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. 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TJ/SP 
Escrevente Técnico Judiciário 
 
1. DIREITO PENAL: Código Penal - com as alterações vigentes até a publicação do Edital - artigos 
293 a 305; 307; 308; 311-A; 312 a 317; 319 a 333; 335 a 337; 339 a 347; 350; 357 e 359. ..................... 1 
 
2. DIREITO PROCESSUAL PENAL: Código de Processo Penal - com as alterações vigentes até a 
publicação do Edital - artigos 251 a 258; 261 a 267; 274; 351 a 372; 394 a 497; 531 a 538; 541 a 548; 574 
a 667 e Lei nº 9.099 de 26.09.1995 (artigos 60 a 83; 88 e 89)................................................................ 42 
 
3. DIREITO PROCESSUAL CIVIL: Código de Processo Civil - com as alterações vigentes até a 
publicação do Edital. Artigos 144 a 155. ............................................................................................... 108 
 
188 a 275. ........................................................................................................................................ 116 
 
294 a 311. ........................................................................................................................................ 138 
 
318 a 538. ........................................................................................................................................ 145 
 
994 a 1026. ...................................................................................................................................... 206 
 
Lei nº 9.099 de 26.09.1995 (artigos 3º ao 19). ................................................................................. 235 
 
Lei nº 12.153 de 22.12.2009. ........................................................................................................... 239 
 
4. DIREITO CONSTITUCIONAL: Constituição Federal – com as alterações vigentes até a publicação 
do Edital: Título II - Capítulos I, II e III; e Título III - Capítulo VII com Seções I e II; e também o artigo 
92.. ....................................................................................................................................................... 244 
 
5. DIREITO ADMINISTRATIVO: Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de São Paulo (Lei 
n.º 10.261/68) - artigos 239 a 323; ....................................................................................................... 269 
 
Lei Federal nº 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa) – com as alterações vigentes até a 
publicação do Edital. ............................................................................................................................ 286 
 
6. NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA (disponíveis no portal do Tribunal de Justiça 
– site: www.tjsp.jus. br, na área Institucional / Corregedoria / Normas Judiciais), com as alterações 
vigentes até a data da publicação do Edital: Tomo I – Capítulo II: Seção I – subseções I e II; Tomo I - 
Capítulo III: Seções I, II, V, VI, VII; Tomo I - Capítulo III: Seção VIII – subseções I, II e III; Tomo I – Capitulo 
III: Seções IX a XV, XVII a XIX; Tomo I – Capítulo XI: Seções I, IV e V; Tomo I – Capitulo XI: Seção VI – 
subseções I, III, V e XIII. ....................................................................................................................... 302 
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Candidatos ao Concurso Público, 
O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas 
relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom 
desempenho na prova. 
As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar 
em contato, informe: 
- Apostila (concurso e cargo); 
- Disciplina (matéria); 
- Número da página onde se encontra a dúvida; e 
- Qual a dúvida. 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O 
professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. 
Bons estudos! 
 
 
 
1310043 E-book gerado especialmente para KESSIA DE LIMA COSTA
 
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Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante 
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica 
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida 
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente 
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores @maxieduca.com.br 
 
O Direito Penal tem como principal função manter a paz social e o faz através da tipificação de 
comportamentos nocivos, aqueles que afetam bens jurídicos relevantes. Assim, todo aquele que violar 
uma norma penal está sujeito à sanção. 
É a violação da norma penal que faz nascer o “jus puniendi”, ou seja, o direito de punir do Estado. 
O doutrinador Guilherme de Souza Nucci1 define Direito Penal como: “o conjunto de normas jurídicas 
voltado à fixação dos limites do poder punitivo do Estado, instituindo infrações penais e as sanções 
correspondentes, bem como regras atinentes à sua aplicação.” 
Alguns autores ainda dividem o Direito Penal em objetivo que seria a união dos aspectos formais e 
materiais, uma vez que pode ser traduzido como o conjunto de normas incriminadoras destinadas a 
combater a criminalidade e subjetivo, que é o poder de punir do Estado. 
Em resumo, o Direito Penal é o ramo do Direito que se preocupa em proteger os bens jurídicos mais 
importantes da sociedade por meio de aplicação de sanções àqueles que os lesem. 
 
Vamos acompanhar em seguida apenas os dispositivos do Código Penal exigidos pelo Edital 
do presente concurso: 
 
Artigos 293 a 305; 
 
CAPÍTULO II 
DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS 
 
Falsificação de papéis públicos 
Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: 
I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal destinado à 
arrecadação de tributo; 
II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal; 
III - vale postal; 
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento 
mantido por entidade de direito público; 
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a arrecadação de rendas públicas 
ou a depósito ou caução por que o poder público seja responsável; 
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por Estado ou 
por Município: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
§ 1o Incorre na mesma pena quem: 
I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a que se refere este artigo; 
II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação 
selo falsificado destinado a controle tributário; 
III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede, 
empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de 
atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: 
 
1 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. Rio de Janeiro: Forense, 2014. 
1. DIREITO PENAL: Código Penal - com as alterações vigentes até a 
publicação do Edital - artigos 293 a 305; 307; 308; 311-A; 312 a 317; 
319 a 333; 335 a 337; 339 a 347; 350; 357 e 359. 
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a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário, falsificado; 
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislaçãotributária determina a obrigatoriedade de sua 
aplicação. 
§ 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com o fim de torná-los novamente 
utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer dos papéis a que se refere o 
parágrafo anterior. 
§ 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou 
alterados, a que se referem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração, incorre 
na pena de detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
§ 5o Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do § 1o, qualquer forma de comércio 
irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos e em 
residências. 
 
Petrechos de falsificação 
Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado à falsificação 
de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior: 
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 
 
Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se 
a pena de sexta parte. 
 
CAPÍTULO III 
DA FALSIDADE DOCUMENTAL 
 
Falsificação do selo ou sinal público 
Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: 
I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de Município; 
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou sinal público de 
tabelião: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. 
§ 1º - Incorre nas mesmas penas: 
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado; 
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio 
ou alheio. 
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos 
utilizados ou identificadores de órgãos ou entidades da Administração Pública. 
§ 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a 
pena de sexta parte. 
 
Falsificação de documento público 
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. 
§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a 
pena de sexta parte. 
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, 
o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis 
e o testamento particular. 
§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: 
I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante 
a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório; 
II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir 
efeito perante a previdência social, declaração 
III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da 
empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. 
§ 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3o, nome do segurado 
e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços. 
 
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Falsificação de documento particular (Redação dada pela Lei nº 12.737, de 2012) 
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular 
verdadeiro: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. 
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento particular o cartão de crédito 
ou débito. 
 
Falsidade ideológica 
Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir 
ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar 
obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, 
e multa, se o documento é particular. 
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou 
se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte. 
 
Falso reconhecimento de firma ou letra 
Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de função pública, firma ou letra que o não seja: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público; e de um a três anos, e multa, 
se o documento é particular. 
 
Certidão ou atestado ideologicamente falso 
Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou circunstância que habilite 
alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra 
vantagem: 
Pena - detenção, de dois meses a um ano. 
 
Falsidade material de atestado ou certidão 
§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado 
verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de 
ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem: 
Pena - detenção, de três meses a dois anos. 
§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além da pena privativa de liberdade, a de 
multa. 
 
Falsidade de atestado médico 
Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso: 
Pena - detenção, de um mês a um ano. 
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa. 
 
Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica 
Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que tenha valor para coleção, salvo quando a 
reprodução ou a alteração está visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça: 
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. 
Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins de comércio, faz uso do selo ou peça 
filatélica. 
 
Nota: o crime tipificado no art. 303 do Código Penal foi tacitamente revogado pelo art. 39 da Lei 
6.538/1978. 
 
Uso de documento falso 
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 
302: 
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. 
 
Supressão de documento 
Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, 
documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor: 
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Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento é público, e reclusão, de um a cinco 
anos, e multa, se o documento é particular. 
 
