Buscar

As Revolues Inglesas do Sculo XVII

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

As Revoluções Inglesas do Século XVII
Decadência da Monarquia Absolutista na Inglaterra
	“A Inglaterra foi o único país europeu em que o absolutismo entrou em decadência antes de 1789.
	Os motivos que determinaram esse fato foram de ordem política, econômica e religiosa. Como já vimos, o princípio do consentimento às decisões reais eram mais fortes na Inglaterra medieval do que em outros estados. Só na Inglaterra foi que apareceu na Idade Média um órgão como o Parlamento, atuando como barreira potencial ao absolutismo. Durante todo o século XVI, a Coroa inglesa soube usar o Parlamento de modo a promover seus próprios interesses, mas no século seguinte, atitudes e políticas da monarquia começaram a provocar resistência parlamentar. Quando isso aconteceu, a força econômica de muitos membros da oposição parlamentar, que havia sido criada pela importante participação da Inglaterra na Revolução Comercial, ajudou muitíssimo a combater e finalmente derrotar a monarquia. A principal causa imediata da revolta contra o absolutismo real foi de cunho religioso. Protestantes radicais objetaram intensamente à política religiosa real e por fim transformaram suas objeções em causa para a guerra civil.”
BURNS, Edward MacNall. História da Civilização Ocidental. 30. Ed. São Paulo : Globo, 1993. p. 426. v. 2. Editora Globo S/A. História da Civilização Ocidental by Edward Burns
	O texto nos apresenta alguns importantes acontecimentos que precipitaram a decadência do absolutismo na Inglaterra, antes mesmo de ocorrerem em outros países. A França, por exemplo, fez sua revolução burguesa em 1789, ou seja, apenas no final do século XVIII. Vários fatores contribuíram para que a Inglaterra colocasse fim ao poder absolutista de seus monarcas; entre eles, como menciona o autor, a importante atuação do Parlamento, órgão político que, desde a Idade Média, procurou limitar o absolutismo real. Contudo, as principais causas que levaram os ingleses à guerra civil foram as questões de ordem econômica, social e religiosa.
	A partir dos séculos XVI e XVII, a Inglaterra passou por grandes transformações econômicas, decorrentes de uma verdadeira revolução comercial. Em virtude desse fato, internamente houve uma grande movimentação social que levou o país a sofrer uma profunda reestruturação política.
Plano econômico e social – A Revolução Comercial: Na Inglaterra, a produção de lã de carneiro impulsionou o florescimento da maior indústria têxtil da Europa. A produção de carvão vegetal e mineral veio implementar a produção de energia necessária para a movimentação da indústria nascente. O comércio e a indústria naval levaram a Inglaterra a fazer concorrência com outros países, redimensionando a sua economia e colocando-a como uma das maiores potências marítimas desse período. Esse impulso comercial fez com que a burguesia inglesa aumentasse, cada vez mais, o seu poder financeiro e, em decorrência disso, o político, o qual ela exercia com sua participação no Parlamento. Aliada aos interesses econômicos da burguesia comercial urbana, vemos surgir no campo uma pequena e média nobreza rural (Os Gentry) com mentalidade capitalista, empreendedora, empresarial, comercialista e muito bem relacionada com a burguesia urbana. Com isso, a antiga nobreza feudal e os grandes proprietários de terras, que eram aliados entre si e que sustentavam o regime absolutista, foram perdendo “terreno”, posições e privilégios.
	A partir do século XV, os camponeses que até então gozavam da liberdade das antigas terras comunais, onde plantavam, criavam os seus rebanhos e exploravam a lenha, viram-se privados desses benefícios com a implantação do sistema de cercamento das terras (enclosures). Essas terras, outrora de uso comum, passaram gradativamente a ser propriedades privadas, fato que levou à miséria grande parte dessa população. Destino semelhante tiveram os granjeiros, lavradores e pequenos proprietários, os quais vieram engrossar, nos centros urbanos, as fileiras dos desempregados.
