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Interpretação Clínica de Exames Complementares em Oncologia - Prof. Me. Jhonathan Gonçalves Rocha - Brasília, setembro de 2017 Diagnóstico e Tratamento do Câncer • Últimos 50 anos Houve queda nas mortes por doenças cardiovasculares, infecciosas; • Câncer Mortalidade sem redução significativa; Detecção Precoce Maior sobrevida Busca de Biomarcadores é uma necessidade! - Detecção Precoce - Tratamento Eficaz - Redução da Mortalidade Marcadores Tumorais • Marcadores com valor prognóstico; • Auxiliam na classificação de alguns tipos de câncer e no monitoramento da terapia neoadjuvante; • Alguns marcadores disponíveis nos líquidos corporais (soro e urina); - Proteínas associadas a tumores - Oncoproteínas (reguladoras do ciclo celular) - Proteomas 3 Categorias Padrões recém-descobertos de proteínas no soro que parecem ser exclusivos para tipos específicos de câncer. Marcadores Séricos – Ferramenta Eficaz Para Diagnóstico e Monitorização de Câncer Marcador Ideal: • Deve estar elevado apenas no soro de pacientes com tumor maligno; • Deve estar elevado no soro de pacientes com câncer em fase inicial Detecção precoce e início de terapia adequada; Biomarcadores Cancerígenos • Quaisquer produtos celulares, incluindo: - DNA - RNA - Proteínas (enzimas, proteínas séricas, receptores, proteínas carcinoembrionárias, oncoproteínas e proteínas codificadas por genes supressores); - Células Tumorais Elementos associados com eventos relativos à formação e/ou ao crescimento do tumor (transformação, proliferação, desdiferenciação e metástases). Biomarcadores Cancerígenos • Testes com biomarcadores tumorais - Baseados em tecidos excisados - Séricos • Alta sensibilidade • Não invasivos • Quantificação mais precisa • Ausência de subjetividade interobservador Triagem, diagnóstico e predição do comportamento de muitos cânceres. Marcadores Tumorais Séricos Níveis Sanguíneos Variam: • Proliferação das células tumorais; • Volume do tumor; • Atividades proteolíticas nas células tumorais; • Liberação a partir de células tumorais necróticas. Marcadores Tumorais Séricos • O valor clínico de qualquer marcador depende da sua sensibilidade e especificidade, bem como do uso clínico planejado. Ex. PSA Triagem para Ca de próstata (específico ao órgão) Tratamento precoce; Oncogene HER-2 Prognóstico e monitorização terapêutica de Ca de mama (elevado em múltiplos cânceres). Classificação Funcional de Marcadores Tumorais I) Antígenos Oncofetais – Ex. AFP e CEA Expressos no desenvolvimento fetal, mas não na vida extrauterina. II) Ocorrência de Proteínas nas células epiteliais, elevadas no tecido e no soro em casos de adenocarcinomas e carcinomas de células escamosas – Ex. Proteínas CA 19-9, CA 125, CA 15-3 III) Hormônios Polipeptídicos – Ex. Beta-HCG, Isoforma placentária da Fosfatase Alcalina (soro de pacientes com tumores de células germinativas) * Proteínas semelhantes a hormônios – Ex. Proteína like PTH Induz Hipercalcemia (síndrome paraneoplásica) – Ex. Ca de células renais • Frequentemente marcadores proteicos apresentam-se com baixa sensibilidade e especificidade; • Baixa concentração em paciente com câncer; • Elementos produzidos em processos inflamatórios; • Inúteis para fins de triagem; • Úteis para monitorização de Ca’s específicos. Classificação Funcional de Marcadores Tumorais Ex. CEA Eleva-se em pacientes com Ca de cólon. Após ressecção do cólon, presença de CEA indica recorrência tumoral. • PSA é uma exceção; • Quase exclusivo da glândula prostática; • Útil na triagem e monitorização de Ca de próstata; Classificação Funcional de Marcadores Tumorais Pesquisas convergem para busca de proteínas expressas apenas em células cancerígenas. • Direta ou indiretamente envolvidas no controle da mitose; • Vias de transdução de sinais; • Frequentemente encontradas em pacientes com crescimento celular anormal. Câncer e estados pré-cancerosos. Oncoproteínas Como Marcadores de Proliferação Celular • Genes supressores de tumor codificam proteínas responsáveis pela supressão do crescimento celular; Diferenciação Celular e Supressores