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Responsabilidade Civil - Resumo - II Unidade

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RESPONSABILIDADE CIVIL 
										 II UNIDADE
4. CAPÍTULO – RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
4.1. Fundamentos Jurídicos
A responsabilidade civil consiste na obrigação de reparar economicamente os danos causados a terceiros, sejam no âmbito patrimonial ou moral. Assim, em razão de um dano patrimonial ou moral é possível o Estado ser responsabilizado e, conseqüentemente, deverá pagar uma indenização capaz de compensar os prejuízos causados.
4.2. Responsabilidade Objetiva
A responsabilidade objetiva (que independe da comprovação de dolo ou de culpa) do Estado está prevista no parágrafo 6o do artigo 37 da Constituição Federal.
Art. 37, § 6º – As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
A doutrina e a jurisprudência vêm entendendo que a responsabilidade objetiva do Estado (que é independente da existência de dolo ou culpa) só existe diante de uma conduta comissiva (ação) praticada pelo agente público. Desse modo, no exemplo da perseguição policial, onde o tiro do policial acerta um particular, teremos a responsabilidade objetiva do Estado, uma vez que estamos diante de uma conduta comissiva (ação).
Por outro lado, quando estivermos diante de uma omissão do Estado a responsabilidade deixa de ser objetiva e passa a ser subjetiva, ou seja, o particular lesado deverá demonstrar o dolo ou a culpa da Administração, em qualquer de suas modalidades: negligência, imprudência e imperícia. Ex: fortes chuvas causaram enchentes e um particular teve sua casa alagada. Nesse caso, não bastará a comprovação do dano sofrido pela inundação, sendo imprescindível demonstrar também o dolo ou a culpa do Estado em não limpar os bueiros e as “bocas de lobo” para facilitar o  escoamento das águas, evitando-se, assim, os prejuízos causados pelas enchentes.
Responsabilidade objetiva do Estado: independe da comprovação de dolo ou culpa, bastando demonstrar que os danos foram causados (nexo de causalidade) por uma conduta da Administração Pública.
4.3. Teoria do Risco Administrativo
Admite causas excludentes de responsabilidade como caso fortuito, força maior e culpa exclusiva da vítima (essas causas serão estudadas logo mais). Trata-se da teoria adotada em nosso Direito, devendo o Estado responder pelos prejuízos causados aos administrados, salvo quando presente alguma das causas acima mencionadas.
Teoria do Risco: Teoria do Risco Integral: não admite causas excludentes de responsabilidade; Teoria do Risco Administrativo: admite causas excludentes de responsabilidade, como caso fortuito, força maior e culpa exclusiva da vítima – teoria adotada em nosso Direito.
4.4. Excludente de responsabilidade
No tocante a responsabilidade civil extracontratual do Estado, importante ressaltar que existem algumas causas que, uma vez comprovadas, excluem a responsabilidade da Administração Pública. São elas:
1ª) Caso Fortuito e Força Maior: existem autores que defendem que a força maior decorre de fenômenos da natureza, enquanto o caso fortuito seria decorrente da atuação humana. Por outro lado, há quem defenda justamente o contrário. Logo, diante de uma divergência doutrinária, importante buscarmos o posicionamento da jurisprudência, ou seja, o entendimento dos nossos juízes e tribunais.
A esse respeito, o Supremo Tribunal Federal não faz distinção entre caso fortuito e força maior, considerando ambas as causas como excludentes de responsabilidade do Estado.
Ex.1: um terremoto que destrói casas. O Estado não poderá ser responsabilizado, pois o fato não ocorreu em razão de uma conduta da Administração, mas sim de um fato alheio e imprevisível.
Ex.2: Um assalto em ônibus em que um passageiro é morto exclui a responsabilidade do Estado ou da empresa concessionária do serviço público, uma vez que a ação do assaltante não tem nenhuma conexão com o serviço de transporte (Recurso Especial nº 142186).
2ª) Culpa Exclusiva da Vítima ou de Terceiro: quando a vítima do evento danoso for a única responsável pela sua causa, o Estado não poderá ser responsabilizado. Ex: uma pessoa querendo suicidar-se, se atira na linha do trem. Nesse caso, a família da vítima não poderá responsabilizar o Estado, uma vez que a morte só ocorreu por culpa exclusiva da pessoa que se suicidou.
Por outro lado, quando a culpa for concorrente (e não exclusiva) da vítima, não haverá exclusão da responsabilidade do Estado, mas atenuação. Ex: passageiro que viajava pendurado pelo lado de fora do trem (pingente) caiu e sofreu danos. Nesse caso, O Superior Tribunal de Justiça reduziu pela metade o pagamento de indenização, pois concluiu pela culpa concorrente da vítima, isto é, tanto a vítima quanto a empresa estatal de transporte ferroviário foram considerados responsáveis pela causação do acidente. O passageiro não deveria andar pendurado no trem e a empresa estatal deveria proibir essa conduta (Recurso Especial nº 226348).
Ex . de culpa exclusiva de terceiro
O Estado poderá ser responsabilizado pelos prejuízos causados a terceiros pelas concessionárias e permissionárias de serviço público?
