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Nutrição de Monogástrico - Bertechini

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA 
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
NUTRIÇÃO DE MONOGÁSTRICOS 
 
Antonio Gilberto Bertechini 
 
 
 
UFLA - Universidade Federal de Lavras 
2004 
 
 
 
 
MATHEUS RAMALHO DE LIMA 
Mestrando em Zootecnia 
 
DR. FERNANDO GUILHERME PERAZZO COSTA 
Orientador 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AREIA – PB 
JULHO DE 2007 
 
 
 
 
 
 II 
 
 
 
 
 
 
 
NUTRIÇÃO DE MONOGÁSTRICOS 
 
 
 
 
Antonio Gilberto Bertechini 
 
 
 
 
UFLA - Universidade Federal de Lavras 
 
 
 
2004 
Ficha Catalográfica preparada pela Seção de Classificação e Catalogação da 
Biblioteca Central da UFLA 
 
 
Bertechini, Antônio Gilberto 
Nutrição de Monogástricos / Antônio Gilberto 
Bertechini . – Lavras :Editora UFLA/FAEPE, 2004. 
450p. : il. 
Bibliografia. 
 
 
1. Animal doméstico. 2. Nutrição animal. 3. 
Suíno. 4. Ave. 5. Alimentação - Metabolismo. 6. 
Suplementação alimentar. I. Universidade Federal de 
Lavras. II. Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e 
Extensão. III. Título. 
 
CDD-636.085 
-636.4085 
-636.5085 
 
 
TEXTO REVISADO PELO AUTOR 
 
 
 III 
 
 
NUTRIÇÃO DE MONOGÁSTRICOS 
 
Este livro não tem a finalidade de esgotar todo o assunto pertinente a nutrição de 
aves e suínos, no entanto, apresenta vários capítulos básicos de nutrição, elucidando 
os processos de metabolismo dos nutrientes de maneira simples, permitindo uma 
abordagem geral da nutrição dos animais não ruminantes. Após a apresentação deste 
segmento básico, os últimos capítulos tratam da aplicação prática da nutrição de aves 
e suínos, com indicações de recomendações médias de nutrientes para a elaboração 
de programas de alimentação mais adequados às poedeiras comerciais, frangos de 
corte e suínos modernos. Apesar deste conteúdo conter dados importantes para a 
nutrição de aves e suínos, ainda faltam informações sobre o interrelacionamento de 
nutrientes, bem como os valores de biodisponibilidade da maioria dos nutrientes dos 
alimentos, para alicerçar as formulações e fornecer maior segurança aos nutricionistas 
no momento de definir os valores nutricionais das dietas. Por outro lado, a nutrição é 
uma ciência dinâmica e, com a somatória dos esforços nesta área, como vem 
acontecendo, permitirá sem dúvida, suporte para confecção de dietas cada vez mais 
equilibradas, contribuindo para redução da contaminação ambiente e resultando 
sempre em melhoria da produtividade dos suínos e das aves . 
 
O Autor 
INDICE 
 
 
 
