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/ Cooraenafilo Geral Jr. Elvira Milani, Coordena¢o Editorial Ir. Jacinta ThroIo Garcia Coordena¢o Executiva Luzia Bianchi ComiU Editorial Acadtmico Jr. E1vira Milani - President. GI6ria Maria Pa1ma Jr. Jacinta Thro10 Garcia Jose Jobson de Andrade Arruda Marcos V1l1llond Maria Arminda do Nascimento Arruda L Politicas da natureza como fazer ciencia na democracia , Bruno Latour Traduyao Carlos Aurelio Mota de Souza EDCiSC \ L359p Latour, Bruno. Politicas da natureza: como fazer ci~ncia na democracia I Brono Latour; tradu~o CarlosAurelio Mota de Souza. -- Bauru, SP: EDUSe, 2004. 412 p.; 21 em. -- (ColelfAo Ci~ncias Sodais) Indui bibliografia. Tradu~o de: Politiques de 1a ',Ilature: comment faire entrer les sciences en democratie, c1999. 1. Ecologia politica., I. Titulo. II. Serie. CDD 320.5 ISBN 2-7071-3078-8 (original) Copyright@ :Mitions La Decouverte & Syros, Paris, 1999 9 bis, rue Abel-Hovelacque 75013 Paris Copyright@ (tr.dulaO) EDUSC,2004 \. Tradu~i\o realizada a partir da edi~ao de 199.9 Direitos exclusivos de publica~ao em lingua portuguesa para 0 Brasil adqu,iridos pela EDITORA DA UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORA<;AO Rua Irma Arminda, 10-50 CEP 17011-160 - B.urn - SP Fone (14) 3235-7111 - Fax (14) 3235-7219 e-mail: edusC@edusc.com.br , Para Isabelle Stengers, fil6sofa da exigencia. \ ADVERTl'NCIA Todos os termos marcados com urn asterisco sao referi. dos no glossario ao fim da obra, p. 369. Como me abstive de qualquer inovayao lingtiistica, sirvo-Ille deste sinal para lembrar ao leitor que e preciso compreender as expressoes comuns em um sentido que, progressivamente, fui especializando. I .... \ AGRADECIMENTOS Urn livro como este nao tern verdadeiramente urn autor, mas sobretudo um seeretario de reda<;ao, encarregado de estabe- leeer 0 texto e de trazer a termo 0 levantamento das conclusoes. o autor se exprimini mais pessoalmente nas notas, nas quais ci- tara as experiencias e as leituras que partieularmente 0 influen.- ciaram; 0 secretario conservanl, no texto principal, a primeira pessoa do plural que toea aque!e que fala em nome de um "co- laborador" de maior dimensao, e se absteni, tanto quanto possi- vel, de interromper 0 lento e laborioso trabalho coneeitual que apenas deve monopolizar a aten<;ao do leitor. o Ministerio do Ambiente, pe!o representante de sua di- visao de estudos e pesquisas, teve a generosidade de sustentar este projeto nao habitual de pesquisa fundamental, que visava, desde 0 inicio, a confee<;ao de um livro (eontrato nO 96.060). Do resultado, ele nao e - isto deve ser dito -, de nenhum modo res- ponsave!. Eu me beneficiei, todo 0 tempo, do indispensave! apoio de Claude Gilbert, cujos eontatos permitiram 0 estabele- cimento de um original ambiente de pesquisa sobre 0 risco cole- tivo. Agrade<;o aos estudantes d~ London School of Economics, e AgTadecimentos particularmente a Noortje Marres, que me assistiram durante, todos os cursos sobre a politica da natureza, e que deram a esta empreitada sua forma definitiva. Tenho a maior gratidao pelos especialistas que aceitaram passar dos meus rascunhos as pri- meiras provas, e sobretudo por Marie-Angele Hermitte e Lau- rent Thevenot. Nomea-los todos importa em revelar toda a ex- tensao de minhas incompetencias e minhas dividas. Encontram- se nas notas suas contribui'roes mais importantes.,:. Este livro nao teria progredido senao gra~as aos ricos es- tudos de FlorianCharvolin sobre 0 Ministerio do Ambiente, de Remi Barbter sobre os dejetos, de Patricia Pellegrini sobre os animais domesticos, de blizabeth R~my sobre as linhas de alta tensao, de Jean-Pierre Le Bourhis sobre a politica da agua, de Jean-Claude Petit sobre 0 fim do cicio do combustivel nuclear, de Yannick Barthe sobre 0 soterramento dos dejetos radioativos, e de Volonona Rabehisora e Michel CalIon sobre a