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CULTURA CLASSICA - CONTEUDO ONLINE

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Aulas 1 
 
O Mundo Grego Antigo, ou Hélade, como era chamado pelos próprios gregos (Grécia é uma nomenclatura romana), 
ocupava a parte sul da península balcânica, as ilhas do mar Egeu, as costas da Ásia Menor e o sul da Itália. 
A Grécia setentrional (norte) tinha três importantes regiões:Tessália, Fócida e Etólia( ou Epiro).Na Grécia peninsular , 
ligada à central pela faixa de terra chamada Corinto, estavam a Lacônia e a Messênia. Na Grécia central, encontravam- 
se Beócia e a Ática.Fora do continente, havia a Grécia insular. Ao final do período Neolítico, a região era habitada por 
povos sedentários de língua não grega, chamados pelasgos.A partir de 2000 a.C.,aproximadamente, povos de origem 
indo-europeia, chamados helenos, começaram a chegar a região. 
A terminologia Grécia Antiga é utilizada para descrever a civilização europeia desenvolvida no período compreendido 
entre o começo da Idade das Trevas (1100 A.C) até a conquista romana depois da Batalha de Corinto (146 A.C). Numa 
época ainda mais remota, a população era conhecida como heládica, terminologia que se refere a um conjunto de tribos 
que imigraram da Península Balcânica durante a Idade do Bronze. A procedência destas tribos não é exata, porém alguns 
historiadores atribuem sua origem aos Balcãs, enquanto outros à Síria e Mesopotâmia. Entretanto sua permanência na 
península deu origem aos povos gregos mais importantes como os Aqueus, Dórios e Jônios. 
 
As civilizações Pré-Gregas:Cretenses e Micênicos 
A civilização cretense distinguiu-se por sua intensa produção artesanal, de caráter luxuoso, o que indica que já dominava 
técnicas de fabricação mais sofisticadas. Essa produção era comercializada através de estradas que ligavam suas cidades-
palácios e também era exportada ao Oriente Médio. 
Na civilização cretense, as cidades –palácios que mais e destacaram foram Cnossos e Faestos, que eram governadas por 
reis e funcionavam como se fossem pequenos Estados independentes. Como vimos anteriormente, foi do contato dos 
aqueus com os cretenses que surgiu a civilização micênica. A religião micênica era uma fusão de deuses indoeuropeus 
com deuses cretenses. Alguns transformaram-se em deuses gregos.Zeus e Posêidon são dois exemplos. Mesmo com o 
desaparecimento da civilização micênica, notamos que os gregos preservaram várias raízes dessa cultura: a língua, os 
principais deuses e a herança dos feitos históricos da Guerra de Tróia. 
 
O Período Homérico: A importância das obras de Homero 
A Ilíada descreve a Guerra de Tróia, cidade que representava parte de uma civilização pré-helênica que entrou em 
choque com os aqueus (chamados gregos). Já a Odisséia descreve as peripécias de Ulisses, nobre grego,com suas viagens 
de volta para Ítaca, na Grécia, através do Mediterrãneo. Foi o estudo da Odisséia que forneceu as mais ricas informações 
para a compreensão da sociedade e da economia da Grécia do período homérico. 
A formação da civilização grega no Período Homérico 
Com a invasão dos dórios, a ascendente civilização micênica sofreu violento impacto. Seguiu-se um período de acentuado 
declínio da produção material e intelectual que ficou conhecido como a Idade Média Grega ou Idade das Trevas. Nesse 
período, a sociedade retrocedeu para um tipo de organização política e econômica relativamente simples. Formaram-se 
os clãs ougénos: grupos de parentes consanguíneos. Formavam uma aristocracia que controlava os meios de produção 
(as melhores terras, escravos e ferramentas). Toda a produção era fruto do trabalho dos escravos e dos servidores. No 
entanto, esses escravos gozavam da proteção de seus senhores e não eram submetidos a maus- tratos. Também os 
membros de génos trabalhavam junto a seus escravos. 
Período Arcaico 
A Grécia antiga não era um “país” centralizado e unificado como o de hoje. Era formada por um grande número de 
pequenos Estados independentes entre si, que ficaram conhecidos com o nome de cidades-Estados ou , em grego, polis. 
O nascimento da pólis. Depois da invasão dos dórios, a Grécia foi aos poucos se transformando. 
Nas cidades-Estados da Grécia antiga, na parte mais alta, habitava a aristocracia liderada pelo basileu, espécie de rei-
sacerdote.Nas partes mais baixas,localizava-se o mercado e nelas moravam os comerciantes, artesãos e trabalhadores 
em geral. A acrópole era a parte da pólis onde ficava as fortificações militares e os templos religiosos. Um exemplo 
famoso desse tipo de construção é a Acrópole de Atenas. 
 
O PERIODO CLÁSSICO: A PÓLIS DE ATENAS 
A região da Ática havia sido pouco atingida pelas invasões dóricas. Isso contribuiu para que as pequenas aldeias que 
formavam essa região se agrupassem pacificamente sob a hegemonia de uma delas: Atenas. 
A esse processo de união das aldeias deu-se o nome de sinecismo. E foi desse fenômeno que se formou a cidade-Estado 
de Atenas . Os eupátridas> ricos, proprietários de terras Hectemoros> Camponês 
Os eupátridas oprimiam os camponeses pequenos proprietários, enquanto aumentavam sua riqueza e monopolizavam o 
poder político. Era preciso encontrar uma solução. A aristocracia propôs, então, uma reforma na sociedade, que foi 
planejada sucessivamente por dois legisladores: 
Drácon limitou-se a escrever as leis, que até então eram orais, tirando a justiça das mãos dos eupátridas e passando-a 
para o Estado. 
Zeugitas > guerreiros de infantaria 
Thétas camponeses e artesãos pobres 
 
Principio da Grécia Antiga 
Com o final da cultura micênica o sistema escrito foi trocado, portanto não existe farta documentação histórica da 
época. Entretanto, supõe-se que durante este período diversas migrações levaram os Dórios a ocupar a região do 
Peloponeso (Esparta), certas ilhas do Mar Egeu e o litoral sul da Ásia Menor. Atenas, entretanto, sobreviveu à decadência 
da cultura micênica. A unificação das pequenas comunidades autônomas se deu no século VII A.C (começo da Época 
Arcaica) através da modificação do sistema de escrita fenício e a criação do alfabeto grego. 
 
ROMA 
A cidade de Roma originou-se da fusão de dois povos: Latinos + Sabinos Cidade de Roma. 
Inicialmente uma aldeia pequena e pobre, foi conquistada pelos seus vizinhos do norte, os etruscos que dela fizeram 
uma verdadeira cidade. Sendo vizinhos dos gregos que ao sul haviam criado a chamada Magna Grécia, onde habitavam 
desde a época da fundação de Roma. Sofrendo influência desses dois povos e com base nelas os romanos elaboram sua 
própria civilização. 
Gens era o nome que os romanos davam àquilo que conhecemos como clã, era composta de várias famílias individuais. 
A palavra Senado deriva do latim senex, que significa velho. Seu equivalente na Grécia era a Gerúsia, em Esparta. 
Os que não pertenciam a nenhuma gens eram plebeus e por esse motivo estavam excluídos da vida política. Sem direitos 
políticos, eram considerados cidadãos de segunda classe. Mas, atenção, ser plebeu não significava ter uma condição 
econômica inferior ou de pobreza. Servio Túlio o segundo rei etrusco, é tido como o realizador de diversas reformas que 
favoreceram os Plebeus. 
As duas fases do império 
O Principado (27 a.C. – 235 d.C.) e o Dominato (284-476) constituem as duas fases do Império, separadas uma da outra 
por um período conhecido como “anarquia militar” (235-284). O Primeiro período é também chamado de Alto Império e 
o segundo, de Baixo Império. 
 
História de Creta: a civilização minoica 
Entre os anos de 2600 a.C (começo da Idade do Bronze) e 1450 a.C desenvolveu-se na ilha de Creta a civilização minóica. 
Esta civilização teve como centro a cidade de Cnossos. 
Aspectos da história e cultura de Creta 
Os cretenses destacaram-se no comércio marítimo, principalmente com ilhas próximas e com a Grécia continental. 
Exportavam azeite, objetos de cerâmica, jóias, lã e artigos de metal. Portanto, economia de Creta era baseada quase 
que exclusivamente nas atividades marítimas. Creta era uma cidade-estado, quepossuía um sistema de governo 
monárquico, pois era governada por um rei. Com o desenvolvimento do comércio marítimo, os cretenses fundaram 
colônias em ilhas do mar Egeu e na região da Sicília. Na arquitetura destacou-se a construção de grandes e luxuosos 
palácios, como, por exemplo, o palácio de Cnossos, Festos e Mália. Estes palácios caracterizavam-se pela presença de 
muitos cômodos, escadarias, jardins e longos corredores. No campo das artes, os cretenses destacaram-se na pintura de 
lindos e coloridos afrescos, esculturas de metais, confecções de jóias e peças de cerâmica. A temática mais presente na 
arte cretense era o mar. Na religião, os cretenses eram muito ligados à figura da mulher. Imagens femininas aparecem 
em afrescos e esculturas ligadas às práticas religiosas. A deusa-mãe, segurando serpentes nas mãos, tinha grande 
importância para os cretenses. O touro também possuía uma certa importância no cenário religioso cretense, 
provavelmente em função da imagem da fertilidade. Os cretenses realizavam várias festas em homenagem ao touro, em 
que homens pulavam nas costas do animal. A mitologia minóica também foi muito rica. O principal mito cretense é o do 
Minotauro representado por um forte homem com cabeça de touro. Este monstro, que habitava o labirinto, foi morto 
pelo herói grego Teseu. Os mitos de Dédalo e Ícaro também estão relacionados à cultura minóica. 
 
Questionário 
1. A civilização minóica, com seu aparecimento situado no 12o séc. a. C., com sua língua, população, religiões e 
diversas tradições, está na origem da cultura grega. Em que região ela se desenvolveu? Creta 
2. Na Antiguidade Clássica, houve uma formação territorial e política muito comum, em que Atenas, Esparta e Roma 
se encaixam. Trata-se de formas de governo e de organização sócio-política dos povos destas cidades. Como era 
chamada esta formação em que os povos viviam? Cidade-estado 
3. A principal fonte histórica para o estudo da Grécia nos períodos anterior e posterior à invasão dórica têm sido os 
poemas épicos Ilíada e Odisséia. As duas obras parecem ter sido produzidas em épocas diferentes, pois na Odisséia 
há muitas menções a armas, ferramentas e instrumentos de ferro, enquanto na filada não se faz referência a esse 
material. Isso indica que Odisséia é mais recente que Ilíada. Quais são os argumentos de cada uma dessas obras? 
A Ilíada descreve a Guerra de Troia e a Odisséia descreve as peripécias de Ulisses. Nobre grego, cm suas viagens de volta 
para Itaca, na Grécia. 
 
