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Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 0 PESQUISA E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (PED) GUIA DE ESTUDOS - 01 INSTITUTO PRÓ SABER Profª. Úrsula Cunha (Org.) Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 1 PESQUISA E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (PED) GUIA DE ESTUDOS - 01 INSTITUTO PRÓ SABER Profª. Úrsula Cunha (Org.) ATENÇÃO! Este módulo está disponível apenas como base para estudos deste curso. Não é permitida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos de autoria dos conteúdos deste material são dados aos seus respectivos autores citados nas Referências Consultadas. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 2 Caro(a) aluno(a), O Instituto Pró Saber tem o interesse contínuo em proporcionar um ensino de qualidade, com estratégias de acesso aos saberes que conduzem ao conhecimento. Todos os projetos são fortemente comprometidos com o progresso educacional para o desempenho do aluno-profissional permissivo à busca do crescimento intelectual. Através do conhecimento, homens e mulheres se comunicam, têm acesso à informação, expressam opiniões, constroem visão de mundo, produzem cultura, é desejo desta Instituição, garantir a todos os alunos, o direito às informações necessárias para o exercício de suas variadas funções. Expressamos nossa satisfação em apresentar o seu novo material de estudo, totalmente reformulado e empenhado na facilitação de um construto melhor para os respaldos teóricos e práticos exigidos ao longo do curso. Dispensem tempo específico para a leitura deste material, produzido com muita dedicação pelos Doutores, Mestres e Especialistas que compõem a equipe docente do Instituto Pró Saber. Leia com atenção os conteúdos aqui abordados, pois eles nortearão o princípio de suas ideias, que se iniciam com um intenso processo de reflexão, análise e síntese dos saberes. Desejamos sucesso nesta caminhada e esperamos, mais uma vez, alcançar o equilíbrio e contribuição profícua no processo de conhecimento de todos! Atenciosamente, Setor Pedagógico Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 3 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .............................................................................................................................4 UNIDADE I – RELAÇÃO DO ENSINO-APRENDIZAGEM NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR (IES) ..........................................................................................................5 1. OS PILARES DO ENSINO UNIVERSITÁRIO .................................................................... 5 2. ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS PARA A RELAÇÃO ENSINO-APRENDIZAGEM NAS IES ............................................................................................................................................... 7 3. LEI Nº 5.540/68 E AS IES ................................................................................................... 10 UNIDADE II – EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: .........................................................................11 POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS PARA AS IES .............................................................11 1. PAPEL DO PROFESSOR FRENTE ÀS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS .................. 13 2. TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E OS CURSOS EAD .......... 13 3. AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM .............................................................. 20 3.1 CIBERCULTURA OU CULTURAL DIGITAL ............................................................. 21 3.2 O CIBERESPAÇO ........................................................................................................... 21 3.3 AS TIC COMO ESPAÇO DE APRENDIZAGEM ......................................................... 22 3.4 MOODLE ......................................................................................................................... 25 3.5 REDES E INTERNET ..................................................................................................... 28 UNIDADE III: LETRAMENTO E INCLUSÃO DIGITAL ....................................................30 1. INCLUSÃO DIGITAL .......................................................................................................... 35 2. TIC E NOVOS PARADIGMAS EDUCACIONAIS ............................................................ 36 3. CIDADANIA, ÉTICA E VALORES SOCIAIS .................................................................... 37 UNIDADE IV: METODOLOGIA CIENTÍFICA ....................................................................41 1. A PEQUISA E SEUS ELEMENTOS .................................................................................... 42 1.1 ETAPAS DA PESQUISA ................................................................................................ 42 2. CLASSIFICAÇÃO ................................................................................................................ 43 3. MÉTODO DE PESQUISA: ................................................................................................... 46 4. TIPOS DE DADOS ............................................................................................................... 47 5. FASES DO PROCESSO METODOLÓGICO ...................................................................... 48 6. PESQUISA E PROCEDIMENTOS ÉTICOS ....................................................................... 48 7. TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (TCC) .......................................................... 48 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................49 REFERÊNCIAS ...........................................................................................................................50 Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 4 INTRODUÇÃO Vivemos em uma época em que o conhecimento é um dos bens mais preciosos da humanidade. No entanto, apesar de hoje o ser humano encontrar-se submerso em uma teia de informações, nem sempre essas são canalizadas para o aprimoramento da vida em sociedade ou transformadas em conhecimento. A difusão da informação em diversos espaços, não apenas nas agências formais (a exemplo das escolas, universidades, centros de ensino etc.), tem proporcionado mudanças de paradigmas também na educação, como em diversas esferas da vida em sociedade. Isso representa um grande avanço nas estruturas educacionais, pois não se concebe mais que apenas o professor seja o detentor do saber e, assim, “preencha” a mente dos alunos, que são considerados tábulas rasa. Nessa conjuntura, a função docente passa a ter um desenho diferente: o professor configura-se como o moderador, como agenciador, como aquele que motiva o aluno a continuar em um intercâmbio de troca de conhecimento. E o aluno passa a ser um agente que busca sua autoformação, a partir de pilares traçados pelos planosde ensino das instituições, seus próprios propósitos de aprendizagens e o intercâmbio com outros discentes e o docente. As tecnologias da informação e comunicação constituem-se em ferramentas para reconfigurar esse papel, proporcionando não apenas ao docente, mas também ao discente, possibilidades de pesquisa e de descentramentos de funções, através de ambientes virtuais de aprendizagens, redes sociais e cibernéticas. E é a partir dessa perspectiva que este módulo de Pesquisa e Ensino a Distância (PED) aborda, em quatro unidades de ensino, a questão do ensino e da aprendizagem, tendo como enfoque a relação do ensino-aprendizagem nas instituições de ensino superior, possibilidades pedagógicas do ensino a distância, letramento, inclusão digital, a pesquisa e seus elementos. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 5 UNIDADE I – RELAÇÃO DO ENSINO-APRENDIZAGEM NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR (IES) 1. OS PILARES DO ENSINO UNIVERSITÁRIO O ingresso no ensino superior no nível de graduação e, por conseguinte, em outras esferas acadêmicas (especialização lato sensu e stricto sensu) provoca uma mudança latente na forma como docentes e discentes devem conduzir os processos de ensino e de aprendizagem. No entanto, deve-se perceber que não se trata de novos paradigmas, pois todo ensino e toda aprendizagem, em qualquer nível ou modalidade de ensino, dependem das mesmas condições, mas sim mudanças de olhar para com o objeto estudado, pois agora não se entende mais a aprendizagem apenas empírica. Ou seja: a implicação do processo ensino-aprendizagem no nível universitário precisa ser intencionalmente assumida pelos sujeitos envolvidos e efetivamente praticada, pois, se assim não for, o processo acadêmico pode perder seu sentido de ser. O ensino universitário, tal como o conhecemos na modernidade, tem por meta atingir três objetivos que devem estar articulados entre si: o primeiro objetivo é a formação de profissionais das diferentes áreas aplicadas, mediante o ensino e a aprendizagem de habilidades e de competências técnicas e acadêmicas. Nesse contexto, e face à banalização da informação na atualidade, o papel docente deve ser ressignificado, pois agora sua função não mais poderia ser a de simplesmente informar os saberes que a humanidade acumulou e sim, conforme destaca Antunes (2002, p. 11), “de transmitir de forma maciça e eficaz novos saberes, mas também encontrar e assimilar as referências que impeçam as pessoas de ficar submergidas nas ondas maciças de informações”. Outro objetivo do ensino superior, que deve ser evidenciado, é a formação de pesquisadores, tanto em seu sentido lato como stricto, mediante a disponibilização dos métodos e conteúdos de conhecimento das diversas especialidades do conhecimento. De modo geral, a educação pode ser conceituada como o processo mediante o qual o conhecimento se produz, se reproduz, se conserva, se organiza, se transmite e se universaliza, disseminando seus resultados no seio da sociedade. E, no meio universitário, não apenas haverá essa “propagação” do conhecimento, mas, também, a sua criação e validação através da pesquisa. Assim, as Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 6 instituições de ensino superior também não podem omitir seu papel de produtoras de conhecimento. O terceiro objetivo do ensino universitário é referente à formação do cidadão, pelo estímulo de uma tomada de consciência, por parte do estudante, do sentido de sua existência histórica, pessoal e social. Neste contexto, está em pauta levar o discente a entender sua inserção não só na sociedade como sujeito, mas também enquanto profissional. Dessa forma, e associando os três objetivos das instituições de ensino superior (IES), percebe-se que o compromisso da educação universitária tem um compromisso maior: a construção de uma sociedade na qual a vida individual seja marcada pelos indicadores de cidadania, e a vida coletiva pelos indicadores da democracia. Para dar conta desse compromisso, as IES desenvolvem atividades específicas, que devem ser articuladas entre si, a saber: ensino, pesquisa e extensão. Produção do conhecimento nas Instituições de Ensino Superior (IES) Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 7 2. ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS PARA A RELAÇÃO ENSINO-APRENDIZAGEM NAS IES Para a relação entre ensino e aprendizagem nas IES, torna-se necessária a transposição de paradigmas na ação didática universitária. É preciso, dessa forma, uma mudança de estratégia didática, atualmente centrada no ensino e na transmissão de saberes acumulados, para a ênfase na aprendizagem. Ao mudar essa dimensão, não se trata apenas da simplificação do ato de substituir palavras, mas, na verdade, modificação de ações desenvolvidas na prática pedagógica universitária. Assim, é preciso transitar da centralização do professor para o aluno, cabendo a este, o papel central de sujeito que exerce as ações necessárias para que ocorra sua aprendizagem, adquirindo habilidades, enfim, produzindo conhecimento; do papel do professor enquanto agente de transmissão de informações para a função de mediador pedagógico, ou mesmo de orientador do processo de aprendizagem do aluno. Nessa perspectiva, um dos pilares do ensino no nível superior deve centrar-se na produção de conhecimento. Isto quer dizer que o conhecimento se dá como construção do objeto que se conhece, mediante nossa capacidade de reconstituição simbólica dos dados de nossa experiência. Então, a atividade de ensinar e de aprender está intimamente vinculada ao processo de construção de conhecimento, ou seja, ao processo de investigação. Por isso, o processo de ensino-aprendizagem no curso superior tem seu diferencial na forma de se lidar com o conhecimento, pois esse deve ser adquirido não mais através de seus produtos, mas de seus processos. O conhecimento deve se dá mediante a construção dos objetos a se conhecer e não mais pela representação desses objetos; pela experiência ativa do estudante e não mais ser assimilado passivamente. Partindo de uma noção de conhecimento como construção do objeto de pesquisa que se conhece, a atividade da pesquisa torna-se elemento essencial e imprescindível no processo ensino-aprendizagem. Então, o docente precisa fomentar a pesquisa para ensinar eficazmente; o aluno precisa dela para aprender de forma proficiente e significativamente; e as IES precisam da pesquisa para mediar à educação. Ensino e aprendizagem só serão motivadores se seu processo se der como processo de pesquisa. Desse modo, nas IES, a pesquisa assume três dimensões: epistemológica, centrada na perspectiva do conhecimento; pedagógica, decorrente de sua relação com a aprendizagem, Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 8 prática que se torna mediação necessária e eficaz para o processo de ensino-aprendizagem; extensionista, que pretende uma dimensão social. Aliado à pesquisa, ao ensino e à extensão, outro viés também se destaca em relação ao processo de ensino e de aprendizagem, ou seja, as tendências pedagógicas. O tipo predominante de corrente pedagógicaescolhida como ação didática do professor possui um papel fundamental no desenvolvimento e na formação do aluno que, desde a sua infância, sofre influência direta da estruturação e das estratégias de ensino preferencialmente adotadas. De forma resumida, são apresentados alguns pontos que podem caracterizar cada abordagem de ensino, seus elementos e possibilidades. CORRENTES ELEMENTOS TRADICIONAL NOVA TECNICISTA LIBERTADORA Objetivo Conhecimento da verdade universal. Modelo ideal, funcionamento pleno. Responder aos objetivos da educação e da sociedade. Transformação do modelo homem- mundo. Visão de Mundo Conhecimento acumulado ao longo dos anos. Reconstituição do mundo externo em si próprio. A realidade é dotada de leis próprias. Aproximação da realidade, o homem como construtor do mundo percebido. Visão de Homem Homem ideal, tábula rasa. Liberdade, iniciativa, autonomia e interesses. O homem é consequência do meio ambiente. Mundo passível à mudança. Ensino- aprendizagem O Quantum se aprendia. O ensino está centrado na pessoa. Aprender é modificar o comportamento. Consciência do real. Conhecimento Conteúdos externos. Construído a partir da experiência. Indutivo, é o resultado direto da experiência. Subjetividade- objetividade. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 9 CORRENTES ELEMENTOS TRADICIONAL NOVA TECNICISTA LIBERTADORA Metodologia O professor é o expositor e o aluno receptor. O professor desenvolve uma metodologia própria e o aluno tem autonomia para crítica e aperfeiçoamento. Ênfase nas condições ambientais, na avaliação somativa e no controle. Inter-relação entre método, teoria e prática. Avaliação Certificação da exatidão da reprodução dos conteúdos repassados. Autoavaliação. Ligada diretamente ao objetivo geral e aos específicos. Autoavaliação e/ou avaliação mútua. Relação Professor- aluno O professor é o detentor do saber e o aluno é passivo ao professor. O professor cria condições para que o aluno aprenda onde possa intervir. Professor e aluno com o mesmo papel: o de planejar, arranjar, ordenar e controlar os meios. Aprendizagem mútua. Enfim, tendo a educação nos centros de ensino superior como núcleo a construção do conhecimento, deve-se impor uma prática pedagógica condizente com essa função, apta a superar a pedagogia do ensino universitário tradicional, apoiada na transmissão mecânica de informações. O ensino-aprendizagem nas IES deve se constituir como uma mediação para a formação, o que implica muito mais do que apenas repassar informações prontas e acabadas. Não se trata de se apropriar e armazenar produtos, mas de apreender processos. Ou seja: o que conta não é a capacidade de memorizar milhares de dados, fatos e noções, mas a capacidade de entender, refletir e analisar essas informações, transformando-as em conhecimento. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 10 3. LEI Nº 5.540/68 E AS IES Para se entender a atual situação do ensino brasileiro em nível universitário, é necessário um revisitar a lei nº 5.540/68. Em seu artigo 1º, a lei determina que: “O ensino superior tem por objetivo a pesquisa, o desenvolvimento das ciências, letras e artes e a formação de profissionais de nível universitário”. Lendo atentamente o artigo, percebemos que três elementos são importantes: a) Pesquisa: A lei acrescenta, no artigo 2º, que o ensino superior é “indissociável da pesquisa”. Percebemos, também a partir dessa lei, como a pesquisa é um elemento complementar aos conteúdos programáticos das disciplinas universitárias, além da necessidade de continuidade da pesquisa para além do curso. b) Desenvolvimento das ciências, letras e artes: Esse desenvolvimento só acontecerá se os cursos deixaram de ser apenas transmissão de conhecimento já adquiridos. c) Formação de profissionais de nível universitário: o profissional deve receber, no curso de nível superior, a formação técnico-científica que o habilite a desempenhar sua atividade com eficiência e segurança. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 11 UNIDADE II – EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS PARA AS IES Pensar em Educação a Distância (EAD), na atualidade, exige por parte do educador repensar práticas pedagógicas, métodos e estratégias para o ensino-aprendizagem nas Instituições de Ensino Superior. Um conceito mais amplo de EAD nos remete a qualquer modalidade de transmissão e/ou construção de conhecimento sem a presença simultânea dos agentes envolvidos. Entretanto, o Ensino a Distância pode também se referir às modalidades de ensino, cuja aprendizagem não mais estivesse atrelada à presença física dos alunos nas chamadas escolas, atendendo à necessidade de uma parcela da população que, por motivos diferentes, não podem frequentar esses estabelecimentos, regularmente. Foram criados, então, sistema de ensino a distância utilizando-se veículos de comunicação diversos, a exemplo do correio, do rádio e da televisão. No entanto, essa primeira investida nos cursos EAD, como, por exemplo, os oferecidos pelo Instituo Universal Brasileiro, em 1956, projeto Minerva, em 1970, Telecurso 2º Grau, em 1978, Telecurso 2000, em 1995, e TV Escola, em 1996 apresentava um grande problema: a falta de interatividade do processo de aprendizagem, devido à dificuldade dos alunos trocarem experiências e dúvidas, com professores e colegas, o que desestimulava e empobrecia todo o processo educacional. Essa dificuldade, associada a outras de teor político-cultural e socioeconômico, acabavam por limitar o sucesso desses empreendimentos que, mesmo assim, continuaram a existir. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 12 Com o avanço e difusão das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) em rede essa situação começou a ser transformada, pois agora as possibilidades de acesso a informações e conhecimentos sistematizados, assim como a interação entre diferentes sujeitos educacionais, ampliaram-se significativamente. Nesse novo cenário, o conceito de EAD passa a ser ampliado, sendo agora um novo espaço de ensino-aprendizagem, possibilitado pela mediação dos suportes tecnológicos digitais e de rede, esteja esta inserida em sistemas de ensino presenciais, mistos ou completamente à distância. É importante perceber que essa abordagem da EAD diferencia-se da apresentada no Decreto 2494 de 10/02/1998 da legislação educacional brasileira que compreende esta possibilidade pedagógica como: Uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação.(DECRETO 2494 / 98). Essa diferença torna-se relevante salientar visto que a EAD não é mais concebida a partir da ênfase no autodidatismo, mas sim na construção coletiva do conhecimento, mediada pelas tecnologias de rede. Outro ponto a se destacar em relação ao sistema EAD atual diz respeito à interatividade. Partindo do conceito de sujeito interativo de Vygotsky, temos a transformação do objeto de conhecimento pelo sujeito que também é totalmente transformado pelo objeto, numa relação de total imbricamento. Assim, o sujeito é ao mesmo tempo autor e ator dos processos de construção de conhecimento, num fenômeno que se estabelece a partir de dimensões ao mesmo tempo objetivas e subjetivas. Assim, frente aos avanços das tecnologias digitais e das redes telemáticas de comunicação, a EAD pode apresentar novas formas de interatividade, oferecidas principalmente pelas tecnologias do tipo síncrono que disponibilizam, em tempo real, o acesso a conteúdos e formas comunicacionais, que podem ser transformadas e modificadas constantemente, como exemplo, os chats, sistema de mensagens, videoconferências, etc. Dessa forma, a interatividade é compreendida como a possibilidade de o usuário participar ativamente da construção do conhecimento, inferindo no processo com ações, reações, intervindo, tornando-se receptor e emissor de mensagens que ganhem dinamicidade. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 13 1. PAPEL DO PROFESSOR FRENTE ÀS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS Nesse contexto de tecnologias educacionais, o papel do professor também deve ser redimensionado, pois agora o papel do docente repassador de informações prontas e acabadas deixa de existir e dá lugar a um agente organizador, dinamizador e orientador da construção do conhecimento por parte do aluno e de sua própria autoaprendizagem contínua. Ou seja: o papel do professor não seria a de passar conteúdos que só “ele sabe”, mas a de orientar o processo de construção de conhecimento pelo aluno, apontando-lhe a necessidade de uma atitude crítica e ativa em relação ao mundo de informações a que é submetido diariamente. Nessa esfera, cabe ao professor levar o aluno a compreender que, com as informações recebidas, ele pode construir conhecimento. O professor necessita trabalhar em um contexto criativo, aberto, dinâmico, complexo. Em lugar da adoção de programas fechados, ele deve passar a trabalhar com estratégias, isto é, com cenários de ação que podem modificar-se em função das informações, dos acontecimentos, dos imprevistos que sobrevenham no curso da ação. Isso implica, conforme destaca Morin (1996), trabalhar com o princípio da incerteza e, assim, na relação professor-aluno-conhecimento deve estar presente a interatividade, não como consequência da presença das novas tecnologias, mas como foco, como uma característica, um requisito para a construção do conhecimento. 2. TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E OS CURSOS EAD As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) provocaram uma revolução não somente no campo da educação, mas também influenciaram todo o estilo de vida da sociedade do final do século XX. A característica principal que impulsionou sua aplicação na EAD foi a possibilidade de manter, de forma fácil e rápida, a interação professor-aluno, mediação essa que pode ser feita por diversos métodos que se utilizam das abordagens síncronas e assíncronas. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 14 As abordagens síncronas referem-se àquelas em que professor e aluno devem estar utilizando o meio ao mesmo tempo. Nas assíncronas a interação pode se dar independente da presença de ambos, podendo ser realizada em momentos distintos. Nas abordagens síncronas uma das vantagens é a possibilidade de interação em tempo real, não sendo necessário esperar para obter respostas ou realizar discussões. Como exemplos, temos os chats, as videoconferências, etc. Como no modelo assíncrono não há necessidade da presença dos atores do processo ensino-aprendizagem ao mesmo tempo, torna-se mais flexível a interação entre eles. A possibilidade de o aluno enviar suas dúvidas a qualquer momento e o professor poder respondê-las posteriormente, estabelece uma dinâmica importante para o desempenho dos alunos e os estimula a criarem questões bem elaboradas, colaborando para a sistematização de suas dúvidas e uma melhor organização de seus questionamentos acerca do tema em estudo. Como exemplo de assíncrono, podemos mencionar o correio eletrônico (email), os fóruns de discussão, etc. No entanto, é importante salientar que alguns pontos são de extrema importância na interação entre professor-aluno no modelo assíncrono: a) tempo de resposta: é preciso que as questões e/ou considerações enviadas pelo aluno sejam respondidas para que isso não sirva de desmotivação para o discente. b) sobrecarga do professor: é importante que o professor realize um planejamento para que não haja perguntas de mais para serem respondidas, pois, se assim acontecer, será incapaz de dar conta de todas as discussões. c) motivação do aluno: o aluno deve ser mantido sempre motivado e disposto a interagir com o professor e com outros colegas. Além disso, ele precisa perceber que as suas contribuições nos chats, fóruns etc., são importantes e necessárias para o crescimento do grupo como um todo. d) sistematização de questões: deve ser uma preocupação constante dos envolvidos do curso, pois questões evasivas serão menos compreendidas pelo professor, interferindo no tempo de resposta, e poderão não ter o resultado que o aluno espera, interferindo na sua motivação. e) sistematização de respostas: é importante o professor estar preparado para responder de forma clara e objetiva às dúvidas dos alunos, pois disso dependerá a motivação do aluno. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 15 Dentre as tecnologias mais utilizadas na atualidade em relação aos cursos EAD, temos a internet, sobre a qual falaremos a seguir. INTERNET A Internet liga computadores e telefones, sendo atualmente o meio de comunicação e difusão de informação que mais atrai a atenção educacional. Trata-se de uma rede de redes de computadores que permite que os usuários tenham acesso a base de dados no mundo todo. A Internet não significa apenas, entretanto, ter acesso a uma maior gama de informações. Ela também propicia uma economia e agilidade de comunicação, pois ela oferece um tipo de comunicação “muitos-a-muitos”, oferecendo muitas maneiras de comunicação. Nos cursos EAD, a Internet deve ser apresentada como algo natural para a realização das atividades. Esse instrumento apresenta diversas vantagens para a efetivação da EAD, dentre elas a possibilidade de rompimento de barreiras geográficas de espaço e temporais, permitindo ainda o compartilhamento de informações em tempo real, o que apoia o estabelecimento de cooperação e comunicação entre grupo de indivíduos. Além disso, a internet disponibiliza os mecanismos de mediação síncrona e/ou assíncrona, que são utilizados no processo da educação a distância, sendo os mais disponibilizados o HTML, EMAIL, FÓRUM, CHAT, LISTA DE DISCUSSÃO, VIDEOCONFERÊNCIA, QUADRO ELETRÔNICO, sobre os quais falaremos a seguir. HTML: AHyperText Markup Language (HTML) é uma linguagem criada para a manipulação e exibição de hipertextos disponíveis em todos os servidores da Internet. A HTML se apresenta como um dos principais mecanismos de apoio a EAD na Internet, pois a sua utilização permite a disponibilização do material didático necessário para o desenvolvimento das aulas, criando apostilas online que podem ser utilizadas pelos alunos. E-MAIL O e-mail ou correio eletrônico é um dos serviços mais utilizados na Internet. Com ele, é possível enviar correspondências em texto, ou com arquivos de quaisquer tipos anexados, para qualquer pessoa de forma assíncrona. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 16 Na EAD, o e-mail exerce papel muito importante, pois é responsável pela interface entre alunos-professores, alunos-alunos, professores-professores, englobando, assim, todos que estão envolvidos com o curso ou com a administração do ambiente virtual. FÓRUM Os fóruns são constituídos por discussões assíncronas realizadas por meio de um quadro de mensagens, com diversos assuntos e temas sobre os quais o usuário pode emitir sua opinião, além de poder argumentar sobre a opinião de outros respondentes, como também contra- argumentar, formando uma teia dinâmica de debates. Esse tipo de comunicação pode ser classificado por assuntos e as mensagens relacionadas em ordem cronológica, mantendo certa sequência de discussão. Ao estabelecer uma gama variada de temas que podem ser acessadas a qualquer momento, os fóruns se tornam uma ferramenta importante para o desenvolvimento da EAD. Nesse ambiente, além de emitir opinião, o aluno pode utilizá-lo para esclarecimento de dúvidas, mediante a leitura de textos previamente indicados pelos professores ou demais membro do grupo. O fórum torna-se uma ferramenta muito rica para a construção colaborativa de conhecimento e, para que possa efetivar de forma proficiente essa função, torna-se necessário que o aluno seja motivado pelo professor a fazer uso dessa ferramenta. No entanto, é preciso atentar-se para algumas características desse gênero emergente: as discussões que são postadas nos fóruns devem ser claras, objetivas e, ao contra-argumentar outro debatedor, deve existir a cortesia na forma de escrita. Para dinamizar os fóruns, o professor deve sempre atentar-se para incluir questões que possam ter mais de uma resposta ou tese, podendo também ser postados, pelo professor, duas alternativas que devem ser escolhidas pelo discente e, em seguida, comentar a razão pela qual fez a sua escolha. É importante lembrar que a metodologia utilizada pelo professor será fundamental para que se alcance sucesso na utilização do fórum EAD. Existem outros termos que são utilizados para se referir aos fóruns de debates, tais como: quadros de avisos, discussões temáticas, grupos de notícias, conferências por computador e fóruns eletrônicos. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 17 CHAT Esse tipo de comunicação, muito conhecida como sala de bate-papo, é outra ferramenta que pode ser aplicada a EAD, tendo como objetivo principal o estabelecimento de discussões síncronas por meio de texto, imagens, emoticons. Os participantes do chat, que podem ser identificado pelo nome ou pseudônimos, podem enviar e ler mensagens, estabelecendo uma discussão em grupo e, ainda, trocar mensagens de forma reservada ou particular. A partir desse tipo de “conversa online”, podemos perceber alguns objetivos educacionais para a EAD: esclarecimento de dúvidas, discussões ou debates, formação de grupo de estudos etc. No entanto, é importante que o aluno seja instruído de que o chat trata-se de uma forma de interação educacional, para que a função primordial desse expediente, dentro do curso de educação a distância, não seja modificada com conversas pessoais. O professor, enquanto articulador dessa ferramenta, também deve ficar atento em relação aos alunos que pouco participam ou não utilizam a ferramenta em seu cotidiano de estudo e instigá-los a se expressar através dessa ferramenta, mas sem que isso pareça uma obrigatoriedade. É preciso, ainda, que o professor esteja atento aos desvios das discussões, emitindo considerações que levem o grupo a retomar o objetivo pretendido. Os sistemas de chats utilizados pelos cursos EAD apresentam várias alternativas de interface visando minimizar a sensação de distância e impessoalidade destes sistemas. Assim, pode-se utilizar como imagem identificadora dos participantes da interação fotos, imagens escolhidas pelos participantes que possam simbolizar alguma identidade, personagens de histórias etc, além de os interlocutores poderem exprimir emoções a partir dos emoticons, tipo de escrita (se escreve tudo em maiúsculo o usuário pode estar gritando ou chamando a atenção), sinais de pontuação, cores e tamanho de letra, entre outros recursos visuais e auditivos. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 18 LISTA DE DISCUSSÃO As listas de discussões são muito interessantes para os cursos de educação a distância, pois possibilitam o envio de correspondências eletrônicas a um único endereço, sendo repassadas a um grupo de endereços previamente cadastrados em um Servidor de Listas. Dessa forma, reduz-se sensivelmente o esforço no envio de mensagens para o grupo e possibilita que qualquer membro do grupo possa enviar dúvidas ou comentários que deseja compartilhar com todos os integrantes. Esse tipo de comunicação apresenta listas que podem ser livres ou moderadas, isto é, as mensagens enviadas podem estar sujeitas à aprovação de uma pessoa, chamada moderador, que irá decidir se o conteúdo da mensagem deve ou não ser repassado para o grupo, evitando que circule na lista informações que não dizem respeito a seus objetivos, fazendo com que os usuários tenham suas caixas de mensagens lotadas com grande número de correspondências, causando-lhe transtorno no recebimento e tempo de leitura de tais mensagens. No entanto, a moderação acaba se tornando um trabalho extra para o professor, que pode preferir uma alternativa mais simples, deixando a lista sem restrições, mas estabelecendo normas de conduta na utilização da lista. VIDEOCONFERÊNCIA A Videoconferência constitui-se em um conjunto de facilidades de telecomunicações que permite aos participantes, em duas ou mais localidades distintas, estabelecer comunicação bidirecional mediante dispositivos eletrônicos de comunicação, enquanto compartilham, simultaneamente, seus espaços acústicos e visuais, tendo a impressão de estarem todos em um único lugar. Esse tipo de ferramenta é considerado um dos melhores meios de comunicação de abordagem síncrona, pois possibilita o uso de imagem e som em tempo real e possibilita explorar a linguagem corporal. No entanto, esse sistema ainda não pode se tornar uma realidade popular devido ao alto custo de equipamentos e à falta de uma infraestrutura de telecomunicações adequada. Esta tecnologia pode ser oferecida por meio de salas de videoconferência ou por meio do computador, cujas conexões podem ou não ser realizadas pela Internet. Essas salas são formadas por auditórios equipados com TVs, câmera de vídeo e consoles de controle. As soluçõespor computador são compostas por modem, placa processadora de som e imagem, uma Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 19 pequena câmara e um microfone, além do software para videoconferência, o que se forma uma solução mais barata e acessível, mas com outras limitações, principalmente, devido à falta de qualidade de muitas