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ADMINISTRAÇÃO & GESTÃO PÚBLICA Rosélia Maria de Sousa Santos José Ozildo dos Santos (organizadores) Patos - PB 2017 ADMINISTRAÇÃO & GESTÃO PÚBLICA ADMINISTRAÇÃO & GESTÃO PÚBLICA Rosélia Maria de Sousa Santos José Ozildo dos Santos (organizadores) Patos - PB 2017 Ficha Catalográfica Catalogação na Fonte Santos, José Ozildo dos. Administração & Gestão Pública. / José Ozildo dos Santos; Rosélia Maria de Sousa Santos. - Patos - PB, Grupo de Estudos Avançados em Desenvolvimento Sustentável do Semiárido – GEADES, 2017. 140p. E-book 1. Administração. 2. Gestão Pública. 3. Inovações e Resultados. I. Título. CDU: 616-083 Francisco das Chagas Leite, Bibliotecário. CRB -15/0076 Byte Systems - Soluções Digitais Editoração Eletrônica - contato@bssd.com.br APRESENTAÇÃO Significativos foram os avanços registrados nos últimos anos no campo da Administração e da Gestão Pública. Novos métodos e técnicas de planejamento foram desenvolvidos, colocando de lado o chamado planejamento tradicional. E, cada vez mais, essas inovações vêm se consolidando, mostrando-se mais apropriadas para a condução dos negócios da administração empresarial e para a gestão do patrimônio público. Atualmente, no campo da iniciativa privada, existe uma maior preocupação com o gerenciamento das cadeia de suprimentos. As organizações empresariais, visando se consolidar no mercado, vêm desenvolvendo esforços no sentido de se tornarem mais competitivas, privilegiando a qualidade de seus produtos e serviços, buscando formas de conquistarem e fidelizarem novos clientes. Assim, impulsionadas pelas exigências do mercado, tais organizações procuram conduzir de forma cuidadosa o gerenciamento de seus estoques. Através de parcerias com seus fornecedores, estruturam grandes cadeias de suprimentos, ampliando cada vez o conceito de logística. Hoje, diferentemente do que ocorria no passado, o planejamento se faz presente em todos os setores das organizações empresariais, principalmente, no setor produtivo. Por outro lado, a competitividade imposta pelo mercado globalizado vem exigindo que tais organizações também façam uso das estratégias de marketing, objetivando dar aos seus produtos e serviços uma maior visibilidade, na esperança de que estes conquistem a aceitação do consumidor, que a cada dia se torna mais exigente. Se o cenário administrativo mudou no âmbito das organizações empresariais, grandes avanços também foram registrados na condução da Gestão Pública. Caracterizada por muito tempo como sendo patrimonialista, esta vem se modernizando e hoje se apresenta como sendo gerencial, adotando métodos, técnicas e ferramentas antes restritas ao setor empresarial. Em sua nova concepção, a Gestão Pública procura conduzir-se pelo cumprimento dos princípios constitucionais, que devem ser aplicáveis a todos os seus atos. Hoje, exige-se um gestor público empreendedor, aberto às mudanças e compromissado com a coisa pública. Deve-se registrar que a preservação do patrimônio cultural e do meio ambiente também vem se constituindo em uma preocupação do gestor público. Por outro lado, também em cumprimento aos princípios constitucionais, a Gestão Pública vem buscando construir parcerias, ampliando os espaços para Profª. Rosélia Maria de Sousa Santos a participação da sociedade, principalmente, nos processos de construção das políticas públicas e do orçamento participativo. Essa crescente participação da sociedade tem permitido que seja colocado em prática pela administração pública os processos de avaliação das políticas governamentais. E isto tem possibilitado a melhoria da qualidade da formulação e da execução das políticas públicas no país. Tal cenário de transformações administrativas é assunto cada vez mais presente nas discussões que se desenvolvem no contexto acadêmico. E, nessa direção, este livro se propõe a contribuir com tal debate. Assim, dividido em duas partes, em sua primeira unidade, esta obra enfoca o cenário das organizações empresariais, principalmente, no que diz respeito às cadeias de suprimentos, ao gerenciamento de estoques, ao planejamento financeiro e ao marketing de relacionamento. E, na segunda, trata da Gestão Pública, enfatizando temas com licitações, urbanismo, preservação do patrimônio cultural, participação social e governabilidade democrática, dentre outros. Sumário PARTE I CAPÍTULO I - A importância das cadeias de suprimentos José Ozildo dos Santos, Rosélia Maria de Sousa Santos, Douglas da Silva Cunha, José Rivamar de Andrade, Patrício Borges Maracajá CAPÍTULO II - A importância do gerenciamento de estoque no âmbito das organizações José Ozildo dos Santos, Rosélia Maria de Sousa Santos, José Rivamar de Andrade, Douglas da Cunha Silva, Patrício Borges Maracajá CAPÍTULO III - Uma abordagem sobre o gerenciamento da cadeia de suprimentos Rosélia Maria de Sousa Santos, José Ozildo dos Santos, José Rivamar de Andrade, Douglas da Cunha Silva, Patrício Borges Maracajá CAPÍTULO IV - A importância do planejamento financeiro no âmbito empresarial José Ozildo dos Santos, Rosélia Maria de Sousa Santos, Rafael Chateaubriand de Miranda , Iluskhanney Gomes de Medeiros Nóbrega, José Rivamar de Andrade, Douglas da Cunha Silva CAPÍTULO V - A importância do marketing de relacionamento Juliana Gomes de Melo, Mônica Justino da Silva, Rosélia Maria de Sousa Santos, José Ozildo dos Santos, Patrício Borges Maracajá PARTE II CAPÍTULO VI - Licitações públicas: Modalidades e princípios aplicáveis José Ozildo dos Santos, Rosélia Maria de Sousa Santos, José Rivamar de Andrade, Douglas da Cunha Silva CAPÍTULO VII - O princípio da igualdade do direito urbanístico Rosélia Maria de Sousa Santos, José Ozildo dos Santos, Douglas da Cunha Silva, José Rivamar de Andrade 3 17 31 43 53 63 75 CAPÍTULO VIII - O papel do agente público na preservação do patrimônio cultural Rosélia Maria de Sousa Santos, José Ozildo dos Santos, Iluskhanney Gomes de Medeiros Nóbrega de Miranda, José Rivamar de Andrade, Rafael Chateaubriand de Miranda, Douglas da Silva Cunha CAPÍTULO IX - Sociedade e participação: A construção do orçamento participativo Rosélia Maria de Sousa Santos, José Ozildo dos Santos, Rafael Chateaubriand de Miranda, Iluskhanney Gomes de Medeiros Nóbrega Miranda, José Rivamar de Andrade, Douglas da Silva Cunha CAPÍTULO X - Uma abordagem sobre o processo de urbanização no Brasil Rosélia Maria de Sousa Santos, José Ozildo dos Santos, José Rivamar de Andrade, Douglas da Silva Cunha, Jessiane Dantas Fernandes CAPÍTULO XI - Gestão Pública: Normatização, fiscalização da qualidade dos alimentos, prevenção e cuidados com a saúde pública Rosélia Maria de Sousa Santos, José Ozildo dos Santos, Douglas da Silva Cunha, José Rivamar de Andrade CAPÍTULO XII - A globalização e seus efeitos sobre a governabilidade democrática Rosélia Maria de Sousa Santos, José Ozildo dos Santos, Iluskhanney Gomes de Medeiros Nóbrega, Rafael Chateaubriand de Miranda, Jessiane Dantas Fernandes 85 93 103 115 131 PARTE I A importância das cadeias de suprimentos José Ozildo dos Santos Rosélia Maria de Sousa Santos Douglas da Silva Cunha José Rivamar de Andrade Patrício Borges Maracajá 1 Introdução Atualmente, a logística se apresenta como sendo algo vital para o sucesso da organização, que já incorporou essa nova visão empresarial, que tem como meta a satisfação de seu cliente, desenvolvendo os esforços necessários para que ele, no tempo desejado, receba seus bens ou serviços, na forma solicitada e no local especificado. E, mais, pelo preço desejado. Quando se fala nas atividades “voltadas para administrar o fluxo de materiais e de informações relacionadas com esse fluxo aolongo da cadeia de suprimentos”, está se falando em logística (BARBIERI; MACHLINE, 2006, p. 3), que no contexto atual, vem ganhando cada vez mais importância, face à necessidade que as organizações possuem de constantemente reporem seus estoques, visando manter o nível operacional de suas atividades. Vários autores, a exemplo de Viana (2002, p. 47), mostram que toda e qualquer organização, para ter êxito, necessita “atingir o equilíbrio ideal entre estoque e consumo” e esta deve ser a sua meta primordial. Acrescenta ainda Viana (2002), que para atingir esse ponto, necessariamente, exige-se “o estabelecimento de normas, critérios e rotinas operacionais, de forma que todo o sistema possa ser mantido harmonicamente em funcionamento”. Em síntese, essa necessidade mostra o quanto é importante o gerenciamento da cadeira de suprimentos e do estoque em toda em qualquer organização, que busca o êxito em suas atividades e prima pela satisfação do cliente. Diante do exposto, o presente trabalho, no qual se adotou como procedimento metodológico a pesquisa bibliográfica, tem como objetivo mostrar a importância das cadeias de suprimentos. 