O artigo 293 do C.P. define o crime de FALSIFICAÇÃO DE PAPÉIS PÚBLICOS 
Este delito tem como objeto jurídico a tutela da fé pública, no tocante à confiabilidade e legitimidade 
dos papéis públicos. 
Objeto material: São os papéis públicos indicados nos incisos do referido artigo: 
– Inciso I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal 
destinado à arrecadação de tributo: Esse inciso diz respeito aos documentos destinados à arrecadação 
de tributos, salvo os especificados no inciso V, a exemplo do antigo selo pedágio, o qual era colado no 
para-brisa do veículo para comprovar o extinto tributo. 
– Inciso II – papel de crédito público que não seja moeda de curso legal: São os denominados títulos 
da dívida pública, federais, estaduais ou municipais. Embora possam servir como meios de pagamento,não se confundem com a moeda de curso legal no País. 
– Inciso III – vale postal: Esse inciso foi tacitamente revogado pelo art. 36 da Lei 6.538/1976, lei 
posterior e especial que dispõe sobre os serviços postais. 
– Inciso IV – cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro 
estabelecimento mantido por entidade de direito público: Cautela de penhor é o título de crédito 
representativo do direito real de garantia registrado no Cartório de Títulos e Documentos, a teor do art. 
1.432 do Código Civil. Com seu pagamento a coisa empenhada pode ser retirada. A caderneta de 
depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito público designa 
o documento em que está consignada a movimentação da conta corrente no estabelecimento bancário. 
Por sua vez, a falsificação de cadernetas de estabelecimentos privados configura o crime de falsificação 
de documento particular (CP, art. 298), e não o delito em análise. 
– Inciso V – talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a arrecadação de rendas 
públicas ou a depósito ou caução por que o poder público seja responsável: 
Talão é a parte destacável de livro ou caderno, no qual permanece um canhoto com idênticos dizeres. 
Recibo é a declaração de quitação ou recebimento de coisas ou valores. 
Guia é o documento emitido por repartição arrecadadora, ou adquirido em estabelecimentos privados, 
com a finalidade de recolhimento de valores, impostos, taxas, contribuições de melhoria etc. 
Alvará, no sentido do texto, é qualquer documento destinado a autorizar o recolhimento de rendas 
públicas ou depósito ou caução por que o Poder Público seja responsável. Exemplo clássico de conduta 
passível de subsunção no art. 293, inc. V, do Código Penal consiste na falsificação de documentos de 
arrecadação da Receita Federal (DARFs), mediante inserção de autenticação bancária, como forma de 
comprovação do recolhimento dos tributos devidos. 
– Inciso VI – bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por 
Estado ou por Município: 
Bilhete é o papel impresso que confere ao seu portador o direito de usufruir de meio de transporte 
coletivo por determinado percurso. Passe é o bilhete de trânsito, oneroso ou gratuito, concedido por 
empresa de transporte coletivo. Conhecimento, finalmente, é o documento comprobatório de mercadoria 
depositada ou entregue para transporte. 
O núcleo do tipo penal é “falsificar”, ou seja, imitar, reproduzir ou modificar os papéis públicos 
indicados nos diversos incisos do art. 293 do CP. A falsificação pode ocorrer mediante fabricação ou 
alteração. Na fabricação, também denominada de contrafação, o agente procede à criação do papel 
público, o qual surge revestido pela falsidade. Por seu turno, na alteração opera-se a modificação de 
papel inicialmente verdadeiro, com a finalidade de ostentar valor superior ao real. A falsificação somente 
resultará no reconhecimento do crime em apreço quando incidir nos papéis públicos taxativamente 
mencionados – a falsificação de moeda importa no crime de moeda falsa (art. 289 do CP) e a falsificação 
de papel público diverso caracteriza o delito de falsificação de documento público (art. 296 do CP). 
Temos como sujeito ativo do crime qualquer pessoa (crime comum ou geral). Contudo, se o sujeito 
ativo for funcionário público, e cometer o crime prevalecendo-se do cargo, aumentar-se-á a pena de sexta 
parte, com fulcro no art. 295 do Código Penal. 
O sujeito passivo é o Estado e, mediatamente, a pessoa física ou jurídica prejudicada pela conduta 
criminosa. 
Elemento subjetivo: É o dolo, independentemente de qualquer finalidade específica. Não se admite 
a modalidade culposa. 
Consumação: Cuida-se de crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado: 
consuma-se com a realização de qualquer das condutas legalmente descritas, prescindindo-se da efetiva 
circulação do papel público falsificado ou da causação de prejuízo a alguém. É fundamental que a atuação 
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. 5 
do agente empreste ao papel idoneidade suficiente para enganar as pessoas em geral, pois a falsificação 
grosseira exclui o delito, ensejando o reconhecimento do crime impossível (CP, art. 17). 
Tentativa: É possível. 
Ação penal: É pública incondicionada. 
Competência: A falsificação de papéis públicos, em regra, é crime de competência da Justiça 
Estadual. Entretanto, se a emissão do papel incumbir à União, suas empresas públicas ou autarquias, e 
a falsificação acarretar prejuízo a tais entes, o delito será de competência da Justiça Federal, nos moldes 
do art. 109, inc. IV, da Constituição Federal. 
Figura equiparada (art. 293, § 1º): A Lei 11.035/2004 conferiu nova redação ao § 1º do art. 293 do 
CP, para ampliar seu âmbito de incidência, que antes se limitava aos papéis falsificados, forçando muitas 
vezes a utilização dos crimes de receptação (CP, art. 180) e de favorecimento real (CP, art. 349) para 
evitar a impunidade de pessoas envolvidas com papéis públicos falsificados. Destarte, incorre na mesma 
pena prevista no caput quem: 
– Inciso I – Usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a que se refere este artigo: 
Trata-se de conduta posterior à falsificação dos papéis públicos, realizada por pessoa diversa do falsário. 
– Inciso II – Importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui à 
circulação selo falsificado destinado a controle tributário: O raio de incidência deste inciso é inferior ao do 
inciso anterior, pois se limita ao selo falsificado destinado a controle tributário. 
– Inciso III – Importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em depósito, guarda, troca, 
cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício 
de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: 
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário, falsificado; 
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de sua 
aplicação. 
Elemento subjetivo: O crime é doloso. Contudo, além do dolo, afigura-se indispensável a presença 
do especial fim de agir (elemento subjetivo específico) representado pela expressão “em proveito próprio 
ou alheio”. Trata-se de crime próprio ou especial, pois somente pode ser cometido pela pessoa que se 
encontre no exercício de atividade comercial ou industrial. O § 5º do art. 293 do CP veicula uma norma 
penal explicativa, assim redigida: “Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do § 1º, 
qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros 
logradouros públicos e em residências”. A alínea b do inc. III constitui-se em lei penal em branco 
homogênea, pois é preciso analisar a legislação tributária para identificação das hipóteses de 
obrigatoriedade do selo oficial. Fica nítida, ademais, a verdadeira preocupação do legislador: a fé pública 
foi colocada em plano secundário para se proteger a ordem tributária, mediante o combate à sonegação 
fiscal. De fato, não há pertinência lógica entre falsificar selo (crime contra a fé pública) e vender cigarro 
sem selo oficial (delito tributário). 
Supressão de carimbo ou sinal de inutilização de papéis públicos (art. 293, § 2º): Trata-se de 
crime de médio potencial ofensivo, compatível com a suspensão condicional do processo, se presentes 
os demais requisitos exigidos pelo art. 89 da Lei 9.099/1995. Nessa hipótese, os papéis públicos são 
legítimos, ou seja, não foram falsificados mediante contrafação ou alteração, mas já foram inutilizados. A 
conduta criminosa consiste em suprimir (eliminar ou retirar) o carimbo ou sinal indicativo da inutilização. 
Não basta o dolo. Exige-se um especial fim de agir (elementosubjetivo específico), contido na expressão 
“com o fim de torná-los novamente utilizáveis”. 
Uso de papéis públicos com carimbo ou sinal de inutilização suprimidos (art. 293, § 3º): Trata-
se de crime de médio potencial ofensivo, compatível com a suspensão condicional do processo, se 
presentes os demais requisitos exigidos pelo art. 89 da Lei 9.099/1995. Incorre na mesma pena cominada 
ao § 2º, citado acima, aquele que usa, depois de alterado, qualquer dos papéis nele indicados. 
Figura privilegiada (art. 293, § 4º): Trata-se de infração penal de menor potencial ofensivo, de 
competência do Juizado Especial Criminal, admitindo a transação penal e o rito sumaríssimo, em sintonia 
com as disposições da Lei 9.099/1995. O tratamento penal mais suave se deve ao móvel do agente, que 
não se dirige à lesão da fé pública, e sim em repassar a terceiro seu prejuízo patrimonial. 
 
