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Os Blocos Econômicos
A formação dos blocos econômicos é tendência representativa de um modelo de integração regional próprio do mundo globalizado, apresentando-se sob a forma de agrupamento de vários países de uma região com vinculação econômica e entendimento-base orientados para o desenvolvimento, a integração econômica e a liberalização econômica.
Uma das principais características de um bloco econômico é a busca incessante de fórmulas ágeis de discussão e acordo entre seus parceiros, que lhes permitam negociar, entre si e com outros países, através de mecanismos multilaterais, a defesa de seus interesses econômicos, bem como a obtenção de vantagens comerciais que facilitem e fortaleçam a promoção integrada de seu desenvolvimento.
Destacaremos, na linhas seguintes, alguns blocos econômicos do cenário globalizado. Cuidaremos apenas de poucos exemplos, com destaque para a formação da União Europeia, bloco em estágio mais avançado de integração. Ademais, por ora, nos absteremos de descrever sobre o Mercosul, tendo em vista que os módulos seguintes a ele se dedicarão de forma detalhada. 
ACORDO DE LIVRE COMÉRCIO DA AMÉRICA DO NORTE (NAFTA)
	 
 O Acordo de Livre Comércio da América do Norte, o NAFTA (North America Free Trade Agreement), foi planejado para ser um instrumento de integração das economias dos EUA, do Canadá e do México.
Iniciou em 1988, entre norte-americanos e canadenses, e por meio do Acordo de Liberalização Econômica, assinado em 1991, formalizou-se o relacionamento comercial entre os Estados Unidos e o Canadá. Em 13 de agosto de 1992, o bloco recebeu a adesão dos mexicanos, tendo entrado em vigor em janeiro de 1994. 
 
Acordo de Livre Comércio da América do Norte, o NAFTA (North America Free Trade Agreement), foi planejado para ser um instrumento de integração das economias dos EUA, do Canadá e do México.
Iniciou em 1988, entre norte-americanos e canadenses, e por meio do Acordo de Liberalização Econômica, assinado em 1991, formalizou-se o relacionamento comercial entre os Estados Unidos e o Canadá. Em 13 de agosto de 1992, o bloco recebeu a adesão dos mexicanos, tendo entrado em vigor em janeiro de 1994
O NAFTA consolidou o intenso comércio regional no hemisfério norte do continente americano, beneficiando grandemente a economia mexicana, ao mesmo tempo em que aparece como concorrente ao bloco econômico europeu, à ascendente economia chinesa e à fortíssima economia japonesa. 
 
Este bloco não constitui uma organização internacional de cooperação econômica nos moldes clássicos. A meta essencial de seu acordo constitutivo é construir, em prazo específico, uma zona de livre comércio com ampla abrangência, se possível, atraindo outros países das Américas, regulando os investimentos, a propriedade intelectual e o comércio de bens e serviços entre os  Países Membros do bloco. Para maiores informações consulte o site doNAFTA.
COMUNIDADE ANDINA (CAN)
Em 26 de maio de 1969, pelo Acordo de Cartagena, foi criado o Pacto Andino, que recebeu depois o nome de Grupo Andino, mais tarde Comunidade Andina de Nações, e, enfim, Comunidade Andina. Era inicialmente formado pelos seguintes países: Colômbia, Peru, Venezuela, Equador, Bolívia e Chile. Criou-se, assim, uma União Aduaneira e Econômica para fazer restrições à entrada de capital estrangeiro, com base em estudos da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), órgão da ONU. Com a subida ao poder do General Augusto Pinochet, em 1973, o Chile retirou-se do Pacto, abrindo sua economia ao mercado externo, principalmente ao norte-americano.  
A Venezuela desligou-se da Comunidade Andina para aderir ao Mercosul. Hoje, o grupo de países remanescentes objetiva criar um mercado comum em função do processo de globalização econômica, que exige sua formação em bloco para melhor defesa de seus interesses e promoção integrada do seu desenvolvimento. 
Com a Aliança do Pacífico, a Comunidade, abrangendo também o Chile e o México, e abrindo-se à adesão da Costa Rica e do Panamá, vem sendo concebida como instrumento voltado a promover uma maior inserção comercial de seus participantes em regiões consideradas estratégicas comercialmente, principalmente a Ásia. No momento, o Mercosul busca acelerar sua integração com a Aliança do Pacífico a partir da criação de uma zona de livre comércio. A atual onda de liberalização econômica reacende e atualiza no Continente, ainda que de forma incipiente e muitas vezes conflituosa, a realização do ideal panamericano.
UNIÃO EUROPEIA (UE)
	 
 
 A União Europeia representa o estágio mais avançado do processo de formação de blocos econômicos no contexto da globalização.
Originada da Comunidade Econômica Europeia (CEE), fundada em 1957 pelo Tratado de Roma, até 2003 a União Europeia era formada por 15 países da Europa Ocidental, e sua população estimada em 374 milhões de habitantes. Hoje, após a incorporação de mais 13 países do Leste Europeu, passou a contar com 28 Países Membros e uma população de aproximadamente 500 milhões de habitantes.
 
A União Europeia negociou a adesão dos seguintes países ao bloco, quais sejam: Chipre, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Malta, Polônia e República Tcheca, já considerados aptos para adesão desde o início de 2003, com ingresso definitivo em 1º de maio de 2004. O décimo-primeiro país seria a Turquia, que, no entanto, ainda não preenche os critérios mínimos estabelecidos pela União Europeia para início das negociações com vistas à sua aceitação como país membro.
A Bulgária e a Romênia concretizaram sua entrada na União Européia a partir de 2007.
O órgão máximo da União Europeia é o Conselho Europeu. Agrupa os Chefes de Estado ou de Governo, além do Presidente da Comissão Europeia, sendo responsável pela definição das grandes orientações políticas e cabendo-lhe a responsabilidade de abordar os problemas da atualidade no âmbito internacional. O Conselho Europeu reúne-se, em princípio, quatro vezes por ano, ou seja, duas vezes por semestre. Em circunstâncias excepcionais, o Conselho Europeu pode reunir-se em sessão extraordinária.
Outras instituições existem para que a União Europeia possa cumprir seus objetivos de integração.
O Conselho de Ministros (Conselho da União Europeia, ou simplesmente Conselho) é o órgão que dispõe de poder de decisão, assumindo a coordenação geral das atividades da União. O Conselho, juntamente com o Parlamento Europeu, fixa a legislação da União Europeia, inicialmente proposta pela Comissão Europeia.
O Parlamento Europeu, atualmente composto por delegados eleitos, atendidos por um secretariado formado por mais de quatro mil funcionários, possuí três tipos de poder: o orçamentário, o de controle da Comissão Europeia, e o legislativo. Este último é exercido diferentemente segundo a natureza da matéria em questão, indo de instância de consulta à co-decisão, quando divide o poder decisório com o Conselho. Uma das mais importantes funções do Parlamento Europeu consiste em aprovar e autorizar a indicação de projetos que consomem cerca de 45% do orçamento oficial da União Europeia. A contribuição de cada cidadão da União Europeia corresponde a 1,5 Euros por ano, significando apenas um por cento do montante total do orçamento comunitário.
O Parlamento Europeu, com sede em Estrasburgo, na França, para sessões plenárias, é formado por parlamentares eleitos pelas populações dos Países Membros da União Europeia. Em Luxemburgo, funciona a Secretaria Administrativa, e em Bruxelas, na Bélgica, realizam-se reuniões das Comissões Temáticas. Lá se reúnem também o Conselho de Ministros da União Europeia e seu braço executivo, a Comissão Europeia.
A Comissão Europeia é o órgão executivo e tem como função a iniciativa na elaboração da legislação em comum, controlando sua aplicação e coordenando a administração das políticas comuns. Além disso, conduz as negociações da União Europeia no plano das relações exteriores.
Complementam as instituições da União Europeia: 
   1. Tribunal de Justiça; 
   2. Tribunalde Contas; 
   3. Comitê Econômico e Social; 
   4. Comitê das Regiões; 
   5. Provedor de Justiça Europeu;
   6. Banco Central Europeu (BCE); e 
   7. Banco Europeu de Investimento (BEI).
Em 1992 é consolidado o Mercado Comum Europeu, com a eliminação das últimas barreiras alfandegárias entre os países-membros. Pelo Tratado de Maastricht (cidade da Holanda), a União Europeia entra em funcionamento a partir de 1º de novembro de 1993.
Três outros tratados complementam o Tratado de Maastricht: os Tratados de Amsterdam(1996), Nice(2001) e Lisboa(2007).
O Euro é única criada pela União Europeia, sendo utilizada, desde 1º de janeiro de 2002, em substituição às demais moedas da maioria dos Países Membros, circulando em cédulas e moedas na comunidade financeira internacional. Já se consolidou e se afirma, a cada dia, como alternativa ao dólar norte-americano nas transações comerciais.
Por temer as consequências da perda da sua soberania, três países ainda resistem ao fim da emissão de sua própria moeda: Reino Unido, Suécia e Dinamarca.
Embora a crise econômica mundial, deflagrada no ano de 2009, tenha causado sérios impactos à estabilidade da Zona do Euro, não podemos negar a força desta moeda, lastreada em economias poderosas, que passa a competir com o dólar norte-americano em condições de igual aceitação no mercado internacional.
Para admissão à União Econômica e Monetária, o país membro da União Europeia deve atender aos seguintes pré-requisitos: 
  a. déficit público máximo de 3% do PIB; 
  b. inflação baixa e controlada; 
  c. dívida pública de no máximo 60% do PIB;
  d. moeda estável, dentro da banda de flutuação do Mecanismo Europeu de Câmbio; e, por último, 
  e. taxa de juros de longo prazo controlada.
ACONTECIMENTOS MARCANTES
1. Em 1º de julho de 2001, a União Europeia deu início as negociações sobre livre comércio com o Mercosul, estando previstos inúmeros acordos de intercâmbio comercial entre a UE e o Bloco Econômico do Mercado Comum do Sul, embora se tenha presente as dificuldades nas negociações que envolvam o setor agrícola, pois a União Europeia não admite abrir mão dos muitos instrumentos criados para proteger o agricultor europeu.
2. A Comissão Europeia adotou o RIP, programa que conta com significativos recursos provenientes da União e que se destina a ajudar na conclusão do Mercado Interno do Mercosul, a seu fortalecimento institucional e à efetiva participação da sociedade civil no processo de integração interna do Mercosul e birregional com a União Europeia. 
   