2 revIsão de LIteratura 2.1 Logística Empresarial Quando se discute o gerenciamento da cadeia de suprimentos (CS), é praticamente impossível se deixar de lado o termo ‘logística’. Assim sendo, para José Ozildo dos Santos et al. 4 que haja um melhor entendimento, é de suma importância que, num primeiro momento, promova-se alguns comentários sobre a logística empresarial, considerada com sendo, na atualidade “a responsável pelo sucesso ou insucesso das organizações” (FERRAES NETO; KUEHNE JUNIOR, 2002, p. 39). O termo ‘logística’ é amplamente abordado no campo da administração empresarial, de forma que vários autores apresentam suas definições para o referido termo, que possui origem no vocábulo francês logistique, De acordo com Ballou (2009, p. 17): A logística empresarial estuda como a administração pode prover melhor nível de rentabilidade nos serviços de distribuição aos clientes e consumidores, através de planejamento, organização e controle e efetivos para as atividades de movimentação e armazenagem que visam facilitar o fluxo de produtos. A definição acima apresentada permite o entendimento de que a Logística Empresarial é parte da Cadeia de Suprimentos, que possui a missão de planejar e ao mesmo tempo de controlar o fluxo e a armazenagem de bens, serviços e informações numa organização. A definição amplamente divulgada é aquela elaborada pelo Council of Logistics Management, que conceitua a logística como sendo: [...] a parte do Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento que planeja, implementa e controla o fluxo e armazenamento eficiente e econômico de matérias-primas, materiais semiacabados e produtos acabados, bem como as informações a eles relativas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender às exigências dos clientes (CLM apud FERRAES NETO; KUEHNE JUNIOR, 2002, p. 40). A logística embora seja vista como sendo a chave para muitos negócios, representa um alto custo nas operações existentes nas cadeias de abastecimento. Apesar disto, a atividade logística encontra-se presente em vários pontos da organização. No que diz respeito à correta aplicação, esta constitui um requisito necessário para o bom desempenho de todas as atividades levadas a cargo por parte de uma organização. Bowersox (2003) afirma que é de competência da logística todas as atividades que dizem respeito à coordenação das áreas funcionais da empresa. É importante destacar que quando se fala em as áreas funcionais, está se relacionando as etapas de avaliação de um projeto de rede, a localização das instalações, o sistema de informação, o transporte, o estoque e a armazenagem do produto, criando as condições para o estabelecimento de valor para o cliente, A importância das cadeias de suprimentos 5 em relação ao produto. A Figura 1 apresenta os elementos que dão escopo ao conceito moderno de logística empresarial. Analisando a Figura 1, constata-se que os itens Produto e Praça/Serviço ao Cliente, encontram-se correlacionado às estratégias de marketing, enquanto os diferentes custos dizem respeito à logística, estando estes interligados às estratégias de marketing. Segundo Pozo (2004, p.14): A logística nas empresas estuda como a administração pode prover melhor nível de rentabilidade no processo de pleno atendimento do mercado e a satisfação completa ao cliente, com retorno garantido ao empreendedor, através de planejamento, organização e controles efetivos para as atividades de armazenagem, programas de produção e entregas de produtos e serviços com fluxos facilitadores do sistema organizacional e mercadológico. A logística é uma atividade vital para a organização, trata de todas as atividades de movimentação e armazenagem que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria- Fonte: Fleury; Wanke; Figueiredo (2000) Figura 1. Conceito moderno de Logística Empresarial José Ozildo dos Santos et al. 6 prima até o ponto de consumo final, assim como fluxos de informações que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável. É importante também destacar que a palavra logística representa a junção das seguintes atividades de aquisição, movimentação, armazenagem e entrega de produtos, que são consideradas básicas numa organização (FERRAES NETO; KUEHNE JUNIOR, 2002). No entanto, o funcionamento dessas atividades é complexo e exigem um completo planejamento logístico, podendo ser de materiais ou de processos, desde que estejam relacionadas intimamente às funções de manufatura e marketing. Ballou (2009) também afirma que a função da Logística é composta pelas áreas de transportes, estoques e de localização, acrescentando que conjuntamente, em um nível de serviço especificado, todas têm por objetivo atender o cliente. Entretanto, na visão de Christopher (2009, p. 39): Logística é o processo de gerenciamento estratégico da compra, do transporte e da armazenagem de matérias- primas, partes e produtos acabados (além dos fluxos de informações relacionados) por parte da organização e de seus canais de marketing, de tal modo que a lucratividade atual e futura seja maximizada mediante a entrega de encomendas com o menor custo associado. Partindo desse conceito, pode-se dizer que logística é um processo de gerenciamento de compra (gestão de fluxo), que também visa criar valor para o cliente, ao mesmo tempo, ela pode ser vista com algo que procura diminuir o hiato entre a produção e a demanda, proporcionando aos consumidores bens e serviços, independentemente do tempo e do local. De acordo Bowersox (2003) a logística é única, pois ocorre a todo instante no mundo. Poucas áreas de operações envolvem a complexidade, a abrangência e o escopo geográfico característico da logística. Dentro de uma outra visão, Pozo (2004, p. 13) afirma que: A logística trata de todas as atividades de movimentação e armazenagem que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável. O estudo da logística permite mostrar a organização como ela deve promover um melhor nível de rentabilidade nos serviços de distribuição direcionados A importância das cadeias de suprimentos 7 aos clientes e consumidores. Para alcançar esse objetivo, a logística orienta a organização a planejar, organizar e controlar de forma efetiva as atividades de movimentação e armazenagem, objetivando facilitar o fluxo deprodutos. Na concepção de Pires (1998), a logística engloba: a) as mercadorias acabadas e informações relacionadas do ponto de origem ao ponto de consumo. b) o estoque circulante; c) o processo de planejamento, implementação e controle da eficiência; d) os custos efetivos de fluxos e estoque de matéria-prima; É importante destacar que todos esses fatores que integram à logística, tem por finalidade expressa o atendimentos dos requisitos estabelecidos pelos clientes. Noutras palavras, é observando os fatores acima relacionados que as organizações conseguem suprirem as necessidades de sua clientela. Complementando esse pensamento, Novaes (2003) afirma que na atualidade, a logística preocupa-se integrar os setores da empresa, bem como estabelecer parcerias com fornecedores e clientes, tudo isto com foco no atendimento das necessidades e preferências dos consumidores finais. De acordo com Coronado (2007), utilizando-se da logística, a empresa pode vários ganhos, dentre os quais, os principais são: a) entregas mais rápida de acordo com a demanda; redução dos custos operacionais; b) aumento da produtividade; c) aumento no giro de mercadorias e redução de estoques; d) redução de perdas. Por outro lado, é importante destacar que no interior das organizações, as atividades primárias exercem um papel de significativa importância, sendo responsáveis pela concretização dos objetivos logísticos, contribuindo também para a coordenação da tarefa logística. De acordo com Ballou (2009), tais atividades primárias são as seguintes: a) transportes; b) manutenção de estoques; c) processamento de pedidos. O Quadro 1 apresenta as atividades primárias responsáveis pela concretização dos objetivos logísticos. É importante destacar que as atividades apresentadas no Quadro 1 são fundamentais para as organizações, porque permitem que as mesmas cumpram melhor a sua missão. Deve-se também registrar que além das atividades primárias existem aquelas consideradas como sendo de apoio ou adicionais, responsáveis por oferecer suporte às primarias, contribuindo, assim, para que estas últimas, atinjam seus objetivos. O Quadro 2 apresenta, de forma sucinta, as descrições das diferentes atividades consideradas de apoio. José Ozildo dos Santos et al. 8 Quadro 1. Atividades primárias responsáveis pela concretização dos objetivos logísticos ATIVIDADES DESCRIÇÃO Transportes É a atividade logística mais importante, pois nenhuma rma moderna pode operar sem providenciar a movimentação de suas matérias- primas ou de seus produtos acabados de alguma forma. Manutenção de estoques É a atividade para atingir-se um grau razoável de disponibilidade do produto em face de sua demanda. Processamento de pedidos É uma atividade logística primária, sendo responsável por dá partida ao processo de movimentação de materiais e produtos bem como a entrega desses serviços. Fonte: Ballou (2009), adaptado. Quadro 2. Diferentes atividades de apoio à logística ATIVIDADES DESCRIÇÃO Armazenagem Refere-se à administração do espaço necessário para manter estoques. Manuseio de materiais Está associada com a armazenagem e também apoia a manutenção de estoques, encontrando-se relacionada à movimentação do produto no local de estocagem. Embalagem Possibilita a movimentação dos bens, sem, contudo, danicá-los, facilitando o manuseio e proporcionando uma armazenagem ecientes. Suprimentos É a atividade que proporciona ao produto car disponível, no momento exato, para ser utilizado pelo sistema logístico, constituindo-se numa área importantíssima de apoio logístico. Planejamento É a base que servirá de informação à programação detalhada da produção dentro da fábrica, constituindo-se