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Proc. Penal - Resumo_1° Avaliação

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DIREITO PROCESSO PENAL
					RESUMO: 1° AVALIAÇÃO
DO PROCESSO EM GERAL: PRINCÍPIO, SISTEMAS E HISTÓRIA.
Noções Gerais Do Processo Penal
Lide e Processo Penal
 Desde que o homem passou a viver em sociedade de forma organizada visando à obtenção de fins comuns, fez-se necessário um controle social, o qual se deu através do Direito (ubi societas ibi jus) que passou a exercer uma função ordenadora, dirimindo os conflitos derivados das ilimitadas necessidades do ser humano frente à limitação dos bens existentes. 
 A lide, portanto, pode ser definida como sendo uma pretensão resistida (Carnelutti), onde o autor da infração resiste à pretensão do acusador, pois, enquanto o primeiro pretende garantir o seu jus libertatis; o segundo pretende vê-lo punido, com a diminuição de um bem jurídico (patrimônio ou liberdade). Do ponto de vista criminal, a lide surge com o cometimento de uma infração penal, figurando de um lado o autor da conduta criminosa e do outro o titular da pretensão punitiva que, no nosso ordenamento jurídico, é o Ministério Público e, em casos excepcionais, o ofendido ou seu representante legal, assim, é através do processo penal que se dirime a lide. Deste modo, somente o Estado pode dirimir os conflitos existentes na sociedade, solucionando-os através de um órgão imparcial (juiz) mediante o processo legal, sendo exclusividade sua o monopólio da Justiça, daí ser considerada criminosa a conduta de fazer justiça com as próprias mãos (art. 345 do CP).
Observação: 
Embora caiba ao Estado resolver os conflitos, há algumas hipóteses em que é admitida a autodefesa, como no caso do art. 24 – Estado de Necessidade e 25 – Legitima Defesa do CP (excludentes de ilicitude) e a autocomposição, disposta no art. 76 da Lei nº 9099/95 (transação penal).
Jus Puniendi e Jus Persequendi
Entende-se por jus puniendi o direito-dever do Estado em punir o autor da infração penal, manifestado através do poder de império estatal, de modo a salvaguardar a sociedade contra o crime, sendo esse direito limitado através do Direito Penal Objetivo (Código Penal).
 Quanto ao jus persequendi ou persecutio criminis é o direito do Estado e perseguir o autor da ação criminosa, sendo tal direito consubstanciado no conjunto de atividades exercidas pelos órgãos estatais que visam à aplicação da sanção penal ao culpado.
A persecução criminal apresenta duas fases: a da investigação, que é preparatória e inquisitiva (inquérito policial) e a judicial, que se inicia com a propositura da ação penal. 
Processo Penal
 Para Hélio Tornaghi: “o processo penal é uma sequência ordenada de fatos, atos e negócios jurídicos que a lei impõe ou dispõe para averiguação do crime e da autoria e para o julgamento da ilicitude e da culpabilidade”.
	A doutrina processualista diverge quanto ao objeto do processo, havendo quatro posições fundamentais:
É a pretensão punitiva
É a pretensão processual
É a imputação (o fato imputado)
É a lide
 O mestre Antônio Scarance Fernandes, na esteira da lição de Cândido Rangel Dinamarco, diz que objeto serve para designar algo que é posto diante de uma pessoa, ou como alvo de uma atividade sua. Daí pode se extrair que o objeto do processo é tudo o que se coloca diante do juiz à espera do provimento que ele proferirá afinal. Desta maneira, a concepção mais moderna é no sentido de ampliar o objeto do processo penal, de modo a abranger o exame dos elementos do crime, da classificação da infração penal feita na peça acusatória e das circunstâncias judiciais (art. 59 do CP) e legais (agravantes, atenuantes, causas de aumento e diminuição de pena) aferíveis na individualização da pena.
 Quanto à finalidade do processo é ser o instrumento através do qual a jurisdição se concretiza, dando ao Estado a possibilidade de aplicar a lei para solucionar a lide.