Não é intenção deste trabalho – e nem poderia ser – esgotar o estudo sobre os blocos econômicos existentes. Assim, apenas a título de curiosidade, citamos outros blocos, tais como Mercado Comum Centro-Americano (MCCA), Mercado Comum e Comunidade do Caribe (CARICOM), Comunidade dos Estados Independentes (CEI), Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), Fórum Econômico da Ásia e do Pacífico (APEC), Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), Acordo Comercial sobre Relações Econômicas entre Austrália e Nova Zelândia (ANZCERTA), Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).
A Organização Mundial do Comércio (OMC): a participação do Brasil no contencioso comercial da OMC
	 
 Criada em 1º de janeiro de 1995, a Organização Mundial do Comércio tem por objetivo geral formular as regras de comércio no mundo globalizado. A Organização foi criada para cumprir as seguintes metas:
Contribuir para a liberalização gradual do comércio multilateral, mediante rodadas de negociações;
Desencorajar a discriminação no comércio, evitando cláusulas como a da "nação mais favorecida"; 
Estabelecer um órgão para a solução de conflitos comerciais.
 
A OMC é sucessora do GATT - o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio -, criado em 1948, logo após a Segunda Grande Guerra. Ao longo do período entre 1948 e 1994, foram as regras do comércio multilateral estabelecidas no âmbito do Acordo, uma vez que a Carta de Havana, que criava uma Organização Internacional do Comércio, jamais logrou ser ratificada pelos Estados Partes.
 Nos primeiros anos de existência do GATT, suas rodadas de negociações buscaram basicamente a redução de tarifas comerciais. A Rodada Kennedy, realizada de 1964 a 1967, produziu um Acordo Anti-Dumping e a Rodada Tóquio, que se estendeu de 1973 a 1979, constituiu-se na mais importante tentativa já encetada para lograr a eliminação das barreiras não-tarifárias. Da Rodada Uruguai, iniciada em 1986, e que alcançou o seu final em 1994, nasceria a Organização Mundial do Comércio.
 Sua especificidade em relação ao GATT reside no fato de que, enquanto o GATT debruçava-se apenas sobre o comércio de bens, a OMC inclui em sua agenda, entre outros temas, serviços, compras governamentais, propriedade intelectual e meio ambiente. Também não se pode deixar de lembrar que um diferencial relevante entre o antigo GATT e a OMC se refere ao fato de esta última contar com um mecanismo de solução de controvérsias sensivelmente mais efetivo que aquele com que contava o antigo GATT.
A OMC realizou duas grandes reuniões ministeriais: em Cingapura, em 1996, e em Genebra, em 1998. A terceira, que marcou o início da "Rodada do Milênio", foi realizada em Seattle, nos Estados Unidos, entre os dias 30 de novembro e 3 de dezembro de 1999. Posteriormente, em 2001, foi lançada a “Agenda de Doha para o Desenvolvimento”, conhecida como Rodada de Doha, cujas negociações ainda estão em curso.
Para os 159 países membros da OMC, as tarifas que aplicarão às suas importações, registradas no âmbito da Organização, revestem-se de efeito vinculante e não podem ser desrespeitadas. Caso um dos membros se sinta prejudicado em virtude de iniciativa tomada por outro Estado Parte no Acordo, a ele caberá acionar o sistema de solução de controvérsias da OMC.
	   
Países membros da OMC
O Brasil, ativo cliente do sistema de solução de controvérsias da organização, tende a ampliar sua litigiosidade, seja pelo que tem a defender, seja pelo que tem a conquistar. Embora não cheguemos a participar em 1% do comércio mundial, já somos autores ou réus em cerca de 8% dos famosos "panels" genebrinos, atualmente tão citados quanto desconhecidos.
Nas vitais relações comerciais entre Estados, a consolidação da OMC representa importante momento de sobreposição do poder jurídico sobre o poder político. Adotando um inusitado aparato jurídico, já testado e comprovado em sua efetividade, o organismo internacional aplica um modelo racional de solução de controvérsias, mediante sugestão de sanções - ou seja, sem ser impositivo - sob medida para as peculiaridades de conflitos entre Estados soberanos. Fomenta, ademais, um pluralismo jurídico ordenado, com os Estados comprometendo-se a abster-se de medidas unilaterais de retaliações e medidas abruptas indesejáveis ao equilíbrio e harmonia internacionais.
Fruto da experiência obtida no direito do comércio internacional, somada aos melindres e limites do direito internacional público, o "panel" propõe uma original forma de decisão vinculante, em que inexistindo a pacificação do conflito pelos meios político-diplomáticos, profere-se, ao fim de um sumário processo de conhecimento, relatório com prescrições elaboradas por juristas a serviço da OMC. O relatório final do "panel" comina sanções compensatórias a quem violou as regras do comércio internacional, causando prejuízo a outrem, expressas em valores monetários. De natureza impositiva sob condição, já que podem ser negociadas interpartes, em busca da construção do consenso, sempre declaratórias e eventualmente constitutivas, tais decisões conformam algo inusitado no direito tanto interno como internacional, não se tratando de laudo arbitral e tampouco de simulacro de sentença judicial.
Sujeitos ainda a uma cautela política francamente assumida pela OMC, os relatórios finais dos "panels" não serão implementados se vetados pelo querer de todos os Estados Partes, na dialética forma do consenso invertido, o que não constitui novidade no direitointernacional, haja vista, por exemplo, o poder de veto do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Na prática, contudo, o consenso invertido é extremamente difícil de ser alcançado, o que facilita a aprovação dos relatórios finais.
Há que se ter presente que a âncora contratualista da relação entre Estados - pacta sunt servanda - permanece incólume, com o consentimento sendo determinante para que se integre e permaneça na OMC, submetendo-se ao seu sistema de solução de controvérsias. E mais: só os Estados, blocos econômicos (atualmente apenas a Comunidade Europeia) e territórios aduaneiros com autonomia para conduzir relações comerciais externas têm legitimidade ad causam, embora saibamos que no mais das vezes são as empresas que conflitam (Bombardier x Embraer, Kodak x Fuji), sendo representadas pelos Estados, blocos econômicos ou os citados territórios aduaneiros, através das fórmulas ordinárias do direito internacional público.
Pág. 15
	Com uma legislação específica - o "Dispute Settlement Understanding", DSU, aprovado no bojo da Rodada Uruguai, em sua manifestação jurídica por excelência, o Encontro de Marraquesh, no primeiro semestre de 1994 -, a OMC tende a transformar-se no grande fórum mundial, onde se estima serem pacificados os macroconflitos comerciais internacionais, agravados pelas duras contendas de manutenção e acesso a mercados.
O Órgão de Solução de Controvérsias, sempre que provocado, passará a buscar solução consensual, observando um calendário rígido, sem procrastinações unilaterais. Passando pela fase de conhecimento e do contraditório, em que os Estados expressam livremente suas razões, formando a prova na forma ordinária do due process of law, chega-se ao relatório final, que indica condutas e comina sanções comerciais na forma de direitos a serem ou não exercidos pela parte vencedora, aqui bem ao sabor das relações flexíveis do direito internacional.
O exercício facultativo dos direitos concedidos à parte vencedora é, de fato, prática de difícil percepção, senão àqueles habituados à realidade do direito do comércio internacional. Nele, em especial no contencioso comercial, ganhar não significa simplesmente aplicar-se a decisão. Há, em verdade, toda uma gama de circunstâncias que condicionam o que se fará. Está-se claramente em um outro espectro de prestação jurídica, onde a coação continua essencial ao direito, conquanto empregando meios muito mais sofisticados.
De toda sorte, e em que pese seu breve período de vigência, não há mais como duvidar da eficácia e efetividade do sistema de solução de controvérsias da OMC, como se aufere do grande respaldo internacional que vem recebendo. Considerados os vinte e sete países signatários do GATT, em 1947, primeira tentativa de ordenar-se o comércio internacional, aos atuais signatários da OMC, e com especial significado para a adesão da China, não há mais espaço para qualquer tipo de ceticismo.
Teoria da Integração Regional
Além das considerações de ordem econômica, faz-se necessária também uma discussão do papel dos fatores políticos, não apenas no que concerne aos processos decisórios que levam certos países a optar por um processo integracionista, como também no que diz respeito à continuidade e aprofundamento dessa integração. O caso da Europa é paradigmático para a ilustração de processos de integração determinados por motivos de caráter político. Entre estes, cabe lembrar a necessidade de se evitar futuras guerras no continente europeu e a criação de uma terceira força na política mundial mediante o fortalecimento da Europa Ocidental, em um quadro, então, de polarização entre a União Soviética e os Estados Unidos.
Nesse cenário, ressurge o Movimento Federalista Europeu após o final da I Guerra Mundial, que se baseava nas ideias de precursores como o abade de Saint-Pierre (1658-1743), Immanuel Kant (1724-1804) e Victor Hugo (1802-1885), entre outros. Porém, os federalistas do século XX são impulsionados pelos horrores sofridos pelo continente europeu por força das duas guerras mundiais que o assolaram no intervalo de apenas 25 anos. Vários políticos posicionam-se a favor da criação dos "Estados Unidos da Europa", postura fortalecida pelo apoio dos Estados Unidos e pela pressão das crescentes ameaças de Moscou. Foi o temor de uma terceira guerra mundial, decorrente do expansionismo soviético, que levou Winston Churchill a proferir memorável discurso em Zurique, em 1946, quando apresenta o projeto de "Recriar a família europeia em uma estrutura regional tal que venha a chamar-se Estados Unidos da Europa". Sem dúvida alguma, as ideias federalistas permearam toda a trajetória da integração europeia, muitas vezes por meio de figuras políticas presentes no Parlamento Europeu, como Altiero Spinelli, autor do famoso Manifesto de Ventotene (1941), que defendia a união dos países da Europa em uma Federação Europeia.
Outra vertente da teoria da integração deve-se ao cientista político David Mitrany, formulador da teoria funcionalista. Embora Mitrany tenha formulado a sua teoria com vistas à unidade mundial, e não apenas europeia, suas ideias influenciaram fortemente os primeiros militantes pela união da Europa e teóricos da integração, dando origem, mais tarde, à teoria neofuncionalista. A "alternativa funcional" de Mitrany vislumbra uma ampla teia de agências internacionais, onde tecnocratas de países diversos se dedicariam, em conjunto, de maneira racional, pragmática e flexível, ao desenvolvimento de atividades vinculadas a vários setores voltados ao bem-estar público. A soberania dos Países Membros de tais agências seria, gradualmente, transferida para tais reuniões intergovernamentais. Exemplo paradigmático desse sistema é o Tratado de Paris (1951), que cria a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) e uma Alta Autoridade destinada a administrar a sua produção e comercialização nos Estados Partes. A soberania passa a ser entãocompartilhada para determinadas decisões, por um ato de vontade dos próprios Estados envolvidos.
Mais tarde, Ernst Haas elabora a teoria neofuncionalista, que enfatiza o aprendizado, pelas elites de um país, dos benefícios da integração. Esta se estenderia a outros setores, em consequência de uma percepção favorável dos seus resultados. É o célebre efeito spill over, identificado por Haas como o principal propulsor de um projeto integracionista. O Mercosul oferece interessantes exemplos de spill over, na medida em que foi incorporando novos setores ao processo de integração que antes se encontravam alijados do mesmo, como relações trabalhistas, turismo e meio ambiente.
Em sua análise da integração do ponto de vista político, afirma Karl Deutsch, por sua vez, que a integração é um processo pelo qual se obtém determinado tipo de relacionamento entre as partes componentes, capaz de alterar o comportamento destas relativamente ao que este seria, se essas partes componentes não estivessem integradas.
Etapas da integração
 
