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342 CRlMINAl.ÍSTICA PARA CONCURSO - ALBERI ESPINDULA 12 - PERÍCIA EM LoCAIS DE CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 343 Outro aspecto. a ser observado é a humildade que o perito deve ter pre- sente na sua conduta de profissional especializado e manipulador da ciência: o reconhecimento de que ninguém sabe tudo. Mesmo os peritos antigos e mais experientes precisam estar constantemente se aperfeiçoando e saber admitir a necessidade do auxílio de Outros colegas para complementar os conhecimentos necessários à elucidação de um caso. Em perícia, aprendemos a cada exame realizado! Na perícia, como em outras poucas atividades, o exercício do trabalho de pesquisa coletiva deve ser constantemente exercitado, a fim de melhor desem- penharmos as atividades que nos são colocadas e encontrarmos novas metodo- logias e técnicas para o aperfeiçoamento do ofício cotidiano. A seguir vamos abordar alguns assuntos que estão diretamente relaciona. dos aos tipos de vestígios produzidos em muitos locais de crimes contra o patri. mônio, como marcas de ferramenta e modus operandi. 21. MARCAS DE FERRAMENTAS O estudo das marcas de ferramentas deixadas nos locais de crime pode ser considerado como uma importante informação para se chegar à autoria de um delito. Nos crimes contra o patrimônio, especialmente nos locais de furto quali- ficado, assume destaque ainda maior. Toda ferramenta foi concebida para ser empregada no auxílio ao homem para executar determinada tarefa que seria mais difícil se realizada somente com as mãos. Sabe-se que, em alguns casos é até impossível desempenhar manual- mente certas atividades. Assim, podemos entender genericamente que a ferramenta é um instruo mento de auxílio ao homem na execução de tarefas. Sob a óptica forense para a aplicação pericial, devemos classificá-la em dois grupos, a partir das suas ma. crocaracterísticas: as ferramentas materiais, tradicionalmente conhecidas para utilização física, e as que denominaremos abstratas, que são utilizadas para a execução de tarefas mais sofisticadas, tais como os programas de computador. Tanto as ferramentas materiais como as abstratas serão objeto do nosso estudo, uma vez que ambas poderão deixar vestígios se forem usadas na prática de um crime. 21.1.Ferramentas Materiais e Suas Marcas As ferramentas materiais são empregadas na execução de práticas crimi- nosas de forma direta ou indireta. Quando utilizadas em conformidade com o objetivo para o qual foram concebidas são denominadas ferramentas de forma direta. E são deforma indireta quando forem usadas para auxiliar na execução de tarefas não previstas originalmente. Na prática de crimes existem alguns tipos de ferramentas mais utilizados, tendo-se em vista a sua facilidade de aplicação, tais como o martelo, a chave de fenda, o pé.de-cabra, o alicate de pressão, o .alicate comum, O arame liso galvanizado, a marreta, o machado, a machadinha, a chave de roda, dentre outras. 21.1.1. Martelo Concebido originalmente para auxiliar no encravamento de pregos em ma- deiras, tem uma infinidade de aplicações acessórias no cotidiano das pessoas, em trabalhos profissionais ou caseiros, dentro da legalidade das ações dos indi- víduos. Porém, é também usado no auxílio da prática criminosa, desde o seu em- prego como instrumento do crime diretamente contra uma pessoa, causando le- sões contundentes que podem levar ao óbito, como também em crimes contra o patrimônio. Neste último caso, poderá ser utilizado para desferir golpes contra uma porta ou janela para quebrar o seu sistema de trancamento ou até mesmo para quebrar a própria via de acesso, além de inúmeras outras situações. Se usado no golpe contra uma porta, deixará na superfície que impactou a marca do formato da sua cabeça ou parte dela. Esse desenho deverá ser cuidado- samente observado pelos peritos criminais, os quais tomarão as medidas exatas da sua área, circunferência ou lados, além de fotografá-lo em detalhes, pois na continuidade dos trabalhos periciais poderá ser possível o exame de justaposi- ção dessa ferramenta, quando então haverá condições de sabermos se foi esta a utilizada naquela ação delituosa. Mesmo que não seja possível reunir as informações completas para um exame de justaposição, os peritos devem prosseguir nessa análise, a fim de reu- nirem condições para - pelo menos - definir que tipo de ferramenta foi empre- gada, dado esse extremamente importante para o estudo do modus operandi do delinquente. 21.1.2. Chave de fenda A chave de fenda, além do seu uso primário para rosquear parafusos, en- globa inúmeras outras aplicações práticas no dia-a-dia das pessoas, sendo uma ferramenta muito útil para o auxílio na execução de várias outras tarefas domés- ticas e/ou profissionais. Na execução de crimes, a chave de fenda é largamente usada em razão da facilidade de manuseio, fácil disponibilidade e praticidade na aplicação. As utilizações mais correntes em crimes referem-se a arrombamentos de portas de casas, apartamentos, prédios comerciais e portas de automóveis. No arrombamento de portas de casas, apartamentos e prédios comerciais normalmente é utilizada uma chave de fenda de tamanho grande (mais de 40 344 CRlMINALÍSTICA PARA CONCURSO - ALBERI ESPINDUlA 12 - PERÍCIA EM LoCAIS DE CRIMES CONTRA O PATRIMÓNIO 345 -1 cm, incluindo haste e cabo), de maneira que a sua haste seja resistente o sufi- ciente para romper o sistema de trancamento objeto da ação delinquente. A ação é desenvolvida introduzindo-se a extremidade da haste em fenda entre a porta e o portal, nas proximidades da fechadura, exercendo uma pressão na modalidade de alavanca, até liberar - por rompimento ou quebramento - o sistema de trancamento daquela porta. Figura 1 Ao introduzir a fenda conforme descrito e com a pressão efetuada, ficará uma marca de compressão com o desenho no tamanho da fenda. Quando do exame pericial, os peritos devem proceder à minuciosa constatação, anotando todos os detalhes daquela marca de compressão, registrando as medidas exatas da sua largura e comprimento e, se possível, fazendo também uma moldagem com a finalidade de melhor evidenciar a extremidade daquela ferramenta. É comum ser encontrado nos locais (ou proximidades) desse tipo de crime a respectiva chave de fenda utilizada no auxílio ao arrombamento. Nesse caso, os peritos já devem fazer de imediato o exame de justaposição da ferramenta com a marca na porta/portal, comprovando, assim, ser aquele o instrumento utilizado no arrombamento. Não sendo encontrado pelos peritos, poderá ser apreendida no curso das investigações, levadas a efeito pela polícia, ocasião em que deverá ser encaminhada ao Instituto de Criminalística para que os peritos criminais procedam ao exame de verificação com os vestígios da marca encon- trada no local anteriormente periciado. Para arrombar portas e janelas de automóveis são utilizadas chaves de me- nor tamanho em razão da melhor aplicação naquela ação. Nessas situações, en- contramos dois locais mais eleitos pelo delinquente para ter acesso ao seu inte- rior. Quando o veículo é dotado de janela quebra-vento (modelos mais antigos de automóveis), a chave de fenda é usada para ser introduzida entre a esquadria metálica e a borracha de vedação, com o objetivo de liberar a trava interna e, com isso, ter possibilidade de introduzir a mão por aquele espaço até atingir o trinco interno da porta. Neste caso, vamos encontrar as marcas de perfuração na borracha e de fricção na parte metálica. Especialmente na perfuração da borra- cha os peritos terão mais condições de determinar o tipo de instrumento utiliza- do e as respectivas dimensões da sua fenda, com vistas à identificação posterior. A outra aplicação em automóveis é diretamente no sistema de trancamento da porta, utilizando-se também chave de pequeno porte. Introduzem no orifício da fechadura e provocam o seu alargamento até conseguirem liberar o seu sistemade travamento interno. Ao exame pericial, encontraremos esse orifício alargado, onde será possível determinar (em muitos casos) o tipo de instrumento e, de- pendendo da marca deixada, até a sua identificação por intermédio das medidas daquela marca. Obviamente que a chave de fenda poderá ser utilizada no auxílio de várias outras práticas criminosas, porém, serão poucos os casos em que teremos a produção de vestígios característicos que possam ser capazes de identificar o instrumento. 21.1.3. Pé-de-cabra Essa ferramenta está caindo em desuso em razão da sua pouca utilização prática no auxílio de ações domésticas e/ou profissionais, ficando mais restrita ao uso na construção civil. Projetada originalmente para extrair pregos encrava- dos em madeiras, está, atualmente, restrita a sua utilidade no meio da constru- ção civil. Também na prática de delitos o pé-de-cabra é cada vez menos utilizado; porém, ainda devemos considerá-lo em nossos estudos. Sua aplicação mais co- mum é no auxílio ao arrombamento de portas, especialmente aquelas de maior resistência, onde é preciso empreender um esforço em alavanca mais intenso, situação essa em que a chave de fenda não é suficiente. O delinquente introduzindo a sua extremidade com fenda entre o portal e a porta, apoiando a sua parte curva na porta. Nesta posição exercerá força contra aquela porta até romper o sistema de trancamento. Nessa ação ficarão as marcas de compressão da extremidade com fenda entre a porta e o portal, além de uma pequena marca de contato em compressão da parte curva na porta. No exame da marca no portal/porta será necessário medir as duas marcas, que estarão paralelas e divididas pela fenda da ferramenta, além de fotografar tudo para registro e ilustração no laudo. A medida entre a marca de compressão na porta provocada pela parte curva até a marca em fenda na porta/portal é outro dado relevante para comparações posteriores na identificação do instrumento. Com esses vestígios presentes será possível aos peritos determinar o tipo de ferramenta empregado no arrombamento. 