Os artigos 294 e 295 do C.P. estabelecem o crime de PETRECHOS DE FALSIFICAÇÃO. 
Temos como objeto jurídico a tutela da fé pública, no que diz respeito à confiabilidade e legitimidade 
dos papéis públicos. O dispositivo veicula um autêntico “crime obstáculo” – o legislador, preocupado com 
a falsificação de papéis públicos, não aguardou sua concretização para autorizar o Estado a exercer seu 
poder punitivo, antecipando a tutela penal, incriminando condutas representativas de atos preparatórios 
do crime tipificado no art. 293 do CP. 
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. 6 
Objeto material: É o objeto especialmente destinado à falsificação dos papéis públicos especificados 
art. 293 do Código Penal. A elementar “especialmente” relaciona-se à finalidade precípua do objeto 
destinado à falsificação de papéis públicos, mas nada impede seja o bem utilizado também para outros 
fins. Na hipótese de objeto destinado à falsificação de selo, fórmula de franqueamento ou vale postal, 
estará configurado o crime definido no art. 38 da Lei 6.538/1978. 
Núcleos do tipo: O tipo penal possui cinco núcleos: “fabricar” (criar, montar, construir ou produzir), 
“adquirir” (comprar ou obter), “fornecer” (proporcionar, dar, vender ou entregar), “possuir” (ter a posse) e 
“guardar” (manter, conservar ou proteger). Todos os verbos se ligam ao objeto especialmente destinado 
à falsificação de papéis públicos. Trata-se de tipo misto alternativo, crime de ação múltipla ou de conteúdo 
variado: há diversos núcleos, e a realização de mais de um deles, no tocante ao mesmo objeto material, 
caracteriza um único delito. 
Sujeito ativo: Pode ser qualquer pessoa (crime comum ou geral). Entretanto, se o sujeito ativo for 
funcionário público, e cometer o crime prevalecendo-se do cargo, aumentar-se-á a pena da sexta parte, 
com fulcro no art. 295 do Código Penal. Para a incidência da causa de aumento da pena não basta a 
condição funcional: é imprescindível seja o delito executado em razão das facilidades proporcionadas 
pela posição de funcionário público. 
Sujeito passivo: É o Estado, interessado na preservação da fé pública no que diz respeito ao sistema 
de emissão de papéis públicos. 
Elemento subjetivo: É o dolo, independentemente de qualquer finalidade específica. Não se admite 
a modalidade culposa. 
Consumação: Cuida-se de crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado: 
consuma-se com a fabricação, aquisição, fornecimento, posse ou guarda dos objetos destinados à 
falsificação, independentemente da sua efetiva utilização pelo agente ou por qualquer outra pessoa. Nos 
núcleos “guardar” e “possuir” o crime é permanente, comportando a prisão em flagrante enquanto 
perdurar a situação de contrariedade ao Direito; nas demais variantes, o crime é instantâneo. 
Tentativa: Não é cabível, pois o legislador incriminou de forma autônoma atos representativos da 
preparação do delito tipificado no art. 293 do Código Penal (falsificação de papéis públicos). 
Ação penal: É pública incondicionada. 
 
Observação: Lei 9.099/1995: Em razão da pena mínima cominada (um ano), trata-se de crime de 
menor potencial ofensivo, compatível com a suspensão condicional do processo, se presentes os 
demais requisitos exigidos pelo art. 89 da Lei 9.099/1995. 
 
Petrechos de falsificação e falsificação de papéis públicos – unidade ou pluralidade de crimes: A 
respeito do sujeito que possui objeto especialmente destinado à falsificação de papéis públicos e 
efetivamente os falsifica há duas posições: 1ª) O agente deve ser responsabilizado pelos crimes de 
petrechos de falsificação e de falsificação de papéis públicos, em concurso material. Tais crimes 
consumam-se em momentos distintos, não havendo falar em absorção do em comento pelo crime definido 
no art. 293 do CP. 2ª) Incide o princípio da consunção, resultando na absorção do crime-meio (petrechos 
de falsificação), que funciona como fato anterior (ante factum) impunível, pelo delito-fim (falsificação de 
papéis públicos). 
 
FALSIFICAÇÃO DO SELO OU SINAL PÚBLICO é o crime previsto no artigo 296 do CP. 
De acordo com a redação constante no caput, bem como no §1 º do art. 296 do Código Penal, podemos 
apontar os seguintes elementos que integram as figuras típicas: a) a conduta de falsificar, fabricando ou 
alterando, selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de Município; b) selo 
ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião; c) a 
conduta de usar selo ou sinal falsificado; d) utilização indevida de selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de 
outrem ou em proveito próprio ou alheio; e) alteração, falsificação ou uso indevido de marcas, logotipos, 
siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de órgãos da Administração Pública. 
A falsificação poderá ocorrer por meio da contrafação, quando o agente fabrica, criando selo ou sinal 
público, como também pela sua alteração, com a modificação do verdadeiro. Esta poderá ainda ocorrer, 
sobre selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, aqui abrangidas as autarquias, por serem 
consideradas pessoas jurídicas de direito público, de natureza paraestatal. A autoridade mencionada no 
inciso II do art. 296 do Código Penal, preleciona Mirabete, "é a que autentica seus documentos por meio 
de selo ou sinal". 
Também comete o delito em estudo, de acordo com a parte final do mencionado inciso II, aquele que 
falsifica sinal público de tabelião. 
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O §1º do art. 296 do Código Penal prevê as mesmas penas para aquele que, embora não falsificando, 
faz uso do selo ou sinal que sabe ser falsificado (inciso I), ou que utiliza o selo ou sinal verdadeiro em 
prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio (inciso II), ou, ainda, de acordo com o inciso III, 
acrescentado ao §1º do art. 296 pela Lei nº 9.983, de 14 de julho de 2000, para o que altera, falsifica ou 
faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores 
de órgãos ou entidades da Administração Pública. 
Dependendo da hipótese concreta, poderá ser considerado um tipo misto alternativo, a exemplo 
daquele que fabrica e utiliza o selo por ele falsificado, ou tipo misto cumulativo, quando o agente, por 
exemplo, vier a falsificar selo ou sinal público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou 
de Município e, ainda, utilizar, indevidamente, o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em 
proveito próprio ou alheio. 
Sujeito ativo do crime é qualquer pessoa e, no caso de ser o agente funcionário público, a pena será 
aumentada de sexta parte, desde que o faça em razão de sua função. 
Sujeito passivo é o Estado, bem como aquelas pessoas que foram diretamente prejudicadas com a 
utilização do selo ou sinal público falsificado. 
A fé pública é o bem juridicamente protegido pelo tipopenal que prevê o delito. 
O objeto material é o selo ou sinal público sobre o qual recai a conduta praticada pelo agente. 
A consumação do delito ocorre quando o agente, nas hipóteses previstas na norma, efetivamente, 
falsifica o selo ou o sinal público, levando a efeito sua fabricação ou alteração. 
Como regra, será possível a tentativa, haja vista que, na maioria das hipóteses, estaremos diante de 
um crime plurissubsistente. 
 
FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO é o crime previsto no artigo 297 do CP. 
A proteção do legislador é para a fé pública que devem dotar todos os documentos públicos, bem como 
àqueles que lhes são equiparados. 
Sujeito ativo do crime é qualquer pessoa e, no caso de ser o agente funcionário público, haverá 
aumento de pena, desde que o faça em razão de sua função. 
Sujeito passivo é o Estado, detentor da fé, a coletividade e também as pessoas que forem diretamente 
lesadas pela conduta, fato que permite à vítima funcionar como assistente de acusação. 
É de fundamental importância que se defina o que seja documento, pois é ele o objeto material do 
crime. 
O conceito de documento pode ser obtido através de diversos pontos de vista, entretanto, devemos 
nos ater somente ao conceito sob o aspecto penal e para o direito penal documento é toda peça escrita 
que condensa graficamente o pensamento de alguém, podendo provar um fato ou a realização de algum 
ato de significação ou relevância jurídica. É a base das relações jurídicas e, quando emanado por alguém 
que de qualquer forma está vinculado ao Estado, chamamos de público. 
O documento tem como característica principal, ser uma coisa móvel, portanto, os inscritos em muros, 
ou seja em qualquer imóvel, não considera-se documento. 
Embora na essência não se pode dizer que um escrito a lápis não seja documento, por ser modificável 
de forma muito simples, deixa de oferecer a garantia necessária, portanto, não pode ser considerado 
como tal. 
Escrito anônimo não se considera documento. O autor deve ser identificado pela assinatura ou o 
conteúdo do escrito deve fazê-lo, quando a lei não exige assinatura. 
Destes conceitos acima expostos, verifica-se que aqueles que não são escritos não se consideram 
documentos, como fotografias, desenhos, pinturas, etc. 
A reprodução de documento não o é, mas, se autenticado, tem o mesmo valor. 
É fundamental a relevância jurídica do escrito para que se considere documento, ou seja, o 
pensamento expresso deve possibilitar consequências no mundo jurídico, salvo esta possibilidade pode 
ser somente instrumento de prova. 
A descrição objetiva demonstra condutas de falsificar e alterar. 
Falsificar significa criar o documento materialmente, contrafazer, ou seja, produz um documento com 
as mesmas características do verdadeiro, como o fato daquele que pega um papel em branco e imprime 
nele algo idêntico a uma carteira de identidade, ou seja, o documento é falsificado na sua matéria. 
Na modalidade alterar o sujeito ativo acrescenta dizeres ao documento, exclui alguns que constavam, 
apaga determinadas indicações para apor outras. 
Para diferenciar as duas condutas pode se utilizar o seguinte sistema. Quando o documento (papel) já 
existe, a modalidade é alterar, entretanto se o documento não existia e o agente o cria, a modalidade é 
falsificar. 
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Ao fato de substituir-se a fotografia da carteira de identidade por outra, segundo o entendimento de 
alguns juristas, por ser ela de relevância no documento, caracteriza o crime de falsificação de documento 
público, entretanto o entendimento dominante é de se tratar de crime de falsa identidade. 
O crime se caracteriza com a falsificação total ou parcial do documento. 
Quando se trata de documento nulo, a possibilidade de falsificação é discutida, havendo entendimento 
de que, caso o documento seja somente anulável o crime pode perfeitamente existir, enquanto não 
declarada a anulação, mas que quando se trata de nulidade absoluta, não é possível o crime. O 
entendimento dominante é de que não transparecendo o documento algo de relevância jurídica o crime 
não existe, mas, mesmo quando nulo, caso possa criar consequências no mundo jurídico, poderá ser 
objeto material do crime. 
Para se verificar se um documento é público, devemos ter presentes os seguintes requisitos: a) 
redigido por funcionário público; b) que ele seja competente para elaborá-lo; c) que esteja no exercício de 
suas funções; e d) que sejam observadas as formalidades legais na sua confecção. 
Documento particular com reconhecimento de firma não adquire a qualidade de público, salvo a parte 
utilizada pelo funcionário do cartório quando do reconhecimento. 
Existem alguns documentos que, embora particulares, são equiparados a documentos públicos, por, 
de alguma forma, relacionar-se com a atividade estatal, e, portanto, necessitam de maior proteção. 
Os documentos são: o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por 
endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. 
O estudo de cada uma das instituições e documentos acima assinados fica a cargo dos outros ramos 
do direito. 
Seja qual for à natureza do documento, é de fundamental importância e para a caracterização do crime 
é de que o conteúdo escrito tenha relevância jurídica, ou seja que deixe transparecer no mínimo a 
possibilidade de dano caso ocorra a falsificação. 
Como última característica da prática do crime tem-se a necessidade de que a falsificação busque a 
imitação da verdade, ou seja, que realmente seja capaz de, devido a alteração, de enganar às pessoas 
indeterminadas às quais será apresentado ou utilizado o documento. 
O documento falsificado ou alterado de forma grosseira, a ponto de ser percebida a modificação por 
pessoas leigas, não caracteriza o crime de falsificação de documento público, podendo, entretanto, 
ocorrer outro, como o estelionato por exemplo. 
Trata-se de crime que deixa vestígios e, portanto, necessário de faz a realização de perícia para a 
comprovação da materialidade. 
A subjetividade exige o dolo, ou seja, a vontade de praticar a conduta descrita pelo legislador, não 
havendo necessidade da existência de nenhuma finalidade especial. 
A consumação do crime ocorre no momento da falsificação ou alteração, mesmo que haja a utilização 
do documento posteriormente, ou que tenha havido por parte do agente, qualquer resultado querido, 
desde que presente ao menos o perigo de dano para alguma pessoa, por isso é que se exige a relevância 
jurídica do escrito contido no documento. 
A possibilidade de ocorrência da tentativa é discutível entre os doutrinadores, havendo entendimento 
de que não é possível a tentativa, face a necessidade de ser a falsidade, para caracterizar o crime, 
semelhante ao documento original, portanto a tentativa faz com que esta característica não seja 
preenchida e, portanto não se pode taxá-la de crime tentado. 
Entretanto, outros doutrinadores aceitam a possibilidade da tentativa, por ser tratar o crime de 
falsificação de documento público, plurissubsistente. 
O § 1º do artigo 297 prevê caso de aumento e pena quando o crime é praticado por funcionário público, 
desde que esteja ele se prevalecendo do cargo ou função, já que, neste caso, além da fé pública deque 
é revestido o documento público, também há ofensa à moralidade administrativa. 
Distinção que deve ser apontada se relaciona à troca de fotografia em documento de identidade, 
havendo juristas que entende se tratar de crime de falsificação de documento público, enquanto outros 
entendem se tratar de crime de falsa identidade. 
Questão que deve ser abordada é o fato de, havendo a falsificação e também o uso do documento 
falsificado por um mesmo agente, deve ele ou não responder pelos dois crimes, principalmentequando 
o uso se faz para a prática de outros crimes, como o estelionato, por exemplo. 
Em relação ao crime de estelionato, existem quatro correntes a respeito. A primeira entende que o 
agente responderá apenas por crime de estelionato, haja vista que a falsificação ou o uso do documento 
falso foi crime meio para a prática do estelionato. A segunda corrente entende que a falsificação do 
documento se sobrepõe a qualquer ardil e, portanto, o agente responderia somente pelo crime de falso, 
ficando o estelionato absorvido. Uma terceira corrente entende que há, no caso, concurso material de 
crimes, pois ambos são autônomos, com condutas e elementos diversos, portanto, o agente deve 
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. 9 
responder pelos dois crimes. A última corrente entende se tratar de concurso formal e crimes, por estar 
devidamente comprovadas dois resultados diversos e por considerar a falsificação equivalente ao ardil 
utilizado, portanto, uma única conduta. 
A mais lógica é a entende ocorrer no caso o concurso material de crimes. 
Falsificar documento posteriormente à prática de crime de furto, com a finalidade de conseguir a venda 
dos objetos subtraídos, caracteriza concurso material de crimes. 
 
O artigo 298 do C.P. define o crime de FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR. 
A definição objetiva do crime demonstra condutas e elementos, na sua grande maioria, idênticos às 
do crime anterior, havendo distinção somente na origem, na natureza do documento falsificado, que, 
neste caso se trata de documento particular, portanto se faz necessário somente estabelecer-se o 
conceito de documento particular para diferenciá-lo do documento público, pois, o restante equivale-se 
ao delito anterior. 
Documento particular é o feito e assinados por particulares, não, sendo, então, emanados pelo poder 
público através de seus funcionários, com exceção daqueles enumerados pelo artigo 297 que, embora 
de origem particular, são equiparados a documento público. Portanto, a melhor distinção entre documento 
público e particular, reside na origem e o método mais simples é definir documento particular, como aquele 
que não é público. 
 
