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O Renascimento

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O Renascimento
	“O conhecedor do mundo na Renascença”
	“Entre os séculos XIV e XVI, a Europa viveu uma época de muitas transformações no campo das técnicas, das artes, da política e do próprio conhecimento que o homem tinha do mundo e de si mesmo. (...) Além da busca do conhecimento de um mundo que até então havia sido pouco explorado, o homem renascentista valorizava suas potencialidades humanas. Os indivíduos passaram a poder contar com suas próprias experiências, a partir das quais dialogaram com autores mais antigos e projetaram uma série de inovações técnicas, que modificaram a maneira de viver dos homens daquela época. A razão foi um outro instrumento fundamental para os projetos filosóficos, engenheiros, cientistas e artistas da época, juntamente com o conhecimento do saber da Antiguidade e com a valorização das experiências individuais. (...)
	Assim, uma vez recuperados os livros que continham a tradição de um saber clássico greco-latino, revalorizado o uso da razão e da experiência, os homens do Renascimento estavam de posse do instrumento que efetivamente lhes permitiu modificar as condições de vida na Europa. Esse instrumento foi a crítica, pois não bastariam apenas a experiência, a razão e as informações do pensamento dos sábios da Antiguidade. Era preciso criticar os elementos com os quais não concordassem e buscar novas possibilidades.”
ACKER, Tereza van (Adapt.) Renascimento e humanismo. O homem e o mundo europeu do século XIV ao século XVI.4.ed. São Paulo: Atual, 1992.p.03, 29-30.
	Ao analisarmos um período de transição histórica, não podemos nos restringir apenas aos aspectos econômicos, políticos e sociais; as manifestações intelectuais e culturais dos homens nos ajudam também a melhor compreender os novos caminhos empreendidos pela sociedade de uma época.
	
	O Renascimento é reconhecido como um movimento cultural que trouxe uma nova identidade para a sociedade, na Idade Moderna. Ao lermos o texto, identificamos uma série de termos que nos apontam para essa nova visão de mundo: a valorização das potencialidades humanas por meio da experiência, uso da razão e desenvolvimento do espírito crítico.
	Partindo do conhecimento que possuímos sobre a Idade Média, somos levados a perguntar: Como foi possível ao homem, saído de uma sociedade medieval, marcada por guerras, epidemias e fome, ultrapassar todas essas dificuldades e dar início a uma outra identidade cultural? Dentro de um contexto em que prevaleciam os valores cristãos, como foi possível romper com esses padrões e redefinir uma nova mentalidade? Que fatores contribuíram para que o homem moderno criasse uma nova identidade cultural? O que ambicionava? Onde tudo, exatamente, começou? O que foi afinal o Renascimento cultural da Idade Moderna?
Origens da Cultura Renascentista e suas Principais Características
	O Renascimento foi um movimento de renovação cultural que começou a ocorrer dentro da sociedade do século XIV e estendeu-se até o século XVI. De grande abrangência, manifestou-se em diversas áreas, como política, artes, técnica e no próprio conhecimento que o homem tinha do mundo.
	Os filósofos do século XVI, também conhecidos como humanistas, classificaram esse movimento de Renascimento Cultural. O termo evocava para eles o sentido de despertar, renascer ou nascer de novo, pois sua base cultural encontrava-se na Antiguidade Clássica greco-romana e não na sociedade medieval.
	Esses pensadores se opunham à cultura e aos valores da Idade Média, considerada por eles “Idade das Trevas”, “período de obscurantismo cultural e ignorância”, época em que os valores divinos e extraterrenos predominaram, moldando a cultura da sociedade. Deus ocupava o centro dos interesses humanos e do Universo (teocentrismo). Segundo eles, foi uma época em que o homem deixou de fazer uso de todas as suas potencialidades racionais para viver em função das promessas do paraíso celeste. Ao colocarem a figura humana como centro de suas atenções e dispensarem maior consideração para a vida terrena, os humanistas assumiram uma postura bastante diversa da perspectiva cultura da Idade Média, o antropocentismo = o homem como centro dos interesses dos estudos modernos, opunha-se claramente ao teocentrismo medieval.