Aula 2 
Introdução: Os gregos criaram vários mitos para poder passar mensagens para as pessoas e também com o objetivo de 
preservar a memória histórica de seu povo. Há três mil anos, não havia explicações científicas para grande parte dos 
fenômenos da natureza ou para os acontecimentos históricos. Portanto, para buscar um significado para os fatos 
políticos, econômicos e sociais, os gregos criaram uma série de histórias, de origem imaginativa, que eram transmitidas, 
principalmente, através da literatura oral. 
 Grande parte destas lendas e mitos chegou até os dias de hoje e são importantes fontes de informações para 
entendermos a história da civilização da Grécia Antiga. São histórias riquíssimas em dados psicológicos, econômicos, 
materiais, artísticos, políticos e culturais. 
 
Entendendo a Mitologia Grega. 
Os gregos antigos enxergavam vida em quase tudo que os cercavam, e buscavam explicações para tudo. A imaginação 
fértil deste povo criou personagens e figuras mitológicas das mais diversas. Heróis, deuses, ninfas, titãs e centauros 
habitavam o mundo material, influenciando em suas vidas. Bastava ler os sinais da natureza, para conseguir atingir seus 
objetivos. A pitonisa, espécie de sacerdotisa, era uma importante personagem neste contexto. Os gregos a consultavam 
em seus oráculos para saber sobre as coisas que estavam acontecendo e também sobre o futuro. Quase sempre, a pitonisa 
buscava explicações mitológicas para tais acontecimentos. Agradar uma divindade era condição fundamental para atingir 
bons resultados na vida material. Um trabalhador do comércio, por exemplo, deveria deixar o deus Hermes sempre 
satisfeito, para conseguir bons resultados em seu trabalho. 
Os principais seres mitológicos da Grécia Antiga eram: 
- Heróis : seres mortais, filhos de deuses com seres humanos. Exemplos: Herácles ou Hércules e Aquiles. 
- Ninfas : seres femininos que habitavam os campos e bosques, levando alegria e felicidade. 
- Sátiros : figura com corpo de homem, chifres e patas de bode. 
- Centauros : corpo formado por uma metade de homem e outra de cavalo. 
- Sereias : mulheres com metade do corpo de peixe, atraíam os marinheiros com seus cantos atraentes. 
- Górgonas : mulheres, espécies de monstros, com cabelos de serpentes. Exemplo: Medusa 
- Quimera : mistura de leão e cabra que soltava fogo pelas ventas. 
 
O Minotauro 
É um dos mitos mais conhecidos e já foi tema de filmes, desenhos animados, peças de teatro, jogos etc. Esse monstro 
tinha corpo de homem e cabeça de touro. Forte e feroz, habitava um labirinto na ilha de Creta. Alimentava-se de sete 
rapazes e sete moças gregas, que deveriam ser enviadas pelo rei Egeu ao Rei Minos, que os enviavam ao labirinto. Muitos 
gregos tentaram matar o minotauro, porém acabavam se perdendo no labirinto ou mortos pelo monstro. 
Certo dia, o rei Egeu resolveu enviar para a ilha de Creta seu filho, Teseu, que deveria matar o minotauro. Teseu recebeu 
da filha do rei de Creta, Ariadne, um novelo de lã e uma espada. O herói entrou no labirinto, matou o Minotauro com 
um golpe de espada e saiu usando o fio de lã que havia marcado todo o caminho percorrido. 
 
Deuses gregos 
De acordo com os gregos, os deuses habitavam o topo do Monte Olimpo, principal montanha da Grécia Antiga. Deste 
local, comandavam o trabalho e as relações sociais e políticas dos seres humanos. Os deuses gregos eram imortais, porém 
possuíam características de seres humanos. 
Ciúmes, inveja, traição e violência também eram características encontradas no Olimpo. Muitas vezes, apaixonavam-se 
por mortais e acabavam tendo filhos com estes. Desta união entre deuses e mortais surgiam os heróis. 
Conheça os principais deuses gregos: 
Zeus - deus de todos os deuses, senhor do Céu. Afrodite - deusa do amor, sexo e beleza. 
Poseidon - deus dos mares Hades - deus das almas dos mortos, dos cemitérios e do subterrâneo. 
Hera - deusa dos casamentos e da maternidade. Apolo - deus da luz e das obras de artes. 
Ártemis - deusa da caça e da vida selvagem. Ares - divindade da guerra. 
Atena - deusa da sabedoria e da serenidade. Protetora da cidade de Atenas. 
Cronos - deus da agricultura que também simbolizava o tempo. 
Hermes - mensageiro dos deuses, representava o comércio e as comunicações. 
Hefesto - divindade do fogo e do trabalho. 
 
QUESTIONÁRIO 
1. De acordo com as histórias mitológicas antigas podemos conhecer o modo de viver dos deuses. Nestas narrações 
fantásticas o autor se utiliza de uma analogia entre as virtudes e os defeitos da vida humana para aclarar o ‘modus 
vivendi’ do Olimpo. De acordo com estas mitologias como se poderia descrever a vida cotidiana dos deuses? Em 
disputa entre si no Olimpo. 
2. Nas sociedades antigas já encontramos diversos meios de difusão do conhecimento, da arte e da ciência. Como 
se dava a difusão dos mitos na Antiguidade? Através dos poetas e escritores de todo tipo. 
3. Na Grécia antiga encontram-se textos lendários sobre a ‘genealogia’ dos deuses. Uma tentativa antiga de ordenar, 
como os humanos, a existência dos deuses no tempo mítico. A que se referem estes textos genealógicos? Um 
conjunto de gerações divinas que se sucedem. 
 
 
Aula 3 
 
A Literatura Grega Antiga: Homero e os Gêneros Literários da Antiguidade 
Os gregos são os criadores dos modelos literários que ainda se desenvolvem no Ocidente: a poesia épica e lírica e a 
tragédia. Em prosa e verso,os gregos possuem o mérito de ter influenciado os rumos das letras ocidentais. 
Nesta aula, surge o nome de Homero, pai das letras gregas e ocidentais, com suas famosíssimas obras, a Odisseia e a 
Ilíada, que chegarão a Roma, inaugurando a arte latina, com o mestre Virgílio, em Eneida. 
 
A literatura grega de Homero: Odisseia e a Ilíada 
Segundo Jorge Piqué (2009), para entendermos a importância capital da obra homérica é preciso contextualizar as 
características mais relevantes das sociedades greco-latinas do período clássico: 
 
O Legado Clássico, ou Herança Clássica, que recebemos da Antiguidade greco-latina poderia ser sintetizado em quatro 
grandes temas: 
 Os gregos e romanos criaram e aperfeiçoaram os maiores gêneros da literatura ocidental e influenciaram 
fortemente muitas literaturas posteriores, especialmente a partir do Renascimento. 
 Criaram sistemas políticos e jurídicos que desenvolveram os princípios da justiça, liberdade política e 
democracia. 
 A filosofia grega é o fundamento do pensamento ocidental; especialmente por meio de Platão e Aristóteles. 
 Suas artes plásticas (pintura, cerâmica, escultura) e arquitetura continuam a atrair a admiração depois de mais 
de 2.000 anos. 
A obra ‘homeriana’ da Odisseia e da Ilíada é o parâmetro do poema épico antigo, por causa de sua vinculação às raízes 
primitivas e populares da Grécia arcaica. Os gregos narraram suas memórias ao longo dos tempos, de modo anônimo, 
até que o poeta e cantador Homero as colecionasse e as compendiasse, fazendo também com que elas, citadas por 
filósofos e poetas, se tornassem obra escrita. Por isso mesmo, a poesia épica possui os traços das narrativas de fundo 
histórico. Um ensaio previsto na obra do grande Heródoto, como ciência do discurso de fatos e da memória da civilização 
grega. Os poemas Homéricos possuem tom eloquente em seus versos (hexâmetros) e duração nas vogais, como se 
tivessem sido feitos para serem falados em voz alta. Pois até o período helenístico, a ritmação própria da poesia indicava 
que estavam associados à literatura e música que depois do III séc. a. C tomarão rumos diversos. Nos festivais religiosos 
e nos folgedos populares estariam escondidas as suas raízes? Pela alta qualidade literária, Odisseia e Ilíada representavam 
a culminância de uma longa tradição de composições poéticas orais. E, mesmo referindo-se em linhas gerais aos traços 
da sociedade micênica, estes poemas foram, provavelmente, compostos durante o século -VIII, no fim da Idade das 
Trevas. Para os gregos e também para nós, os dois mais importantes autores de epopeias (poemas em versos épicos) 
foram Homero (c. -750) e Hesíodo (c. -700). Segundo Piquet (2008), pode-se dividir em três períodos o desenvolvimento 
literário na Grécia. 
Atenção: As obras da literatura grega antiga são datadas entre o séc. VIII a.C. e o séc. IV d. C., ou seja, aproximadamente 
1200 anos de tradição literária ininterrupta. No curso nos concentraremos especificamente no período arcaico, quando 
foi composta a Ilíada. 
 