1.1. DIREITO PROCESSUAL PENAL
 O conceito, segundo Fernando Capez, é o conjunto de princípios e normas que disciplinam a composição das lides penais, por meio da aplicação do Direito Penal Objetivo.
 O objeto do Direito Processual Penal é o estudo das normas e princípios relativos às pessoas que intervêm no processo, às relações entre elas, e ao procedimento, entendido este como a coordenação das atividades por elas desenvolvidas.
 A sua finalidade pode ser dividida em mediata, que diz respeito a própria pacificação social obtida com a solução do conflito e imediata, que é o fato de que o Direito Processual Penal viabiliza a aplicação do Direto Penal.
Quanto às características, a doutrina costuma discorrer sobre três:
Autonomia – o Direito Processual não é submisso ao Direito Material, por ter seus princípios e regras próprias.
Instrumentalidade – é o meio para fazer atuar o Direito Penal.
Normatividade – é a partir da norma (Código de Processo Penal: Decreto Lei nº 3.689/41), que se instrumenta os princípios, organiza os institutos e constrói o sistema.
1.2. HISTÓRIA DO DIREITO PROCESSUAL PENAL
1.2.1. Evolução histórica nos diversos períodos da história mundial
História do Processo Penal
Processo Penal Antigo
- Egito -	
O Poder Judiciário era confinado aos sacerdotes.
Os crimes mais graves eram julgados por um Tribunal Supremo, formando por homens de maior prestigio e equilíbrio.
Os atos processuais, em geral, eram feitos de forma escrita.
As instrução do processo era pública, já o julgamento era secreto.
- Palestina -
A organização judiciária era composta de três tribunais: Tribunal dos três (composto de 03 juízes que julgavam causas de interesse pecuniário), Tribunal dos vinte e três (composto de 23 juízes que julgava os recursos contra decisões do Tribunal dos Três e, originariamente, os delitos apenados com morte) e Tribunal dos Setenta (também denominado Sinédrio, composto por 70 juízes, considerado a Suprema Corte dos Hebreus, com a função de interpretar a legislação hebraica e julgar os senadores, profetas, chefes militares, as cidades e as tribos rebeldes.
Só aplicava pena de multas e morte, pois não havia pena de prisão, salvo a prisão em flagrante.
Não poderia haver condenação com base no depoimento de uma única testemunha, assim como não poderia haver condenação com base apenas na confissão.
Eram proibidos interrogatórios ocultos.
A instrução e os debates eram orais, porem os julgamentos secretos.
- Grécia -
Os gregos dividiam os crimes em delitos privados (menos graves, cuja acusação ficava a cargo da vítima, seus representantes ou sucessores) e delitos públicos (mais graves, sendo a acusação de qualquer do povo – ação popular)
A organização judiciária era composta por quatro tribunais:
Assembléia do Povo – somente julgava os crimes políticos mais graves
Areópago – constituído de 51 juízes, era considerado o mais famoso tribunal, julgava os homicídios premeditados, os envenenamentos, os incêndios e outros crimes punidos com morte,
 Tribunal de Efetas – julgava apenas os homicídios não premeditados.
 Tribunal dos Heliasta – reunia-se na praça pública sob o sol, composto por 6000 pessoas, recrutadas anualmente, que eram divididas entre 10 seções, as quais formavam as Turmas julgadoras, onde julgavam todos os casos criminais, salvo os crimes de competência do Areópago e dos Efetas.
Não havia instrução probatória, as provas apresentadas no dia do julgamento, sendo as testemunhas obrigadas a depor, sob pena de serem aplicados os tormentos.
Não havia prisão preventiva, salvo quando se tratasse de crime de conspiração contra a pátria e ordem pública.
Nas hipóteses de acusação caluniosa, o acusador era punido.
O não comparecimento do réu implicaria julgamento à revelia, prevalecendo a acusação contra ele formulada.