 Imagem fotográfica de corrente em close simbolizando Integração Econômica 
Antes de mais nada, caberia definirmos alguns termos relacionados à formação de blocos econômicos. Segundo Bela Balassa, a integração econômica é um processo que implica medidas destinadas à abolição de discriminações em uma determinada área.
Assim, de início, um processo de integração econômica caracteriza-se por um conjunto de medidas que têm por objetivo promover a aproximação e a união entre as economias de dois ou mais países. 
O grau de profundidade dos vínculos que se criam entre as economias dos países envolvidos em um processo de integração econômica permite que se visualize, ou determine, as fases ou etapas do seu desenvolvimento.
A teoria do comércio internacional registra a classificação de cinco tipos de associação entre países que decidem integrar suas economias:
1) A Zona de Preferência Tarifária é o mais elementar dos processos de integração, apenas assegurando níveis tarifários preferenciais para o grupo de países que conformam a Zona. Assim, uma ZPT estabeleceque as tarifas incidentes sobre o comércio entre os Países Membros do grupo são inferiores às tarifas cobradas de países não membros.
A ALALC, por exemplo, procurou estabelecer preferências tarifárias entre seus onze membros, ou seja, entre todos os Estados da América do Sul que aderiram à tentativa de integração comercial, excluídos apenas a Guiana e o Suriname, e incluindo-se ainda o México.
2) A Zona de Livre Comércio (ZLC), uma segunda modalidade, consiste na eliminação das barreiras tarifárias e não-tarifárias que incidem sobre o comércio entre os países que constituem a ZLC.
O NAFTA (North America Free Trade Area), ou Acordo de Livre Comércio da América do Norte, firmado entre os Estados Unidos, o México e o Canadá, é um exemplo de ZLC.
3) A União Aduaneira é uma Zona de Livre Comércio que adota também uma Tarifa Externa Comum (TEC). Nessa fase do processo de integração, um conjunto de países aplica uma tarifa para suas importações provenientes de países não pertencentes ao grupo, qualquer que seja o produto, e, por fim, prevê a livre circulação de bens entre si com tarifa zero.
O exemplo mais conhecido desse tipo de integração foi a Zollverein (União Aduaneira, em alemão), idealizada e impulsionada por Otto von Bismarck, o grande líder responsável pela unificação política da Alemanha, em 1850. A Zollverein foi criada em 1835 e dissolvida em 1866.
4) O Mercado Comum, quarto estágio de integração econômica, difere fundamentalmente da União Aduaneira porque, além da livre circulação de mercadorias, requer a circulação de serviços e fatores de produção, ou seja, de capitais e pessoas.
Porém, deve-se ressaltar que, além da livre circulação de bens, serviços e fatores de produção, todos os Países Membros de um Mercado Comum devem seguir os mesmos parâmetros para fixar a política monetária (fixação de taxas de juros), a política cambial (taxa de câmbio da moeda nacional) e apolítica fiscal (tributação e controle de gastos pelo Estado), ou seja, os Países Membros devem concordar com o avanço integrado da coordenação das suas políticas macroeconômicas.
A União Europeia, até 1992, foi um exemplo acabado de integração pela via do Mercado Comum, quando, então, prosseguiu para o estágio mais avançado, passando a se constituir em uma União Econômica e Monetária.
5) A União Econômica Monetária é a etapa mais avançada dos processos de integração econômica, até agora alcançada apenas pela União Europeia.
A União Econômica e Monetária ocorre quando existe uma moeda comum e uma política monetária com metas unificadas e reguladas por unaftm Banco Central comunitário. Desde 2002, a União Europeia tem como moeda corrente o Euro, cuja emissão, controle e fiscalização dependem do Banco Central Europeu.
De acordo com a classificação exposta nos parágrafos anteriores, o Mercosul é, desde 1º de janeiro de 1995, uma União Aduaneira, mas o objetivo dos países que o integram, e que está consubstanciado no primeiro artigo do Tratado de Assunção, é a construção de um Mercado Comum. 
 