no o evento que permitirá o cumprimento dos prazos exigidos pelo mercado. Sistema de informação São as informações necessárias de custo, procedimentos edesempenho essenciais para correto planejamento e controle logístico, permitindo o sucesso da ação logística dentro de uma organização para que ela possa operar ecientemente. Fonte: Ballou (2009), adaptado. A importância das cadeias de suprimentos 9 A análise dos Quadros 1 e 2 permite compreender melhor o conceito de logística. De forma estratégica, ela promove a aquisição, gerencia a movimentação e a armazenagem de materiais, peças e produtos acabados, utilizando-se de um fluxo de informações, que também permite um melhor atendimento dos pedidos formulados pelos clientes, gerando para estes satisfação tanto pela presteza no atendimento quanto pelo fornecimento de bens a baixo custo. Dissertando ainda sobre a estruturação da Logística empresarial, Ballou (2009) afirma que a esta comporta: a) suprimento físico (administração de materiais); b) distribuição física. A Figura 2 representa a Logística Empresarial, na ótica de Ballou (2009). Partindo do demonstrado pela Figura 2, a Logística Empresarial envolve transporte, manutenção de estoque, processamento de pedidos, obtenção, embalagem protetora, armazenagem, manuseio de materiais e manutenção de informações. Por outro lado, Campos e Brasil (2009) afirmam que a definição atual de Logística Empresarial se encontra firmada nos seguintes pontos: a) ampliação para bens e serviços o que antes era designado como matéria- prima, estoque em processo e produto acabado; b) reconhecimento da armazenagem; c) reconhecimento da logística como parte da cadeia de suprimentos; d) reconhecimento do fluxo reverso; Analisando esses pontos que estruturam o conceito de Logística, percebe-se que o mesmo se encontra ligado de forma muito intima à palavra fluxo, dando, Fonte: Ballou (2009, p. 19). Figura 2. Escopo da Logística Empresarial José Ozildo dos Santos et al. 10 portanto, uma ideia de movimentação/transporte de materiais. Na medida em que os meios de transportes iam se desenvolvendo, a logística empresarial ia se modernizando. Ao longo desse processo de evolução, ela manteve a sua essência que é dispor do produto, atendendo o cliente e satisfazendo-o, sendo, portanto, uma condição necessária para a sobrevivência das organizações empresariais (CAMPOS; BRASIL, 2009). No entanto, não existe consenso quanto à época exata do surgimento da logística. Souza (2002), afirma que suas origens datam do século XVIII, quando, durante o reinado de Luiz XIV, existia o posto de ‘General de Logis’, cuja missão era transportar o material bélico para as batalhas e supri-lo. Para Kunrath (2007), a logística remonta aos tempos bíblicos e também está ligada ao transporte e suprimento dos armamentos e tropas, durante os períodos de guerras. Com o tempo, as mudanças ocorridas no interior das empresas mostraram a necessidade de se planejar e organizar a distribuição dos produtos. E, que era necessário verificar como armazena-los para suprir o mercado ao seu tempo. Assim, a logística foi incorporada à atividade empresarial. No entanto, embora desde o início do século XX a logística faça parte do cotidiano das empresas, somente no início da década de 1990 foi que ela adquiriu a sua atual concepção, tornando-se “uma função empresarial orientada para o atendimento de níveis de serviço previamente estabelecidos” (GEORGES, 2010, p. 3). Entretanto, Ballou (2009) afirma que a evolução da logística pode ser dividida nos seguintes períodos: a) primeiro trata do período antes do surgimento da Segunda Guerra Mundial; b) segundo inicia-se após a Segunda Guerra Mundial e se estende até 1970; c) terceiro tem início em 1970 e se estende até os dias de hoje. É importante destacar que quando de seu surgimento, a logística possui seu foco inteiramente voltado para o processo de armazenagem e para os transportes. Atualmente, após a evolução verificada no conceito de logística, esta vem sendo tratada comodistribuição física, existindo o entendimento de que armazenagem e transportes encontra-se relacionado à operação logística. 2.2 Cadeias de suprimentos: Conceito e evolução O conceito de cadeia de suprimento (CS) é recente e embora tenha surgindo nos primeiros anos da década de 1980, somente na década seguinte ganhou notoriedade, consolidando-se como disciplina acadêmica e prática empresarial, no início do atual século, estando sua origem associada ao conceito de Logística (GEORGES, 2010). Chopra e Meindl (2004) afirmam que uma cadeia de suprimento congrega os diferentes estágios envolvidos, direta ou indiretamente, no atendimento de um pedido formulado por um cliente. A importância das cadeias de suprimentos 11 Campos e Brasil (2009, p. 16) completando esse pensamento afirmam que “a cadeia de suprimentos abrange várias outras partes, ou seja, ela é considerada num enfoque global/geral como visão estratégica”. Uma cadeia de suprimentos constitui-se numa rede de vários negócios e relações, abrangendo outras funções, além da logística e envolve várias empresas. De acordo com Christopher (2009, p. 17), uma cadeia de suprimentos “representa uma rede de organizações, através de ligações nos dois sentidos dos diferentes processos e atividades que produzem valor na forma de produtos e serviços que são colocados nas mãos do consumidor final”. Poirier e Reiter (1997), afirma que uma cadeia de suprimentos (supply chain) constitui um sistema, através do qual, empresas e organizações entregam produtos e serviços aos seus consumidores, seguindo uma rede de organizações interligadas. Slack; Chambers e Johnston (2002, p. 415) apresentam a cadeia de suprimento como sendo: A gestão da interconexão das empresas que se relacionam por meio de ligações à montante e à jusante entre os diferentes processos, que produzem valor na forma de produtos e serviços para o consumidor final. A cadeia de valor centra- se em dois objetivos chaves: satisfazer efetivamente os consumidores e fazer isso de forma eficiente. O conceito de cadeia de suprimento é tido como complexo. Até mesmo no âmbito internacional, encontra-se ainda em construção, o que tem contribuído para limitar a sua implementação com sucesso por parte de um número maior de empresas. É importante destacar que a cadeia de suprimento não é formada apenas fabricantes e fornecedores. Dela também fazem transportadoras, depósitos, varejistas, bem com os clientes. Ela é uma rede de vários negócios e relações, abrangendo outras funções, além da logística e envolve várias empresas. Souza, Carvalho, Liboreiro (2006) acrescentam que a cadeia de suprimentos resume-se a um conjunto de instalações dispersas geograficamente interagindo entre si, no qual se destacam as instalações: a) centros de distribuição; b) estoque em trânsito; c) fornecedores de matéria-prima; d) plantas produtivas; e) produtos acabados entre as instalações f) produtos intermediários; g) varejistas. A preocupação básica da cadeia de suprimentos diz respeito a três itens: produção, distribuição e vendas de produtos físicos. No entanto, para poder cumprir o seu papel ela necessita do conjunto de instalações acima apresentado, José Ozildo dos Santos et al. 12 funcionando devidamente, estabelecendo entre si, sólidas interações. Sem o funcionamento correto dessas instalações não se pode fazer em sucesso por parte da cadeia de suprimento. Por outro lado, a concretização dos objetivos formulados proporciona o surgimento de novos potenciais entre as partes que integram a cadeia produtiva, fortalecendo as condições para um atendimento eficiente ao consumidor final, e mais, reduzindo custos e adicionando de mais valor aos produtos finais. A análise da Figura 3 possibilita um melhor entendimento desse processo, uma vez que ilustra a composição e o funcionamento da cadeia de suprimentos. Com base na Figura 3, pode-se constatar que as fontes abastecem os fornecedores de matéria prima, que a repassam para os processadores, responsáveis pelo setor produtivo, que, por sua transferem o produto aos distribuidores. Estes últimos são responsáveis pelo abastecimento dos varejistas, que atendem as necessidades do consumidor final. Para a concretização de cada etapa desse processo, exige-se recursos/ investimentos, permitindo a captação de informações que serão utilizadas por cada um dos componentes da cadeia de suprimentos, possibilitando, assim, um melhor funcionamento da referida cadeia sempre com foco no atendimento das necessidades/exigências do consumidor final. Explica Christopher (2009), que no interior da organização, a cadeia de suprimento inclui: a) desenvolvimento de novos produtos; b) distribuição; c) finanças; d) marketing; e) operações; f) serviço de atendimento ao cliente, etc. Assim sendo, constata-se que uma cadeia de suprimento possui uma estrutura dinâmica, pois envolve um fluxo constante de informações, produtos e recursos Fonte: RODRIGUES; SANTIN, 2004. Figura 3. Composição e funcionamento da cadeia de suprimentos A importância das cadeias de suprimentos 13 financeiros. Ela é formada por diferentes elos que encontram-se interligados entre si, interagindo. A Figura 4 apresenta a estrutura de uma cadeia de suprimentos. Com base na Figura 4, uma cadeia de suprimentos possui dois lados: fornecimento e demanda. E, que no primeiro lado, encontram-se os fornecedores de