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Himenolepíase

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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● PARASITOLOGIA 
1 
 
www.medresumos.com.br 
 
 
HIMENOLEPÍASE 
 
 Na família Hymenolepididae existem algumas espécies que atingem humanos e roedores, com bastante 
controvérsia quanto a toxonomia. Essa espécie é cosmopolita, atingindo roedores, humanos e outros primatas, 
estimando-se que atinja 75 milhões de pessoas que vivam em baixas condições sanitárias e em aglomerados (favelas, 
creches etc.) no mundo todo. 
 Os Hymenolepis sp são espécies de cestoda absolutamente semelhante às tênias, sendo elas denominadas 
pelo termo tênia anã. 
 
CLASSIFICAÇÃO 
 Filo: Platyhelminthes 
 Classe: Cestoda 
 Família: Hymenolipidae 
 Gênero: Hymenolepis 
 Espécie: nana e diminuta 
 
 
MORFOLOGIA 
 
OVOS 
 Apresenta forma oval medindo cerca de 40μm de diâmetro, 
sendo eles transparentes e incolores. Apresentam duas membranas 
externas delgadas envolvendo um espaço claro. Internamente, 
apresentam outra membrana (embrióforo) envolvendo o embrião 
(hexacanto ou embrião). Essa membrana interna apresenta dois 
mamelões claros em posições opostas, dos quais partem alguns 
filamentos longos. 
 
LARVA CISTICERCOIDE 
 É uma pequena larva, formada por um escólex invaginado e 
envolvido por uma membrana. Contém pequena quantidade de líquido. 
 
VERME ADULTO 
 Mede cerca de 3 a 5cm (podendo chegar de 6 a 10 cm), com 100 a 200 proglotes bastante estreitas (são mais 
largas do que longas). Estas proglotes rompem-se ainda no intestino, liberando os ovos, mas elas não se encontram nas 
fezes. Cada um destes possui genitália masculina e feminina. O escólex apresenta quatro ventosas e um rostro (rostelo) 
retrátil armado de ganchos. 
Hymenolepis nana Hymenolepis diminuta 
 Presença de rostro e acúleos; 
 Mede cerca de 3 a 5 cm; 
 Apresenta ovo menor com filamentos; 
 Apresenta ciclo monoxênico e heteroxênico; 
 Parasita do homem. 
 
 Ausência de rostro; 
 Pode chegar de 30 a 60cm; 
 Apresenta ovo maior e sem filamentos; 
 Passa por um ciclo biológico heteroxênico; 
 Conhecida como tênia do rato. 
 
 
 
HÁBITAT 
 O verme adulto é encontrado no intestino delgado, principalmente íleo e jejuno do homem. Os ovos são 
encontrados nas fezes e a larva cisticercoide pode ser encontrada nas vilosidades intestinais do próprio homem ou na 
cavidade geral do inseto hospedeiro intermediário (pulgas e carunchos de cereais). 
 
 
CICLO BIOLÓGICO DA HYMENOLEPIS NANA 
 Esse helminto pode apresentar dois tipos de ciclo: um, monoxênico, em que não apresenta hospedeiro 
intermediário, e outro, heteroxênico, em que usa hospedeiros intermediários, representados por insetos (pulgas: 
Xenopsylla cheopis, Ctenocephalides canis, Pulex irritans e coleópteros: Tenebrio molitor, T. obscurus e Tribolium 
confusum). É por isso que a presença do verme adulto não é tão comum em crianças, uma vez que a probabilidade de 
crianças ingerirem uma pulga é muito remota. 
Arlindo Ugulino Netto. 
PARASITOLOGIA 2016 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● PARASITOLOGIA 
2 
 
www.medresumos.com.br 
 
 
 