21.1.4. Alicate comum e de pressão O alicate é também um tipo de ferramenta que tem muita utilidade, a exem- plo da chave de fenda, no auxílio de ações profissionais e/ou domésticas. A sua própria concepção original é de múltipla aplicação no auxílio das ações do ho- mem, além daquelas verificadas pela necessidade cotidiana das pessoas. 346 CRlMINALÍSTICA PARA CONCURSO - ALBERI ESPINDULA 12 - PERÍCIA EM loCAIS DE CRIMES CONTRA O PATRIMÓNIO 347 No auxílio à prática de crimes pode também ter inúmeras aplicações; no entanto, até pela variedade de modelos desse tipo de ferramenta, fica difícil discorrermos sobre todo tipO de utilização possível. Os alicates comuns tradicio- nais, concebidos na forma básica de um X, são aqueles dotados de uma extremi- dade (parte menor) para prender objetos e logo a seguir um espaço com duas lâminas para efetuar corte de arames, sendo que a outra extremidade compõe-se da parte maior do X para ser o cabo onde será exercida a pressão feita pela mão do homem. Esse modelo comum encontra maior utilização no corte de fios de arame de cercas e de telas, a fim de abrir uma via de acesso. Poderemos encontrar sua utilização em áreas urbanas pelo corte de cercas de jardins e delimitações de ter- renos ou em áreas rurais, no corte das cercas de currais de animais domésticos, tudo no auxílio à prática delituosa. Para essa aplicação, os peritos encontrarão no local do crime a marca do corte do arame, onde será fácil constatar o corte parcial iniciado nas duas faces opostas da superfície do fio e um rompimento ao centro, provocados pela pres- são exercida com as duas lâminas do alicate. Já quanto ao alicate de pressão, sua utilização é mais comum na prática de arrombamentos, sobretudo nas fechaduras que possuem o cilindro com uma parte saliente (para fora) do encaixe da porta. Nesses tipos de fechaduras o ali- cate de pressão será preso com intensa pressão nesta parte saliente do cilindro e arrancado sob força por parte do delinquente. Com o cilindro arrancado torna- se acessível a trava da lingueta, a qual poderá ser liberada com facilidade. Nestas situações os peritos encontrarão a fechadura sem o cilindro externo, o qual normalmente é encontrado nas imediações do próprio local. Só o arran- camentO do cilindro já é vestígio forte para determinar o tipo de ferramenta utilizada; porém, ao encontrarmos a parte do cilindro que foi arrancada, pode- remos constatar as respectivas marcas de compressão provocadas por aquela ferramenta. 21.1.5. Arame liso galvanizado O arame liso galvanizado tem uma infinidade tão grande de usos que até ficaria difícil discriminá-los; porém, o essencial é que sua aplicação se destina a fIXarentre si dois ou mais objetos. Na utilização criminosa podem ser constata- das várias formas de aplicação, desde a utilização como corda para prender as mãos e pés de pessoas até o arrombamento de carros. É justamente na situação de arrombamentos de veículos que encontramos grande utilização de arame para liberar o sistema de travamento das portas. É feita uma semivolta em uma de suas extremidades, a qual é introduzida para dentro do veículo por entre o vidro e a borracha de vedação, até atingir o pino de travamento, onde é encaixada aquela semivolta do arame. Em seguida, o agente irá puxar o arame trazendo juntO para cima aquele pino, liberando, as- sim, o sistema de travamento do veículo. Durante o exame pericial, a primeira constatação dos peritos criminais é de que não haja vestígios aparentes de arrombamento. Como eles não devem cessar a busca até compreenderem qual foi a forma de acesso ao interior do veí- culo, poderão encontrar algumas marcas de fricção na parte superior do vidro da janela correspondente, bem como (em alguns casos quando o vidro está bem encaixado na borracha) algumas marcas de perfuração na borracha de vedação do vidro, na direção do pino de travamento. Esse tipo de ferramenta está, aos poucos, caindo em desuso por parte dos delinquentes, em razão da não utilização nos veículos desse tipo de pino com cabeça. Em função dessa prática criminosa os fabricantes de automóveis passa- ram a utilizar pinos lisos, o que praticamente inviabiliza o uso dessa ferramenta para liberar a trava de' trancamento da fechadura. Devemos, no entanto, ficar atentos para arrombamentos em veículos antigos que ainda possuem esse tipo de pino com cabeça. 21.1.6. Machadinha Essa é uma ferramenta para usos diversos, inclusive no auxílio de práticas criminosas. Não há uma utilização sistemática 'da machadinha nos crimes, apesar de ser muito variado O seu emprego, desde crimes contra a pessoa até os crimes contra o patrimõnio. O uso criminoso mais comum dessa ferramenta se dá no auxílio para ar- rombar portas, mediante golpes desferidos em sua área, até abrir espaço sufi- ciente para a passagem de pess9a e/ou para acesso à fechadura interna. Portan- to, não é uma forma de arrombamento clássico de destruição total ou parcial do sistema de trancamento (fechadura), mas pela destruição - parcial ou completa - da própria abertura. Os peritos encontrarão como vestígios a própria porta ou janela danificada com bastante intensidade, com sinais na madeira da porta, no início do contato de cada golpe, do corte provocado pela lâmina do instrumento cortocontun- dente. A estes detalhes da marca do corte os peritos deverão dedicar muita aten- ção, procedendo às respectivas medições, fotografias e descrições detalhadas, a fim de preservar tais informações para possível identificaç'ão da ferramenta utilizada. 21.1.7. Outras ferramentas No dia a dia de nossos plantões, todos os peritos vão encontrar as mais inu- sitadas formas de desenvolvimento da prática delituosa. O agente da infração se utilizará dos mais variados tipos de instrumentos para perpetrar seus objetivos, sendo responsabilidade dosperitos tentar determinar, por ocasião do exame pericial, todo esse ambiente que envolveu tal crime. 348 CR!MINALlSllCA PARA CONCURSO - MOER! ESPINDUL\ 12 - PERiClA EM LOCAIS DE CRIMES CONTRA O PATRIMÓNIO 349 Nesse aspecto é que gostaríamos de chamar a atenção para o fato de que o mister da perícia é feito de detalhes. O perito deve encontrar coisas que as pessoas comuns não encontram. Esta é a razão do trabalho e da existência desse profissional: ver e constatar o que as pessoas comuns não enxergam. Imbuídos desse espírito de atenção, os peritos encontrarão inúmeras situa- ções de uso de ferramentas, para as quais não havia qualquer previsibilidade de ocorrência. É nesses casos que teremos de aprofundar o exame, no sentido de reunirmos condições para determinar o tipo de instrumento utilizado. 21.2.Ferramentas Abstratas e suas Marcas Inicialmente queremos fazer uma observação sobre a expressão ferramen- tas abstratas, que utilizamos na classificação desses tipos de ferramenta. Chamar de abstrata teve o objetivo apenas de fazer uma diferenciação das ferramentas tradicionais, pois as ferramentas ditas abstratas também são elementos físicos, passíveis de mensuração material. Apenas mudam os métodos de visualização e mensuração, com o emprego de tecnologias mais sofisticadas. Até bem pouco, esse tópico representava quase nada no contexto dos cri- mes, o que não se pode dizer na atualidade, onde constatamos a utilização da alta tecnologia por parte daqueles que praticam crimes. Se formos avaliar financeiramente os crimes contra o patrimônio, pratica- dos com o auxílio de ferramentas abstratas, certamente veremos que correspon- dem a valores extremamente elevados, na sua grande maioria. Como maior exemplo de ferramenta desse gênero atualmente, citamos os softwares de computadores. A principal característica desses tipos de crimes - em contraste com aqueles tradicionais - é a alta sofisticação dos meios utilizados e o necessário grau de conhecimento científico do delinquente. Já é quase corrente a constatação de crimes dessa natureza envolvendo fraudes bancárias de transferências ilegais de dinheiro, pequenos saques (às ve- zes apenas de centavos) de cada conta corrente, em benefício de uma conta inativa que o delinquente ativa com o objetivo de receber os depósitos, dentre outros exemplos correntes só no meio bancário. Em consequência, as marcas deixadas pelas ferramentas utilizadas nesses crimes serão detectáveis somente por intermédio da aplicação de contratec- nologias similares. Portanto, os peritos que forem designados para realizar exames periciais dessa natureza devem possuir conhecimentos adequados no campo tia informática; e os métodos de constatação desses vestígios devem obedecer a critérios e técnicas sofisticadas tecnologicamente, para se chegar ao objetivo pericial, que é o de trazer para os autos do inquérito/processo as provas correspondentes, capazes de subsidiar com segurança o conteúdo do Laudo Pericial. Um outro exemplo dos chamados "crimes inteligentes", ainda mais sofisti- cado, é o uso de ferramentas de informática e comunicações para a invasão em arquivos e bancos de dados, e furtos em conta corrente. Talvez nessa modalida- de tenhamos o maior índice de crescimento, haja vista as facilidades de acesso aos meios de comunicação e de informática, especialmente pela internet. Há diversos casos de desvios de dinheiro de contas correntes em bancos, através de comandos vindos de fora, mediante o acesso ilegal aos arquivos do banco i da- dos e furtos contra pessoas que tenham computador ligado à internet, e tantas outras modalidades. Essa área de crimes cometidos via internet já está exigindo a atuação es- pecializada de peritos em diversos casos recentes, e a tendência é que cresçam cada vez mais devido à simplificação dos sistemas e à facilidade de acesso a essas tecnologias. Nesse uso de ferramentas de alta tecnologia, a internet vem sendo meio também para praticar crimes contra as pessoas, especialmente aqueles de amea- ça, difamação e, principalmente, os de pedofilia. Não resta dúvida o quanto é extremamente difícil reunir provas que possam apontar a autoria desses tipos de delitos. As marcas deixadas por essas ferramen- tas são tênues e merecem todo o cuidado quando do exame pericial, pois o sim- bolismo da "travessia da ponte" é integralmente aplicado nessas situações, onde a possibilidade do próprio perito destruir o vestígio é um fato real, enquanto procede aos exames. Devido ao grau de sofisticação tecnológica e necessidade prática, já temos na maioria dos Institutos de Criminalística um setor próprio de informática e comunicações para estudar e periciar esses casos. 