Plano ideológico – Dentro do contexto da época, além das transformações econômicas e dos problemas sociais decorrentes desse fato, agregavam-se os conflitos de ordem religiosa, os quais estavam intrinsecamente relacionados às questões políticas. Na Inglaterra, além dos anglicanos (religião oficial do Estado), havia ainda grande número de protestantes calvinistas (puritanos), organizados em diferentes grupos, das mais variadas tendências religiosas e políticas.
►	os anglicanos e católicos que defendiam a monarquia absolutista;
►	os calvinistas (puritanos) que eram favoráveis à limitação do poder do rei. Entre eles, alguns mais radicais lutavam pela implantação de um regime republicano;
►	os presbiterianos (calvinistas escoceses) que eram adeptos de uma monarquia limitada e representavam os ideais de uma Igreja mais livre, sem interferência do Estado.
Plano Político – Com a morte de Elizabeth I (1558-1603), que não deixou descendentes direto, a dinastia Tudo chegou ao fim. Com ela morria também o período áureo do absolutismo inglês.
	Jaime Stuart, rei da Escócia, assumiu o trono da Inglaterra com o título de Jaime I (1603-1625), iniciando, assim, uma nova dinastia, a dos Stuart.
	Sem possuir o carisma de sua antecessora, Jaime I procurou governar a Inglaterra de forma absolutista. Buscou, então, inspirar-se nos monarcas franceses e apelar para a antiga lei do direito divino dos reis, pretendendo, com essa atitude, impor suas decisões sem aceitar qualquer questionamento. Logo de início, o rei indispôs-se com o Parlamento em função das questões relacionadas à legalidade de seus atos como governante. Com o objetivo de aumentar os recursos da coroa, o monarca aumentou impostos e criou novos, procedimento que provocou a ira e a resistência do Parlamento, o qual, pela legislação, deveria ter sido consultado pelo rei, antes de impor tais decisões à população. Desrespeitando a ordem legal, o rei fechou o Parlamento, passando sete anos sem convocá-lo.
	Questões religiosas envolveram o monarca em outros problemas políticos. Como Jaime I era anglicano e defendia a religião oficial do Estado, no intuito de forçar as conversões, passou a perseguir católicos e protestantes calvinistas (puritanos). Os burgueses, boa parte da nova aristocracia rural (Os Gentry), e um significativo número da população mais pobre do reino eram adeptos do calvinismo, bem como do desenvolvimento econômico, sem a interferência do Estado. Foi durante esse período, em função dessas perseguições religiosas, que muitos puritanos emigraram para a América do Norte, onde fundaram colônias, as quais, mais tarde, deram origem aos Estados Unidos da América.
	Ao morrer em 1625, Jaime I deixava a Inglaterra em meio a grandes dificuldades; os conflitos políticos e religiosos se radicalizavam e seu sucessor, Carlos I (1625-1649), pouco fez para reverter essa situação; ao contrário, envolveu-se em sérios conflitos com o Parlamento.
Revolução Puritana – Guerra Civil (1624-1648)
	Seguindo as ambições do pai, Carlos I deu continuidade ao regime absolutista e desencadeou novos confrontos com o Parlamento. Após sua coroação, passou a fazer uso indiscriminado de medidas anticonstitucionais, ou seja, tomar decisões políticas e econômicas sem consultar o Parlamento. Criou novos impostos, concedeu empréstimos, perseguiu e prendeu quem não acatava suas determinações.
	Em 1628, o Parlamento impões ao rei a Petição de Direitos, pela qual não poderia fixar novos impostos, determinar prisões arbitrárias, convocar o exército sem autorização parlamentar. Carlos I se comprometeu a acatar essas determinações legais, porém não as cumpriu. No ano seguinte, ele dissolveu o Parlamento e governou arbitrariamente, tomando decisões econômicas impopulares e fazendo uso do poder para impor o anglicanismo à população; medidas que provocaram protestos em todas as partes do reino.
	A intervenção política de Carlos I na Igreja Presbiteriana da Escócia, onde pretendia forçara prática do anglicanismo, provocou a rebelião armada dos escoceses contra a monarquia inglesa.