Em princípio, a resposta é negativa, não respondendo o Estado por danos causados por suas concessionárias ou permissionárias. Isto porque estas pessoas jurídicas prestam o serviço público em seu nome, por sua conta e risco.
Entretanto, a responsabilidade do Estado será subsidiária, ou seja, este responderá pelos prejuízos após o exaurimento do patrimônio das empresas concessionárias e permissionárias do serviço público. Portanto, se uma dessas empresas, por exemplo, falir e não possuir condições de arcar com a indenização devida, o Estado deverá pagá-la, não podendo o administrado prejudicado ficar sem o ressarcimento devido.
5. CAPÍTULO – RESPONSABILIDADE DAS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO
5.1. Responsabilidade civil no código de defesa do Consumidor. 
O consumidor tem como um direito essencial à reparação dos danos por ele sofridos, objetivando um reequilibro da relação jurídica abalada por um ato antijurídico.
A responsabilidade pelos danos de consumo teve sua evolução ligada ao histórico da responsabilidade civil, bem como suas fases.
A princípio, a reparação do dano causado na relação de consumo era contratual, sendo, portanto, regida pelo direito comum. Em razão da responsabilidade contratual, apenas eram vinculados os contratantes, deixando de lado a reparação por danos causados a terceiros que eventualmente viessem a utilizar o produto ou serviço.
Com a evolução da sociedade, tanto quanto das relações de consumo, a responsabilidade desvinculou-se do contrato de aquisição do bem, passando a vincular-se ao ato danoso, que deveria decorrer de uma conduta culposa do agente. Assim sendo, os danos sofridos pelo consumidor só seriam ressarcidos se comprovada a conduta culposa do agente. Adotou-se, então, a teoria da responsabilidade subjetiva, que subordinou a reparação do dano à ocorrência dos seguintes fatores: dano; nexo de causalidade e culpa.
No que tange a responsabilidade civil na relação consumerista não há como prosperar a teoria da responsabilidade civil subjetiva, já que com a adoção da referida responsabilização há maior dificuldade na defesa do consumidor, que é uma garantia constitucional. Entendo que se a responsabilidade civil subjetiva fosse adotada como regra nas relações de consumo, estaria o legislador desconsiderando a vulnerabilidade do consumidor, que é exatamente a razão de toda a proteção conferida ao consumidor. Para tanto, entende-se como vulnerabilidade a qualidade atribuída a alguém que se encontra em posição desfavorável à de outrem dentro de uma relação existente entre ambos.
Em razão desta dificuldade sofrida pelos consumidores em provar a culpa do agente, adotou-se, hoje, com o Código de Defesa do Consumidor, a regra da responsabilidade objetiva. A partir do CDC, então, o consumidorque sofrer um dano tem apenas que provar o dano, a utilização do produto ou serviço e o nexo de causalidade.
A grande virtude do CDC resume na consciência do legislador pátrio em relação à necessidade dos direitos do consumidor e a efetiva aplicação da responsabilidade ao fornecedor, atendo-se à teoria da responsabilidade objetiva, quando esses mesmos direitos forem violados.
A Teoria da Responsabilidade Civil Objetiva representou um avanço substancial para a reparação integral dos danos sofridos pelos consumidores. Tendo em vista o desenvolvimento tecnológico que se têm vivido na sociedade atual, há a necessidade de soluções jurídicas compatíveis com a realidade social.
A aplicação da teoria da responsabilidade civil objetiva nas relações de consumo deriva da função social do direito, já que busca a efetiva reparação do prejuízo da vítima e a defesa de seus direitos. É evidente que na impossibilidade da aplicação da Responsabilidade Civil Objetiva nas relações de consumo, o consumidor, parte vulnerável na relação, teria suas pretensões frustradas na maioria das demandas, já que  a produção de provas acerca da culpa do fornecedor traria um encargo difícil de ser suportado pelo consumidor.
No Código de Defesa do Consumidor estão previstas a responsabilidade pelo fato do produto ou serviço (arts. 12 a 17) e a responsabilidade pelo vício do produto ou do serviço (arts. 18 a 25).
A primeira ocorre nas situações em que a segurança e saúde do consumidor são colocadas em risco. Já a segunda refere-se à adequação qualitativa e quantitativa do produto ou serviço oferecidos.
É  importante  ressaltar que, seja  qual for a espécie  de responsabilidade civil, haverá, via de regra, a adoção da Teoria da Responsabilidade Objetiva. Caso contrário, o consumidor, em razão de sua vulnerabilidade, dificilmente conseguiria ser ressarcido pelos danos sofridos em decorrência da relação de consumo.