 4 
1 
EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA DA NUTRIÇÃO 
 
A ciência da nutrição integra conhecimentos bioquímicos e fisiológicos 
relacionando o organismo animal com o suprimento alimentar de suas células. 
O objetivo final da nutrição animal é de transformar recursos alimentares de 
menor valor nutricional em alimentos para o consumo humano, de melhor valor 
biológico. Para alcançar este objetivo foi necessário o desenvolvimento dos 
conhecimentos envolvendo os alimentos e o organismo animal. Um dos primeiros 
estudos de nutrição datam de 1747, quando o físico Inglês Lind, descobriu a cura do 
escorbuto. No entanto, muitas observações de caráter nutricional já estavam sendo 
discutidas antes do século XVII, onde houve grandes descobertas, sendo chamada "a 
idade de ouro da ciência". Em 1760, Antoine Laurent Lavoisier introduziu o termômetro 
e a balança nos estudos de nutrição e através dos seus experimentos utilizando a 
calorimetria animal, verificou que parte do calor animal era originário da combustão de 
substâncias no organismo, concluindo em suas experiências que a respiração e a 
combustão eram processos semelhantes. Estes ensaios levaram Lavoisier a concluir 
que a “vida era uma função química”. 
René Reamur (1683-1757), naturalista Francês fez uma das primeiras 
observações referentes a digestão, fornecendo alimentos para aves e retirando-os do 
intestino após curtos períodos de tempo, verificando assim, as mudanças na 
composição do alimento durante esse processo. Outros experimentos interessantes 
foram desenvolvidos por Lázzaro Spallanzani (1729-1799) onde o mesmo engolia 
saquinhos feitos de pano contendo carne e pão e, após algum tempo, extraía-os 
através de cordões amarrados. Verificou com este estudo que haviam mudanças na 
composição do alimento. 
Ainda neste século vários aspectos de fisiologia e bioquímica do processo 
digestivo foram explicadas através de muitas investigações, principalmente com o uso 
de fístulas. Uma das primeiras publicações sobre digestão foi de William Beaumont 
(1785-1853) em 1833 onde este Francês, reportou observações em seu paciente Alexis 
St. Martin, que teve o seu estômago perfurado por uma bala, quando caçava e lhe era 
colocado uma fístula no seu estômago. Introduzia vários tipos de alimento no 
estômago, verificando as diferenças nas suas digestões. Beaumont descreveu também 
o suco gástrico e identificou o HCl, notou os movimentos do estômago e verificou o 
efeito da emoção sobre a secreção e motilidade gástrica. Estes trabalhos, sugeriram o 
uso de fístulas em animais para os estudos de digestão posteriormente realizados. 
A partir deste período, vários fisiologistas, principalmente, franceses 
desenvolveram grandes conhecimentos na área da nutrição. Ainda no século XVII já se 
concluía que o organismo animal necessitava de vários nutrientes e que o valor dos 
alimentos não estava num único componente químico e sim em três compostos: as 
proteínas, os lipídeos e os carboidratos. 
Em 1883, Johan Kjeldahl, químico Dinamarquês, descobriu um método rápido 
para se determinar o valor nitrogenado dos alimentos. A partir desta data houve grande 
evolução nos estudos de nutrição protéica. 
Ainda no princípio do século XX, houve grande atenção dos pesquisadores em 
estudar as proteínas. Os resultados experimentais eram muito variáveis e se descobriu 
em 1909 por Karl Thomas, Alemanha, que as proteínas tinham valores nutricionais 
diferentes. Verificou que a percentagem do nitrogênio absorvido, que ficava retido no 
 
 5 
organismo era variável de uma fonte de proteína para outra. Já no final do século se 
conhecia 12 aminoácidos nas proteínas e com a descoberta de Thomas, concluia-se 
que havia variação na composição de aminoácidos das proteínas, e que isto, afetava o 
seu valor biológico. 
Em 1938, Willian C. Rose demonstrou que os ratos necessitavam de certos 
aminoácidos na dieta para máximo desempenho e a partir daí, dividiu-os em essenciais 
e não essenciais. 
Outros conhecimentos foram necessários para o desenvolvimento da nutrição 
como o caso das gorduras, vitaminas e minerais. 
Em 1814, Michel Eugene Chevreul, químico Francês, descobriu que as gorduras 
eram compostas de glicerol e ácidos graxos. Estudos posteriores mostraram a 
essencialidade dos ácidos graxos no organismo e na dieta animal. 
Em 1912, Casimir Funk verificou que uma substância contida no farelo de arroz 
curava a beriberi, usando o termo "vitamina" pela primeira vez. 
As primeiras observações com minerais iniciara-se por volta de 1600 onde Wilissi 
Aldrovandi, verificou que pintinhos alimentados com casca de ovos cresciam mais 
rápido e mais saudáveis em comparação aos que não recebiam este ingrediente. 
Em 1930 houve a descoberta de vários minerais como cálcio, fósforo, enxofre e 
ferro. A descoberta de novos elementos acompanhou a evolução dos equipamentos 
físicos e químicos a partir de 1935. No entanto, a importância dos minerais foi mais 
pronunciada nos anos recentes, a partir do século XIX onde o melhoramento genético 
acelerou a velocidade de crescimento e a produção dos animaisconfinados e com 
mudanças dos hábitos alimentares, aumentou assim as necessidades dietéticas dos 
minerais. 
Ainda merece citação a grande contribuição de várias ciências na evolução da 
nutrição. 
A física, através do raio-X, espectrofotômetros, radioisótopos, cromatógrafos; a 
bioquímica nos estudos de enzimologia e metabolismo dos nutrientes; a fisiologia, 
através do estudo do funcionamento orgânico dos órgãos e suas secreções; a 
microbiologia, através dos estudos de exigências nutricionais e síntese de vitaminas; a 
genética através do melhoramento dos animais para maior produção, entre outras. 
1.1 EVOLUÇÃO DA NUTRIÇÃO DE MONOGÁSTRICOS 
NO BRASIL 
O primeiro trabalho registrado na literatura sobre nutrição animal no Brasil data de 
1940, onde o eminente Professor José Fancisco Braga, da Universidade Federal de 
Viçosa (Revista Ceres, 3:222-230), registrou um estudo sobre o uso de soja e milho na 
alimentação de suínos nas fases de crescimento e terminação, concluindo que a soja 
poderia substituir a tancage como fonte de proteínas e que o milho apresentava-se 
pobre neste nutriente. Iniciou-se então uma série de estudos para adequação das 
dietas de aves e suínos, com base nos poucos conhecimentos de nutrição no Brasil 
naquele período. 
A utilização de dietas balanceadas eficientes no Brasil iniciou-se a partir da 
entrada das grandes indústrias de rações nas décadas de 60 e 70. Até então, havia o 
predomínio do uso de rações com altos teores de farelo de trigo, produzidas pelos 
moinhos de trigo. As indústrias de rações balanceadas trouxeram novos conceitos de 
nutrição e tiveram papel importante na evolução da nutrição animal no Brasil. 
Várias fases mostram a evolução na qualidade das rações no Brasil. 
 