	Os humanistas, portanto, negaram a cultura da sociedade medieval e voltaram-se para a cultura da Antiguidade Clássica greco-romana, pois ali encontraram os valores que buscavam para romper com o seu passado mais próximo.
	“O movimento intelectual mais característico do Renascimento foi o Humanismo, um programa educacional baseado no estudo da antiga literatura grega e romana. A atitude humanista para com a Antiguidade diferia dos eruditos da Idade Média. Enquanto estes buscavam adaptar o conhecimento clássico a uma concepção cristã do mundo, os humanistas do Renascimento valorizavam a literatura antiga por ela própria – por seu estilo claro e elegante e por sua percepção da natureza humana. Com os clássicos da Antiguidade, os humanistas esperavam apreender o muito que não lhes ensinaram os escritos medievais – esperavam, por exemplo, aprender a viver bem neste mundo. (...) Usavam o conhecimento clássico para alimentar o seu novo interesse pela vida terrena.”
PERRY, Marvin. Uma história Concisa. A Civilização Ocidental. São Paulo: Martins Fontes.s.d.p.271.
	É importante ressaltar que os humanistas do Renascimento eram, na sua grande maioria, cristãos. Eles não negavam, portanto, a crença cristã, muito menos a validade da Bíblia; consideravam o ser humano obra-prima da criação divina, porém o concebiam com um ser dotado de múltiplas necessidades e aspirações, sejam elas sociais, políticas ou religiosas. Ao reivindicarem uma maior autonomia do homem, passaram a valorizar o individualismo, ou seja, os valores do indivíduo deveriam sobrepujar os da sociedade.
	A partir da Antiguidade Clássica greco-romana, os humanistas incorporaram as idéias filosóficas dos gregos que enalteciam a beleza estética do homem, a liberdade e as possibilidades que elas ofereciam ao indivíduo de participar ativamente na vida social, cultural e política de suas cidades. Da cultura dos antigos romanos, assimilaram as leis e os princípios jurídicos, como bases para o questionamento das ultrapassadas leis medievais. Os fundamentos do conhecimento arquitetônico, deixados nas ruínas das grandes construções romanas, ajudaram a aprimorar o estilo das novas construções da Idade Moderna. Em suma, os humanistas buscavam, naquelas culturas, os elementos que permitissem o engrandecimento do homem enquanto ser dotado de corpo e alma, o qual poderia atingir todas as suas potencialidades racionais, fazendo uso da razão.
	Ao enaltecer o raciocínio e a razão (racionalismo), sustentavam a convicção de que tudo poderia ser explicado pela ciência e pelo uso da razão. Esse pensamento opunha-se à crença medieval de que a verdade só poderia ser conhecida pelos ensinamentos da Igreja, fundamentados na fé e na religião.
				Itália – Berço do Renascimento
	O movimento renascentista iniciou-se no norte da Itália, a partir do século XIV; no século seguinte, espalhou-se para o norte da Europa e estendeu-se até o século XVI.
	Vários fatores contribuíram para que ele tivesse ocorrido primeiramente na Itália.
	Após as Cruzadas (século XI), o Mar Mediterrâneo foi reaberto ao comércio europeu. Cidades italianas, especialmente Gênova e Veneza, especializaram-se no comércio marítimo; outras, como Milão e Florença, tornaram-se grandes centros econômicos. Tal situação favoreceu o surgimento de poderosos grupos financeiros, como a família Médici, em Florença, e Sforza, em Milão.
	A força financeira dessas cidades e de suas poderosas famílias propiciou o surgimento do mecenato. Os mecenas (burgueses, príncipes, monarcas e religiosos) tornaram-se grandes protetores e incentivadores das artes e das ciências. Por meio desse patrocínio, eles procuravam também se projetar socialmente, buscando imprimir um estilo de vida que se aproximassedos valores da nobreza.
