Assistência Técnica e Extensão de Rural de Mato Grosso do Sul, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal, Embrapa e da Univer- sidade Católica Dom Bosco. O tema Hortaliças: novos rumos, diversificação e renda, é bastan- te oportuno, especialmente em um ano no qual, mais uma vez, o setor agrícola foi o responsável pelo superávit da balança comercial brasileira e por manter o bom nível de empregos no campo. Desejamos aos organizadores pleno sucesso na realização deste evento e que a olericultura nacio- nal seja cada vez mais divulgada e fortalecida. Aproveitamos para comunicar aos nossos leitores que o colega Marcelo Mancuso da Cunha está deixando a Comissão Editorial da Horticultura Brasileira. Durante dez anos tivemos o privi- légio de contar com a sua valiosa contribuição na editoração da Horticultura Brasileira, realizan- do todo o acompanhamento no preparo da revista, desde a confecção dos fotolitos nas empresas gráficas, passando pela arte final das nossas capas. Nossos sinceros agradecimentos ao colega Marcelo. Este ano fomos, mais uma vez, contemplados com o apoio do CNPq. Sem esta colaboração não nos seria possível a publicação ininterrupta da revista Horticultura Brasileira, mantendo o seu característico padrão de qualidade. Portanto, expressamos nosso agradecimento ao CNPq e a todos que, direta ou indiretamente, dão sua contribuição para tornar possível a publicação da nossa revista. Leonardo de B Giordano Presidente da Comissão Editorial Horticultura Brasileira 174 Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004 pesquisa O feijão caupi [Vigna unguiculata(L.) Walp], também conhecido como feijão macassar, representa fun- damental importância social e econômi- ca para o Nordeste do Brasil, constituin- do-se como uma das principais fontes protéicas na alimentação da população rural (Embrapa, 1982). O consumo na forma de grãos secos, vagens ou grãos verdes como hortaliça, com 60 a 70% de umidade (Oliveira et al., 2001), tem aumentado nos últimos anos, tornando- se em excelente alternativa de comercialização para os agricultores. No Estado da Paraíba é cultivado em quase todas as micro-regiões, onde detém 75% das áreas destinadas ao cultivo de feijão comum (IBGE, 1996). Nessas áreas, o cultivo de feijão caupi é realizado predominantemente sob o regime de NASCIMENTO, J.T.; PEDROSA, M.B.; TAVARES SOBRINHO, J. Efeito da variação de níveis de água disponível no solo sobre o crescimento e produção de feijão caupi, vagens e grãos verdes. Horticultura Brasileira, Brasília, v.22, n.2, p.174-177, abril-junho 2004. Efeito da variação de níveis de água disponível no solo sobre o cresci- mento e produção de feijão caupi, vagens e grãos verdes João Tavares Nascimento1,2; Murilo Barros Pedrosa2; José Tavares Sobrinho2 1Escola Agrotécnica Federal de Castanhal, Alameda Pe. Rolim, 124, 68743-580 Castanhal-PA; E-mail: jnascimenton@bol.com.br; 2UFPB-CCA, C. Postal 02, 58397-000 Areia-PB sequeiro, onde a irregularidade de chuvas e altas temperaturas têm contribuído con- sideravelmente para o déficit hídrico e conseqüente redução da sua produtivida- de. Embora o feijão caupi seja considera- do espécie adaptada à seca, sua capacida- de de adaptação varia dentro da espécie (Turk e Hall, 1980; Ziska e Hall, 1982; Summerfield et al., 1985). Portanto, para o manejo adequado desta cultura, visan- do produtividade, é importante conhecer a capacidade de resposta aos níveis de déficit hídrico, bem como a relação entre consumo de água e produtividade. Com base nesse conhecimento, o agricultor pode selecionar cultivares apropriadas à situação. Costa et al. (1997) ressaltam a necessidade de avaliar o comportamento de cultivares desenvolvidas para sequeiro, para evitar perdasda produtividade. Estudando os caracteres de adapta- bilidade e estabilidade de vários genótipos de feijão caupi na região Semi-árida do Nordeste brasileiro, San- tos et al. (2000) relataram que houve forte interação genótipo x ambiente, in- dicando desempenho distinto quando cultivados em diferentes situações de manejo e época do ano. Estes autores indicaram ainda, a possibilidade de ex- plorar satisfatoriamente a interação genótipo x ambiente, com vista a reco- mendar-se genótipos com ampla ou es- pecífica adaptação, tanto para áreas de sequeiro, como para áreas irrigadas. Leite et al. (1999) acrescentam a importância do conhecimento do cres- cimento da cultura em função da água disponível no solo, instrumento funda- mental para explicar perdas de produ- RESUMO Estudou-se o efeito da variação de níveis de água disponível no solo, sobre o crescimento e produção de vagens e grãos verdes de feijão caupi [Vigna unguiculata (L.) Walp], cv. IPA 206. A produção de vagens e de grãos verdes desta espécie é uma excelente alternati- va de comercialização para os agricultores do Nordeste do Brasil, visto que o seu consumo é bastante significativo na região. Instalou- se o experimento em vasos de 13 kg, em casa de vegetação na UFPB em Areia (PB), de agosto a dezembro de 2000. O delineamento esta- tístico utilizado foi de blocos ao acaso com 4 tratamentos corres- pondentes aos níveis de água disponível do solo (40; 60; 80 e 100%), logo após as irrigações, com 6 repetições. Os resultados observados mostraram que o nível crescente de déficit hídrico afetou drastica- mente o desempenho desta cultivar em estudo em comparação à testemunha. As maiores reduções estimadas foram constatadas no comprimento da haste principal, 26 e 48%, no número de folha por planta, 23 e 35%, no número de vagens por planta, 32 e 49%, e na massa de vagens por planta, 23 e 30%, respectivamente para os ní- veis de 60 e 40% de água disponível do solo. Nas condições do experimento a cultivar de feijão caupi IPA 206 não tolera déficit hídrico acentuado. Palavras-chave: Vigna unguiculata, déficit hídrico, feijão macassar, rendimento de grãos verdes. ABSTRACT Effect of different levels of available water in the soil on the growth and production of cowpea bean pods and green grains The effect of different levels of available water in the soil was evaluated on the growth and production of green pod and green beans (Vigna unguiculata (L.) Walp) of cowpea, cv. IPA 206. Both forms of commercialization are excellent alternatives for farmers from the Northeast of Brazil. Plants were cultivated in 13 kg soil pots under green house conditions in Areia, Paraiba State, from August to December/2000. The experimental design was a randomized complete block design with six replications and four treatments corresponding to 40; 60; 80 and 100% of available water in the soil, just after irrigations. The production was significantly affected by the deficit of water. Great reduction was observed in the length of the main stem (26 and 48%), in the number of leaves per plant (23 and 35%), in the number of pods per plant (32 and 49%) and in the mass of pods per plant (23 and 30%), respectively, for the levels of 60 and 40% of available water in the soil. The production of green pod and green beans of cowpea cv. IPA 206 is greatly affected by deficit of water of 40 and 60%. Keywords: Vigna unguiculata, deficit of water, macassar bean pod, green grains. (Recebido para publicação em 15 de maio de 2003 e aceito em 4 de fevereiro de 2004) 175Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004 ção em condições de déficit hídrico. A baixa produtividade desta cultura no estado da Paraíba, atribuída em parte à sua adaptação ecológica, mostra a ne- cessidade do conhecimento do aprovei- tamento hídrico das cultivares usadas na região, visando melhor aproveitamento da água disponível no solo em combi- nação com a distribuição de chuvas. A cultivar IPA 206 vem sendo culti- vada e recomendada para o uso há dez anos na região; Entretanto, ainda são incipientes os resultados de pesquisa sobre sua adaptação na microrregião do Brejo Paraibano. Santos et al. (2000), estudando o comportamento produtivo desta cultivar em regime irrigado e de sequeiro, relataram alteração no seu comportamento quando da variação de água disponível no solo, com boa pro- dutividade sob irrigação e, em regime de sequeiro, sua produção variou em função das oscilações pluviométricas. Este trabalho teve por objetivo ava- liar o efeito das variações de níveis de água disponível no solo sobre o cresci- mento e