 Ciclo monoxênico: os ovos são eliminados juntamente com as fezes e podem ser ingeridos por alguma criança. 
Ao passarem pelo estômago, os embrióforos são fragilizados pelo suco gástrico; daí chegam ao intestino 
delgado onde ocorre a eclosão da oncosfera, que penetra nas vilosidades do jejuno ou íleo, dando, em quatro 
dias, uma larva cisticercoide. Dez dias depois a larva está madura, sai da vilosidade, desenvagina-se e fixa-se a 
mucosa intestinal através do escólex. Cerca de 20 dias depois já são vermes adultos. Esses possuem uma vida 
curta, pois cerca de 14 dias depois morrem e são eliminados. Essa eliminação se dá pela própria resistência do 
corpo, que desenvolveu a capacidade de resposta imunológica no momento em que a larva cisticercoide 
parasitou o intestino humano (o que não acontece no ciclo heteroxênico). Deve ser ressaltado, então, que esse 
ciclo é o mais frequente e que as larvas cisticercoides, nas vilosidades intestinais, estimulam o sistema imune e 
conferem a imunidade ativa especifica. Se um indivíduo com imunidade baixa ingere os ovos, ele desenvolverá 
uma parasitose mais prolongada. 
 Ciclo heteroxênico: os ovos presentes no meio externo são ingeridos pelas larvas de algum dos insetos já 
citados. Ao chegarem ao intestino desses hospedeiros intermediários, liberam a oncosfera, que se transforma 
em larva cisticercoide. A criança pode acidentalmente ingerir um inseto contendo larvas cisticercoides que, ao 
chegarem ao intestino delgado, desenvaginam-se, fixam-se à mucosa e 20 dias depois já são vermes adultos. 
No caso do desenvolvimento de um ciclo heteroxênico, como os ovos eclodem e formam a larva no intestino do 
vetor e não no intestino do homem, este não desenvolve uma resposta imune ao parasita, o qual permanece 
mais tempo (o que pode vir a desencadear sintomas) do que no caso de um ciclo monoxênico. 
 
 Com isso, podemos concluir os fatores que fazem do himenolepíase uma doença muito pouco prevalente: 
criação de uma resposta imune ao ovos que chegam no hospedeiro pelo ciclo monoxênico (que nem chegam a 
desenvolver sintomas); a remota incidência de ingestão de vetores como pulgas; a viabilidade dos ovos de Hymenolpis 
sp serem de poucos dias (10 a 15 dias aproximadamente), diferentemente do Ascaris lumbricoide (que chegam a durar 
anos). 
 
 
TRANSMISSÃO 
 O mecanismo mais frequente de transmissão é a ingestão de ovos presentes nas mãos ou em alimentos 
contaminados. Nestes casos ocorrem normalmente poucas reinfecções no hospedeiro, pois a larva cisticercoide, tendo 
se desenvolvido nas vilosidades da mucosa intestinal, confere forte imunidade ao mesmo. É por esse motivo que esse 
parasito é mais frequente entre crianças do que nos adultos: estes já possuem alguma imunidade adquirida ativamente, 
reduzindo a chance de novas reinfecções (autocura). 
 Quando o hospedeiro ingere um inseto com larvas cisticercoides e estas dão vermes adultos, pode ocorrer 
hiperinfecção, uma vez que não há imunidade e milhares de ovos podem ser liberados no intestino, dando uma 
autoinfecção interna (a oncosfera de cada ovo penetraria na mucosa do íleo, dando uma larva cisticercoide, e esta 
depois transformar-se-ia em verme adulto), que ocorre, geralmente, por retroperistaltismo. 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● PARASITOLOGIA 
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www.medresumos.com.br 
 Condições experimentais demonstraram que um hospedeiro intermediário poderia estar envolvido (artrópodes 
coprófagos): larvas de pulgas do rato (Xenopsulla cheopis), do cão (Ctenocephalides canis), do homem (Pulex irritans), 
gorgulho de cereais (espécies do gênero Tenebrio). 
 