O artigo 299 do C.P. estabelece o crime de FALSIDADE IDEOLÓGICA. 
Neste crime o documento, materialmente é verdadeiro, fato que o distingue dos crimes estudados 
anteriormente. 
O objetivo do legislador continua a fé pública, que deve revestir os documentos que contém escrito de 
relevância jurídica e, neste crime a proteção é idêntica ao documento público e particular. 
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo deste crime e, sujeito passivo é o Estado, titular dos 
mandamentos demonstradores da fé pública. 
A descrição objetivo indica três modalidades de conduta para a prática do crime. 
A primeira delas é omitir, ou seja, o fato de silenciar a respeito de determinado fato que deve constar 
do documento e, embora o verbo indique uma negação sem dúvida nenhuma a conduta é comissiva, pois 
na realidade, quando o agente omitiu dados que deveriam constar do documento o está fazendo de forma 
incompleta, e, fazer, indica uma ação. 
A segunda modalidade de conduta implica em inserir, ou seja, colocar, incluir, logicamente que com 
ato próprio do agente, quando ele é o responsável pela confecção do documento. 
Por fim se tem a conduta de fazer inserir, ou seja, praticar o crime de modo indireto, quando terceira 
pessoa é a responsável pela feitura do documento (falsidade mediata). 
Sem sombras de duvidas aquilo que é inserido no documento é a declaração falsa, ou a diversa 
daquela que realmente deveria constar no documento. 
O legislador inclui na descrição do crime um objetivo por parte do agente que, ao realizar uma das 
condutas deve ter por escopo prejudicar direito ou criar obrigação, ou que os dados se relacionem a fatos 
jurídicos relevantes, quando não houver os objetivos acima citados, portanto, a relevância jurídica do fato 
ou do ato devem estar presentes e, caso contrário, se forem inócuas, o crime estará descaracterizado. 
É bom lembrar que os requerimentos ou petições feitas à administração pública, não se revestem de 
caráter de documento, por não estarem preenchidos os requisitos, portanto, as declarações falsas 
contidas nestes papéis, não caracterizam o crime. 
Os dados inverídicos que constam do documento, por fim, devem ser possíveis, pois, caso contrário, 
a exemplo da falsificação grosseira, não haverá a prática do crime, como o caso da falsidade em relação 
a filho menor, por parte do pai, para que o mesmo participe de um baile, pois, neste caso não há relevância 
alguma em relação ao fato. 
Discute-se na doutrina o caso do preenchimento de papel assinado em branco, havendo correntes no 
sentido de que tal conduta caracteriza falsidade de documento particular, portanto, material e, outra 
corrente entende se tratar de falsidade ideológica, pois o agente, neste caso estaria inserindo no papel 
declaração que dele não deveria constar. 
Entretanto o fato deve ser analisado sob o seguinte ponto de vista: caso a pessoa que assinou o papel 
em branco, havia combinado anteriormente com o agente os dados que dele deveriam constar, o crime 
será de falsidade ideológica, mas, caso não houvesse o prévio ajuste, todas as palavras no papel 
colocadas seriam contrafação, portanto, falsidade material. 
A subjetividade exige a presença do dolo, que consiste na vontade de praticar uma das condutas 
descritas pelo legislador, tendo o agente ciência de que a declaração é falsa ou se verdadeira, diversa 
daquela que deveria constar no documento. 
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. 10 
Deve ser preenchido, também, o elemento subjetivo do tipo, ou seja, a finalidade específica de 
prejudicar direito, criar obrigação ou alterar verdade sobre fato juridicamente relevante. 
Também deve estar presente o potencial de dano, ainda que o agente não o pretenda. 
A consumação do crime ocorre no momento em que o agente se omite ou insere os dados de forma 
direta ou indireta. 
A tentativa somente é possível na forma de inserir, pois, nas duas outras duas modalidades não é 
possível a tentativa, embora haja entendimento de que a tentativa somente não é possível na forma omitir, 
prevalecendo nas demais. 
Caso o crime seja praticado por funcionário público, prevalecendo-se do seu cargo, ou se refira ao 
registro civil, haverá a forma qualificada, conforme dispõe parágrafo único do artigo 299. 
Quando se trata de documento público, algumas condutas podem não caracterizar-se como crime de 
falsidade ideológica, tais como o registro de nascimento (artigo 241) ou de certidão (artigo 301). 
No caso de a mesma pessoa falsificar e utilizar o documento, responderá somente pela falsidade. 
 
O artigo 300 do C.P. prevê o crime de FALSO RECONHECIMENTO DE FIRMA OU LETRA. 
A fé pública continua a ser a proteção do legislador. 
Trata-se de crime próprio e sujeito passivo deve ser pessoa responsável pelo reconhecimento e que, 
portanto, tem fé pública, tais como o tabelião de notas, os escreventes de cartório e, deve ser lembrado 
o fato de que o responsável pelo reconhecimento não é necessariamente quem assina, mas, quem 
confere a assinatura ou a letra, portanto, este será considerado sujeito ativo do crime. 
Se o reconhecimento for feito por pessoa não dotada da fé pública, não ocorrerá este crime, mas o 
crime de falsificação de documento público ou particular. 
O Estado é o sujeito passivo do crime, mas, caso haja um prejudicado também será ele considerado 
sujeito passivo do crime. 
A descrição objetiva exige conduta de reconhecer firma ou letra como verdadeira e por firma deve se 
entender a assinatura e por letra, tudo aquilo que consta de determinado manuscrito. 
O reconhecimento tem a função de atestar como verdadeira determinada assinatura ou letra. 
Pode o reconhecimentoser autêntico, quando o funcionário responsável pelo reconhecimento vê o 
autor da assinatura ou manuscrito o fizera fora das vistas do funcionário, mas, perante este declara ser 
sua a assinatura ou letra. Pode, ainda, ser por semelhança, forma mais comum, onde o funcionário 
responsável compara a assinatura ou letra constante de determinado papel com os dados constantes de 
seu arquivo, verificando a semelhança entre elas. Por fim pode ser o reconhecimento indireto, quando 
feito por testemunhas, duas no mínimo, comparecendo na presença do tabelião e afirmando que a letra 
ou assinatura pertencem a determinada pessoa. 
A subjetividade exige a presença do dolo, vontade de falsamente reconhecer a firma ou letra, aliado 
ao conhecimento, por parte do agente de que não são verdadeiras e a dúvida entre a veracidade ou não 
caracteriza o dolo eventual, não havendo forma culposa para o crime. 
A consumação do crime ocorre quando o agente termina o atestado da veracidade da firma ou letra, 
ainda que o documento não tenha sido entregue ao interessado, ou que ocorra dano para terceira pessoa. 
Nada impede a ocorrência de tentativa. 
Se o reconhecimento de firma ou letra for com fins eleitorais, o crime está previsto no artigo 352 do 
Código Eleitoral. 
 
O artigo 301 do C. P. estabelece o crime de CERTIDÃO OU ATESTADO IDEOLOGICAMENTE 
FALSO. 
Idêntico é o objetivo do legislador. 
O crime somente pode ser praticado por funcionário que tenha competência para certificar ou atestar, 
portanto, trata-se de crime próprio e, o deve fazer quando exerce a função pública. 
As condutas previstas na descrição do tipo em estudo são Atestar, que significa afirmar provando algo 
em caráter oficial e certificar, que significa afirmar confirmando a verdade de determinado fato, também 
relacionado ao caráter público. 
A falsidade não necessita ser completa, pois o legislador, ao descrever o crime, fala, que tem 
conotação de integral, mas também de circunstância, que pode consistir perfeitamente em parte de 
determinado fato. 
Exigência do legislador, também é que a falsidade se dirija a obtenção de cargo público, isenção de 
ônus ou de serviço de caráter público ou, ainda, numa fórmula genética, qualquer outra vantagem, termo 
que deve ser interpretado restritivamente, como fatos semelhantes de caráter público e, sem estas 
finalidades, não haverá o crime em estudo. 
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. 11 
A subjetividade exige o, dolo, ou seja, a vontade de atestar ou certificar falsamente determinado fato 
ou circunstância, aliando a ciência por parte do funcionário que são inverídicos e o conhecimento de que 
o atestado ou certidão será utilizado para a obtenção de cargo público, isenção de ônus ou serviço de 
caráter público, ou, ainda, qualquer outra vantagem equivalente. 
A consumação do crime ocorre no momento em que o agente conclui o atestado ou certidão, mesmo 
que não haja a entrega a seu destinatário, nem que este consiga o objetivo visado. Há entendimento na 
jurisprudência, entretanto de que a consumação se dá no momento em que se inicia a utilização da 
certidão ou atestado para os fins que fora expedido. 
A possibilidade de tentativa se equivale ao crime de falsidade ideológica. 
O § 1º do artigo 301 prevê a falsidade material do atestado ou certidão e devem ser utilizados nesta 
disposição os conhecimentos relativo a falsificação de documento, por serem idênticas as condutas. 
Caso o agente com a conduta, vise lucro, de forma qualificada passa ser o crime, e além da pena de 
prisão, será aplicada cumulativamente a pena de multa. 
 