Período Arcaico (séc. VIII-VI A. C.) 
No período arcaico da história grega, surgem dois importantes gêneros literários, que terão continuidade até os dias de 
hoje, a poesia épica e a poesia lírica. 
A Poesia Épica (séc. VIII a.C): se conservam nela reminiscências que remontam à Guerra de Troia e à época micênica 
(séc. XII a.C.). É poesia épica a epopeia homérica, representada nos dois poemas, a Ilíada e Odisseia. Tradicionalmente 
vinculada à poesia épica está também a Teogonia, de Hesíodo, e seu poema didático, Os Trabalhos e os Dias. 
A poesia "Lírica" (séc. VII e VI a.C.): Representada por autores como Alceu, Safo, Estesícoro, Alcmano, etc. Surge junto 
com a filosofia dos pré-socráticos (Tales, Heráclito, Parmênides, Demócrito, etc). Estas são as primeiras obras em prosa, 
embora alguns filósofos também utilizassem a poesia. A poesia era a única forma de expressão literária. 
Período Clássico (séc. V-IV a.C.) 
Tradicionalmente, o período é delimitado por dois acontecimentos marcantes. Se inicia em 480 a.C., com a vitória dos 
gregos sobre os persas. E finaliza em 338 a.C., com Filipe da Macedônia, o pai de Alexandre, conquistando Atenas. 
O chamado "Século de Péricles", quando Atenas é a mais importante cidade e grande centro cultural da Grécia. Temos 
nas letras o desenvolvimento do Teatro (tragédia), com os três grandes autores, Ésquilo, Sófocles, Eurípides, e da 
História, com Heródoto e Tucídides. 
SAIBA MAIS: O séc. IV a.C: É quando surge a filosofia de Platão e Aristóteles, a Comédia chega ao seu ápice com 
Aristófanes e a Oratória ganha destaque com Ésquines e Demóstenes. 
Período Helenístico (338 a.C - 30 a.C) e Greco-Romano 
Inicia-se com a hegemonia macedônica sobre a Grécia, devido às conquistas de Alexandre, o Grande. Outros centros de 
atividade, como Alexandria e Pérgamo, substituem Atenas. 
Alexandre III, o Grande. 
Novos gêneros são criados, como a novela. Roma conquista a Grécia e recebe sua influência, que retransmite para o 
mundo, especialmente nas regiões orientais. Autores como Apolodoro (mitógrafo), Menandro (comediógrafo), Calímaco 
(poeta lírico), são representativos dessa época. A épica ressurge com Apolônio de Rodes, autor da Argonautica. É nesse 
período que, primeiro, o Velho Testamento é traduzido do hebraico para o grego e, mais tarde, o Novo Testamento é 
escrito em grego koiné, um dialeto derivado do grego ático. Sobre o nome de Homero, não há consenso de que ele tenha 
realmente existido ou de que tenha escrito qualquer uma das duas epopeias, tradicionalmente chamadas de poemas 
homéricos. Para o historiólogo Heródoto (484-425 a.C.), Homero teria vivido 400 anos antes dele (Hdt. 2.53). Os estudos 
recentes, porém, situam a data de composição da Ilíada e da Odisseia no fim da Idade das Trevas (c. -750) ou no início 
do Período Arcaico (-750/-713). O uso predominante do dialeto iônico sugere que o autor dos poemas veio provavelmente 
da Iônia. Que ele era um aedo cego nascido especificamente em Quios ou em outro lugar da região e se chamava Homero, 
porém, não tem qualquer comprovação histórica. A autoria dos poemas homéricos que permanece ‘quaestio disputatae’ 
(discussão irresoluta), desde o Período Helenístico, pode ser resumida assim: 
Qual dos poemas é o mais antigo? Teriam sido criadas a partir da união de vários poemas isolados? Seriam a Ilíada e a 
Odisseia obras de um só poeta? Seria "Homero" o nome atribuído a algum poeta anônimo que organizou uma extensa e 
antiga tradição oral? Teria sido "Homero" um poeta genial que simplesmente se baseou em temas da tradição oral de 
diversas épocas? Seriam os dois poemas, como os conhecemos, modificações tardias dos poemas originalmente 
compostos? É indiscutível, no entanto, sua influência sobre toda a literatura ocidental. A Eneida, de Virgílio (-30/-19), 
Os Lusíadas, de Camões (1572) e o Ulisses, de Joyce (1921) são apenas alguns dos numerosos exemplos de influência 
direta. 
 
Os Gêneros Literários da Antiguidade Clássica Grega 
Poesia épica 
Cantada por gerações inumeráveis de poetas cantores, os ‘aedos’, discutida por Filósofos como Platão, a obra homérica 
representa uma potente memória da nação grega. 
Naquele momento, a poesia grega não era o que atualmente chamamos de "poesia". Não havia rimas e sim uma 
estruturação do verso em sílabas longas e breves, de tal modo que a declamação adquiria uma musicalidade muito 
própria à língua grega. 
E os versos eram sempre acompanhados de música, pois para os gregos a poesia e a música andavam sempre juntas. 
• Homero (séc. VIII a.C.) - Ilíada, Odisseia. 
• Hesíodo (c. 700 a.C.) - Teogonia, Os Trabalhos e os Dias. 
 
A Odisseia 
Segundo Janko, 1982, a Odisseia foi composta, possivelmente, entre 743 e 713 a.C., alguns anos depois da Ilíada. O título 
do poema deriva do nome do principal protagonista, Odisseu, herói grego mais conhecido entre nós pelo nome romano,Ulisses. 
Enquanto a Ilíada é uma história de guerra, a Odisseia é basicamente uma história de viagens fantásticas. Nela, 
[Homero] relata as aventuras de Odisseu após a Guerra de Troia. Durante dez anos o herói tenta retornar a Ítaca, seu 
reino, onde o aguardam ansiosos o pai Laerte, a esposa Penélope e o filho Telêmaco; numerosas aventuras, porém, 
retardam sua volta. Em Ítaca, a esposa (Penélope) e o filho (Telêmaco) são constantemente pressionados por 
pretendentes ao trono e à esposa de Odisseu, tido como desaparecido. 
O poema começa no vigésimo ano de sua partida para Troia (dez anos de guerra, mais dez anos de viagens), e as 
aventuras dos anos anteriores são contadas pelo próprio Odisseu. No final, é claro, Odisseu consegue retornar ao lar e à 
família, matar todos os pretendentes e recuperar seu reino. 
 
A poesia lírica 
Esta forma literária nasceu da fusão do poema épico com o instrumento que a acompanhava, a lira. As formas foram 
então se diversificando; variedades e novas técnicas surgiram, como: a ode, a elegia, os epitáfios, as canções, as baladas 
e outras mais que se desenvolveriam posteriormente como o soneto e o madrigal. 
A primeira característica da poesia lírica é a maior liberdade quanto ao número de sílabas dos versos. Ela também foi de 
grande influência sobre a poesia dramática, que se apresentava com duplo caráter: épico e lírico (objetivo/subjetivo) 
 
Hesíodo 
Hesíodo (gr. 'HσÍοδος) é o mais antigo poeta grego no início do Período Arcaico. A sua obra poética pode ser 
considerada como poesia épica. Na Antiguidade, Hesíodo era tão considerado quanto Homero. 
Através de “Os Trabalhos e os Dias”, sabe-se que ele viveu em Ascra, na Beócia, no final do século - VIII ou início do 
século - VII (c. -700), período de crise agrícola e social. Filho de um imigrante de Cime, na Ásia Menor, que se tornou 
agricultor e vivia com dificuldade em uma pequena propriedade rural próxima do Monte Hélicon. 
 
Rapsodo (em grego clássico ραψῳδός / rhapsôidós) é o nome dado a um artista popular ou cantor que, na antiga 
Grécia, ia de cidade em cidade recitando poemas (principalmente epopeias). 
 
As características da Poesia Épica Latina 
Virgílio = Uma epopeia por encomenda 
Bucólicas (poema pastoril) e Geórgicas (poema agrícola) haviam dado fama a Virgílio. Por isso, o imperador Augusto 
encomendou-lhe a composição de um poema épico que cantasse a glória e o poder de Roma. Um poema que rivalizasse 
e, quiçá, superasse Homero, e também que cantasse, indiretamente, a grandeza de César Augusto. 
Assim, Virgílio elaborou um trabalho que, além de labor linguístico e conteúdo poético, é também propaganda política. 
Eneida: Muitos episódios na Eneida, que narra um tempo mítico, têm uma correspondência síncrona com a atualidade 
de Augusto. Por exemplo, o escudo de Eneias, simbolizado a batalha do Ácio, quando Ótavio Augusto derrotou Marco 
Antônio em 36 a. C. e a previsão de Anquises , no Hades, sobre as glórias de Marcelo, filho de Otávia, irmã do imperador. 
Composta por 12 cantos, num total de 9826 versos, a Eneida, a maior obra do poeta Virgílio (Publius Virgilius Maro, 70-
19 a.C.) é considerada, simultaneamente, uma obra de tom mitológico e histórico. 
Mitológico, porque narra a história do herói Eneias, utilizando-se de lendas tradicionais do povo romano. 
Histórico, porque utiliza este argumento para exaltar Roma e Augusto, procurando valorizar tanto os feitos do 
imperador quanto os feitos mais remotos do seu povo. 
Desta forma, o poeta conseguiu realizar a tarefa que Augusto lhe incumbira, compondo a epopeia latina por excelência, 
capaz de equiparar-se à Ilíada e à Odisseia, consagradas epopeias homéricas. 
Todavia, esta não era a única preocupação da Eneida: Virgílio procurou retratar, também, os valores e virtudes que 
fundamentavam a sociedade latina, fazendo, assim, uma síntese das correntes de pensamento em difusão em Roma, e 
as práticas religiosas que prevaleceram de 44 a.C. a 14 d. C., época de Augusto, considerada a de maior prosperidade 
para a religião romana. 
 
A Poesia Trágica Grega - A poesia lírica na Grécia antiga 
A poesia lírica 
A poesia lírica foi a expressão literária mais marcante do Período Arcaico, ligada diretamente ao desenvolvimento social 
da pólis e ao florescimento cultural que acompanhou o processo de migração grega para a Ásia Ocidental e para as ilhas 
do Egeu. A qualificação "lírica", usada até hoje, foi criada durante o Período Helenístico; na época clássica era 
correntemente usada a palavra "mélica" (gr. μελικn), que vem de μελος, "canto acompanhado de música", de onde se 
formou a palavra portuguesa melodia. 
Recorria-se também com frequência à palavra "ode" (gr. wιδn), que significa canto. Havia dois tipos principais: a lírica 
monódica, declamada em geral pelo próprio poeta acompanhado pela música de um só instrumento (a lira, por exemplo); 
e a lírico coral, apresentada por um coro, com ou sem acompanhamento musical. 
Os mais importantes viveram entre a primeira metade do século -VII e a primeira metade do século -V, nas primeiras 
décadas do Período Clássico. Segundo os eruditos alexandrinos, havia um cânone de nove poetas líricos, cujos nomes 
foram conservados pela Antologia Palatina (AP 9.571): Álcman, Alceu, Safo, Estesícoro, Píndaro, Íbico, Anacreonte, 
Simônides, Baquílides. Muitos outros poetas importantes têm sido estudados e divulgados nos últimos anos, graças a 
descobertas papirológicas. Com exceção das odes triunfais de Píndaro e de Baquílides, no entanto, somente uns poucos 
poemas completos e outros tantos fragmentos chegaram até nós. 
A Elegia 
É uma das formas mais antigas. Conservou fortes ligações com a poesia épica, sua antecessora, e deve ter sido em sua 
origem um canto litúrgico acompanhado de música para, entre outras coisas, enterros e banquetes fúnebres. O metro 
utilizado era o dístico elegíaco. Havia vários tipos de poesia elegíaca: a elegia guerreira, a elegia amorosa, a elegia 
moral e filosófica, e a elegia gnômica. O declamador era, em geral, acompanhado por um tocador de aulos. Entre os 
principais representantes estão Calino de Éfeso, Tirteu de Esparta, Mimnermo de Cólofon, Sólon de Atenas e Teógnis de 
Mégara. 
O Lambo 
A poesia iâmbica é também bastante antiga e se caracterizava pelo tom pessoal, pela alegria de viver e pela sátira, o 
que a distancia significativamente da poesia épica. O acompanhamento habitual era também o aulos; esse gênero, no 
entanto, nem sempre era apresentado com acompanhamento musical. O metro mais usado era o trímetro iâmbico, 
embora nas sátiras em geral também se usasse o dístico elegíaco com certa frequência. Principais representantes: 
Arquíloco de Paros, Semônides de Amorgos e Hipônax de Éfeso. O mais antigo e o mais considerado pelos antigos foi 
Arquíloco. 
A canção 
A poesia cantada com acompanhamento musical, também conhecida por ode ligeira e mélica, muitas vezes se confunde 
com a própria denominação genérica "lírica monódica". Os poetas mélicos cantavam principalmente o amor e os prazeres 
da vida e, além de cantar, tocavam geralmente também o bárbitos, instrumento semelhante à lira, mas com sete cordas 
ao invés de quatro. A métrica desses poemas era muito variada e habitualmente característica de cada autor. Os versos 
eram agrupados em estrofes[1] e cada tipo de estrofe recebeu, em geral, o nome do poeta que a utilizava: sáfica (Safo 
de Lesbos), alcaica (Alceu de Mitilene), e anacreôntica (Anacreonte de Teos). 
 