Associa~ao francesa contra as miopatias. Visto que, segundo a celebre expressao d~ Sully, urn tan- to deturpada, "Pi/hagem e brico/agem siio as duas tetas da d2n- da", pilhei sem vergonha os Cosmopolitiques de Isabelle Sten- . gers, a'quem dediquei esta obra, assim como as pesquisas de Mi- chel CalIon acerca da antropologia do mercado. Entretanto, nes- tes dois anos, tive como.objetivo, constantemente, fazer justi~a a / experiencia verdadeiramente .hist6rica do meu amigo David Western, diretor, em urn m'omento"decisivo, do Kenya Wild Life Service, quando mediu perfeitamente a distiincia que separa a politica da natureza, que redigi em casa, daquilo que ele praticou todos os dias, no campo, no meio dos elefantes, dos Masai, dos turistas, dos doadores internacionais, dos politicos locais, das "tropas de bufalos e de gnus - sem esquecer seus "caros colegas" e outras especies carnivoras... • , I SuMARIO INTRODU<;AO 11 Que fazer da ecologia political CAPITULO 1 / 25 Por que a ecologia politica nao saberia conservar a natureza? 27 De inicio, sair da Caverna 39 Crise eco/6gica ou crise da objetividade? 54 0 fim da natureza 65 0 obstticu/o das "representaroes sociais" da natureza 79 0 fnigil socorro da antrop%gia comparada 91 Conclusiio: qual 0 sucessor para 0 co/etivo em duas camaras? 96 Anexo CAPITULO 2 107 Como reunir 0 coletivo 113 Dificuldades para convocar 0 co/etivo 121 Primeira divisiio: saber duvidar de seus porta-vozes 134 Segunda divisiio: as associaroes de humanos e de niio-humanos 144 Terceira divisiio entre humanos e niio-humanos: rea/idade e reca/dtranda 151 Um coletivo mais ou menos bem articu/ado 158 Conclusiio: a volta il paz civil 163 168 179 189 199 --206 217 221 232 272 295 Sumdrio CAP1TUW 3 Uma nova separa~ao dos poderes Alguns inconvenientes das no,aes de Jato e de valor o poder de considera,lio e 0 poder de ordenamento Os dois poderes de representa,lio do coletivo Verifica,lio damanuten,lio das garantias essenciais Concluslio: uma nova exterioridade CAPlTuw4 As competencias do coletivo A ferceira natureza e a contestafiio dos dais "ecopos" Contribui,lio dos corpos de trabalho no equipamento das a:lmaras o trabalho das camaras Concluslio: A casa comum, 0 oikos INTRODUQAO QUE FAZER DA ECOLOGIA pOLfTICA? CAP1TUW 5 301 A explora~ao dos mundos comuns 307 As duas flechas do tempo ' 316 A traiet6ria de aprendizagem 324 0 terceiro poder e a questlio do Estado . 338 0 exercicio da diplomacia 352 Concluslio: guerra e paz das ciencias CONCLUSAO 359 Que fazer? Ecologia political 369 GwssARIO 387 REFER£NCIAS BIBLIOGRAFlCAS 405 RESUMO DO ASSUNTO (para 0 leitor apressado) Que fazer da ecologia politica? Nada. Que fazer? Ecologia political A primeira questao: todos aqueles que esperaram da po- litica da natureza uma renova0o da vida publica se veem cons- tatando a estagna~ao dos chamados movimentos "verdes". Eles bern gostariam de saber por que a montanha tantas vezes deu a luz urn rato. A segunda questao: todo mund<? apesar das apa- rencias, e obrigado a dar a mesma resposta. N6s nao podemos fuzer de outra forma, visto que nao existe de urn lado a politica e de outro a natureza. Desde a inven~ao do termo, toda politica e definida por sua rela~ao com a natureza, de que cada tra~o, cada propriedade, cada fun~ao depende da vontade poJemica de limitar, de reformar, de fundar, de encurtar caminhos, de ilumi- nar a vida publica. Em conseqiiencia, nao temos a escolha sobre o que fazer ou nao fuzer com a ecologia politica, mas de fuze-lo sub-repticiamente, distinguindo as questaes da natureza e as questaes da politica, ou explicitamente, tratando-as como uma s6 11 Introdu¢o questao que. se prop6e a todos os coletivos. Agora que os movi- mentos ecol6gicos nos anunciam a irrup,ao da natureza na po- litica, sera preciso imaginar, na maioria das vezes com eles e, al- gumas vezes, contra eles, 0 que poderia ser uma politica enfim