O julgamento era público e oral.
- Roma -
Assim como na Grécia, havia o processo penal privado (iudicium privatium) e o público (iudicium publicium), mas com o passar do tempo, o processo privado foi praticamente abandonado.
As formas de procedimento do direito romano antigo foram:
Cognitio – surgiu na Monarquia e estendeu-se até a República, sendo o sistemainquisitorial puro, no qual imperava o arbítrio, pois o réu podia ser preso preventivamente, a critério do julgador, e não tinha direito de se defender, nem de apresentar provas, mas com o decorrer do tempo passou-se a permitir que o condenado recorresse da condenação ao povo reunido em comício.
Acusatio – surgiu no início da República através da justiça centurial, em que as centúrias (integradas por patrícios e plebeus) administraram a justiça penal em um procedimento oral e público, sendo suas características a separação entre função de acusador (feita pelo povo) e julgador, o julgamento feito por colegiado popular onde predominava a publicidade e a oralidade e por órgãos julgadores temporários
 Cognitio extra ordinem – surgiu no Baixo Império Romano, possuindo as seguintes características: o processo penal estava a cargo do Senador, o sistema processual passou a ter o tipo inquisitorial, foram recrudescido os poderes do julgador e limitado o direito de acusação, o juiz poderia dar inicio e julgar o processo, sem necessitar de acusação formal e a instrução passou a ser secreta, escrita e não contraditória. 
- Processo Penal Germânico -
Havia distinção entre delito de ação penal pública e privada
Na ação pública, a acusação ficava a cargo do clã, na privada, era feita pela vítima ou seus familiares perante a Assembléia, que era presidida pelo Rei, Príncipe, Duque ou Conde.
Admitia-se a autodefesa (justiça com as próprias mãos)
A confissão do réu dispensava a instrução do feito
O ônus de provar a inocência era do réu
Buscava-se a verdade através do juramento e Juízes de Deus (ordálias)
Admitia-se o contraditório, a oralidade, a concentração e a publicidade.
- Processo Penal Canônico -
Vigorou entre o século XIII até o XVIII
Inspirou-se no processo penal extraordinário dos romanos
Aplicava-se o processo inquisitório no julgamento dos crimes comuns e religiosos
Aboliu-se a acusação pública
Depoimentos das testemunhas eram colhidos em segredo
O interrogatório era precedido ou seguido de tortura, a qual estava regulamentada sendo considerada a rainha das provas
Supressão da oralidade e da publicidade nos julgamentos 
1.2.2. História do Processo Penal Brasileiro. 
Processo Penal no Brasil
- Período Colonial –
No período do descobrimento, vigoravam as ordenações Afonsinas (1446-1514), Manuelinas (1514-1569) e o Código de Dom Sebastião (1569-1603), sendo que dessas somente as Manuelinas foram aplicadas por Martim Afonso de Souza, ao formar a organização judiciária da colônia similar a de Portugal. Posteriormente, entraram em vigor as ordenações Filipinas (1603-1824), porém, o Decreto de 23.05.1821, da lavra de Dom Pedro I, aboliu tais ordenações e trouxe várias inovações:
Aboliu as prisões provisórias arbitrárias
Estabeleceu que as provas deveriam ser abertas e públicas, para facilitar a defesa
Vedou que as pessoas fossem levadas em masmorras, abolindo também o uso de correntes, algemas, grilhões e outros ferros.
- Período Imperial - 
Com a independência do país, entrou em vigor, em 1824, a primeira Constituição do Brasil, sendo o primeiro Código de Processo Penal datado de 29.11.1832. Tal código era composto de duas partes: uma da Organização Judiciária e outra da Forma do Processo.
- Período Republicano -
 A Constituição Republicana de 24.02.1891 atribuiu aos Estados a faculdade de legislar sobre processo penal, no entanto, nem todos os Estados criaram seus Códigos Processuais. Na verdade essa outorga prejudicou a aplicação da lei penal e o avanço do processo penal no país, somente sendo restabelecido através da Constituição Federal de 1934, que devolveu a unidade processual, competindo à União legislar sobre processo penal.