O artigo 302 do C. P. define o crime de FALSIDADE DE ATESTADO MÉDICO. 
Trata-se de crime próprio e o sujeito ativo pode ser somente o médico, desde que esteja no exercício 
de sua profissão, e, embora outras pessoas possam emitir atestado, como o veterinário, por exemplo, 
sua conduta vai caracterizar o crime de falsidade ideológica, mas não o de falsidade de atestado médico. 
Sujeito passivo do crime continua a ser o Estado, mas também qualquer outra pessoa que venha a 
sofrer alguma espécie de dano pela utilização do atestado. 
A conduta prevista na descrição objetiva é atestar, que significa afirmar a existência de alguma doença 
ou, ainda a inexistência dela, desde que o médico o faça de forma falsa, ou seja, atestando a doença 
quando ela não existe, ou se trata de outra e quando atesta a saúde, quando na realidade o beneficiário 
se encontra doente, ou como exemplo, atestar uma morte sem que tenha o médico realizado o exame no 
cadáver. 
A subjetividade exige a presença do dolo, ou seja, vontade de fornecer o atestado falso, desde que o 
médico tenha ciência da falsidade de seu conteúdo, por isso, não caracteriza o crime o erro de diagnóstico 
e o legislador não faz referência a finalidade alguma na utilização de atestada falso. 
A consumação do crime ocorre no momento em que o médico entrega o atestado ao beneficiário, 
entretanto, não há necessidade de ocorrência de resultado lesivo e a tentativa é perfeitamente possível. 
O parágrafo único do artigo prevê forma qualificada caso o médico tenha intenção de lucro, quando 
então será aplicada, também a pena de multa. 
No caso de ser o médico funcionário público e realizar a conduta utilizando-se de sua função, o crime 
previsto no artigo 301, podendo ainda ocorrer o crime de corrupção passiva, no caso de solicitar ou 
receber o médico alguma vantagem para a realização do atestado. 
Quem utiliza o atestado falso responderá pelo crime de uso de documento falso. 
 
O crime tipificado no art. 303 do Código Penal foi tacitamente revogado pelo art. 39 da Lei 6.538/1978. 
Trata-se de lei relacionada ao serviço postal e, portanto, específica, além de ser posterior ao art. 303 do 
Código Penal. 
 
Art. 39. Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica de valor para coleção, salvo quando a 
reprodução ou a alteração estiver visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça: 
Pena: detenção, até dois anos, e pagamento de três a dez dias-multa. 
Forma assimilada 
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas, quem, para fins de comércio, faz uso de selo ou peça 
filatélica de valor para coleção, ilegalmente reproduzidos ou alterados 
 
O artigo 304 do C. P. prevê o crime de USO DE DOCUMENTO FALSO. 
Idênticos são os objetivos e os sujeitos do presente delito. 
A conduta descrita na parte objetiva do dispositivo é fazer uso, ou seja utilizar o documento material 
ou ideologicamente falso, entretanto a utilização, para caracterizar o crime deve ser no sentido do destino 
do documento falsificado. 
A utilização do documento pode ser judicial, quando entrando ou fazendo parte de algum procedimento 
judicial ou extrajudicial, na medida em que o uso não se relacione à atividade judiciária. 
Para a caracterização do crime também é fundamental que sua utilização seja espontânea por parte 
do agente, por isso o fato do policial retirar do bolso o documento falso, não caracteriza o crime de uso 
de documento falso. 
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. 12 
Natural, ainda, que o documento falso utilizado, preencha as características das falsificações previstas 
nos artigos anteriores e, portanto, devem se assemelhar a verdadeiros além de estar presente a 
relevância jurídica no fato a ser praticado. 
A subjetividade exige o dolo, vontade de usar o documento falso, aliado a consciência por parte do 
agente de que se trata de documento falsificado, sem importância a respeito da finalidade do uso. 
A consumação do crime ocorre no momento em que o documento falso é apresentado 
espontaneamente á pessoa a ser iludida pela falsificação, mesmo que o agente não obtenha proveito 
com o ato e a tentativa não é possível. 
A jurisprudência discute o uso do documento falsificado pelo próprio falsário.Uma corrente entende que o agente responderá pelo crime de falso, sendo o uso pós factum não 
punível, apenas exaurimento do crime de falso. 
Outra corrente entende que o crime de falso é meio para o crime de uso de documento falso e, portanto, 
pelo princípio da absorção o agente responderá somente pelo crime de uso. 
Há entendimento de que se trata de concurso material de crimes e o agente responderá pelos dois 
crimes. 
Será competente para julgamento do crime de uso o local onde o documento falso foi utilizado. 
 
O artigo 305 do C.P. prevê o crime de SUPRESSÃO DE DOCUMENTO. 
Idênticos o objetivo e os sujeitos do delito. 
São três as modalidades de conduta na descrição objetiva do tipo. 
A primeira delas é destruir, que significa desfazer destruir, que significa desfaz, eliminar, tal como 
queimar, dilacerar, ou ainda, qualquer ação sobre o documento que faça perder sua essência, quer seja 
a destruição total ou parcial. 
A segunda conduta prevista é suprimir, ou seja, fazer desaparecer o documento sem que haja sua 
destruição, tal como riscar o documento, atirar tinta nele, tornando-o imprestável, sem que se consiga sua 
destruição. 
A terceira conduta prevista é ocultar, que significa esconder, tirar do alcance de outra pessoa, sendo 
praticado o crime seja qual for a forma através da qual o agente tenha obtido o documento, mesma que 
seja de forma ilícita. Nesta conduta pode ser incluída a sonegação, quando o agente é chamado a 
apresentar o documento e não apresenta. 
Não caracteriza o crime se a conduta recair sobre cópia, atestados, certidões, pois, de forma fácil se 
consegue o documento original, como a duplicata, que poderá ser substituída pela triplicata. 
Não se preocupa o legislador com a origem do documento, podendo ser público ou privado para a 
caracterização do crime. 
A subjetividade exige o dolo, ou seja, a vontade de praticar uma das condutas, aliado ao elemento 
subjetivo, pois deve o agente praticar o crime em proveito próprio ou de terceiro ou ainda em prejuízo 
alheio, podendo ser o proveito ou o prejuízo de qualquer natureza, mesmo que moral. 
A consumação ocorre com a conduta, mesmo não obtendo o agente o proveito ou causando o prejuízo 
e a tentativa é possível, como no caso do documento que foi rasgado pelo agente e reconstituído por 
outra pessoa. 
No caso de crimes de furto, dano e apropriação indébita cujo objeto seja documento, haverá a absorção 
do delito de supressão de documento. 
 
Artigos 307 e 308; 
 
Falsa identidade 
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou 
alheio, ou para causar dano a outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de crime mais 
grave. 
 
Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer 
documento de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza, 
próprio ou de terceiro: 
Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato não constitui elemento de crime mais 
grave. 
 