22. MODUS OPERAND/ Segundo entendimento dos autores das doutrinas em Criminalística, os pe- ritos, ao realizarem um exame pericial devem perseguir seus objetivos periciais até responderem a três perguntas básicas: O quê? Como? Quem? A partir da discussão técnica-doutrinária da criminalística, são englobadas outras perguntas, tais como Onde? Quando?, Por Quê? Evidentemente, num exame pericial deve ser respondido o máximo desses tipos de perguntas, depen- dendo dos elementos materiais (os vestígios) que os peritos tenham presentes para examinar. O Quê? O que aconteceu naquele evento examinado? Isso é o que os pe- ritos devem responder após examinarem um local de crime ou um corpo de delito qualquer. Como? Como aconteceu aquele evento objeto dos exames periciais? Por intermédio da análise dos vestígios presentes, os peritos deverão interpretar e 350 CRlMINALÍSllCA PARA CONCURSO - A1.BERI ESPINDUlA 12 - PERÍCIA EM LoCAIS DE CRIMES CONTRA O PATRIMÓNIO 351 relatar como aconteceu determinado crime. A resposta a essa pergunta é muito importante, pois ela representa a forma e a metodologias empregadas no desen- volvimento do crime. Quem? Quem foi o autor do delito objeto dos exames? Essa é uma das principais perguntas que os peritos criminais devem sempre responder, basea- dos nos vestígios, para atender o objetivo final da Justiça. Claro que não serão em rodas as ocasiões que existirão vestígios suficientes para tal, restando para a polícia responder a essa pergunta ao final de todas as investigações. Como podemos observar, o modus operandi está inserido na resposta ao COMO. O modus operandi ou a maneira como o delinquente operacionaliza o crime representa o próprio comportamento desse agente e as respectivas ferra- mentas empregadas na sua atividade ilícita. Normalmente as pessoas que cometem crimes continuados o fazem de maneira repetitiva em vários aspectos, pois é natural do ser humano a repe- tição de tarefas, com maneira e métodos semelhantes. Assim, cada um desses "delinquentes continuados" adotará o seu modo operacional para cometer crimes. Ressaltamos mais os casos de agentes que praticam vários crimes, uma vez que eles tenderão a repetir os procedimentos básicos, como forma de facilitar o seu trabalho. Evidentemente, mesmo aquela pessoa que comete uma única vez algum tipo de crime, também o faz de uma certa maneira; todavia, seu es- tudo por parte dos peritos servirá para aquele caso em si, enquanto nos outros auxiliará também para estabelecer o elo de ligação entre eles. Vejamos algumas considerações que podem estar presentes nessas ações semelhantes. 22.l.Tipo de Crime A pessoa escolherá sempre o mesmo tipo de crime, tais como: furto em apartamento de último andar, roubo de prédios comerciais, tráfico de drogas, furto de joias em residências, dentre outros. Exceto em algumas oportunidades que possam surgir para a prática de outros tipos de crimes, o delinquente pro- curará se especializar numa mesma modalidade, pois essa prática se tornará mais fácil para ele. 22.2.Forma de Acesso ao Local do Crime Para facilitar o seu acesso ao local onde pretenda praticar o crime, o delin- quente irá procurar adentrar sempre pelo mesmo tipo devia, como o arrom- bamento de porta, O quebramento de placa de vidro de janela, a passagem por abertura de janela do tipo vitrô, abertura de buraco na parede, etc. 22.3.Ferramentas Empregadas Após já ter o tipo de crime definido e a forma de acesso ao interior do local, utilizará sempre um determinado tipo de ferramenta para auxiliar na execução do rompimento da via de acesso, tal como uma chave de fenda, um alicate de pressão, etc. 22.4.0bjetivo Criminoso A grande maioria dos "delinquentes continuados" visa sempre furtar/rou- bar determinados tipos de bens, tais como joias e dinheiro, aparelhos de som e televisão, eletrodomésticos, roupas, armas de fogo, dentre outros. Além disso, poderão associar mais de um objetivo, dependendo da facilidade e oportunida- de encontradas. 22.S.Comportamento Pessoal É comum verificarmos que o delinquente se comporta de forma rotineira quando está no interior do imóvel realizando o seu intento. Existem aqueles que, na busca do que procuram, espalham tudo o que está à sua frente, e outros agem de forma mais organizada. Acontece muito de abrirem o refrigerador e despensa para se alimentarem, e alguns acabam jogando no piso o restante da comida. Casos mais patológicos acontecem, como aqueles em que os crimino- sos defecam ou urinam no interior da residência, como se fosse a sua "marca registrada" . Assim, para que os peritos possam determinar o modus operandi do cri- minoso, é preciso que fiquem atentos para examinar e verificar se estão pre- sentes os tópicos/vestígios acima discutidos. Será por intermédio deles (todos ou alguns), registrados e perenizados no exame pericial que terão condições de traçar o perfil do comportamento do delinquente, contribuindo para com a investigação policial no esclarecimento de outros crimes que possam estar relacionados. 23. EXERCÍCIOS Nos exercícios a seguir observe cada enunciado-situação e, em segui- da, marque certo (C) ou errado (E) para cada alternativa. 01) Para f1ns de facilitar o trabalho do perito na realização dos exa- mes periciais em um local de crime, devemos dividir o local em áreas geográf1cas. () O local imediato é aquele onde está o cadáver (ou, no caso de local de crimes contra o patrimônio, o ponto de maior concentra- ção de vestígios) e a maioria dos demais vestígios que se obser- vam numa primeira visualização. 352 CRIMINAlísnCA PARA CONCURSO - ALBERI ESPINDUL\ 12 - PERÍCIA EM LOCAIS DE CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 353 () O local mediato é o ponto concentrado de vestígios complemen- tares. () O local imediato é sempre o ponto onde se encontram os objetos e utensílios em desalinho. () O local mediato deve ser sempre examinado, pois é possível que ali sejam encontrados mais vestígios. 02) Em Criminalística existem alguns pressupostos e condutas pro- fissionais que os peritos criminais devem observar no seu dia a dia de trabalho. () Os peritos poderão eliminar e desconsiderar - a priori - muitos vestígios no próprio local do crime, pois não serão evidências do crime. () Dentre outros objetivos, a perícia visa a responder sobre um cri- me: o que ocorreu; como ocorreu; e quem foi o autor; () Para que não nos deixemos levar pelas aparências, devemos ter em mente que não existem dois locais de crime iguais; () A paciência, a atenção e a perseverança devem ser exercitadas constantemente como padrão de conduta profissional do perito, a fim de que não se percam vestígios nos locais de crime. 03) A própria legislação, quando trata no artigo 171 do Código de Processo Penal, define algumas providências mútimas que os pe- ritos deverão examinar num local de furto. () A indicação do tipo de instrumento utilizado para romper o obs- táculo. () Quais os meios empregados pelo delinquente para alcançar o seu objetivo. () Descrição dos principais vestígios. () A época em que presumem ter sido o fato praticado. 04) O local de furto em residência é um dos que mais ocorrem, razão pela qual teremos uma demanda de perícia para tal tipo de de- lito. Os peritos em um local dessa natureza devem atentar para uma série de vestígios que possa existir. () Proceder ao confronto datiloscópico dos moradores e suspeitos diretamente no local do fato. () Verificar a quantidade de janelas no imóvel. () Caracterizar o sentido de produção do arrombamento. () Pesquisar, revelar e coletar possíveis fragmentos de impressão di- gital. 05) As marcas de arrombamento numa porta podem nos dar várias informações, em função de alguns vestígios que comumente es- tão presentes. () Uma marca de compressão no portal pode ser comparada com O instrumento utilizado, pelo exame de justaposição. () O arrancamento do tambor (ou "miolo") de uma fechadura, na sua parte externa, indica que o arrombamento ocorreu no senti- do para fora. () Marcas de arrombamento em uma porta de acesso a determinada casa, produzidas no sentido de dentro para fora, sempre indica- rão que houve uma simulação de furto. () Uma porta de chapa metálica com sua parte inferior empenada para o interior do cômodo, associada com marcas de contato na parte externa correspondente, indica que esse empenamento ocorreu em função de pressão exercida no sentido de fora para dentro. 06) Exceto os locais de acidente de tráfego e de crimes contra a pes- soa (morte violenta), temos a classificação genérica dos "crimes contra o patrimônio". Verifique nas alternativas aquelas que con- tenham somente tipos de perícias externas, dentro dessa classifi. cação geral de patrimônio. () Alteração de limites, furto, danos materiais. () Danos materiais, ameaça, roubo. () Roubo, exercício ilegal da profissão, alteração de limites. () Latrocínio, danos materiais, autolesão corporal. 