conexões de banda larga. As videoconferências apresentam como pontos positivos a ampliação da interação entre os participantes do curso, o aluno tende a sentir-se mais motivado, amplia a capacidade de comunicação do grupo, gera economia de recursos e de tempo, evitando o deslocamento físico das pessoas que integram a equipe, tem a possibilidade de ser mais um recurso de pesquisa, pois a reunião pode ser gravada e assistida posteriormente e o compartilhamento de informações entre pessoas de diversas localidades. Além disso, esse tipo de ferramenta traz uma certa pessoalidade a relações no curso EAD, pois permite estabelecer um contato visual entre os alunos e professores, deixando esses se serem um mero referencial simbólico que faz contato por meio eletrônico. No entanto, é sabido que em relação às videoconferências existem também limitações tecnológicas e estruturais para seu bom funcionamento, principalmente em relação aos provedores de acesso à Internet que temos disponíveis na atualidade. QUADRO ELETRÔNICO Essa ferramenta é uma versão eletrônica de um quadro branco tradicional, que pode ser apagado. Ela permite que os alunos de uma sala de aula virtual vejam o que o professor está escrevendo ou desenhando. Normalmente, essa técnica é combinada a outros tipos de interações síncronas, como o chat de texto. As ilustrações criadas nos quadros eletrônicos podem ser salvas e postadas em quadros. O uso compartilhado de um aplicativo, como uma planilha eletrônica ou uma apresentação em PowerPoint, permite que os participantes adquiram e compartilham informações em tempo real (síncrono). Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 20 3. AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM Um ambiente virtual é um espaço de significação onde seres humanos e objetos técnicos interagem, potencializando, assim, a construção de conhecimentos, isto é, de aprendizagem, que podem acontecer tanto através da utilização das novas tecnologias da informação e comunicação como em outros locais. No entanto, as novas tecnologias digitais da informação e comunicação (Internet, TV, Vídeo, entre outras) se caracterizam pela sua nova forma de materialização. As informações que vinham circulando em diferentes épocas através de diversos portadores (madeira, papiro, papel) continuam, na atualidade, em processo de circulação através dos bits, códigos digitais universais, o que gerou a revolução digital. Agora, com a informação digitalizada, ela se reproduz, modifica, circula e se atualiza em diferentes interfaces: sons, imagens, gráficos, textos, entre outros. Dessa forma, a informação se constitui no principal elemento de nossa organização social moderna, difundidas no ciberespaço. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 21 3.1 CIBERCULTURA OU CULTURAL DIGITAL A cibercultura, cultura cibernética ou cultura digital caracteriza um conceito emergente da pós-modernidade, que nasce da perspectiva do impacto das novas tecnologias e da conexão em rede na sociedade. Essa cultura promove uma recombinação da ciência com as artes, utilizando-se da metalinguagem digital e da capacidade de remontar arquivos para exprimir a produção simbólica de um determinado grupo social, mas que atinge a todos que estão conectados à rede. O barateamento do computador pessoal e do telefone celular, aliado à rápida evolução das aplicações em software livre e dos serviços gratuitos na rede, promoveu uma radical democratização no acesso a novos meios de produção e de acesso ao conhecimento. 3.2 O CIBERESPAÇO De acordo com Kenway (2001), o ciberespaço é um “lugar” sem cara de lugar e sem espaço, pois não há em seu interior fronteiras ou corpos, apenas textos e imagens e sons feitos de bits e bytes; um espaço transnacional, um “lugar” que não tem os aspectos de espaço, sem fronteiras, representando um lugar de peregrinação, de andarilho. Este espaço oferece novas relações entre produtores e consumidores de conhecimentos, pois permitem aos sujeitos serem não apenas consumidores ativos ou passivos dos produtos de informação e da cultura global, mas agentes de seus próprios produtos culturais e também distribuidores desses elementos. Percebe-se, assim, que o ciberespaço não surge apenas por conta da digitalização, evolução da informática e suas interfaces, mas da interconexão de computadores, da disseminação de produtos culturais. Portanto, a Internet e o ciberespaço oferecem novas relações entre produtores e consumidores de textos culturais, novas e diferentes formas de relacionamento, novas identidades culturais e sociais e novas formas de desenvolver e armazenar conhecimento, indicando, assim, novas possibilidades para as pedagogias transformacionais. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 22 3.3 AS TIC COMO ESPAÇO DE APRENDIZAGEM É inegável que vivemos uma época com muitas transformações. Desde a década de 1970 experimentamos um mundo caracterizado por um meio técnico-científico-informacional, que se distingue dos períodos anteriores da história em virtude da profunda interação da ciência com a técnica. Nesse cenário, a informação assume papel essencial nos processos de produção, não só de mercadorias, mas também na organização do espaço, exigindo que o território seja cada vez mais equipado com objetos técnicos que facilitem sua circulação em redes. Antenas, cabos submarinos e satélites são alguns destes objetos que marcam cada vez mais a paisagem ao darem origem a redes de comunicação eletrônicas. Conforme asseguram Malaguti e Nunes (2009), neste contexto de interação entre técnica e ciência, a implantação das redes de telecomunicações em alguns países por meio da aproximação entre setores da comunidade acadêmica e governos deu origem às National Research and Education Networks – NRENs (Redes Nacionais de Ensino e Pesquisa). Tendo como principal objetivo a integração das comunidades acadêmicas dentro e fora dos seus respectivos territórios nacionais, as NRENs foram implementadas por meio de modelos e arranjos institucionais que variaram de acordo com cada país, como a Advanced Research Projects Agency Network – ARPANET, nos Estados Unidos, que a história registra como o embrião do que popularmente chamamos de internet. No Brasil, as primeiras conexões às redes globais de computadores foram estabelecidas em 1988 com a ativação de um enlace de comunicação do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), no Rio de Janeiro, com a Universidade de Maryland (EUA), por meio da rede BITNET (sigla de Because It´s Time Network, uma das primeiras redes de conexão em grande escala), assim como a conexão da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) com o Fermi NationalLaboratory (Fermilab) de Chicago (EUA). No ano seguinte, em 1989, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) deu início à implementação da NREN brasileira lançando, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o projeto Rede Nacional de Pesquisa (RNP). Dez anos depois da criação do projeto RNP, em 1999, o Ministério da Educação (MEC), por meio da instituição do Programa Interministerial de Implantação e Manutenção da Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 23 RNP, passa a compartilhar os custos da rede com o MCT. Em 2002, a RNP deixa de ser um projeto e é qualificada como Organização Social (OS), responsável pela prestação de um serviço de interesse público. No entanto, a Internet não pode ser considera hoje apenas como equipamentos, ferramenta de comunicação ou apoio utilitário, mas são meios potenciais de transformação de práticas pedagógicas, fato esse que nos leva a pensar na concepção de educação e também na importância do investimento na formação do professor para o desenvolvimento do trabalho com as TIC, principalmente a Internet, tornando-as como instrumentos de aprendizagem. A implementação das TIC no sistema educacional, principalmente a conexão de computadores à Internet, pode tornar o processo de ensino-aprendizagem algo sintonizado com a vida contemporânea, proporcionando para o aluno a escolha dos próprios caminhos para ter acesso à informação. As TIC potencializam a difusão dessas informações, que seriam os nós na rede, formando assim uma teia, onde os conhecimentos são permanentemente (re)construídos a partir das interrelações entre os sujeitos que estão ligados à máquina. Ou seja: o uso dessas tecnologias na educação busca não apenas transmitir a informação, mas tornar o ambiente mais interativo e propício à construção de aprendizagens, a partir da conexão entre professor-aluno, aluno-aluno. No entanto, em um programa de educação a distância, os estudos são feitos, na maior parte do tempo, individualmente, sem a presença de colegas e professores. Essa autonomia de construção de conhecimento é uma das principais características dessa modalidade de estudo. São, portanto, bastante diferentes das experiências de cursos presenciais, nos quais o aluno conta com a mediação constante de um professor. Em um curso a distância, os materiais e o sistema de apoio tutorial cumprem essa função de mediar a aprendizagem, requerendo um papel mais ativo e participante do cursista. Essa situação individual tem a vantagem de permitir ao aluno definir quando vai estudar, onde e quanto tempo vai dedicar a essa tarefa, ou seja, oferece condições de trabalho bem flexíveis. Porém, para que essa vantagem potencial não resulte numa prática em desvantagem, é muito importante que o discente esteja ciente da necessidade de planejar cuidadosamente o tempo que vai dedicar ao estudo e as condições em que ele vai acontecer. Nesse contexto, planejar o estudo quer dizer organizar com alguns dias de antecedência as suas sessões de estudo, a que horas, onde e durante quanto tempo vai estudar. Além disso, é Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 24 necessária a participação em ambientes virtuais de aprendizagens, para a troca de interação aluno-aluno e aluno-professor. 