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Resumo do texto Pensamento a Psicologia aplicada à Justiça ESTHER MARIA

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ESTADO DE MATO GROSSO
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE PONTES E LACERDA
Discente:
HERIK DE JESUS MOTTA
Curso:
DIREITO
Disciplina:
PSICOLOGIA JURÍDICA
Docente:
JOSÉ ROBERTO GOMES ALBÉFARO
PONTES E LACERDA, MT
JANEIRO/2018
RESUMO: “Pensamento a Psicologia aplicada à Justiça. DO LIVRO PSICOLOGIA JURIDICA NO BRASIL 2ª EDIÇÃO.
Esther Maria de Magalhães Arantes
Herik de Jesus Motta
A questão “Que é psicologia?”, pode-se responder fazendo aparecer a unidade de seu domínio, apesar da multiplicidade dos projetos metodológicos. É a este tipo que pertence a resposta brilhantemente dada pelo Professor Daniel Lagache, em 1947, a uma questão colocada, em 1936, por Edouard Claparède. A unidade da psicologia é aqui procurada na sua definição possível como teoria geral da conduta síntese da psicologia experimental, da psicologia clínica, da psicanálise, da psicologia social e da etnologia. Observando bem, no entanto, se diz que talvez esta unidade se parece mais a um pacto de coexistência pacífica concluído entre profissionais do que a uma essência lógica, obtida pela revelação de uma constância núma variedade de casos (Canguilhem, 1972: 105-106).
Em dezembro de 1980, numa conferência intitulada Le cerveau et la pensée, Canguilhem voltou a criticar a Psicologia, desta vez por reduzir o pensamento ao funcionamento cerebral. Afirmando que a Filosofia nada tem a esperar dos serviços da Psicologia, conclamou os filósofos das novas gerações a resistirem à “calamidade” psicológica. Diante de críticas tão duras, Roudinesco observou que, nesta conferência, Canguilhem não havia se preocupado em distinguir as querelas e discordâncias internas à própria Psicologia, fazendo uma crítica em bloco a saberes muito diferenciados (Roudinesco, 1993). Como o próprio Canguilhem havia dito na conferência de 1956, não há unidade na Psicologia.
Não advindo, desta forma, a cientificidade da Psicologia de sua mera rotulação como ciência, seja natural, social ou humana, ou ciência pura ou aplicada; nem de sua adjetivação como Psicologia Jurídica, Social ou Escolar; ou ainda de sua definição como estudo da alma, do psiquismo, da conduta ou da subjetividade; sequer do uso de medidas, restaria à Psicologia, em geral, e à Psicologia Jurídica, em particular, serem pensadas apenas como técnicas ou ideologias?
Em artigo dedicado a pensar as Ciências Sociais e a Psicologia Social Thomas Herbert ;(1972) pondera que colocar a uma ciência as questões “quem és tu”?, “por que estás aqui?” e “quais suas intenções?” pode parecer impertinência à qual ela tenderia a responder que “está aqui porque existe” e quanto às suas intenções “ela não as tem” mas apenas “problemas a resolver”. No entanto, considera importante a distinção feita por Louis Althusser entre ciência desenvolvida e ciência em constituição. Na ciência desenvolvida o objeto e o método são homogêneos e se engendram reciprocamente, o que não acontece com as ciências em desenvolvimento, como a Psicologia.
Postas estas colocações iniciais, resta dizer que este é um primeiro conjunto de questões e que se apresenta como pertinente apenas a partir da reivindicação de cientificidade da Psicologia, e à qual Canguilhem e Herbert, nos textos acima mencionados, se dedicam.
Um segundo conjunto diz respeito a uma Arqueologia e a uma Genealogia dos saberes sobre o homem, seguindo as indicações de Michel Foucault. Isto porque, mesmo do ponto de vista de uma certa leitura epistemológica no caso aqui as de Canguilhem e Thomas Herbert, não se trata de negar à Psicologia, Jurídica ou não, uma existência de fato e uma qualquer eficácia. Trata-se, então, de saber como e porque este campo se constituiu, quais os seus procedimentos e de que natureza é a sua eficácia. Não devemos nos esquecer que as análises Genealógicas permitiram a Foucault identificar as práticas jurídicas, ou judiciárias/como das mais importantes na emergência das formas modernas de subjetividade, e que a partir do século XIX, mais do que punir, buscar-se-á a reforma psicológica e a correção moral dos indivíduos (Foucault, 1979). Este segundo conjunto de questões diz respeito, então, a tudo aquilo que faz com que a Psicologia Jurídica exista como prática em uma sociedade como a nossa, independentemente de seu estatuto epistemológico. 