produção de feijão caupi, va- gens e grãos verdes, var. IPA 206, a fim de se estabelecer o nível crítico de defi- ciência hídrica para esta cultivar no município de Areia (PB). MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em condições de casa de vegetação da UFPB em Areia, de agosto a dezembro de 2000, utilizando a cultivar de feijão caupi IPA 206. O delineamento experimental em- pregado foi o de blocos ao acaso, com 4 tratamentos correspondentes aos níveis de água disponível (AD) de 40; 60; 80 e 100%, mantido após as irrigações do solo, equivalendo aos níveis de umida- de de 20; 30; 40 e 50 g kg-1, respectiva- mente, com 6 repetições, totalizando 24 parcelas. O ensaio foi realizado em vasos plás- ticos de 13 kg de capacidade, em solo classificado como Neossolo Regolítico psamítico típico, de textura franco-are- nosa, coletado na camada de 0-20 cm, no qual se realizaram as análises físico- hídrica e química em laboratório, com os resultados: areia grossa= 648 g kg-1; areia fina= 175 g kg-1; silte= 118 g kg-1; argila= 59 g kg-1; capacidade de campo para o potencial matricial de -0,01 MPa (Cc)= 89,1 g kg-1; ponto de murcha per- manente para o potencial de -0,1 (PMP)= 39,1 g kg-1; água total disponí- vel (AD)= 50,0 g kg-1; pH, 6,9; P, 133 mg dm-3; K+, 110 mg dm-3; Na+, 0,21 cmolc dm -3; H++Al3+, 0,58 cmolc dm -3; Ca+++Mg++,5,10 cmolc dm -3. A adubação mineral recomendada para a cultura do feijão caupi em fun- ção da análise química do solo foi de 30 kg de N/ha, 60 kg de P2O5/ha e 60 kg de K2O/ha, usando o sulfato de amônio (1 g/vaso), superfosfato simples (2 g/vaso) e o cloreto de potássio (0,65 g/vaso), como fontes de N, P e K, respectivamen- te. O sulfato de amônio foi aplicado em duas vezes, sendo a metade aos 20 dias da emergência, e a outra, aos 40 dias. O total de superfosfato simples e o do cloreto de potássio foram aplicados no plantio. A semeadura foi realizada nos vasos com a distribuição de 4 sementes e aos 7 dias da emergência, realizou-se o desbaste, deixando a planta mais vi- gorosa. Durante 15 dias após a emergência (DAE), a umidade do solo foi mantida no nível de 100% da água disponível (AD). A partir deste período, as irriga- ções foram feitas considerando os níveis de 40; 60; 80 e 100% AD, durante a fase vegetativa à colheita final. O controle da irrigação determinado pelos trata- mentos, foi feito diariamente através do método de pesagem e a quantidade de água consumida foi reposta de modo a manter cada tratamento com o nível de água do solo previamente estabelecido, realizado sempre no intervalo das 7;00 às 8;00 h. Os componentes de produção ava- liados foram: número de grãos por va- gem (NGV), número de vagens por planta (NVP), massa de grãos por plan- ta (MGP), massa de vagens por planta (MVP) e comprimento médio de vagens por planta (CMV). Para a análise de crescimento, foram avaliados os com- ponentes: comprimento da haste prin- cipal (CHP) e o número de folhas por planta (NFP). A avaliação dos componentes de produção foi realizada no momento da colheita das vagens, quando estas atin- giam a fase de maturação não comple- ta, ou seja, no estágio de vagens ou grãos verdes na faixa de 60 a 70% de umida- de (Oliveira et al. 2001). Para a avalia- ção de crescimento,as mensurações fo- ram obtidas do 22° ao 43º DAE, em in- tervalos de 7 dias, compreendendo par- te da fase vegetativa e início da reprodutiva. Os dados utilizados para análise de variância do comprimento da haste principal (CHP) e do número de folhas por planta (NFP) foram os obti- dos na ultima avaliação, aos 43 DAE. Os dados obtidos foram submetidos à análise variância e de regressão para explicar o comportamento dos compo- nentes estudados em função dos trata- mentos aplicados. RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve diferenças significativas (P<0,01) entre os tratamentos (níveis de água disponível no solo) para todos os componentes avaliados, indicando que os níveis de deficiência hídrica aplica- dos no solo, influenciaram significati- vamente o desempenho do crescimento de plantas e de produção de feijão caupi, cv. IPA 206. Na Figura 1 (a) e (b) está represen- tada a variação da evolução do CHP e do NFP, respectivamente, sob os níveis de 40; 60; 80 e 100% AD, mensurado no período do 22º ao 43º DAE, corres- pondente à fase vegetativa e início da reprodutiva. Para estas variáveis (CHP e NFP), observou-se comportamento semelhante entre tratamentos até aos 29 DAE, quando então, a partir deste pe- ríodo se iniciou a diferenciação entre eles, acentuando-se com a aproximação da fase reprodutiva aos 43 DAE. Anali- sando os comportamentos através dos dados, verificaram-se efeitos extrema- mente negativos, sendo crítico para os níveis de 60 e 40% AD, ocorridos a par- tir da pré-floração. Com isto, evidencia- se claramente que a exigência por esta cultura em água aumenta com a proxi- midade da fase reprodutiva, denotando- se que esta cultivar em estudo é mais tolerante ao déficit hídrico na fase vegetativa. Estes resultados são concor- dantes com os de Leite et al. (1999), quando relataram que os efeitos de déficits hídricos ocorridos na fase vegetativa do caupi provocaram meno- Efeito da variação de níveis de água disponível no solo sobre o crescimento e produção de feijão caupi, vagens e grãos verdes 176 Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004 res reduções nos componentes de cres- cimento, porém, na fase reprodutiva, ou seja, na pré-floração e no enchimento de grãos, seus efeitos foram mais acen- tuados. Os dados dessas variáveis (CHP e NFP) obtidos aos 43 DAE foram sub- metidos à análise de regressão, a qual constatou efeito quadrático para o CHP ( Y = 11 , 5 4 9 + 2 , 1 7 2 9 x - 0 , 0 0 8 6 x 2; R2=0,99**) e linear para o NFP (Y=3,8334+0,0542x; R2=0,99**). Pelos resultados estimados pelas equações, observaram-se reduções de aproxima- damente 10; 26 e 48% e 11; 23 e 35%, para o CHP e NFP, respectivamente, para os níveis de 80; 60 e 40% AD, quando comparados à testemunha. Por- tanto, dos resultados entre variáveis, verificou-se valores aproximados e cres- centes com os níveis de déficit hídrico nas faixas de 80 e 60% AD, sendo que no nível de 40%, o efeito redutivo foi em maior magnitude e mais acentuado para o CHP. Resende et al. (1981) relataram que plantas submetidas a tensões hídricas reduzem a turgescência e, conseqüen- temente, a expansão celular, o que pro- move redução no alongamento do cau- le e da folha. Para Babalola (1980), a translocação de fotoassimilados para as raízes é comprometida em condições de déficit hídrico, afetando diretamente o crescimento das plantas. Já, para Leite et al. (1999), considerando que as fo- lhas são os centros de produção da fotossíntese e que o resto da planta de- pende da exportação de material assi- milado da folha para outros órgãos da planta de feijão caupi, o estresse hídrico nesta cultura, compromete tal exporta- ção, contribuindo para os decréscimos de seu crescimento e produção. Resul- tados semelhantes foram relatados por TurK e Hall (1980) e Hiler et al. (1972), quando plantas de feijão caupi subme- tidas à deficiência hídrica apresentaram baixa transpiração, refletindo na redu- ção de altura de plantas. Távora e Melo (1991), estudando o amendoim subme- tido a ciclos de deficiência hídrica, cons- tataram também reduções significativas do número de folhas por planta. Ainda, Larcher (1986) afirma que, pela defi- ciência de água, ocorre perda progres- siva da turgescência protoplasmática e aumento na concentração de solutos. Dos efeitos destes, resulta inicialmente um distúrbio na função celular. Surgem, então, os déficits funcionais e, por fim, as estruturas protoplasmáticas são danificadas. Segundo ainda este mesmo autor, a redução da perda de água, pela redução da superfície de transpiração da planta, para evitar a sua dessecação, parece ser uma das medidas comportamentais, entre outras, de resis- tência ao déficit hídrico, refletindo-se na sua morfologia. A redução da superfí- cie de transpiração é efetuada rápida e reversivelmente, pelo desdobramento e enrolamento das folhas. Esta ocorrên- cia também foi constatada para esta cul- tivar em estudo, principalmente, nos tra- tamentos nos níveis de 60 e 40% de água disponível no solo. Para os componentes de produção da cultivar em estudo (Figura 2), a