Elementos Essenciais da Tragédia Grega 
Hybris- Sentimento que conduz os heróis da tragédia à violação da ordem estabelecida através de uma ação ou 
comportamento que se assume como um desafio aos poderes instituídos (leis dos deuses, leis da cidade, leis da família, 
leis da natureza). 
Pathos- Sofrimento, progressivo, do(s) protagonista(s), imposto pelo Destino (Anankê) e executado pelas Parcas (Cloto, 
que presidia ao nascimento e sustinhao fuso na mão; Láquesis, que fiava os dias da vida e os seus acontecimentos; 
Átropos, a mais velha das três irmãs, que, com a sua tesoura fatal, cortava o fio da vida), como consequência da sua 
ousadia. 
Ágon - Conflito (a alma da tragédia) que decorre da hybris desencadeada pelo(s) protagonista(s) e que se manifesta na 
luta contra os que zelam pela ordem estabelecida. 
Anankê- É o Destino. Preside às Parcas e encontra-se acima dos próprios deuses, aos quais não é permitido desobedecer-
lhe. 
Peripécia- Segundo Aristóteles, "Peripécia é a mutação dos sucessos no contrário". Assim, poderemos considerar um 
acontecimento imprevisível que altera o normal rumo dos acontecimentos da ação dramática, ao contrário do que a 
situação até então poderia fazer esperar. 
Anagnórise (reconhecimento)- Segundo Aristóteles, "o reconhecimento, como indica o próprio significado da palavra, é 
a passagem do ignorar ao conhecer, que se faz para a amizade ou inimizade das personagens que estão destinadas para 
a dita ou a desdita." Aristóteles acrescenta: "A mais bela de todas as formas de reconhecimento é a que se dá juntamente 
com a peripécia, como, por exemplo, no Édipo." O reconhecimento pode ser a constatação de acontecimentos acidentais, 
trágicos, mas, quase sempre, se traduz na identificação de uma nova personagem, como acontece com a figura do 
Romeiro no Frei Luís de Sousa. 
Catástrofe- Desenlace trágico, que deve ser indiciado desde o início, uma vez que resulta do conflito entre a hybris 
(desafio da personagem) e a anankê (destino), conflito que se desenvolve num crescendo de sofrimento (pathos) até ao 
clímax (ponto culminante). Segundo Aristóteles, a catástrofe "é uma ação perniciosa e dolorosa, como o são as mortes 
em cena, as dores veementes, os ferimentos e mais casos semelhantes." 
Katharsis (catarse)- Purificação das emoções e paixões (idênticas às das personagens), efeito que se pretende da 
tragédia, através do terror (phobos) e da piedade (eleos) que deve provocar nos espectadores. 
 
A tragédia, a mais antiga obra literária representada por atores em espaço especializado, o teatro, é um dos mais 
importantes gêneros literários legados pela Grécia Antiga. Do século -IV em diante, a tragédia entrou em franco declínio 
e só iria recuperar parte de seu antigo esplendor dois milênios depois - mas as obras de Shakespeare (1564/1616), de 
Racine (1639/1699) e de outros autores são, na realidade, formas evoluídas da tragédia. 
“Ter inventado a tragédia é um glorioso mérito, e esse mérito pertence aos gregos”. (ROMILLY, 1998) 
O gênero trágico, em sua forma mais pura, só subsiste na obra dos três grandes poetas atenienses: 
Ésquilo (-525/-456) Busto de Ésquilo, Museus Capitolinos, Roma. Sófocles (-496/-405), Eurípides (-485/-406) 
ATENÇÃO: Das oitenta tragédias compostas por Ésquilo restam-nos, desgraçadamente, apenas sete; das cento e vinte 
de Sófocles, temos igualmente apenas sete; dentre as oitenta obras dramáticas de Eurípides, somente dezessete 
tragédias e um drama satírico sobreviveram. 
 
Os Grandes Tragiógrafos Gregos - Uma divertida introdução à arte grega 
 
Ésquilo: foi o primeiro a elevar de um para dois o número dos atores; diminuiu a importância do coro e fez do diálogo 
protagonista” (Aristóteles, Po. 1449 a.15). O mais antigo dos poetas trágicos cuja obra chegou até nossos dias. Aristóteles 
sustentava que foi ele o verdadeiro criador da tragédia ática e, para os atenienses, era uma verdadeira instituição. 
Embora somente tragédias inéditas fossem habitualmente admitidas nos festivais de Atenas, depois da morte de Ésquilo 
suas obras eram frequentemente reapresentadas — às custas da cidade — e chegaram a ser premiadas várias vezes nos 
concursos. As mais importantes fontes de informações sobre a vida de Ésquilo são a ‘Vita anônima’. Sabe-se de certo 
apenas que nasceu em -525 em Elêusis, perto de Atenas, e que morreu em -456 na Sicília, em Gela. 
Era provavelmente de família aristocrática e seu pai chamava-se Eufórion. Segundo a tradição, lutou contra os persas 
em Maratona (-490) e em Salamina (-480). Já em vida, seu prestígio era grande. A tradição registra pelo menos duas e 
talvez três viagens à Sicília, sede de algumas das mais poderosas poleis da época, para apresentar suas peças: a primeira 
em -476/-475, a segunda provavelmente entre -471 e -456 e, com certeza, lá estava ele em -456, quando morreu. Seu 
túmulo tornou-se local de peregrinação e, em meados do século -IV, uma estátua sua foi colocada no centro do teatro 
de Dioniso, em Atenas. Ésquilo reduziu a primitiva importância do coro e acrescentou um segundo ator, tornando possível 
o diálogo entre os personagens e a ação dramática. É provável que tenha também introduzido aperfeiçoamentos no 
vestuário e nos cenários, a julgar pela dificuldade técnica de algumas de suas encenações. 
Aristófanes: Em As Rãs, comédia representada em -405, Aristófanes compara Ésquilo e Eurípides, com vantagem para o 
primeiro. Apesar do tom jocoso, várias características da obra esquiliana são reconhecidas e mencionadas. É um raro 
testemunho da impressão que o poeta causou naqueles que viveram (quase) em sua época. 
Sófocles: Sófocles, o segundo dos poetas trágicos canônicos, foi ainda em vida o mais bem sucedido autor de tragédias 
do século -V. Consta que obteve o maior número de vitórias nos concursos dramáticos de Atenas. Os atenienses 
veneravam Ésquilo e compreendiam apenas em parte Eurípides; mas amavam Sófocles apaixonadamente. Desde sua 
primeira vitória, aos 28 anos, Sófocles foi festejado e homenageado como o maior dos poetas trágicos. De acordo com a 
tradição biográfica, participou ativamente da vida pública de Atenas. Nasceu perto de Atenas, em Colono, por volta de 
-496; era de família abastada, mas não aristocrática; o pai chamava-se Sófilos. Viveu sempre em Atenas e lá morreu, 
nonagenário, em -406/-405. Era bem apessoado e afável; consta que foi amigo de Péricles e de Heródoto e que Íofon, 
seu filho, e Áriston, seu neto, foram tragediógrafos de renome. Diz-se que, meses antes de sua morte, ao saber que 
Eurípides morrera, vestiu o coro de preto e, em lágrimas, deu ao público a notícia. 
Características da obra 
A poesia de Sófocles é simples e elegante, nobre mas sem pompa; algumas das mais belas linhas da poesia grega são de 
sua autoria. O personagem sofocliano é um ser humano ideal, dotado dos mais elevados atributos humanos. Seu caráter, 
habilmente delineado pelo poeta, frequentemente contrasta com o de outros personagens. Como se costuma dizer, ao 
teocentrismo de Ésquilo opunha-se o antropocentrismo de Sófocles. Das tragédias sobreviventes, apenas o Filoctetes 
pôde ser datado com precisão. Note-se que Édipo Tirano é mais conhecida pela tradução incorreta, Édipo Rei. Édipo Rei 
(mais corretamente: Édipo Tirano) — de Sófocles é, entre nós, a mais célebre e a mais representada das tragédias gregas. 
Tanto o filósofo Aristóteles, na Antiguidade, quanto os dramaturgos franceses do século XVII consideravam-na a mais 
bem construída das tragédias gregas. 
Saiba mais: A data exata desta tragédia de 1530 versos não é conhecida; estima-se a primeira apresentação entre -429 
e -425. Sabe-se que Sófocles foi contemplado em segundo lugar no concurso dramático e que o primeiro lugar coube a 
um certo Filocles, possivelmente sobrinho de Ésquilo. Na poderosa cidade de Tebas reinavam Édipo, o matador da 
Esfinge, e a rainha Jocasta. Diante de uma grave epidemia, o rei consulta o Oráculo de Delfos e descobre que a causa 
da peste é a presença na cidade do desconhecido assassino de Laio, rei anterior e primeiro marido de Jocasta. 
Ao investigar a morte do antigo rei, ocorrida anos antes, Édipo acaba descobrindo que Laio era seu pai; que ele, Édipo, 
o havia matado e que estava, portanto, casado com a própria mãe. Jocasta, desesperada, se mata; Édipo cega a si 
mesmo e parte para o exílio. 
 