3.3.1 Formação do Professor para o uso das TIC No atual contexto de sociedade tecnológica, o papel do professor vem mudando, apesar de esse processo de transformação ainda não ser percebido por diversas instituições acadêmicas. Na atualidade, o professor não necessita absorver mais um universo e transmiti-las para seus alunos, pois elas estão sendo disponibilizada por diversos meios de comunicação e tecnológicos, de forma atualizada. As escolas públicas começam a ser informatizadas na década de 70, a partir da criação da Secretaria Especial de Informática (SEI). A educação foi a área escolhida como aquela que deveria receber, com prioridade, recursos tecnológicos e a implementação de uma política especial de informatização, visando à profissionalização dos alunos para integrarem o quadro de trabalho das empresas estrangeiras que, nessa época, começavam a se difundir no país. No entanto, o trabalho com as TIC na educação não pode (nem deve) se resumir a transmissão de conteúdos de informática ou treinamento ou treinamento de programas educacionais, visando a fins utilitários, pois na verdade essas ferramentas devem estar dentro de uma proposta pedagógica. Isso significa que o professor, na verdade, será mais do que um “multiplicador” de conhecimentos sobre tecnologias; ele precisa ser um agente mediador, produtor de ideias e informações para interagir com os elementos tecnológicos (TV, celular, vídeo, computador, filmadora, entre outros), de forma a proporcionar a construção de conhecimentos. Para que essa interação entre tecnologia-professor-conhecimento ocorra, é necessária uma formação continuada, uma reflexão constante sobre as potencialidades que os recursos tecnológicos podem promover em relação à aprendizagem dos alunos e a troca de conhecimentos. A escola, entretanto, precisa se tornar um espaço de formação e reconstrução e, para isso acontecer de forma proficiente, é importante que a proposta pedagógica e práticas docentes indisciplinares proporcionem a implantação de redes de formação continuada, Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 25 possibilitando ao professor a construção de projetos coletivos, a reflexão sobre sua prática pedagógica, buscando a implementação das TIC como ferramenta de um fazer pedagógico. Mas para essa formação se efetivar, o professor também deve exercer outro papel: o de pesquisador que, junto com os alunos, busquem outras formas de aprendizagem, considerando a reflexão, a crítica, a interação e a construção coletiva. O professor precisa estar aberto para atuar com essa tecnologia no sentido de formar o cidadão atuante na sociedade. Para se construir esse novo cidadão, é preciso o uso consciente e relevante das tecnologias e o desenvolvimento de práticas não lineares, mas, sim, estrutura de forma hipertextual: uma educação interativa, em que as comunicações entre professor e aluno acontecem de forma bidirecional, não apenas centrada na transmissão de informação por um único agente emissor: o professor. Assim, ao pensar nessa forma de comunicação, o professor redimensiona a sala de aula, tornando o aluno autor e coautor de seus textos e de suas enunciações discursivas. Os novos espaços de aprendizagem via Internet potencializam novas formas de ensinar e de aprender não mais em uma estrutura vertical, mas em uma estrutura horizontal em rede, onde cada nó é ao mesmo tempo centro e não-centro, de acordo como as relações de interação acontecem no espaço tecnológico. Outra percepção nessa esfera é relevante: a sala de aula no ciberespaço e a sala de aula presencial não são opostas: elas, apenas, ocupam tempo e espaço diferenciados. Isso quer dizer que dar aulas no espaço virtual não significa uma simples transposição das aulas presenciais. Assim, é preciso pensar, nesse espaço cibernético, em novas formas de materialização do ensino e da aprendizagem, o que pode favorecer novas formas interativas e viabilizar novas formas de aprendizagem. 3.4 MOODLEA plataforma ou Software Livre Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment) é um ambiente de aprendizagem a distância que foi desenvolvido pelo australiano Martin Dougiamas em 1999. Esse ambiente é utilizado por diversas instituições, possuindo uma Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 26 grande comunidade cujos membros estão em discussões sobre estratégias pedagógicas de utilização do ambiente e suas interfaces. O Moodle dispõe de um conjunto de ferramentas que podem ser selecionadas pelo professor de acordo com seus objetivos pedagógicos. Dessa forma, a depender do curso será escolhida a estratégia de comunicação, que pode ser através de fóruns, diários, chats, questionários, textos wiki (textos construídos coletivamente e publicados em enciclopédias virtuais, a exemplo da Wikipédia), publicar materiais de quaisquer tipos de arquivos, dentre outras funcionalidades. Esse ambiente virtual permite que seja oferecido ao aluno de forma mais flexibilizada, os conteúdos a serem estudados no curso, bem como uma maior interação entre professor-aluno, aluno-aluno. Isto é: o professor, além de poder definir a sua disposição na interface, poderá utilizar metáforas que imputem a estas ferramentas diferentes perspectivas, que apesar de utilizarem a mesma funcionalidade, se tornem espaços didáticos únicos. Dessa forma, diversos recursos interacionais podem ser utilizados como elementos didáticos. Assim, Chat pode ser utilizado como um espaço para discussão de conceitos relacionados a um tema, como pode ser chamado de “Ponto de Encontro” e ser utilizado para estimular o estabelecimento de vínculos entre os participantes do curso ou comunidade. A utilização de outras ferramentas conversacionais deve surgir a partir do momento em que o professor percebe a necessidade de inclusão de outros elementos, da abertura de novos espaços dialógicos e inicia uma reflexão sobre a possível intervenção que deve fazer para o processo de ensino-aprendizagem do discente. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 27 Da mesma forma podemos criar metáforas para outras ferramentas como o fórum, que pode se tornar um portfólio, um repositório de atividades, um relatório de atividades de campo, além de um espaço para discussão de conceitos. Ao mesmo tempo, um glossário pode ser usado com um dicionário, uma FAQ, um pequeno manual, dentre outras alternativas. No entanto, quando o professor utiliza uma dessas ações para propor atividades não há a exclusão de outra, pois elas podem ser inseridas ao mesmo tempo no mesmo curso quantas vezes e quando o professor achar necessário. Nessa perspectiva, concebe-se o ambiente virtual como mais do que um simples espaço de publicação de materiais, mas como um local onde o professor perceba a interação e a comunicação que cada contexto educacional pode apresentar em diferentes momentos e situações. O Moodle é dotado de uma interface simples, seguindo uma linha de portal. As páginas dos cursos são divididas colunas que podem ser personalizadas pelo professor, inserindo elementos em formato de caixas como Calendário, Usuários Online, Lista de Atividades, dentre outros. Estas caixas são dispostas nas colunas à direita e à esquerda da tela podendo ser deslocadas de um lado para o outro pelo professor. Na parte central do ambiente virtual, encontramos um conjunto informações, dados, figuras que podem representar a sequência de aulas por meio de uma lista de tópicos numerados ou datados ou por grupo de conteúdo, áreas afins, etc. Por exemplo, poderia criar uma Área de Convivência, para o registro de notícias relacionadas ao curso, um bate papo livre e um fórum para discussão geral, uma Área de Conteúdo, para inserir os textos, imagens e apresentações relativos à temática em foco, uma Área de Atividades, para orientar as atividades a serem Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 28 realizadas e/ou entregues ao professor e, finalmente, uma Área de Interações, para dispor os mecanismos de interações que o professor achar conveniente para realizar a mediação pedagógica do curso. Os fóruns são ferramentas importantes ferramentas no Moodle e geralmente são utilizados com diversas perspectivas pedagógicas, devido ao seu formato ser bem aceito pelos discentes, pois além de apresentar o encadeamento das discussões, identifica os autores das mensagens por meio de foto e nominalização, incluídos pelo usuário do ambiente virtual. Isto gera um maior sentimento de vínculo entre os alunos, já que personalizam a mensagem, diminuindo a sensação de estar conversando com a máquina. 