Assim, de modo resumido, pode-se afirmar que o Mercosul é um projeto de construção de um Mercado Comum, cuja execução encontra-se na fase deUnião Aduaneira imperfeita.
Além das cinco etapas de integração, entendemos que uma sexta fase deve ser acrescentada à teoria sobre a qual nos apoiamos, que será a União Política.
A União Política poderá ser a etapa conclusiva de um processo de integração regional. Ao alcançá-la, o modelo intergovernamental, típico instrumento de cooperação internacional sempre liderado pelo Executivo, terá sido substituído pelo chamado modelo supranacional, que implica a existência de órgãos, no seio da estrutura institucional da integração, independentes dos Estados Membros e encarregados de zelar pelos interesses da região em sua totalidade. A união política poderá tomar a feição de uma federação, assentada sobre um pacto federativo, isto é, sobre uma constituição.
A União Europeia assinou, em 29 de outubro de 2004, o Tratado da Constituição Europeia, que, no entanto, ainda não logrou a sua aprovação em todos os Estados Membros, tendo sido rejeitado pelo voto popular por ocasião de referendos realizados na França (29 de maio de 2005) e na Holanda (1º de junho de 2005). Ressalte-se, entretanto, que até o presente momento 15 Países Membros já ratificaram o Tratado: Áustria, Bélgica, Chipre, Estônia, Alemanha, Grécia, Hungria, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Eslováquia, Eslovênia e Espanha.
Após a tentativa fracassada do Tratado da Constituição Europeia, foi assinado, em 2007, o Tratado de Lisboa, que pretendia, com algumas alterações, reviver o primeiro tratado. A população irlandesa, no entanto, rejeitou o Tratado de Lisboa e pôs em dúvida o modelo de expansão institucional e normativa da União Europeia. Parece certo que novas formas precisam surgir para que o projeto integracionista europeu não se estagne.
Modelo supranacional x intergovernamental
Segundo a visão intergovernamentalista, os Estados soberanos, principais atores no cenário internacional, lançam-se à integração a partir do reconhecimento de que as vantagens da cooperação e da identificação de interesses comuns superam os custos da situação de conflito. Mas, em linhas gerais, na perspectiva intergovernamental os Estados devem esforçar-se por fazer valer, acima da visão regional, o interesse nacional. Desta noção decorre, naturalmente, o raciocínio segundo o qual a preservação da soberania nacional constitui um princípio essencial a ser observado ao longo das negociações da integração. O modelo intergovernamental constitui, portanto, típico instrumento de cooperação internacional, pautando-se pelos princípios do direito internacional clássico, tais como a igualdade dos Estados e o direito de veto.
Cabe assinalar a pronunciada importância conferida pelos países da América Latina ao conceito da soberania nacional absoluta, que emerge indissoluvelmente ligado às suas raízes históricas e que até hoje permanece como princípio basilar de sua cultura política.
O modelo supranacional implica a inclusão de um ou mais órgãos, no seio da estrutura institucional da integração, independentes dos Estados Partes e encarregados de zelar pelos interesses da região em seu conjunto. No caso da União Europeia, o órgão supranacional por excelência é a Comissão Europeia (chamada pelo Tratado de Paris, que criou a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, de "Alta Autoridade"), apresentando também o Parlamento e o Tribunal de Justiça (bem como o Tribunal de Primeira Instância) aspectos de supranacionalidade. A Comissão tem o poder de emitir "Diretivas" e "Resoluções", sendo que estas últimas se sobrepõem ao ordenamento jurídico interno dos Estados Partes, nos quais têm aplicação direta e imediata.
Contudo, é inegável a centralidade dos Estados nacionais nas formulações que determinam os destinos da integração. As negociações que conduzem às revisões dos tratados ocorrem em âmbito intergovernamental, e as entidades supranacionais são criadas pelos próprios governos, que lhes delimitam as competências. 
Paulo Roberto de Almeida, em artigo escrito em 1994, aponta os seguintes aspectos de supranacionalidade no modelo comunitário europeu: 
presença de instituições independentes dos Estados Membros (Comissão, Parlamento, Tribunal de Justiça);
métodos decisórios supranacionais (possibilidade de votação no Conselho segundo o princípio majoritário, superando eventuais oposições de Estados individuais);
sistema próprio de recursos e transferência de certas competências à Comunidade;
normas que vinculam diretamente os indivíduos, agentes econômicos e empresas. 
Como mencionamos, o referido artigo data de 1994, momento em que o Mercosul preparava a arquitetura institucional que figuraria no Protocolo de Ouro Preto, firmado em 17 de dezembro de 1994, e que acompanharia a implantação da união aduaneira. Segundo o autor, não se poderia impulsionar no Mercosul, sem consideráveis riscos políticos, inclusive e principalmente de perda de credibilidadeinternacional, um processo de definição supranacional de instituições e métodos como os anteriormente enumerados.
Assim, o Protocolo de Ouro Preto veio a reiterar a natureza intergovernamental do Mercosul e a metodologia do consenso para os seus processos decisórios. 
Módulo II - O Mercosul
Identificar os antecedentes históricos e os tratados fundadores do Mercado Comum do Sul;
Analisar o processo de integração do Mercosul.
Unidade 1 - Antecedentes; Cronologia da integração no Cone Sul; A ALALC e a ALADI.
Unidade 1 - Antecedentes
A Operação Pan-Americana (OPA), a Aliança para o Progresso, a ALALC e a ALADI
As raízes do pan-americanismo podem ser identificadas na pré-história política do continente, com mais precisão no Tratado de Madri de 1750, firmado entre Portugal e Espanha, por força da comum origem ibérica dos colonizadores de quase todo o seu território. A concretização dos vagos ideais, apenas esboçados nos três primeiros séculos de vassalagem às potências europeias, começa com as guerras da independência que o sacudiram de um extremo a outro, durante cerca de vinte anos, a partir de 1810.
Assim, no primeiro quartel do século XIX a América Latina se tornou independente das metrópoles europeias. Toussaint L`Ouverture no Haiti, Francisco de Miranda na Venezuela, Joaquim José da Silva Xavier (o Tiradentes) no Brasil, foram os iniciadores do movimento de emancipação, logo seguidos por Bolívar, Sucre, O'Higgins, Rivadavia, San Martín, Artigas, Delgado, Francia, Hidalgo, Morelos, e vários outros líderes.
Sem dúvida foi Simón Bolívar o mais representativo deles, não só pela ação guerreira como pelas suas singulares virtudes de estadista, expressando, admiravelmente, sentimentos existentes de longa data e que eram patrimônio comum de grande número de americanos, como Thomas Jefferson, representante da América do Norte.
Com o decorrer do tempo, a doutrina defendida por Bolívar, que contou entre seus auxiliares diretos com o general brasileiro, José Ignácio de Abreu e Lima, filho do revolucionário Padre Roma, ficou consagrada sob a designação de "ideais bolivarianos".
Vale destacar que Simón Bolívar é a grande figura do pan-americanismo. Não foi apenas um fundador de nações, um Libertador, pois defendeu o ideal de formar, reunindo os países sul-americanos, uma só nação, um Novo Mundo.
A primeira reunião pan-americanista, convocada por Bolívar, foi realizada em dezembro de 1826, no Congresso de Panamá, que reuniu apenas representantes do México, América Central, Colômbia e Peru.
Daí em diante, apesar de tantos esforços e inúmeras retomadas, o projeto do pan-americanismo ficou apenas no plano dos ideais de alguns líderes, sem nunca avançar para uma consolidação, chegando-se, assim, à IX Conferência Pan-americana, em Bogotá, Colômbia, em 1948.
A X Conferência Pan-Americana aconteceu em 1954, em Caracas, na Venezuela, e além desta, outras conferências econômicas se sucederam sem alcançar resultados concretos.
Até o instante em que a roda da história no espaço geográfico sul-americano aproximou dois acontecimentos que permitiram o surgimento de iniciativa política destinada a acelerar o projeto pan-americanista pela via do desenvolvimento econômico: o primeiro deles, a eleição do presidente brasileiro Juscelino Kubitschek de Oliveira, que tomou posse em 1956; o outro, a visita do vice-presidente norte-americano Richard Nixon, em maio de 1958, a países sul-americanos, após 21 dias de visitas no Continente Africano.
O presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira envia carta, em 28 de maio de 1958, ao presidente Dwight D. Einsenhower, expressando solidariedade ao vice-presidente Richard Nixon, mas aproveitando para vincular as referidas manifestações a prejuízos causados perante a opinião pública mundial, à ideia da unidade pan-americana, que, segundo sua interpretação, somente podia ser resgatada se algo de relevância fosse feito para recompor a face da unidade continental.
Em Lima, no Peru, e em Caracas, na Venezuela, o vice-presidente norte-americano foi agredido, e, contra sua pessoa, os manifestantes repudiaram a omissão do governo dos EUA em relação a investimentos para o desenvolvimento no território sul-americano, ao mesmo tempo em que aquele país declarava prioridade para a África, após implantar o Plano Marshall de recuperação da Europa devastada pela Segunda Grande Guerra. 
 Nessa carta, o presidente Juscelino Kubitschek revelou não ter "plano detalhado para esse objetivo" de recomposição da unidade continental, de criação de "algo mais profundo e duradouro em prol de nosso destino comum".
O presidente Einsenhower respondeu ao presidente brasileiro, em 6 de julho de 1958, entendendo ser de fundamental importância a "adoção imediata de medidas que determinem, através de todo o continente, uma reafirmação do devotamento ao Pan-Americanismo e um melhor planejamento na promoção dos interesses comuns e do bem-estar de nossos diferentes países"
O presidente brasileiro aproveitou então a oportunidade da declaração norte-americana para, em missivas a chefes de Estado, conferências, discursos e declaração à imprensa, a partir da carta de 28 de maio de 1958, provocar um movimento continental denominado, por ele mesmo, de "Operação Pan-Americana" (OPA), que, rapidamente, alcançou ressonância mundial porque "seus objetivos correspondem às aspirações e às necessidades de todos os povos" (Embaixador Negrão de Lima, perante a Assembléia das Nações Unidas, em 18/09/1958).
Os resultados da Doutrina Kubitschek começaram a surgir quando, em 1959, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, com a aprovação do governo de Einsenhower, criaram em 1° de novembro do ano em referência a Associação Internacional de Desenvolvimento (AIF), com o endosso de 63 Países Membros daquelas entidades, com um capital de US$ 1 bilhão, com a finalidade de auxiliar as nações subdesenvolvidas no mundo inteiro.
Em grande parte a reboque do movimento iniciado pelo presidente brasileiro, mais resultados se apresentaram, tais como a oficialização do Banco Interamericano de Desenvolvimento e a criação da Associação Latino-Americana de Livre Comércio, a ALALC, surgida graças ao Tratado de Montevidéu, de 18 de fevereiro de 1960, seguindo a orientação da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), que, desde 1955, elaborou trabalhos técnicos e manteve reuniões com os governos dos principais países da região, com o objetivo de adotar mecanismos de planejamento para vencer o processo de subdesenvolvimento que caracterizava o espaço geográfico latino-americano.
Para a CEPAL, os projetos de integração regional deviam enfatizar duas questões relevantes que, segundo ela, qualquer iniciativa desenvolvimentista na região seria obrigada a observar:
- a industrialização, como condição indispensável para o desenvolvimento dos países latino-americanos, teria que dispor de mercados mais amplos que os nacionais, uma exigência básica para uma maior eficiência do processo de industrialização, desde que se lograsse, inicialmente, incrementar o comércio intrazona mediante acordos preferenciais; e
- solução para a situação geral de intransferibilidade das moedas destes países, por causa das dificuldades para efetivar os pagamentos intrarregionais que incidiam negativamente sobre as iniciativas de comércio recíproco.
No entanto, a Operação Pan-Americana não se consolidou, e, em seu lugar, surgiu um programa de cooperação multilateral, criado em agosto de 1961 pelos signatários da Carta de Punta del Este, com o objetivo de incrementar o desenvolvimento econômico-social da América Latina. A ideia da Aliança para o Progresso foi lançada pelo sucessor de Einsenhover, o presidente John Kennedy, em março de 1961, já como uma resposta aos acontecimentos revolucionários em Cuba, com a tomada do poder pelo grupo liderado por Fidel Castro, e também pelas pressões de setores políticos e governamentais latino-americanos preocupados com a situação econômica e social da região.
Como veremos, pode-se afirmar que o Mercosulé o resultado de pelo menos três décadas de tentativas de integração regional sob a forma de associações de livre comércio congregando todos os países da América do Sul, tais como a ALALC (Associação Latino-Americana de Livre Comércio) e a ALADI (Associação Latino-Americana de Integração), tendo a segunda destas organizações surgido da transformação ou refundação da primeira delas. Aliás, o Mercosul tem vínculos com a ALADI na forma de um Acordo de Complementação  Econômica (ACE n° 18) entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, datado de 29 de novembro de 1991.
Em 18 de fevereiro de 1960, na cidade de Montevidéu, foi firmado o ato constitutivo de criação da Associação Latino-Americana de Livre Comércio, a ALALC, uma organização para a cooperação econômica inspirada nas sugestões oriundas da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), que tinha a liderança do grande economista argentino Raul Prebisch, assessorado diretamente por outro reconhecido economista sul-americano, o brasileiro Celso Furtado.
A ALALC perseguia um objetivo muito claro, pelo menos na sua definição: diminuir as tarifas alfandegárias entre os parceiros e criar uma área de livre comércio. Contudo, dois fatores obstaculizaram o progresso da ALALC, uma associação que durou de 1960 a 1980: 
    1. A rigidez dos mecanismos estabelecidos para a liberalização comercial; e 
   2. a instabilidade política vivida pela região sul-americana, sempre alimentada pelos ventos da Guerra Fria entre os blocos políticos liderados pelos Estados Unidos e pela ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a URSS.
Em resumo, para além da questão da instabilidade política alimentada pela bipolaridade ideológica e militar EUA versus URSS, no período de vigência da ALALC os Países Membros só estavam dispostos a engajar-se na proposta de abertura comercial até um certo ponto: todos os associados queriam abrir o mercado dos demais países para os seus produtos, mas nenhum queria abrir o seu próprio mercado.
Assim, impossibilitados de cumprir com o acordado em 1960, os Países Membros decidiram, vinte anos depois, extinguir a organização e substituí-la pela Associação Latino-Americana de Integração, a ALADI.
Nesse contexto, cumpre lembrar que, antes da decisão de substituição da ALALC pela ALADI, frente às dificuldades encontradas pela ALALC para consolidar seus objetivos fundamentais, no final da década de 60 alguns Países Membros se convenceram da necessidade de constituir blocos sub-regionais de integração. Assim, em 20 de maio de 1969 cinco países andinos firmaram o Acordo de Cartagena, que ficou conhecido como "Pacto Andino", com o objetivo de "promover o desenvolvimento equilibrado e harmônico dos Países Membros, acelerar seu crescimento mediante a integração econômica, facilitar sua participação no processo de integração previsto no Tratado de Montevidéu, e estabelecer condições favoráveis para conversão da ALALC em um mercado comum" (art. 10 do Acordo de Cartagena). 
Os países signatários do ato constitutivo do Acordo de Cartagena, ou Pacto Andino, são, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru. Em 1973,
a Venezuela aderiu ao acordo, retirando-se em 2006 para ingressar no Mercosul. O Chile, em 1976, retirou-se do grupo.
	 