 
PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA 
 O aparecimento de perturbações está associado à idade do paciente e ao número de vermes albergados. Os 
sintomas atribuídos as crianças são: agitação, insônia, irritabilidade, diarreia, dor abdominal, raramente ocorrendo 
sintomas nervosos, dos quais os mais penosos são ataques epilépticos em formas várias, incluindo cianose, perda de 
consciência e convulsões. As alterações nervosas talvez se devam a uma excitação do córtex, por ação reflexa ou por 
liberação de toxina. 
 Na sintomatologia acima indicada, devido à hiperinfecção, ainda se pode notar congestão da mucosa, infiltração 
linfocitária, pequenas ulcerações, eosinofilia e perda de peso. 
 Em geral os pacientes com himenolepíase costumam apresentar remissão dos sintomas espontaneamente, sem 
tratamento. 
 
 
DIAGNÓSTICO 
 Clínico: é de pouca utilidade e difícil, mas em casos de crianças com ataques epileptiformes deve-se pensar 
primeiramente em alguma verminose, a qual será confirmada, ou não, por um exame rotineiro de fezes. 
 Laboratorial: exame de fezes pelos métodos de rotina e encontro do ovo característico. 
 
 
EPIDEMIOLOGIA 
 Apesar do H. nana ser cosmopolita, ele é mais frequente nos países ou regiões de clima frio. Entretanto, dentro 
desses países, dois fatores são muito importantes na determinaçãoda incidência dessa verminose entre a população: 
densidade populacional e hábito de viver em ambientes fechados. No Brasil, o H. nana é mais comum na Região Sul, 
onde durante os meses de inverno as crianças permanecem por mais tempo em ambiente fechado. 
 Na população em geral, sua prevalência é muito baixa, ou seja, de 0,04% a 3,5%. Já quando se examina a faixa 
etária de 2 a 9 anos, em educandários coletivos (creches, asilos, internatos, etc.), a prevalência pode chegar a 40,1%. 
Os principais fatores que parecem determinar a distribuição e incidência do H. nana em nosso meio são: resistência 
curta do ovo no meio externo: até dez dias; promiscuidade e maus hábitos higiênicos; presença de hospedeiros 
intermediários atípicos próprios no ambiente; transmissão ser também direta: criança-fezes-ovos-chão-criança. 
 
 
PROFILAXIA 
 Higiene individual, uso de privadas ou fossas, uso de aspirador de pó e tratamento precoce dos doentes. O 
combate aos insetos de cereais (carunchos) e pulgas existentes em ambiente doméstico é medida muito útil. Fazer 
exame de fezes nos demais membros da comunidade (família, creche, etc.) e tratá-los corretamente para se evitar a 
manutenção de fontes de infecção. 
 
 
HYMENOLEPIS DIMINUTA E CICLO BIOLÓGICO 
 Mede cerca de 30 a 60cm, possuindo escólex com 
quatro ventosas, sem rostro. São parasitos habituais de ratos e 
raramente de humanos (hospedeiro acidental). O ciclo é 
sempre heteroxeno e o homem infecta-se ingerindo insetos 
(pulgas, coleópteros etc.) com a larva cisticercoide. 
Normalmente, o parasitismo humano não leva a nenhuma 
alteração orgânica. Em geral, o verme é eliminado dois meses 
após a infecção. 
 O diagnóstico é feito pelo encontro dos ovos nas fezes 
(são maiores do que H. nana e não possuem os filamentos 
polares). O tratamento é semelhante aos dos outros Cestoda. 
Experimentos feitos em camundongos demonstraram que 
existe uma forte imunidade cruzada entre o H. nana e o H. 
diminuta. Quando um camundongo é previamente infestado por 
uma espécie e depois reinfectado pela outra, essa segunda 
espécie não consegue se desenvolver no hospedeiro. Isso se 
deve a antigenicidade não só da forma tecidual (larva cisticercoide) como da forma adulta que é altamente imunogênica, 
levando a produção de altos títulos de IgG. Em vista disso, pode-se fazer a proteção de hospedeiros (camundongos e 
humanos) contra o H. nana, provocando-se uma infecção controlada e discreta pelo H. diminuta.

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