Percebe-se a efetividade da aplicação da Responsabilidade Civil Objetiva na defesa do consumidor a partir da análise dos julgados obtidos após a entrada em vigor do Código de Defesa do Consumidor. Abaixo segue exemplo da aplicação da Responsabilidade Civil Objetiva  nas relações de consumo:
 EMENTA: RESPONSABILIDADE CIVIL – ACIDENTE DE CONSUMO – RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO. É objetiva a responsabilidade do produtor na hipótese de acidente de consumo. Responde, assim, perante o consumidor ou o circunstante, fábrica de refrigerantes em razão do estouro de vasilhame, ocorrido em supermercado. Não é o comerciante terceiro, ao efeito de excluir a responsabilidade do produtor...ainda que o fosse, incumbe ao fabricante a demonstração inequívoca de que o defeito inexistia no produto, a caracterizar exclusividade de ação (dita culpa exclusiva) do comerciante (TJRS – 6ª Câm. Civ. – ApCiv 598081123 – rel. Des. Antônio Janyr Dall’Agnol Junior – j. 10.02.1999).
Diferenças entre fato e vício do produto ou do serviço
Fato do produto ou do serviço:
É o mesmo que acidente de consumo. Haverá fato do produto ou do serviço sempre que o defeito, além de atingir a incolumidade econômica do consumidor, atinge sua incolumidade física ou psíquica. Nesse caso, haverá danos à saúde física ou psicológica do consumidor.
Exemplos de fato do produto: aqueles famosos casos dos telefones celulares cujas baterias explodiam, causando queimaduras no consumidor; o automóvel cujos freios não funcionam, ocasionando um acidente e ferindo o consumidor; um ventilador cuja hélice se solta, ferindo o consumidor; um refrigerante contaminado por larvas ou um alimento estragado que venha a causar intoxicação etc.
Exemplos de fato do serviço: uma dedetização cuja aplicação de veneno seja feita em dosagem acima do recomendado, causando intoxicação no consumidor; um serviço de pintura realizado com tinta tóxica, igualmente causando intoxicação; uma instalação de kit-gás em automóvel, que venha a provocar um incêndio no veículo etc.
É importante memorizar: o fato do produto ou do serviço deve desencadear um dano que extrapola a órbita do próprio produto ou serviço. Sem a ocorrência desse pressuposto da responsabilidade civil, inexistirá o dever de indenizar.
Prazo para arguir responsabilidade por fato do produto ou do serviço: É prescricional, pois diz respeito a uma pretensão a ser deduzida em juízo. No caso, o prazo é de 5 (cinco) anos, iniciando-se sua contagem a partir do conhecimento do dano e de sua autoria, consoante disposto no art. 27 do CDC. Vejamos:
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
OBS: A ocorrência de um acidente de consumo (fato do produto ou do serviço) é pressuposto para a aplicação da prescrição quinquenal, pois a responsabilidade por fato do produto ou do serviço (arts. 12 e 14 do CDC) reclama a ocorrência de riscos à saúde ou segurança do consumidor ou de terceiros, isto é, responsabilidade por risco ou ofensa à sua incolumidade física e/ou psíquica. Sendo assim, pode haver responsabilidade civil oriunda de uma relação de consumo sem que haja, todavia, a incidência do art. 27 do CDC. É o caso, por exemplo, de danos decorrentes de inadimplemento contratual. Repare que, neste caso, não haverá ofensa à incolumidade física ou psíquica do consumidor, mas pode haver dano moral.
Ilustrando, imagine o caso de um consumidor que perde um voo em decorrência de ato da cia. aérea, e por isso deixa de fechar um negócio importante na cidade de destino. Nesse caso, co base na teoria do diálogo das fontes, apesar de se tratar de relação de consumo, o prazo prescricional aplicável ao caso serão do CC/2002, isto é, de 3 (três) anos, pois não se rata e acidente de consumo.
 Vício do produto ou do serviço:
Haverá vício quando o “defeito” atingir meramente a incolumidade econômica do consumidor, causando-lhe tão somente um prejuízo patrimonial.
Exemplos de vício do produto: uma TV nova que não funciona; um automóvel 0 Km cujo motor vem a fundir; um computador cujo HD não armazena os dados, um fogão novo cuja pintura descasca etc.
Exemplos de vício do serviço: dedetização que não mata ou afasta insetos; película automotiva mal fixada, que vem a descascar; conserto mal executado de um celular, que faz com que o aparelho não funcione etc.
É importante memorizar: no caso de vício do produto ou do serviço, não há danos à saúde física ou psicológica do consumidor. O prejuízo é meramente patrimonial, atingindo somente o próprio produto ou serviço.
Prazo para reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação: É decadencial (o direito caduca), diferenciando-se, assim, da pretensão, que prescreve. Os prazos estão no art. 26 do CDC, sendo de 30 (trinta) dias em se tratando de produto ou serviço não durável, e de 90 (noventa) dias, no caso de produto ou serviço durável. Vejamos:
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
I – trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;
II – noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços.
§ 2° Obstam a decadência:
I – a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca;
II – (Vetado).
III – a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.
Exemplos de produtos duráveis: televisores, celulares, automóveis, computadores etc. Repare que são bens de consumo cuja vida útil possui um prazo de duração razoável. Assim, o produto não se consome imediatamente.
Exemplos de produtos não duráveis: gêneros alimentícios, produtos de higiene pessoal (shampoo, condicionador, creme dental, papel higiênico, produtos de beleza etc.). Note que são produtos cujoconsumo importa em destruição imediata da substância.