varia- ção encontra-se representada pelas se- guintes equações de regressão: efeito quadrático para o NGV (Y1) e efeito li- near para o NVP (Y2) e CMV (Y3). Nos valores estimados pelas equações, rela- tivo à testemunha foram observados decréscimos crescentes com o aumento do déficit hídrico, sendo para o NGV, decréscimos de aproximadamente 3; 9 e 22%, e para o NVP, reduções da or- dem de aproximadamente, 16; 32 e 49%, enquanto para o CMV, reduções de apro- ximadamente, 8; 16 e 24%, referentes aos níveis de 80; 60 e 40% AD, respec- tivamente para esses componentes. Para o componente MGP (Figura 3 a), verificou-se comportamento linear, e comportamento quadrático para a MVP (Figura 3 b). Nos resultados estimados, observou-se decréscimos de produção relativa à testemunha de aproximada- mente, 3; 8 e 13% para MGV, e para MVP, também reduções da ordem de 13; 23 e 30%, relativos aos níveis de 80; 60 e 40% AD, respectivamente para am- bos os componentes. De maneira geral, considerando es- tes resultados, verifica-se através das equações de regressão estudadas para os componentes de produção nas Figuras 2 e 3, grande variação da produção des- ta cultivar em estudo, frente às deficiên- cias hídricas impostas pelos tratamen- tos, com reduções significativas, à me- dida que diminuíram os níveis de água disponível no solo, sendo considerados Figura 1. (a) CHP, comprimento da haste principal, e (b) NFP, número de folhas por planta, em feijão caupi cv. IPA 206, cultivado sob níveis de água disponível no solo. Areia, UFPB, 2000. Figura 2. Número de grãos por vagem, NGV (Y1), número de vagens por planta, NVP (Y2) e comprimento médio de vagens por planta, CMV (Y3), em feijão caupi cv. IPA 206, cultiva- do sob níveis de água disponível no solo. Areia, UFPB, 2000. J. T. Nascimento et al. 177Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004 críticos para esta cultivar, os níveis de 60 e 40%. O componente NVP foi grandemente afetado pelos níveis de estresse hídrico e com mais severidade que o ocorrido nos outros componen- tes, em todos os níveis de déficit hídrico impostos pelos tratamentos. Segundo Leite et al. (2000), tal comportamento pode ser explicado como um dos meca- nismos de resistência à seca utilizado por esta planta, no sentido de buscar melhores condições para superar a falta de água, produzindo menor quantidade de vagens. Por sua vez, Lima (1996), avaliando o efeito de cinco níveis de água disponível no crescimento e pro- dutividade do feijão caupi, observou também que o número de vagens por planta diminuiu com o aumento do estresse hídrico. Para este autor, a redu- ção deste componente parece ser o prin- cipal fator de decréscimos na produção de grãos de feijão caupi. Miranda e Belmar (1977) e Stone et al. (1988) tam- bém observaramredução no número de vagens por planta em feijoeiros subme- tidos à deficiência hídrica. Summerfield et al. (1976), encontrou no caupi redu- ção de 50% no número de vagens e massa de grãos por planta quando o estresse hídrico foi imposto na fase de desenvolvimento vegetativo. De acordo com Karamanos et al. (1982), a ocorrência de estresse hídrico durante a fase vegetativa inicial, provo- ca redução do crescimento e da superfí- cie fotossintética, ocorrendo conseqüen- temente, menor número de flores, de va- gens por planta e de grãos por vagens. Carvalho et al. (2000), por sua vez, constataram queda na produção de 32 a 100%, relativos aos níveis de 80 e 20% de água consumida, respectivamente, em relação à testemunha (reposição de 100% de água consumida). Ritchie (1981) afirma que além de afetar a ex- pansão foliar, a deficiência hídrica do solo pode causar o enrolamento e a abscisão, ou morte parcial das folhas, diminuição da brotação, polinização, translocação e enchimento de grãos, bem como, o abortamento das vagens. Para esta cultivar em estudo, IPA 206, os níveis de água disponível no solo de 40 e 60%, exerceram efeitos extremamente negativos sobre os componentes de pro- dução, especialmente sobre o número de vagens por planta com mais severidade, evidenciando-se ser este um mecanismo importante de resistência à seca. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao Prof. Dr. Genildo Bandeira Bruno, Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Agronomia do CCA-UFPB, pelo apoio concedido para a realização deste expe- rimento. LITERATURA CITADA BABALOLA, O. Water relations of three cowpea cultivars [Vigna unguiculata (L.) Walp]. Plant and Soil, v.56, p.59-69, 1980. CARVALHO, J.A.; PEREIRA, G.M.; ANDRADE, M.J.B.; ROQUE, M.W. Efeito do déficit hídrico sobre o rendimento do feijão caupi [Vigna unguiculata (L.) Walp]. Ciênc. Agrotec., Lavras, v.24, n.3, p.710-717, 2000. COSTA, M.M.M.N.; TÁVORA, F.J.A.F.; PINHO, J.L.N.; MELO, F.I.O. Produção, componentes de produção, crescimento e distribuição das raízes de caupi submetido à deficiência hídrica. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.32, n.1, p.43- 50, 1997. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. CNP-Arroz e Feijão Promo- ve Reunião e Cursos sobre o Cultivo da Cultura do Caupi. Brasília: 46-82, 1982. (EMBRAPA- CNPAF. Informativo, 9) HILER, E.A.; VAN BAVEL, C.H.M.; HOSSAIN, M.M.; JORDAN, W.R. Sensitivity of southern peas to plant water deficit at three growth stages. Agron. J., v.64, p.60-64, 1972. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Esta- tística. Anuário estatístico. Rio de Janeiro, 1996. KARAMANOS, A.J.; ELSTON, J.; WADSWORTH, R.M. Water stress and leaf growth of field beans (Vicia faba, L.) in the field: water potentials and laminar expansion. Annals of Botany, v.49, n.6, p.815-826, 1982. LARCHER, W. Ecofisiologia vegetal. 4 ed. São Paulo: EPU. 1986, 339 p. LEITE, M.L.; RODRIGUES, J.D.; MISCHAN, M.M.; VIRGENS FILHO, J.S. Efeitos do déficit hídrico sobre a cultura do caupi [Vigna unguiculata (L.) Walp], cv. EMAPA-821. II - Análise de Cres- cimento. Rev. de Agricultura. Piracicaba, v.74, n.3, p.351-370, 1999. LEITE, M.L.; RODRIGUES, J.D.; VIRGENS FI- LHO, J.S. Efeitos do déficit hídrico sobre a cultura do caupi, cv. EMAPA-821. III - Produção. Rev. de Agricultura. Piracicaba, v.75, n.1, p.9-20, 2000. LIMA, G.P.B. Crescimento e produtividade do caupi [Vigna unguiculata (L.) Walp] sob diferen- tes níveis de disponibilidade hídrica do solo. In: REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE CAUPI, 4., 1996, Teresina. Resumos... Teresina: CNPAMN/ EMBRAPA, 1996. p.41-43. MIRANDA, N.O.; BELMAR, N.C. Déficit hídrico y frecuencia de riego en frijol (Phaseolus vulgaris L.). Agricultura Técnica, v.37, n.3, p.111- 117, 1977. OLIVEIRA, A.P.; ARAÚJO, J.S.; ALVES, E.U.; NORONHA, M.A.S.; CASSIMIRO, C.M.; MEN- DONÇA, F.G. Rendimento de feijão caupi cultiva- do com esterco bovino e adubo mineral. Horticultura Brasileira. Brasília, v.19, n.1, p.81-84, 2001. RESENDE, M.; HENDERSON, D.W. FERERES, E. Freqüência de irrigação e produção de feijão Kidney. Pesquisa Agropecuária Bras., Brasília, v.16, n.3, p.363-370, 1981. RITCHIE, J.T. Water dynamics in the soil-plant- atmosphere system. Plant and Soil, v.58, p.81-96, 1981. SANTOS, C.A.F.; ARAÚJO, F.P.; MENEZES, E.A. Comportamento produtivo de caupi em re- gime irrigado e de sequeiro em Petrolina e Juazeiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.35, n.11, p.2229-2234, 2000. STONE, L.F.; MOREIRA, J.A.A.; SILVA, S.C. Efeitos da tensão da água do solo sobre a produti- vidade e crescimento do feijoeiro. I. Produtivida- de. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.23, n.2, p.161-167, 1988. SUMMERFIELD, R.J.; HUXLEY, P.A.; DART, P.J.; HUGHES, A.P. Some effects of environmental stress on seed yield of cowpea. Plant and Soil, v.44, p.527-546, 1976. SUMMERFIELD, R.J.; PATE, J.S.; ROBERTS, E.H.; WIEN, H.C. The physiology cowpea. In: SINGH, S.R.; RACHIE, K.O. (Eds.). Cowpea research, production and utilization. Chichester: John Wiley, 1985. p.66-101. TÁVORA, F.J.A.F.; MELO, F.I.O. Respostas de cultivares de amendoim a ciclos de deficiência hídrica: crescimento vegetativo, reprodutivo e re- lações hídricas. Ciência Agronômica, Fortaleza, v.22, n.1/2, p.47-60, 1991. TURK, K.J.; HALL, A.E. Drougth adaptation of cowpea. III. Influence of drougth on plant growth and relations with seed yield. Agonomy Journal, v.72, p.428-433, 1980. ZISKA, L.H.; HALL, A.E. Seed yields and water use of cowpeas [Vigna unguiculata (L.) Walp] subjected to planned-water deficit irrigation. Irrigation Science, v.3, p.1-9, 1982. Figura 3. (a) MGV, massa de grãos por vagem, e (b) MVP, massa de vagens por planta, em feijão caupi cv. IPA 206, cultivado sob níveis de água disponível no solo. Areia, UFPB, 2000. Efeito da variação de níveis de água disponível no solo sobre o crescimento e produção de feijão caupi, vagens e grãos verdes 178 Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004 A alface encontra-se entre as cincohortaliças de maior movimento fi- nanceiro na CEASA (RS), sendo somen- te menor do que tomate, batata, cebola e cenoura. É a segunda maior em ter- mos de volume comercializado dentre as folhosas, apresentando um montante de 7,72 t comercializadas em 2001 (CEASA, 2002). No estado do Rio Grande do Sul, a alface é produzida durante todo o ano, existindo, no entanto, dois períodos com condições climáticas pouco favoráveis: o verão, quando ocorrem elevadas tem- peratura do ar e radiação solar, o que favorece o pendoamento precoce das plantas; e o inverno com ocorrência de baixas temperaturas e precipitações plu- viais prolongadas que podem retardar o crescimento e danificar as plantas (Segovia et al., 1997). A alface, cultura de clima tempera- do, é melhor adaptada a temperaturas baixas do que às altas. A máxima tole- rável pela planta fica em torno de 30ºC e a mínima situa-se em torno de 6ºC, para a maioria das cultivares. É uma planta que exige grandes amplitudes tér- micas entre o dia e a noite. A umidade RADIN, B.; REISSER JÚNIOR, C.; MATZENAUER, R.; BERGAMASCHI, H. Crescimento de cultivares de alface conduzidas em estufa e a campo. Horticultura Brasileira, Brasília, v.22, n.2, p.178-181, abril-junho 2004. Crescimento de cultivares de alface conduzidas em estufa e a campo Bernadete Radin1; Carlos Reisser Júnior2; Ronaldo Matzenauer1; Homero Bergamaschi3 1FEPAGRO/SCT, Rua Gonçalves Dias, 570, 90130-060 Porto Alegre-RS; 2Embrapa Clima Temperado, C. Postal 403, 96001-970 Pelotas-RS; 3UFRGS, C. Postal 776, 91501-970 Porto Alegre-RS. E-mail: radin@fepagro.rs.gov.br relativa mais adequada ao bom desen- volvimento da alface, varia de 60 a 80%, mas em determinadas fases de seu ciclo apresenta melhor desempenho com va- lores inferiores a 60%. Umidade muito elevada favorece a ocorrência de doen- ças, fato que constitui um dos proble- mas da culturaproduzida em estufa plás- tica (Cermeño, 1990). Comparando o crescimento e desen- volvimento de algumas cultivares de alface durante o inverno, em estufa e a campo, Segovia et al. (1997) mostraram que o número de folhas emitidas na es- tufa apresentou tendência de maiores valores. Por outro lado, o acúmulo de massa seca apresentou velocidade seme- lhante, nos dois ambientes, embora com valores menores a campo. Também fo- ram verificadas taxas de crescimento maiores no interior de estufas, resultan- do em produção mais precoce e de me- lhor qualidade do que aquela obtida em ambiente não protegido. Na análise dos parâmetros de cres- cimento e desenvolvimento foi obser- vado que o cultivo em estufa influencia a velocidade de crescimento da planta. Os parâmetros da massa seca foliar e do índice de área foliar indicam que a massa específica das folhas é menor no inte- rior da estufa. Isso significa que no in- terior da estufa as folhas se expandem mais rapidamente, o que pode ser atri- buído, principalmente, aos teores mais elevados da umidade relativa do ar exis- tentes no interior da estufa. Essa carac- terística favorece a aparência visual do produto, mas é negativa do ponto de vis- ta da resistência ao transporte e da con- servação pós-colheita (Tibbits e Bottemberg, 1976). Segundo Dantas e Escobedo (1998), a taxa de crescimento relativo (TCR), expressa em função da variação da mas- sa seca, no verão foi aproximadamente 9% superior na parte externa do que a interna da estufa. Entretanto, no inver- no, a TCR foi maior dentro da estufa plástica, em torno de 20%. De maneira geral, a TCR média do inverno superou a TCR média do verão em 10%. A taxa de crescimento da cultura (TCC) que correlaciona o índice de área foliar com a taxa de assimilação líquida, expres- sando a produção de massa seca em re- lação à área cultivada, geralmente foi maior no verão, com superioridade de RESUMO Alguns indicadores de crescimento das cultivares de alface Verônica, Marisa e Regina foram analisados, através de um experi- mento em estufa de plástico e a campo, de 15/04 a 03/06/99, na FEPAGRO, em Eldorado do Sul (RS). As amostragens das plantas iniciaram-se uma semana após o transplante e prosseguiram (sema- nalmente) até o final do ciclo da cultura. As plantas cultivadas em estufa, apresentaram aumento na massa de matéria fresca e seca fo- liar, na área foliar e área foliar específica e no número de folhas. Além disso, o ciclo da cultura foi reduzido, quando comparada àquela cultivada a campo. As cultivares não apresentaram diferença entre si quando cultivadas em ambiente de estufa, mas, em condições de campo, a cultivar Regina apresentou maior número de folhas e maior índice de área foliar do que as cultivares Marisa e Verônica. Palavras-chave: Lactuca sativa L., estufa de plástico, matéria seca, matéria fresca. ABSTRACT Growth of lettuce cultivars in greenhouse and the field The growth of lettuce cvs. Veronica, Marisa and Regina was analised through an experiment carried out under plastic greenhouse and under field conditions, from April 15th to June 03rd 1999, in Eldorado do Sul, Rio Grande do Sul State, Brazil. Sampling of plants started one week after transplanting and proceeded until the end of the plant cycle on a weekly basis. The lettuce cultivated under greenhouse presented more fresh and dry mass, leaf area, specific leaf area and greater number of leaves. In addition, plants cultivated under greenhouse presented a shorter cycle when compared to the plants cultivated in field conditions. The cvs. did not show any difference when cultivated under greenhouse environment, but, in field conditions, the cv. Regina presented a larger number of leaves and a larger leaf area index than the cultivars Marisa and Veronica. Keywords: Lactuca sativa L., plastic greenhouse, fresh matter, dry matter. (Recebido para publicação em 6 de janeiro de 2003 e aceito em 5 de janeiro de 2004) 179Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004 aproximadamente 69% nos ambientes protegidos e de 60% na parcela exter- na, refletindo demasiadamente no ren- dimento final da cultura. A alface é uma folhosa extremamen- te sensível às variações meteorológicas e ao excesso de chuva. Por este motivo realizou-se um experimento em ambien- te de estufa e a campo, com o objetivo de analisar alguns indicadores de cres- cimento das cultivares de alface Verônica, Marisa e Regina, em Eldorado do Sul (RS). MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na FEPAGRO em Eldorado do Sul (latitu- de 30005S; longitude 51039W; altitude 10 m) na região climática da Depressão Central do Rio Grande do Sul. O clima da região é Cfa subtropical úmido de verão quente. A precipitação média anual é de 1440 mm e a evapotranspiração de referência (Método de Penman) é de 1235 mm na média anual (Bergamaschi e Guadagnin, 1990). O experimento foi conduzido a cam- po e em estufa plástica tipo pampeana, com cobertura em arco, possuindo 24 m de comprimento e 10 m de largura, cober- ta com polietileno transparente de 150 µm de espessura. Na parte lateral da estufa havia tela antiinsetos de coloração bran- ca. Foram utilizadas três cultivares de al- face: Regina (lisa), Verônica e Marisa (crespas). O espaçamento utilizado foi de 30 cm entre linhas e 30 cm na linha. A semeadura foi realizada em ban- dejas de poliestireno expandido, com 128 células, em 17/03/99. O substrato utilizado foi à base de compostagem de pinus. Em 15/04 foi realizado o trans- plante das mudas para os canteiros nos dois ambientes. As amostragens das plantas iniciaram uma semana após o transplante (22/04), e continuaram se- manalmente até o final do ciclo da cul- tura (20/05 em estufa e 03/06 a campo). Foram utilizados tensiômetros de manômetros de mercúrio (construídos) para o monitoramento do potencial matricial da água no solo, para que não houvesse restrição hídrica. A irrigação foi realizada por gotejamento, através