 6 
A primeira fase correspondeu ao período de predomínio de moinhos de trigo 
(decada de 50), onde os subprodutos desta indústria, o farelo e o farelinho de trigo, 
participavam em mais de 50% das rações, influindo de forma negativa na eficiência 
alimentar e no desempenho dos animais, além dos problemas de excesso de fibra com 
este tipo de dieta. 
A segunda fase data entre as décadas de 60 e 70, onde houve a entrada das 
grandes indústrias de rações no Brasil, trazendo novos conceitos de nutrição e 
alimentação animal. A partir deste período, o termo ração balanceada se fixava e a 
idéia de equilíbrio de nutrientes também foi introduzida nesta época. Pode-se 
considerar que esta foi uma fase de grande evolução na produção de aves e suínos, no 
Brasil. 
A terceira fase desta evolução correspondeu a expansão da produção de milho e 
soja proporcionando maior estabilidade às rações balanceadas. A partir deste período 
as rações a base de milho e farelo de soja tornaram-se cada vez mais eficientes e 
uniformes. 
O valor nutricional destes dois alimentos ficou bem conhecido o que permitiu a 
suplementação de suas deficiências, para assim, conseguir o desempenho máximo 
desejável de aves e suínos nas condições tropicais . 
Uma outra fase poderia ser considerada ainda, que foi o uso da programação 
linear no cálculo das rações de mínimo custo. O uso do computador facilitou o cálculo 
de rações equilibradas com bastante eficiência e rapidez. Este fato permitiu que 
houvesse pequenas mudanças nas fórmulas das rações, em função da matéria 
disponível e os seus preços. 
Pode-se considerar que faltam muitas informações sobre a composição e 
biodisponibilidade dos nutrientes nos diversos alimentos. Atualmente, existe esta 
preocupação, além da determinação das novas exigências nutricionais dada a 
evolução genética que experimenta as aves e os suínos no Brasil e no mundo. 
Não poderia deixar de citar ainda, a grande evolução acadêmica experimentada 
nas décadas de 70 e 80 que contribuiu de forma primária para que se chegasse a 
resultados de desempenho de aves e suínos no Brasil comparáveis a países altamente 
desenvolvidos nestes setores. 
Atualmente existe também a preocupação em minimizar os custos de produção 
destes animais. O desempenho somente, não significa eficiência de produção. Assim, a 
associação da economia e da nutrição ganha espaço e prevalece nos sistemas de 
produção modernos de aves e suínos. 
1.2 CARACTERÍSTICAS NUTRICIONAIS DOS ANIMAIS MONOGÁSTRICOS 
Os animais monogástricos, mais adequadamente chamados de não ruminantes 
são caracterizados por várias particularidades nutricionais, listadas a seguir : 
 reduzida capacidade de armazenamento de alimentos, e, como 
consequência, devem ter acesso contínuo a alimentação; 
 taxa de passagem dos alimentos no trato digestório é relativamente rápida, 
e, desta forma, os nutrientes devem estar prontamente disponíveis, para seu 
aproveitamento; 
 baixa capacidade de digerir materiais fibrosos devido a reduzida microflora 
existente no trato digestório, sendo que as dietas devem ser concentradas; 
 pequena capacidade de síntese gastrintestinal e, como consequência, todos 
os nutrientes exigidos para máximo desempenho devem estar presentes na 
 