 
Cartagena (Venezuela)
 A nova organização, a ALADI, aproveitou os ensinamentos da anterior, a ALALC, e propôs uma pauta modesta, porém objetiva e pragmática.
A ALADI tinha a intenção de ser tão somente uma associação entre Estados soberanos, e de transformar-se em zona de livre comércio, já que os signatários tinham "como objetivo de longo prazo o estabelecimento, em forma gradual e progressiva, de um mercado comum latino-americano" (art. 10 do ato de criação da ALADI).
A ALADI, inaugurada em 12 de agosto de 1980, tinha por objetivo a total liberalização do comércio entre os onze Países Membros. Para tanto, adotou um mecanismo geral flexível: os acordos sub-regionais, isto é, acordos de liberalização comercial firmados apenas entre um grupo de Países Membros, e não entre os onze, embora respeitando-se princípios e conceitos comuns. 
Além da flexibilidade proporcionada pelo mecanismo dos acordos sub-regionais, que gerou, por exemplo, o Protocolo de Expansão do Comércio (PEC) entre o Brasil e o Uruguai, e o Convênio Argentino-Uruguaio de Complementação Econômica (CAUCE), dois fatores novos contribuíram, na década dos anos 80, para criar um ambiente mais propício a propostas de integração regional: 
   1. O processo de redemocratização, que arrebatou o continente num curto espaço de tempo; e 
   2. a crescente diversificação da produção industrial daqueles países que, na região, souberam aproveitar o modelo da substituição de importações, com destaque para Brasil, Argentina e México.
Assim, a redemocratização regional, ao gerar ambiente propício para a estabilidade com legitimidade, levou os governos locais à busca de melhor relacionamento, como vizinhos, e não mais como peças secundárias no tabuleiro internacional do xadrez geopolítico engendrado pelo confronto EUA versus URSS. As nações sul-americanas passaram a enxergar que têm problemas e objetivos de desenvolvimento que se assemelham.
A diversificação industrial, por sua vez, significava que era possível, sim, propor-se uma maior complementaridade das economias entre os países sul-americanos, visando o desenvolvimento regional integrado, e, para tanto, a ideia da redução de barreiras tarifárias poderia produzir aumento efetivo de comércio, como ensinavam os resultados dos acordos sub-regionais propostos no âmbito da ALADI. 
Brasil e Argentina iniciaram, nessa década de 80, a negociação de preferências comerciais, ou seja, de reduções tarifárias recíprocas. Deve-se destacar que, em 1986, os governos Raúl Alfonsín e José Sarney decidiram que a aproximação das economias brasileira e argentina devia constituir um dos pilares de suas políticas externas e firmaram o Tratado de Cooperação Econômica, que se mostrou muito eficiente no incremento e diversificação do comércio bilateral entre os dois países, em especial nos setores-chave de bens de capital, trigo e automóveis. 
O êxito alcançado por esse acordo sub-regional, sob o amparo do sistema jurídico da ALADI, proporcionou os fundamentos para a ampliação do Tratado de Integração brasileiro-argentino, projetando-se, assim, a formação de um Mercado Comum entre os dois países, o Mercosul, sobre o qual nos deteremos mais adiante. 
Unidade 2 - Análise dos marcos jurídicos constitutivos do Mercosul.
O Tratado de Assunção
A assinatura desse tratado inicia uma fase que se chama, no "jargão mercosulino", de fase de transição. É a etapa em que são
estabelecidos os instrumentos para a conformação de um espaço econômico integrado.
 
 
Imagem de ampulheta e martelo representando tratadoO Tratado de Assunção estabeleceu os instrumentos para a constituição de uma área de livre comércio e de uma união aduaneira, passos iniciais na rota de um mercado comum. Os meios de implementação do projeto integracionista incluem alguns instrumentos:
Um programa de liberalização comercial, consistindo de reduções tarifárias progressivas, lineares e automáticas com o objetivo de chegar-se à tarifa zero em 31/12/94, e eliminação das restrições não-tarifárias ou de quaisquer medidas de efeito equivalente. Foram previstas listas de exceções para os chamados produtos sensíveis, as quais deveriam ser reduzidas anualmente em 20% até 31/12/94. As listas de exceções referem-se a produtos que os países determinam manter fora da área de livre comércio, sobre eles permanecendo, portanto, certos direitos aduaneiros. Tal medida atendia às pressões de representantes, em cada país, daqueles setores produtivos mais sensíveis à concorrência externa. Essas pressões vêm-se constituindo, aliás, no grande obstáculo à conformação de áreas de livre comércio na América Latina, visto que certos setores buscam sempre se proteger da concorrência externa.
O Tratado de Assunção estipulou também a coordenação de políticas macroeconômicase setoriais. Existem vários foros técnicos de negociação para a coordenação destas políticas, entre os quais cabe mencionar os subgrupos de trabalho para as políticas agrícola, industrial e trabalhista.
O tratado determinou, ainda, a adoção de uma tarifa externa comum para terceiros países (TEC).
Finalmente, o Tratado de Assunção impôs a adoção de acordos setoriais, com o fim de otimizar a utilização e mobilidade dos fatores de produção e alcançar escalas operativas eficientes.
Infelizmente, este último instrumento, que poderia elevar a escala da produção e tornar os produtos da região mais competitivos no mercado internacional, não vem sendo utilizado pelos agentes econômicos.
De acordo com as etapas de integração que vimos anteriormente. o Mercosul se configura, no momento, como uma união aduaneira imperfeita, ou parcial, visto que há vários produtos fora da tarifa externa comum, os quais entram no espaço econômico integrado pagando tarifas diferenciadas segundo o país. Ainda há cerca de mil ítens nas listas nacionais de exceção à TEC (decisão nº58/10). O setor de bens de capital, por exemplo, encontra-se excluído da tarifa externa comum (TEC). Nesse ponto, é importante novamente registrar a aprovação do Programa de Consolidação da União Aduaneira, por meio da decisão nº56/10, do CMC. 
O Protocolo de Ouro Preto, assinado em 17 de dezembro de 1994, inauguraria a chamada fase de consolidação do Mercosul. Confere uma estrutura institucional mais aperfeiçoada à integração, lançando, assim, as bases para o estabelecimento de uma união aduaneira que será, neste primeiro momento, apenas parcial.
Em verdade, representa um novo patamar jurídico para o Mercosul ao conferir-lhe personalidade jurídica de Direito Internacional, o que lhe permitiu, daí em diante, celebrar acordos e tratados com outros Estados, agrupamentos de paises e organismos internacionais.
O protocolo estreita os contatos entre os chefes de estado do Mercosul ao determinar que o conselho poderá reunir-se quantas vezes estimar oportuno, mas que pelo menos uma vez por semestre o fará com a participação dos presidentes da república dos estados partes do Mercosul. Além disso, incluiu a Comissão Parlamentar Conjunta na estrutura orgânica do Mercosul. São definidas a sua composição, atribuições e competências. Assim, do ponto de vista do papel do Congresso Nacional no processo de integração, o Protocolo de Ouro Preto representa importante marco jurídico. 
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O Protocolo de Ouro Preto criou, ainda, uma Secretaria Administrativa do Mercosul (SAM), sediada em Montevidéu, como órgão de apoio operacional. Mais tarde foi criado, no âmbito da SAM, um Setor de Assistência Técnica (SAT), com quatro consultores admitidos por concurso público, um por país, sendo dois para a área econômica e dois para a área jurídica.
A Decisão nº 22/94, do Conselho do Mercado Comum (CMC), criou em dezembro de 2004 a Tarifa Externa Comum (TEC). Os negociadores decidiram, contudo, permitir que os Estados Partes adotassem listas nacionais de exceções à TEC e listas setoriais. As listas nacionais obedecem definição de cada país, e cabe ao Mercosul regular a sua extensão. 
As listas de exceções setoriais prevêem que os países não estão comprometidos a aplicar a TEC com relação a certos grupos de produtos. De maneira geral, trata-se de bens não produzidos por alguns dos Estados Partes, a quem interessa importá-los de terceiros países, que são capazes de comercializá-los a preço mais baixo do que se fossem importados de Estados Membros do Mercosul. São eles os bens de capital e de informática e telecomunicações. Note-se que o Brasil produz esses bens, interessando-lhe, portanto, a proteção de suas indústrias por meio da TEC.
Desde o inicio da negociação da TEC, a política automotiva foi abordada separadamente pelos Estados Partes. Até o ano 2000, estava previsto que o comércio do setor seria determinado por meio de acordos bilaterais. O primeiro acordo conjunto, estabelecido pela Decisão nº 70/00, ficou conhecido como Política Automotiva do Mercosul. A Decisão nº 04/01 incorporou o Paraguai ao Acordo. Contudo, essas normas nunca entraram em funcionamento, e a política automotiva no Mercosul permanece regulamentada por acordos bilaterais.
 
