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Estreptococos

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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● MICROBIOLOGIA 
1 
 
www.medresumos.com.br 
 
 
ESTREPTOCOCOS 
 
 Os Streptococcus (do latim, streptus = enlaçados, em cadeia) compreendem um conjunto heterogêneo de 
cocos patogênicos que se dividem num só plano agrupando-se em cadeias de tamanhos variáveis. Englobam-se no 
conjunto de cocos Gram-positivos, catalase-negativos, com uma grande importância em medicina humana e animal. O 
arranjo celular característico é em forma de cadeias, o que deu origem à denominação “estreptococos” (cocos em forma 
de cadeia), ou aos pares. 
 Embora esses micro-organismos façam parte da microbiota normal, muitos deles são responsáveis por uma 
variedade de manifestações clínicas, e são considerados importantes agentes infecciosos tanto para o homem quanto 
para os animais. Dentre os mais importantes, podemos destacar o Streptococcus pyogenes, um dos mais conhecidos 
pela sua incidência na população, principalmente em países tropicais. 
 
 
MORFOLOGIA E CARACTERÍSTICAS GERAIS 
 São cocos que se agrupam em colônias lineares ou aos pares. 
Com técnica Gram, por possuir parede celular grossa e membrana 
simples, determinam coloração roxa (Gram-positivos). São imóveis, já 
que não possuem órgãos de locomoção (como flagelos e cílios). Nenhum 
fabrica a enzima catalase, sendo, portanto, catalase-negativos, uma 
distinção importante contra os Staphylococcus. 
 Todos os estreptococos são anaeróbios facultativos (podem ser 
cultivadas tanto em aerobiose quanto em anaerobiose), podendo viver na 
ausência de oxigênio (fermentando os nutrientes em ácido láctico), mas 
preferindo a sua presença. 
 São bactérias homofermentativas (produzem apenas um produto final durante a fermentação) produtoras de 
ácido lático. Suas células são esféricas ou ovais, medindo 0,5-2,0 μm de diametro e apresentando-se dispostas em 
pares ou em cadeias. Não formam esporos e, às vezes, são encapsuladas. 
 
CULTURA E CARACTERÍSTICAS DE CRESCIMENTO 
 Os estreptococos são micro-organismos extremamente exigentes com relação ao seu crescimento em meio de 
cultura. Devem ser adicionadas ao meio onde se deseje obter o crescimento dessas bactérias: substancias como o 
sangue ou soro, que são substâncias ricas em nutrientes, vitaminas, sais minerais, proteínas e ferro (fatores de 
crescimento). 
 Quando à sua afinidade ao oxigênio, com relação ao seu crescimento, como já vimos, essas bactérias são 
aeróbias (crescem muito bem na presença do oxigênio) ou até mesmo microaerófilas (cresce em pouco teor de 
oxigênio). Crescem com temperatura ideal de 37ºC (bactéria mesófila). 
 Além disso, realizam hemólise em colônias com base de sangue. Os estreptococos são classificados como beta-
hemolíticos (quando causam a lise total das hemácias) ou não-beta-hemolíticos (quando causam a lise parcial das 
hemácias) e gama ou não-hemolíticos. 
 
ESTRUTURA ANTIGÊNICA 
 Assim como todo micro-organismo, os estreptococos apresentam antígenos (qualquer substância capaz de 
induzir a produção de anticorpos) na sua superfície (ou na cápsula ou na parede celular). Esses antígenos são de uma 
variedade imensa: mais de 80 tipos de substâncias antigênicas podem ser encontradas na sua superfície celular. 
 A partir desse fato, foi possível dividi-los em grupos sorológicos baseados nas suas características antigênicas. 
Tomando por base estes grupos, os estreptococos foram divididos em 20 grupos sorológicos (grupos de Lancefield): 
de A – U, recebendo mais importância os enquadrados no grupo A (mais patogênicos, com patologias de pior 
prognóstico). 
 Como antígenos mais importantes, podemos destacar: 
 Proteína M: fator de virulência, principalmente para os estreptococos beta-hemolíticos do grupo A. Esses são 
responsáveis por causarem a febre reumática. 
 Substância T: proteína que serve principalmente para a classificação desses estreptococos. 
 Nucleoproteínas: ajudam no processo de classificação e taxonomia dessas bactérias. 
 