primeira e de segunda camada, enquanto que no segundo lado, ou seja, para que se destinam os produtos/serviços, encontram-se os clientes de primeira e de segunda camada. O primeiro lado é composto por grupos de fornecedores de primeira camada que se relacionam diretamente com a empresa. Por sua vez, os fornecedores de primeira camada são supridos pelos chamados fornecedores de segunda camada. Algo inverso ocorre em relação aos clientes, conforme demonstrado na Figura 4: os chamados clientes de primeira linha embora mantenham contato direto com a unidade produtiva, suprem os clientes de segunda linha. Afirmam Lambert et al. (2001) que raramente uma empresa participa de uma cadeia de suprimentos, de forma que as cadeias de suprimentos se apresentam como verdadeiras árvores ramificadas. Por outro lado, informam Campos e Brasil (2009), que uma cadeia de suprimentos é composta por: a) Membros primários: são empresas ou unidades de negócio que executam atividades (operacional o gerencial), que agregam valor ao longo da Cadeia de suprimentos de determinado produto ou serviço. Fonte: Slack; Chambers; Johnston (2002), adaptado. Figura 4. Estrutura de uma cadeia de suprimentos José Ozildo dos Santos et al. 14 b) Membros de apoio: são empresas ou unidade de negócios que fornecem recursos e conhecimento, suportando os membros primários da cadeia de suprimento, mas que não participam diretamente no processo de agregação de valor. No entanto, é oportuno destacar que uma empresa, simultaneamente, num determinado processo de negócios na cadeia de suprimento, pode realizar atividades primárias e noutro ser um membro de apoio. 3 ConsIderações FInaIs No cenário atual, as organizações empresariais encontram-se diante de um mercado cada vez mais competitivo, que lhe impõe grandes desafios, principalmente, no que diz respeito à satisfação do cliente. No mundo globalizado, a sobrevivência de qualquer negócio reside, principalmente, na missão de manter clientes. E, essa realidade tem produzido profundas mudanças nas organizações, principalmente, no que diz respeito à gestão de seus negócios. É importante destacar que além das chamadas exigências básicas, aquelas que impõem à empresa a obrigação de se adequar ao mercado, existem também as necessidades dos clientes, que se ampliam e se renovam constantemente. Estas, adicionadas às dinâmicas provocadas pelo desenvolvimentotecnológico, vêm exigindo que as empresas tornem-se mais competitivas, modificando profundamente o seus processos de gestão operacional, objetivando a eficiência e buscando eliminar os desperdícios. Nesse novo enfoque, as organizações também vêm se preocupando com as várias atividades que envolvem a sua cadeia de suprimento, principalmente, em relação às interações por esta produzidas. Diante dessa necessidade, a cadeia de suprimento vem sendo reconhecida como um fator de vantagem competitiva, beneficiando aquelas organizações que a utilizam de forma estratégica. Por sua vez, a demanda afeta todos os processos realizados no interior de uma organização. É no atendimento à demanda onde encontra-se a contribuição maior da cadeia de suprimentos, cuja área se preocupa não somente com as estimativas e pedidos, mas também com o que a organização deve fazer para atender e satisfazer as necessidades de seus clientes. Desta forma, constata-se que as atividades desenvolvidas pela cadeia de suprimento (desenvolvimento do produto, distribuição, marketing, etc.) têm que obedecerem a uma ordem bem definida, para que produza os resultados desejados, possibilitando, no final, a satisfação do cliente. 4 reFerênCIas BALLOU, R. H. Logística empresarial: transporte, administração de materiais, distribuição física. São Paulo: Atlas, 2009. BARBIERI, J. C.; MACHLINE, C. Logística hospitalar: Teoria e prática. São Paulo: Saraiva, 2006. A importância das cadeias de suprimentos 15 BOWERSOX, D. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimentos. São Paulo: Atlas, 2003. CAMPOS, L. F. R.; BRASIL, C. V. M. Logística: Teia de relações. Curitiba: IBPEX, 2009. CHOPRA, S.; MEINDL, P. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: Estratégia, Planejamento e operação. São Paulo: Pearson, 2004. CHRISTOPHER, M. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: criando redes que agregam valor. 2. ed. 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A importância do gerenciamento de estoque no âmbito das organizações José Ozildo dos Santos Rosélia Maria de Sousa Santos José Rivamar de Andrade Douglas da Cunha Silva Patrício Borges Maracajá 1 Introdução A Logística pode ser entendida como sendo uma operação integrada para cuidar de suprimentos e distribuição de produtos de forma racionalizada. Assim sendo, Logística é planejamento, coordenação e execução do processo, voltado para a redução de custos e para o aumento da competitividade de uma organização. Viana (2002) ressalta que a logística pode ser entendida como sendo uma ferramenta fundamental a ser utilizada para produzir vantagens competitivas e a administração de materiais, de forma que o sucesso do gerenciamento de materiais nas organizações encontra-se correlacionado à aplicabilidade dos conceitos logísticos. Pozo (2004) afirma que a logística é vital para o sucesso de uma organização, pois é uma nova visão empresarial que direciona o desempenho das empresas, tendo como meta a satisfação do cliente, de modo que ele receba seus bens ou serviços no momento que desejar, com suas especificações predefinidas, o local especificado e, principalmente, o preço desejado. É oportuno destacar que o objetivo fundamental da administração de materiais consiste em determinar quando e quanto adquirir. Noutras palavras, utiliza-se a administração de materiais para definir quando o estoque deve ser reposto e que percentual. Para tanto, utiliza-se de estratégia do abastecimento que sempre são acionadas pelo usuário, que é o consumidor. Quando o assunto é produção e logística, existe sempre uma preocupação com a demanda do mercado. É nesse contexto que surge a necessidade de controle/ gerenciamento do estoque. A organização precisa saber se terá condições de atender a demanda existente no mercado, principalmente, quanto ao tempo [prazo de entrega dos produtos]. Assim, para assumir o compromisso diante do consumidor, a organização precisa possuir um completo gerenciamento de seus estoques. José Ozildo dos Santos et al. 18 O presente artigo tem por objetivo apresenta a importância do gerenciamento de estoque para a empresa. Num primeiro momento, focaliza-se a administração de materiais. Num segundo momento, conceitua estoque e apresenta-se suas diferentes classificações, para logo em seguida mostrar como se desenvolve o gerenciamento de estoque numa organização. 2 revIsão de LIteratura 2.1 Administração de materiais Na prática, a administração de materiais visa satisfazer às necessidades dos sistemas de operação, de forma que sempre que bens necessários não estão disponíveis no instante correto para atender às necessidades de produção ou operação, é possível perceber com melhores detalhes a importância da boa administração de materiais. Na concepção de Ballou (2009), boa administração de materiais diz respeito a uma melhor coordenação da movimentação de suprimentos de uma organização, suprindo-a como o material certo, no local de operação certo, no instante correto e em condição utilizável ao custo mínimo. Assim, sem a completa observância desses requisitos não há como se falar em boa administração de materiais. Em síntese, a missão da administração de materiais é abastecer/suprir a organização com os materiais que ele necessita, tendo-se a preocupação de se constituir o elo forte entre a empresa e fornecedores de materiais. Em relação à escolha do material certo, torna-se necessária a realização de um conjunto de atividades, que pode ser denominadas genericamente de seleção e classificação de materiais. A seleção dos materiais deve ser efetuada mediante uma administração que seja capaz de explicitar as divergências e alcançar um razoável consenso entre os diferentes atores envolvidos. Barbieri e Machline (2006) vão mais além e afirmam que é também objetivoda boa administração de materiais, atender o cliente certo, com o material certo e nas quantidades e momentos certos, procurando sempre identificar quais as melhores condições para a organização. Vista como sendo uma área muito abrangente, a administração de materiais se dedica ao gerenciamento de todo tipo de ativo da empresa. De acordo com Pozo (2004), a administração de materiais se preocupa com: a) os imóveis; b) os materiais para projeto de expansão fabril; c) os produtos de consumo próprio; d) os produtos em estoque que tem a finalidade de distribuição aos clientes; etc. Desta forma, percebe-se que a administração de materiais constitui-se numa área que se relaciona com diversas outras áreas dentro da organização (vendas, produção, finanças, etc.). Completando esse pensamento, afirma Ballou (2009), A importância do gerenciamento de estoque no âmbito das organizações 19 que administração de materiais promove uma integração que também se envolve dentro da cadeia de suprimentos, acrescentando que esse relacionamento exige planejamento e coordenação. Essa preocupação é necessária para que seja garantida a eficiência dos processos de entrada, produção e saída de materiais na organização. Por outro lado, nesses processos recomenda-se a aplicação da metodologia just-in-time, que consiste em trabalhar com um estoque mínimo possível, automatizando-o de tal forma que o fluxo de entrega e reposição seja aperfeiçoado. Para Barbieri e Machline (2006, p.3), “as atividades voltadas para administrar o fluxo de materiais e de informações relacionadas com esse fluxo ao longo da cadeia de suprimentos constituem o que genericamente se denomina logística”. A logística dos materiais assume importância crescente nas entidades de saúde. A necessidade de proporcionar um perfeito nível de atendimento aos pacientes, sem ocorrência de qualquer falta de insumos, requerem extrema proficiência por parte do gestor de materiais (BARBIERI E MACHLINE, 2006). A administração de materiais possui uma grande importância dentro de uma organização, os materiais e ativos nela existentes possuem um elevado número de finalidades. Por outro lado, esclarece Pozo (2004) que uma das mais importantes funções da administração de materiais encontra-se relacionada ao controle de níveis de estoques. Por essa razão, é de suma importância que organizações tenham uma preocupação constante com o controle de seus estoques, uma vez que os mesmos contribuem de forma decisiva para que elas alcance os resultados projetados. 