 Com o advento da Constituição de 1937, providenciou-se a criação de um novo CPP e, em 03.10.1941, foi promulgado o primeiro Código de Processo Penal Republicano, com as seguintes características:
Manutenção do inquérito policial
Estabelecimento da instrução contraditória
Separação das funções acusatórias e julgadora, salvo no procedimento das contravenções penais
Submissão ao sistema acusatório de todas as formas procedimentais
Restrição da competência do Tribunal do Júri
Vale ressaltar que somente a partir da Constituição de 1988 se restabeleceu o sistema acusatório puro, sendo conferido ao Ministério Público, em regra, o monopólio da ação penal, mantendo-se a persecução criminal pela vítima e seus familiares nas ações penais privadas.
1.3. RELAÇÕES COM OUTROS RAMOS DO DIREITO E COM OUTRAS CIÊNCIAS.
 No tocante a relação com outros ramos do Direito, o Direito Processual Penal possui estreita relação, senão vejamos:
Direito Penal – é através do Processo Penal que se aplica as regras do Direito Penal, por isso seu caráter instrumental, pois, sem o processo penal o Direito Penal não tem aplicabilidade.
Direito Constitucional – vários princípios do Processo Penal estão consagrados na Constituição Federal, como o devido processo legal, da ampla defesa, do contraditório, da presunção de inocência, entre outros.
Direito Processual Civil – várias definições são comuns aos dois ramos, como a citação, notificação, intimação, etc.
Direito Administrativo – a atividade de execução da pena é, também, administrativa, como também convergem a organização judiciária e política judiciária.
Direito Civil – as questões prejudiciais, que devem ou podem ser resolvidas no Juízo cível, refletem no processo penal, como no caso das suspeições e impedimentos.
Direito Comercial – o procedimento dos crimes falimentares, sua definição, entre outros, perpassam pelo processo penal.
Direito Internacional Público – as cartas rogatórias, seus requisitos e procedimento de cumprimento são regulados no processo penal, entre outros.
1.4. FONTES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL.
Fontes do Direito Processual Penal
 As fontes são as origens das normas e dos princípios jurídicos que norteiam o processo penal. A doutrina classifica as fontes como sendo materiais e formais.
Fontes materiais – também denominadas de fontes substanciais ou fontes de produção, corresponde a entidade a que incumbe a criação das normas jurídicas, ou seja, quem tem competência para produzir a norma. No tocante ao processo penal a fonte material por excelência é a União, mas os Estados poderão legislar, excepcionalmente, questões especificas de processo penal, desde que autorizados pela União através de lei complementar.
 Esta é a previsão do art. 22, I da CF/88, o qual estabelece que compete privativamente a União legislar sobre Direito Processual, pois, embora não seja usual, existe a possibilidade dos Estados legislarem sobre tal matéria. Por outro lado, o art. 24 da CF estabelece que a competência será concorrente entre a União, Estados e o Distrito Federal para legislar sobre: a) procedimento, b) direito penitenciário (RDD), c) custas dos serviços forenses e d) criação, funcionamento e processo dos juizados especiais criminais.
Fontes formais – também chamadas de fontes revelação, de cognição ou de conhecimento, traduzem as formas pelas quais as normas jurídicas se exteriorizam, podendo ser divididas em:
Imediatas ou diretas – é a lei e os tratados e convenções internacionais, sendo que a lei é considerada em sua acepção mais ampla, englobando nesse conceito a Constituição Federal, a legislação federal infraconstitucional (CPP, LEP, etc.). 
IMPORTANTE – a EC nº 45/04, tornou os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados pelo Congresso, em dois turnos, por 3/5 dos votos, equivalentes às emendas constitucionais.