TOXINAS E ENZIMAS 
 Estreptoquinase: toxina com ação de fibrinolisina que favorece a disseminação dos estreptococos, 
caracterizados justamente por essa alta capacidade de difusão e disseminação nos tecidos (principalmente por 
parte do Streptococcus pyogenes). 
Arlindo Ugulino Netto. 
MICROBIOLOGIA 2016 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● MICROBIOLOGIA 
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www.medresumos.com.br 
 Estreptodornase (desoxirribonuclease estreptocócica): enzima produzida por essas bactérias que tem a 
capacidade de quebrar a molécula de DNA de células teciduais, facilitando a sua propagação. 
 Hialuronidase: é um fator de propagação das bactérias que quebra o ácido hialurônico do tecido conjuntivo, 
faciltando a disseminação das bactérias pelos tecidos. 
 Exotoxinas pirogênicas (toxina eritrogênica/escarlatase): enterotoxina que alcança o centro regulador da 
temperatura no hipotálamo, gerando febres altíssimas nos infectados. 
 Hemolisinas: enzimas com capacidade de lisar hemácias. Estreptococos β-hemolíticos, por serem hemolisina-
positivo, têm a capacidade de causar hemólise total onde crescem. Os estreptococos α-hemolíticos apresentam 
uma pequena capacidade hemolítica, enquanto que os γ-hemolíticos não apresentam nenhuma capacidade 
hemolítica. As hemolisinas que contribuem para essas quebras são: estreptolisina O e estreptolisina S. 
 
OBS
1
: A estreptolisina O apresenta propriedades altamente imunogênicas. Um dos critérios diagnósticos obrigatórios 
para a febre reumática, por exemplo, se faz na detecção de evidência de infecção recente estreptocócica. Para isso, 
tanto serve encontrar a própria bactéria como detectar a presença de anticorpos contra ela, como o anticorpo anti-
estreptolisina O (ASLO). 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS ESTREPTOCOCOS 
 Os estreptococos são classificados de acordo com a sua capacidade de provocar lise (morte celular) em 
eritrócitos, em alfa (hemólise incompleta), beta (hemólise total) ou gama (nenhuma hemolise)-hemolítico. Também 
podem ser classificados de acordo com os antígenos nas suas membranas, de acordo com a classificação de Lancefield 
de 1933 ainda usada. 
 Streptococcus pyogenes: enquadrado no Grupo A, é uma bactéria beta-hemolítica. É reponsável por causar a 
faringite estreptocócia (faringoamidalite), a mais comum forma de faringite. Pode ser agente etiológico de 
penumonias raras e graves. 
 Streptococcus agalactiae: pode ser beta ou gama-hemolítico. Enquadrados no grupo B (por isso também são 
classicamente conhecidos pela sigla “GBS”), representam uma causa importante de sepse neonatal (principal 
causa), resultante de produtos tóxicos produzidos por esses micro-organismos. 
 Enterococcus faecalis: associados a infecções alimentares. 
 Streptococcus pneumoniae: principal agente etiológico das pneumonias. 
 S. mitis, S. sanguis e S. mutans: estreptococos da cavidade oral. Os dois primeiros são os responsáveis pela 
produção do biofilme dental e este último, responsável por fixar-se a este biofilme e gerar as cáries. 
 Sepses streptococcus: bactérias presentes no intestino grosso que apresentam a anaerobiose como 
característica particular. 
 