Tumorais Interrupção do crescimento no ciclo celular ou Apoptose P-53 Antioncogênica - Apoptose - Parada do ciclo celular - Envelhecimento Celular - Resposta de Dano ao DNA Diferenciação Celular e Supressores Tumorais Quase 50% dos processos malignos apresentam envolvimento com mutações nesse gene. P-53 • Mutação ou deleção Produção de produtos gênicos inativos; • Análises moleculares que detectam mutações do DNA sérico de genes supressores; • Ac’s contra proteínas supressoras anormais de tumor podem ser utilizados como biomarcadores. Diferenciação Celular e Supressores Tumorais • BRCA 1 e BRCA 2 Genes de suscetibilidade ou genes supressores de tumor. • BRCA 1 Mutações são responsáveis por metade de todos os cânceres de mama hereditários. Associação com Ca de ovário, cólon e próstata; • BRCA 2 70% dos casos de Ca de mama hereditários não atribuídos ao BRCA 1; Ca de mama masculino; • Sequenciamentos destes genes e seus produtos são úteis como marcadores tumorais; • Triagem e identificação de famílias ou indivíduos de alto risco. Moléculas de Adesão e Metástase • Metástase – Inicia-se nas adjacências, depois invadem sistemas vasculares ou vasos linfáticos; • Moléculas de adesão celular (integrinas, selectinas, caderinas) regulam muitas etapas do processo metastático; • Alterações no nível da expressão destas moléculas refletem o comportamento maligno da célula tumoral; • Aparecimento destas moléculas de adesão celular na circulação Risco ou ocorrência de metástases Mau prognóstico. Outros Marcadores • Hormônios – Ex. hCG; • Proteínas Séricas; • Enzimas e seus metabólitos – Ex. LDH, Fosfatase Alcalina; • Podem ficar elevados em tumores em decorrência da elevada taxa de proliferação celular; • Algumas doenças benignas também elevam esses marcadores Não são adequados para formulação de diagnóstico e realização de triagem; • Mais apropriados para monitorização da resposta terapêutica; Outros Marcadores • Exceção: Fosfatase Alcalina Várias isoformas Isoforma placentária relacionada a tumores de células germinativas. Uso específico no LCR de pacientes com massa na região pineal para diagnóstico diferencial de Tumores de Células Germinativas X Pinealoma. Elevação fecha diagnóstico de Tumor de Células Germinativas. Outros Marcadores • Proteínas ectópicas são frequentemente expressas no câncer; Ex. Proteínas carcinoembrionárias detectáveis em tecidos fetais e tumorais, mas não em tecidos adultos normais; • Concentração sérica Atividade tumoral e prognóstico; • Não são adequadas para triagem; • Importantes como testes adjuvantes no diagnóstico; • Monitorização de terapêutica e detecção de recorrência. - Não aparecem precocemente - Reações cruzadas com proteínas normais em ensaios com anticorpos policlonais Anticorpos Monoclonais e Marcadores Tumorais • Favoreceram a identificação de marcadores tumorais; • Pequena área de uma estrutura proteica pode ser reconhecida, por exemplo (epítopo ou determinante antigênico); • Maior sensibilidade e especificidade que os ensaios que usam anticorpos policlonais. Anticorpos Monoclonais e Marcadores Tumorais Aplicações Clínicas • Triagem • Diagnóstico • Predição do Prognóstico • Avaliação de Resposta Terapêutica Triagem • Exemplo: PSA Sérico + EDR (Exame Digital do Reto); Homens > 50 anos; Combinação PSA + EDR é a abordagem mais barata para detecção de Ca de Próstata; Triagem permite tratamento de Câncer potencialmente curávele confirmado ao órgão. - Elevada especificidade tecidual do Ag + Elevada prevalência deste tipo de câncer Diagnóstico • Muitos marcadores tumorais podem aparecer antes do estágio em que muitos procedimentos físicos poderiam ser utilizados para detecção de câncer. Prognóstico: Recorrência, Metástase e Sobrevida • Avaliação da agressividade tumoral; • Detecção de marcadores tumorais altamente associados com processos malignos e metástases Sugere tratamento sistêmico e rigoroso; • Monitorização pós-cirúrgica Sucesso da cirurgia e eficácia da quimioterapia • A maioria dos marcadores tumorais se eleva de maneira progressiva quando um tumor sofre metástase; • Melhor avaliação de metástase: Proteases e