O artigo 307 do C.P. define o crime de FALSA IDENTIDADE. 
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. 13 
Pode ser sujeito ativo do crime em estudo qualquer pessoa e, sujeito passivo é o Estado, bem como 
qualquer pessoa que, eventualmente sofra algum com a conduta. 
A descrição objetiva demonstras duas condutas para a caracterização do crime. 
A primeira é atribuir-se, que significa tomar a si a identidade de outra pessoa. Identidade pode ser 
definida de forma bem simples como o conjunto de característica que individualizam uma pessoa, tal 
como o nome, a idade, o sexo, a cor da pelo, dos olhos, do cabelo, etc. 
Assim, pratica o crime não só a pessoa que atribui a si o nome de outra pessoa, mas também aquele 
que se passa por sexo diverso do seu, que procura imitação de outra pessoa em seus gestos, inclusive 
defeitos físicos. 
Entretanto, não ocorrerá o crime se o agente somente dissimula sua própria identidade, sem atribuir-
se a identidade de outra pessoa. 
É fundamental para a caracterização do crime que a conduta seja suficiente no sentido do agente se 
passar por outra pessoa, caso contrário o crime não ocorre. 
A segunda conduta é atribuir a outra pessoa falsa identidade, ou seja, apresentar determinada pessoa 
por outra, fazer a indicação de que determinada pessoa se trata de Beltrano, quando na realidade é 
Fulano. 
Para a prática do crime é fundamental que o agente pretenda obter vantagem em proveito próprio ou 
de terceiro, seja qual for a natureza da vantagem, desde que seja indevida, pois, se devida, não haverá 
a prática do crime. 
Sem dúvida alguma a conduta deve enganar alguém, pois, se grosseira a falsa identidade o crime não 
se caracteriza. 
Exemplo não aceito totalmente pelos doutrinadores, mas que deve ser apresentado é o caso do 
travesti, que se passa por mulher quando na realidade não é. 
Outra discussão apresentada gira no sentido de estar ou não caracterizado o crime no caso de pessoa 
que se apresenta por outra ao ser interrogado, havendo decisões em ambos os sentidos, sendo, contudo 
o posicionamento do STJ pela existência do crime, ainda que em situação de alegada autodefesa. 
 
Súmula 522, do STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, 
ainda que em situação de alegada autodefesa. 
 
A subjetividade exige o dolo que consiste na vontade de praticar a conduta, aliado ao elemento 
subjetivo do injusto, que consiste no fim especial de obter vantagem indevida para si ou para outrem 
A consumação ocorre no momento quando o agente se atribui outra identidade ou a atribui a terceiro, 
independentemente de ter o agente conseguido ou não a vantagem e a tentativa é possível, por se tratar 
de crime plurissubsistente. 
Há entendimento de que a conduta de substituir a fotografia em documento de identidade, caracteriza 
o crime em estudo, mas, outros entendem que, no caso, o crime é de falsificação de documento público. 
A falsa identidade para a prática de estelionato é por ele absorvido. 
Dizer-se funcionário público caracteriza a contravenção prevista no artigo 45 e a utilização de uniforme, 
distintivo ou sinal indevidamente está previsto no artigo 46 da L.C.P. 
 
O artigo 308 do C.P. estabelece o crime de USO DE DOCUMENTO DE IDENTIDADE ALHEIA. 
Idênticos são o objetivo do legislador e os sujeitos do delito. 
A descrição objetiva prevê duas modalidades de conduta. 
A primeira é usar como próprio, que significa utilizar como se fosse seu, documento de identidade 
alheia, seja qual for a finalidade. 
A segunda conduta é ceder, que significa entregar a outra pessoa, transferir a posse de documento de 
identidade de terceira pessoa para que aquele que recebe o utilize. 
O legislador especifica quais os documentos são considerados como objeto do presente crime, 
entretanto, se refere a outros de maneira genérica a ponto de se dizer que não são somente os indicados 
no artigo que caracterizam o crime, mas, qualquer documento que sirva como identidade alheia, tendo 
fotografia ou não, embora haja entendimento contrário. 
A carteira de identidade estudantil, por não conter dados essenciais a respeito da identidade, não se 
considera como objeto do crime. 
A subjetividade exige a presença do dolo que consiste na vontade de usar o documento de identidade 
alheia ou transferir para que terceiro o utilize, desde que o agente tenha consciência de que utiliza ou 
cede o documento que não lhe pertence, bem como não pertença ao terceiro, havendo entendimento de 
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que neste caso, cessão, deve estar preenchido, também o elemento subjetivo no tipo que consiste na 
finalidade de uso por parte do terceiro. 
Aconsumação do crime na primeira conduta ocorre com o uso e, na segunda modalidade se consuma 
com a cessão, não praticando crime a pessoa que não recebe, salvo se utiliza quando praticará o crime 
na primeira modalidade de conduta. 
A tentativa somente é admissível na modalidade de cessão. 
 
Artigo 311- A; 
 
Fraudes em certames de interesse público 
Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de 
comprometer a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de: 
I - concurso público; 
II - avaliação ou exame públicos; 
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou 
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não 
autorizadas às informações mencionadas no caput. 
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à administração pública: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 
§ 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido por funcionário público. 
 
O art. 311-A do CP prevê o crime de FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO. Este 
crime foi incorporado ao Código Penal pela Lei 12.550/2011, a qual autorizou o Poder Executivo a criar a 
empresa pública unipessoal denominada Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH. Fica 
fácil notar, portanto, que a matéria disciplinada neste diploma legal, na quase totalidade do seu texto (arts. 
1º a 17), não guarda nenhuma relação com as fraudes em certames de interesse público. Diante das 
inúmeras falcatruas cometidas em provas e concursos, causadas pela péssima (ou nenhuma) fiscalização 
promovida pelo Estado e pelo desvirtuamento de conduta dos responsáveis pela promoção dos certames 
em geral, o legislador agiu às pressas e aproveitou-se de um projeto de lei em vias de aprovação para 
nele incluir o crime em comento no Código Penal. 
- Objeto jurídico: O bem jurídico penalmente tutelado é a fé pública, no tocante à lisura, à 
impessoalidade, à moralidade, à isonomia, à probidade e à credibilidade depositadas nos certames de 
interesse público, notadamente em face do seu caráter sigiloso. Tais características asseguram a todos 
os interessados, e também à coletividade, a garantia da disputa de vagas em igualdade de condições, 
possibilitando a escolha dos mais capacitados unicamente pelo mérito, de forma democrática e em 
sintonia com os anseios da sociedade. Portanto, no âmbito da teoria constitucional do Direito Penal, o 
delito em apreço encontra seu fundamento de validade em vários dispositivos da Lei Suprema, 
especialmente no art. 5º, caput (princípio da isonomia), e no art. 37, caput (princípios da impessoalidade 
e da moralidade da Administração Pública). 
- Núcleos do tipo: O tipo penal contém dois núcleos: “utilizar” e “divulgar”. Utilizar é empregar, fazer 
uso ou aproveitar-se de alguma coisa. Divulgar, por sua vez, equivale a tornar público, dar conhecimento 
ou comunicar algo, ainda que a uma única pessoa. Trata-se de tipo misto alternativo, crime de ação 
múltipla ou de conteúdo variado, pois se o sujeito realizar ambas as condutas, no tocante ao mesmo 
objeto material, estará caracterizado um único delito. Sem prejuízo, a fraude em certames de interesse 
público é crime de forma livre, compatível com os mais variados meios de execução: palavras, gestos, 
escritos, etc. 
- Sujeito ativo: Pode ser qualquer pessoa (crime comum ou geral). Se o crime for praticado por 
funcionário público, a pena será aumentada de 1/3, a teor da regra inserida no § 3º do dispositivo em 
comento. O conceito de funcionário público – próprio e também por equiparação – encontra-se no art. 
327, caput e § 1º, do CP. 
- Sujeito passivo: No plano imediato, sujeito passivo é o Estado, titular da fé pública. Em plano 
secundário ou mediato, as pessoas físicas (exemplos: candidatos reprovados, candidatos aprovados em 
colocação inferior à merecida, todos os inscritos lesados pela anulação do certame e interesse público 
em razão da fraude etc.) ou jurídicas (exemplos: entes públicos ou privados que iniciaram o certame, 
empresas promotoras dos processos seletivos, exames, concursos ou avaliações etc.) prejudicadas pela 
conduta criminosa. 
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. 15 
- Elemento subjetivo: É o dolo, direto ou eventual. O tipo penal reclama um especial fim de agir 
(elemento subjetivo específico), representado pelas expressões “com o fim de beneficiar a si ou a outrem” 
ou “com o fim de comprometer a credibilidade do certame”. Não se admite a modalidade culposa. Desta 
forma, não caracteriza o crime em análise a conduta daquele que, com negligência, divulga 
indevidamente conteúdo sigiloso de concurso público, avaliação ou exame públicos, processo seletivo 
para ingresso no ensino superior ou exame ou processo seletivo previstos em lei. 
- Consumação: Cuida-se de crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado: 
consuma-se com a utilização ou divulgação indevida do conteúdo sigiloso de concurso público, avaliação 
ou exame públicos, processo seletivo para ingresso no ensino superior ou exame ou processo seletivo 
previstos em lei, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do certame 
de interesse público. Não se exige a obtenção de benefício próprio ou de terceiro, nem o efetivo 
comprometimento da credibilidade do certame. Prescinde-se da causação de dano real à Administração 
Pública. Esta conclusão torna-se inquestionável com a simples leitura do § 2º do dispositivo. 
- Tentativa: Admite, em face do caráter plurissubsistente do delito, permitindo o fracionamento do iter 
criminis. 
- Ação penal: É pública incondicionada, em todas as variantes do crime. 
- Lei 9.099/1995: Em sua modalidade fundamental (art. 311-A, caput), a fraude em certames de 
interesse público constitui-se em crime de médio potencial ofensivo. A pena privativa de liberdade 
cominada em seu patamar mínimo – reclusão, de 1 (um) ano – autoriza a suspensão condicional do 
processo, desde que presentes os demais requisitos exigidos pelo art. 89 da Lei 9.099/1995.35 Este 
benefício não será cabível na hipótese de crime cometido por funcionário público, como corolário da 
incidência da causa de aumento da pena contida no § 3º. 
 