3.5 REDES E INTERNET Etimologicamente, a palavra rede tem como significado um emaranhado de coisas que se ligam umas a outras. Uma rede de computadores é formada por dois ou mais equipamentos conectados entre si, que podem compartilhar textos, programas, entre diversos recursos da informática. Existem redes locais, chamadas de LAN (Local Area Network), que servem para ligar computadores próximos um aos outros. A ideia de uma rede que pudesse conectar um computador ao outro surgiu na década de 50. Nessa época, os computadores só conseguiam desempenhar uma tarefa por vez e os programadores não podiam trabalhar diretamente no Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 29 computador, pois esse não apresentava uma velocidade compatível com programações, mas, sim, trabalhavam manualmente. Assim, nessa década, começaram as experiências para ver se era possível os programadores trabalharem ao mesmo tempo no mesmo computador, introduzindo, assim, uma LAN, que seria a base para a rede Internet. A Internet é formada por milhares de computadores ligados entre si. Para que possa existir uma comunicação entre eles, é necessária uma conexão e, para isso, precisa-se de um provedor de acesso. Provedores são empresas que garantem o acesso de um computador à Internet. A conexão entre um computador e o restante da rede pode ser feita por uma linha de telefone, ondas de rádio, cabos, entre outros. O navegador é um software que permite ao usuário conseguir informações na Internet. A criação do navegador mudou a história da Internet. Em 1970, a palavra Internet não existia. A primeira rede chamava-se arpanet e no início reunia apenas quatro universidades americanas. No entanto, essa rede criou as bases para o que conhecemos hoje como Internet, nome esse que só começou a ser usado na década de 80. Mas navegar por essa rede nessa época ainda era difícil e trabalhoso e, para resolver essa problemática, o engenheiro britânico Timothy John Lee, organizou as informações contidas na Internet, através da criação do web que, do inglês, significa teia. As páginas da Internet se ligam uma a outras através de links, que são o ponto de conexão entre uma página e outra. O link pode ser uma palavra destacada em uma cor diferente, pode ser um desenho, uma foto ou qualquer outro elemento de uma página web. A web é uma rede infinita de sites e mais sites sobre todos os assuntos, onde o usuário “navega”. O primeiro navegador da história da Internet foicriado por Timothy Berners Lee, sendo esse aperfeiçoado 1993, por Marc Andreessen, quando criou o mosaic. Hoje, existem vários tipos de navegadores, que mantiveram a mesma essência. Cada máquina conecta à Internet tem um endereço único, o IP, apesar de fazer parte de uma rede. O IP tem a função de localizar um computador em uma rede. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 30 UNIDADE III: LETRAMENTO E INCLUSÃO DIGITAL O letramento digital, conforme assegura Soares (2002), seria um estado ou condição dos sujeitos que se apropriam das novas tecnologias digitais e exercem, com autonomia, práticas de leitura e de escrita em telas, a exemplo dos computadores, aparelhos celulares, caixas eletrônicos etc. Sobre isso, Barton (1998 apud XAVIER, 2007, p. 4) diz que o letramento digital seria apenas um tipo de letramento, tendo em vista a existência de outros letramentos, e não um novo paradigma de letramento imposto à sociedade hodierna pela difusão das tecnologias da informação e comunicação. Para Barton (apud XAVIER, 2007), os modelos de letramento mudam porque são situados e históricos e acompanham a transformação de cada contexto tecnológico, social, político, econômico, cultural em uma sociedade. Essa perspectiva de letramento considera a necessidade de os indivíduos dominarem um conjunto de informações e de habilidades cognitivas que devem fazer parte das práticas escolares, com o objetivo de capacitar os alunos para que possam desempenhar sua cidadania tecnológica nesta sociedade, cada vez mais cercada por máquinas eletrônicas, digitais e por recursos imagéticos. Não se pode esquecer que o acelerado desenvolvimento das tecnologias da informação e comunicação deve também levar o professor a pensar nesse outro modo de escrita e de leitura, uma vez que a tela do computador, do aparelho celular, caixa eletrônico, máquina digital, vídeo- game torna-se novo portador textual (e de hipertextos), suscitando novos gêneros, novos comportamentos sociais referentes às práticas de uso da linguagem oral e escrita, cobrando de toda a sociedade – e por que não da escola? – novos modelos de interpretação dos fenômenos da linguagem e as suas consequências sociais. Nesse contexto de leitura e de escrita, fica evidente que o texto digital não apresenta, de certa forma, a linearidade presente no texto escrito e passou a utilizar unidades menores de textos organizados em links, hipertextos, imagens. Assim, percebe-se que muitos gêneros textuais Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 31 emergentes (escritos veiculados nos meios digitais) obedecem a uma lógica definida, a depender de seu suporte e, ao ver de Nelson (1992 apud KOCH, 2008), é a evidência não apenas de um novo suporte de texto, mas de um novo modo de pensar e de exprimir a subjetividade. Assim, é importante perceber que esses textos constituem-se em elementos abertos e múltiplos, caracterizado pelo princípio da não-linearidade, interatividade, multicentramento e virtualidade. Para Lévy (1996), o hipertexto desterritorializa o texto, deixando-o sem fronteiras nítidas, sem interioridade definível. O texto, assim construído, é dinâmico, está sempre por se fazer. Isto implica, conforme assegura Koch (2008), por parte do leitor, um trabalho contínuo de organização, seleção, associação, contextualização de informações e, consequentemente, de expansão de um texto em outros textos, de um mosaico textual para se posicionar contra a originalidade radical de qualquer texto e para situar a experiência cultural comum no compartilhamento dos textos, pois sempre assumimos posição de sujeito individual (BAZERMAN, 2007). Ou seja: exige que o leitor esteja no centro da leitura e não apenas a sua margem; exige uma nova postura de leitor (e de escritor), a qual a escola, focada em um único tipo de letramento, produzindo sentido e significados sobre seus saberes, ainda não consegue promover. Esses novos procedimentos de leitura e de escrita de textos devem tramitar na escola como elemento de integração de linguagens e interação social entre o sujeito local e um sujeito global, pois todas as alunas e os alunos que fazem parte desta pesquisa evidenciam identidades múltiplas, saberes diversos, negociam identidades, linguagens, ocupam posições diferentes na enunciação de seu discurso, reconhecendo contextos e possibilidades comunicativas. E, por mais que a escola construa uma barreira em relação à leitura e à escrita de textos virtualizados, o mundo digital entra na vida daqueles que nunca tiveram acesso a esse conhecimento de forma sistematizada, sejam eles da periferia ou dos bairros centrais da cidade. Frade (2007, p. 60) define letramento digital como “a apropriação de uma tecnologia, quanto ao exercício efetivo das práticas de escrita que circulam no meio digital”. Ribeiro (2007, p. 125) amplia um pouco mais esse conceito, acrescentando que letramento digital diz respeito à “maneira como os leitores / usuários se apropriariam dos novos suportes e dos novos recursos de apresentação para a escrita / leitura”. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 32 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/ 96) aponta para a necessidade de uma alfabetização digital em todos os níveis de ensino da Educação Básica e do Ensino Superior. Ou seja: cabe à escola o papel socializador do saber tecnológico, pois assim ocorrendo, na visão de Santos (2009, p. 21), aconteceria “o exercício de democracia direta em grandes comunidades em situação de mudança e desterritorialização.” No entanto, essa democratização não se constituiria diretamente em autonomia do sujeito que utiliza esses recursos (WILLIAMS, 1975, apud SANTOS, 2009), mas pode interferir na concepção identitária que os sujeitos possuem de si mesmos. Ribeiro (2007, p. 85) acredita que, com as tecnologias da comunicação e informação, principalmente a internet, a identidade de um povo deixa de ser algo unitário e cede lugar para um sujeito coletivo que, aos poucos, interfere nas subjetividades e identidades. “O sujeito é o elo de uma teia de relações, formando um ecossistema, no qual, sozinho, não é ninguém.” No entanto, cabe à educação, ao implementar o trabalho com as TIC em suas atividades cotidianas, considerar as identidades individuais e garantir o respeito à diversidade, sem uma ideologia homogeneizadora” (Ibidem, p. 85). Para Kenway (2001, p. 116), Educar os estudantes para o cambiante mundo do trabalho e para o papel das novas tecnologias deve constituir uma parte importante do currículo, mesmo que isso signifique conceder atenção a impopulares culturas extra-escolares. Nota-se, assim, que deve-se tornar papel da escola desenvolver habilidades que permitam que o estudante utilize os meios digitais de forma adequada às suas expectativas discursivas. Kenway (2001) vai um pouco mais além. Para a autora, “a competência tecnológica constitui o novo equipamento básico dos educadores”, pois, para ela, “o computador tornar-se um instrumento indispensável e uma faceta de todo e qualquer local da prática humana” (Ibidem, p. 117). Kleimam e Vieira (2006, p. 122) asseguram que “debaixo do impacto tecnológico, o sujeito desloca-se do local para o transnacional e, na luta desigual entre o locale o transnacional, o local é preterido pela nova concepção de território.” Em outras palavras, A capacidade de os sujeitos desvincularem-se do local para se ligarem ao global sob o efeito da velocidade com que lidam com as TIC, como a Internet, pode torná-los descompromissados de qualquer problema local, pois a qualquer momento ele pode se mover para outro lugar sempre que esse se torne inóspito e pouco favorável aos seus propósitos. (KLEIMAN; VIEIRA, 2006, p. 122-3) Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 33 Dentro desse contexto, as instituições de ensino têm o papel de fazer emergir o cidadão global com responsabilidades locais, favorecendo um intercâmbio discursivo entre essas duas esferas. Assim, segundo Kleiman e Vieira (2006), torna-se papel do docente desmistificar a concepção de que ser local em um mundo globalizado é sinal de privação e de degradação social, pois o letramento digital deve ser uma prática que vise incluir digitalmente sujeitos à margem das tecnologias e preservar a diferença e a diversidade. Kenway (2001) ainda destaca que as agências escolares devem ensinar aos estudantes as habilidades de análises semióticas, da análise do discurso, da desconstrução, da contraleitura crítica e as tecnologias – meios, por si só, multissemióticos – podem servir de instrumentos para essas aprendizagens. A autora assegura que “é necessário que os estudantes se movimentem entre o alfabetismo da escrita e outros alfabetismos, que utilizem uma gama de formas tecnológicas de comunicação” (Ibidem, p. 102). Mas para isso acontecer, segundo Deacon e Parker (2001, p. 149), é necessária “a mudança em direção à produção de aprendizes ativos e auto-regulados, em vez de aprendizes controlados e passivos, exigirá a reinvenção das identidades e das subjetividades tanto de professores quanto de aprendizes”, identidades essas que podem ser reveladas, preservadas e modificadas através do ciberespaço. Ribeiro (2007, p. 93) destaca que “a educação deve garantir o resgate da identidade e da autoestima do homem, convertendo-se num instrumento libertário”. E, para ele, a tecnologia pode ser um instrumento para essa potencialização, pois: O papel da escola é ensinar a pensar, preparando o aluno para lidar com situações novas, problematizando, discutindo e tomando decisões. Sobretudo, cabe à educação resgatar o homem de sua pequenez, ampliando os horizontes, buscando outras opções, tornando as pessoas mais sensíveis e comunicativas (Ibidem, p. 94). Para realmente transformar as TIC como ferramenta que evidencie as identidades dos sujeitos, Teixeira e Santos (2009) acreditam ser necessário redesenhar nas instituições acadêmicas o trabalho com a questão da identidade cultural frente à desterritorialização promovida pelas mídias digitais, traçando, nesse percurso, as percepções sobre as hibridizações dos códigos culturais e suas possíveis reconversões, tornando-se, assim, um vetor para a construção do desenvolvimento local. Na visão de Kleiman e Vieira (2006, p. 119), Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 34 A escola tem papel central na realização das mudanças necessárias às novas exigências tecnológicas. É fundamental, em qualquer sociedade, que o indivíduo aprenda nas instituições escolares a se defender, conscientemente e de modo crítico, das influências nefastas ou não, que atuam por meio das novas práticas discursivas instituídas pelo uso do computador. Assim, deve ser dentro da escola – e não alheia a ela – que discussões a respeito da constituição das identidades do sujeito no mundo mediado pelas tecnologias devem ocorrer, com o intuito de anular a falta de acesso a esses equipamentos, para que se possa partilhar democraticamente o poder das modernas tecnologias. Além disso, debaixo do impacto tecnológico, o sujeito desloca-se do local para o transnacional. Mas, conforme observam Kleiman e Veira (2006), o local não deve ser preterido pela nova noção de território – que na verdade é desterritorializada e sem fronteiras –, pois as TIC permitem o desvelamento de identidades, mesmo essas, muitas vezes, sendo emancipadas. No entanto, as novas tecnologias não podem (nem devem) gerar sujeitos descompromissados de problemas locais em nome de um global. E é aí que, mais uma vez, entra a missão da escola: integrar o internauta aos elementos globais, sem, contudo, permitir a homogeneização discursiva do sujeito virtual que, devido a essas conexões diárias e velozes, podem aparecer sem ligações explícitas com o seu contexto cultural e social. Seguir essa concepção que permeia um intercâmbio entre as atividades culturais e discursivas do local e do global faz com que os enunciados dos sujeitos se modifiquem e se expandam, “pois todo e qualquer sujeito faz uso do discurso e como tal será constituído em qualquer circunstância. O sujeito poderá ser múltiplo, ou único, mas nunca será nulo, zero, apagado” (KLEIMAN e VIEIRA, 2006, p. 129). Conforme Ribeiro (2007, p. 96), “a serviço da educação, as novas tecnologias devem servir como mediação pedagógica a partir de um projeto educativo, num diálogo efetivo com a realidade.” Assim, o trabalho com as TIC na escola deve potencializar o diálogo entre o mundo real e o virtual, fornecendo aos sujeitos que as utilizam ou passaram a utilizá-las uma ferramenta para a leitura de mundo e, em sua escrita, uma possível transformação dos textos e de realidades que fazem parte do cotidiano desses indivíduos. Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 35 1. INCLUSÃO DIGITAL O agravamento da desigualdade tecnológica na era da informática ocorre por fatores históricos, econômicos e políticos, mas é sustentado pela exclusão do conjunto da população ao acesso às tecnologias e ao próprio desenvolvimento. Em pesquisa divulgada pelo IBOPE, em 2005, o Brasil tinha 16,1 milhões de internautas residenciais. No entanto, apesar desse número de usuários domésticos, esse quantitativo, no Brasil, ainda é insignificante, pois o uso da Internet no país ainda não se democratizou, nem se tornou popular visto grande parte da população estar excluída do uso das tecnologias da informação e comunicação. Ou seja, de acordo com o IBGE, menos de 10% da população tem acesso à rede mundial de computadores. Partindo desses dados, percebe-se que os excluídos serão cada vez mais excluídos em diversas atividades sociais, a exemplo de lojas, bancos, mercado de trabalho, entretenimento, a não ser que se implantem, massivamente, ações para se promover a inclusão digital. Nesse sentido, parece existir consenso entre o governo e a sociedade civil na compreensão de que, na era da informação e do conhecimento, garantir o acesso à informática tornou-se tão indispensável ao exercício da cidadania quanto o direito à saúde e à educação. A luta contra o apartheid tecnológico e pelo enfrentamento da pobreza e exclusão social conduziu amplos setores sociais e sociedade civil brasileira a implantar centenas de programas de inclusão digital no Brasil, entre eles a criação de telecentros para acesso de comunidades de baixa renda e os laboratórios de informática nas escolas. Mas uma experiência muito significativa de inclusão digital, na esfera escolar, foi a criação do Programa Escola Aberta,
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