Moléculas de Adesão (ainda avaliados nos tecidos tumorais); • Níveis elevados de algum marcador após a remoção cirúrgica do tumor: -Remoção incompleta do tumor - Recorrência do quadro - Presença de metástase Prognóstico: Recorrência, Metástase e Sobrevida • Jamais confiar no resultado de um único teste; • Na solicitação de acompanhamento, não se esquecer de solicitar o teste do mesmo laboratório com o mesmo kit de análise; • Ter certeza de que o marcador solicitado estava elevado antes da cirurgia; • Considerar a meia-vida do marcador tumoral ao interpretar o resultado do teste. Ex. PSA 30 dias para diminuir após ressecção cirúrgica da próstata. Recomendações Para Solicitação dos Testes de Marcadores Tumorais • Considerar a solicitação de múltiplos marcadores para melhorar a especificidade e a sensibilidade da pesquisa (heterogeneidade das células componentes da massa tumoral); • Estar ciente da presença de marcadores ectópicos. Recomendações Para Solicitação dos Testes de Marcadores Tumorais α-Fetoproteína (AFP) - Importante proteína sérica fetal e uma das principais proteínas carcinoembrionárias; - Sintetizada pelo saco vitelino e pelos hepatócitos . Em menor grau pelo TGI e pelos rins; - Elevação no carcinoma hepatocelular primário, sendo o marcador sérico mais útil para diagnóstico e tratamento desta doença; - Elevação em alguns tumores germinativos derivados do saco vitelino (junto ao hCG – diagnóstico diferencial); - Transitoriamente elevada na gravidez e em doenças hepáticas benignas. Marcadores Tumorais Individuais Fatores Angiogênicos - A Angiogênese é importante na patogênese de crescimento rápido e metástase; - Fator de crescimento ácido e básico de fibroblastos (bFGF), Angiogenina, Fator de Crescimento Endotelial Vascular (VEGF); - Alguns tumores já apresentam descritos reflexos do aumento destes biomarcadores com impacto na sua evolução. Marcadores Tumorais Individuais Angiogênese – Formação de vasos sanguíneos in situ, envolvendo processos ordenados de migração, proliferação e diferenciação de células vasculares. β2-Microglobulina (β2-M) - Corresponde à cadeia leve constante do antígeno de histocompatibilidade humano (HLA), expresso na superfície de grande parte das células nucleadas; - É eliminada no líquido extracelular e aumenta não só em tumores maciços, mas também em doenças linfoproliferativas; - A concentração sérica correlaciona-se com atividade linfocítica marcador satisfatório em processos malignos envolvendo células B; - No LCR os níveis são úteis para detecção de metástases no SNC; - Níveis de β2-Microglobulina elevados em 75% dos casos de Mieloma Múltiplo. Marcadores Tumorais Individuais Antígeno Carcinoembrionário (CEA) - Primeira das chamadas proteínas carcinoembrionárias. Descoberta em 1965 por Gold e Freedman; - Marcador tumoral mais utilizado para câncer no TGI; - Pode elevar-se também em outros tipos de cêncer (pulmão, mama); - Estudo deste marcador permitiu várias descobertas sobre a utilidade dos marcadores tumorais, de modo geral; - Metabolização hepática do CEA Dano hepático compromete depuração, leva a aumento na circulação. Limitação para uso em decisões clínicas isoladamente e como exame de triagem. Marcadores Tumorais Individuais CA 15-3 e CA 27-29 - Antígenos que correspondem a sequências de mucinas chamadas mucinas epiteliais polimórficas; - Frequentemente superexpressas nas superfícies celulares de células glandulares malignas, como no Ca de mama; - Quantidades crescentes são liberadas na circulação; - CA 15-3 está presente em uma série de adenocarcinomas, como de mama, cólon, pulmão, ovário e pâncreas. Bastante usado para monitorar evolução clínica de pacientes com câncer de mama metastático; - CA 15-3 pode elevar-se também em hepatites crônicas, cirrose hepática, tuberculose e LES; - CA 27-29 é levemente mais sensível para câncer de mama. Ambos os marcadores são aprovados pela FDA para monitorar Ca de mama avançado ou recorrente. Marcadores Tumorais Individuais CA 19-9, CA 50 e CA 19-5 - CA 19-9 pode estar elevado em pacientes com Ca colorretal, gástrico e pancreático; - CA 50 e CA 19-5 