	Em 1640, com o objetivo de arrecadar fundos para enfrentar a resistência dos escoceses, Carlos I viu-se obrigado a convocar o Parlamento. Valendo-se dessa situação, os parlamentares de oposição procuraram forçar o rei a cumprir a Petição de Direitos. Ao se negar a assumir tal compromisso, que segundo ele feria a autoridade divina da qual acreditava ser o legítimo representante, ele tentou invadir o Parlamento, sendo então impedido pelos parlamentares e pela população.
	O jogo de força entre o rei e o Parlamento acabou por levar a população à guerra civil. Dentro desse contexto, duas forças políticas se definiram; de um lado, encontravam-se os Cavaleiros (grupo político armado), os quais apoiavam o rei e, de outro, os Cabeças Redondas (porque usavam cabelos curtos), aliados aos parlamentares e oposição.
►	Partidários do rei (Cavaleiros): Nobreza anglicana; católicos e anglicanos ingleses e irlandeses; defensores do absolutismo.
►	Partidários do Parlamento (Cabeças Redondas): Puritanos ingleses, presbiterianos escoceses, representantes das seitas radicais e aqueles que tinham enriquecido com a indústria têxtil.
	Os Cabeças Redondas eram liderados por Oliver Cromwell, membro da pequena nobreza puritana. Pela sua bravura e resistência, seus soldados ficaram conhecidos como Ironsides (costelas de ferro). Seu exército teve que enfrentar algumas derrotas, mas acabou saindo vitorioso da guerra civil.
	Derrotado, o rei fugiu para a Escócia. Mais tarde, os escoceses entregaram-no ao exército de Cromwell. Julgado e condenado, Carlos I foi decapitado em 1649.
Republica Puritana de Cromwell (1649-1658)
	Com a morte de Carlos I, Cromwell, que contava com a maioria puritana no Parlamento e o apoio do exército, extinguiu a monarquia e a Câmara Alta (dos Lordes), estabelecendo a República que levou o nome de Commonwealth (Comunidade e Estado Livre). Assim, iniciava-se a segunda fase da Revolução Puritana.
	No início de seu governo, Cromwell enfrentou rebeliões de grupos radicais de direita e esquerda: os primeiros, contrários à República, e os últimos (como os levellers-niveladores), que buscavam dar continuidade a um processo revolucionário que lhes possibilitasse a criação de uma república de pequenos proprietários. Mais tarde, em 1653, Cromwell dissolveu o Parlamento e seu governo assumiu características ditatoriais, momento em que adotou o título de Lorde Protetor da Inglaterra. Durante esse período, submeteu violentamente a Irlanda e a Escócia à Inglaterra, criando assim a Comunidade Britânica.
	Entre outras realizações de seu governo, encontra-se o Ato de Navegação (1651), medida que obrigava os navios europeus, que negociassem com a Inglaterra, a só poderem carregar as mercadorias do seu país; os produtos da América, África e Ásia só poderiam ser transportados em navios ingleses. Essa resolução trouxe enormes vantagens comerciais para a Inglaterra mas, em contrapartida, a Holanda, que até então obtinha imensos lucros com o comércio marítimo, entrou em rápido processo de decadência. Esse fato fez com que esse país decretasse guerra aos ingleses. Derrotada, abriu caminho para que a Inglaterra se tornasse a maior potência naval e comercial da Europa até meados do século XIX (1850), ano em que o Ato de Navegação foi revogado.
	Em relação às questões religiosas, o governo desse período assumiu uma postura de tolerância diante das diversas seitas protestantes; contudo, perseguiu católicos e anglicanos, confiscando, inclusive, suas terras.
	Com sua morte em 1658, seu filho Ricardo Cromwell, assumiu o comando político da República; mas, inexperiente, acabou renunciando antes mesmo de completar um ano de governo.