 7 
dieta; 
 digestão básica dos alimentos faz-se por intermédio de enzimas digestivas 
produzidas pelo animal; 
 aproveitam mais eficientemente os alimentos concentrados do que os 
animais ruminantes. 
As aves não mastigam o alimento na boca, como os suínos, no entanto, possuem 
um divertículo chamado de inglúvio ou papo que umidifica e amolece o alimento além 
de um estômago mecânico (moela) que tritura o alimento. A saliva dos suínos contém 
amílase salivar (ptialina) que inicia o desdobramento do amido dietético. 
O estômago de aves e suínos se assemelha na capacidade relativa de 
armazenamento de alimento e na digestão gástrica das proteínas. Neste 
compartimento a digestão de carboidratos é quase nula devido ao pH ácido. Alguma 
fermentação de carboidratos pode ocorrer pela atuação de Lactobacillus, mas 
representa muito pouco em termos da digestão deste nutriente. 
As aves diferem dos suínos após a digestão gástrica. O bolo alimentar nas aves 
passa por uma digestão mecânica, através do estômago muscular ou moela, antes de 
seguir a digestão intestinal. A moela é composta de potentes músculos que 
desintegram as partículas do alimento, preparando o bolo alimentar para a digestão 
intestinal. 
A digestão no intestino delgado de aves e suínos é semelhante. É, neste 
compartimento que ocorre a digestão final dos carboidratos, lipídeos e proteínas e 
também é a seção de maior absorção dos nutrientes. 
O intestino grosso, compreendido pelo, ceco, cólon e reto tem como função 
primária a excreção dos resíduos alimentares não aproveitados no intestino delgado. 
No entanto, é neste compartimento que ocorre uma grande absorção de água e 
eletrólitos e também a fermentação dos resíduos não aproveitados no intestino 
delgado. Esta fermentação é realizada por uma microflora complexa de 
microorganismos anaeróbicos que produzem vitaminas, ácidos graxos voláteis e 
aminoácidos. Suínos adultos têm capacidade de digerir até 30% da fibra da ração no 
ceco ou cólon. Já as aves adultas são capazes de digerir até 25 % da fibra da ração, 
principalmente no ceco. 
Os suínos aproveitam melhor os produtos da fermentação do ceco e cólon como 
os ácidos graxos voláteis, no entanto, faltam informações sobre a absorção de 
vitaminas, por esses animais e pelas aves, nestes compartimentos. De qualquer 
forma, o intestino grosso tem função básica de recuperação de água e eletrólitos em 
ambas espécies. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 8 
2 
CLASSIFICAÇÃO DOS NUTRIENTES 
 
São chamados de nutrientes ou metabólitos primários, todos os compostos 
presentes nos alimentos ou de forma livre que são utilizados para nutrição das células 
do organismo animal e podem ser classificados de acordo com o esquema a seguir: 
 
A) COMPOSTOS ORGÂNICOS - aqueles que contém necessariamentecarbonos e hidrogênio e as vezes oxigênio, nitrogênio, enxofre, fósforo ou 
outros elementos. 
1. Carboidratos 
1.1 Solúveis (Extrativo Não Nitrogenado) 
1.1.1 Monossacarídeos 
 Aldoses Cetoses 
Trioses (C3H6O3) Gliceraldeído Dihidroxiacetona 
Tetroses (C4H8O4) Eritrose Eritrulose 
Pentoses (C5H10O5) Xilose Xilulose 
 Ribose Ribulose 
 Arabinose - 
Hexoses (C6H12O6) Glicose Frutose 
 Galactose Sorbose 
 Manose - 
Heptoses (C7H14O7) - Sedoheptulose 
 
1.1.2 Dissacarídeos 
Sacarose (-d-glicose 1-5 -d-frutose) 
Lactose (-d-galactose 1-4 -d-glicose) 
Maltose (-d-glicose 1-4 -d-glicose) 
Celobiose (-d-glicose 1-4 -d-glicose) 
 
1.1.3 Trissacarídeos 
Rafinose (frutose-glicose-galactose) 
1.1.4 Polissacarídeos 
Amido 
Glicogênio 
PNAs (arabinoxilanos, galactomananos, galactoglucomananos e 
galactoglucanos) 
 