Sabemos que a perícia tem sido um dos procedimentos mais utilizados na área jurídica, tendo por objetivo fornecer subsídios para a tomada de uma decisão, dentro do que impõe a lei. Em algumas áreas da justiça a perícia pode ser solicitada para averiguação de periculosidade, das condições de discernimento ou sanidade mental das partes em litígio ou em julgamento.
É sobre tais alegações, motivo da disputa, que trabalhará o juiz, formulando quesitos a serem investigados pelo perito, que de certa forma comprovará ou não as alegações, formulando uma verdade sobre os sujeitos.
A prática dos laudos, pareceres e relatórios técnicos
Constata-se, no exercício profissional dos psicólogos no âmbito judiciário, a predominância das atividades de confecções de laudos, pareceres e relatórios, no pressuposto de que cabe à Psicologia, neste contexto, uma atividade predominantemente avaliativa e de subsídio aos magistrados.
Dos conflitos e do mal-estar
Até aqui a discussão serviu apenas para estabelecer que as questões de definição, de sentido e de eficácia de uma ciência não são questões menores, como também não dizem respeito apenas à Psicologia. No entanto, mencionamos também um certo mal-estar entre os psicólogos brasileiros, insatisfeitos com certas demandas e constrangimentos a que, muitas vezes, são submetidos. Neste sentido, o campo denominado de Psicologia Jurídica é particularmente tenso e contraditório.
Deveria fazer parte do ensino levar os alunos, a compreenderem a qualidade do poder que a ‘especialização lhes confere: encerrar no inferno da Febem um jovem, negar uma adoção ou facilitar a guarda de crianças, afastar filhos de pais, lançar uma criança na carreira, sem esperança, das classes especiais, contribuir para a morte civil da criança ou jovem contraventor (Leser de Mello, 1999: 149).
Como profissionais que atuam no campo social, os psicólogos têm sido chamados, cada vez mais, a refletirem sobre o papel estratégico que desempenham nestes processos de objetivação/subjetivação, a problematizarem as demandas que lhes são feitas e a colocarem em análise a sua condição de especialista.
Do tratamento que é pena
Procedendo a um detalhamento maior da clientela, Bentes constatou que do total de crianças e adolescentes encaminhados judicialmente, 60% não foram diagnosticados como “psicóticos”; 42, 9% dos que receberam diagnóstico de “distúrbios do comportamento” eram adolescentes em conflito com a lei, encaminhados por juízes da Comarca da Capital; e que a maior média de tempo de internação (55, 6 dias) foi em decorrência de encaminhamentos feitos por juízes do interior do Estado. Outros diagnósticos neste grupo foram dependência de drogas, epilepsia, distúrbios de emoções na infância e adolescência, transtorno da personalidade. 
Assim como encontramos interpretação de que a imputabilidade está em 12 anos, encontramos também aqueles que consideram que a “medida socioeducativa” é apenas um eufemismo para “pena” e a “medida de internação” um eufemismo para “prisão”, sendo a diferença entre o adulto e o adolescente apenas o local onde cumprirá a “pena”: prisão de “maior” para adultos e prisão de “menor” para adolescentes. Com o agravante que, muitas vezes, a “medida socioeducativa” aplicada ao adolescente é uma “pena” maior do que a que receberia se fosse adulto. Devemos nos lembrar que esta foi uma das críticas mais contundentes feitas ao Código de Menores: a de que infligia à criança e ao adolescente “carente”, pela imposição de sua internação, em instituição total, uma “pena” de privação de liberdade frequentemente maior do que receberia um adulto que cometesse um crime. Contradição do Direito, portanto, e ao que parece, insiste em se perpetuar.Configura-se assim, no campo social, uma situação muitas vezes complexa e confusa, onde pobreza, abandono e violência se misturam à ausência ou precariedade dás políticas públicas, às desconfianças, medos, omissões e acusações mútuas. Não é, certamente, o melhor dos mundos.