Restauração da Monarquia (1660-1688)
	O sistema monárquico foi restabelecido na Inglaterra com a coroação de Carlos Ii, membro da dinastia Stuart. Ao assumir o governo, o rei buscou recuperar o poder dos nobres feudais e da Igreja Anglicana, aproximando-se dos católicos e perseguindo os puritanos. Tal procedimento, reacendeu os antigos conflitos e desentendimentos com o Parlamento inglês. Na intenção de se precaver de uma possível retomada do poder absolutista, o Parlamento aprovou o Habeas-Corpus, lei que garantia a liberdade individual e instituía que ninguém poderia ser privado de sua liberdade arbitrariamente, ou por capricho do rei. A instituição do Habeas-Corpus passou a ser adotada em diversos países e hoje faz parte da legislação jurídica de inúmeros países em que vigora o regime democrático.
	A restauração da monarquia na Inglaterra não significou, portanto, a volta do absolutismo real; ao menos durante o reinado de Carlos Ii. Contudo, a eterna possibilidade de retorno de um governo absolutista limitou, por algum tempo, as ambições políticas da burguesia e demais membros da Câmara dos Comuns no Parlamento.
Revolução Gloriosa de 1688
	Com a morte de Carlos Ii em 1685, seu irmão Jaime II, foi coroado rei. Católico declarado, provou novos desentendimentos com o Parlamento por governar de forma anticonstitucional. Uma lei anteriormente aprovada determinara que todos os funcionários públicos pertencessem à Igreja Anglicana; o rei, entretanto, ignorando tal lei, passou a nomear católicos para exercerem altos postos civis e militares. Temendo a volta do catolicismo e os desmandos dos antigos reis ingleses, parlamentares burgueses tramaram a queda de Jaime II.
Guilherme de Orange e sua esposa Maria Stuart (filha mais velha de Jaime II), que viviam na Holanda, foram convidados a “invadirem” a Inglaterra e a deporem o rei, no intuito de manter as conquistas liberais e proteger a religião protestante. Em 1688, com essa missão, o príncipe da Holanda desembarcou na Inglaterra com um pequeno exército; contudo, não precisou fazer uso do mesmo, pois não encontrou resistência. Jaime II se refugiou na França e um novo Parlamento proclamou Guilherme novo rei. Por isso, esse episódio da História da Inglaterra, que ocorreu sem derramamento de sangue, passou a ser conhecido como “Revolução Gloriosa”.
	Antes de ser coroado com o título de Guilherme III, o novo rei teve de se submeter à Declaração de Direitos (Bill of Rights), documento que limitava a autoridade do rei e concedia mais poder ao Parlamento. Entre as restrições impostas ao monarca, estava previsto que:
►	ele não poderia desobedecer às leis parlamentares ou cancelá-las;
►	o rei deveria reunir o parlamento anualmente;
►	inspetores seriam designados para controlar as suas contas;
►	ele não poderia dispor do exército ao seu bel-prazer ou de forma permanente;
►	a cobrança de novos impostos, vetos ou censura permaneceriam sujeitos à apreciação e aprovação da assembléia.
	Sendo assim, a partir de então, o governo inglês ficou sob a autoridade do Parlamento.
	A Declaração de Direitos não se limitava apenas à autoridade dos reis, ela também garantia alguns direitos e liberdades aos cidadãos, tais como: liberdade individual e de propriedade, manutenção do Habeas-Corpus e do júri popular, liberdade de imprensa, entre outros.
	As revoluções internas representaram o fim do sistema absolutista na Inglaterra e a vitória da burguesia no controle do Estado. A Revolução Gloriosa, por sua vez pôs fim à teoria do direito divino dos monarcas; a Declaração de Direitos estabeleceu definitivamente a autoridade do Parlamento, o qual conseguiu estabelecer a Monarquia Constitucional com o novo regime político na Inglaterra. Esses resultados criaram um período de prosperidade com equilíbrio político, pacificação dos conflitos religiosos e desenvolvimento econômico, o qual daria possibilidade à Inglaterra de realizar mais tarde a Revolução Industrial.
�PAGE �
�PAGE �5�

Outros materiais