complementam o uso do CA 19-9 em carcinomas pancreáticos e outros carcinomas; - Em pacientes com hepatopatias benignas podem ocorrer resultados falso-positivos, possivelmente atribuídos a colestases. Marcadores Tumorais Individuais CA 125 - Expresso por mais de 80% dos carcinomas ovarianos epiteliais; - Pacientes submetidos a quimioterapia podem apresentar um falso declínio deste antígeno. Assim, um resultado negativo nem sempre descarta a recorrência do tumor; - CA 125 é também usado para acompanhamento de tumores uterinos (>60% estão elevados) e tumores benignos, inclusive na endometriose; Marcadores Tumorais Individuais Calcitonina - Pode ficar elevado em pacientes com alta taxa de renovação (turnover) óssea, associada com metástases esqueléticas; - Pode sofrer aumento ectópico em carcinomas broncogênicos e no carcinoma medular da tireoide. Marcadores Tumorais Individuais Hormônio que reduz os níveis de cálcio no plasma. Ação contrária ao PTH Gonadotrofina Coriônica Humana - Hormônio glicoproteico sintetizado se secretado por células trofoblásticas placentárias; - Altos níveis de hCG podem ser encontrados em tumores trofoblásticos, coriocarcinoma e tumores testiculares; - Em outros tipos de câncer pode ocorrer a produção ectópica do Beta-hCG livre (ex. tumores endócrinos pancreáticos). Marcadores Tumorais Individuais Oncoproteína HER2/neu - Proteína transmembrânica; - Elevada no soro de pacientes com diversos tipos de câncer de células epiteliais (mamário, pulmonar, gástrico, prostático, colorretal e ovariano); - Ca de mama é um importante marcador prognóstico e preditivo; - Aumento no Ca de mama relacionado ao aumento do volume tumoral, grau do tumor e positividade dos linfonodos (Estadiamento TNM); - Ca de mama Níveis séricos correlacionam-se com resposta à quimioterapia. Marcadores Tumorais Individuais p53 - Fosfoproteína nuclear que funciona como um regulador negativo de crescimento celular; - Atua como supressor tumoral Induz a expressão de produtos gênicos responsáveis pela inibição ou interrupção dos processos de crescimento e proliferação celulares; - Sabe-se que o gene responsável pela codificação desta proteína sofra mutação em cerca de metade de quase todos os tipos de cânceres de variados tecidos; - Meia-vida curta (20 minutos) não permite detecção sanguínea; - Técnicas moleculares detectam mutação no gene p53. Marcadores Tumorais Individuais Peptídeo Relacionado ao Paratormônio (PTH-RP) - Elevado na maioria dos pacientes com hipercalcemia associada ao câncer; - Mensuração deste analito é útil no diagnóstico diferencial de hipercalcemia relacionada à malignidade e relacionada com hiperparatireoidismo primário e toxicidade da vitamina D; - Pacientes com função renal comprometida, mas sem hipercalcemia ou câncer podem apresentar concentrações plasmáticas elevadasde PTH-RP. Marcadores Tumorais Individuais Antígeno Prostático Específico (PSA) - É uma protease de serina sintetizada exclusivamente nas células epiteliais da glândula prostática; - Receptor androgênico regula a expressão do PSA nessas células; - Alto grau de especificidade tecidual Marcador mais utilizado até o momento; - Valor normal: 0 a 4 ng/mL; - Hiperplasia prostática benigna, prostatite aguda também elevam PSA; Marcadores Tumorais Individuais Antígeno Prostático Específico (PSA) - Excelente marcador na triagem, diagnóstico, predição de risco de câncer e recorrência; - Sociedade Americana de Câncer e Associação Americana de Urologia recomendam triagem anual com PSA em homens acima dos 50 anos de idade; - Monitoramento de prostatectomia cirúrgica; - Ressecção completa Níveis indetectáveis de PSA; - Qualquer aumento após prostatectomia Recorrência ou metástase. Marcadores Tumorais Individuais Teste do Sangue Oculto - Teste inespecífico Triagem de tumor colônico; - Se positivo Colonoscopia; - Sangue nas fezes pode ter outras causas: hemorroidas, colites, diverticulite, traumatismos na região perianal; - Falso-positivos Fatores exógenos (fibras de carnes) – Avaliar metodologia e dieta. Marcadores Tumorais Individuais
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