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Insumos Farmacêuticos

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APRESENTAÇÃO DE ARTIGO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS E AMBIENTAIS
ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA
TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS AGRÍCOLAS E AGROINDUSTRIAIS
	
Andressa D’Agostin
Andressa G. Glusczak
Júlio Michelon
Natalia B. Ribeiro
William Kühn
“A COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS COMO TÉCNICA SUSTENTÁVEL EM UMA
PROPRIEDADE RURAL PRODUTORA DE INSUMO FARMACÊUTICO”
Bruna da Silva Lanes
Ilana de Souza Nunes
Luís Eduardo Ribeiro da Cunha
IV Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental
Salvador/BA – 25 a 28/11/2013
“Este trabalho apresenta a utilização desta prática sustentável de gerenciamento de resíduos [compostagem] realizada na Fazenda do Instituto Vital Brazil, local de produção do plasma equídeo hiperimune utilizado na formulação de soros hiperimunes para o Ministério da Saúde”.
RESUMO
Estudo de caso realizado no campus Cachoeiras de Macacu/RJ do Instituto Vital Brazil, a Fazenda Vital Brazil.
Os dados foram obtidos através de pesquisa exploratória contendo visitas técnicas e entrevistas não estruturadas com os colaboradores do campus no período de junho a julho de 2013.
Questão ambiental: foco de cobrança de toda a sociedade, incluindo órgãos públicos, consumidores e a comunidade;
Resíduos gerados por instituições saúde = legislação específica → missão com saúde deve incluir comprometimento com o meio ambiente;
Politica Nacional Resíduos Sólidos (PNRS): prioriza reciclagem de resíduos e tratamento de rejeitos → compostagem: vantagens para saúde pública (geração composto rico para plantio e recuperação solo);
Corretamente = rápida, higienizada (devido ao controle de patógenos pelas reações exotérmicas que elevam a temperatura do material, destruindo também sementes de ervas daninhas) e sem odores;
O INSTITUTO
Criado em 3 de julho de 1919 em Niterói/RJ, pelo cientista Vital Brazil Mineiro Campanha (fundador do Instituto Butantan em SP);
Um dos laboratórios oficiais, atende a todo o setor público, com a produção de soros e medicamentos de uso humano;
Realiza estudos e pesquisas no campo farmacêutico, biológico, econômico e social.
Serviços que vão dos diagnósticos laboratoriais e epidemiológicos a programas de controle de doenças que ameacem a saúde pública do Estado do Rio de Janeiro;
Desde 2001 = único a produzir soro contra picadas da aranha viúva negra (veneno muito tóxico pode levar à morte);
Fazenda Vital Brazil:
Inaugurada no dia 28 de abril de 2010;
Espaço de 17 alqueires (aprox. 41 ha), localizada em Cachoeiras de Macacu
Lugar para a criação dos equinos utilizados no processo da produção de imunoglobulinas e soros hiperimunes.
Aproximadamente 150 animais entre doadores e de serviço → principal fonte de geração de resíduos orgânicos no campus (4,5 toneladas de resíduo por dia);
Alimentação dos animais: 
feita através de contenção individual pelo método de baias tipo espinha-de-peixe; 
é balanceada contendo capim fresco picado, ração granulada, farelo de trigo ou malte e suplemento mineral em quantidades pré-definidas e água abundante;
área de alimentação (chão, comedouro e bebedouro) é limpa todos os dias.
Equídeos:
Acompanhamento médico veterinário periódico com cronograma profilático das principais doenças infecciosas e parasitárias → realização de exames de fezes e sangue a cada 6 meses e rotinas de medicação + vacinação. 
Sempre que necessário, os animais são banhados e tosados para manter a higiene e bem-estar.
Os animais passam o dia na praça de alimentação e, ao final da tarde, são conduzidos ao pasto onde ficam soltos com água à disposição. 
OBJETIVO: demonstrar uma prática sustentável de gerenciamento de resíduos realizada em uma propriedade rural produtora de insumo farmacêutico, como forma de atender às legislações ambientais e de saúde, contribuir com a conservação do ecossistema regional e gerar impacto ambiental positivo ao melhorar a qualidade do solo da Fazenda.
INTRODUÇÃO
LEI Nº 12.305/2010 – PNRS
considerada um marco brasileiro na questão ambiental, tendo como objetivo a proteção da saúde pública e da qualidade ambiental.
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto = sociedade (consumidores, fabricantes, distribuidores, importadores, vendedores e o poder público) divide o “problema” da geração de resíduos, estimulando a produção e o consumo sustentáveis
Aborda coleta seletiva, a logística reversa e o consumo de produtos recicláveis e reciclados.
Sequência de prioridades: não-geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos com disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.
Reciclagem: “processo de transformação dos resíduos sólidos que envolve a alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à transformação em insumos ou novos produtos”.
RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) nº 306/2004 (ANVISA)
regulamenta o gerenciamento de resíduos dos serviços de saúde (farmácias, hospitais, indústrias farmacêuticas);
Responsabiliza o gerador pelo correto gerenciamento dos seus resíduos, incluindo seu manejo, segregação, acondicionamento, identificação, transporte, armazenamento, tratamento e disposição final.
Define tratamento como “a aplicação de método, técnica ou processo que modifique as características dos riscos inerentes aos resíduos, reduzindo ou eliminando o risco de contaminação, de acidentes ocupacionais ou de dano ao meio ambiente. O tratamento pode ser aplicado no próprio estabelecimento gerador ou em outro estabelecimento".
COMPOSTAGEM
Técnica milenar de tratamento de resíduos orgânicos e atualmente adotada no mundo todo
Processo de reciclagem de uma massa heterogênea de resíduos no estado sólido e úmido.
Degradação matéria orgânica ocorre naturalmente no ambiente
COMPOSTAGEM = decomposição/estabilização MO/humificação acelerada pela manipulação do homem
Duas fases:
1) reações bioquímicas mais intensas, predominantemente termofílicas;
2) também chamada de fase de maturação, ocorre o processo de humificação;
Propriedade agrícola: produção de composto pode ser feita de maneira contínua para manejo orgânico do solo, com os resíduos de origem vegetal (podas de plantas, palhas, cascas de árvores e frutas, bagaços, cama e capins de animais, restos de capinas e colheitas, etc.) e de origem animal (estercos, ossos moídos, casca de ovos, penas, cascas de mariscos etc.).
As matérias primas para produção do adubo não devem ser utilizadas na forma “in natura”, necessitando de estabilização pela atuação de microrganismos (bactérias e fungos), que diminuem a carga de patógenos e melhoram a disponibilidade dos nutrientes;
Processo industrial: utilização de material animal e material vegetal, na proporção de 70% de material rico em hidratos de carbono e de 30% de material rico em nitrogênio.
BR = 3,79% dos municípios têm unidade de compostagem de resíduos orgânicos.
Fontes de carbono: casca de árvores, aparas de madeira, podas, folhas e galhos das árvores, palhas e fenos;
Fontes de nitrogênio: folhas verdes, estrumes animais, urinas, solo e restos de vegetais hortícolas. 
Estrume também fornece o material inoculante: bactérias e fungos.
Não é aconselhado:
uso de carne nas pilhas de compostagem → atrai animais.
utilizar papel acima de 10% da pilha;
papel encerado e de cor, vidro, plástico, tinta, óleo, metais, pedras, material com excesso de gorduras, ossos inteiros devem ser evitados, pois podem prejudicar o processo
Vantagens:
Diminui o volume de resíduos destinados para os aterros, aumentando a sua vida útil;
Pode ser considerada uma técnica menos poluente → no processo de decomposição por fermentação ocorre a formação de biomassa e desprendimento de gás carbônico e vapor de água, sem a formação de metano, com a utilização de equipamentos simples e pouca ou nenhuma energia exterior quando comparada com outros tratamentos;
Finalidade adequada
para mais de 50% do lixo doméstico
O uso do composto:
Melhora a estrutura e aduba o solo, enriquecendo-o para agricultura ou jardinagem.
Redução de herbicidas e pesticidas devido a presença de fungicidas naturais e microrganismos.
Aumenta a retenção de água pelo solo.
Recupera os nutrientes dos resíduos orgânicos levando-os de volta ao ciclo natural.
Limitações:
Necessidade de maior espaço de terreno;
Mais tempo para um produto final adequado;
Mais mão-de-obra (porém quase sempre não especializada ou pouco especializada, pode ser interpretada como uma vantagem ao reter trabalhadores em atividade formal, tendo impacto social positivo).
A eficiência do processo e a qualidade do composto final dependem:
tipo de sistema adotado e como o processo é conduzido
MAS
para um processo de decomposição eficiente, alguns fatores para estabilização e maturação do material devem ser sempre considerados
CONDIÇÕES BÁSICAS:
 Disponibilidade de ar: fermentação depende de oxigênio; material empilhado não deve ser excessivamente compactado e, periodicamente, deve ser revolvido (sem revolvimento = sem oxigênio → fermentação ocorre de forma anaeróbia, com perda de nitrogênio e formação de odores desagradáveis).
Manutenção da umidade entre 30 e 70% (preferencialmente entre 40 e 60%) possibilitando as reações de fermentação e mantendo a disponibilidade de ar na mistura de materiais.
•Manutenção da temperatura entre 60 e 70°C, impedindo a queima ou o apodrecimento da mistura, contribuindo inclusive para a esterilização do composto.