Artigos 312 a 317; 
 
Peculato 
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público 
ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor 
ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de 
facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. 
Peculato culposo 
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue 
a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. 
 
Peculato mediante erro de outrem 
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro 
de outrem: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
Inserção de dados falsos em sistema de informações 
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir 
indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública 
com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: ) 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
 
Modificação ou alteração não autorizadade sistema de informações 
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem 
autorização ou solicitação de autoridade competente: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração 
resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado. 
 
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento 
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; 
sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: 
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Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
 
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas 
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei: 
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
 
Concussão 
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função, ou antes, 
de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
Excesso de exação 
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, 
quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para 
recolher aos cofres públicos: 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
 
Corrupção passiva 
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função 
ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário 
retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. 
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever 
funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
 
PECULATO 
 
O peculato visa proteger a probidade administrativa (patrimônio público). Em todas as modalidades de 
peculato, tutela-se a Administração Pública, tanto em seu aspecto patrimonial, consistente na 
preservação do erário, como também em sua face moral, representada pela lealdade e probidade dos 
agentes públicos. 
O sujeito ativo é o funcionário público e o sujeito passivo é o Estado, visto como Administração 
Pública. Pode existir um sujeito passivo secundário (particular). 
O pressuposto do peculato é a posse da coisa pela Administração Pública. O dinheiro, valor ou 
qualquer outro bem móvel precisa estar na posse do funcionário público. A palavra deve ser interpretada 
em sentido amplo, abrangendo tanto a posse direta como a posse indireta, e também a detenção. A lei é 
clara ao exigir que a posse deva ser em razão do cargo: é imprescindível a relação de causa e efeito 
entre ela (posse) e este (cargo). Não é pelo fato de ser funcionário público que o sujeito deve 
automaticamente responder pelo crime de peculato. A finalidade da lei é outra. Somente estará 
caracterizado o crime de peculato quando o sujeito comete a apropriação, o desvio ou a subtração em 
razão das facilidades proporcionadas pelo seu cargo. 
 
Podemos dividir o peculato em dois grandes grupos; doloso e culposo: 
a) Peculato Doloso: 
- Peculato-apropriação: art. 312, caput, primeira parte. 
- Peculato-desvio: art. 312, caput, segunda parte. 
- Peculato-furto: art. 312, § 1.º. 
- Peculato mediante erro de outrem: art. 313. 
 
b) Peculato Culposo: 
- O peculato culposo está descrito no art. 312, § 2.º, do Código Penal. 
 
1. PECULATO APROPRIAÇÃO: 
a) apropriar-se; 
b) funcionário público; 
c) dinheiro, valor, bem móvel, público ou privado; 
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d) posse em razão do cargo; 
e) proveito próprio ou alheio. 
Elementos objetivos do tipo: O núcleo é “apropriar-se”, ou seja, fazer sua a coisa alheia. A pessoa 
tem a posse e passa a agir como se fosse dona. O agente muda a sua intenção em relação à coisa. O 
fundamento é a posse lícita anterior. 
No caso da posse em razão do cargo, temos que a posse está com a Administração. O bem tem de 
estar sob custódia da Administração. Exemplo: Um automóvel apreendido na rua vai para o pátio da 
Delegacia; o policial militar subtrai o aparelho de DVD. Ele praticou peculato-furto, pois não tinha a posse 
do bem. Se o funcionário fosse o responsável pelo bem, seria caso de peculato-apropriação. Se o carro 
estivesse na rua, seria furto. 
No “peculato-apropriação” e no “peculato mediante erro de outrem” o núcleo do tipo é a apropriação, 
ou seja, a posse anterior lícita; a diferença está no erro de outrem. 
 
Objeto material: Dinheiro, valor ou bem móvel. Tudo que for imóvel não é admitido no peculato. O 
crime que admite imóvel é o estelionato. 
 
Consumação: A consumação do peculato-apropriação se dá no momento em que ocorreu a 
apropriação: quando o agente inverteu o animus, quando passou a agir como se fosse dono. 
 
Concurso de pessoas: A condição de funcionário público é elementar do peculato, razão pela qual 
comunica-se a todos aqueles que tenham concorrido de qualquer modo para o crime (coautoria ou 
participação), mesmo em se tratando de pessoas alheias aos quadros públicos, contudo, desde que elas 
tenham conhecimento dessa qualidade do autor. No caso de ser desconhecida a condição de funcionário 
público pelo outro agente a comunicabilidade não se aplica. 
 
2. PECULATO-DESVIO: Artigo 312, Segunda Parte, do Código Penal. No peculato-desvio o que muda 
é apenas a conduta, que passa a ser “desviar”. Desviar é alterar a finalidade, o destino. Exemplo: existe 
um contrato que prevê o pagamento de certo valor por uma obra. O funcionário paga esse valor, sem a 
obra ser realizada. Nesse caso, há peculato-desvio. Liberação de dinheiro para obra superfaturada 
também é caso de peculato-desvio. 
 
Elemento subjetivo do tipo: O elemento subjetivo do tipo é a intenção do desvio para proveito próprio 
ou alheio. O funcionário tem de ter a posse lícita da coisa. Se alguém desviar em proveito da própria 
Administração, haverá outro crime, qual seja, uso ou emprego irregular de verbas públicas (art. 315 do 
CP). 
 
3. PECULATO-FURTO: Artigo 312, § 1.º, do Código Penal. Funcionário público que, embora não tendo 
a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou 
alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. Nesse caso é aplicada a 
mesma pena. 
A conduta é subtrair, ou seja, tirar da esfera de proteção da vítima, de sua disponibilidade. Outra 
conduta possível é a de concorrer dolosamente. 
Não basta ser funcionário público; ele precisa se valer da facilidade que essa qualidade lhe proporciona 
(a execução do crime é mais fácil para ele). Por facilidade, entende-se crachá, segredo de cofre etc. Um 
funcionário público pode praticar furto ou peculato-furto, dependendo se houve, ou não, a facilidade. 
 
Consumação e tentativa: O crime consuma-se com a efetiva retirada da coisa da esfera de vigilância 
da vítima. A tentativa é possível. 
 
4. PECULATO CULPOSO: Artigo 312, § 2.º, do Código Penal. São requisitos do crime de peculato 
culposo: a conduta culposa do funcionário público e que terceiro pratique um crime doloso, aproveitando-
se da facilidade provocada por aquela conduta. 
 
Consumação e tentativa: Peculato culposo é crime independente do crime de outrem,

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