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Reabilitação- Direito Penal

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A reabilitação consiste em um benefício que tem por finalidade restituir o condenado à situação anterior à condenação, retirando as anotações de seu boletim de antecedentes. Segundo Fernando Capez, Mirabele afirma que é a declaração judicial de que estão cumpridas ou extintas as penas impostas ao sentenciado, que assegura o sigilo dos registros sobre o processo e atinge outros efeitos da condenação. É um direito do condenado, decorrente da presunção de aptidão social, erigida em seu favor, no momento em que o Estado, através do juiz, admite o seu contato com a sociedade.[1: Curso de Direito Penal, 21ª edição. p. 542.][2: Manual, cit., v.1., p.351. ]
De acordo com o artigo 93, a reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença definitiva, assegurando ao condenado o sigilo dos registros sobre o seu processo e condenação. Com a interpretação pela doutrina dominante, é certo que a reabilitação só caberá à sentença condenatória com trânsito em julgado, do qual tenha pena executada ou esteja extinta. Nos casos como sentença absolutória e prescrição da pretensão punitiva não ocorre reabilitação, por exemplo, uma vez que não houve sentença ou pena por procedência. Todavia, quando ocorre prescrição da pretensão executória poderá haver reabilitação, pois houve sentença transitada em julgado, apesar de a condenação principal não ter sido cumprida.
No caput do artigo também é abordada a questão do sigilo sobre o processo e a condenação: apesar de não ser objeto de folha de antecedente ou certidão de cartório, devem ser mencionadas quando houver solicitação de um juiz criminal.
Pela compreensão do parágrafo único do artigo 93, é notório que a reabilitação poderá atingir efeitos da condenação previstos no artigo anterior, vedada reintegração na situação anterior nos casos dos incisos em questão. A reintegração em cargo, função pública ou mandado eletivo é proibida ao beneficiário da reabilitação criminal, bem como a titularidade do pátrio poder, tutela ou curatela. Tal entendimento não impede o direito de exercer cargo, função pública ou mandado eletivo e pátrio poder, mas somente a recondução ao posto anteriormente ocupado.
Complementando o Código em questão, o artigo 202 da Lei de Execução Penal explica que quando cumprida a pena, não constarão da folha corrida qualquer notícia referente à condenação, salvo para instruir processo pela prática de nova infração penal ou em casos expressos em lei. 
 A reabilitação criminal, dessa maneira, não tem o intuito de excluir a reincidência, mas de garantir o sigilo sobre o crime e o cumprimento da pena do condenado, fundamentando-se nos direitos humanos e garantindo a devida ressocialização obstada pelo Direito Penal, relacionada à reinserção do indivíduo na sociedade enquanto prioriza a dignidade humana.
Analisando o artigo 94, entende-se que a reabilitação pode ser requerida decorridos dois anos do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena do último processo em questão ou terminar sua execução, computando-se o período de prova da suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier revogação.
O pedido de reabilitação, configura uma ação personalíssima, pois deverá ser formulado pelo condenado, devidamente assistido pelo advogado, com intuito da reinserção no meio social. Diante disso, o agente deve ter conhecimento dos requisitos objetivos e subjetivos exigidos pela lei. Antes de concedida a reabilitação pelo juiz de primeira instância, o Ministério Público deverá ser ouvido, sob pena de nulidade. 
Os requisitos objetivos para a reabilitação são enunciados expressamente nos incisos I, II e III do próprio artigo 94 do Código Penal. Nestes, há a forte presença do ressarcimento social e econômico do crime cometido, além de importantes prazos e períodos para a realização dos atos de ressarcimento e requisição da reabilitação.
Inicialmente, o inciso I faz referência ao caput do artigo, que prevê a reabilitação apenas após dois anos de cumprida a pena. Além de este prazo dever ser respeitado, o indivíduo que fez a requisição deve ter morado no Brasil durante o período; já no segundo inciso, fica claro que a norma ditada para a reabilitação depende de sua primeira parte, o que torna imprescindível a demonstração óbvia, por parte do indivíduo, da sua efetiva reabilitação através do bom comportamento; o último inciso tem caráter social e processual, uma vez que preza pelo ressarcimento do dano causado e impõe possibilidades para que isto ocorra, seja pela quitação do valor devido ou pela substituição da dívida originária por uma nova obrigação, sendo esta comprovada nos autos do processo.
O parágrafo único do artigo 94, mostra que, poderá o condenado, tendo sido negado a reabilitação, levar a efeito outro pedido, preenchidos os requisitos legais. Assim, a sentença que o negou, faz coisa julgada formal, pois sua validade só está naquele processo, podendo ser rediscutida em outros processos, a partir de novas provas.
Por fim, o artigo 95 trata da revogação da reabilitação: será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, se o reabilitado for condenado como reincidente, transitado em julgado, a pena que não seja de multa. Logo, consiste em duas condições cumulativas: reincidência reconhecida e cominação da pena que não seja de multa. 
Como o limite temporal da reincidência é de cinco anos, as condições para revogação de reabilitação do reincidente devem verificar tal prazo, enquanto que a sanção cominada pode ser de natureza diversa, contanto que já tenha sido julgada.

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