Cumpre, porém, registrar que o Brasil apresentou o Projeto de Adensamento e Complementação Automotiva no âmbito do Mercosul, que foi aprovado pelo CMC por meio da decisão nº 09/10, a ser financiado com recursos brasileiros e do FOCEM. O outro setor inicialmente excluído do regime de convergência à tarifa externa comum é o setor açucareiro, também excluído da área de livre comércio. As Decisões do CMC nº 19/94 e 16/96 regulamentam sua situação.
O fluxo de produtos provenientes de terceiros países dentro da área de livre comércio do Mercosul deveria dispensar o pagamento de direitos aduaneiros, o que efetivamente não vem acontecendo. Por esse motivo, o Conselho do Mercado Comum aprovou Decisão determinando que se busque a eliminação da dupla cobrança da TEC no espaço econômico integrado (Decisão Nº 54/04). E, finalmente, por meio da Decisão nº 10/10, foram aprovadas as diretrizes e os prazos para que tal objetivo fosse alcançado. A eliminação deve ocorrer em três etapas, sendo que a primeira foi em janeiro de 2012, a próxima será em janeiro de 2014 e a última em janeiro de 2019. A seguir, resumiremos os objetivos do Mercosul, conforme determinados pelos tratadosfundadores.
	O Mercosul é um processo de integração econômica regional que objetiva a construção de um Mercado Comum, e as suas metas básicas, que constam do artigo 1º do Tratado de Assunção, podem ser assim alinhadas:
eliminação das barreiras tarifárias e não-tarifárias no comércio entre os Países Membros;
adoção de uma Tarifa Externa Comum (TEC);
coordenação de políticas macroeconômicas;
livre comércio de serviços;
livre circulação de mão-de-obra; e
livre circulação de capitais.
A partir do quarto ano de sua existência, ou seja, em 1994, o Mercosul alcançou a condição de União Aduaneira, pois criou uma Tarifa Externa Comum(TEC) após haver eliminado grande parte das tarifas e das restrições não-tarifárias de cerca de 80% dos bens comercializados entre os Estados Partes.
Em resumo, no estágio de União Aduaneira, os Países Membros estabelecem tarifas zero para o comércio intrazona e tarifas iguais para o intercâmbio comercial com terceiros países.
Em geral, os acordos de livre comércio prevêem a perspectiva de exclusão de certos produtos ou grupos de produtos, ao menos em suas fases iniciais, e os estudos efetivados pelo GATT (General Agreement on Tariffs and Trade), organização hoje transformada na OMC (Organização Mundial do Comércio), consideravam que uma Zona de Livre Comércio devia abarcar pelo menos 80% dos produtos comercializados entre os seus Países Membros.
Assim, o Mercosul cumpriu, até agora, os seus dois primeiros objetivos, ainda que de forma parcial:
eliminar as barreiras tarifárias e não-tarifárias no comércio intrazona; e
adotar uma Tarifa Externa Comum (TEC), o que caracteriza a condição de União Aduaneira.
No entanto, para alcançar o estágio de Mercado Comum, o Mercosul ainda terá que concretizar quatro objetivos de grande envergadura, quais sejam: a coordenação de políticas macroeconômicas, a liberalização do comércio de serviços, e a livre circulação de mão-de-obra e a de capitais. Delas trataremos um pouco mais detalhadamente a seguir.
	A teoria econômica ensina que a política macroeconômica de um país se divide em três esferas principais:
política cambial, que cuida da taxa de câmbio da moeda nacional em relação ao dólar ou a outros padrões de referência externos;
política monetária, que fixa a taxa de juros e a quantidade de moeda a ser emitida (e que regula, portanto, em grande medida, a política creditícia); e
política fiscal, que determina os níveis e alcances da tributação e exerce o controle dos recursos a serem arrecadados e gastos pelo Estado.
 