de mangueiras com gotejadores integra- dos tipo labirinto. Não foi aplicada adu- bação e nem defensivos durante o ciclo de desenvolvimento da cultura. A abertura das cortinas da estufa era realizada em torno das 8 horas e o fe- chamento por volta das 18 horas, com exceção dos dias em que havia muito vento, nos quais as cortinas eram fecha- das para evitar danos às plantas e/ou à cobertura da estufa. Durante o período experimental, fo- ram coletadas duas plantas por parcela e em cinco repetições. Analisou-se a área foliar (AF), massa de matéria fres- ca aérea (MMF), massa de matéria seca aérea (MMS), número de folhas (NF), área foliar específica (AFE), taxa de crescimento absoluto (TCA) e percen- tagem de matéria seca. A área foliar foi medida com a aju- da do um integrador de área foliar LI- COR (modelo LI 3000). A determina- ção da massa de matéria fresca aérea (MMF) foi realizada pela pesagem das folhas logo após a colheita das mesmas. A determinação da massa de matéria seca aérea (MMS) foi realizada secan- do-se as folhas das plantas em estufa ventilada a 750C, até peso constante, realizando-se posteriormente a pesagem das mesmas. A área foliar específica (AFE) foi calculada da seguinte maneira: (1) A taxa de crescimento absoluto (TCA) foi calculada pela seguinte ex- pressão: (2) em que P2 P1 é a diferença de mas- sa de matéria seca (g), em determinada área, e T2 T1 é o intervalo de tempo (dias) entre as duas amostragens. Os resultados foram avaliados pela análise de variância tendo sido utiliza- do o delineamento de blocos casualizados com cinco repetições, sen- do cada bloco constituído de três parce- las de vinte plantas. Para a caracterização das condições meteorológicas dos ambientes no inte- rior e no exterior da estufa utilizou-se dois termohigrógrafos (marca Fuess): um localizado na parte central da estufa e outro a campo a 1,2 macima da su- perfície do solo. De maneira geral, a temperatura no interior da estufa foi, no máximo, 20C superior à observada a campo. RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise da evolução semanal da massa de matéria fresca (MMF), das folhas das cultivares de alface Regina, Marisa e Verônica nos dois ambientes indicou que o ambiente exerce influên- cia no desenvolvimento das plantas, ou seja, as plantas produzidas em ambien- tes protegidos, apresentaram maior pro- dução de matéria fresca (Figura 1). Este aspecto é evidenciado pela menor per- centagem de matéria seca existente nas folhas das plantas cultivadas no interior da estufa e também pela maior área fo- liar (Figura 2). No momento da colhei- ta, as plantas cultivadas fora da estufa apresentaram mais de 6% de matéria seca, enquanto que as cultivadas em es- tufa apresentaram em torno de 3%. Isto mostra que as plantas cultivadas em es- tufa apresentaram-se mais hidratadas, o que as torna mais tenras e com melhor aspecto visual. Não foi observada diferença signi- ficativa entre as cultivares estudadas no que se refere à produção de matéria fres- ca das folhas da alface no cultivo em estufa. No entanto, no cultivo em con- dições de campo, a variedade Marisa apresentou valores significativamente menores quando comparada às demais (Tabela 1 e Figura 1A). Observou-se que, no interior da es- tufa, houve antecipação na colheita, sen- do esta realizada aos 35 DAT. Neste período as plantas cultivadas a campo ainda não haviam se desenvolvido ple- namente, apresentando menor MMF e MMS (Figura 1). A antecipação da co- lheita da alface no cultivo em estufa tam- bém foi verificada por Segovia et al. (1997) e Dantas e Escobedo (1998). Também analisou-se as diferenças entre as cultivares dentro de cada am- biente, ao longo de todo o ciclo da cul- tura. Os resultados mostraram que, em estufa, a MMS entre as cultivares não se diferenciaram entre si. A campo, as cultivares se diferenciaram somente nas duas últimas semanas antes da colheita (Figura 1B), sendo a cultivar Marisa inferior às demais. Crescimento de cultivares de alface conduzidas em estufa e a campo 180 Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004 O ambiente também influenciou no número de folhas produzidas por planta (Figura 3A e Tabela 1). As alfaces, quan- do cultivadas em estufa, apresentaram um número final de folhas maior do que as cultivadas a campo. Segundo Hermes et al. (2001) a variedade de alface Re- gina necessita de 45,1 GD (graus-dia) para a emissão de uma nova folha. Como no ambiente de estufa havia maior tem- peratura durante o período do experi- mento, pode-se inferir que houve maior soma de GD, o que provocou aumento no número de folhas das três cultivares no ambiente da estufa. Além disso, a temperatura exerce efeito significativo na taxa de aparecimento de folhas em diversas espécies de plantas. Em Cowpea (Vigna unguiculata L.) por exemplo, o aumento de temperatura ace- lera o aparecimento de folhas (Craufurd et al., 1997). Também observou-se diferenças no número de folhas entre as cultivares es- tudadas, ou seja, a variedade Regina apresentou maior número de folhas que as cultivares Verônica e Marisa, as quais não apresentaram diferença entre si (Fi- gura 3A e Tabela 1). Também é impor- tante observar que a variedade Regina, cultivada a campo, apresentou maior número de folhas que as cultivares Marisa e Verônica cultivadas no interior da estufa. Isto é um indicativo de que a variedade Regina apresenta melhor adaptação ao ambiente e/ou menor ne- cessidade de graus dia, do que as outras cultivares, para emissão de novas folhas. O ambiente da estufa teve influên- cia no estabelecimento da superfície foliar da alface, fazendo com que as cultivares apresentassem aumentos sig- nificativos do índice de área foliar em relação ao cultivo a campo, desde a pri- meira semana de cultivo. A variedade Regina apresentou IAF maior que as demais, as quais, não apresentaram di- ferença entre si (Figura 2B e Tabela 1). Os dados obtidos para área foliar específica (AFE), que representa a área foliar pelo seu respectivo peso, indica- ram que o ambiente da estufa também influencia este parâmetro (Figura 3B). Em estufa, onde ocorre menor disponi- bilidade de radiação solar incidente de- vido a redução de aproximadamente B. Radin et al. Figura 1. Massa de matéria fresca foliar (MMF) (A) e massa de matéria seca foliar (MMS) (B) de três cultivares de alface cultivadas em estufa e a campo em função de dias após o transplante (DAT). Eldorado do Sul (RS), FEPAGRO, 1999. BA Figura 2. Percentagem de massa de matéria seca (%MMS) (A) e índice de área foliar (IAF) (B) nas três cultivares de alface cultivadas em estufa e a campo em função de dias após o transplante (DAT). Eldorado do Sul (RS), FEPAGRO, 1999. BA *Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Tabela 1. Massa de matéria fresca foliar (MMF), massa de matéria seca foliar (MMS), área foliar (AF) e número de folhas (NF) da cultura da alface, observados no dia da colheita. Eldorado do Sul (RS), FEPAGRO, 1999. 181Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004 LITERATURA CITADA BERGAMASCHI, H.; GUADAGNIN, M. Agroclima da estação experimental agronômica da UFRGS. Porto Alegre, Faculdade de Agrono- mia, UFRGS, 1990. CEASA. Disponível em http:// www.ceasars.gov.br. Acesso em novembro 2002. CERMEÑO, Z.S. Estufas instalações e mane- jo. Lisboa. Litexa Editora, Ltda. 355 p. 1990. CHARLES-EDWARDS, D.A. A model for leaf growth. Annals of Botany, London, v.44, p.523- 535, 1979. CHARLES-EDWARDS, D.A.; DOLEY, D.; RIMMINGTON, G.M. Modelling plant growth and development. North Ryde: Academic Press, 1986. 235 p. CRAUFURD, P.Q.; SUBEDI, M.; SUMMERFIELD, R.J. Leaf appearance in Cowpea: Effects of temperature and photoperiod. Crop Science, Madison, v.37, p.167-171, 1997. DALE, J.E. The control of leaf expansion. Annual Review of Plant Physiology and Plant Molecular Biology, Palo Alto, v.30, p.267-295, 1988. DANTAS, R.T.; ESCOBEDO, J.F. Índices morfo- fisiológicos e rendimento da alface (Lactuca sativa L.) em ambientes natural e protegido. Revista Bra- sileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Cam- pina Grande, v.2, n.1, p.27-31, 1998. HERMES, C.C.; MEDEIROS, S.L.P.; MANFRON, P.A.; CARON, B.; POMMER, S.F.; BIANCHI, C. Emissão de folhas de alface em fun- ção de soma térmica. Revista Brasileira de Agrometeorologia, Santa Maria, v.9, n.2, p.269- 275, 2001. SEGOVIA, J.F.O.; ANDRIOLO, J.L; BURIOL, G.A.; SCHNEIDER, F.M. Comparação do cresci- mento e desenvolvimento da alface (Lactuca sativa L.) no interior e no exterior de uma estufa de polietileno em Santa Maria, RS. Ciência Ru- ral, Santa Maria, v.27, n.1, p. 37-41, 1997. TIBBITS, T.W.; BOTTEMBERG, G. Growth of lettuce under controlled humidity levels. Journal of the American Society of Horticultural Science. Mount Vernon, v.101, n.1, p.70-73, 1976. 