07) Nos locais de furto em residência, os peritos devem buscar ca- racterizar e responder vários aspectos. Observe as alternativas abaixo. () Sempre devemos procurar caracterizar os meios empregados para o acesso ao interior do imóvel. () Os peritos devem fazer o enquadramento jurídico da ocorrência delituosa. () Verificar se havia portas e janelas abertas, mal fechadas, ou chave colocada em lugar de fácil acesso. () Verificar que tipo de instrumento ou ferramenta foi utilizada. 08) No exame de um veículo produto de furto (do próprio veículo ou de objetos em seu interior), existem alguns tipos de vestí- gios mais prováveis de serem encontrados e, portanto, os peritos 354 CRL\lINAl.ÍSllCA PARA CONCURSO - ALaERI ESP1NDULA devem incluir, necessariamente, na busca, essa procura por tais vestígios. () Os documemos do veículo danificado. () A bitola dos pneus e danos externos. () Possíveis pertences do delinquente e quebramemos de painel. () Os vestígios de arrombamento nas portas e fragmentos de im- pressão digital. 09) Nos arrombamentos encontraremos, em muitas situações, ves- tígios capazes de identificar qual foi a ferramenta utilizada para auxiliar naquela tarefa criminosa. Marque nas opções abaixo aquelas onde constam esses tipos de ferramentas mais utilizados em arrombamentos. () Chave de fenda, alicate de pressão, e machadinha. () Martelo, navalha e chave de fenda. () Corda, pé-de-cabra e alicate. () Martelo, chave de fenda e arame. 10) No exame pericial dos crimes contra o patrimônio, especialmen- te os de furto, os peritos devem ficar atentos para definir o mo- dus operandi do delinquente. Identifique nas altemativas abai- xo aquelas que contenham esses itens de análise. () Forma de acesso ao local. () Tipo de crime. () Ferramentas empregadas. () Motivação do criminoso. 13 PERíCIA EM LOCAIS DE CRIMES DE TRÂNSITO 1. INTRODUÇÃO No seu mais amplo espectro, a problemática dos acidemes de trânsito no Brasil é de extrema gravidade, pois envolve uma série de fatores que imeragem diretameme nesse macrossistema. Para falarmos especificameme das perícias em locais de acidentes de trânsito,é preciso antes destacar alguns conceitos e traçar um panorama de toda essa pro- blemática vivida no dia a dia nas pistas de nossas cidades e estradas em geral. Com o advemo do novo (nem tão novo mais!) Código de Trânsito brasileiro esperava-se que a quantidade de acidentes em nosso país pudesse diminuir consi- deravelmeme. No entanto, pouca coisa se alterou nessas estatísticas: tais sinistros ainda cominuam sendo um dos maiores fatores de morte trágica, principalmeme de pessoas do sexo masculino e com idade variando entre 18 a 30 anos. Amorte de adolescemes, além da comoção social e familiar, produz um enor- me prejuízo à sociedade, pois no momemo em que termina a sua formação edu- cacional e profissional (investimento social do País) ele morre, não produzindo absolutamente nada. O possível prejuízo da perda de um veÍCulo é insignificante se comparado com o prejuízo socioeconômico da perda daquele indivíduo. Falávamos que o novo Código de Trânsito trouxe a expectativa de redu- ção dos acidemes; no eotamo, como não houve uma ação enérgica e constan- te de comrole por parte dos órgãos responsáveis pela fiscalização, quase nada adiantou essa legislação mais rigorosa. Tão triste simoma foi logo em seguida percebido pelos especialistas, que esperavam uma maior atuação do Estado na fiscalização pela aplicação das novas regras. Mais recentememe veio nova modificação da Lei, agora para tratar especifi- cameme dos casos de condutores alcoolizados ao volame. Novamente,.por falta de fiscalização, seus efeitos são quase imperceptíveis. 2. CONCEITOS E CLASSIFICAÇÕES 2.1. Tráfego É o movimento ou deslocamemo de pedestres, veÍCulos ou animais, sobre vias terrestres, considerado quanto a cada unidade de per si, ou seja, as chama- das unidades de tráfego. 356 CRIMINAlíST1CA PARA CONCURSO - MOERI EsPINDUL\ 13 - PERÍCIA EM LOCAIS DE CRIMES DE TRÁNSITO 357 2.2. Trânsito Movimento ou transporte de veículos, pessoas ou carga de conformidade com percursos geralmente preestabelecidos, considerados quanto ao conjunto das citadas unidades de tráfego. Portanto, para que tenhamos um entendimento desses dois conceitos e, principalmente, a diferença entre eles, devemos salientar que o tráfego é a con- sideração da unidade veicular (veÍCulos, pessoas, animais) por si só, enquanto que o trânsito é a consideração no seu conjunto, ou seja, o movimento das unidades veiculares. 2.3. Acidente de Tráfego É qualquer acidente envolvendo um ou mais veículos, um dos quais, pelo menos, em movimento no momento do acidente, ocorrido sobre uma via terres- tre e do qual resulte morte, ferimentos ou danos à propriedade. 2.4. Acidente de Tráfego com Vítima Trata-se de situação dotada dos mesmos parâmetros anteriores, devendo ter necessariamente ocorrido morte ou ferimentos de pessoas. Os casos de mor- te se caracterizariam como homicídios culposos; no entanto,' o perito, ao reali- zar uma perícia de trânsito, sempre examina a possibilidade de ter ocorrido um homicídio doloso, pois vários casos já aconteceram onde o veículo foi usado como instrumento para matar intencionalmente alguém. 2.5. Unidades de Tráfego Para fins de investigação de acidente de tráfego, são considerados como unidades de tráfego os veículos automotores, os pedestres, os veÍCulos de tra- ção animal, os veículos de tração ou propulsão humana e os animais de porte (montados, arrebanhados ou soltos). 2.6. Trens Acidentes ocorridos com trens são acidentes ferroviários. No entanto, quando ocorre em passagens de nível e envolvendo um veÍCulo automotor, será considerado acidente de tráfego. 2.7. Aviões Acidentes ocorridos com aviões em voo são acidentes aéreos, mesmo que resulte em colisão contra unidades de tráfego. Acidentes entre aviões pousados (mesmo em suas pistas e aeroportos) e um outro veÍCulo, considerado unidade de tráfego, que esteja em deslocamento, são considerados acidentes de tráfego. 2.8. Incêndios Os incêndios ocorridos como consequência dos acidentes de tráfego são investigados juntamente com o acidente. No entanto, se o incêndio aconteceu antes do acidente, mesmo que venha a constituir sua causa determinante, o caso não será investigado como acidente de tráfego. 2.9. Explosões Da mesma forma que os incêndios, uma explosão envolvendo um veículo ou sua carga é um acidente simples e não um acidente de tráfego, a menos que suceda ao acidente, como consequência deste. 2.10.Causa Determinante Simplificando, podemos dizer que causa determinante em um acidente de tráfego é aquela sem a qual o acidente não teria ocorrido. Pode ser entendida também como sendo o fator preponderante propiciador do acidente. Ressalvados os casos fortuitos e de força maior, considerados como fatores adversos, as causas que determinam a ocorrência de um acidente de tráfego estão relacionadas à tríade: homem, meio e máquina. 2.10.1. Homem (condutor) Contribui para a ocorrência de acidente de tráfego pelo seu comportamen- to ilegal, inusitado ou perigoso; pela velocidade ilegal ou inusitada; e pela per- cepção retardada, também chamada de percepção tardia. 2.10.2. Meio Os acidentes podem ocorrer por causa de elementos do meio ambiente e condições das vias terrestres. Uma pista com buracos no seu leito poderá dar causa a um acidente. 2.10.3. Máquina Também poderá ser causa determinante de um acidente de tráfego qual- quer defeito ou deficiência do veículo. Neste caso sempre cabe a investigação pericial para determinar se tal fato não é consequência da ação do homem, como por exemplo, um pneu liso ou falta de óleo de freio e que venham a dar causa a um acidente. 2.11.Outros Elementos a considerar Para a análise pericial de um acidente de tráfego é preciso também consi. derar o veículo, a via, a pista com respectivo acostamento e possíveis faixas de pedestres, dentre outros elementos. 358 CRlMINAÚSTlCA PARA CONCURSO - ALBERI ESPINDULA 13 - PERÍCIA EM LoCAIS DF. CRIMES DE TRÂNSITO 359 A via é o espaço em cuja superficie transitam os veículos, pessoas e animais. Essa superficie de trânsito compreende desde a pista em si, a calçada, o acostamento, possíveis ilhas e canteiro central. Por sua vez, podemos dizer que a pista é a parte da via utilizada COm a circulação dos veículos. Ela terá elementos separadores para demar- car a sua identificação e limites de deslocamento. Esses marcadores podem ser por pintura sobre a via, por diferença de nível em relação a calçadas, acostamentos, ilhas ou canteiros centrais. A faixa de trânsito compreende os espaços longitudinais em que a pista é subdividida, com largura suficiente para a circulação de veícu- los automotores. Essas faixas podem ou não ser sinalizadas com mar. cas viárias longitudinais sobre a base da pista. Ternos ainda o acostamento, que é a parte diferenciada da via em relação à pista de rolamento, destinada à parada ou estacionamento de veículos nos casos de emergência, corno também para a circulação de bicicletas e pedestres em situações especiais e na ausência de local apropriado para tal. E, por último, o veículo, que é um dos elementos de destaque nesse contexto e a unidade móvel utilizada para transportar pessoas ou ob- jetos em geral. 3. CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS ACIDENTES DE TRÁFEGO De acordo com o renomado especialista desse assunto, o destacado perito criminal do Ceará, RANvlERFEITOSAARAGÃO,os acidentes de tráfego podem ser classificados em três grandes grupos, conforme registrado em sua obra Acidentes de Trânsito, constante do Tratado de Perícias Criminalísticas (Campinas: Millennium Editora, 2003). 