Assim, quanto mais se avança no processo de integração noMercosul e tanto mais se consolida a interdependência entre as economias dos Países Membros, mais necessária e fundamental se torna a convergência de políticas macroeconômicas coordenadas entre os Estados Partes do bloco econômico.
Essa coordenação de políticas macroeconômicas é de fundamental importância no contexto do processo de integração regional do Mercosul, pois decorre do seu sucesso o equilíbrio dos efeitos comerciais entre as economias que conformam o espaço geográfico do bloco, bem como o direcionamento dos fluxos de investimento e as condições de concorrência entre os produtores locais versus potenciais produtores dos outros Países Membros.
A vantagem de uma coordenação das políticas macroeconômicas dos Países Membros do Mercosul vem sendo protelada ao longo da existência do projeto mercosulino, em decorrência da sua dependência externa construída por compromissos assumidos perante organismos e agentes financeiros internacionais.
Por todo o século XX, os países que assumiram o compromisso de construir o Mercosul foram se enredando em processos de endividamento externo dos quais não conseguiram se desvencilhar, sempre atropelados por ciclos repetitivos de crises financeiras mundiais, o que, sem sombra de dúvida, vem se constituindo em formidável obstáculo para que se projete uma coordenação conjunta de suas políticas macroeconômicas e a obtenção de uma margem maior de autonomia para planejar e executar políticas soberanas de desenvolvimento regional e de mercados internos ampliados.
Enfim, ainda que se caracterize como um lento processo, a coordenação das políticas macroeconômicas dos Países Membros do Mercosul constitui pilar básico do processo de integração regional sul-americano, pois sem ela não será possível a criação de uma moeda comum regional, como o Euro da União Europeia.
Da liberalização do comércio de serviços
Liberar o comércio de serviços no cenário do Mercosul implica, necessariamente, a eliminação de leis, normas e regulamentações nacionais que discriminam o fornecedor estrangeiro e protegem o fornecedor nacional de determinado serviço, bem como a elaboração de uma política integrada.
O medo da perda da autonomia nacional faz com que existam legislações, pelo mundo todo, que simplesmente proíbem a presença de fornecedores estrangeiros de serviços no território nacional, sendo, portanto, a resistência à liberalização do comércio de serviços um obstáculo a ser resolvido pela agenda do Mercosul, para que se possa construir um verdadeiro Mercado Comum.
Hoje, para além da Organização Mundial do Comércio (OMC), o tema da liberalização do comércio de serviços, no plano internacional, é tão importante que a legislação comercial norte-americana, por meio da pouco divulgada Seção 301, instrumento de legislação comercial daquele país, autoriza o Presidente dos EUA, em decisão unilateral, quanto a serviços, a "restringi-los na forma que julgar apropriada ou, mesmo, negar autorização para seu acesso ao mercado norte-americano". A Seção 301 foi criada em 1974 pelos EUA, país que prega o livre comércio há duzentos anos.
Convém destacar que os serviços correspondem a mais da metade do PIB dos países do Mercosul, e que, acreditando nos princípios do livre comércio, o Brasil abriu seu comércio de serviços de telecomunicações para empresas de capital estrangeiro, as quais, hoje, competem nesse campo com empresas nacionais.
Da livre circulação de trabalhadores
No mundo globalizado, acredita-se que os trabalhadores possam circular livremente na busca de ocupação que lhes permita lutar pela sobrevivência cotidiana.
Assim, espera-se que o trabalhador mercosulino possa deslocar-se de seu país para aproveitar os frutos da integração na sua totalidade, ou seja, se não encontra emprego na economia do seu país de origem, ou se as oportunidades de trabalho não resultam atraentes (não só por motivos de remuneração, mas também por razões de condições de vida), que seja livre para buscá-lo nas economias dos demais Estados Partes do Mercosul.
Os negociadores do Mercosul terão que continuar, portanto, o esforço para dar continuidade ao trabalho de harmonização das legislações trabalhista e previdenciária dos Estados Membros, além do reconhecimento mútuo de diplomas e títulos profissionais, o que garantirá o exercício pleno da profissão nos territórios nacionais do bloco. Para isso, contam na estrutura institucional do bloco com a existência do Foro Consultivo Econômico e Social, que opera no sentido de pressionar pelo crescente desenvolvimento de ações facilitadoras da circulação de mão-de-obra no espaço geográfico que conforma a região de integração.
Da livre circulação de capitais
A globalização representa o auge da livre circulação de capitais, que, a sua vez, tem gerado muito mais especulação financeira que produção de bens e serviços e distribuição de benefícios; ou seja, muito mais crises financeiras causadoras de estagnação econômica com impacto mundial do que o desenvolvimento progressivo e organizado das economias nacionais dos países com potencial para o crescimento, países que têm urgência em melhorar a qualidade de vida da maioria dos cidadãos excluídos pela pobreza e miséria, além do respeito pelos bens não renováveis à sua disposição no meio ambiente.
A crise financeira mundial, iniciada em 2008 com a "bolha" imobiliária nos EUA, exemplifica o "efeito dominó" causado pelas práticas especulativas. Entretanto, a atual "Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento" entre os Estados Unidos e a União Europeia avança rumo à criação de uma zona de livre comércio capaz de impulsionar as economias destes dois continentes.
Os investimentos dos países do Mercosul já contam com certas facilidades e garantias para suas aplicações no mercado dos parceiros, mas os Países Membros do bloco precisam estruturar uma liberalização bastante qualificada, no sentido de exercer um maior controle dos movimentos de capitais especulativos, paralelamente a uma estrutura facilitadora dos fluxos de capitais destinados à produção de bens e serviços, em especial de infra-estrutura, que permitirá sua inclusão sustentada no contexto da competição globalizada entre nações, ao lado da imperiosa necessidade de melhoria da qualidade de vida dos cidadãos mercosulinos.
Unidade 3 - Estrutura institucional do Mercosul; Solução de Controvérsias
Estrutura institucional do Mercosul
O Tratado de Assunção definiu as instituições que deveriam conduzir o processo de integração do Mercosul durante o período inicial de transição, e oProtocolo de Ouro Preto (1994) estabeleceu as instituições básicas definitivas para prosseguir-se na implantação do bloco, além de dotá-lo de personalidade jurídica internacional.
Assim, a estrutura institucional do Mercosul está constituída pelos seguintes órgãos:
Conselho do Mercado Comum
O Conselho do Mercado Comum (CMC) é o órgão superior responsável pela condução política do processo de integração e composto pelos Ministros das Relações Exteriores e de Economia ou Fazenda dos Países Membros. O CMC se reúne duas vezes por ano e se manifesta por meio de Decisões. É o órgão responsável pela condução política do processo de integração, inclusive habilitado para firmar acordos com outros países ou grupo de países em nome do Mercosul, assumindo a condição de personalidade jurídica internacional, portanto, de representante do bloco, ainda que na obrigação de sempre decidir por consenso.
O Conselho do Mercado Comum encarrega-se de traçar as grandes linhas do processo de integração para garantir o impulso político que sustenta o seu fortalecimento e aprofundamento.
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Os Presidentes dos Estados Partes não integram o Conselho do Mercado Comum, mas estão presentes em pelo menos uma das duas reuniões anuais desse órgão. As cúpulas do Mercosul constituem, evidentemente, a instância máxima do processo político de integração mercosulina.
Ao Conselho do Mercado Comum estão subordinados:
a) Grupo Mercado Comum (GMC): órgão executivo, integrado por representantes dos Ministérios dasRelações Exteriores, de Economia e dos Bancos Centrais dos quatro países. O GMC reúne-se, normalmente, quatro vezes por ano e se manifesta por meio de Resoluções;
b) Foro de Consulta e Concertação Política (FCCP): órgão auxiliar do CMC, com o objetivo de ampliar e sistematizar a cooperação política entre os Estados Partes; e
c) Reuniões de Ministros de todos os setores governamentais dos Países Membros. 
Grupo Mercado Comum
Órgão executivo do Mercosul, composto por representantes dos Ministérios mais diretamente envolvidos nos temas da integração e dos Bancos Centrais, em cujo âmbito se discutem os principais temas do processo de integração.
Ao Grupo Mercado Comum compete implementar os objetivos do Mercosul e supervisionar o seu funcionamento, inclusive examinando as questões, mesmo aquelas de grande complexidade, que lhe são encaminhadas em maior nível de detalhe que o Conselho do Mercado Comum.
Ao Grupo Mercado Comum estão subordinados:
a) Secretaria do Mercosul (SM): órgão, com sede em Montevidéu, que presta apoio técnico e administrativo aos trabalhos do Mercosul e é responsável pela tradução e guarda de documentos oficiais do bloco;
b) Foro Consultivo Econômico e Social (FCES): órgão de caráter consultivo, representante dos setores econômicos e sociais dos quatro Estados Partes;
c) Reuniões Especializadas: Autoridades de Aplicação em Matéria de Drogas (RED); Ciência e Tecnologia (RECYT); Comunicação Social (RECS); Cooperativas (REC); Infra-Estrutura da Integração (REII); Municípios e Intendências do Mercosul (REM I); Mulher (REM); Promoção Comercial (REPC); e Turismo (RET);
d) Comitês: Automotivo (CAM); Cooperação Técnica (CCT); Diretores de Aduanas (CDA); e Sanidade Animal e Vegetal (CSAV);
e) Reunião Técnica sobre Incorporação da Normativa Mercosul;
f) Comissão de Comércio (CCM): órgão assessor do GMC, com a tarefa de velar pela aplicação dos instrumentos de política comercial acordados pelos Estados Partes. Reúne-se mensalmente e manifesta-se por Diretrizes. À CCM estão subordinados os Comitês Técnicos: (CT-1) Tarifas, Nomenclatura e Classificação de Mercadorias; (CT-2) Assuntos Aduaneiros; (CT-3) Normas e Disciplinas Comerciais; (CT-4) Políticas Públicas que Distorcem a Competitividade; (CT-5) Defesa da Concorrência; (CT-6) Comitê de Defesa Comercial e Salvaguardas; e (CT-7) Defesa do Consumidor;
g) Subgrupos de Trabalho: (SGT-1) Comunicações; (SGT-2) Aspectos Institucionais; (SGT-3) Regulamentos Técnicos e Avaliação da Conformidade; (SGT-4) Assuntos Financeiros; (SGT-5) Transportes; (SGT-6) Meio Ambiente; (SGT-7) Indústria; (SGT-8) Agricultura; (SGT-9) Energia e mineração; (SGT-10) Assuntos Trabalhistas, Emprego e Seguridade Social; (SGT-11) Saúde; (SGT-12) Investimentos; (SGT-13) Comércio Eletrônico; e (SGT-14) Acompanhamento da Conjuntura Econômica e Comercial;
h) Grupo de Serviços (GS);
i) Grupos Ad-Hoc: Comércio de Cigarros (GAHCC); Compras Governamentais (GAHCG); Concessões (GAHCON); Integração Fronteiriça (GAHIF); Relacionamento Externo (GAHRE); Setor Açucareiro (GAHSA); Grupo de Alto Nível para o Aperfeiçoamento do Sistema de Solução de Controvérsias (GANPSSC); e Grupo de Alto Nível para Examinar a Consistência e Dispersão da TEC (GANTEC);
j) Comissão Sócio-Laboral (CSLM);
k) Área Financeira pelo lado brasileiro: O Banco Central do Brasil é membro do Grupo Mercado Comum (GMC) e da Reunião de Ministros de Economia e Presidentes de Bancos Centrais do Mercosul (RMEPBC), coordena o Subgrupo de Trabalho nº 4 - Assuntos Financeiros (SGT-4), participa e acompanha o Grupo de Serviços (GS), o Subgrupo de Trabalho nº 12 - Investimentos (SGT-12), o Subgrupo de Trabalho nº 13 - Comércio Eletrônico (SGT-13), o Subgrupo de Trabalho nº 14 - Acompanhamento da Conjuntura Econômica e Comercial (SGT-14) e o Grupo de Monitoramento Macroeconômico (GMM)
Secretaria do Mercosul
 