Exemplos de serviços duráveis: uma dedetização com prazo de duração de seis meses; a reforma de um imóvel; a pintura de uma casa; serviço de assistência técnica em eletroeletrônicos etc. Nesses casos, espera-se que o serviço surta efeito por um prazo razoável.
Exemplos de serviços não duráveis: serviços de transporte; cortes de cabelo e manicure; lavagem de um carro; faxinas; contratação de um pacote turístico etc. Repare que, nessas hipóteses, os efeitos do serviço perduram por um prazo bem mais curto.
Em resumo, a durabilidade do serviço está relacionada à expectativa da utilidade dele para o consumidor.
 Sujeitos responsáveis por fato do produto ou do serviço:
Em se tratando de fato do produto ou do serviço, é importante que o candidato se atente para um detalhe: quando o CDC, indistintamente, usar a expressão FORNECEDOR, para determinar a responsabilidade desse sujeito da relação jurídica de consumo, quer dizer que todos que contribuírem para a causação do dano serão solidariamente responsabilizados. Nesses casos, a responsabilidade será sempre solidária.
 Fabricante, Produtor, Construtor, Importador – Quando o CDC especificar o sujeito (ou sujeitos), estará atribuindo responsabilidade a pessoas específicas. Nesses casos, somente estas pessoas responderão solidariamente.
É o que ocorre na responsabilidade por fato do produto e do serviço. A solidariedade se dá somente entre as pessoas expressamente elencadas no caput do art. 12 do CDC. Vejamos:
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
 Comerciante – Quanto ao comerciante, sua responsabilidade, em princípio, será condicionada à ocorrência de situações específicas, pois esse sujeito não consta do rol do art. 12, como visto. Sua responsabilidade por fato do produto e do serviço está no art. 13. Confiram:
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
I – o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;
II – o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador;
III – não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
Sendo assim, somente na ocorrência de algumas (ou todas) as hipóteses descritas nos incisos acima é que o comerciante será solidariamente responsável.
 Sujeitos responsáveis por vício do produto ou do serviço:
Considerando o que acabamos de ver no caso de fato do produto e do serviço, notem que na responsabilidade por vício o legislador consumerista utiliza o vocábulo FORNECEDORES, no caput do art. 18 do CDC:
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
Assim, em se tratando de vícios, todos os fornecedores (inclusive o comerciante) responderão solidariamente.
5.2. Responsabilidade civil dos Hospitais, seguradoras e planos de saúde.
	
Hospitais 
O número de demandantes a buscar a tutela do Poder Judiciário objetivando o recebimento de indenizações por erros médicos é crescente no país, o que pode ser explicado tanto pelo aumento do acesso da população ao Judiciário quanto pela consolidação da aplicação do Código de Defesa do Consumidor (CDC) nas relações entre médicos e hospitais e seus pacientes, conferindo uma proteção maior a estes. 
Existem dissensos em relação à caracterização da responsabilidade civil entre médicos e hospitais por danos causados aos pacientes. A controvérsia cinge-se a dois pontos: se seria aplicada a teoria da responsabilidade subjetiva, baseada na culpa, ou da responsabilidade objetiva, fundamentada na simples relação de causa e efeito entre o ato comissivo e/ou omissivo e o evento danoso.
 
O posicionamento doutrinário é de que a responsabilidade médica empresarial, no caso de hospitais, é objetiva, indicando o parágrafo primeiro do artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor como fundamento desse entendimento. 
No entanto, o mesmo plexo normativo optou por manter a responsabilidade subjetiva para os profissionais liberais, conforme disposto no artigo 14, § 4º. A mensagem passada pelo ordenamento jurídico foi manter o privilégio da responsabilidade subjetiva para os profissionais liberais como forma de incentivo ao exercício de sua atividade. 
Ocorre que, ao manter o regime geral da responsabilidade com culpa para profissionais liberais, o Código de Defesa do Consumidor não abandonou as demais regras que procuram viabilizar o acesso da vítima a justa reparação dos danos sofridos, estabelecendo em seu artigo 14 uma verdadeira regra de responsabilidade solidária entre os fornecedores da mesma cadeia de serviços.
 
Assim, havendo culpa do médico e uma clara cadeia de fornecimento na qual se inclui o hospital, este só poderia ilidir sua responsabilidade se demonstrasse nos termos do já citado artigo 14, § 3º do Código de Defesa do Consumidor a inexistência de defeito no serviço, a culpa exclusiva de terceiro ou do próprio consumidor, bem como eventual quebra do nexo causal, contornos da teoria da responsabilidade objetiva. 
No entanto, em se tratando de responsabilidade atribuída aos hospitais, cabe impor uma ponderação para a aplicação da teoria da responsabilidade objetiva, ou seja, deve-se avaliar se o serviço tido por defeituoso se inseria entre aqueles de atribuição exclusiva do hospital, como infecção hospitalar, aplicação de remédios equivocados por parte do corpo de enfermagem, negligência na vigilância e observação da qual decorram danos aos pacientes internados, instrumentação cirúrgica inadequada ou danificada, realização de exames, entre outros. 