	É importante lembrar que a Itália não percorreu os mesmos caminhos políticos de muitos outros reinos feudais da Europa. Enquanto França, Inglaterra, Espanha e Portugal entravam na Idade Moderna com um sistema político com base nos Estados Nacionais (com poder absoluto dos monarcas), a Itália mantinha uma estrutura política baseada nas cidades-estados independentes (com estrutura política diversificada; Repúblicas, Ducados e Reinos), o que impossibilitava a centralização do poder nas mãos de um único governante. A rivalidade política e o relativo equilíbrio econômico entre essas cidades impediram a sua unificação política; contudo, favoreceram as artes, pois, ao darem incentivo e financiarem a produção artística, os príncipes locais buscavam legitimar seu poder e dar importância às suas cidades diante das demais.
	A Itália ainda possuía muitas ruínas do Antigo Império Romano, e esse proximidade com os elementos da arquitetura clássica antiga funcionou como base para os novos projetos da arquitetura renascentista.
	Após a queda de Constantinopla, muitos sábios bizantinos vieram para a Itália; esses pensadores formados a partir da cultura clássica grega trouxeram consigo, além de um vasto conhecimento, muitas obras da Antiguidade por eles preservadas.
	Pode-se ainda mencionar a forte presença da cultura muçulmana no sul da Itália, principalmente na Sicília. Os árabes traduziram inúmeras obras dos pensadores gregos, e seus estudos posteriores foram fortemente influenciados por essa cultura.
				Fases do Renascimento Italiano
	O Renascimento italiano foi dividido pelos historiadores da arte em três grandes momentos, cada qual correspondendo ao período de um século: Trecento (século XIV), Quatrocento (século XV) e Cinquecento (século XVI).
	Trecento – considerado a fase inicial da elaboração da cultura renascentista, período de transição em que os elementos da cultura medieval se encontram agregados aos princípios renovadores do Humanismo. Durante esse período, a literatura se sobrepôs às outras manifestações culturais, tanto em número de suas produções quanto na importância dos seus expoentes.
	Petrarca trouxe os primeiros traços da influência greco-romana em sua obra épica “De África”. Dante Alighieri escreveu “Divina Comédia”, Giovanni Boccaccio, entre outras obras, escreveu “Decameron”. A pintura dessa fase, representada principalmente por Giotto, ainda dva grande ênfase aos temas religiosos, impressos por meio de seus inúmeros afrescos pintados na Igreja de Assis. Giotto, entretanto, foi o primeiro pintor a romper com a rigidez da arte medieval, acentuando o aspecto humano e individual de seus personagens.
	Quatrocento – período de apogeu do Renascimento italiano. A cidade de Florença se firmou como forte centro político e comercial; a projeção da burguesia florentina, principalmente da poderosa família Médici, fez-se notar com os grandes incentivos financeiros concedidos aos artistas da época. Para comemorar o período de grandeza e opulência da cidade governada pela rica família, o arquiteto Filippo Brunelleschi construiu a cúpula da Catedral de Santa Maria del Fiori, a Igreja de São Lourenço e inúmeros palácios. Donatello, com suas esculturas, inaugura um período de grande vigor artístico; seus nus, esculpidos em grandes dimensões, exaltam as formas da anatomia humana, revelando uma das características mais marcantes do Renascimento, o antropocentrismo. A figura humana passa, então, a ser representada em grandes proporções pelos artistas dessa fase e também do Cinquecento. No espaço reservado à pintura, a utilização da tela e do cavalete deu mais mobilidade aos artistas que até então, utilizavam as paredes pouco iluminadas do interior das igrejas. A introdução de novas técnicas com o uso da tinta a óleo possibilitou a criação de efeitos jamais vistos, como brilho, sombras e efeitos luminosos. Esse aprimoramento técnico no Quatrocento valorizou as formas, a perspectiva e o espaço nas artes plásticas. Masarccio foi o grande destaque na pintura do Quatrocento, que ainda teve nomes, tais como: Sandro Botticelli, Fra Angélico, Domenico Ghirlandaio, entre outros.
