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Classificação Internacional de Funcionalidade

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A Classificação Internacional de Funcionamento, Incapacidade e Saúde: progresso e oportunidades
Introdução
A Organização Mundial de Saúde (OMS) propõe o uso da Classificação Internacional de Funcionamento, Deficiência e Saúde (ICF) juntamente com a Classificação Internacional de Doenças para descrever as condições de saúde dos indivíduos em uma perspectiva mais ampla.
O objetivo deste texto é apresentar a classificação e demonstrar maneiras de usá-la com o objetivo de promover o ICF e promover sua adoção e uso pelos serviços de saúde.
O envelhecimento da população, o aumento da medicalização e o controle de doenças tornam a informação de saúde disponível insuficiente para o planejamento e avaliação das políticas de saúde. As pessoas com doenças crônicas podem viver por vários anos sem monitorar a evolução de sua condição e sem adicionar qualquer informação útil para o sistema de saúde para propor intervenções preventivas.
O ICF propõe uma abordagem à saúde do indivíduo, ou ao processo de incapacitação, através de um modelo biopsicossocial que incorpora componentes de saúde nos níveis físico e social. Esta proposta transcende o modelo biomédico baseado na etiologia da doença, evoluindo para um modelo tridimensional: biomédico, psicológico e social. Nesse caso, cada nível atua e sofre as ações dos outros, e todos eles são influenciados pelo meio ambiente. A Figura 1 mostra o modelo proposto e as interações entre seus componentes.
O conhecimento, a compreensão e a aplicação deste novo instrumento são essenciais para uma compreensão mais ampla dos processos experimentados pelo indivíduo. Além de sugerir um modelo inovador para a área, a ICF oferece uma linguagem universal, comum a todos aqueles que trabalham com a saúde ou doenças.
Embora esta classificação tenha sido aprovada em 2001, as descrições de seu uso foram publicadas apenas em 2004 relatando sua aplicação clínica sob a forma de listas abreviadas criadas para facilitar o uso desta ferramenta.
O ICF é atualmente usado em vários países. Nos países europeus, como Alemanha e Suíça, a Classificação também foi utilizada para justificar a reabilitação nos pedidos de reembolso feitos às companhias de seguros de saúde. No entanto, o estudo eo uso da ICF são promovidos não só para assegurar uma compensação adequada aos serviços de saúde. Com base em experiências internacionais, é importante descrever o perfil epidemiológico das pessoas com deficiência, caracterizar as condições mais freqüentes e se concentrar em cuidados específicos. A ICF é útil para monitorar a evolução do paciente, para a concessão de benefícios (como o "Benefício de Prestação Continuada"), para as decisões do sistema judiciário e para a formulação e implementação do público Políticas.
O uso da ICF na Suíça e na Alemanha, entre outros aspectos, demonstra uma melhora na comunicação entre os profissionais da equipe, permite que os serviços sejam reajustados para atender às necessidades da população e otimiza a estrutura de cuidados de saúde. No Brasil, seu uso institucionalizado pode facilitar a autorização dos procedimentos ambulatoriais e hospitalares pelo Sistema Único de Saúde e pelas companhias de seguros de saúde, além de ajudar a elaborar políticas de inclusão social. Além disso, o uso da classificação deve ser promovido para que a ferramenta seja completamente explorada e novas aplicações sejam descobertas.
Várias estratégias para o uso do ICF foram criadas. Um dos mais bem sucedidos foi o projeto de produção de conjuntos principais liderado pelo grupo de pesquisa do Departamento de Saúde Biopsicossocial do Instituto de Ciências da Saúde e Reabilitação da Ludwig-Maximilians-University (Munique, Alemanha), com a participação de pesquisadores de vários Países, incluindo o Brasil. Este projeto criou listas resumidas de códigos ICF para grupos específicos de doenças. A metodologia proposta para essas listas envolveu várias etapas, com consulta a literatura e especialistas, coleções de dados empíricos e um consenso com especialistas de todo o mundo para terminar o conjunto principal.
A elaboração de um instrumento simplificado implementou o aplicativo e permitiu uma ampla promoção da Classificação.
A aplicação da classificação na prática clínica também tem sido objeto de pesquisas. Um exemplo é a abordagem proposta pelo "curso de educação do paciente baseado em ICF" (um programa educacional para pacientes com AVC totalmente baseado no ICF). De forma pedagógica, os autores sugerem um programa que usa cartões contendo categorias de ICF selecionados do modelo de conjunto de núcleo para Stroke (Conjunto de núcleo ICF abrangente para AVC). Os pacientes, divididos em grupos de até 4, são encorajados a selecionar cartões que contenham as áreas que apresentam restrições ao seu funcionamento. Então, eles discutem suas próprias limitações no grupo e pensam em possibilidades de tratamento ou estratégias de resolução de problemas. A proposta é simples e pode ser realizada em 5 sessões de uma hora. Além disso, este modelo pode ser usado por pessoas de qualquer nível educacional se os cartões usar desenhos em vez de texto.