Indiscutivelmente, tem-se que a responsabilização do hospital não pode ocorrer quando se está frente a uma consequência gerada por serviços de atribuição técnica restrita ao médico, mormente quando o profissional não tem nenhum tipo de vínculo com a entidade hospitalar, ainda mais que a prestação de serviços médicos é considerada de meio e não de resultado, referindo-se ao emprego da melhor técnica e diligência entre as possibilidades de que dispõe o profissional, no seu meio de atuação, para auxiliar o paciente, não podendo este assumir compromisso com um resultado específico, exceto em caso de cirurgia estética. Considerando que a prestação de serviços médicos é de meio, evidentemente, se ocorrer dano ao paciente, deve-se apurar se houve culpa do médico. 
Contudo, se o serviço for prestado sem que haja defeito algum por parte do hospital, este não pode ser levado a indenizar o paciente, apesar da existência de dano e de nexo de causalidade. Essa é uma importante discussão nos reiterados casos de infecção hospitalar, pois é sabido que não se podem evitar todas as infecções. Se a responsabilidade fosse completamente objetiva, o hospital arcaria com os riscos de qualquer infecção. Porém, segundo as regras atuais, somente as infecções derivadas de um serviço defeituoso é que podem gerar indenização. 
A legislação considera que todo tratamento envolve riscos, sendo que o risco de morte e o da enfermidade não podem ser imputados diretamente ao hospital, cuja função é justamente o de minimizá-los. Nesse contexto, a conclusão única é de que, na responsabilização do hospital por ato praticado por médico, não tem aplicabilidadeà teoria objetiva, o que seria possível apenas no que toca aos serviços única e exclusivamente relacionados com o estabelecimento empresarial propriamente dito, ou seja, aqueles que digam respeito à estadia do paciente (internação), instalações físicas, equipamentos, serviços auxiliares (enfermagem, exames, radiologia), entre outros, e não aos serviços técnico-profissionais dos médicos que ali atuam ou que tenham alguma relação com o nosocômio (convênio, por exemplo), permanecendo esses na relação subjetiva de preposição (culpa), entendimento que é corroborado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento dos recursos especiais números 258.389-SP e 908.359-SC, respectivamente de relatoria dos ministros Fernando Gonçalves e Nancy Andrighi. 
Seguradoras
O seguro de responsabilidade civil, no Brasil, é um seguro de reembolso do segurado. Ele não paga diretamente a vítima, exceto nos casos dos seguros obrigatórios, nos quais, de acordo com o Código Civil, o prejudicado pode acionar diretamente a seguradora. Em todas as demais situações o seguro existe para, respeitadas as condições da apólice e as garantias contratadas, ressarcir o segurado dos gastos por ele suportados com indenizações pagas a terceiros a quem ele causou um prejuízo.
A vinculação do segurado, como responsável direto pelo dano, é ampla geral e irrestrita. Já a responsabilidade da seguradora é limitada pelo clausulado da apólice. Assim, estas responsabilidades não se confundem, já que nem sempre são as mesmas. Para efeito de comparação, o comprometimento do segurado com a indenização é sempre pelo total, ao passo que o da seguradora, em função do contrato, pode, e não obrigatoriamente, no máximo, alcançar o total do prejuízo de responsabilidade do segurado.
O segurado de responsabilidade civil que responde por dano causado a terceiro tem a responsabilidade original, da qual decorrem todas as outras, inclusive a obrigação de indenizar a vítima, por, sendo o responsável pelo fato, ser o responsável pelos prejuízos diretos e indiretos gerados por ele.
A responsabilidade da seguradora não se confunde com a responsabilidade original. Sua responsabilidade é derivada de um contrato pactuado com o segurado, pelo qual assume a obrigação de pagar-lhe determinadas despesas, até um determinado montante, geradas por determinados fatos previstos na apólice.
Neste sentido, a lei protege integralmente a seguradora, dando-lhe o direito de participar da quantificação dos prejuízos, anuindo ou não com eles e com o pagamento da indenização, ao vedar expressamente ao segurado a possibilidade de acordar com a vítima sem autorização expressa da companhia de seguros.
No caso de um sinistro, antes do pagamento da indenização, o mais importante para a delimitação da responsabilidade da seguradora para com seu segurado é definir quais as garantias dadas pela apólice, os riscos cobertos e excluídos, os bens e situações não compreendidos pelo seguro e as perdas de direito à indenização.
O que rege a relação seguradora/segurado é o clausulado da apólice. Assim, toda a dinâmica decorrente de um sinistro deve obrigatoriamente se ater a ele, sendo vedado à companhia de seguros qualquer ato não previsto em seu clausulado, ao mesmo tempo em que lhe é impositivo tomar todas as medidas necessárias à boa regulação do sinistro e ao pagamento, no menor espaço de tempo possível, da indenização do risco coberto.
De outro lado, a mesma apólice exige do segurado a mais estrita boa-fé na contratação e durante a vigência do seguro, bem como o imediato aviso da possibilidade de um sinistro, tão logo tenha conhecimento de fato que possa ensejá-lo.