3.1. Acidente Simples É aquele que envolve somente urna unidade de tráfego. Este é o caso do atropelamento ou do veículo que abandona a artéria e vai se chocar contra um obstáculo fIXO. 3.2. Acidente Múltiplo Trata-se do tipo de acidente que envolve duas ou mais unidades de tráfego, tais corno as colisões, abalroamentose atropelamentos. Neste grupo é onde acontece o maior número de acidentes de tráfego. 3.3. Acidente Sem Contato Quando urna unidade de tráfego contribui para o acidente, mas não in- terage plenamente com a outra, sem entrar em comato fisico. É o caso de um veículo que, imprevisivelmeme, inflete na mão de direção do outro, provocando um brusco desvio direcional deste e desencadeando um acidente. 4. TIPOS DE OCORRÊNCIAS NOS ACIDENTES DE TRÁFEGO 4.1. Colisão É uma classificação genérica para vários tipos de acidemes, cuja caracterís- tica principal é o comato abrupto entre dois corpos, com, pelo menos, um em movimento. A sua subclassificação é assim distribuída: colisão emre veículos; colisão contra corpos flácidos, também denominados de atropelamentos, que podem ocorrer de um veículo automotor contra pedestres ou animais; colisão contra obstáculo fIXO;colisão comra corpos rígidos; colisão comra outros obje- tos. 4.2. Saída de Pista Consiste na perda do comrole da direção do veículo por qualquer motivo, dando causa ao acidente. 4.3. Desvio de Direção Acomece por algum motivo inesperado, obrigando o condutor a desviar a direção do veículo (tanto no próprio sentido de deslocamemo quanto na inva- são de faixa contramão) e, com isso, dar causa ao acideme. Tamo neste caso corno na saída de pista, em muitas situações ocorre tal fato porque o condutor foi "fechado" ou atrapalhado por outro condutor, espe- cialmente nos conhecidos casos de ultrapassagens sem condições adequadas. Em algumas dessas situações, nenhum vestígio é deixado desse condutor que provocou a "fechada", situação em que o laudo irá indicar como causador do acideme o condutor que saiu da pista ou desviou a direção, quando sabemos que, juridicamente, o culpado pelo acideme foi aquele outro condutor impru- deme. Nessas situações (em que não há prova material direta) é importante elencar as testemunhas que presenciaram o acideme. 4.4. Capotamento Ocorre quando o condutor do veículo não consegue manter o controle da direção, vindo a perder a sua sustentação com o solo e girar o suficiente até que a parte superior tenha contato com a pista pelo menos por urna vez. 4.5. Tombamento Após o condutor perder o controle da direção do veículo, este se inclina lateralmente e atinge a posição de repouso final com urna das laterais apoiadas no solo. 360 5. Os TÓPICOS DE EXAME CRlMINALISTICA PARA CONCURSO - ALBERI ESPINDUL\ 13 - PERÍCIA EM LOCAIS DE CRIMES DE TRÂNSITO 6. ROTEIRO DE EXAMES 361 Num acidente de tráfego são inúmeros os tópicos que os peritos devem se preocupar em examinar, desde as condições do veículo até uma infração de trânsito que pode vir junto com a causa do acidente. 5.1. Cadeia de pontos Numa investigação pericial em local de acidente de tráfego, alguns pon- tos topográficos interessam, tais como: ponto de não escapada, ponto de per- cepção, ponto de reação, ponto de colisão, ponto de engajamento máximo e ponto de repouso final. 5.1.1. Ponto de não escapada É o ponto de inÍCio da área dentro da qual não é mais possível ao condutor evitar a colisão de seu veículo. Estará tanto mais distante do ponto de colisão quanto maior for a velocidade desenvolvida. 5.1.2. Ponto de percepção É aquele do qual o condutor percebe a iminência do perigo (não espera- do). 5.1.3. Ponto de reação É aquele onde se materializa a reação transferida do condutor ao veículo (início da frenagem). O tempo normal de reação (ante um evento não espe- rado) está compreendido no intervalo aberto de 0,75 a 1,5 segundos (tempo médio das reações que variam de um indivíduo para outro). Esse tempo está compreendido entre a percepção e o momento que se materializa a reação (iní. cio da frenagem). 5.1.4. Ponto de colisão Também denominado de sítio de colisão - ou ponto inicial da colisão - é o ponto no terreno onde ocorreu a colisão. Temos ainda o ponto de impacto, que é o local no veículo atingido pelo vetor de força da colisão. 5.1.5. Ponto de engajamento máximo É aquele onde as unidades de tráfego tiveram maior contato entre si. A unidade de tráfego de menor massa, girando em torno da de maior, que se tor- na seu ponto de apoio, tende a bater, numa segunda colisão, em alguma parte desta, no momento em que esse engajamento se desfaz. 5.1.6. Ponto de repouso É aquele onde o veÍCulo permanece depois de cessado todo o movimento em decorrência do acidente. Em qualquer local de acidente de tráfego, sempre há toda uma confusão causada pelo próprio acidente, mas também pelos próprios fatores consequen- tes ao fato. O principal deles é o "engarrafamento" no trânsito, tendo em vista o impedimento de tráfego na pista. Por isso, os peritos devem ter já um roteiro dos principais elementos que devem ser buscados durante o exame, a fim de liberarem o lacaio mais rápido possível, sem, no entanto, comprometer a qua- lidade dos exames. Assim, discorreremos sobre alguns tópicos principais que os peritos sem- pre examinam ou procuram em um local de acidente de tráfego. Uma das primeiras coisas que os peritos criminais devem verificar é quanto à natureza do acidente, conforme já descrito nos tipos de aci- dente. Por exemplo: colisão, desvio de direção, etc. Delimitar a área do acidente propriamente dita e a área de aproxima- ção. Determinar O local do ponto de colisão, amarrando-o (marcando) a dois pontos fixos, ou por coordenadas geográficas medidas por GPS. O ponto de colisão é evidenciado pelos seguintes elementos: barro, terra, detritos, peças, crostas de tinta,jragmentos de vidros, etc., que se desprendem dos veículos em face do impacto. Em algumas situa- ções não haverá ponto de colisão e sim área de colisão, tendo-se em vista alguns fatores que envolvem aquele acidente. Um caso desses é quando temos marcas de frenagem antes e depois da colisão, situação em que o perito deverá estudar pelo método da dedução, a fim de determinar essa área de colisão. Examinar a superfície de rolamento quanto ao tipo: de asfalto, cas- calho, terra batida, areia, etc.; condições físicas: conservada, desnive- lada, com buracos, graxa, óleo, seca, molhada, em conserto, etc.; to- pografia: reta ou curva, plana ou inclinada, etc.; limitações: meio-fio, acostamento, cercas, etc.; sinalizações: horizontal (marcada no leito da via) ou vertical (placas nas margens). Identificar, examinar e amarrar (marcar) os vestígios encontrados, tais como o ponto de colisão, marcas de frenagem, etc., a fim de regis- trar com precisão a localização dos vestígios, uma vez que poderá ser necessário um reexame ou reprodução simulada em futuro próximo. Com relação ao cadáver, se houver, será procedida a sua identificação, verificação da localização das lesões, posição em que se encontra e res- pectivas vestes, para comparar com os danos no veículo e poder traçar a dinâmica do acidente. 362 CRlMINAl.ÍSTICA PARA CONCURSO - ALBERI ESPINDUlA 13 - PERíCIA EM LoCAIS DE CRIMES DE TRÂNSITO 363 o sangue é coletado das víümas, principalmente quando o veículo atropelador se evadiu do local, a fim de servir de comparação; além de quaisquer peças desprendidas ou quebradas do veículo para fins de justaposição posterior. Exame da área de forma minuciosa, visando a observar os seguintes aspectos: condições atmosféricas, de iluminação, de tráfego e de visi- bilidade, dentre outros fatores. Exame dos veículos envolvidos, quanto aos aspectos: da identificação geral; situação em relação ao local; ponto de impacto, avarias, sistemas elétrico, de direção e de segurança (freiOS);situação dos pneumáticos; condições de visibilidade oferecida; equipamentos e acessórios obri- gatórios. Fotografia geral do veículo e de todos os detalhes examinados, bem como de toda a área examinada. Veículo evasor, quando for O caso, deve ser adotado alguns procedi- mentos visando à sua identificação, tais como: a) as marcas pneumáü- cas determinama bitola do veículo (distância entre as marcas laterais do veículo), sendo possível, às vezes, em caso de marcas de rolamen- to por impressão ou desenho, identificar a marca dos pneus, ou até, em caso de defeitos, a identificação dos pneus; b) peças, crostas de tinta e fragmentos de vidro desprendidos do veículo podem ajudar a identificá-lo de maneira irrefutável, através do exame de justaposição, ou reduzir o número de suspeitos, em caso de determinar-lhe a cor ou a marca; c) vestígios transportados pelo veículo, tais como man- chas, impregnação de tinta, fibras, tecidos, sangue, cabelo, os quais permanecem no veículo e que, no momento da apreensão do veículo suspeito, serão comparados. 7. TIPOS DE AVARIAS EM CONSEQUÊNCIA DE ACIDENTES DE TRÁFEGO Três classificações são feitas quanto aos tipos de avarias, a fim de facilitar o entendimento, o que é também utilizado pelos peritos criminais nas suas defi- nições e nomenclaturas durante um exame pericial em local e veículo envolvido em acidente de tráfego. 7.1. Quanto à Natureza Podem subdividir-se emfundamentais e de outros tipos. As fundamentais são: amassamento, dilaceramento, arrastamento, empenamento, arrancamento e quebramento. Os outros tipos são: estampamento, esmagamento, sanfonamento, afundamento e mossa (um afundamento ou estampamento leve). 7.2. Quanto à Intensidade das Avarias As avarias se dividem em: leves, médias, graves e perda total. 