30% pelo material de cobertura, a AFE foi maior. Isto está de acordo com re- sultados de Dale (1988), o qual obser- vou que, o aumento de sombreamento resulta em folhas maiores mas, mais fi- nas. Charles-Edwards (1979), também relata que folhas que tiveram sua expan- são celular sob condições de baixa dis- ponibilidade de radiação solar são mais finas, e tem maior superfície de área foliar do que folhas que se expandiram sob condições de alta disponibilidade de radiação solar. As oscilações da AFE que ocorrem ao longo do ciclo podem ser devido às variações da temperatura e da radiação solar. Segundo Carles-Edwards et al. (1986), a AFE de plantas de toma- te e de crisântemo que cresceram em ambiente controlado foram correlacionadas com a temperatura mé- dia do ambiente. As duas culturas apre- sentaram aumento da AFE com o au- mento da temperatura enquanto que o aumento na disponibilidadede radiação solar resultou em decréscimos na AFE. Em plantas de milho e de tomate que cresceram em condições de alta disponi- bilidade de radiação solar, a AFE pode decrescer por causa do acúmulo de ami- do nos cloroplastos com o decorrer do ci- clo (Charles-Edwards et al., 1986). Com isso, pode-se inferir que o declínio da AFE com o decorrer do tempo poderia ser de- vido ao acúmulo de material estrutural e também ao envelhecimento das folhas. Em síntese observou-se, no presen- te trabalho, que o cultivo em estufa ace- lera os parâmetros de crescimento de diferentes cultivares de alface, o que se reflete, principalmente, numa antecipa- ção da colheita. Para as condições de campo observou-se um melhor desem- penho da cultivar Regina, em relação às cultivares Marisa e Verônica. Crescimento de cultivares de alface conduzidas em estufa e a campo Figura 3. Número de folhas por planta (A) e área foliar específica (AFE) (B) de três cultiva- res de alface cultivadas em estufa e a campo em função de dias após o transplante (DAT). Eldorado do Sul (RS), FEPAGRO, 1999. BA 182 Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004 Lippia alba (Mill.) N.E. Brown é umadas espécies medicinais mais utili- zadas pela população brasileira, de acor- do com a lista publicada pela Central de Medicamentos (CEME), (Angelucci et al., 1990; Ming, 1992). Popularmen- te conhecida como erva-cidreira, foi incluída em projetos como Farmácias Vivas, da Universidade Federal do Ceará (Mattos, 2000a) e Fitoterapia nos Serviços de Saúde, implementado pela Secretaria Estadual de Saúde do Paraná (Ming, 1990), além de alguns projetos desenvolvidos pela Prefeitura de Cam- pinas (SP), que visam oferecer, sem fins lucrativos, assistência farmacêutica fitoterápica às comunidades carentes (Castro, 2001). Porém, a Organização Mundial de Saúde considera fundamen- tal que se realizem investigações expe- rimentais acerca das plantas utilizadas para fins medicinais e de seus princí- pios ativos, para garantir sua eficácia e segurança terapêutica (Carlos et al., 2000). Paralelamente, se faz necessário o levantamento etnobotânico das espé- cies medicinais de cada região fitogeográfica do Brasil (Matos, 1997). SANTOS, M.R.A.; INNECCO, R. Adubação orgânica e altura de corte da erva-cidreira brasileira. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 22, n. 2, p. 182-185, abril-junho 2004. Adubação orgânica e altura de corte da erva-cidreira brasileira1 Maurício R.A. Santos2; Renato Innecco3 2Embrapa Agroindústria Tropical, C. Postal 3761, 60511-110 Fortaleza-CE; E-mail: mrasantos@zipmail.com.br; 3UFC, Depto Fitotecnia, C. Postal 12.168, 60356-001 Fortaleza-CE; E-mail: innecco@ufc.br É de grande importância que se es- tabeleçam linhas de ação voltadas para o desenvolvimento de técnicas de ma- nejo ou cultivo (pesquisas fitotécnicas) das plantas com potencial terapêutico, considerando-se a sua utilização pelo homem e a manutenção do equilíbrio dos ecossistemas (Mattos, 2000b). É fundamental que estas técnicas sejam desenvolvidas respeitando-se as condi- ções edafoclimáticas regionais, uma vez que a produção de princípios ativos pe- las plantas pode ser intensamente afeta- da pelo ambiente de cultivo (Retamar, 1977; Zoghbi et al., 1998). O objetivo deste trabalho foi esta- belecer parte da tecnologia de produção de L. alba, quimiotipo limoneno- carvona (Matos, 1996), nas condições do nordeste brasileiro, avaliando os efei- tos de níveis de adubação orgânica e de altura de corte das plantas na produção de matéria seca foliar, no teor e na com- posição química do óleo essencial. MATERIAL E MÉTODOS Os estudos de campo foram realiza- dos em área da UFC, no município de Pentecoste (CE). A região apresenta mé- dias anuais de 26,8°C de temperatura, 73% de umidade relativa do ar e 723,3 mm de precipitação pluviométrica, o que carac- teriza um clima do tipo quente e úmido (Mattos, 2000a). Utilizou-se mudas de erva-cidreira brasileira (Lippia alba Mill. N.E. Brown - Verbenaceae; det.: F.R.S. Pires; exsicata n° 21.806 - Herbário Prisco Bezerra/UFC; coleta: Horto de Plantas Medicinais/UFC, 21.02.1995), produzidas por estaquia e mantidas sob sombrite, com nebulização, por um período de 60 dias até serem transplantadas para canteiros de alvenaria com 10,0 m2, no espaçamento de 0,50 x 0,50 m, com irrigação por as- persão, duas vezes ao dia, por períodos de três horas. O delineamento estatístico foi em parcelas subdivididas, sendo as doses de adubo orgânico: zero, 2 e 4 kg/m2 (tra- tamentos primários, em blocos ao acaso, com 3 repetições); e as alturas de corte: 15; 30 e 45 cm (tratamentos secundários), em parcelas de 2,0 m2, com 8 plantas cada. Os substratos foram preparados mis- turando-se adubo orgânico (Vitasolo) com arenito. Foram retiradas amostras das parcelas, cuja análise resultou, para 1 Extraído da tese de doutorado do primeiro autor, realizada com apoio da CAPES. RESUMO Avaliou-se os efeitos da adubação orgânica e de alturas de corte em plantas de Lippia alba, quimiotipo limoneno-carvona, na produ- ção de matéria seca foliar e de óleo essencial, no Nordeste brasilei- ro. As doses 0; 2 e 4 kg m-2 de adubo foram aplicadas em parcelas subdivididas em cortes de 15; 30 e 45 cm de altura, agrupadas em blocos casualizados. Foram realizadas colheitas aos 60 e 120 dias após o plantio. A adubação não influenciou significativamente as produções de matéria seca foliar e de óleo essencial. O corte a 45 cm de altura resultou na maior produção de matéria seca foliar. As maio- res concentrações de óleo essencial foram obtidas nos cortes a 30 e 45 cm de altura. Palavras-chave: Lippia alba, Verbenaceae, óleo essencial. ABSTRACT Organic fertilization and cutting height of Lippia alba The effects of organic fertilization and cutting height on dry matter and essential oil production from leaves of Lippia alba, limonene-carvone chemotype, were evaluated in the Northeastern Brazilian Region. A split plot experiment was conducted with the organic fertilization (0; 2 and 4 kg m-2) as main plots and 15; 30 and 45 cm cutting height as subplots. First harvest was done 60 days and the second 120 days after planting date. Dry matter and essential oil production were not influenced by fertilization. Highest dry matter production was observed on 45 cm cutting height. Highest essential oil production was obtained on 30 and 45 cm cutting height. Keywords: Lippia alba, Verbenaceae, essential oil. (Recebido para publicação em 24 de março de 2003 e aceito em 24 de janeiro de 2004) 183Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004 0,0 kg m-2 de adubo: pH = 4,3; Ca = 1,0 cmolc dm-3; Mg = 1,0 cmolc dm-3; K = 60,0 mg dm-3; Na = 52,0 mg dm-3; Al = 0,15 cmolc dm-3 e P = 3,0 mg dm-3; para 2,0 kg m-2: pH = 4,8; Ca = 1,4 cmolc dm-3; Mg = 1,3 cmolc dm-3; K = 93,0 mg dm-3; Na = 46,0 mg dm-3; Al = 0,10 cmolc dm-3 e P = 115,0 mg dm-3; e para 4 kg m-2: pH = 4,8; Ca = 1,4 cmolc dm-3; Mg = 1,4 cmolc dm-3; K = 121,0 mg dm-3; Na = 64,0 mg dm-3; Al = 0,10 cmolc dm-3 e P = 155,0 mg dm-3. Foram realizadas duas colheitas, aos 60 e 120 dias após o trans- plante das mudas (nos meses de agosto e outubro/2002, respectivamente), em tor- no das 9 horas da manhã, nas quais se coletou quatro repetições de 500 g de folhas frescas, as quais foram imediata- mente submetidas à extração de óleo es- sencial por arraste a vapor, utilizando metodologia descrita por Craveiro et al. (1981). As folhas foram secas em estufa, a 45°C, até atingirem peso constante. Utilizando uma balança analítica, deter- minou-se a matéria seca das folhas. Os rendimentos de óleo essencial e dos seus constituintes foram obtidos através de CG/EM, de acordo com metodologia descrita por Alencar et al. (1984). Os dados obtidos foram submetidos à análi- se de variância e as médias foram com- paradas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de significância(Gomes, 1986). RESULTADOS E DISCUSSÃO Não ocorreram diferenças significa- tivas entre os tratamentos de adubação, nas produções de matéria seca foliar e de óleo essencial (Tabela 1). Em rela- ção às duas variáveis estudadas, as pro- duções obtidas na segunda colheita fo- ram superiores às da primeira, prova- velmente porque as plantas já estavam plenamente estabelecidas. A produção de limoneno não sofreu efeito da adu- bação, em nenhuma das colheitas. A pro- dução de carvona foi influenciada ne- gativamente pela adubação: na primei- ra colheita, os resultados não diferiram significativamente, mas na segunda a ausência de adubação resultou na maior produção de carvona (5,015 L/ha). Este resultado se repetiu no total obtido des- te composto nas duas colheitas, perfa- zendo 7,053 L/ha. Estes resultados divergem de alguns trabalhos dentro da mesma linha de pes- quisa com outras plantas medicinais. Mattos (2000a) estudou a produção de matéria seca e de óleo essencial por plantas de Mentha arvensis L. (hortelã- japonesa), com doses de 0; 2; 4; 6 e 8 kg/m2 de adubo orgânico. O autor obte- ve produções máximas, nas duas variá- veis, com 6 kg/m2 de adubação. Em ex- perimento similar, Cruz (1999) também obteve, para Mentha x villosa Huds. (hortelã-rasteira), produções máximas com 6 kg/m2 de adubação. Os dois pes- quisadores mencionados trabalharam no Nordeste brasileiro. Estudando os efeitos das doses de 0; 1; 2; 3 e 4 kg/m2 de adubo orgânico em plantas de Achillea millefolium L. (mil- folhas), Scheffer e Ronzelli Júnior (1990), no Paraná, verificaram que as maiores produções de biomassa foram obtidas nos tratamentos que receberam 2 a 4 kg/m2 de adubo e os maiores teo- res de óleo essencial com as doses de 1 a 4 kg/m2. Ueda e Ming (1998), em Botucatu (SP), observaram correlação positiva da adubação química (N, P, K) com a produção de biomassa, ao longo de um ano, por plantas de Cymbopogon winterianus (citronela-de-java), mas a produção de óleo essencial não foi afe- tada pela adubação. As alturas de corte diferiram signi- ficativamente em relação à produção de matéria seca e de óleo essencial, nas duas colheitas (Tabela 2). Na primeira colheita, as produções de matéria seca obtidas nos cortes a 15 e 30 cm de altu- ra foram de 0,944 e 0,839 t/ha, respecti- vamente, e não diferiram significativa- mente entre si, mas foram superiores à obtida com corte a 45 cm. Na segunda colheita ocorreu situação inversa, isto é, corte a 45 cm resultou na maior pro- dução (1,840 t/ha), enquanto as outras produções obtidas foram inferiores e estatisticamente equivalentes. As produ- ções totais de cada tratamento, represen- tadas pelo somatório das produções ob- tidas nas duas colheitas, obedeceram ao mesmo padrão observado na segunda colheita: a maior produção (2,562 t/ha) foi obtida com corte a 45 cm. Isto se deve à magnitude dos valores obtidos na segunda colheita em relação à pri- meira (provavelmente devido ao fato das Adubação orgânica e altura de corte da erva-cidreira brasileira */ Letras diferentes indicam diferença significativa, dentro de cada colheita, com 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. Tabela 1. Efeito da adubação orgânica em plantas de Lippia alba, quimiotipo limoneno-carvona, em duas colheitas (agosto e outubro/2002). Pentecoste (CE), UFC, 2002. 184 Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004 plantas já estarem plenamente estabelecidas, como mencionado ante- riormente). Em termos práticos, pode-se afirmar que as plantas cortadas a 45 cm de altura apresentaram crescimento mui- to mais intenso do que as outras plantas, a ponto de compensar os menores valo- res obtidos na primeira colheita. Na segunda colheita, os rendimen- tos de óleo essencial presente nas folhas foram muito superiores aos obtidos na primeira colheita. O corte das plantas a 45 cm de altura resultou em maiores rendimentos de óleo essencial em rela- ção aos outros tratamentos, na primeira colheita, obtendo-se uma produção de 5,540 L/ha. Na segunda colheita, os ren- dimentos obtidos nos cortes a 30 e 45 cm não diferiram significativamente entre si (11,135 e 12,492 L/ha, respecti- vamente) e foram superiores aos resul- tados obtidos no corte a 15 cm. O mes- mo padrão foi observado quando se con- siderou os valores obtidos nas duas co- lheitas conjuntamente, obtendo-se 15,159 e 17,032 L/ha, respectivamente, nos cortes a 30 e 45 cm de altura. Estes resultados refletem o fato confirmado por Castro (2001), de que nas porções apicais das plantas de Lippia alba a pro- dução de metabólitos secundários é mais intensa do que em suas porções basais. A altura de corte não influenciou a produção dos compostos estudados na primeira colheita. Porém, na segunda colheita e no total das duas colheitas, o corte à altura de 30 cm resultou nas produções máximas de limoneno (2,397 e 3,151 L/ha) e, na produção de carvona, os maiores resultados foram obtidos com o corte a 15 cm de altura (5,805 e 7,903 L/ha). A falta de uniformidade desses resultados reflete o dinamismo das interconversões que ocorrem conti- nuamente entre os constituintes dos óleos essenciais. Estas interconversões envolvem reações de oxidação, redução, hidratação, desidratação, ciclização e isomerização, influenciadas por fatores ambientais (Castro, 2001). Resultado similar ocorreu no trabalho de Innecco et al. (2000), que submeteram plantas de Lippia sidoides (alecrim-pimenta) a quatro cortes sucessivos, a 10; 20; 30 e 40 cm de altura, observando que tanto as produções máximas de matéria seca quanto as de óleo essencial ocorreram em plantas cortadas a 30 cm de altura. Porém, Mattos et al. (2000), trabalhan- do com Ocimum gratissimum (alfava- ca-cravo), realizaram cinco cortes, em intervalos de 30 dias, nas alturas de 15 e 25 cm, observando que estes dois tra- tamentos não resultaram em diferenças significativas em relação às produções de matéria seca ou óleo essencial. Nas condições do presente trabalho, com relação ao quimiotipo limoneno- carvona da espécie Lippia alba (Mill.) N.E. Brown, pode-se afirmar que a adu- bação não influenciou significativamen- te a produção de biomassa foliar e de óleo essencial e não afetou a produção de limoneno, além de influenciar negati- vamente a produção de carvona. Entre as alturas de corte testadas, 45 cm é a que resultou na maior produção de biomassa foliar por área e, 30 e 45 cm são equiva- lentes quanto ao rendimento de óleo es- sencial por área. Porém, as maiores pro- duções de limoneno podem ser obtidas com corte à altura de 30 cm e as de carvona com corte à altura de 15 cm. LITERATURA CITADA ALENCAR, J.W.; CRAVEIRO, A.A.; MATOS, F.J.A. Kovats indexes as a preselection routine in mass-spectra library searches of volatiles. Journal of Natural Products, v.47, n.5, p.890-892, 1984. ANGELUCCI, M.E.M.; CORDAZZO, S.N.; FORTES, V.A. Efeitos farmacológicos do extrato de Lippia alba (Mill.) N.E.B. In: SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL, 11., 1990, João Pessoa. Resumos... João Pessoa: SBPM, 1990. PN 4.12. CARLOS, I.C.C.; PESSOA, M.T.F.C.; SIQUEIRA, R.L.C.L. Registro de medicamentos fitoterápicos. Fortaleza: Secr. Saúde do Est. do Ceará, 2000. 37 p. CASTRO, D.M. Efeito da variação sazonal, co- lheita selecionada e temperaturas de secagem sobre a produção de biomassa, rendimento e com- posição de óleos essenciais de folhas de Lippia alba (Mill.) N. E. Br. ex Britt. e Wilson (Verbenaceae). 