As garantias oferecidas pelas apólices de responsabilidade civil brasileiras são de três naturezas distintas, que não se confundem, nem têm qualquer tipo de solidariedade, exceto pelo fato gerador, e cobrem os danos materiais, os danos corporais e os danos morais. Ao contrário de apólices emitidas em outros países, nosso contrato não prevê a figura do dano patrimonial, jogando de forma relativamente imprecisa a cobertura deste tipo de dano para as coberturas de danos materiais e danos corporais, dependendo de cada situação.
Como o contrato de seguro exige, para sua eficácia, a mais absoluta boa-fé das partes contratantes, e esta boa-fé é objetiva, a seguradora não pode exigir a culpa do segurado como fator primordial para o pagamento da indenização em todo e qualquer sinistro.
É evidente que, nos casos em que a culpa é requisito essencial, a seguradora não é obrigada a indenizar se ela não estiver presente. Nesta situação se enquadram os sinistros de automóveis, os casos fortuitos ou de força maior, ou outros em que não haja a figura jurídica da culpa do segurado para gerar a indenização.
Todavia, este não é o caso de eventos onde a lei determina que a responsabilidade do segurado é objetiva, não sendo a culpa elemento indispensável para gerar o acionamento do seguro. Nestes casos, a simples responsabilidade de um dos segurados ou co-segurados no evento desencadeador do pedido de indenização é suficiente para gerar a obrigação de indenizar.
Como bom exemplo desta situação temos os sinistros da estação do Metrô Pinheiros, em São Paulo, e os acidentes com os jatos da Gol e da TAM. Em todos eles, independentemente da culpa, as indenizações estão sendo, ou já foram pagas, com base na responsabilidade objetiva dos segurados. Nem poderia ser diferente, já que a culpa nestes sinistros é de difícil apuração. Assim, para se entender as diferenças entre culpa e responsabilidade, e quando a responsabilidade deve prevalecer, vale ter claro que o negócio do seguro é a tranqüilidade social. 
Planos de saúde
As relações entre usuários e empresas privadas de saúde estão sob a égide do Código de Defesa do Consumidor, o art. 14 impõe que o fornecedor de serviços, responda, independentemente da existência de culpa pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos relativos à prestação de serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. 
Inicialmente, é de suma importância, entender o que seja defeito do serviço. O serviço inadequado e sem qualidade que não atende às expectativas que razoavelmente dele se esperam, contém um vício, porém quando esta inadequação sai da esfera do serviço e atinge a pessoa do consumidor gerando um dano material, moral ou estético, o chamamos de defeituoso. Por conseguinte, toda a vez que temos um defeito, temos um dano, um dever de segurança violado pelo fornecedor, por conseqüência, o dever de indenizar o consumidor. As informações insuficientes ou inadequadas sobre a fruição e risco dos serviços, também os torna defeituosos, por exemplo, muitas operadoras de planos de saúde fazem oferta e publicidade de seus produtos e serviços, induzem a erro o consumidor, impondo inúmeras barreiras de atendimento, vedação de procedimentos médicos ou exames, entre outros. Tal conduta da empresa pode gerar danos materiais ou morais ao usuário. 
O consumidor para obter a tutela jurisdicional e receber a indenização terá que comprovar apenas o nexo de causalidade entre o serviço defeituoso e dano sofrido, a culpa do fornecedor é presumida, embasada na teoria da responsabilidade objetiva, o 
risco da atividade é a justificativa desta teoria, ou seja, o fato de disponibilizar produtos ou serviços no mercado de consumo que venham gerar danos, o fornecedor assume o risco do seu empreendimento. Nada mais justo, pois o consumidor não participa de ciclo de produção, não tem conhecimento técnico dos produtos ou serviços disponibilizados no mercado, seria impossível fazer a prova da existência de culpa do fornecedor, o que inviabilizaria a defesa da parte vulnerável da relação de consumo, o consumidor. 
Nesta esteira, seguindo o princípio da vulnerabilidade e hipossuficência do consumidor, o legislador protegendo a parte mais fraca da relação de consumo, determinou como direito básico do consumidor, nos termos do art.6º, VIII, a inversão do ônus da prova a seufavor. No caso concreto, o consumidor pode encontrar dificuldades de comprovar o defeito do serviço, nestes casos, o juiz determina ao fornecedor o ônus da prova, quando existir a verossimilhança das alegações do consumidor ou a sua hipossuficiência técnica, econômica ou informacional. No caso em tela, como estamos tratando de serviços prestados ao consumidor, a operadora de plano de saúde para eximir-se da obrigação de indenizar os danos causados direta ou indiretamente aos seus usuários, terá que provar nos termos do art. 14, § 3º do CDC, que o defeito do serviço não existe; a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro, bem como a existência de caso fortuito ou força maior. 