7.3. Quanto à Sede Sede é a localização na parte do veículo onde se encontram as avarias, po- dendo ser: anterior ou posterior, que por sua vez é acrescentada da exata posição de direita, média ou esquerda; lateral direita ou esquerda, que também terão o acréscimo da posi- ção mais específica, como anterior, média ou posterior; ângulos anteriores e posteriores, também especificados pela posição direita ou esquerda; superior externa; inferior externa; interior ou interna. 8. TIPOS DE VESTÍGIOS rtWS COMUNS NOS ACIDENTES DE TRÁFEGO Conforme já expusemos em outro capítulo deste livro, para qualquer tipo de perícia vamos normalmente encontrar dois grupos de vestígios: os prováveis e os inusitados. Os primeiros são aqueles que estão dentro de uma previsibilida- de de ocorrência, como por exemplo, uma marca de frenagem num acidente de trânsito. Os inusitados são todos aqueles que não se surgem de forma inusitada, sem nenhuma previsibilidade de virem a ocorrer. Nos tópicos seguintes vamos nos ater, claro, aos vestígios prováveis numa ocorrência de trânsito. 8.1. Impressões Pneumáticas Este é, sem dúvida, um dos principais e mais frequentes vestígios encontra- dos em locais de ocorrências de trânsito. Não podemos falar apriori que tal ves- tígio é o mais importante, mas certamente, depois de realizado o exame pericial e o perito proceder às devidas interpretações, chegará à conclusão, na maioria das vezes, que se trata do vestígio mais importante. Existe uma série de características dessas impressões ou marcas pneumá- ticas e que devem ser registradas por ocasião do exame pericial, uma vez que serão dados necessários e imprescindíveis para a análise consequente do perito. Assim, deve ser consignado o registro sobre o início e fim da extensão daquela impressão e sua respectiva metragem, a sua localização e amarração a referên- cias fixas em relação à pista, e qualquer outro dado julgado necessário, como distorções e interrupções do processo de impressão pneumática. 364 CRlMINAl.iSTICA PARA CONCURSO - ALBERI ESPINDUL\ 13- PERÍCIA EM LoCAIS DE CRIMES DE TRÂNSITO 365 As impressões pneumáticas se apresentam de formas diferenciadas em rela- ção à tipicidade do acidente ou da dinâmica daquela ocorrência, e são, normal- mente, classificadas em marcas de frenagem, de aceleração e de derrapagem. 8.2. Veículos Outro vestígio que normalmente estará presente no local de um acidente são os veículos que se envolveram na ocorrência. Mas haverá situações em que os veículos não mais estarão no local por ocasião do exame pericial, tanto devi- do à retirada dos mesmos pela polícia, como pela evasão do condutor em casos de atropelamento. Mas exceto esses casos, teremos a presença dos veículos no local, sendo o fator mais relevante para a perícia a posição de repouso final dos mesmos, uma vez que vão servir para estabelecer - no conjunto com outros vestígios - a dinâ- mica do acidente e também a respectiva velocidade. 8.3. Avarias nos Veículos Apesar de estar relacionado aos veículos, esse tipo de vestígio deve ser tra- tado separadamente, pois sua constatação e análise é de grande valia ao perito. As avarias são consequências do envolvimento dos veículos com outros veículos ou demais tipos de obstáculos, produzindo deformações em suas estruturas. Por intermédio das avarias, o perito poderá descobrir o ponto inicial do impacto e demais sedes posteriores e/ou consequentes, dados estes que servirão para as demais análises da dinâmica do acidente. Os tipos de avarias são muito variados, tendo-se em vista a multiplicidade de situações em que podem ocorrer um acidente de trânsito, sendo comumente classificadas em amassamento, deformação, quebramento, empenamento, afim- damento, ruptura, dentre outras. Cada um desses tipos de avarias vai fornecer informações específicas no contexto da análise pericial feita pelos peritos. 8.4. Manchas de Sangue Nos acidentes de transito é muito comum esse vestígio, pois as pessoas envolvidas no episódio, ao se ferirem, podem romper determinados vasos san- guíneos e deixar manchas de sangue nos veículos ou nos locais do acidente. Elas vão se apresentar de várias formas, tais como espargimento, concen- tração, contato, gotejamento e outras, cujas localizações e morfologias serão importantes para a análise dos pontos de impacto da pessoa contra os veículos, a pista, ou outros suportes, ofertando assim dados preciosos para o conjunto da análise da dinâmica. 8.5. Fragmentos Eis aqui outro conjunto considerável de tipos de vestígios muito significati- vos e importantes para se chegar à determinação do ponto de colisão, como ele- , I' mento a se somar no conjunto de dados para o cálculo da velocidade e auxiliar na dinâmica, dentre outras informações. Podem também, dependendo do tipo de fragmento, servir para identificar o veículo evasor do local do acidente. Quando falamos de fragmentos, estamos nos referindo a elementos des- prendidos dos veículos no momento do impacto, tais como pedaços de vidro, quebramentos de lanternas e faróis, dentre outros, como para-choque, lascas de pintura e/ou massa, retrovisores externos, antenas, etc. Podemos ter fragmentos envolvendo outros obstáculos que não sejam veículos, como pedaços de óculos de pessoa atropelada, projeção de fragmentos de obstáculos fIXOS, etc. 9. CLASSIFICAÇÃO DAS CAUSAS DE ACIDENTES As causas de acidentes de tráfego são classificadas em dois grupos: as de ordem objetiva e as de ordem subjetiva. 9.1. Objetivas As objetivas, também conhecidas como imediatas ou diretas, são aquelas em que é possível serem determinadas por intermédio dos vestígios materiais que os peritos criminais constataram em um acidente. São elas: desvio de di- reção, falta de percepção, percepção tardia, invasão de faixa, falha mecânica e velocidade excessiva (esta como causa autônoma ou elemento agravante). 9.2. Subjetivas As subjetivas dificilmente serão constatáveis pelos peritos face à inexistên- cia de vestígios materiais, pois estão ligadas ao homem como fatores intrínsecos ao condutor. Também existe outro grupo de subjetivas ligado a fatores extrín- secos ao condutor. Subjetivas intrínsecas: sono, fadiga, embriaguez, atos inseguros do condutor, atos por parte dos passageiros. Subjetivas extrínsecas: entrada inopinada de pedestres, "fechadas" de veículos, atos delinquentes de passageiros (assaltos, etc.). 10. ATRILOGIA HOMEM, MEIO E MÁQIDNA Os acidentes de tráfego ouocorrências de trânsito têm sempre como par- ticipante o homem, o veículo (máquina) e a via oufatores ambientais (meio). Este trinômio encontra-se sempre presente em todo e qualquer acontecimento que se verifica no trânsito. O homem é O que mais está envolvido direta ou indiretamente nos proble- mas do trânsito, pois ele aparece como condutor, passageiro, pedestre, proje- tista e fabricante do veículo, bem como construtor, conservador, sinalizador e fiscalizador das vias. 366 CRlMINALfSTICA PARA CONCURSO - AiBERI ESPINDUU. 13 - PERÍCIA EM LoCAIS DE CRIMES DE TRÂNSITO 367 A máquina aqui referida é o veículo que o condutor estará usando para se locomover pelas vias. Para que este veículo tenha condições de rodar, alguns requisitos devem ser observados, desde a sua fabricação até a autorização para uso (emplacamento). Inúmeros requisitos são exigidos pelo setor público, inte- ressando-nos aqui dizer que, sob os aspectos de segurança, uma série de itens devem constar do veículo. Dentro de todas essas exigências de segurança, pressupõe o poder público que o veículo preencha todos os requisitos para trafegar. Na prática verificamos que, de fato, se mantido um controle rigoroso sobre os itens de segurança de um veículo, serão poucos os acidentes em que a causa seja a máquina. Da mesma forma, o meio é um dos fatores que pouco contribuem para os acidentes de tráfego, desde que o poder público mantenha as vias em condições seguras de tráfego. Atualmente têm aumentado os acidentes cuja causa seja o meio, especialmente nas estradas onde as condições de asfalto, acostamento e sinalização se encontram em precárias condições. Diante de um acidente caberá às partes ou seus representantes legais anali- sar a causa determinante e, em se tratando do meio, poderão ajuizar ação contra o Estado. Também, no veículo, se a causa determinante ocorreu em consequên- cia de defeitos de fabricação, poderá ser acionada a montadora. 11. A LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO COMO BASE DE APLICAÇÃO A legislação de trãnsito é fundamental na aplicação das causas determinan- tes, pois é ela que contém todas as normas que disciplinam e condicionam, no trânsito, os condutores, os veículos e as vias .. O princípio da lógica e o bom senso devem ser utilizados sempre, tanto na parte técnica propriamente dita como na interpretação da legislação de trãnsi- to. As infrações de trânsito, em algumas situações, podem ser causas determi- nantes autônomas de um acidente; no entanto, na maioria das vezes elas estão vinculadas às causas do acidente. As normas de trânsito foram estabelecidas, dentre outros objetivos, para permitir o ordenamento e fluidez do tráfego, cuja infringência culmina em san- ção administrativa, havendo uma gradação de menor a maior intensidade. Assim, podemos dizer que os peritos, ao analisarem um acidente de tráfe- go, terão presentes sempre, como ponto de partida e de referência, as normas disciplinadoras e reguladoras do Código de Trânsito, pois são elas que determi- nam os fatores de comparação. Exemplificando: o perito chegará ao diagnóstico final da causa determinante de um acidente, cujo fator foi o excesso de velodda- de, porque tomou como base a velocidade máxima que a legislação determinava para aquela via onde ocorreu o acidente. 