Medeia: A tragédia Medeia foi representadapela primeira vez nas Dionísias Urbanas de -431, ano em que começou a 
Guerra do Peloponeso. Nesta tragédia, Eurípides nos transmitiu um dos mais interessantes e mais emocionantes retratos 
das forças antagônicas que governam a alma humana. Medeia, a personagem principal, luta com todas as forças e todas 
as armas contra as adversidades que a acometem. Jasão e Medeia, expulsos de Iolco após a morte de Pélias, vivem agora 
em Corinto com seus dois filhos. O rei de Corinto, Creonte, convence Jasão a abandonar Medeia e se casar com sua filha; 
para tanto, expulsa Medeia e os dois filhos da cidade. Egeu, rei de Atenas, concede asilo a Medeia, mas a feiticeira 
decide se vingar de Jasão. Primeiro, através de um ardil, mata Creonte e a filha dele; a seguir, mata os próprios filhos 
e foge, finalmente, em um carro alado cedido pelo deus Hélio, seu avô. 
A imitação trágica. J.P. Vernant, em seus estudos sobre tragédia, diz que seu domínio próprio: “situa-se nessa zona 
fronteiriça em que os atos humanos articulam-se com as potências divinas... pode bem continuar a escrever peças, 
inventando ele mesmo a trama segundo um modelo que crê conforme às obras de seus grandes predecessores...” , mas 
não haverá mais o especificamente trágico após essa época. 
 
Aristóteles: No século III a.C, Aristóteles, na Poética, texto cuja intenção é expor a essência da tragédia, irá defini-la 
como uma arte (téchne) entre muitas outras, e sendo a arte, imitação (mímesis), diz: “... A tragédia é imitação de uma 
ação nobre e completa (práxeos spoudaías kaì teleías) tendo uma certa grandeza (mégethos). A imitação de uma ação é 
mito (mýthos). Nomeio mito (mýthos) a síntese de ações (sýnthesin tôn pragmáton); nomeio caráter (éthe) as ações que 
permitem que qualifiquemos aqueles que agem; e afinal, digo que pensamento (diánoian) é o que nas palavras ditas traz 
um exposto ou exprime um conhecimento (gnómen) ...”. A palavra teatro tem derivação dos verbos theatrídzo (expor 
para todos verem, daí, expor em cena) e theáomai (contemplar). O substantivo theatós significa o que é visível, digno 
de ser contemplado. 
Nesta aula, você: 
- Compreendeu a criação da literatura grega antiga com a Odisseia e a Ilíada, de Homero, e a épica latina. 
- Aprendeu os significados e as características principais da poesia lírica grega e latina. 
- Analisou aspectos da tragédia na Grécia. 
 
QUESTIONÁRIO 
1. Virgílio, famoso escritor foi considerado ainda em vida como o grande poeta romano clássico, e expoente da 
literatura latina. Seu trabalho foi uma vigorosa expressão das tradições de uma nação que urgia pela afirmação 
histórica. Entre suas obras está “bucólicas". Indique a temática prevalecente desta obra: 2) Expressão campestre. 
 
2. A poesia Lírica nasceu da fusão do poema ‘épico’ com o instrumento que a acompanhava, a lira. As formas foram 
então se diversificando; variedades e novas técnicas surgiram, como: a ode, a elegia, os epitáfios, as canções, as 
baladas e outras mais que se desenvolveriam posteriormente como o soneto, e o madrigal. Nesta perspectiva, em 
pleno período arcaico grego encontra-se a poesia "Ode à bem amada". Indique entre as opções sua autoria: 2) Safo. 
 
3. A ilíada narra uma guerra entre duas cidades gregas. Um conflito de orgulho e de honra de um marido traído pelo 
rapto de sua esposa. Dentre os personagens da Ilíada, como você descreveria o seu herói máximo? 
4) Um guerreiro audacioso: filho de uma deusa com um mortal, entretanto morre com uma flecha no calcanhar. 
 
4. Quais foram os grandes poetas trágicos da Grécia? 4) Ésquilo, Sófocles e Eurípides 
 
 
Aula 4 
A Filosofia Grega 
Na Grécia antiga, em torno do século VI A.C, nascia uma forma de pensar e agir que modificou a história da humanidade. 
Trata-se da Filosofia grega, originária em Atenas, em contraste com o “pensamento mítico “e suas explicações do 
universo cósmico e social na Grécia antiga, até então, regras para a convivência social na sociedade arcaica. 
Neste sentido, a Filosofia representa a causa das profundas mudanças sociais ocorridas em consequência de sua recepção 
pela sociedade grega, mas ao mesmo tempo, é a consequência de processos sociais e culturais, verdadeiras metamorfoses 
na mentalidade grega que abandonava definitivamente a fase arcaica. 
Então, como explicar o surgimento e a função do pensamento filosófico? Quais foram as relações entre o pensamento 
racional e o mítico? “Uma sociedade é um sistema de relações entre homens, atividades práticas que se organizam no 
plano da produção, da troca, do consumo, em primeiro lugar, e depois em todos os outros níveis e em todos os outros 
setores. E na concretude de sua existência, os homens também se definem pela rede de práticas que os ligam uns aos 
outros e da qual eles aparecem, em cada momento da história, ao mesmo tempo como autores e como produtos”. 
(VERNANT, 2002, p.54). 
Entre os estudiosos deste fenômeno está Jean-Pierre Vernant (1914-2007). Ele enfatizou em seus estudos a questão das 
condições históricas que possibilitaram o nascimento da Filosofia; este ‘milagre’ evolutivo, um fenômeno ímpar entre as 
sociedades antigas. Além disso, ele irá influenciar o pensamento moderno, convencido erroneamente de que o 
pensamento filosófico fora a derrocada do mito e da religião na sociedade grega. 
Vernant iniciou suas pesquisas sobre a antiguidade grega buscando reformular as bases sobre quais eram colocadas a 
questão sobre a emergência do pensamento racional no âmbito da cultura grega antiga. Até então, ela era colocada 
sobre o signo do “milagre grego”, no qual a irrupção do pensamento racional era vista como manifestação da genialidade, 
sendo expressão do espírito, de uma capacidade completamente nova que não possuiria pontos de contato com a 
materialidade religiosa, mítica, pré-lógica que a teria antecedido. A ideia de milagre reforçava a concepção de mudança 
abrupta que não guardaria relações com as condições sociais, econômicas e políticas. Assim, o milagre grego não seria a 
contrapartida de condições sociais objetivas, mas um fenômeno vindo de fora das relações sociais concretas. Era a 
racionalidade grega vista como manifestação de um espírito absoluto, existente fora da história, de suas lutas reais e 
concretas, que se manifestava pelos homens e não como uma criação sua. Foi essa explicação a-histórica da irrupção do 
racionalismo grego que Vernant buscou reformular em seu trabalho “As Origens do Pensamento Grego”, pois para ele a 
história do espírito não seria uma história puramente individual, nem uma história no ar: ela teria raízes na vida material 
e social dos homens, excluindo tanto o acaso quanto a predestinação. Segundo Vernant, a racionalidade grega, como se 
manifestou no período clássico, não poderia ser tomada como obra de um espírito metafisico e histórico que existisse 
fora das relações humanas, mas sim como uma obra humana. 
 
Periodização da Filosofia Grega na Antiguidade: Neste sentido, a Filosofia como forma de pensamento histórico pode 
ser objeto de uma investigação material, em forma de cronologia, que estabeleça os passos de seu desenvolvimento e 
seus principais atores: os filósofos. 
1º Período: Pré-socrático 
O primeiro período (-600/-400) é marcado pela reflexão sobre a estrutura do mundo natural pelo desenvolvimento da 
argumentação filosófica. Ou cosmologia (cosmos = mundo racionalizado, a natureza entendida como conjunto de leis 
que regem a realidade. Sua interpretação através dos fenômenos ‘naturais’ é chamada de Filosofia do mundo ou ciência 
do mundo). A reflexão sobre a origem e a organização do universo é denominada Cosmologia (do gr. κoσμος, "ordem"). 
Os filósofos pré-socráticos, os mais antigos pensadores a lidar com esse tema, procuravam um princípio lógico e racional 
que explicasse como a s coisas surgem e desaparecem ciclicamente enquanto a Natureza permanece a mesma, e 
acreditavam que esse "elemento" atuava tantono mundo físico como nos seres humanos. 
 
A Cosmologia e Civilização Gregas 
Os gregos antigos começaram a desenvolver o ‘método científico’ de investigação. A ciência passou a ter uma forte 
conotação experimental e o cientista passou a ser um investigador. Como vimos anteriormente, por Vernant, vários 
fatores culturais e históricos específicos presentes na civilização grega permitiram que o método científico pudesse se 
instalar entre os filósofos da Grécia antiga. Podemos destacar alguns destes fatores: 
1. A estrutura da ‘ecclesia’ que permitia um ‘Fórum’ Social de franca discussão. 
2. Economia marítima desenvolvida pelos gregos evitava o isolamento e o provincianismo o tempo todo, assim a 
sociedade grega dispunha de influências multiculturais. 
3. A difusão da língua grega que propiciava aos eruditos e cientistas gregos, grande circulação pelo mundo ao redor. 
 