2.2 Estoques O balanceamento dos estoques em termos de produção e logística com a demanda do mercado e o serviço ao cliente, constitui um dos grandes desafios que as organizações enfrentam na atualidade, exigindo uma constante redefinição de conceitos e estratégias. Destaca Bertaglia (2003) que para o sucesso de uma organização, a gestão de estoques constitui um elemento imprescindível, que deve ser administrado de forma eficiente. No entanto, para que possa compreender como ocorre a gestão de estoque numa organização, é de suma importância que inicialmente se apresente um conceito para o termo estoque. Por estoques entende-se os acúmulos de recursos materiais entre fases específicas de processo de transformação. Para Corrêa; Gianesi; Caon (1999), esses acúmulos de materiais têm uma propriedade fundamental, pois os estoques proporcionam independência às fases dos processos de transformação entre os quais se encontram. De acordo com Martins (2006), dentre as várias funções do estoque, destacam as seguintes: a) Garantir o abastecimento de materiais à empresa, neutralizando os efeitos de: demora ou atraso no fornecimento de materiais, sazonalidades no suprimento, riscos de dificuldade no fornecimento; José Ozildo dos Santos et al. 20 b) Proporcionar economias de escalas: através da compra ou produção em lotes econômicos, pela flexibilidade do processo produtivo, pela rapidez e eficiência no atendimento às necessidades. Desta forma, o estoque não se destina apenas a garantir o funcionamento da empresa. É sua missão também proporcionar a economia em escala. De acordo com Pozo (2004), as principais matérias e produtos que compõem os estoques são os seguintes: a) material auxiliar, b) material de escritório, c) material de manutenção, d) material e peças em processos; e) matéria-prima, f) produtos acabados. A organização deve ter em estoque tanto a matéria prima necessária para a produção, quando os produtos/artigos/equipamentos de que necessita para desenvolver suas atividades. Por isso, se justifica a existência em estoque dos itens acima relacionados. Ainda de acordo com Pozo (2004) existem diversos tipos de estoques, sendo os mais comumente utilizados os seguintes: a) Almoxarifado de acabados; b) Almoxarifado de manutenção; c) Almoxarifado de materiais auxiliares; d) Almoxarifado de matérias-primas; e) Almoxarifado intermediário. No entanto, Moura (2004) classifica os estoques em ativo e passivo. Por estoque ativo entende-se aquele resultante de um planejamento prévio e destinado a uma utilização, enquanto que estoque passivo (ou inutilizado), é aquele decorrente de alterações de programas, mudanças nas políticas de estoque ou eventuais falhas de planejamento. Em relação ao estoque ativo, de acordo com Malagoni (2005), sua utilização pode ser destinada a: a) Produção; b) Produtos em processo; c) Manutenção, reparo e operação; d) Produtos acabados; e) Materiais administrativos. O Quadro 1, apresenta as diferentes formas de utilização dos estoques ativos. No que diz respeito ao estoque inativo, Malagoni (2005) afirma que o mesmo pode englobar as seguintes categorias: a) Estoque disponível: constituído pelos materiais sem perspectiva de utilização, sem destinação, total ou parcialmente; A importância do gerenciamento de estoque no âmbito das organizações 21 b) Estoque alienável: constituído de material disponível, inservível, obsoleto, e sucatas destinadas à venda. É importante destacar que existem várias classificações para os estoques. Uma terceira classificação é apresentada por Cabanas e Ribeiro (2005), que apresenta os seguintes tipos: a) Estoques de matérias-primas; b) Estoques de materiais em processamento ou em vias; c) Estoques de materiais semiacabados; d) Estoques de materiais acabados ou componentes; e) Estoques de produtos acabados. O Quadro 2 apresenta os tipos de estoque, sob a ótica de Cabanas e Ribeiro (2005), com suas respectivas descrições. Uma outra forma de se classificar o estoque é em relação ao seu nível. Segundo Pozo (2004) este pode ser: mínimo, máximo e de segurança. O Quadro 3 apresenta a classificação do estoque quanto ao seu nível. A importância do estoque mínimo é a chave para o adequado estabelecimento do ponto de pedido. Segundo Dias (1993), pode-se determinar o estoque mínimo através de: a) Fixação de determinada projeção mínima (projeção estimada do consumo). b) Cálculos e modelos matemáticos. No que diz respeito ao estoque máximo este é igual à soma do estoque mínimo e do lote de compra. Já o estoque de segurança diz respeito à quantidade mínima Quadro 1. Diferentes formas de utilização dos estoques ativos FORMA DE UTILIZAÇÃO DESCRIÇÃO Produção Constituído por matérias-primas e componentes que integram o produto �nal Produtos em processo Constituídos por matérias em diferentes estágios da produção Manutenção, reparo e operação Formado por peças e componentes empregados no processo produtivo, sem integrar o produto �nal Produtos acabados Compreendem os materiais e/ou produtos em condições de serem vendidos Materiais administrativos Formado pormatérias de aplicação emgeral na empresa, sem vinculação com o processo produtivo Produção Constituído por matérias-primase componentes que integram o produto �nal Fonte: Malagoni (2005), adaptado. José Ozildo dos Santos et al. 22 Quadro 2. Diferentes tipos de estoque TIPOS DE ESTOQUE DESCRIÇÃO Estoques de matérias- primas Constituem os insumos e materiais básicos que ingressam no processo produtivo da empresa Estoques de materiais em processamento ou em vias São também denominados materiais em vias, os quais são constituídos de materiais que estão sendo processados ao longo das diversas seções que compõem o processo produtivo da empresa. Estoques de materiais semiacabados Referem-se aos materiais parcialmente acabados, cujo processamento está em algum estágio intermediário de acabamento e que se encontram também ao longo das diversas seções que compõem o processo produtivo. Estoques de materiais acabados ou componentes Referem-se a peças isoladas ou componentes já acabados para serem anexados ao produto. São, na realidade, partes prontas ou montadas que, quando juntadas, constituirão o produto acabado. Estoques de produtos acabados Referem-se aos produtos já prontos e acabados, cujo processamento foi completado inteiramente. Fonte: Cabanas e Ribeiro (2005), adaptado de peças que tem que existir no estoque com a função de cobrir as possíveis variações do sistema. 2.3 Vantagens do estoque A organização que mantém regularmente seus estoques, pode desfrutar de algumas vantagens. Dissertando sobre essa particularidade, Ballou (2009) enumera as seguintes vantagens proporcionadas pelos estoques: a) a economia de escala nas compras e nos transportes; b) a melhoria do nível de serviço; c) a proteção contra alteração de preços; d) a proteção contra contingências; e) a proteção contra oscilações na demanda ou tempo de ressuprimento; f) o incentivo à economia de produção. O Quadro 4 apresenta as vantagens dos estoques com suas respectivas descrições. Entretanto, é oportuno lembrar que os estoques imobilizam o capital que a empresa poderia dispor para empregá-lo forma diferente, tanto internamente quanto externamente. Assim sendo, estoque é capital imobilizado. Por outro lado, constitui um requisito primordial para uma empresa. 2.4 Custos dos estoques Os estoques constituem algo necessário à manutenção da empresa. No entanto, ele demanda custos, que não se limitam apenas à sua aquisição. A importância do gerenciamento de estoque no âmbito das organizações 23 De acordo com Ballou (2009), os custos relacionados aos estoques podem ser classificados nas seguintes categorias: a) custos de compra: estão associados às aquisições dos produtos e matérias primas nas quantidades necessárias para a reposição do estoque da empresa, congregando outros gastos além do valor pago por essa aquisição. b) custo de manutenção de estoque: reúne todos os custos necessários para manter o estoque por um determinado período de tempo, representando um somatório dos custos relacionados à armazenagem física, aos danos, furtos, impostos, obsolescência, oportunidades de capital, riscos de deterioração e seguros; c) custos de falta: produzidos quando há demanda por falta de determinados itens, dificultando a entrega dentro do prazo ou a perda de uma venda. É oportuno ressaltar que numa empresa, os estoques não somente desempenham um importante papel como também possuem distintas funções, que, por sua vez, encontram-se relacionadas às demandas de mercado. 