	Cinquecento – último grande momento do Renascimento italiano. As obras artísticas atingiram nessa fase seu mais elevado grau de elaboração. O período foi marcado pelo apogeu das artes e pela decadência econômica e política da Itália. A crise econômica fez-sentir com o deslocamento do eixo comercial do Mediterrâneo para o Atlântico. Vivia-se a época dos descobrimentos portugueses e espanhóis, período em que certas cidades-estados italianas enfrentaram a guerra e as invasões da França e saques dos espanhóis e dos alemães.
	Durante o Cinquecento, Roma foi o grande centro de difusão das artes, patrocinadas pelas figuras dos papas Júlio II e Leão X. Foi durante esse período que se iniciou a construção da Basílica de São Pedro em Roma e a decoração do Palácio do Vaticano, conduzidos pelas mãos do arquiteto Bramante. A pintura adquiriu o mais alto grau de elaboração, sintetizando as técnicas desenvolvidas nos períodos precedentes. Marcaram essa fase Michelangelo, Rafael Sanzio e Leonardo da Vinci.
	Leonardo da Vinci – celebrizou-se na pintura por meio de seus quadros “A Última Ceia”, “Virgem das Rochas” e “Mona Lisa”. Contudo, ele foi bem mais do que um grande pintor renascentista; destacou-se como escultor, músico, poeta, filósofo, matemático, engenheiro, físico e botânico. Seus inventos geniais foram reconhecidos muitos séculos depois. Estão entre eles o esboço do pára-quedas, o escafandro, o canhão, o helicóptero.
	Michelangelo – pintor, escultor, arquiteto e poeta, destacou-se como um dos maiores pintores do Renascimento; é lembrado como o artista “escultor do corpo humano”. Além de suas pinturas monumentais que se encontram na Capela Sistina (Vaticano), “Deus Criando o Mundo”, “A Criação de Adão”, “O Dilúvio e Juízo Final”, suas esculturas, “David”, “Moisés” e “Pietá”, são também geniais. “O elemento básico de toda a obra de Michelangelo é a figura humana, sempre poderosa e de dimensões colossais.”
	Rafael Sanzio – outra grande expressão da pintura renascentista, tornou-se famoso por suas “madonas”, retratos, virgens e cenas religiosas. “Sua arte é harmoniosa, tranqüila, segura de si, sem mistérios, sem dúvidas e sem remorsos. Com a magnífica perfeição técnica que um talentoso herdeiro de toda a tradição pictórica italiana soube aproveitar, representa um mundo sólido, farto, crente e satisfeito consigo mesmo.
SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento, 17. ed. São Paulo: Atual, 1994, p. 66.
	“Durante essa fase, a cidade de Veneza revelou grandes artistas, como os pintores Carpaccio, Ticiano, Giovanni Bellini, e poetas, como Ludovico Ariosto e Torquato Tasso.
	A pintura, a escultura e a literatura são normalmente reconhecidas como as expressões máximas do Renascimento italiano, sobretudo no século XVI. O Renascimento, porém, não se resumiu às artes e à literatura; significativas foram também as suas realizações científicas e filosóficas. Foi nesse período que Nicolau Maquiavel desenvolveu seu pensamento político, imortalizado na obra “O Príncipe”. Nicolau Copérnico e Galileu Galilei notabilizaram-se pelos estudos astronômicos. Leonardo da Vinci elaborou inúmeros projetos científicos. Giordano Bruno e Tommaso Campanella deram um novo impulso à filosofia moderna. O alemão Johannes Gutenberg aperfeiçoou a imprensa em 1454, que havia sido inventada pelos chineses anteriormente. A reprodução em série, possibilitada pela imprensa, barateou o custo dos livros e, graças a eles, as idéias renascentistas conseguiram maior divulgação.