Embora a filosofia tenha nascido e se desenvolvido nas prósperas ‘Poleis’ (Cidades-Estado), localizadas fora do continente 
grego, o mais importante personagem da Filosofia Grega foi o ateniense Sócrates (469/-399). Ele foi contemporâneo do 
político Péricles, do poeta trágico Eurípides e do médico Hipócrates de Cós. Sua contribuição à Filosofia foi tão 
importante que é costume dividir historicamente os pensadores gregos em "pré-socráticos" e "pós-socráticos". Seguem-
se os filósofos pré-socráticos mais destacados: 
1) Os Pitagóricos: 
Por ter sido um filósofo da fase não escrita da história da Filosofia grega, Pitágoras e seus seguidores, os pitagóricos, 
estão envolvidos em tamanha quantidade de lendas que é muito difícil separar a realidade do mito. 
O pentagrama era o símbolo da Escola Pitagórica. Independentemente de provarmos ou não a sua existência histórica, 
destaca-se a importância do "pitagorismo": A doutrina desenvolvida no final do século VI constituída por um complexo 
amálgama de números, matemática e música, misticismo e cosmologia, e ética. 
Nome: Pitágoras de Samos - Nasceu: no V° século a.C o "mais hábil filósofo grego" (Hdt. 4.95), é considerado o fundador 
do pitagorismo. - Cidade natal: Pitágoras nasceu c. -570 em Samos, no litoral da Ásia Menor; seu pai era Mnesarco, um 
mercador fenício, e sua mãe era samiana. - Discípulo: de Ferécides de Siros (D.L. 1.118), de acordo com Diógenes Laércio. 
- Vida: Consta, finalmente, que emigrou entre -540 e -522 para a cidade de Crotona, na península italiana, por discordar 
da tirania de Polícrates. - Dedicação: Dedicou-se também à matemática e à teoria musical. 
Morreu: No fim da vida, desentendimentos políticos obrigaram-no a emigrar para Metaponto, ao norte de Crotona, onde 
morreu por volta de -495. 
A confraria pitagórica: Ele criou uma confraria ou irmandade em Crotona que reunia cerca de trezentos jovens, que 
viviam separadamente dos outros cidadãos e mantinham os bens em comum. A irmandade era aparentemente um "clube" 
de pessoas que cultivavam um estilo de vida particular e exclusivo, com seus rituais e segredos. 
Exercícios físicos, música e estudos referentes à teoria musical e à matemática, assim como sua aplicação à natureza do 
Universo, aparentemente também faziam parte do "currículo". 
Atribuía-se aos números um significado místico e, para eles, a τετρακτύς, "número quaternário" (o número 10, formado 
pela adição dos quatro primeiros números: 1+2+3+4) era o fundamento de todas as coisas. 
A despeito de algumas oposições nem sempre pacíficas, os discípulos e seguidores de Pitágoras continuaram difundindo 
sua doutrina e desenvolvendo atividades políticas em várias cidades do sul da Itália até fins do século -IV, pelo menos. 
Diversos tratados sob o nome de Pitágoras restaram até os nossos dias, mas sua autenticidade é discutível. 
 
2° Período: Socrático 
Este segundo período no desenvolvimento da Filosofia grega é marcado pela descoberta antropológica. Da Natureza 
Cósmica para a Humana. O princípio de Delphos (“Conhece-te a ti mesmo! ”) Torna-se uma técnica de conhecimento e 
de ação ética (a maiêutica) da recuperação do conhecimento (“Sei que nada sei”). 
A. SÓCRATES: 
Nascido em Atenas, no século V. O pai, Sofronisco, escultor; a mãe, Fenarete, parteira. Na juventude, esteve interessado 
na Filosofia da Natureza e chegou a estudar algum tempo com Arquelau (séc. -V), discípulo de Anaxágoras de Clazômenas 
(-500/-428). Lutou bravamente na Guerra do Peloponeso em Potideia (-432/-430), Délio (-424) e Anfípolis (-422). Em 
423, com mais de quarenta anos, Sócrates já figura popular em Atenas, tanto que Aristófanes fez sua caricatura em As 
Nuvens. Feio e de pequena estatura tinha, porém, a mente aguçada, lógica e analítica. Argumentador rigoroso, bem-
humorado, costumava submeter todos os que se dispunham a ouvi-lo a uma série de perguntas muito bem dirigidas até 
chegar a uma conclusão satisfatória que, em geral, punha em relevo a fragilidade das opiniões de seus interlocutores (o 
método maiêutico). Em 399, acusado de não cultuar os deuses da cidade e corromper a juventude, foi julgado e 
condenado à morte. Bebeu cicuta, veneno usado em Atenas nas execuções, diante de amigos e discípulos. 
Pensamento e obra: Platão, Xenofonte e a caricatura de Aristófanes são nossas únicas fontes, pois Sócrates nada 
escreveu. O princípio socrático era "só sei que nada sei". Ele acreditava que a virtude e os mais altos valores éticos 
estavam profundamente arraigados no inconsciente das pessoas e comparava seu trabalho de "extrair" as ideias ao de 
uma parteira (maiêutica socrática). 
A Cidade e o Templo de Delphos: Para que seus interlocutores recuperassem o conhecimento "adormecido" e 
abandonassem as ideias falsas, recorria à ironia: alegando nada saber, conduzia habilmente o interlocutor até que ele 
mesmo, refletindo, chegasse à conclusão correta. Para Sócrates, o conhecimento conduz naturalmente à sabedoria. 
Mas a injustiça e a maldade eram apenas o resultado da ignorância; o mal nada mais era que a falta de conhecimento 
do bem (tema retomado séculos depois por Santo Agostinho em “Confissões”). Durante o século -IV, o desenvolvimento 
e a popularização da filosofia alcançam o seu apogeu. 
 
B. A Filosofia de Platão e de Aristóteles 
No século IV surgem as duas maiores figuras do pensamento grego: Platão e Aristóteles. Neste período, a Filosofia se 
organiza em torno de Instituições escolásticas. Platão funda a Academia e Aristóteles o Liceu, um marco na história da 
educação. Platão foi, certamente, o mais importante dos discípulos de Sócrates. 
1) Doutrina Platônica: O Mundo das Ideias 
Segundo Platão, toda a realidade é mutável, ela "flui". O mundo dos sentidos está sujeito à corrosão do tempo. Ao mesmo 
tempo, tudo é formado a partir de uma forma eterna e imutável. Desta dimensão de mudança (meta-morfose=mudança 
de forma) causada pelo tempo, ele extrai ‘a essência’ (ousia) das coisas. A universalidade de tudo, os elementos em 
comum. Apesar das coisas não serem exatamente iguais, existe algo que é comum a todos, algo que garante que nós 
jamais teremos problemas para reconhecer algo, a verdadeira forma das coisas é eterna e imutável. A Filosofia garante 
que entre as coisas singulares e mutáveis existe um denominador comum, fundamento estável. 
Ele postula a partir desta afirmação a possibilidade que as coisas na ‘Natureza’ tenham uma origem comum: que "por 
cima" ou "por trás" de tudo o que vemos à nossa volta há um número limitado de formas. Platão as nomeou As Ideias. 
Por trás de todos as coisas (humanas ou não) existe a "ideia, uma forma de matrix”. Fonte de identidade entre a 
diversidade de formas existentes. Platão pleiteava uma realidade autônoma por trás do mundo dos sentidos. A esta 
realidade ele deu o nome de mundo das ideias. Nele estão as "imagens padrão", as imagens primordiais, eternas e 
imutáveis, que encontramos na natureza. Esta concepção é chamada por nós de a Teoria das Ideias de Platão. 
Dualismo cognitivo de Platão - Para Platão, a realidadeera composta por dois níveis 
1) O mundo dos sentidos: Paladar/boca, Tato/pele, Visão/olhos, Olfato/nariz, Audição/ ouvidos 
Que nos fornece, pelos nossos cinco sentidos, a impressão das coisas, um conhecimento aproximado ou imperfeito. Neste 
mundo dos sentidos, tudo “flui” e, consequentemente, nada é perene, as coisas simplesmente surgem e desaparecem. 
2) O mundo das ideias: É a fonte de conhecimento seguro (racional e científico). Este conhecimento tem como fonte o 
uso de nossa razão, e não pode ser conhecido através dos sentidos. 
Nestas perspectivas, as coisas são conhecidas por suas ideias (ou formas), que são eternas e imutáveis. 
Segundo Platão, a filosofia era o conhecimento das ‘essências’ das coisas, e, portanto, do eterno e imutável. A realidade 
racional e verdadeira pertence ás ideias perfeitas, que estão acima do mundo sensorial. Esta filosofia passou a ser 
denominada pelos estudiosos como ‘Idealismo Platônico’. 
2) Aristóteles: 
Nasceu em Estagira, na Calcídica, em 384 a.C; filho de Nicômaco, médico pessoal de Amintas, rei da Macedônia (393), 
pai de Felipe II (382) e avô de Alexandre III (356). Viveu em Atenas, onde estudou Filosofia na Academia de Platão (367 
e 347 a.C). Permaneceu por três anos em Atarneus (ou Assos), perto de Tróia, juntamente com Teofrasto (371/287) e 
outros ex-alunos da Academia, onde casou-se com Pítias, filha de Hérmias, tirano local e também ex-aluno de Platão. 
Em -345 foi para Mitilene, em Lesbos, onde ao lado de Teofrasto realizou a maior parte de suas famosas investigações 
biológicas. Em 343, aceitou tornar-se preceptor de Alexandre, filho de Felipe II então com 13 ou 14 anos; Nessa época 
ficou amigo de Antípatro, um dos futuros diádocos. Ele permaneceu em ela até -335 na corte macedônica, ocasião de 
coroação de Alexandre. Em 335, construiu uma escola de filosofia, o Lykeios (Liceu) próximo a um bosque consagrado a 
Apolo. Aristóteles dirigiu o Liceu até 323 e depois retirou-se para Cálcis, na Eubeia, morrendo no ano seguinte, -322. 
Aristóteles era um realista, por isso ele refutou a teoria das ideias de Platão, pois para ele, existem apenas seres e 
objetos concretos e reais, que podem ser percebidos pelos sentidos e analisados em termos de forma, constituição, 
construção e finalidade. Platão, ao contrário, afirmava que não existe nada na natureza que não tivesse existido antes 
no mundo das ideias. Para o Estagirita, todas as nossas ideais e pensamentos tinham entrado em nossa consciência 
através do que víamos e ouvíamos. Para ele, as formas estavam dentro das próprias coisas; as formas das coisas eram 
suas características próprias. Aristóteles ressalta o fato de que não existe nada na consciência que ka não tenha sido 
experimentado antes pelos sentidos. Porém, Aristóteles considerava nossa capacidade inata de ordenar em diferentes 
grupos e classes todas as nossas impressões sensoriais. Para ele, a razão era precisamente a característica mais 
importante do homem. Só que nossa razão permanece totalmente “vazia” enquanto não percebemos nada. Uma pessoa, 
portanto, não possui ideias inatas (tabula rasa). Ideia cada vez mais desmentida pelas ciências modernas da cognição. 
 