12. DETERMINAÇÃO DE VELOCIDADE A determinação da velocidade é imprescindível na análise dos acidentes de tráfego. A possibilidade de descobri-la está diretamente condicionada à exis- tência de elementos materiais, tais como: marcas de frenagem, de derrapagem, danos materiais e espaço residual. No estudo para avaliação da velocidade os peritos valer-se-ão de todos os elementos produzidos no evento. O desaparecimento de qualquer um deles impossibilitará definitivamente a reflexão precisa da realidade. Esta observação refere-se aos locais não preservados e aos casos em que os veículos são retirados das posições originais, consequentes da colisão. Cabe também ressaltar que, não existindo marcas de frenagem, a velocidade pode ser verificada por intermédio de outros elementos presentes no evento. Quanto ao cálculo de velocidade a partir das marcas de frenagem, o Dis- trito Federal é pioneiro em estudo nacional desenvolvido pelo perito criminal ARNALDONADIMMIZIARA,cuja eficiência do método, permite, além da indicação da velocidade em qualquer tipo de terreno, seja plano ou não, definir a velocidade crítica de curva, estabelecer o ponto de percepção, o ponto de não escapada e, acima de tudo, a possibilidade de determinação do tempo de frenagem (o que consideramos como ponto máximo da tecnologia). Todavia, hoje existem técni- cas mais eficazes que, associadas ao emprego da informática, propiciam uma maior precisão dessa análise do acidente. .13. DINÂMICA DO ACIDENTE DE TRÁFEGO A dinâmica do acidente de tráfego é feita através do estudo e interpretação dos vestígios materiais encontrados no local do evento. No momento em que é realizada, torna-se explícito que os peritos criminais estão de posse do conjunto de elementos necessários para extrair a realidade dos fatos - registrando os vestígios e perpetuando-os no Laudo Pericial através de croqui e fotografias - que propiciarão reconstituir-se a origem de desloca- mentos dos veículos, seus posicionamentos no momento da colisão e trajetórias percorridas após o impacto. O método de descrição da dinâmica impõe que seja observada a cronologia dos acontecimentos, de maneira a ensejar que o leitor (usuários do laudo) a vivencie no seu imaginário quando da leitura desse documento. Para atingir essa compreensão capaz de montar a dinâmica do acidente, os peritos já terão expostos e analisados todos os elementos levantados do local el ou examinados em laboratório, estando, portanto, em condições de oferecer a interpretação de como ocorreu o evento, ou seja, a sua dinâmica. Para finalizar este capítulo, novamente chamamos a atenção para o uso equivocado da expressão "acidente de trânsito" nas ocorrências de trânsito, uma 368 CRlMINAliSTICA PARA CONCURSO - ALBERI ESPINDULA 13 - PElÚCIA EM LOCAIS DE CRIMES DE TRÃNSITO 369 vez que acidente é algo não previsível e não evitável, enquanto que os casos de "acidentes de trânsitos" são previsíveis e evitáveis, segundo o Professor LUIZ OlTO FABER SCHMUTZLER. 14. EXERCÍCIOS Nas questões a seguir teremos um enunciado e logo a seguir quatro argumentos, nos quais deve ser marcado certo (C) ou errado (E). 01) Nos acidentes de tráfego temos vários tipos de ocorrências que podem ocorrer. Verifique e responda sobre os enunciados a se- guir. () A saída de pista trata da perda do controle da direção do veículo por algum motivo inesperado. () Tanto a saída de pista quanto o desvio de direção podem ocorrer por uma "fechada" de outro condutor e, em algumas dessas situa- ções, nenhum vestígio é deixado por esse indivíduo que provo- cou a "fechada". Neste caso o laudo irá indicar como causador do acidente o condutor que saiu da pista ou desviou a direção. () A colisão é uma classificação genérica para vários tipos de aciden- tes, cuja característica principal é o contato abrupto entre dois corpos, com, pelo menos, um em movimento. () O tombamento ocorre após o condutor perder o controle da di- reção do veículo, vindo a perder sua sustentação com o solo e gi- rar, inclinando-se lateralmente e atingindo a posição de repouso final com uma das laterais apoiadas no solo. 02) Os acidentes de tráfego ou ocorrências de trânsito têm sempre como participante o homem, o veículo (máquina) e a via ouJa- tores ambientais (meio). () Os peritos após analisarem os vestígios de uma ocorrência de trânsito concluíram que o fator que contribuiu para dar causa ao acidente foi a máquina, tendo em vista que o motor do veículo travou em consequência de falta de óleo. () O homem é o principal fator para a ocorrência dos chamados acidentes de trânsito, uma vez que ele, além dedescumprir a legislação, também interage com a máquina e com a via. () O condutor do veículo deu causa a um acidente de trânsito por- que não viu uma placa de redução de velocidade, que havia na pista à 100 (cem) metros antes de um buraco na pista, onde acon- teceu o acidente. () Quando o meio for o fator propiciador da causa determinante do acidente, a parte prejudicada poderá ajuizar ação contra o Estado para se ressarcir dos danos. 03) Observe os enunciados abaixo e marque a respectiva resposta. () São considerados como unidades de tráfego os veículos automo- tores, os pedestres, os veículos de tração animal, os veículos de tração ou propulsão humana e os animais de porte. () Tráfego é o movimento ou transporte de veículos, pessoas ou cargas, segundo percursos geralmente preestabelecidos, conside- rado quanto ao seu conjunto. () Tráfego é o movimento ou transporte de veículos, segundo per- cursos geralmente preestabelecidos, considerado quanto ao seu conjunto. () Qualquer acidente envolvendo um ou mais veículos, um dos quais, pelo menos, deve se encontrar em movimento no momen- to do acidente, ocorrido sobre uma via terrestre e do qual resulte ferimentos ou danos à propriedade, se caracteriza como um aci- dente de trânsito sem vítima. 04) O exame pericial nos locais de ocorrência de trânsito normal- mente é tumultuado pelas condições expostas na pista, levando em muitas vezes à completa interrupção do fluxo enquanto o pe- rito realiza seu trabalho. Por isso, os peritos devem ter já um ro- teiro dos principais elementos que devem ser buscados durante o exame, a fim de liberarem o local o mais rápido possível, sem, no entanto, comprometer a qualidade dos exames. Identifique alguns desses elementos que devem ser buscados. () O ponto de colisão, que é evidenciado pelos seguintes elemen- tos: barro, terra, detritos, peças, crostas de tinta, fragmentos de vidros, etc., que se desprendem dos veículos em face do im- pacto. () Peças desprendidas ou quebradas do veículo, principalmente quando o veículo atropelador se evadiu do local, devem ser reco- lhidas para servir de comparação em futuras análises. () Os veículos envolvidos devem ser examinados, visando-se a ca- racterizar a identificação geral, a situação em relação ao local, o ponto de impacto, avarias, sistemas elétrico, de direção e de segurança (freiOS); situação dos pneumáticos; condições de visi- bilidade oferecida; equipamentos e acessórios obrigatórios. () Os veículos podem ainda ser examinados fora do seu ponto de repouso final, para constatar os elementos transformadores sofri- 111 I 370 CRlMINALÍSTICA PARA CONCURSO - Ai.BERI ESPINDULA dos por ocasião do acidente, pois tais informações serão utiliza- das normalmente pelos peritos no estudo. da dinâmica do local do acidente. 05) O exame em local de ocorrência de trânsito compreende uma minuciosa investigação de todos os elementos materiais conse- quentes do embate das unidades de tráfego e de outros elemen- tos. existentes ou produzidos naquela área examinada. Um des- ses conjuntos de elementos estão relacionados à topografia. da área e respectivas produções consequentes do acidente, como podemos identificar nas informações das alternativas a seguir: () A chamada cadeia de pontps inclui desde o tipo de revestimento da pista, sinalização, até a posição de repouso final dos veículos. () O ponto de re.ação é aquele onde se materializa a reação transfe- rida do condutor ao veículo, por intermédio do início da frena- gem. () No local onde as unidades de triífego tiveram o maior contato entre si é denominado ponto de engajamento máximo. Todavia, a dinâmica geral é que a unidade de tráfego de menor massa, girando em torno da de maior, que se torna seu ponto de apoio, tenda a bater, numa segunda colisão, em alguma parte desta, no momento em que este engajamento se desfaz. () O local no veículo atingido pelo vetor de força da colisão, no mo- mento do engajamento máximo, é denominado sítio de colisão. 