No caso fortuito ou força maior, há divergências na doutrina quanto à sua aceitação. Rizzatto Nunes(2008) entende que, o rol das eximentes do dever de indenizar é taxativo, porque o legislador utilizou-se do advérbio “só”, o que impediria uma interpretação extensiva, mas a maioria da doutrina entende que, o rol é exemplificativo, desde que, o fornecedor prove que o caso fortuito ou força maior tenha sido o causador direto do dano. Cavalieri Filho(2008,p.257) defende que, apenas o fortuito externo, ou seja, aquele fato ocorrido de forma imprevisível, que não tem qualquer relação com a atividade do fornecedor, deve ser admitido como causa excludente, caso em que, inexistindo serviço defeituoso não há responsabilidade do fornecedor. Pactuamos do entendimento de que, o caso fortuito ou força maior, somente será causa de exclusão, se o fornecedor comprovar que, tal ocorrência não tenha qualquer vínculo com o serviço prestado, ou seja, o serviço não é defeituoso, bem como a causa principal que desencadeou o acidente de consumo não foi o serviço, mas sim o fortuito ou força maior. Dentro da sistemática da responsabilidade civil objetiva, o importante é a existência do nexo de causalidade entre o produto ou serviço defeituoso disponibilizado no mercado e o dano ocasionado ao consumidor, porém as eximentes adotadas pelo sistema servem para restabelecer o equilíbrio e a justiça nas relações de consumo, como um dos princípios norteadores da Política Nacional das Relações de Consumo. 
6. CAPÍTULO – RESPONSABILIDADE DO PROFISSIONAL LIBERAL 
6.1. Responsabilidade Contratual
Para se caracterizar a responsabilidade civil é necessário que se coadunem quatro elementos, a saber: a ação ou omissão do agente, a culpa ou o dolo do agente, a relação ou o nexo de causalidade e o dano.
A Responsabilidade Civil Contratual, como o nome mesmo já sugere, ocorre pela presença de um contrato existente entre as partes envolvidas, agente e vítima. Assim, o contratado ao unir os quatro elementos da responsabilidade civil (ação ou omissão, somados à culpa ou dolo, nexo e o consequente dano) em relação ao contratante, em razão do vínculo jurídico que lhes cerca, incorrerá na chamada Responsabilidade Civil Contratual.
A responsabilidade contratual se origina da inexecução contratual. Pode ser de um negócio jurídico bilateral ou unilateral. Resulta, portanto, de ilícito contratual, ou seja, de falta de adimplemento ou da mora no cumprimento de qualquer obrigação. É uma infração a um dever especial estabelecido pela vontade dos contratantes, por isso decorre de relação obrigacional preexistente e pressupõe capacidade para contratar. A responsabilidade contratual é o resultado da violação de uma obrigação anterior, logo, para que exista é imprescindível a preexistência de uma obrigação.
Na responsabilidade contratual, não precisa o contratante provar a culpa do inadimplente, para obter reparação das perdas e danos, basta provar o inadimplemento. O ônus da prova, na responsabilidade contratual, competirá ao devedor, que deverá provar, ante o inadimplemento, a inexistência de sua culpa ou presença de qualquer excludente do dever de indenizar ( Arts. 1056 CC ). Para que o devedor não seja obrigado a indenizar, o mesmo deverá provar que o fato ocorreu devido a caso fortuito ou força maior ( Art. 1058 CC).
Em relação à Responsabilidade Civil Extracontratual, também conhecida como aquiliana, o agente não tem vínculo contratual com a vítima, mas, tem vínculo legal, uma vez que, por conta do descumprimento de um dever legal, o agente por ação ou omissão, com nexo de causalidade e culpa ou dolo, causará à vítima um dano.
Ambas as figuras de responsabilidade civil estão fundamentadas, genericamente, nas palavras do artigo 186 do Código Civil, in verbis :
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Desse modo, pode-se verificar que a única diferença entre as duas figuras de responsabilidade civil encontra-se no fato de a primeira existir em razão de um contrato que vincula as partes e, a segunda surge a partir do descumprimento de um dever legal
6.2. Responsabilidade de meio e de resultado
Obrigação de Meio
 A obrigação de meio é aquela em que o profissional não se obriga a um objetivo específico e determinado. O que o contrato impõe ao devedor é apenas a realização de certa atividade, rumo a um fim, mas sem o compromisso de atingi-lo. O contratado se obriga a emprestar atenção, cuidado, diligência, lisura, dedicação e toda a técnica disponível sem garantir êxito. Nesta modalidade o objeto do contrato é a própria atividade do devedor, cabendo a este enveredar todos os esforços possíveis, bem como o uso diligente de todo seu conhecimento técnico para realizar o objeto do contrato, mas não estaria inserido aí assegurar um resultado que pode estar alheio ou além do alcance de seus esforços. Em se tratando de obrigação de meio, independente de ser a responsabilidade de origem delitual ou contratual, incumbe ao credor provar a culpa do devedor. 