Mediatas ou Indiretas – são os costumes (normas de comportamento a que pessoas obedecem de maneira uniforme e constante pela convicção de sua obrigatoriedade), os princípios gerais do direito (são as premissas éticas que são extraídas, mediante indução, da legislação. Ex: “o direito não socorre aos que dorme”, “o juiz conhece o direito”, “ouça-se a outra parte”), a doutrina (opiniões manifestadas pelos operadores dodireito ou estudiosos) e a jurisprudência (é o entendimento consubstanciado em decisões judiciais reiteradas sobre determinado assunto).
IMPORTANTE – com o advento das súmulas vinculantes, inseridas no ordenamento jurídico através do art. 103-A da CF/88 e regulamentada pela Lei nº 11.417/2006, a fim de evitar a divergência de entendimentos entre órgãos do Poder Judiciário, a doutrina passou a divergir acerca da sua correta classificação:
 Para uma corrente minoritária (Nucci) o STF passou a ser uma fonte material do direito e a súmula vinculante uma nova fonte formal imediata. Por outro lado predomina o entendimento de que o enunciado da súmula vinculante não possui força de lei, permanecendo, portanto, como uma fonte formal mediata (Luiz Flavio Gomes, Noberto Avena, etc.) 
Fontes de Interpretação e Integração da norma processual penal
 Entende-se por Interpretação a atividade mental realizada com o objetivo de extrair da norma legal o seu conteúdo e para tanto existem métodos, sendo os mais comuns na doutrina:
	Quanto ao sujeito que procede à interpretação:
Interpretação autêntica ou legislativa – é aquela realizada pelo próprio órgão incumbido da elaboração do texto a ser interpretado (ex: art. 327 do CP, que define o conceito de funcionário público).
Interpretação doutrinária ou científica – é aquela realizada pelos estudiosos do direito (ex: os manuais de direito)
Quanto aos meios empregados:
Interpretação gramatical ou literal – é a que considera letra fia da lei, em seu sentido literal.
Interpretação teleológica ou lógica – é a que busca a verificação quanto à vontade efetiva da lei. 
Quanto ao resultado:
Interpretação declarativa – busca corresponder o sentido das palavras expressas no texto interpretado com a vontade da lei, evitando restringi-lhe ou aumentar-lhe o significado.
Interpretação restritiva – ocorre quando o intérprete conclui que a letra da lei foi além de sua vontade, devendo ser restringido o seu alcance (ex: art. 806, §2º do CPP, que dispõe que a falta de preparo torna o recurso interposto deserto, não atinge o Ministério Público)
Interpretação extensiva – ocorre quando o intérprete detecta que a letra da lei encontra-se abaixo de sua vontade, impondo que seu alcance seja estendido para que se possa chegar ao verdadeiro significado (ex: o cabimento do recurso em sentido na prisão temporária).
 Quanto a Integração da Lei Processual Penal esta consiste no preenchimento de uma lacuna existente no ordenamento jurídico, aplicando-se a uma hipótese não prevista
 em lei a disposição relativa a um caso semelhante, sendo previstas duas formas no art. 3º do CPP:
Analogia
Não é uma fonte do direito como muitos, equivocadamente, pensam e, diferentemente do Direito Penal, é admitida no Processo Penal somente in bonam partem (para favorecer o réu).
São exemplos de analogia: 
A regra do art. 28 do CPP, na falta da propositura da transação penal e da suspensão condicional do processo, poderá o juiz remeter os autos a Procuradoria de Justiça;
O perdão judicial por homicídio culposo tipificado no CP, também é aplicado por analogia ao homicídio culposo do art. 302 do Código de Trânsito;
Não conseguindo precisar o local da infração e tratando-se de réus com domicílios diferentes, prevalece à prevenção também por analogia.
Princípios Gerais do Direito (Adequa a regra à aplicação dela ao Direito)
São regras que se encontram na consciência dos povos e são universalmente aceitas, mesmo que não estejam escritas, como por exemplo, é em razão dos princípios gerais que se entende que o recurso de apelação da defesa devolve toda a matéria ao tribunal. 