2.5 Controle de estoque O controle de estoque pode ser definido como sendo um conjunto de métodos e ferramentas, que deve ser observado pelos membros de uma organização, objetivando mantê-la em sua trajetória de forma a alcançar metas traçadas. Fonte: Dias (1993), Pozo (2004); Martins (2006), adaptado. TIPOS DE ESTOQUE DESCRIÇÃO Estoque mínimo É a quantidade mínima que deve existir em estoque, que se destina a cobrir eventuais atrasos no suprimento, objetivando a garantia do funcionamento ininterrupto e e�ciente do processo produtivo, sem o risco de faltas. Estoque Máximo É o resultado da soma do estoque de segurança mais o lote de compra. O nível máximo de estoque é normalmente determinado de forma que seu volume ultrapasse a somatória da quantidade do estoque variações normais de estoque em fase dinâmica de mercado, deixando margem que assegure, a cada novo lote, que o nível máximo de estoque não cresça e onere os custos de manutenção de estoque. Estoque de Segurança É uma quantidade mínima de peças que tem que existir no estoque com a função de cobrir as possíveis variações do sistema, que pode ser: eventuais atrasos no tempo de fornecimento, rejeição do lote de compra ou aumento na demanda do produto. Quadro 3. Classificação dos estoques quanto ao nível José Ozildo dos Santos et al. 24 Quadro 4. Vantagens dos Estoques VANTAGEM DESCRIÇÃO A economia de escala nas compras e nos transportes Um dos objetivos dos estoques é obter descontos nos transportes e nas compras por se tratar de grandes quantidades de matéria-prima. Compra de pequenos lotes faz com que a organização perca esses descontos, tanto de transporte quanto de compras. A melhoria do nível de serviço O departamento de marketing pode vender mais seguramente os produtos. Além de proporcionar o rápido atendimento ao cliente, traz benéco para a empresa, pois diminui o seu custo e a falta do produto. A proteção contra alteração de preços Quando há previsão de aumento nos preços, as empresas podem antecipar a compra de matéria- prima e manter em estoque, evitando o aumento dos custos, e, consequentemente, o aumento nos preços dos produtos. A proteção contra contingências A empresa pode manter estoques de reserva para garantir o fornecimento de seus produtos em caso de uma greve ou incêndio. A proteção contra oscilações na demanda ou tempo de ressuprimento Diante da impossibilidade de prever as demandas dos produtos e seu tempo de ressuprimento, a empresa deve manter estoque de segurança para atender a necessidade de produção ou de mercado. O incentivo à economia de produção Quando há estoques, pode haver economia na produção, sendo possível reduzir os custos na produção e manter a força de trabalho em níveis estáveis. Fonte: Ballou (2009), adaptado. Atkinson et al. (2000) afirmam que os controles de estoques têm por objetivo mensurarem o desempenho das atividades de uma empresa, auxiliando na prevenção das falhas e, ao mesmo, nas correções dos processos. Assim sendo, eles podem ser considerados como verdadeiros centros de informações, capazes de facilitarem a tomada de decisão na busca pela maximização dos resultados. Corroborando com esse pensamento, Martins e Alt (2002, p. 132) afirmam que os controles na área de estoques, “consistem em uma série de ações ou procedimentos que possibilitam aos administradores verificarem se os estoques estão sendo bem utilizados”. É importante destacar que para controlar os níveis de estoques, é necessária a observância completa de alguns procedimentos básicos. Tratando do controle A importância do gerenciamento de estoque no âmbito das organizações 25 de estoques, Dias (2009) afirma que este pode ser melhor alcançado quando se segue os seguintes procedimentos: a) acionar o departamento de compras para efetuar as aquisições; b) controlar o estoque em termos de quantidade e valor e fornecer informações sobre a posição do estoque; c) determinar ‘o que’ deve permanecer em estoque; d) determinar ‘quando’ se devem reabastecer os estoques; e) determinar ‘quanto’ de estoque será necessário para um intervalo de tempo predeterminado; f) identificar e retirar do estoque os itens obsoletos e danificados; g) inventariar periodicamente para avaliar as quantidades e o estado físico dos produtos estocados; h) receber, armazenar e atender os produtos conformesuas necessidades. Verifica-se que o controle auxilia na manutenção dos níveis desejados de estoques e dá suporte ao departamento de compras, pois os acúmulos indevidos de materiais são oriundos de erros de pedidos, deficiências na análise da demanda e falta de controle dos produtos. Deve-se também registrar que para se controlar os estoques é necessária à realização de inventários permanentes ou periódicos, através dos quais é possível mensurá-los. O Quadro 5 apresenta os tipos de inventários e suas respectivas definições. Quando se compara esses dois tipos de inventários, constata-se que o permanente possibilita, segundo Neves (1997), a qualquer tempo, uma informação completa quanto à obtenção das mercadorias disponíveis no estoque. E esse ponto positivo não é apresentado pelo inventário periódico. Fonte: Martins e Alt (2002), adaptado. TIPO DEFINIÇÃO Permanente É um sistema de controle que possibilita, permanentemente, a obtenção de informação quanto à movimentação dos estoques no que tange às saídas, entradas e custos das mercadorias. Periódico É um sistema adotado pelas empresas que não mantém controle permanente das quantidades e valores das mercadorias existentes. Quadro 5. Tipos de inventários 2.6 A importância da gestão de estoques numa organização O controle de estoque não se trata de uma ideia nova ou de uma necessidade que surgiu com a modernização. Desde a antiguidade o homem constatou que necessitava controlar a utilização de seus gêneros alimentícios para melhor enfrentar as adversidades impostas pelo meio. Assim, quando surgiram as primeiras organizações, a necessidade do controle de estoque também se tornou patente, de forma que desde muito cedo, José Ozildo dos Santos et al. 26 sempre houve a necessidade de uma adequada forma de utilização de sistemas e métodos, objetivando melhorias nas atividades desenvolvidas (POZO, 2004). Cedo, nas organizações foi se verificando que o desperdício gerava a ausência de mercadorias, ocasionando, assim, prejuízos. A cultura organizacional também possibilitou o entendimento de que se a organização perdia com o desperdício, significativa parcela de clientes fica insatisfeita devido ao fato de que o produto não estava disponível. E essa constatação mostrou a necessidade de uma boa gestão de estoque. Em Logística, o termo gestão de estoques é usado em função da necessidade de estipular os diversos níveis de materiais e produtos, que a organização deve manter, dentro de parâmetros econômicos (BALLOU, 2009). De acordo com Pozo (2004), a função principal da administração de estoques é maximizar o uso dos recursos envolvidos na área logística da empresa, e com grande efeito dentro dos estoques. Complementando esse pensamento, afirmam Francischini e Gurgel (2004, p. 148) que: Para o controle de estoque ser eficaz é necessário, portanto, que haja um fluxo de informações adequado e um resultado esperado quando a seu comportamento. Espera-se de um Administrador de materiais que os usuários tenham fácil acesso aos itens estocados, quando eles forem necessários para a elaboração de alguma atividade na empresa, mas, por outro lado, o volume do estoque não pode ser tão alto que comprometa a rentabilidade da empresa. É importante ressaltar que os estoques possuem a função de ponderar as entradas e saídas de uma empresa. Geralmente, estas oscilam, ora sendo maiores as entradas, ora as saídas. Desta forma, quanto maior for o úmero de entradas maior será o estoque de uma organização, consequentemente, quanto maior forem as saídas, menor será seu estoque. Através da gestão de estoque, busca-se o equilíbrio entre as entradas e as saídas. Afirma Ballou (2009), que quando a velocidade de entrada for igual à velocidade de saída, tem-se o que em administração de materiais chama-se estoques nulos. No entanto para se conseguir um estoque nulo é necessário o envolvimento/ integração dos diferentes setores existentes na empresa, principalmente, entre os responsáveis pelas compras (entradas) e pelas vendas (saídas). Desta forma, numa organização, compra e venda devem ser uma preocupação do planejamento e do controle de produção. É importante também ressaltar que a função de planejar e controlar estoques são fatores primordiais numa boa administração do processo produtivo. Dissertando sobre tal função, Pozo (2004, p.40) afirma que o planejamento e controle de estoque possui os seguintes objetivos: A importância do gerenciamento de estoque no âmbito das organizações 27 - Assegurar o suprimento adequado de matéria-prima, material auxiliar, peças e insumos ao processo de