A Secretaria do Mercosul, com sede em Montevidéu, no Uruguai, é a unidade de apoio operacional e administrativo responsável pela prestação de serviços aos demais órgãos do Mercosul.
Entre outras funções, cabe à Secretaria do Mercosul cuidar do arquivo oficial da documentação do Mercosul, publicar e difundir as decisões, resoluções e diretrizes adotadas no âmbito do bloco, além de organizar, auxiliada pelas Secretarias das Representações Nacionais, o apoio logístico necessário para a realização das reuniões do Conselho Mercado Comum, do Grupo Mercado Comum e da Comissão de Comércio do Mercosul.
A Secretaria é administrada por um diretor, com mandato rotativo de dois anos, e cuja escolha é procedida pelo Conselho do Mercado Comum em conjunto com o Grupo Mercado Comum, após consulta aos Países Membros do bloco.
Comissão de Comércio do Mercosul
A Comissão de Comércio é o principal órgão técnico encarregado de administrar os instrumentos de política comercial comum, verificando sua correta aplicação, propondo ajustes e examinando pleitos nacionais relacionados a casos comerciais específicos.
A Comissão de Comércio do Mercosul é assessorada por dez Comitês Técnicos, dedicados a áreas temáticas determinadas, tais como assuntos aduaneiros, defesa do consumidor, defesa da concorrência, setor automobilístico e setor têxtil.
Parlamento do Mercosul
Em 2004, foi aprovada pelo Conselho do Mercado Comum, Decisão nº 49/04, que investiu a CPC da condição de Comissão Preparatória de um Parlamento do Mercosul. Este, instalado em dezembro de 2006, tem como modelo de partida a estrutura da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul, já experimentada nas lides do processo legislativo nos Congressos Nacionais dos quatro países fundadores. 
Foro Consultivo Econômico-Social
Congregando representantes dos setores empresariais, sindicatos e entidades sociais da sociedade civil para discussão de temas vinculados ao Mercosul e formulação de propostas específicas de cada um desses segmentos, o Foro Consultivo Econômico-Social tem, como o nome expressa, função consultiva e manifesta-se mediante Recomendações ao Grupo Mercado Comum.
De maneira geral, o Foro Consultivo Econômico-Social questiona o hermetismo que caracteriza o sistema de decisões no bloco, e reivindica o direito de se pronunciar como órgão decisório do Mercosul, em especial em questões sociais.
Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul
De início, o Tratado de Assunção previu a criação de um sistema de solução de controvérsias, que se consubstanciou no Protocolo de Brasília para a Solução de Controvérsias no Mercosul, firmado em dezembro de 1991.
A necessidade de aperfeiçoamento do sistema de solução de controvérsias, decorrente da evolução do processo de integração, levou à assinatura do Protocolo de Olivos, em 18 de fevereiro de 2002. Este instrumento cria foros próprios para cuidarem das controvérsias surgidas entre os Estados Partes sobre a interpretação, a aplicação ou o não cumprimento do Tratado de Assunção, do Protocolo de Ouro Preto, dos protocolos e acordos celebrados no marco do Tratado de Assunção, das Decisões do Conselho do Mercado Comum, das Resoluções do Grupo Mercado Comum e das Diretrizes da Comissão de Comércio do Mercosul.
Assim, foram incorporados à estrutura institucional do Mercosul o Tribunal Arbitral Ad Hoc e o Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul.
O Tribunal Arbitral Ad Hoc, desde que acionado pelas Partes interessadas em um litígio, pode reunir-se em qualquer dos Países Membros do Mercosul, enquanto o Tribunal Permanente de Revisão, instalado em 13 de agosto de 2004, tem sua sede em Assunção, no Paraguai. 
O Tribunal Permanente de Revisão pode servir como última instância, tendo competência para revisar o que é decidido em primeira instância, por meio de arbitragem, em especial de controvérsias comerciais entre os Estados Partes, suas empresas ou cidadãos.
Contudo, o Tribunal Permanente de Revisão, foro especializado para dirimir questões litigiosas do Mercosul, não impede que as partes em conflito, se o desejarem, encaminhem suas questões para outros foros, como a Organização Mundial do Comércio (OMC).
OTribunal Permanente emite um laudo definitivo sobre as controvérsias que lhe são encaminhadas, que pode confirmar, modificar ou revogar a fundamentação jurídica e as decisões dos Tribunais Arbitrais Ad Hoc.
Tribunal Administrativo-Trabalhista do Mercosul
Em quatorze anos de existência, a estrutura organizacional do Mercosul passou a enfrentar reclamações de natureza administrativa trabalhista, oriundas das relações de sua Secretaria Administrativa com os funcionários à sua disposição, inclusive terceirizados.
O Direito Internacional permite que o Grupo Mercado Comum crie e regule uma instância administrativa para atender às reclamações de natureza administrativo-trabalhista de funcionários da Secretaria Mercosul, com fundamento nas normas internacionais para Acordos de Sede (Decisão CMC nº 04/96).
Assim, foi criado o Tribunal Administrativo-Trabalhista (TAL), com a finalidade de resolver tais tipos de conflitos, sempre com base nas normas Mercosul aplicáveis ao pessoal da Secretaria do Mercosul e nas Instruções de Serviço ditadas pelo Diretor dessa Secretaria, além de amparado por um Acordo de Sede que garante ao Grupo Mercado Comum o direito de contratar pessoal.
O Tribunal Administrativo-Trabalhista rege-se por Estatuto próprio, conforme as Decisões nºs. 4/96 e 30/02 do Conselho do Mercado Comum, e as Resoluções nºs 42/97 e 01/03 do Grupo Mercado Comum. 
Foro Consultivo de Municípios, Estados Federados, Províncias e  Departamentos do Mercosul
A complexidade do processo de integração regional mercosulino, em sua vertente política, fez surgir o Foro Consultivo de Municípios, Estados Federados, Províncias e Departamentos - unidades territoriais específicas de cada Estado Parte do Mercosul -, cuja finalidade é abrigar e estimular o diálogo e a cooperação entre as autoridades de nível municipal, estadual, provincial e departamental dos Estados Membros do bloco.
O Foro Consultivo pode propor medidas destinadas à coordenação de políticas para promover o bem-estar e melhorar a qualidade de vida dos habitantes dos Municípios, Estados Federados, Províncias e Departamentos da região do Cone Sul, bem como formular recomendações por intermédio do Grupo Mercado Comum.
O Foro Consultivo é formado, conforme a Decisão nº 41/04, por um Comitê dos Municípios e um Comitê dos Estados Federados, Províncias e Departamentos, as unidades territoriais nos diferentes Estados Partes do Mercosul. Previu-se seu Regimento Interno, que foi aprovado pela resolução nº26/07, do Grupo Mercado Comum.
O Mercosul possui uma estrutura orgânica intergovernamental (não há órgãos supranacionais), havendo, contudo, uma Presidência Pro Tempore, exercida por sistema de rodízio semestral. As decisões do Mercosul são sempre tomadas por consenso.
Reuniões Periódicas
	 
 Eis a listagem das reuniões periódicas previstas no âmbito do bloco:
Reuniões de Cúpula dos Presidentes dos Estados Partes do Mercosul e associados (Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru), realizadas a cada seis meses no país que tem a Presidência Pro Temporedo Mercosul, cujo rodízio obedece a uma cronologia alfabética, ou seja, Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e a Venezuela.
Reuniões Ordinárias do Conselho do Mercado Comum, em paralelo às Reuniões de Presidentes dos Estados Membros.
Reuniões de Ministros de Economia e Presidentes dos Bancos Centrais do Mercosul e associados, semestralmente ou quando convocadas em caráter extraordinário.
Reuniões Ordinárias e Extraordinárias do Grupo Mercado Comum, semestrais e sempre que convocadas. 
 Solução de controvérsias
Interessante destacar que o Protocolo de Ouro Preto não enumera, dentre os seus órgãos, um específico para dirimir as controvérsias. O art. 44 daquela norma apenas refere a criação de sistema permanente de solução de controvérsias quando se consolide a união aduaneira. 
Assim é que foi criado o sistema provisório, instituído no Protocolo de Brasília, de 17 de dezembro de 1991. Oiter-arbitral, precedido pela negociação direta e pela conciliação, foi a forma escolhida para compor os diferendos no Mercosul, conforme o Anexo III, inciso 3, do Tratado de Assunção. Para tanto, foi designado um grupo de trabalho com vistas a elaborar o Sistema de Solução de Controvérsias entre os países contratantes. O Protocolo de Brasília para Soluções de Controvérsias (PB), publicado no Diário Oficial da União em 8 de janeiro de 1992, passou a viger em 22 de abril de 1993.
Sem inovar, utilizando a forma tradicional do direito internacional público, esse protocolo estabelece três fases para a solução de controvérsias. A primeira delas é a negociação direta, sendo a conciliação a subsequente, e, no caso de insucesso das etapas anteriores, propõe-se a arbitragem. O Protocolo de Brasília prevê a possibilidade de reclamações advindas de particulares, pessoas físicas ou jurídicas, estabelecendo, no entanto, freios políticos para a sua utilização.
O capítulo I determina o espectro de aplicação do PB, destinando-se a atuar nas controvérsias entre os Estados Partes que versem sobre a interpretação, a aplicação ou o descumprimento das disposições previstas nos tratados institutivos e demais acordos supervenientes, bem como nas normas provenientes de seus órgãos, por decisões, resoluções e diretrizes emanadas pelo Conselho do Mercado Comum (CMC), pelo Grupo Mercado Comum(GMC) e pela Comissão de Comércio do Mercosul (CCM).
As controvérsias entre os Estados Partes serão, inicialmente, resolvidas mediante negociações diretas, sem forma ou rito definido, sendo seus resultados comunicados ao GMC por intermédio da Secretaria Administrativa do Mercosul (SAM), não podendo exceder o prazo de quinze dias a contar da data em que a controvérsia tiver sido levantada por um dos Estados Partes, nos termos dos arts. 2º e 3º do Protocolo de Brasília. 
Não há dúvida de que a fórmula mais adequada para que se alcance uma interpretação uniforme das normas que compõem um sistema tão complexo, como um mercado comum, é a de outorgar a um órgão arbitral permanente ou a um órgão judicial essa função.
Porém, sabe-se pela experiência de outros blocos regionais da enorme dificuldade em se atingir tal sofisticação, seja pela parcela de soberania que os estados terão que delegar a tais órgãos, seja pelo seu caráter dispendioso, o que não se coaduna com blocos regionais criados entre Estados em desenvolvimento, como é o caso do Mercosul.
O Protocolo de Olivos (PO), de 18 de fevereiro de 2002, em vigor desde 2004, substituiu o Protocolo de Brasilia (PB), trazendo algumas inovações.
A etapa conciliatória, obrigatória no PB, passa a ser facultativa no PO; esgotados os caminhos da negociação e conciliação, os Estados Partes poderão recorrer ao procedimento arbitral. O Protocolo de Olivos inova ao permitir às partes a escolha por outro foro de solução de conflitos. Em seu art. 1º-2: "As controvérsias compreendidas no âmbito de aplicação do presente Protocolo que possam também ser submetidas ao sistema de solução de controvérsias da Organização Mundial do Comércio ou de outros esquemas preferenciais de comércio de que sejam parte individualmente os Estados Partes do Mercosul, poderão submeter-se a um ou outro foro, à escolha da parte demandante. Sem prejuízo disso, as partes na controvérsia poderão, de comum acordo, definir o foro. Uma vez iniciado um procedimento de solução de controvérsias de acordo com o parágrafo anterior, nenhuma das partes poderá recorrer a mecanismos de solução de controvérsias estabelecidos nos outros foros com relação a um mesmo objeto, definido nos termos do art. 14 deste Protocolo".
A composição do Tribunal Arbitral ad hoc se dará por três árbitros: dois indicados pelos Estados Partes, provenientes de uma lista previamente depositada na Secretaria Administrativa do Mercosul, e um terceiro, neutro, escolhido por ambas as partes, que o presidirá, sendo vedado a este último provir dos Estados envolvidos na controvérsia.
A decisão do Tribunal Arbitral dar-se-á por laudos que, de acordo com o art. 21 do PB,

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