Regras
Teorias
		Princípios 
Kelsen 
Teoria da Moldura, regra rígida e os princípios são vagos. 
Hart
Poder discricionário (Valorativo) 
Diworkin
Regra sendo rígida, tudo ou nada. Já os princípios norteiam o sistema, flexibilizando a regra) Dimensão de peso. 
Alexy 
A norma se divide em regra e princípios. 
 
1.5. PRINCÍPIOS QUE REGEM O DIREITO PROCESSUAL PENAL
1. Princípio da Imparcialidade do Juiz 
Impede que o magistrado tenha vínculos subjetivos com o processo de molde a lhe tirar a neutralidade necessária para conduzi-lo com isenção. Visando a garantir essa imparcialidade, a Constituição Federal estabelece ao magistrado garantias da vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios.
2. Princípio da Igualdade Processual 
As partes, em juízo, devem contar com as mesmas oportunidades e ser tratadas de forma igualitária, no entanto, em alguns casos devem ser tratados desigualmente os desiguais, como no caso da Defensoria Pública (prazos em dobro).
Observação: A uma divergência doutrinária no sentido de que o foro privilegiado atenta contra este princípio, no entanto, a maioria da doutrina entende que a Constituição ao disciplinar a matéria visa proteger a função pública ou cargo e não o individuo que o ocupa, mas há posição contrária.
3. Princípio do Contraditório 
Trata-se do direito assegurado às partes de serem cientificadas de todos os atos e fatos havidos no curso do processo, podendo se manifestar a respeito de produzir as provas necessárias antes de ser produzida a decisão jurisdicional. Vale lembrar que o referido princípio em determinados casos em que se trate de medidas urgentes pode ser mitigado, ocorrendo o chamado contraditório diferido ou postergado, momento em que haverá um provimento imediato e inaudita altera pars (ex: decretação prisão preventiva e interceptação das comunicações telefônicas)
4. Princípio da Ampla Defesa 
A defesa aqui mencionada traduz o dever que assiste ao Estado de facultar ao acusado toda a defesa possível quanto à imputação que lhe foi realizada e pode ser dividida em defesa técnica (efetuada por profissional habilitado), sendo esta sempre obrigatória, e em autodefesa (realizado pelo próprio acusado no momento do interrogatório) ficando esta a critério do réu que pode permanecer calado e invocar o direito ao silêncio.
5. Princípio da Iniciativa das Partes 
Cabe as partes a provocação da jurisdição, através do direito de ação, visando o provimento jurisdicional, pois o juiz jamais poderá iniciar o processo penal sem que haja provocação do legitimado, no caso, o Ministério Público nos crimes de ação pública e o ofendido nos crimes de ação privada.
6. Princípio da Oficialidade 
Os órgãos incumbidos da persecução criminal são oficiais por excelência, tendo a CF consagrado a polícia judiciária o dever de investigar, ao Ministério Público a titularidade da ação penal e ao Poder Judiciário a tarefa de aplicar o direito ao caso concreto.
7. Princípio da Oficiosidade 
A atuação na persecução criminal, de regra, ocorre sem necessidade de autorização, podendo a autoridade policial agir ex officio, excetuando-se os casos em que a ação penal é condicionada a representação do ofendido.
8. Princípio da Verdade Real 
O processo penal não se conforma com ilações fictícias ou afastadas da realidade, devendo o magistrado buscar a verdade onde ela estiver, não se atendo aos autos. Este é o posicionamento do STF: “A busca pela verdade real constitui princípio que rege o Direito Processual Penal. A produção de provas, porque constitui garantia constitucional pode ser determinada, inclusive pelo juiz, de ofício, quando julgar necessário.