Da justiça que é terapêutica
Segundo estatísticas oficiais, o número de atos infracionais praticados por adolescentes no Rio de Janeiro cresceu de 2.675 em 1991 para 6.004 em 1998. Grande parte desses adolescentes foram acusados de infrações análogas aos crimes previstos na Lei de Entorpecentes (6.368//76): de 204 infrações em 1991 para 3.211 em 1998 (Arantes, 2000).
Em vários fóruns de defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes, onde estas questões são debatidas, pergunta-se pelo “acerto” e pela “justiça” destas apreensões e encaminhamentos. Questiona-se se não estaria havendo rigor excessivo na aplicação das medidas socioeducativas e a própria adequação do rótulo de traficante dado a alguns destes adolescentes, que muitas vezes vendem pequenas quantidades de drogas apenas para sustentar seu próprio consumo ou como forma de subsistência. Questiona-se também a adesão do Brasil a um política antidrogas norte-americana, favorável à chamada “tolerância zero”, e o papel que os .psicólogos são chamados a exercerem nesta nova modalidade de “pena-tratamento”, procedimento polêmico denominado Justiça Terapêutica e importado das Drug Courts dos Estados Unidos da América. O próprio Conselho Federal de Psicologia tem se manifestado neste sentido, conclamando os psicólogos a discutirem melhor o assunto, preocupados em que não exerçam atividades que contrariem o Código de Ética dos Psicólogos.
Não foram por outros motivos que o Grupo de Trabalho “Justiça Terapêutica”, coordenado pelo Conselho Regional de Psicologia 03 e que contou com a participação de representantes de diversos outros CRPs, recomendou uma discussão nacional sobre o problema das drogas. Embora a justiça Terapêutica não aconteça em todo o país, diversos outros serviços, mesmo sem utilizar esta denominação, estão operando sob a mesma lógica, o que justifica a discussão nacional.
O GT indica uma posição “contrária ao modelo da JT e a inserção do psicólogo baseado nos seguintes elementos iniciais”, entre os quais: a quebra do sigilo profissional, já que deve o psicólogo produzir prova que depõe contra o próprio sujeito; quebra dos direitos individuais mínimos, posto que o sujeito que opta pela JT tem de abrir mão do direito de defesa, tendo de se confessar culpado, mesmo que usuário eventual; por entender que há uma diferença entre usuário eventual e dependente e por reafirmar o caráter voluntário do tratamento, condição fundamental para sua eficácia; também por entender, como já foi dito, ser necessária uma ampla discussão sobre a questão das drogas no Brasil.
Criticando a pratica dos psicólogos
Segundo Michel Foucault, em Vigiar e punir, conhecemos já todos os inconvenientes e perigos que a prisão oferece e também a sua inutilidade em relação a uma suposta regeneração dos prisioneiros, e, no entanto, as nossas sociedades não querem dela abrir mão. Sabemos também, pelo menos enquanto a prisão não se propunha a regenerar ou tratar, que a prisão não deveria ser nada além do que "a simples privação de liberdade, mas não é o que acontece. É a este excesso, ao que excede a pena, que Foucault chamou o penitenciário. O aparelho penitenciário, local de cumprimento da pena, é também lugar de uma “curiosa substituição”.
Para concluir, gostaria de dizer que um fator comum que une os estudos acima é a busca de alternativas para a atuação profissional na esperança de que a Psicologia possa ser exercida de uma outra forma, além de trazer à luz o enorme sofrimento causado pelo encarceramento de adolescentes.
Retomemos então, de um Outro modo, a pergunta “Que é a Psicologia?”, possibilitada aqui pelas lembranças de Bastos (2002):
Numa de suas belíssimas aulas ele se dirigiu a alguns alunos do curso de psicologia e perguntou: “O que vem a ser a psicologia?” “Para que ela serve?” Ante a nossa confusão, perplexidade e demora, Cláudio Ulpiano nos disse: “Depende das forças que se apoderam dela! Coloquem suas forças em batalha para produzirem uma psicologia afirmativa.”

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