 9 
1.2 Insolúveis 
FDN - Fibra detergente neutro (celulose + hemi-celulose 
+ lignina) 
FDA - Fibra detergente ácido (celulose + lignina) 
2 Lipídeos (Extrato Etéreo) 
2.1 Simples 
a) Ácidos graxos 
b) Gorduras neutras (mono, di e triacilglicerol) 
c) Ceras (ésteres de ácidos graxos com alcoóis de cadeia longa) 
2.2 Compostos 
a) Fosfolipídeos 
 Ácidos fosfatídicos, lecitina e cefalinas. 
 Plasmalogens 
 Esfingomielinas 
b) Glicolipídeos 
 Mucina 
c) Lipoproteínas 
 Lipoproteínas transportadoras 
3 Nitrogenados 
3.1 Proteínas (Aminoácidos) 
3.1.1 Aminoácidos monoamino e monocarboxílicos alifáticos 
3.1.2 Aminoácidos ácidos 
3.1.3 Aminoácidos básicos 
3.1.4 Aminoácidos aromáticos 
3.1.5 Iminoácidos 
3.1.6 Aminoácidos formados por translação 
3.2 Aminas, amidas, uréia, ácido úrico, etc. 
4. Vitaminas 
4.1 Lipossolúveis: vitaminas A, D, E e K 
4.2 Hidrossolúveis 
4.2.1 Complexo B: B1, B2, B6, B12, Biotina, colina, inositol, niacina, ácido 
pantotênico e ácido paramino-benzóico. 
4.2.2 Vitamina C: ácido ascórbico 
4.2.3 
COMPOSTOS INORGÂNICOS 
1 Macrominerais: cálcio, cloro, magnésio, fósforo, potássio, sódio e enxofre. 
2 Microminerais: cobre, cobalto, iodo, ferro, zinco, manganês, selênio, cromo, 
molibdênio, boro e flúor. 
 
 10 
3 Água (HOH). 
2.1 CARBOIDRATOS 
Os carboidratos são os nutrientes mais abundantes na natureza e representam a 
fonte primária de energia para os organismos vivos. Considerando o aspecto 
nutricional, o principal carboidrato é a glicose. Por outro lado, na natureza, esta 
molécula se encontra polimerizada (Figura 2.1) e, dependendo do tipo de ligação entre 
as moléculas de glicose, vai caracterizar a solubilidade do polissacarídeo. Enquanto o 
amido e o glicogênio apresentam ligações -1,4 e -1,6, a celulose, principal 
carboidrato estrutural das plantas possue ligação glicosídica  1,4 (Figura 2.1). Aves e 
Suínos não produzem -glicosidases em seus tratros digestórios, e, portanto, não 
aproveitam a celulose. No entanto, as bactérias que habitam o intestino grosso desses 
animais, podem aproveitar a celulose através da celulase microbiana e, o produto 
desta fermentação, poderá ser aproveitado pelo hospedeiro, no caso de ácidos graxos 
voláteis e algumas vitaminas hidrossolúveis. 
O amido é armazenado nos grãos cereais na forma hidratada (C6H10 O5 xH2O)n e, 
quando ocorre o tratamento térmico, se transforma em forma amorfa, sendo que a 
fração mais solúvel (amilose) é dissolvida e a amilopectina continua com a sua 
estrutura. Durante a secagem do milho em secadores, se o processo acontecer de 
forma rápida com temperaturas altas, poderá resultar uma forma de amido resistente, 
com menor digestibilidade, devido a modificação da estrutura química, dificultando a 
ação da amilase. 
 
 
FIGURA 2.1: Estrutura dos polissacarídeos, amido, glicogênio celulose7 
2.1.1 CLASSIFICAÇÃO 
Os carboidratos presentes nos alimentos são muitos, no entanto, os polímeros de 
glicose são de maior importância nutricional (Tabela 2.1). 
TABELA 2.1: Carboidratos presentes nos alimentos 
 
 11 
Tipo Nome Fonte 
MONOSSACARÍDEOS 
Trioses (C3H6O3) 
 
Dihidroxiacetona 
Gliceraldeído 
 
Produtos de fermentação e da glicólise. 
Pentoses (C5H10O6) Arabinose 
Xilose 
Ribose 
Hidrólises e arabanos 
Hidrólises de xilanos 
Ácidos nucléicos 
Hexoses (C6H12O6) Glicose 
 