Inobstante a importância de tal princípio, este não é absoluto, uma vez que há determinadas situações que limitam a verdade real, como por exemplo:
A inadmissibilidade de leitura de documento ou de exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com antecedência mínima de três dias úteis, com ciência da outra parte (art. 479 do CPP);
 As provas obtidas por meios ilícitos (art. 5º, LVI, da CF);
 As limitações ao depoimento de testemunhas que têm ciência do fato em razão de profissão, ofício, função ou ministério (art. 208 do CPP);
 O descabimento de revisão criminal contra sentença absolutória (art. 621 do CPP), entre outros. 
9. Princípio da Obrigatoriedade 
Uma veziniciada a persecução criminal estão os órgãos oficiais competentes obrigados a agir. Entretanto, a Lei nº 9099/95 (Lei dos Juizados Especiais), trouxe uma contemporização denominada de princípio da obrigatoriedade mitigada, que nada mais é do que a possibilidade de se transacionar nos crimes de menor potencial ofensivo. Há ainda, uma exceção quanto a ação penal privada, onde vigora o princípio da oportunidade, já que cabe a vítima ou ao seu representante iniciar a persecução criminal.
10. Princípio da Indisponibilidade
Decorre do princípio da obrigatoriedade, rezando que uma vez iniciado o inquérito policial ou o processo judicial, os órgãos incumbidos não podem dele dispor (desistir). A Lei nº 9099/95 também restringiu este princípio, podendo ser chamado de princípio da indisponibilidade mitigada, visualizado através da suspensão condicional do processo, e, na ação penal privada, também há a incidência deste princípio, pois vigora o princípio da disponibilidade, já que a parte pode desistir da ação ou fazer uso da perempção.
11. Princípio do Impulso Oficial
Uma vez iniciado o processo, com o recebimento da acusação, cabe ao magistrado velar para que o mesmo chegue ao seu final.
12. Princípio da Motivação das Decisões 
Toda decisão tem que ser motivada, sob pena de nulidade insanável.
13. Princípio da Publicidade
A regra é que todos os atos processuais sejam públicos, pois o Estado tem o dever de agir com transparência, no entanto, o sigilo é admitido quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem tratando-se da chamada publicidade restrita.
14. Princípio do Duplo Grau de Jurisdição
Garante a possibilidade de revisões das decisões judiciais através do sistema recursal, excetuando-se os processos competência originária do STF.
15. Princípio do Juiz Natural 
Consagra o direito de ser processado e sentenciado pelo magistrado competente e a vedação constitucional de juízos e tribunais de exceção.
16. Princípio do Promotor Natural 
Veda a designação arbitrária de promotor para patrocinar caso específico, sendo tal princípio amplamente aceito pela doutrina e pela jurisprudência. Entretanto o STF, em julgamento da ministra ELLEN GRACIE, contrariando julgados anteriores daquela corte, já entendeu pela inexistência deste princípio, sob o argumento de que o mesmo é incompatível com o princípio da indivisibilidade do Ministério Público.
17. Princípio do Devido Processo Legal 
Está consagrada na CF/88 através do art. 5º, LIV e LV, que diz que ninguém será privado de sua liberdade sem o devido processo. Deste princípio decorre uma série de direitos ao acusado, como o de ser ouvido pessoalmente perante o juiz a fim de narrar a sua versão dos fatos, de acesso à defesa patrocinado por profissional com capacitação técnica, à motivação das decisões judiciais, o duplo grau de jurisdição, à revisão criminal das decisões condenatórias, etc..
18. Princípio do Favor Rei ou da Presunção de inocência 
Também conhecido como in dúbio pro reo, diz que a dúvida milita em favor do acusado.
19. Princípio da Economia Processual 
Deve-se buscar a maior efetividade com a produção da menor quantidade de atos possíveis.
20. Princípio da Oralidade 
Deve-se dar preferência a palavra falada. Tal princípio ganhou força com o advento da Lei nº 9099/95, que priorizou a informalidade e com a nova reforma da Lei nº 11.719/2008, que valorizou os debates orais.