 
Epicurismo – As ideias de Epícuro 
Epicurismo é o sistema filosófico ensinado por Epicuro de Samos, filósofo ateniense do século IV a.C., e seguído depois 
por outros filósofos, chamados epicuristas. Epicuro propunha uma vida de contínuo prazer como chave para a felicidade, 
esse era o objetivo de seus ensinamentos morais. Para Epicuro, a presença do prazer era sinônimo de ausência de dor, 
ou de qualquer tipo de aflição: a fome, a abstenção sexual, o aborrecimento. Sem ela, a humanidade conseguiria se 
entender na mortificação da carne para a elevação do espírito, baseado na ataraxia que demonstra que o prazer se dá 
no gozo intelectual. A finalidade da filosofia de Epicuro não era teórica, mas sim bastante prática. Buscava sobretudo 
encontrar o sossego necessário para uma vida feliz e aprazível, na qual os temores perante o destino, os deuses ou a 
morte estavam definitivamente eliminados. Para isso fundamentava-se em uma teoria do conhecimento empirista, em 
uma física atomista e em uma ética hedonista. No antigo mundo da zona Mediterrânea, a filosofia epicurista conquistou 
grande número de seguidores. Foi uma escola de pensamento muito proeminente por um período de sete séculos depois 
da morte do fundador. Posteriormente, quase relegou-se ao esquecimento devido ao início da Idade Média, período em 
que se perderam a maioria dos escritos deste filósofo grego. A idéia que Epicuro tinha, era que para ser feliz o homem 
necessitava de três coisas: Liberdade, Amizade e Tempo para meditar. Na Grécia antiga existia uma cidade na qual, em 
um muro na frente de um mercado, tinha escrito toda a filosofia da felicidade de Epicuro, procurando conscientizar as 
pessoas que comprar não as tornaria mais felizes como elas acreditavam. 
 
Aplicando conhecimento 
No dia-a-dia cultura grega ainda exercita forte influência sobre nossa cultura, o olhar e nosso gosto. A começar pela 
admiração que temos pelo conceito político-cultural de democracia. A filosofia grega, em Platão e Aristóteles continuam 
nas prateleiras de nossas livrarias e são temas de cursos em diversas áreas do conhecimento. 
1. A principal característica de um filósofo é: Questionamento 
2. Nas origens da civilização grega havia o conhecimento da realidade através da sabedoria das narrações 
mitológicas. Depois, os gregos irão criar o conhecimento crítico da realidade, denominado por eles, de Filosofia. 
Qual é a etimologia desta palavra? (Memorização). Philos - amizade / Sophia - sabedoria. 
3. Platão, Filósofo Grego das Idéias, foi discípulo de: Sócrates. 
 
 
Aula 5 
 
Nesta aula, estudaremos a história da língua de Homero, dos filósofos e poetas gregos antigos, que já conhecemos das 
aulas anteriores. Não há dúvidas de que essa cultura não terminou seus efeitos a partir do momento em que os gregos 
antigos desapareceram, mesmo depois da conquista dos Romanos. Hoje, graças às ciências, qualquer ambulatório de 
saúde, no mundo inteiro, nos reserva uma memória da língua grega, pois a medicina, como todas as outras ciências, é 
um dicionário da língua grega, com seus termos próprios. 
Por isso, será útil conhecer os rudimentos desse idioma, já que a civilização helênica nos deixou tanta arte e sabedoria 
e que ainda persiste atualmente. Civilização e Língua são congêneres. Somos e permanecemos aquilo que comunicamos 
aos outros. Pois bem, conheçamos essa língua de gente tão interessante e que nos comove até os dias de hoje. 
 
A Língua Grega: Uma Introdução 
"O grego vale apena?" Não, não se você for capaz de fazer essa pergunta. O grego é comunicação com gênios, é uma 
experiência estética, é, para falar simplesmente, fruição (...) (Compilador - séc. V d.C.). 
Com essa questão retórica, iniciamos esta aula sobre a língua dos Gregos, da civilização que inventou a Filosofia, a 
argumentação, a mitologia, e deixou-nos uma extensa lista de vocabulários das ciências, além de inumeráveis 
contribuições estéticas. 
Por isso, vale a pena conhecer as contribuições linguísticas da língua grega para as civilizações modernas, nas quais 
vivemos. Para isso, aprofundaremos as suas características gerais, de ordem filológica, gramatical e semântica. 
I - A posição do grego na família das línguas indo-europeias 
Desde o Renascimento (século XIV), mas especialmente a partir do século passado, o incremento dos estudos clássicos 
mostrou a semelhança entre uma série de línguas diferentes, tanto do ponto de vista do vocabulário, como da morfologia. 
Tomemos como exemplo o termo "pai" em diversas línguas: 
A Hipótese das ‘origens indo-arábicas’: A concordância levou os estudiosos a levantar a hipótese que todas essas línguas, 
que se tornaram diferentes com o tempo, são originárias de um mesmo idioma antigo, que, tradicionalmente,chamamos 
de indo-europeu. 
Inglês=Father Alemão=Vater Latim =Pater Espanhol=Padre Francês=Pére 
Português=Pai Grego=Patér Sânscrito=Pitar 
 
Segundo o Professor Jorge Piqué: “Na verdade, não temos qualquer testemunho escrito direto dessa língua, que deu 
origem a todas as línguas que hoje agrupamos na chamada "família indo-europeia". Portando, o que supomos desse "povo 
indo-europeu" tem como ponto de partida as "línguas-filhas" que conhecemos, principalmente, pelo estudo do 
vocabulário comum. Dessa forma, supõe-se que, antes do V milênio a.C., existia um conjunto de tribos que falavam 
dialetos estreitamente relacionados e que tinham os seguintes traços comuns: praticavam a agricultura, criavam bovinos, 
porcos e carneiros, criavam bovinos, porcos e carneiros. Em relação aos indo-europeus, os estudiosos ainda não 
estabeleceram de forma unânime a localização inicial exata dessas tribos. Uma das possibilidades seria as estepes do 
sul, que hoje é a Rússia, ao norte do Mar Negro. 
 
 
O binômio ‘Migração-conquista’. 
Mas afinal de contas, de que maneira a língua grega, a latina, as neolatinas podem ter algum parentesco com aquelas 
balcânicas? A observação da mobilidade dos povos antigos, caracterizada pela busca de novos territórios de pastagem e 
agricultura, ou climas mais amenos, poderia ser um caminho de explicação? Na tentativa de explicar a origem comum 
dos indo-europeus, propõe-se que, a partir do local de origem, teria havido um grande movimento migratório. 
Talvez por causa de uma seca na região que tornou os pastos cada vez mais escassos, a partir do V milênio a.C., duas 
correntes migratórias principais se dirigiram, uma para o ocidente, até chegar à Península Ibérica e à Grã-Bretanha, e a 
outra, para a Índia. No percurso dessa migração, que durou milênios, foram se desenvolvendo e diferenciando as atuais 
línguas indo-europeias. As tribos indo-europeias, que desceram pela Península Itálica, deram origem aos romanos e à 
Língua Latina, que, por sua vez, em um novo processo de migração e conquista por toda a Europa, deu origem às atuais 
línguas românicas, entre as quais o Português. 
II - Os Dialetos Gregos 
Mas, e a língua dos Gregos, de onde veio? Quais teriam sido as suas origens? Para o Professor Jorge Piqué, duas seriam 
as maneiras de explicar as origens dos diversos dialetos que originam o idioma de Homero, Platão e Alexandre Magno. 
Na primeira hipótese, “As tribos indo-europeias, que desceram pela Península Balcânica, deram origem ao grego”. 
Segundo uma tradicional teoria, os indo-europeus não chegaram à Grécia numa única leva. Foram, na verdade, ondas 
sucessivas de tribos que vinham do Norte, a partir aproximadamente de 2000 a.C., na seguinte sequência: 
mínios aqueus jônios eólios dórios 
Cada conjunto de tribos ao chegar conquistava e forçava a assimilação ou a emigração, e cada um falava uma variante 
diferente do grego, um "dialeto". Como resultado, temos que a Grécia antiga transformou-se em uma verdadeira colcha 
de retalhos de dialetos. Outra possibilidade baseia-se na diferenciação dialetal ocorrida já em território grego. Uma 
mutação desenvolvida pelo contato entre os diversos povos radicados na Península grega. Outra teoria mais recente 
minimiza as ondas sucessivas de tribos como explicação da diferenciação dialetal, que de fato encontramos nos tempos 
históricos. Ela procura explicar essa situação por uma diferenciação dialetal ocorrida já em território grego. 
Assim, o eólico e o dórico não corresponderiam a ondas de tribos eólicas e dóricas que chegaram depois, mas a um 
processo de diferenciação a partir das formas dialetais já existentes na Grécia. De qualquer forma, ambas as teorias 
tentam explicar um fato bem conhecido, que a língua grega por seus primeiros testemunhos escritos se apresenta sob 
múltiplas formas. Cada região, cada cidade, têm um falar próprio. Cada gênero literário tem seu dialeto particular e 
cada autor trata este dialeto de uma maneira especial. (Meillet) Os dialetos locais são agrupados em dialetos regionais 
e estes em grupos de dialetos. 
Grupos dialetais: 1. Jônico-ático 2- Arcado-cipriota 3- Eólico 4- Grupo ocidental (grego do noroeste e dórico) 
 
1 - O dialeto ático: 
Dentre os diversos dialetos em curso, destaca-se, do ponto de vista cultural, o dialeto ático, chamado ático clássico ou 
grego clássico. Esse dialeto, pertencente ao grupo dialetal jônico-ático, é falado na cidade de Atenas. 
Do ponto de vista da Literatura Clássica, este dialeto constitui testemunha da produção extraordinária desse período. 
Foi usado por importantes autores como os seguintes, em verso: Ésquilo, Sófocles, Eurípides, Aristófanes, Menandro, etc. 
na prosa: Tucídides, Xenofonte, Platão, Aristóteles, Isócrates, Lísias, Demóstones, Ésquines, etc. Ou seja, os principais 
textos de História, Filosofia, Oratória, Tragédia e Comédia foram escritos basicamente nesse dialeto. A maioria dos 
cursos de Grego antigo ensina na verdade o ático clássico. 
Além disso, existiam também dialetos literários. Um dialeto além de estar associado a uma determinada região, podia 
estar associado a um determinado gênero literário, independentemente do dialeto falado por seu autor. Assim, por 
exemplo, a poesia lírica de autores como Alceu, Safo, etc., era composta em dialeto eólico. A poesia épica (Homero, 
Hesíodo, etc.) era composta em dialeto jônico, assim como a obra de Heródoto, a poesia de Arquíloco, a filosofia pré-
socrática e os escritos médicos da escola de Hipócrates. 
Na origem da língua grega, em seu desenvolvimento literário, está Homero. Em sua literatura, não encontramos os 
dialetos dos falantes gregos, trata-se de uma “língua especial”, poética. Esse "dialeto homérico" foi utilizado pelos poetas 
líricos que compunham elegias e iambos e, no período helenístico, pela "nova épica", como na poesia de Apolônio de 
Rodes. O dialeto ático desenvolveu-se do jônico e, por isso, apresenta grandes semelhanças, pertencendo ao mesmo 
grupo dialetal jônico-ático. Como Atenas, nos séculos V e IV a.C., tornou-se o principal centro cultural de toda a Grécia, 
o ático falado nesse período, aproximadamente entre 500 e 300 a.C., é tomado como ponto de partida para o estudo do 
Grego antigo. 
 