Outra forma de aplicação do ICF, também baseada em um conjunto de núcleo relacionado à lesão da medula espinhal (Conjunto de núcleo ICF abrangente para lesão da medula espinhal) 10,11, é relatado no estudo de Rauch et al.12. O documento propõe a implementação de 4 etapas no processo de reabilitação: 1) Avaliação; 2) Atribuição; 3) Intervenção; E 4) Reavaliação, ilustrada por um estudo de caso de um paciente com lesão medular para promover o uso da ferramenta por equipes multidisciplinares. Após a definição das áreas comprometidas, os diferentes profissionais da equipe classificaram o funcionamento do paciente usando os qualificadores propostos pelo ICF (dígitos que indicam, entre outros aspectos, a gravidade da condição) e avaliou sua condição no momento de Admissão e alta. As tabelas foram elaboradas com as avaliações do paciente em duas ocasiões, após 5 e 7 meses, o que permite dirigir as intervenções. Assim, foi possível seguir a evolução do paciente de forma clara, concreta e qualitativa.
Alguns centros de reabilitação, como Rehaklinik Bellikon (Suíça) e Diakonie (Alemanha), elaboraram e usam seu modelo de avaliação com base no ICF. Cada centro usa seu próprio modelo que direciona a intervenção com seu foco específico. O modelo do Centro de Reabilitação Bellikon é baseado no modelo de integração da classificação. De forma mais flexível e sem itens codificados, a avaliação considera fatores pessoais, aspectos psicossociais, mudanças funcionais e restrições de atividades e participação. Essas condições estão contidas em um software criado para juntar as informações de cada profissional em um único gráfico. A informação neste gráfico está associada a dados adicionais de escalas específicas, como a Medida de Independência Funcional (FIM) e o Índice Barthel, entre outros.
Por outro lado, no Diakonie, o ICF é usado como uma lista de verificação para conduzir programas de intervenção precoce para crianças. A avaliação, com o desempenho da criança avaliada em um ambiente interativo gravado em vídeo, é realizada por uma equipe multidisciplinar em uma entrevista com os pais. A lista de verificação inclui os subgrupos de funções corporais, estruturas corporais, atividades e participação, bem como fatores ambientais qualificados por meio de um qualificador modificado (escala de 1 a 5, que significa: 1 = necessidades de suporte, mas sem deficiência ou danos; 2 = Desativado ou insuficiente; 3 = mais pesquisas ou diagnósticos são necessários; 4 = área alvo de cuidados; 5 = não aplicável). É interessante ressaltar que há uma dificuldade prática em usar qualificadores originais do ICF porque são subjetivos. No entanto, seu uso é possível, conforme demonstrado pela proposta de Rauch et al. E ajudar a monitorar a evolução do paciente. A avaliação no Diakonie é finalizada depois que a equipe discutiu e selecionou os itens alvo de atenção para objetivos terapêuticos.
Osdois últimos centros mencionados procuram discutir a abordagem do paciente por meio de um único idioma, além de justificar os custos com o processo de reabilitação para as companhias de seguros de saúde.
Um exemplo de avaliação direcionada pelo modelo ICF é ilustrado por um estudo de caso de um paciente monitorado no Departamento de Fisioterapia Adulto do Centro de Reabilitação da Associação de Assistência à Criança deficiente (Figura para a Ajuda de Crianças com Deficiência, São Paulo, Brasil). 2). O paciente M., 27 anos, feminino, vítima de lesão cerebral traumática, 8 anos após a lesão, em reabilitação por cirurgia pós-operatória para o tratamento da ossificação heterotópica nos quadris, vem ao centro de reabilitação com o objetivo pessoal de aumentar sua marcha Independência em ambientes domésticos e externos. O modelo foi utilizado para direcionar os objetivos terapêuticos, considerando as restrições de atividades e participação, que eram tanto as principais queixas do paciente quanto as principais da mãe.
É possível observar a quantidade de informação relacionada à saúde do paciente e as condições permitidas pelo modelo. De forma integrada, a ICF serve como um roteiro para definir terapias adequadas e objetivos específicos, permite monitorar a evolução do caso e facilita a compreensão da equipe sobre como lidar com o paciente.
Estes exemplos mostram que a adequação do uso do ICF depende do objetivo (avaliação / reavaliação / classificação), o propósito (explicação de custos, resultados administrativos para fins de estatísticas hospitalares e ambulatoriais), o (s) profissional (es) que o utiliza ( Médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, fonoaudiólogos, educadores e outros profissionais de saúde) e no foco em cuidados de saúde.
Os profissionais de saúde, bem como os serviços de saúde do país, devem estar familiarizados com a ampla gama de possibilidades na aplicação desta ferramenta. A adoção do ICF por um número crescente de serviços e sistemas de políticas públicas e sua incorporação nos currículos do setor de saúde, contemplando o modelo de integração, resultará em tratamentos mais eficientes e efetivos e maior qualidade de vida para os pacientes.
A leitura e exploração da Classificação pelos profissionais de saúde permitem a proposta de usos adaptados às necessidades de cada serviço de saúde. O uso de listas de verificação e conjuntos de núcleo, bem como de modelos específicos, deve ser estimulado, mas a criatividade pode permitir formas novas e diferentes para sua aplicação.
O ICF deve ser reconhecido como um quadro universal inestimável para classificar os componentes de saúde pessoal, em vez de um sistema de classificação simples como o relatório do Tesio. Portanto, a educação profissional deve ser orientada para o aspecto de uma avaliação da saúde globalizada, com o objetivo de analisar o impacto das doenças no mundo e promover intervenções mais efetivas.
A ICF foi reconhecida internacionalmente como uma ferramenta útil e seu uso está se tornando uma tendência global. Assim, se o Brasil deseja manter sua estatura como um país cujo sistema de saúde atinge o mundo por sua complexidade e capacidade de universalidade, abrangência e equidade, deve incorporar esse sistema de classificação em suas práticas em todos os níveis de atenção à saúde da população.

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