	Nicolau Copérnico (1473-1543), astrônomo polonês, desenvolveu estudos sobre o Heliocentrismo, contrapondo-se, assim, à antiga Teoria Geocêntrica (a Terra como o centro do Universo) apresentada por Ptolomeu e defendida pela Igreja Católica. Copérnico, em seus estudos, concluiu que ela era apenas mais um astro que girava em torno de simesmo e ao redor do Sol. Este, por sua vez, não era o centro do Universo, mas apenas o mais importante astro de um sistema, o solar (Hélio = Sol – Heliocentrismo = o Sol como centro do sistema).
	Galileu Galilei (1564-1642), astrônomo italiano, defendeu as idéias de Copérnico, ampliou os estudos da astronomia ao desenvolver suas teorias a partir da criação do telescópio. Ao fazer uso desse invento, pôde diferenciar estrelas e planetas, descobrir que muitos deles possuíam satélites, observar cometas e também os anéis de Saturno. Desenvolveu estudos sobre o satélite da Terra – a Lua.
	Ao defender as idéias de Copérnico e aprofundar os estudos nessa área, Galileu provocou a ira da Igreja Católica, que colocou a sua obra escrita na lista dos livros proibidos pela Igreja – o Index e, por isso, quase foi queimado na fogueira da Inquisição. Os estudos nessa área tiveram continuidade com o alemão Johannes Kepler que, entre outras descobertas, demonstrou que os planetas desenvolviam uma órbita elíptica.
	Essa nova dinâmica trazida pela ciência por meio do experimentalismo e da observação possibilitou o desenvolvimento de novas descobertas e favoreceu o surgimento do espírito crítico dos pensadores. Essa nova postura veio questionar os valores defendidos durante toda a Idade Média que estavam embasados na fé cristã. Por esse motivo, alguns cientistas dessa época foram perseguidos e condenados pela Inquisição.
				Expansão do Renascimento na Europa
	A partir do século XV, o movimento renascentista começou a espalhar-se por outros países da Europa, mas sem o mesmo vigor que teve na Itália e desenvolvendo características específicas em cada região. Como nos países do norte da Europa, os intelectuais humanistas e os artistas estavam mais preocupados com a reforma do cristianismo e da sociedade moderna. A literatura e a filosofia tiveram maior destaque do que a pintura e a escultura.
	Nos Países Baixos (Flandres e Holanda), a pintura renascentista encontrou um campo fértil para o seu desenvolvimento devido ao fato de a região se encontrar em uma fase de grande desenvolvimento comercial, o que favoreceu o amplo incentivo no campo artístico. Essa pintura, ao mesmo tempo que se empenhava em retratar o luxo e o requinte da vida burguesa, preocupava-se também em apresentar a pobreza, os homens simples e suas festas populares, casamentos e feiras das aldeias. Seus mais notáveis representantes foram os irmãos Van Eyck (entre suas obras mais conhecidas está a “Adoração ao Cordeiro”, de Jan vn Eyck), Hieronymus Bosch, (“Carroça de Feno”, “O Jardim das Delícias”, e “As Tentações de Santo Antão”), Pieter Brueghel (“Banquete Nupcial”, “Dança Campestre”, “Os Cegos”, e o “Massacre dos Inocentes”).
