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Barroco na Literatura Brasileira

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LITERATURA BRASILEIRA I
Aula 5-A poesia inaugural de Bento Teixeira e a parenética de Padre Antônio Vieira
Aula 5 -A poesia inaugural de Bento Teixeira e a parenética de Padre Antônio Vieira
AULA 5 
LITERATURA BRASILEIRA I
Conteúdo Programático desta aula
As principais características do Barroco;
A poesia de Bento Teixeira e compreender o contexto cultural e histórico em que ela surge;
A verve oratória e argumentativa de Padre Antônio Vieira
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 “ Em 1567 encerrava-se o Concílio de Trento com as suas resoluções que atingiam tanto o campo do fé como o da arte e literatura. Era a Contrarreforma e os seus olhos começavam a orientar e a vigiar todas as atividades do mundo católico. Ao mesmo tempo, de países exóticos e praticamente desconhecidos até o início do século, e mesmo de culturas bárbaras antes insuspeitadas, chegavam informações e terstemunhos que contribuíam para alterar os conceitos harmoniosos e simétricos das artes clássicas. O século XVII iria empreender, ou tentar reemprender, a restauração do teocentrismo medieval.”
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IGREJA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS
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“ A literatura no Brasil colonial é literatura barroca(...). A literatura nasceu no Brasil sob o signo do Barroco, pela mão barroca dos jesuítas. E foi ao gênio plástico do Barroco que se deveu a implantação do longo processo de mestiçagem que constitui a principal característica da cultura brasileira, adaptando as formas europeias ao novo ambiente, (...) conciliando dois mundos – o europeu e o autóctone.” ( Afrânio Coutinho, A literatura no Brasil. P. 29)
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 “ (...) coube ao Nordeste brasileiro, através dos versos de Bento Teixeira, um cristão novo vindo do Porto, fincar o marco, praticamente isolado, da poesia oriunda do Renascimento.”
Prosopopeia foi publicado em 1601, por Bento Teixeira (1561- 1600)
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 “A intenção é encomiástica e o objeto de louvor Jorge de Albuquerque Coelho, donatário da capitania de Pernambuco, que encetava a sua carreira de prosperidade graças à cana-de-açúcar. A imitação de Os Lusíadas é assídua, desde a estrutura até o uso dos chavões da mitologia e dos torneios sintáticos.” ( Bosi)
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DESCRIÇÃO DO RECIFE DE PERNAMBUCO
XVIII
É este porto tal, por estar posta
Uma cinta de pedra, inculta e viva,
Ao longo da soberba e larga costa,
Onde quebra Netuno a fúria esquiva.
Entre a praia e pedra descomposta,
O estanhado elemento se diriva
Com tanta mansidão, que uma fateixa
Basta ter à fatal Argos aneixa.
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XIX
Em o meio desta obra alpestre e dura,
Uma boca rompeu o Mar inchado,
Que, na língua dos bárbaros escura,
Pernambuco de todos é chamado.
de Para’na, que é Mar; Puca, rotura,
Feita com fúria desse Mar salgado,
Que, sem no dirivar cometer míngua,
Cova do Mar se chama em nossa língua”
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Padre Antônio Vieira
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Padre Antônio Vieira ( Lisboa, 1608 – Bahia, 1697)
 Antônio Vieira veio ainda criança para o Brasil ordenou-se em 1634. 
“No seu espírito verdadeiramente barroco fermentavam as ilusões do estabelecimento de um Império luso e católico, respeitado por todo o mundo e servido pelo zelo do rei, da nobreza, do clero. A realidade era bem outra; e do descompasso entre ela e os demais planos dos jesuíta lhe adveio mais de um revés.” (Bosi) 
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“Advogado dos cristãos-novos (judeus conversos por medo às perseguições), suscita o ódio da Inquisição que o manterá a ferros por dois a nos e lhe cassará o uso da palavra em todo o Portugal. Enfim, batido na Europa, conhece no Maranhão as iras dos colonos que não lhe perdoam a inoportuna defesa do nativo.
O saldo de suas lutas foi portanto um grande malogro.”
 ( Bosi)
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 Sermão da Primeira Dominga da Quaresma, pregado no Maranhão, em 1635; em defesa dos indígenas:
“Este povo, esta república, este Estado, não se pode sustentar sem índios. Quem nos há de ir buscar um pote de água, ou um feixe de lenha? Quem nos há de fazer duas covas de mandioca? Hão de ir nossas mulheres? Hão de ir nossos filhos? Primeiramente, não são estes os apertos em que vos hei de pôr, como logo vereis; mas, quando a necessidade e a consciência obriguem a tanto, digo que sim, e torno a dizer que sim: que vós, que vossas mulheres, que vossos filhos, e que todos nós nos sustentássemos dos nossos braços, porque melhor é sustentar do suor próprio que do sangue alheio.”