14 MEDICINA E ODONTOLOGIA LEGAL 1. INTRODUÇÃO A abordagem sobre os assuntos de Medicina e Odontologia Legal são ape- nas de caráter básico, cujos conhecimentos são necessários para a preparação do candidato ao cargo de perito criminal, tanto para aquele que vai atuar no Ins- tituto de Criminalística quanto no Instituto de Medicina Legal, pois essa matéria é uma das que serão incluídas nos conhecimentos criminaIísticos. Evidentemen- te, os candidatos com formação na área de Medicina e Odontologia, por ocasião da prova de conhecimento profissional, serão avaliados nos assuntos referentes a essas duas áreas respectivamente, com toda a abrangência e profundidade necessárias. AMedicina Legal, apesar de ter toda uma divisão histórica e profissional, é uma perícia que também se encontra incluída no rol das perícias criminalísticas. Na verdade, ao abordarmos a perícia criminal, tudo seria CriminaIística na sua essência. O que existe é apenas uma divisão histórica em razão do surgimento pioneiro da perícia médico-legal, tanto no Brasil como em outros países. Mas como essa divisão é apenas administrativa e não causa nenhum prejuízo à execu- ção da perícia criminal, não é fator importante para nossa abordagem, servindo apenas para esclarecer aos leigos sobre essa curiosidade. A Medicina Legal realiza uma série de tipos de perícias, mas pode-se dizer que ela seja responsável pela realização das perícias em pessoas vivas ou mor- tas. Mais adiante apresentaremos os principais tipos de perícia que são realiza- dos no âmbito dos Institutos de Medicina Legal. Da mesma forma, temos a Odontologia Legal, que vem se individualizando no seu mister, tendo-se em vista os conhecimentos específicos aplicados e as res- pectivas atribuições exclusivas desses profissionais por força da legislação. No entanto, também é perícia criminal dentro do rol maior da CriminaIística, razão pela qual vamos falar de alguns de seus tipos de exames. Em alguns estados da federação, os odontologistas que ingressam na car- reira de perito oficial estão incluídos dentre as várias profissões que compõem os quadros de perito criminal, propiciando um melhor aproveitamento desses funcionários, pois executam as tarefas específicas da sua área profissional e tam- bém aquelas de caráter genérico da Criminalística, a exemplo dos demais pro- 384 CRlMINALiSTlCAPARACONCURSO- MOER!ESPINDUlA sibilidade e atenção. Veja as argumentações constantes das alter- nativas a seguir e responda. () Um dos cuidados na área de sexologia é quanto ao local onde a pericianda vai ser atendida. Deverá ser uma sala reservada, de ambiente ameno e com acesso diferente daquelas salas onde as pessoas esperam para serem atendidas. () O exame em locais de ossadas se baseia exclusivamente nos prin- cípios da Arqueologia. () A mulher que sofrer agressão sexual não deve tomar banho antes de fazer o exame sexológico, pois normalmente é necessário co. letar amostras de líquidos vaginais para exames de laboratório. () A Psicopatologia se ocupa centralmente dos casos de desvios se- xuais, onde o perito estuda e emite seu laudo sobre situações do tipo erotismo, autoerotismo, fetichismo, anafrodisia, gerontofilia, dentre outros, cujos elementos são importantes para a avaliação pericial. 15 RESPOSTA DOS EXERCíCIOS CAPÍTULO 5 - DIREITO ADMINISTRATIVO Julgue as alternativas em CERTO e ERRADO: 1. (Perito - Polícia Federal 2004) As sociedades de economia mista podem ser empresas públicas, caso em que integram a administração indireta do ente federativo a que per- tencem, mas também podem ser empresas privadas, caso em que não fazem parte da administração pública. ERRADO - As Empresas Públicas, que possuem 100% de capital público, e as Sociedades de Economia Mista. O ente instituidor possui a maioria do capital votante, são dois tipos de entes pertencentes à Administração Indireta. Apesar depossuírem Personalidade Jurídica de Direito Privado, estes entes em nenhuma hipótese são empresas privadas, pois se encontram vinculadas ao ente federativo que as criou. 2. (Agente - Polícia Federal 2009) O poder de a administração pública impor sanções a particulares não sujeitos à sua disciplina interna tem como fundamento o poder disci- plinar. ERRADO _ justificativa da banca examinadora: O poder de a Administração Pública imo por sanções a particulares NÃO SUJEITOS À SUADISCIPLINAdecorre do PODER DE POLÍ. CIA, não do poder disciplinar. A doutrina ressalta tal aspecto, conforme se extrai da lição de MARIASYLVIAZ. DI PIIITllO,22'ed., p. 93, que, ao discorrer sobre o poder disciplinar, destaca: "Não abrange as sanções impostas a particulares não sujeitos à disciplina interna da Admi. nistração, porque, nesse caso, as medidas punitivas encontram seu fundamento no poder de polícia do Estado." 3. (Agente - Polícia Federal 2009) O princípio da presunção de legitimidade ou de ve. racidade retrata a presunção absoluta de que os atos praticados pela administração pública são verdadeiros e estão em consonância com as normas legais pertinentes. ERRADO - justificativa da banca: O princípio da presunção de legitimidade ou de veracidade retrata a presunção RELATIVAde que os atos praticados pela Administração Pública são verda. deiros, e não a presunção absoluta. A doutrina destaca tal aspecto, conforme se depreende da lição de MARIA5YLVIAZANEUlI DI PIE1l\O,Direito Administrativo, 22' ed., p. 68, que, ao discorrer sobre o tema, menciona: "Trata-se de presunção relativa (juris tantum) que, como tal, admite prova em contrário. O efeito de tal presunção é Ode inverter o õnus da prova." 4. (Agente - Polícia Federal 2009) A empresa pública e a sociedade de economia mista podem ser estruturadas mediante a adoção de qualquer uma das formas societárias ad. mitidas em direito. ERRADO - Justificativa da banca: A empresa pública pode ser estruturada mediante a ado. ção de qualquer das formas admitidas em direito. Porém, a sociedade de economia mista somente pode ser estruturada sob a forma de sociedade anõnima. (MARIA5YLVIAll.NElL-\ DI PIETRO.Direito Administrativo. 22' ed., p. 449). 5. (Agente - Polícia Federal 2009) O vencimento, a remuneração e o provento não podem ser objeto de penhora, exceto no caso de prestação de alimentoS resultante de decisão judicial. CERTO _ justificativa da banca: A assertiva retrata expressamente o disposto no art. 48 da Lei n.o 8.112/1990, segundo o qual "Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento não 386 CRlMINALÍSTICA PAlIA CONCURSO - ALBERI ESPINDULA 15 - RESPOSTA DOS EXERCíCIOS 387 7. 8. 9. serão objelO de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de prestação de alimentos resultante de decisão judicial." 6. (Delegado - Polícia Federal 2004) A veiculação do ato praticado pela administração pú- blica na Voz do Brasil, programa de âmbito nacional, dedicado a divulgar fatos e ações ocorridos ou praticados no âmbito dos três poderes da União, é suficiente para ter-se como atendido o princípio da publicidade. ERRADO (Delegado - Polícia Federal 2004) A jurisprudência é fonte do direito administrativo, mas não vincula as decisões administrativas, apesar de o direito administrativo se res- sentir de codificação legal. . CERTO (Delegado - Polícia Federal 2004) A vacância é o ato administrativo pelo qual o servi. dor é destituído do cargo, emprego ou função e pode ocorrer com extinção do vínculo pela exoneração, demissão e morte, ou sem extinção do vínculo, pela promoção, apo- sentadoria, readaptação ou recondução. ERRADO (Delegado - Polícia Federal 2004) É possível a existência, no plano federal, de entida- des da administração indireta vinculadas aos Poderes Legislativo e judiciário. CERTO 10. (AGU - 2006) É obrigatória a publicação em meio oficial dos atos de delegação ante o seu caráter formal e, a partir da publicação, o ato de delegação torna.se irrevogável. ERRADO - Segundo a Lei 9.784/1999, a delegação é a transferência, por tempo ceoo, por determinado agente ou órgão de parte de sua competência para outro agente ou órgão, subordinado ou não. 11. (AGU - 2006) A avocação é ato excepcional, de caráter transitório, que, no entanto, dis- pensa motivação por parte da autoridade hierarquicamente superior que a determina. ERRADO - Segundo o art. 15 da Lei nO9.784/1999: Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior. 12. (AGU - 2006) De acordo com a jurisprudência do STF, a autorização legislativa es- pecífica para a criação de empresas subsidiárias é dispensável nos casos em que a lei autorizativa de criação da empresa de economia mista matriz. também previu a eventual formação das subsidiárias. CERTO 13. (Agente Administrativo - Policia Federal 2004) Manoel não pode ser remunerado mediante subsídio, pois essa forma de remuneração é reservada aos ocupantes de car- gos eletivos e de cargos comissionados. ERRADO - Segundo o S4° do ao 39 da CF188, "O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio f=do em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gra- tificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, Odisposto no art. 37, X e Xl". Também, segundo o S8° do ao 39 da CF188, '~ remuneração dos servidores públicos organizados em carreira poderá ser fLXadanos termos do S 4°". 14. (Agente Administrativo - Policia Federal 2004) A Constituição da República não permite que Manoel receba remuneração com valor superior ao do subsídio pago aos ministros do Supremo Tribunal Federal, mesmo que a parcela que exceda essa quantia seja recebida a título de vantagem pessoal. CERTO - Segundo o inciso Xl do art 37 da CFI88, "a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Est:ldos, do DistrilO Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pes- soais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do PrefeilO, e nOSEstados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deput:ldos Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a novent:l inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no ãmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público. aos Procuradores e aos Defensores Públicos; 15. joão, biólogo, foi aprovado em todas as etapas do concurso público para o Cargo de Perito Criminal Federal, Área 8 (Biólogo e Biomédico), em colocação dentro do número de vagas previstas no edital, não possui em hipótese nenhuma direito líquido e certo à nomeação neste cargo. ERRADO. Segundo o Supremo Tribunal Federal, na decisão do Recurso Extraordinário (RE) 598099 impetrado pelo Governo do Estado do Mato Grosso do Sul, questionando a obrigato- riedade de nomear candidatos aprovados em concurso público, negou provimento a este. O Supremo neste e em outrOS julgados tem afirmado que a Administração Pública está vinculada às regras previst:lSno edital. inclusive quanto ao número de vagas previstas no edital. Assim, segun. do a Corte Suprema, a AdministraçãO Pública pode escolher, de forma discricionária,
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