OBS
2
: Estreptococos da cavidade oral. O recém-nascido apresenta uma mucosa oral esterilizada. Com 6 horas pós-
nascimento, as primeiras bactérias a colonizarem esta região são os estreptococos. Os estreptococos orais constituem 
um dos mais populosos grupos de bactérias da boca. Eles estão inclusos no grupo de estreptococos viridans, um 
conjunto de micro-organismos de caracterização menos bem definida e padronizada que os demais estreptococos. Entre 
as suas principais características, está o fato de serem α-hemolíticos. Dentre seus representantes, temos: S. sanguines, 
S. mitis, S. sobrinus, S. mutans (sendo este o mais cariogênico dos estreptococos orais). 
 
 
PATOGENIA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
 O S. pyogenes é também conhecido como estreptococo do grupo A. É a principal representante dos 
estreptococos beta-hemolíticos. A espécie S. pyogenes tem mostrado, ao longo do tempo, altopoder de adaptação ao 
hospedeiro humano, atuando como importante agente etiológico de uma série de manifestações clínicas, entre as quais 
predomina a orofaringite, assim como sequelas não supurativas, representadas pela febre reumática e a 
glomerulonefrite aguda pós-estreptocócica. 
 
 Erisipela (linfangite estreptocócica): é uma infecção cutânea superficial causada geralmente por bactérias de 
tipo Streptococcus do grupo A. Para a sua 
etiologia, o micro-organismo geralmente usa 
como porta de entrada lesões na própria pele 
(ou nas unhas). Cursa usualmente com eritema, 
edema, bolhas na região acometida e dor. Na 
maioria dos casos também com febre e 
leucocitose (significando atingimento sistêmico). 
Ao exame objetivo é perceptivel claramente 
uma linha de demarcação entre a área não 
atingida vs. a área atingida. Pode ser 
acompanhada de linfangite e linfadenite. 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● MICROBIOLOGIA 
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 Impetigo crostoso (piodermite estreptocócica): infecção superficial da pele 
causada pelo estreptococo. É uma infecção semelhante ao impetigo bolhoso do 
Staphylococcus, entretanto, ele não cursa com bolhas. É caracterizado por lesões 
que se manifestam com crostas melicéricas (que lembram a cor do mel). A infeção 
pode afetar qualquer segmento da pele, sendo a face e as mãos são os locais mais 
comuns. 
 
 Faringite/Faringoamidalite/Amigdalite 
estreptocócica: inflamação da faringe 
causada por S. pyogenes, a área 
situada entre as tonsilas e a laringe, que 
provoca muitas vezes dor, febre e 
rouquidão. Caracteriza-se por uma 
infecção localizada (o que é comum do 
S. pyogenes), geralmente com a 
presença de pus na região (o sinal mais 
específico, porém, é a presença de 
petéquias no palato). 
 
 Endocardite bacteriana: infecção que atinge parte da membrana que encobre as válvulas cardíacas. Pode 
atingir também várias partes do coração. Essa endocardite resulta em um processo infeccioso em todo músculo 
cardíaco e válvulas com a presença de estreptococos que vão culminar na formação de granulomas. O 
Streptococcus viridans é a principal causa de endocardite subaguda em valva nativa. 
 
OBS
3
: A partir do momento que este micro-organismo invade os tecidos do hospedeiro, ele se dissemina por entre os 
mesmos. Para qualquer micro-organismo que invade os tecidos, a primeira célula de defesa que realiza uma resposta é 
o macrófago, conduzindo-o pela linfa. Esta desemboca na corrente sanguínea e leva os micro-organismos a se 
instalarem em tecidos de sua preferência. 
 