 
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Sermão XIV do Rosário, 1633
“Em um engenho sois imitadores de Cristo crucificado:Imitatoribus Christi crucifixi - porque padeceis em um modo muito semelhante o que o mesmo Senhor padeceu na sua cruz e em toda a sua paixão. A sua cruz foi composta de dois madeiros, e a vossa em um engenho é de três. Também ali não faltaram as canas, porque duas vezes entraram na Paixão: uma vez servindo para o cetro de escárnio, e outra vez para a esponja em que lhe deram o fel. 
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A Paixão de Cristo parte foi de noite sem dormir, parte foi de dia sem descansar, e tais são as vossas noites e os vossos dias. 
Cristo despido, e vós despidos; Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós mal-tratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isto se compõe a vossa imitação, que, se for acompanhada de paciência, também terá merecimento de martírio. Só lhe faltava a cruz para a inteira e perfeita semelhança o nome de engenho: mas este mesmo lhe deu Cristo, não com outro, senão com o próprio vocábulo.”
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Sermão da Sexagésima
“Todas as estrelas estão por sua ordem; mas é ordem que faz influência, não é ordem que faça favor. Não fez Deus o Céu em xadrez de estrelas,como os pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se de uma parte está Branco, da outra há de estar Negro, se de uma parte está Dia, da outra há de estar Noite; se de uma parte dizem Luz, da outra hão de dizer Sombra; se de uma parte dizem Desceu, da outra hão de dizer Subiu. Basta que não havemos de ver num sermão duas palavras em paz? Todos hã de estar sempre em fronteira com o contrário?”
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“Na órbita de seus artifícios, que constituíam antes figuras de palavras que de pensamento, o ‘Sermão da Sexagésima’ apresenta consecutivos exemplos. O do emprego de determinado verbo sucessivamente, processo de amplificação só justificável pelo efeito oratório que dele tirava o pregador, utilizando-se ainda nisto da técnica de ilusionismo, que era um imperativo barroco.” Afrânio
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“Há de tomar o pregador uma só matéria; há de defini-la, para que se conheça; há de dividi-la, para que se distinga; há de confirmá-la com o exemplo; há de amplificá-la com as causas, com os efeitos, com as circunstâncias, com as conveniências, que se hão de seguir; com os inconvenientes, que se devem evitar; há de responder às dúvidas, há de satisfazer às dificuldades; há de impugnar, e refutar com toda a força da eloquência os argumentos contrários; e depois disto há de colher, há de apertar, há de concluir, há de persuadir, há de acabar.”
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SERMÃO DA VISITAÇÃO DE NOSSA SENHORA
“Bem sabem os que sabem a língua latina que esta palavra infans, infante, quer dizer o que não fala. Neste estado estava o menino Batista quando a Senhora o visitou, e neste esteve o Brasil muitos anos, que foi a meu ver, a maior ocasião de seus males. Como o doente não pode falar, toda a outra conjectura dificulta muito a medicina. Por isso Cristo nenhum enfermo curou com mais dificuldade, e em nenhum milagre gastou mais tempo que em curar endemoninhado mudo(...)
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“ — O pior acidente que teve o Brasil em sua enfermidade foi o tolher-se-lhe a fala: muitas vezes se quis queixar justamente, muitas vezes quis pedir o remédio de seus males, mas sempre lhe afogou as palavras na garganta ou o respeito, ou a violência, e se alguma vez chegou algum gemido aos ouvidos de quem o devera remediar, chegaram também as vozes do poder, e venceram os clamores da razão”
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“E porque sei de certo que assim o havemos de ver, como digo, quero acabar este sermão com uma profecia alegre, fundada na mesma verdade, e é que desta vez se há de restaurar o Brasil. Dêem-me licença para que pondere um lugar, que hoje tudo foram palavras; mas foi necessário dizer muito: outro dia pregaremos pensamentos”
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SERMÃO DO MANDATO
“É pois o quarto e último remédio do amor, e com o qual ninguém deixou de sarar: o melhorar de objeto. Dizem que um amor com outro se paga, e mais certo é que um amor com outro se apaga. Assim como dois contrários em grau intenso não podem estar juntos em um sujeito, assim no mesmo coração não podem caber dois amores, porque o amor que não é intenso não é amor. 
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“Ora, grande coisa deve de ser o amor, pois, sendo assim, que não bastam a encher um coração mil mundos, não cabem em um coração dois amores. Daqui vem que, se acaso se encontram e pleiteiam sobre o lugar, sempre fica a vitória pelo melhor objeto. É o amor entre os afetos como a luz entre as qualidades. Comumente se diz que o maior contrário da luz são as trevas, e não é assim. O maior contrário de uma luz é outra luz maior. As estrelas no meio das trevas luzem e resplandecem mais, mas em aparecendo o sol, que é luz maior, desaparecem as estrelas.”
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Para finalizar:
Nessa aula conhecemos a obra inaugural do Barroco brasileiro, a Prosopopeia, de Bento Teixeira; conhecemos a riqueza retórica dos Sermões, de Padre Antônio Vieira
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