Tempo total de decomposição: 90 a 120 dias
Composto final tem cor escura, estrutura fofa, cheiro agradável, temperatura ambiente e pH próximo à neutralidade, livre de agentes patogênicos e de sementes de ervas daninhas
EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS:
Recolhimento de resíduos orgânicos para compostagem, com a distribuição gratuita do adubo resultante do processo à população local.
Mostra o valor do resíduo à população, pois retorna aos cidadãos como um benefício que os economiza o dinheiro que empregariam na compra de fertilizantes industrializados.
PRODUÇÃO DE SOROS
Soro contra o veneno de animais peçonhentos
1) Feitos a partir do próprio veneno; extração é feita no Serpentário e Aracnário;
2) Antígeno → processado, diluído e filtrado e encaminhado à Fazenda;
3) Fazenda → os cavalos passam por um processo de vacinação. Depois disso, é injetado o antígeno no cavalo (quarentena) para produzir os anticorpos; retirada do sangue, plasma e hemácias separadas.
Soro contra tétano e raiva
1)
Tétano: produção da toxina tetânica é feita no Departamento de Vacinas Bacterianas (DVBI).
Raiva: A produção do vírus rábico é feita no Departamento de Vacinas Virais (DVVI)
2) Antígeno → processado, diluído e filtrado e encaminhado à Fazenda;
3) Fazenda → injetado no cavalo (quarentena); retirada do sangue, plasma e hemácias separadas.
Etapas comum aos três:
4) O plasma → Instituto Vital Brazil → armazenado em uma câmara frigorífica, onde aguarda até ser aprovado em análise.
5) Este plasma é diluído em água apropriada e misturado a uma enzima que quebra as moléculas em tamanhos menores
6) Passa por um processo de separação das moléculas. Os anticorpos, presentes em algumas, são a parte do plasma que interessa para a produção do soro.
	
7) Após dois processos de filtração → anticorpos já estão devidamente separados do resto do plasma e prontos para seguir em frente para produção do soro.
8) Os anticorpos passam por um processo que os separam de outras substâncias que não devem fazer parte do soro. Ficam, então, purificados.
9) Nesta fase, os anticorpos passam por testes de controle de qualidade que avaliam sua potência e composição.
10) Se aprovado → passa por um último processo de filtração esterilizante, que garante que não haverá presença de bactérias ou fungos
11) Aqui, o líquido já é o soro. Nesta etapa, o soro passa por uma análise do Controle da Qualidade. Se aprovado, é colocado nas ampolas.
12) Mais uma vez, passa por análise do Controle da Qualidade. Se aprovado, é revisado e armazenado em caixas apropriadas para ser entregue ao Ministério da Saúde.  
RESULTADO E DISCUSSÃO
A RDC nº 306/2004 classifica os resíduos biológicos da fazenda (fezes e urina) como Grupo A (apresenta risco à saúde e ao meio ambiente devido à presença de agentes biológicos).
Os dejetos contém diversos elementos químicos e compostos, além de bactérias, protozoários e vermes, sendo por isso considerados potencialmente poluidores por patógenos. 
A fazenda optou por utilizar a compostagem como forma de reciclagem pelo motivo do esterco ser rico em nitrogênio e por essa prática possibilitar a geração de adubo para as plantações de capim e áreas de reflorestamento.
Processo:
Ao final da tarde a área de alimentação dos animais é limpa e as fezes (contendo grande parte de urina) e restos de alimento são retiradas e transportadas até a composteira
Esses dejetos são depositados numa área de alvenaria cimentada com muretas nas laterais, dificultando assim que os dejetos contaminem solo e corpos hídricos. 
A composteira recebe ainda podas das arvores e calcário (pó de mármore) de marmorarias locais. 
Atualmente são acondicionadas na composteira, em média: 
90 toneladas/mês de esterco equídeo 
1500 Kg/mês de calcário 
O adubo produzido é distribuído na área de capineira e/ou área de reflorestamento na proporção de 50 kg/m2 ;
CONCLUSÃO
“A compostagem é uma alternativa relativamente simples e barata para o tratamento de resíduos que, além de diminuir o volume de resíduo, produz adubo rico em nutrientes, sem odor, livre de agentes patogênicos e com pH e temperaturas adequadas para o uso nas de áreas de capineira e reflorestamento. Para o IVB, a técnica tem ainda importância econômica pois recicla resíduos, proporciona oportunidade de trabalho e diminui o uso de fertilizantes químicos nas áreas de plantio. Neste sentido, a compostagem dos resíduos orgânicos na Fazenda, realizada de maneira contínua, atende à regulamentação específica da Anvisa e a Política Nacional de Resíduos Sólidos.”
REFERÊNCIAS
http://www.vitalbrazil.rj.gov.br/etapas_producao.html
http://www.ibeas.org.br/congresso/Trabalhos2013/II-008.pdf

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