fabricação; - Manter o estoque o mais baixo possível para atendimento compatível às necessidades vendidas; - Identificar os itens obsoletos e defeituosos em estoque, para eliminá-los; - Não permitir condições de falta ou excesso em relação à demanda de vendas; - Prevenir-se contra perdas, danos, extravios ou mau uso; - Manter as quantidades em relação às necessidades e aos registros; - Fornecer bases concretas para a elaboração de dados ao planejamento de curto, médio e longo prazos, das necessidades de estoque; - Manter os custos nos níveis mais baixos possíveis, levando em conta os volumes de vendas, prazos, recursos e seu efeito sobre o custo de venda do produto. Assim sendo, constata-se que o gerenciamento do estoque não é uma tarefa fácil. Ele exige uma série de cuidados, de forma a manter um equilíbrio entre as entradas e saídas de produtos numa organização, que, por sua vez, deve sempre manter o estoque o mais baixo possível, mas mantendo a capacidade de atender às necessidades de seus clientes. Desta forma, as organizações mantêm estoques porque necessitam atender suas necessidades internas, bem como suprirem as necessidades de seus clientes. Noutras palavras, o estoque destina-se sempre a uso num futuro imediato. Assim, como é praticamente impossível determina a demanda futura, a organização para evitar ter prejuízos, deve manter um estoque num nível determinado, que possa assegurar às demandas, minimizando os custos de sua produção. Na gestão de estoque surge a necessidade de se inventariar os bens disponíveis. Dissertando sobre essa necessidade, Santos (2009, p. 23), citando Wild (2002), afirma que “o controle de inventário é uma atividade que organiza os itens que estão disponíveis aos clientes. Isto coordena funções de compra, produção e distribuição para conhecer a necessidade do mercado”. Através do controle de inventário é possível estabelecer um equilíbrio entre as necessidades da empresa, dando, assim, uma grande contribuição à sua gestão, estabelecendo-se quando e quanto se deve comprar, levando-se sempre em consideração as saídas. Segundo Slack; Chambers; Johnston (2002), para melhor gerenciar os estoques, deve-se: a) Discriminar todos os diferentes itens estocados, de maneira que possam aplicar um grau de controle em cada item, de acordo com sua importância e, b) Realizar um investimento em um sistema de processamento de informação que tenha capacidade de gerenciar o controle dos estoques. Assim, o estoque de uma empresa deve estar de acordo com a sua estrutura, sempre pronto a oferecer o serviço desejado pelo cliente, mantendo o mínimo de estoque, vislumbrando um menor custo possível. José Ozildo dos Santos et al. 28 3 ConsIderações FInaIs Numa organização, o gerenciamento da cadeia de suprimento possui um papel de grande destaque. Além de contribuir para o sucesso da organização, o gerenciamento da cadeia de suprimento em face de seu processo evolutivo, conseguiu deixar de ser um centro de custo, numa organizações e passou a ser uma atividade estratégica. De semelhante importância também desfruta o gerenciamento de estoque numa organização. Para desenvolver suas atividades de formaprodutiva, toda e qualquer organização deve conhecer suas necessidades, monitorar seus estoques, pois este gerenciamento possibilita a redução dos custos e possibilita oferecer ao cliente um melhor preço. É oportuno lembrar que a princípio, nas organizações, o controle de estoque era feito manualmente, constituindo-se numa tarefa que consumia tempo e mão de obra, sempre condicionado ao tamanho da organização. Atualmente, graças aos avanços tecnológicos, é possível em poucos minutos uma organização ter concluído o seu inventário de estoque, sabendo exatamente o que deve repor, tendo em vista as saídas ocorridas no mês ou exercício avaliado. Assim, diante das necessidades atuais e levando em consideração o cenário competitivo atual, as empresas necessitam de ferramentas que agilizem este processo para diminuir riscos e perdas, possibilitando uma tomada de decisões mais rápida e segura. Através do presente trabalho ficou evidenciado que as empresas necessitam aperfeiçoar-se continuamente no que diz respeito à logística, mantendo seus estoques em ponto de equilíbrio, objetivando atender e satisfazer seus clientes, conquistando, assim, o sucesso de precisa para manter-se no mercado. 4 reFerênCIas ATKINSON, A. A. et al. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2000. BALLOU, R. H. Logística empresarial: transporte, administração de materiais, distribuição física. São Paulo: Atlas, 2009. BARBIERI, J. C.; MACHLINE, C. Logística hospitalar: Teoria e prática. São Paulo: Saraiva, 2006. BERTAGLIA, P. R. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. São Paulo: Saraiva, 2003. CABANAS, L. A.; RIBEIRO, M. C. Apostila de administração de recursos materiais e patrimoniais. São Paulo: Atlas, 2005. CORRÊA, H. L.; GIANESI, I. G. N.; CAON, M. Planejamento, programação e controle da produção. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1999. DIAS, M. A. P. Administração de materiais: Uma abordagem logística. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1993. ______. Administração de materiais: princípios, conceitos e gestão. São Paulo: Atlas, 2009. A importância do gerenciamento de estoque no âmbito das organizações 29 FRANCISHINI, P. G.; GURGEL, F. do A. Administração de Materiais e Patrimônio. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. MARTINS, P. G.; ALT, P. R. C. Administração de materiais e recursos patrimoniais. 2 ed. Saraiva, 2006. MOURA, C. E. Gestão de Estoques. São Paulo: Ciência Moderna, 2004. POZO, H. Administração de recursos materiais e patrimoniais: Uma abordagem logística. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2004. SANTOS, M. G. Abordagem sobre a aplicabilidade da tecnologia RFID na cadeia de suprimentos e na administração de estoques. Monografia, 77p. Faculdade de Tecnologia da Zona Leste. São Paulo, SP, 2009. VIANA, J. J. Administração de materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas, 2002. Uma abordagem sobre o gerenciamento da cadeia de suprimentos Rosélia Maria de Sousa Santos José Ozildo dos Santos José Rivamar de Andrade Douglas da Cunha Silva Patrício Borges Maracajá 1 Introdução No cenário atual, as organizações empresariais encontram-se diante de um mercado cada vez mais competitivo, que lhe impõe grandes desafios, principalmente, no que diz respeito à satisfação do cliente. No mundo globalizado, a sobrevivência de qualquer negócio reside, principalmente, na missão de manter clientes. Avaliando esse novo cenário, Alves (2008), afirma que essa realidade tem produzido profundas mudanças nas organizações, principalmente, no que diz respeito à gestão de seus negócios. É importante destacar que além das chamadas exigências básicas, aquelas que impõem à empresa a obrigação de se adequar ao mercado, existem também as necessidades dos clientes, que se ampliam e se renovam constantemente. Estas, adicionadas às dinâmicas provocadas pelo desenvolvimento tecnológico, vêm exigindo que as empresas tornem-se mais competitivas, modificando profundamente o seus processos de gestão operacional, objetivando a eficiência e buscando eliminar os desperdícios. Nesse novo enfoque, as organizações também vêm se preocupando com as várias atividades que envolvem a sua cadeia de suprimento, principalmente, em relação às interações por esta produzidas. Nesse contexto, Pires (2007) destaca que a cadeia de suprimento vem sendo reconhecida como um fator de vantagem competitiva, beneficiando aquelas organizações que a utilizam de forma estratégica. Por sua vez, a demanda afeta todos os processos realizados no interior de uma organização. É no atendimento à demanda onde encontra-se a contribuição maior da cadeia de suprimentos, cuja área se preocupa não somente com as estimativas e pedidos, mas também com o que a organização deve fazer para atender e satisfazer as necessidades de seus clientes. O presente artigo tem por objetivo definir o gerenciamento da cadeira de suprimentos e mostrar a sua importância no contexto organizacional, bem como Rosélia Maria de Sousa Santos et al. 32 as práticas de gestão da cadeia de suprimentos e as técnicas e ferramentas para melhorar esse processo. 