Obrigação de Resultado
 Na obrigação de resultado há o compromisso do contratado com um resultado específico, que é o ápice da própria obrigação, sem o qual não haverá o cumprimento desta. O contratado compromete-se a atingir objetivo determinado, de forma que quando o fim almejado não é alcançado ou é alcançado de forma parcial, tem-se a inexecução da obrigação. Nas obrigações de resultado há a presunção de culpa, com inversão do ônus da prova, cabendo ao acusado provar a inverdade do que lhe é imputado (Inversão do ônus da Prova). Segundo o Ministro Ruy Rosado de Aguiar Junior: "Sendo a obrigação de resultado, basta ao lesado demonstrar, além da existência do contrato, a não obtenção do objetivo prometido, pois isso basta para caracterizar o descumprimento do contrato, independente das suas razões, cabendo ao devedor provar o caso fortuito ou força maior, quando se exonerará da responsabilidade". 
6.3. Responsabilidade do Cirurgião Plástico e consentimento informado. 
Em geral, na área médica, é adotada a responsabilidade decorrente da Obrigação de Meio, ou seja, o médico não promete curar doenças, mas ele se compromete a utilizar todos os meios possíveis e lícitos para que isto aconteça. Não sendo alcançado a finalidade proposta na Obrigação, o médico só responde pela responsabilidade se o paciente provar que não houve a utilização de todos os meios para se chegar ao resultado. A cirurgia estética é uma das ramificações da Medicina que segue uma orientação diversa. Para entender a razão desta diferença, é necessário tomar conhecimento de que a cirurgia plástica pode ser divida em dois tipos, tendo em vista a finalidade a ser alcançada: 
Cirurgia plástica reparadora: intervenção cirúrgica, ainda que promova melhoria estética, não tem neste seu objetivo principal, mas sim a resolução de problemas de natureza médica, como a correção de defeitos congênitos e outros traumas decorrentes de acidentes de qualquer natureza.
Cirurgia plástica puramente estética: tem seu objetivo limitado ao resultado puramente estético, visando unicamente aperfeiçoar o aspecto externo de uma parte do corpo. Neste tipo de cirurgia o paciente busca o cirurgião sem apresenta qualquer patologia,visa, apenas, o puro embelezamento.
 As maiores divergências vêm do fato de existirem duas correntes que defendem cada umas das modalidades de Obrigações, presentes na Cirurgia puramente estética. A corrente que defende a obrigação de meio para este tipo de procedimento, tem como defensores os Ministros Rui Rosado Aguiar e Carlos Alberto Menezes Direito. Eles defendem que a cirurgia plástica é um ramo da cirurgia geral, estando sujeita aos mesmos imprevistos e insucessos daquela, de modo não ser possível punir mais severamente o cirurgião plástico do que o cirurgião geral, haja vista pertencerem à mesma área. Afirmam que o corpo humano possui características diferenciadas para cada tipo de pessoa, não sendo possível ao médico comprometer-se a resultados diante da diversidade de organismos, reações e complexidade da fisiologia humana. Condenam até mesmo os médicos que prometem resultados aos pacientes, uma vez que não poderiam ser responsabilizados por estes, porque não podem garantir elasticidade da pele, cicatrização, fatores hereditários, repouso, alimentação, pós-operatório, etc. Aduzem ainda que o que é diferente na cirurgia estética strictu sensu é o dever de informação que deve ser exaustivo e o consentimento informado do paciente que deve ser claramente manifestado. Para o Ministro do Superior Tribunal de Justiça Carlos Alberto Direito: 
“Não se pode generalizar, pois cada caso tem a sua especificidade. Em nenhum momento, o juiz pode trabalhar fora do problema em si mesmo, fora daquela situação em que ocorreu a lesão. Por isso, é que se pede ter sempre a consideração de que o médico não pode assumir, em nenhuma circunstância, a responsabilidade objetiva. Daí, ao meu ver, por exemplo, a impertinência de se identificar a cirurgia plástica embelezadora como de resultado, pois ela não é diferente de qualquer outro tipo de cirurgia, estando subordinada aos mesmos riscos e às mesmas patologias.”
Porém, também temos os juristas, e por sinal ainda são maiorias; que defendem arduamente a responsabilidade do médico na cirurgia estética não reparadora. 
Vale ressaltar que, embora a obrigação seja de resultado, a responsabilidade do médico no caso de cirurgia meramente estética permanece sendo SUBJETIVA, no entanto, com inversão do ônus da prova, cabendo ao médico comprovar que os danos suportados pelo paciente advieram de fatores externos e alheios à sua atuação profissional. Trata-se, portanto, de responsabilidade subjetiva com culpa presumida. NÃO é caso de responsabilidade objetiva.
Aplica-se, na hipótese, o § 3º do art. 14 do CDC:
Art. 14 (...) § 4º - A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.
A responsabilidade com culpa presumida permite que o devedor (no caso, o cirurgião plástico), prove que ocorreu um fato imponderável que fez com que ele não pudesse atingir o resultado pactuado. Conseguindo provar esta circunstância, ele se exime do dever de indenizar.
O caso fortuito e a força maior, apesar de não estarem expressamente previstos no § 3º do art. 14 do CDC, podem ser invocados como causas excludentes de responsabilidade dos fornecedores de serviços. Desse modo, se o cirurgião conseguir provar que não atingiu o resultado por conta de um caso fortuito ou força maior, ele não precisa indenizar o paciente.

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