	O grande destaque da filosofia humanista dessa região foi o holandês Erasmo de Rotterdam (1469-1536). O pensamento de Erasmo é conhecido como “humanismo cristão”; ele representou os mais altos ideais do pensamento renascentista no norte da Europa. Não era fanático religioso, apenas acreditava na bondade inata do homem. Afirmava que toda miséria e injustiça acabariam por desaparecer se os sistemas políticos e religiosos levassem o homem a fazer uso da razão, criando, assim, possibilidades concretas para tirá-lo da ignorância, da superstição e do ódio. Grande parte de seu trabalho foi devotado à causa da reforma religiosa e à exaltação da tolerância entre as religiões. Suas obras mais destacadas são “Elogio da Loucura” (sátira ao dogmatismo dos teólogos, bem como à ignorância e à credulidade das pessoas), “Colóquios” e “A Lamentação da Paz” (manifestação do seu horror às guerras e ao desprezo pelos príncipes despóticos).
	Na França, a força dos ideais renascentistas se projetou nas obras arquitetônicas, como as do palácio de Fontainebleau, Louvre, Toulherias e nos castelos de Chambord e Blois (no Vale do Rio Loire).
	Outras áreas de destaque foram a literatura e a filosofia. Seus mais ilustres representantes foram François Rabelais (1490-1553) e Michel de Montaigne (1533-1592). Com a comédia “Gargântua e Pantagruel”, Rabelais satiriza a Igreja e o dogmatismo medieval, as superstições, a repressão e prega o culto à razão, ao amor, à justiça e à liberdade. O filósofo Montaigne, autor de “Ensaios”, defendia a bondade essencial do indivíduo, a tolerância entre as religiões e o direito de ser livre, sem medo de ser punido por um Deus vingativo, como o apresentado pelos protestantes calvinistas.
	Na Inglaterra, os ideais renascentistas encontraram um ambiente favorável somente após a Guerra das Duas Rosas (século XVI). Lá se destacaram, entre outros, o filósofo Thomas Morus (1476-1535) e o teatrólogo Willian Shakespeare (1564-1616).
	Thomas Morus – notabilizou-se com a obra “Utopia”, na qual chamava atenção para os abusos políticos e religiosos da época e propunha um mundo sem extremos de riqueza e miséria e sem guerras.
	William Shakespeare – considerado um dos maiores teatrólogos de todos os tempos. Suas obras continuam presentes, atuais e sendo encenadas nos palcos de todo o mundo. Por meio de suas peças, Shakespeare expunha valores renascentistas, como honra, heroísmo e a luta entre o destino e a sorte, preocupando-se em desvendar o questionamento e as angústias do ser humano. Entre suas obras mais conhecidas, destacamos “Otelo”, “Romeu e Julieta”, “Hamlet”, “Rei Lear”, “Macbeth”, “Mercador de Veneza”, “Sonho de uma Noite de Verão”.
	A expressão artística na Alemanha desse período foi influenciada pela Reforma Religiosa e pelas guerras dela decorrentes. Os pintores de maior expressão na época ilustram a temática religiosa em suas obras, tais como: Albrecht Dürer, autor de “Natividade”, “Adoração da Santíssima Trindade”, “Cristo Crucificado” e “Auto-Retrato”. Hans Holbim, importante retratista, imortalizou em sua obra a figura de Henrique VIII.
	A pintura na Espanha desse período notabilizou-se pelas obras de Domenikos Theotokopoulos, conhecido por El Greco (originário de Creta), e Diogo Velásquez. Na literatura, Lope de Veja (autor de peças teatrais), Tirso de Molina, Pedro Calderón de la Barca (considrado por muitos o Shakespeare espanhol) e Miguel de Cervantes, autor da célebre obra literária, que satiriza a cavalaria medieval, “Dom Quixote”; em Portugal, o destaque ocorreu na literatura com o dramaturgo Gil Vicente, autor de “Auto da Barca do Inferno” e Luís Vaz de Camões, autor de “Os Lusíadas”, epopéia que narra as conquistas marítimas portuguesas.
				Leitura Complementar
			“A Mulher na Época do Renascimento
	O novo lugar dado à mulher, pelo menos no escalão superior da sociedade, explica-se, especialmente, pelo desenvolvimento da vida das cortes. A reabilitação da mulher operou-se a partir do momento em que se começou a ter tempo para conversar. Ora, o Renascimento permitia aos grandes o prazer da conversa.