III. Pequena História da Língua Grega 
A língua grega do período de Alexandre Magno (período helenístico 330 a.C.-330 d.C) experimenta, graças à constituição 
de um novo Império, uma larga difusão na Bacia do Mediterrâneo. Nascia assim o chamado grego ‘Koiné’, uma espécie 
de língua internacional, comum (gr. koiné) a todos. O dialeto Koiné foi na época algo como o latim e o francês já foram, 
e como o inglês é hoje em dia. Esse dialeto foi o veículo para a tradução das escrituras do Velho Testamento feita em 
Alexandria por volta de 280 a.C. por um grupo de setenta eruditos judeus (por isso, essa tradução recebe o nome 
tradicional de Septuaginta). Em referência ao dialeto Koiné, não nos esqueçamos que também o Cristianismo usufruirá 
do mesmo, para, com sucesso, difundir-se por todo o mundo antigo. Todos os livros do Novo Testamento foram escritos 
originalmente também nessa língua comum, o dialeto grego Koiné, justamente para que tivessem a maior divulgação 
possível. Esse é quadro geral do que chamamos de "Grego antigo", uma língua cujos registros escritos vão desde o séc. 
XV a.C. (grego micênico) até o séc. VI d.C. Com o enfraquecimento do Império Romano ocidental, com capital em Roma, 
nascia outra forma de grego, Grego bizantino (o novo centro político e cultural era agora Bizâncio), entre os séculos V 
d.C. e XV, e que era uma espécie de continuação da Koiné. A partir do séc. XVI, com a tomada de Constantinopla (ex-
Bizâncio) pelos turcos em 1453, surge o Grego pouco a pouco moderno, que é o falado até os dias de hoje na Grécia. 
Grego antigo e moderno, portanto, são duas línguas diferentes, no entanto muito parecidas em função de uma originar-
se da outra. 
 
Princípiosda Língua Grega 
1. As diferentes pronúncias do Grego Antigo 
O Humanismo e Erasmo de Rotterdam (1467-1536) - Século XIV 
Quando a cultura clássica foi revalorizada durante o Renascimento europeu no século XIV, a única maneira de aprender 
grego, para ter acesso aos originais, era através de professores gregos, porém não havia métodos de ensino. Havia, no 
entanto, dificuldade na leitura de textos antigos, por questões fonéticas, e uma série de incongruências ao se utilizar a 
pronúncia moderna. 
A dificuldade na leitura de textos gregos antigos só é solucionada por um grande humanista da época, Erasmo de 
Rotterdam, que pesquisou e propôs uma nova pronúncia para substituir a moderna. Mesmo assim, não há, entre os 
estudiosos e professores, consenso sobre isso. 
Duas vertentes caracterizam o ensino da língua de Homero: 
Pronúncia Reconstruída ou Antiga  Pronúncia Erasmiana 
A Pronúncia Reconstruída ou Antiga é atualmente utilizada na Europa e Estados Unidos no ensino do Grego antigo. Assim, 
estamos ainda no final da transição entre duas pronúncias. Enquanto os novos estudantes de Grego antigo aprendem 
diretamente a pronúncia reconstruída, muitos estudiosos e professores ainda usam a pronúncia erasmiana, por força do 
hábito. 
 
Grego moderno X grego antigo 
O grego moderno é, sem dúvida, uma evolução do grego antigo, notadamente do dialeto ático; mas, embora os 
fundamentos sejam os mesmos, está muito distante dele e não serve de base para o estudo do grego antigo. 
Vejamos os primeiros 11 versos do Auto da Barca do Inferno, do português Gil Vicente, datada de 1517: “Á barca, á barca, 
hou lá, que temos gentil maré. Ora venha a caro a ré: feito, feito, bem está. Vae alli muitieramá, e atesa aquelle palanco, 
e despeja aquelle banco, pera a gente que virá. Á barca, á barca, hu! Asinha, que se quer ir” 
Um falante moderno do português, que vive quase 600 anos depois do autor dos versos, conseguirá distinguir as palavras 
de grafia arcaica e até o sentido geral dos versos, mas terá, certamente, dificuldade com palavras e expressões como "a 
caro" ("em frente"), "atesa aquele palanco" ("estica aquela corda") e "asinha" ("depressa"). Imagine, agora, a diferença 
entre um texto em grego moderno e um texto em grego antigo, escrito há mais de 2.500 anos. 
 
Características da língua grega 
A maioria dos conceitos da morfossintaxe portuguesa é aplicável ao grego antigo, haja vista que tanto o português como 
o grego são línguas indo-europeias. Eis algumas características comuns às línguas dessa família: 
1- A quantidade de palavras de forma variável excede, de longe, a das palavras invariáveis; 
2- As palavras variáveis têm radical, onde reside a noção básica, e a desinência, que muda de acordo com a flexão; 
3- A flexão de gênero comporta dois tipos, o animado (masculino, feminino) e o inanimado (neutro); 
4- A numeração é decimal e os numerais menores de "5" têm flexão; 
5- O nome, que identifica seres e objetos, é sempre distinto do verbo, que marca a ação; 
6- Verbos podem ser formados a partir de noções nominais; 
7- O verbo não tem conjugação completa e constante e muitos são constituídos por mais de um radical. 
Quanto mais antiga a língua, mais marcadas são essas características; quanto mais recente, menos marcadas. O grego, 
naturalmente, é exemplo de língua indo-europeia antiga; o português, de língua indo-europeia recente.... 
 
FONEMAS E ESCRITA ALFABÉTICA 
I. Fonemas e escrita alfabética 
Fonética é o estudo dos sons articulados da fala humana; fonema é uma unidade sonora mínima que diferencia uma 
palavra da outra ou uma forma gramatical de outra. 
Assim, nas palavras portuguesas "faz" e "fiz", são os fonemas /a/ e /i/ que permitem o reconhecimento sonoro das duas 
formas verbais. A escrita nada mais é do que "a contrapartida gráfica do discurso" (Diringer, 1985) e envolve, portanto, 
a representação dos sons da fala através de uma série de sinais. 
No fim do século VIII, os gregos adaptaram os sinais inventados séculos antes pelos fenícios e criaram, para seu uso, o 
alfabeto grego. Esse alfabeto, com modificações, é usado até hoje pelos gregos modernos e se tornou a base do alfabeto 
latino usado pela maioria das línguas modernas. 
 
II. Letras e sons 
O alfabeto grego, básico com suas consoantes, vogais e ditongos, é o mesmo para todos os dialetos, uma vez que a 
tradição que transmitiu os textos gregos da Antiguidade até o presente unificou a escrita. Transliteração (= translit., 
tabela) é uma correspondência entre as letras gregas e as letras do alfabeto latino, usada em geral por publicações que 
citam passagens em grego sem usar o alfabeto grego. Note-se que o zeta [Ζ, ζ], embora consoante dupla, é 
tradicionalmente transliterada por uma única letra, "Z, z". Ao longo da história, existiram diversas versões regionais do 
alfabeto grego; a forma atual, com 24 letras, remonta ao ano de 403 a.C., quando os atenienses adotaram oficialmente 
a versão da pólis de Mileto. As letras maiúsculas são as mais antigas; as letras minúsculas, aparentemente criadas pelos 
eruditos bizantinos, começaram a ser utilizadas em manuscritos do século IX em diante. 
No alfabeto grego, são dois sons vocálicos pronunciados na mesma emissão de voz. Em grego, temos basicamente os 
seguintes ditongos: 
 
 
 
O uso do "iota subscrito" nas edições modernas de textos gregos, apesar da forte tradição, é muito artificial e está 
rapidamente caindo em desuso; consequentemente, nessas sinopses não é usado o iota subscrito — o iota é adscrito, 
como em 
No século IV, igualmente, dois ditongos de base breve, -ει- e -ου-, começaram a simplificar-se e acabaram se 
tornando falsos ditongos, pronunciados respectivamente como /e/ fechado longo (= "êê") e como /o/ fechado longo (= 
"ôô"); mas isso praticamente não afetou a escrita. 
 
 
 
 
 
II.2 – Consoantes 
Os sons consonânticos são determinados pela imposição de diferentes tipos de dificuldade à passagem da coluna de ar 
pela cavidade bucal ou pelos lábios. Em nosso caso, interessa agrupar as consoantes de acordo com os seguintes critérios: 
modo de articulação, ponto de articulação, presença de vibrações glotais e presença de ressonância da cavidade nasal. 
Essa produzida pelo abaixamento do véu palatino (os palatos, o "céu da boca"): 
Quanto ao modo de articulação: 
• oclusivas = obstrução completa e momentânea da coluna de ar; 
• espirantes = fechamento parcial da cavidade bucal, com "estreitamento" contínuo da coluna de ar; 
Quanto ao ponto de articulação: 
• labiais = na altura dos lábios; 
•dentais = na altura dos dentes; 
•velares = na altura do véu palatino (também chamadas, impropriamente, de guturais); 
•líquidas = com fechamento parcial, provocado pela posição da ponta da língua, mas a coluna de ar "escorre" 
pelos lados; 
•sibilantes = com fechamento parcial, entre a ponta da língua e a parte da frente do palato duro (som contínuo, 
de atrito); 
Quanto à presença de vibrações glotais: 
• mudas = vibrações ausentes; 
• sonoras = vibrações presentes; 
Quanto à presença ou não de aspiração: • aspiradas 
Quanto à presença de ressonância nasal: • nasais 
 
 
III. O enunciado em grego 
"O enunciado é uma palavra ou um conjunto delas que exprime um pensamento inteiro, acabado" (Murachco, 2001). 
No grego antigo, encontraremos as mesmas classes de palavras do português: 
 
 
 
 
1. Os Traços característicos das sociedades indo-européias são: Nomadismo pastoril- estrutura patriarcal da família- 
gosto pelo saque organização militar. 
2. As tribos indo-européias que desceram pela Península Balcânica deram origem ao: À língua grega. 
3. “Como Atenas, nos séculos V e IV a.C., tornou-se o principal centro cultural de toda a Grécia, o ático falado nesse 
período, aproximadamente entre 500 e 300 a.C é tomado como ponto de partida para o estudo do Grego antigo. É 
o chamado ático clássico ou grego clássico. Não só é, dentre

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