2 revIsão de LIteratura 2.1 Construindo um conceito para o termo gerenciamento da cadeira de suprimentos O termo Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos possui derivação do original inglês Supply Chain Management, representado pela sigla SCM, que comumente é empregada no Brasil. Trata-se de uma nova postura empresarial, em que as organizações são direcionadas para trabalhar com o foco no cliente. Na concepção de Laudon e Laudon (2004, p. 55): Gerenciamento da cadeia de suprimentos é a ligação e coordenação estreita das atividades envolvidas na compra, fabricação e movimentação de um produto. Ele integra os processos logísticos do fornecedor, do fabricante, do distribuidor e do cliente para reduzir tempo, esforços redundantes e custos de estoque. Desta forma, constata-se que as tarefas relacionadas ao planejamento e à coordenação de toda a cadeia de suprimentos, encontram-se inseridas no SCM. Partindo do exposto, percebe-se que o conceito de SCM é complexo. Além do mais, envolve fornecedores, fabricantes, como também, distribuidores (ou atacadista) e consumidores. Completando esse pensamento, afirma Pires (1998, p. 5-6) que: Gestão da Cadeia de Suprimentos (SCM) pode ser considerada uma visão expandida, atualizada e, sobretudo, holística da administração de materiais tradicional, abrangendo a gestão de toda a cadeia produtiva de uma forma estratégica e integrada. SCM pressupõe, fundamentalmente, que as empresas devem definir suas estratégias competitivas e funcionais através de seus posicionamentos (tanto como fornecedores, quanto como clientes) dentro das cadeias produtivas nas quais se inserem. Desta forma, para gerir a cadeia de suprimentos, as organizações necessitam definir suas estratégias competitivas e colocá-las em funcionalidade. Por sua vez, a SCM possui uma visão holística e esta particularidade facilita o desenvolvimento das estratégias que a organização necessita. A gestão da cadeia de suprimentos é um fator determinante para o sucesso organizacional, a partir de sua otimização é possível obtenção de ganhos, seja evitando perdas, ou através de melhor uso do tempo, possibilitando absorver Uma abordagem sobre o gerenciamento da cadeia de suprimentos 33 mais fatias do mercado, principalmente, pelo reconhecimento e satisfação do cliente, o que favorece a demanda por mais produtos e/ou serviços. Moori; Pereira e Mangini (2011, p. 472), destacam que: A gestão da cadeia de suprimentos (SCM) é definida pelo Global Supply Chain Forum (GSCF) como a integração dos processos de negócios desde o usuário final até os fornecedores originais (primários) de produtos, serviços e informações que se apresentam como um valor para os clientes e stakeholders.O objetivo da gestão da cadeia de suprimentos é conectar o mercado, a rede de distribuição, o processo de fabricação e a atividade de aquisição, de tal modo que os clientes sejam contemplados com níveis cada vez mais altos de serviços, e que ainda assim os custos se mantenham baixos. Acrescentam Parra e Pires (2003, p. 2): De maneira geral, a SCM busca intensificar, somar e amplificar os benefícios de uma gestão integrada da cadeia de suprimentos. Assim, as estratégias e as decisões deixam de ser formuladas e firmadas sob a perspectiva de uma única empresa e passam a fazer parte da cadeia produtiva como um todo. Embora diga respeito ao que as empresas devem fazer para definir suas estratégias competitivas e funcionais por meio de posicionamentos nas cadeias produtivas em que se inserem, na atualidade, vários autores têm atribuído à SCM o status de filosofia de negócios. As empresas que instalarem o Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos estão propensas a conseguir significativas reduções de estoques, otimização de transportes e eliminação de perdas, conseguindo, assim, maior confiabilidade e flexibilidade. Ainda de acordo com Parra e Pires (2003, p. 2): A SCM também introduz uma importante mudança no modelo competitivo ainda vigente em muitas empresas, ao considerar que cada vez mais a competição no mercado tende a ocorrer no nível das cadeias produtivas e não apenas no nível das unidades de negócios (isoladas). É importante ressaltar que essa mudança altera completamente a forma de como a organização pensa. No que diz respeito à competitividade, tal mudança mostra a necessidade de fazer uso das Tecnologias de Informação, fazendo com que a organização compreenda que no contexto atual, a competitividade se Rosélia Maria de Sousa Santos et al. 34 dá virtuais unidades de negócios, que, por sua vez, são consideradas cadeias produtivas. De acordo com Pires (1998), a utilização do SCM tem proporcionado a obtenção de uma cadeia produtiva mais eficiente, gerando resultados positivos, principalmente, através da: a) compatibilização da estratégia competitiva e das medidas de desempenho da empresa à realidade e objetivos da cadeia produtiva; b) concepção de produtos que facilitem o desempenho da logística da cadeia produtiva e escolha de um operador eficiente para administrar a mesma; c) divisão de informações e integração da infraestrutura com clientes e fornecedores, podendo assim obter entregas just-in-time e diminuir os níveis de estoques; d) reestruturação e consolidação do número de fornecedores e clientes; e) resolução conjunta de problemas e envolvimento dos fornecedores desde os estágios iniciais do desenvolvimento de novos produtos; Assim sendo, percebe-se que os resultados positivos gerados pelo SCM, encontram-se condicionados a uma série de fatores, que devem ser observados de forma conjunta, objetivando atingir as metas que foram estabelecidas para o gerenciamento da cadeia de suprimentos. Acrescenta ainda Pires (1998, p. 5) que: Um objetivo básico na SCM é maximizar e tomar realidade as potenciais sinergias entre as partes da cadeia produtiva, de forma a atender o consumidor final mais eficientemente, tanto através da redução dos custos, como através da adição de mais valor aos produtos finais. A organização deve procurar reduzir os custos ao máximo possível, redução esta que pode ser através da diminuição do volume de transações de informações e papéis, bem como dos custos de transporte e estocagem. Por sua vez, a redução dos custos possibilita à organização adicionar valor aos produtos, o que pode ser conseguido através da criação de bens e serviços customizados, possibilitando ganhos reais tanto aos fornecedores como aos clientes. O Quadro 1 permite que se faça uma comparação entre o modelo de administração de materiais tradicional e o modelo introduzido pela SCM. Analisando o Quadro 1, constata-se que o modelo tradicional prioriza a produção em massa, direciona-se ao mercado local/regional, levando em consideração os custos da produção na hora da tomada de decisões sobre o que fazer ou comprar, enquanto que o SCM caracteriza-se pela customização em massa, estado voltado para um mercado global, primando por um modelo de gerenciamento focado no planejamento estratégico e proativo, levando em consideração estratégia competitiva e o desenvolvimento. E, quando da necessidade de tomada de decisões, adotando um modelo competitivo que se desenvolve em virtuais unidades de negócios. Uma abordagem sobre o gerenciamento da cadeia de suprimentos 35 Quadro 1. Diferenças entre o modelo de administração de materiais tradicional e o modelo introduzido pela SCM Variável Modelo Tradicional SCM Contexto histórico do aparecimento Produção em massa Customização em massa Mercado competitivo Geralmente local/regional Geralmente global Escopo e ação gerencial Operacional e reativo Estratégico e proativo Parâmetros geralmente considerados nas decisões sobre 'fazer' ou 'comprar' Custos de produção, utilização da capacidade e política de integração vertical Parâmetros produtivos, múltiplos (como custo, qualidade, exibilidade), estratégia competitiva e desenvolvimento de novas competências e negócios. Modelo competitivo Unidades de negócios Virtuais unidades de negócios Fonte: Pozo (2004), adaptado. Mostrando a importância do planejamento dentro do SCM, Blanchard apud Santos (2009, p. 20) ressalta que: O planejamento das coordenadas da cadeia de suprimentos otimiza a entrega de bens, serviços e informação, do fornecedor ao consumidor, equilibrando a oferta e demanda. Permite também que as companhias criem cenários de visualização em tempo real das demandas, desenvolvendo previsões. No gerenciamento da cadeira de suprimentos, o planejamento representa uma peça fundamental, que quando bem estruturado, possibilita a entrega de bens e serviços ao consumidor de forma eficiente, atendendo suas necessidades e gerando satisfação. Entretanto, vários fatores podem interferir na cadeia de suprimentos. E à medida que ocorrem os avanços tecnológicos e o mundo se torna mais globalizado, novos fatores vão surgindo exigindo da organização esforços em administração, logística e a utilização das chamadas Tecnologia da informação (TI). A utilização das Tecnologias da Informação está mostrando que as empresas necessitam mudar suas formas de fazerem negócios. Tais mudanças não se aplicam somente a grandes organizações. Elas também estão alterando o perfil das pequenas e médias empresas, que precisam aperfeiçoar seus canais de distribuição para obter maior competitividade. Rosélia Maria de Sousa Santos et al. 36 Ferraz; Kupfer; Haguenauer (1997, p. 3) define a competitividade como sendo “a capacidade da empresa formular e implementar estratégias concorrenciais, que lhe permitam ampliar ou conservar, de forma duradoura, uma posição sustentável do mercado”. Complementando esse pensamento, Ianni (1995) afirma que o conceito de competitividade é dotado de uma dimensão extrínseca à organização ou ao produto. No entanto, o referido conceito também encontra-se relacionado ao padrão de concorrência que existe no mercado. E, esse padrão pode ser visto como sendo a variável determinante, enquanto que a competitividade diz respeito ao resultado ou variável determinada. Afirma Silva (2001, p. 1) que: A competitividade é um conceito dinâmico. Para acompanhar o complexo processo concorrencial, as empresas devem ter um olho no passado - para fortalecer os acertos e não repetir erros; os pés firmes no presente - para posicionar- se com segurança diante da instabilidade do mercado; e um olhar atento para o futuro - para promover os ajustes necessários. A ideia de competitividade encontra-se associada
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