DOENÇAS PÓS-ESTREPTOCÓCICAS (SEQUELAS NÃO SUPURATIVAS) 
 Glomerulonefrite pós-estreptocócica (GNPE): definida como uma inflamação aguda clássica dos glomérulos 
renais caracterizada por uma sequela renal tardia após uma infecção por Streptococcus β-hemolítico do grupo A 
de Lancefield, cepa M. Acomete principalmente a faixa etária entre 5 e 12 anos, e pode ser causada após 
faringoamigdalites (após 7 a 10 dias da infecção) e impetigo (após 14 a 21 dias da infecção). O quadro é 
caracterizado por uma apresentação clínica clássica de síndrome nefrítica: diminuição do débito urinário 
(oligúria), hipertensão arterial, edema, hematúria (hemácias na urina). Tem bom prognóstico: a inflamação dura 
cerca de 1 semana, melhorando a oligúria (em 7 dias) e o edema. 
 
 Febre reumática: é uma doença reumática, inflamatória, de origem autoimune, em resposta do organismo a 
infecções pelo estreptococo (Streptococcus pyogenes) do grupo A de Lancefield. O paciente acometido pode 
apresentar poliartrites, febre, coreia (se houver lesão do SNC) e cadite. Esta é causada pelo fato de a parede 
celular dos estreptococos apresentar antígenos semelhantes às células cardíacas; estas passam a ser atacadas 
por anticorpos que foram previamente produzidos para combater a célula bacteriana (caracterizando o que 
chamamos de reação cruzada). O tratamento consiste na erradicação da bactéria (droga de escolha: 
Penicilina), para evitar sua propagação na comunidade, além da realização de uma profilaxia secundária para os 
que já manifestaram a doença, com o intuito de coibir uma nova manifestação. A profilaxia pode ser feita com 
injeções de Penicilina Benzatina a cada 21 dias. 
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
 Amostras: Swab de garganta, amostras de pus ou sangue. 
 Esfregaços são corados pelo método de Gram. 
 O material é empregado em meio de cultura ideal: ágar sangue. 
 Provas sorológicas: ASLO (pesquisa do anticorpo anti-estreptolisina O). 
 
EPIDEMIOLOGIA, PREVENÇÃO E CONTROLE 
 Detecção e tratamento antimicrobiano: única forma de erradicar o micro-organismo. Deve ser feito o 
antibiograma para avaliar a resistência da cepa, embora haja drogas já caracterizadas (como a penicilina e 
eritromicina) que agem muito bem contra estes micro-organismos. 
 Quimioprofilaxia antiestreptocócica: indicada para a febre reumática, uma vez que as recidivas nas infecções vão 
produzir uma gravidade maior. 
 Erradicação de estreptococos do grupo A dos portadores: 
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 Controle da poeira, ventilação e filtração do ar principalmente em clínicas e hospitais. 
 Leite pasteurizado: forma de controle, principalmente contra os Streptococcus agalactiae, um dos agentes 
etiológicos da mastite bovina. 
 
RESPOSTA IMUNE 
 A reposta imune desencadeada por esta bactéria é do tipo adaptativa humoral, uma vez que ela irá produzir 
toxinas que serão liberadas para o meio sanguíneo. Essas toxinas desencadeiam, então, a produção de anticorpos 
específicos, principalmente aqueles denominados de anticorpos anti-estreptolisina O. 
 Esses anticorpos (produzidos pelo plasmócito, que consiste na diferenciação do próprio linfócito B) são 
responsáveis por realizar: a opsonização, ou seja, uma facilitação à fagocitose realizada pelo macrófago; apresentam 
um poder bactericida, agindo direto na parede bacteriana; ativam o sistema complemento, conjunto de proteínas 
responsáveis por realizar a lise das bactérias, opsonização e participação na resposta inflamatória. 
 
 
TRATAMENTO 
 Os estreptococos beta-hemolíticos do grupo A, grupo de bactérias responsáveis pelas infecções de caráter mais 
graves e comuns, ainda são consideradas sensíveis à Penicilina G (como o Benzetacil®) e à Eritromicina. Lembremo-
nos, porém, que a realização de um antibiograma é sempre indispensável antes de se iniciar o tratamento (na prática, 
pode-se colher material para o antibiograma e, logo em seguida, iniciar um tratamento empírico, otimizando o antibiótico 
assim que o resultado do exame estiver disponível).

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