21. Princípio da Razoabilidade 
Trazido ao ordenamento jurídico através da EC nº 45/04, diz que a todos são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. Atualmente é indispensável a aplicação do referido princípio não só na duração do processo e da prisão cautelar, sendo objeto de várias súmulas (ex: súmula 21, 52 e 64 do STJ).
22. Princípio da Proporcionalidade 
As decisões devem ser proporcionais, proibindo-se o excesso. Tal princípio é muito utilizado no processo penal na valorização das provas.
23. Princípio da Inexigibilidade de Auto-incriminação 
Também conhecido por nemo tenetur se detegere, que assegura que ninguém pode ser compelido a produzir prova contra si mesmo (ex: bafômetro)
1.6. SISTEMAS PROCESSUAIS 
Inquisitório
 Contempla um processo judicial em que podem estar reunidas na pessoa do juiz as funções de acusar, defender e julgar, sendo possível que o próprio magistrado, ex officio, evoque a jurisdição e faça desencadear o processo criminal. Neste sistema o acusado não possui qualquer garantia como o contraditório, a ampla defesa e o devido processo legal, podendo o processo, inclusive, correr de forma sigilosa por ato discricionário do juiz. Não há igualdade entre as partes e nem a presunção de inocência, sendo comum o acusado permanecer preso durante toda a formação da culpa.
 	 Deste modo, o sistema inquisitório apresenta as seguintes características:
Julgamento feito por magistrado ou juiz permanente
Juiz acusa, defende e julga, sempre se sobrepondo à pessoa do acusado
Acusação é sempre ex officio, podendo a denúncia ser feita de forma secreta
Procedimento escrito, secreto, não admitindo contraditório e ampla defesa
Julgamento com base na prova tarifada
Prisão preventiva é regra
Decisão jamais transita formalmente em julgado, podendo o processo ser reaberto a qualquer tempo
Acusatório
 É o sistema adotado pelo Código Processo Penal e caracteriza-se pela distinção absoluta entre as funções de acusar, defender e julgar, sendo assegurado ao acusado o contraditório e a ampla defesa, devendo o processo correr de acordo com as determinações legais (procedimentos). A produção de prova incumbe às partes as quais possuem total isonomia processual, bem como vigora a presunção de inocência, devendo o acusado responder ao processo em liberdade. 
Sendo assim, são características do sistema acusatório: 
Investigação afeta a um órgão do Estado (Delegacia de Polícia), distinto do órgão Judiciário.
Processo de partes, estando de um lado a acusação (Ministério Público) e do outro o acusado.
Presunção de inocência.
Julgamento feito por populares (jurados) ou por órgãos judiciários totalmente imparciais (juiz).
Igualdade das partes
Necessidade do contraditório
Prova produzida pelas partes
Liberdade das partes quanto à apresentação das provas
Proibição de o juiz provocar sua jurisdição
Processo oral e escrito, público e contraditório.
Livre convicção quanto à apreciação das provas
Liberdade do acusado é regra, admitindo-se, excepcionalmente, a prisão preventiva.
Sentença faz coisa julgada, mormente em favor do réu.
Misto
 Também denominado Sistema Napoleônico ou Reformador, é a combinação dos dois sistemas anteriores, abrangendo duas fases processuais distintas: A fase inquisitiva, onde não há o contraditório, a ampla defesa e a publicidade, sendo realizada uma investigação preliminar e uma instrução preparatória sob o comando do juiz e a fase do julgamento, em que são asseguradas ao acusado todas as garantias (contraditório, ampla defesa, etc.). 
 O sistema misto possui as seguintes características:
Acusação reservada a um órgão do Estado
Instrução secreta e escrita
Debate público e oral
Juiz livre em seu convencimento
Compreende duas fases procedimentais distintas: 
1ª) instrução e julgamento é presidida por um juiz, onde apura-se a existência do crime e sua autoria, não há contraditório e os atos processuais são escritos e secretos. 
2ª) julgamento, onde surge a acusação formal, sendo um procedimento oral e público e caberá o contraditório. 
 
Resumo - Direito Processo Penal		10

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