2001. 132 p. (Tese doutorado), UNESP, Botucatu. CRAVEIRO, A.A.; FERNANDES, A.G.; ANDRADE, C.H.; MATOS, F.J.A.; ALENCAR, J.W.; MACHADO, M.I.L. Óleos essenciais de plan- tas do nordeste. Fortaleza: EUFC, 1981. 209 p. CRUZ, G.F. Desenvolvimento de sistema de cultivo para hortelã-rasteira (Mentha x villosa Huds.). 1999. 35 p. (Tese mestrado), UFC, Fortaleza. GOMES, F.P. Curso de estatística experimental. São Paulo: Nobel, 1986. 430 p. INNECCO,R.; MATTOS, S.H.; CRUZ, G.F. De- terminação da altura de corte do alecrim-pimen- ta. Horticultura Brasileira, Brasília, v.18, p.992- 993, 2000. Suplemento. Trabalho apresentado no 40° Congresso Brasileiro de Olericultura, 2000. M. R. A. Santos e R. Innecco */ Letras diferentes indicam diferença significativa, dentro de cada colheita, com 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. Tabela 2. Efeito da altura de corte em plantas de Lippia alba, quimiotipo limoneno-carvona, em duas colheitas (agosto e outubro/2002). Pentecoste (CE), UFC, 2002. 185Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004 MATOS, F.J.A. As ervas cidreiras do nordeste do Brasil: estudo de três quimiotipos de Lippia alba (Mill.) N.E. Brown (Verbenaceae). Parte II Farmacoquímica. Revista Brasileira de Farmácia, v.77, n.4, p.137-141, 1996. MATOS, F.J.A. O formulário fitoterápico do pro- fessor Dias da Rocha. 2. ed. Fortaleza: EUFC, 1997. p.124. MATTOS, S.H. Estudos fitotécnicos da Mentha arvensis L. var. Piperacens Holmes como produ- tora de mentol no Ceará. 2000a. 98 p. (Tese dou- torado), UFC, Fortaleza. MATTOS, S.H. Perspectivas do cultivo de plantas medicinais para a fitoterapia no Estado do Ceará. Horticultura Brasileira, Brasília, v.18, p.45-46, 2000. Suplemento. Trabalho apresentado no 40° Congresso Brasileiro de Olericultura, 2000b. MATTOS, S.H.; INNECCO, R.; CRUZ, G.F.; EHLERT, P.A.D. Determinação da altura de corte em alfavaca-cravo. Horticultura Brasileira, Brasília, v.18, p.992-993, 2000. Suplemento. Tra- balho apresentado no 40° Congresso Brasileiro de Olericultura, 2000. MING, L.C. Estaquia da falsa erva cidreira - Lippia alba N. E. Brown (Verbenaceae). In: SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL, 11., 1990, João Pessoa. Resumos... João Pessoa: SBPM, 1990. PN 4.80. MING, L.C. Influência de diferentes níveis de adu- bação orgânica na produção de biomassa e teor de óleos essenciais de Lippia alba (Mill.) N.E. Br. Verbenaceae. 1992. 206 p. (Tese mestrado), UFPR, Curitiba. RETAMAR, J.A. Characteristics of essential oils. Rivista Italiana Essenze, Profumi, Piante Officinali, Aromi, Saponi, Cosmetici, Aerosol, v.59, n.10, p.534-537, 1977. Disponível em: <http://www.periodicos.capes.gov.br>. Acesso em 29/10/2002. SCHEFFER, M.C.; RONZELLI JÚNIOR, P. In- fluência de diferentes níveis de adubação orgâni- ca sobre a biomassa e teor de óleos essenciais da Achillea millefolium L. In: SIMPÓSIO DE PLAN- TAS MEDICINAIS DO BRASIL, 11., 1990, João Pessoa. Resumos... João Pessoa: SBPM, 1990. PN. 4.12. UEDA, E.T.; MING, L.C. Influência de N, P, K na produção de biomassa foliar e teor de óleo es- sencial em citronela-de-java Cymbopogon winterianus Poaceae. In: CONGRESSO BRA- SILEIRO DE OLERICULTURA, 38., 1998, Petrolina. Resumos... Petrolina: SOB, 1998. p. 352. ZOGHBI, M.G.B.; ANDRADE, E.H.A.; SAN- TOS, A.S.; SILVA, N.H.L.; MAIA, J.G.S. Essential oils of Lippia alba (Mill.) N.E.Br. growing wild in the brazilian amazon. Flavour and Fragrance Journal, v.13, n.1, p.47-48, 1998. Dis- ponível em: <http:// www.periodicos.capes.gov.br>. Acesso em: 29/10/ 2002. Adubação orgânica e altura de corte da erva-cidreira brasileira 186 Hortic. bras., v. 22, n. 2, abr.-jun. 2004 Um dos fatores mais limitantes dacultura da batata (Solanum tuberosum L.) é a sua suscetibilidade a grande número de doenças. Por ser cul- tura propagada vegetativamente, uma vez infectados, os tubérculos-semente levam à degenerescência da cultura com influências diretas sobre a produtivida- de (Assis, 1999; Lopes e Reifschneider, 1999). Se por um lado, o controle de fungos e bactérias pode ser feito por meio de produtos químicos, o mesmo não acontece com as viroses, devido à interação dos vírus com as células da planta (Fortes e Pereira, 2003). Na prática, há duas formas de se obter material propagativo livre de ví- rus: por meio do cultivo das sementes verdadeiras ou botânicas ou através da cultura de meristemas. O uso de semen- tes verdadeiras para multiplicação da batata tem importância apenas para tra- balhos de melhoramento da espécie, devido, principalmente, à variabilidade PEREIRA, J.E.S.; FORTES, G.R.L. Produção de mudas pré-básicas de batata por estaquia a partir de plantas micropropagadas. Horticultura Brasileira, Brasília, v.22, n.2, p.186-192, abril-junho 2004. Produção de mudas pré-básicas de batata por estaquia a partir de plan- tas micropropagadas Jonny Everson Scherwinski Pereira1; Gerson Renan de Luces Fortes2 1Embrapa Acre, C. Postal 321, 69908-970 Rio Branco-AC; Email: jonny@cpafac.embrapa.br; 2Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, C. Postal 02372, 70770-900 Brasília-DF que este tipo de material pode apresen- tar, quando utilizado em cultivo comer- cial, além dos problemas relacionados à falta de tecnologia de produção a par- tir deste tipo de material propagativo. A cultura de meristemas, associada à micropropagação, é uma técnica comumente utilizada para obtenção ou recuperação de plantas livres de vírus (Fortes e Pereira, 2003). Embora sendo rotineiramente utilizada na cultura da batata, essa técnica ainda apresenta ele- vados custos, sendo importante portan- to, a busca de novos métodos que per- mitam o aumento da taxa de multiplica- ção de materiais comprovadamente li- vres de patógenos (Pereira e Fortes, 2003). Contudo, para que os materiais obtidos cheguem aos bataticultores em boas condições sanitárias e em breve espaço de tempo, devem ser multipli- cados de maneira rápida e de forma que se previna a reinfecção por diversos patógenos (Pereira et al., 2001b; Medeiros et al., 2001; Pereira, 2002). A possibilidade de utilização de es- tacas das hastes de plantas de batata micropropagadas pode constituir-se em técnica eficiente para aumentar a taxa de multiplicação de maneira prática e econômica, além de possibilitar sua multiplicação durante os diferentes pe- ríodos do ano. O método constitui-se num procedimento de propagação vegetativa para obter de forma acelera- da um incremento no número de plan- tas livres de doenças, principalmente viroses, utilizando porções vegetativas de diferentes partes da planta, tais como hastes de plantas juvenis. Desta forma, acredita-se que de uma única planta sa- dia possa se produzir dezenas de novas plantas e, consequentemente, aumentar a taxa de multiplicação do material pré- básico (Bryan et al., 1981; Silva, 1987). Salienta-se ainda que, além de aumen- tar a taxa de multiplicação, esta propa- gação rápida pode tornar-se em técnica RESUMO O uso de estacas de batata a partir de plantas multiplicadas in vitro pode transformar-se em técnica bastante eficiente para melho- rar a taxa de multiplicação de material com alta qualidade fitossanitária. O trabalho objetivou estabelecer um protocolo para a produção de mudas pré-básicas por estaquia a partir de microestacas obtidas de plantas de batata recém aclimatizadas e oriundas da micropropagação. Em dois experimentos, foram estudados os efei- tos do tipo de material propagativo (basal, mediano e apical), do tempo de exposição das microestacas (zero e um minuto) a seis di- ferentes concentrações de AIB (0; 250; 500; 750 e 1000 mg L-1), do período de aclimatização das plantas (15 e 30 dias) e do tipo de substrato (areia e vermiculita) na produção de mudas pré-básicas de batata. Verificou-se que microestacas das três posições apresenta- ram taxas de enraizamento superiores a 90% quando a coleta foi realizada em plantas de batata com 15 dias de aclimatização, segui- do do tratamento de imersão rápida em solução de AIB na concen- tração de 500 mg L-1 e utilizando-se areia ou vermiculita como substrato. Palavras-chave: Solanum tuberosum L., enraizamento, propagação vegetativa, semente básica, cultura de tecidos. ABSTRACT Production of pre-basic potato plants by cuttings obtained from micropropagated plants The use of cuttings from micropropagated potato
Compartilhar