	Portanto, as damas que freqüentavam as residências dos príncipes não eram menos obrigadas que os homens a “saber o Cortezão”. (...)
	A donna di palazzo deve, sem dúvida, possuir certas qualidades do fidalgo; mas deve distinguir-se dele pela feminilidade. Cabe-lhe ser bela, doce, delicada e, naturalmente, graciosa. Cuidará da modéstia de conduta e da honestidade das palavras mais ainda que os homens; será discreta e bondosa. Não dará estímulo à maledicência nem às calúnias. Para conservar o seu lugar na vida da corte terá de possuir (...) um misto de graça, de gentileza, de cortesia – que lhe permite saber dizer a cada um palavras que especialmente lhe agradem. Se na sua presença alguém disser palavras um pouco mais livres não deverá afastar-se ostensivamente, atitude que poderia parecer hipócrita; limitar-se-á a corar um pouco. E também não permitirá utilizar palavras impróprias para dar mostras de espírito emancipado; do mesmo modo não tomará atitudes vulgares. Quando dançar, evitará movimentos excessivos e desordenados. Quando cantar ou tocar músicas,escolherá melodias harmoniosas e moderadas em vez de peças mais ousadas. De resto, far-se-á sempre um pouco de rogada antes de aceder à dança, cantar ou tocar música. Estabelecerá uma correspondência à sua beleza, ao seu vestuário, às suas palavras e aos seus gestos. Não só terá de saber dançar e receber visitas como terá conhecimentos de literatura, de pintura e de música; se os não tivesse, não poderia desempenhar o seu papel.
DELUMEAU, Jean. In: MARQUES, Adhemar et al. História moderna através de textos. 5. ed. São Paulo : Contexto, 1997. p. 160-161. (contexto@editoracontexto.com.br)
				“A Origem da Imprensa”
	“(...) Os chineses se iniciaram nesse processo por volta do ano de 350 e, em 800, gravaram folhas inteiras em blocos de madeira. Essas páginas poderiam ser repetidas um sem-número de vezes, cada reprodução sendo exatamente igual à primeira. No entanto, existia a desvantagem de se levar um tempo enorme para gravar uma base em madeira com os símbolos perfeitamente executados.
	Mais tarde, os chineses tiveram a idéia de usar um bloco diferente de madeira para cada símbolo e, assim, os blocos poderiam ser dispostos em qualquer combinação desejada, o que produziria a página que se quisesse. Em 1450, começaram a produzir caracteres de madeira desse tipo e, em 1500, já estavam usando caracteres de metal. Nesse momento, porém, já tinham sido ultrapassados pelos europeus, embora seja possível que estes tivessem sabido da novidade dos tipos movíveis e se tenham antecipado aos chineses.
	O inventor alemão, Johannes Gutenberg (1390-1468), tentava desenvolver esses tipos soltos desde 1435. Tinha o papel com o qual trabalhar (que já chegara à Europa havia bastante tempo, vindo da China) e o experimentou com várias tintas. Planejou ainda a máquina de imprimir, um artifício que servia para pressionar o papel de maneira igual sobre todos aqueles pequenos caracteres de metal.
	Em 1454, Gutenberg já resolvera todos os problemas de seu processo e achava-se pronto para a grande tarefa:começou a editar uma Bíblia, em colunas duplas, com quarenta e duas linhas latinas em cada uma. Produziu, assim, trezentas cópias de cada uma das 1282 páginas, o que resultou em trezentas bíblias de Gutenberg. Foi o primeiro livro impresso e muitas pessoas o consideram o mais bonito jamais produzido, iniciando, portanto, uma arte por seu nível mais alto. As bíblias de Gutenberg, ainda existentes em nossos dias, são os livros mais valiosos do mundo.”
ASIMOV, Isaac. Cronologia das ciências e das descobertas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1993. p. 190-191.
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