Manose 
Galactose 
Frutose 
Hidrólise de amino, glicogênio, e maltose. 
Suco de frutas 
Leite (hidrólise de lactose) e galactosídeos. 
Hidrólise de sacarose 
DISSACARÍDEOS 
(C12H22012) 
Sacarose 
Maltose 
Trealose 
Lactose 
 
 
Acúcares 
 
 
Açucar de cana, beterraba, etc 
Amido 
Cogumelo 
Leite 
TRISSACARÍDEOS 
(C18H32O18) 
Rafinose 
Gossipose 
 
Suco de beterraba 
Semente de algodão 
POLISSACARÍDEOS – grupos compostos de cadeias longas de sacarídeos. 
Nesta classificação encontram-se o amido, glicogênio, celulose, dextrose, pectinas, 
galactosídeos, entre outras. 
Patrick e Schaible (1980), Harper et al (1982). 
A celulose é o polímero de glicose mais abundante na natureza, porém, os 
carboidratos solúveis são mais digestíveis por suínos e aves e representam a principal 
fonte de energia das rações desses animais. Já a hemi-celulose é um carboidrato 
estrutural que possui boa solubilidade, porém, não existe enzimas endógenos para o 
seu aproveitamento, podendo assim, alterar a viscosidade intestinal. A viscosidade 
intestinal é um fator que influencia tanto na digestão como absorção de nutrientes, de 
maneira geral. Além da hemi-celulose, outros carboidratos solúveis também são 
encontrados nos grãos cereais e são chamados de PNAs (polissacarídeos não 
amiláceos solúveis). São formados basicamente de arabinoxilanos e galactosídeos e 
estão contidos nos grãos em concentrações diversas. Na Tabela 4.3 , está apresentada 
a composição de alguns ingredientes de rações em PNAs. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 12 
TABELA 4.3 Conteúdo de PNAs em alguns ingredientes de rações. 
Ingredientes Tipo de PNA % 
Milho PNAs totais 8,0 
 Arabinoxilanos 4,2 
 β- glucanos 0,1 
 
Milho, glúten PNAs totais 42,0 
 
Sorgo PNAs totais 5,6 
 Arabinoxilanos 2,8 
 β – glucanos 1,0 
 
Trigo PNA totais 11,0 
 Arabinoxilanos 6,0 
 β - glucanos 0,5 
 
Cevada PNA totais 16,5 
 β – glucanos 7,6 
 Arabinoxilanos 3,3 
 
Arroz Arabinoxilanos 8,9 
 β – glucanos 1,2 
 
Farelo de soja PNA totais 27,0 
 Galactosídeos 20,0 
 Polímeros complexos 7,0 
 
Trigo, farelo PNA totais 44,0 
 
Farelo de girassol PNA totais 35,0 
Annison (1993); Shutte (1991); Carré (1992); Huisman et al. (1998) e Acamovic (2001). 
 
Monossacarídeos 
Os monossacarídeos são carboidratos simples que possuem importância 
nutricional para as células, porém, sem importância diética, pois, de maneira geral, não 
aparecem desta forma na natureza. 
Os monossacarídeos são importantes intermediários no metabolismo de 
carboidratos para as células do animal e geradores de energia para a manutenção da 
homeostase energética orgânica. Como principais monossacarídeos cita-se as trioses, 
pentoses e hexoses. Apresentam normalmente fórmulas comuns (CnH2nOn), porém, 
com arranjo estrutural da molécula que dão particularidades nas suas ligações (Figura 
2.2 ) 
 
 
 
 
 
 13 
Figura 2.2 Estrutura química dos monossacarídeos nutricionalmente importantes. 
 Dissacarídeos 
Os dissacarídeos possuem importância dietética, pois, são encontrados na 
natureza e concorrem como fonte de energia para os animais. São comumente 
chamados de açúcares e também classificadoscomo oligossacarídeos sendo os mais 
comuns: sacarose, lactose, maltose e celobiose (Figura 2.3). 
A sacarose é o mais abundante e formado por glicose e frutose. Já a lactose, é 
encontrada somente no leite, sendo composta de glicose e galactose. Estes 
dissacarídeos são importantes para o metabolismo da célula animal somente após a 
sua digestão (hidrólise). A presença de sacarose na corrente sanguínea, por exemplo, 
não será metabolizada, ocorrendo rápida excreção da molécula intacta, como se fosse 
uma substância estranha ao organismo. 
Figura 2.3 Estutura química dos dissacarídeos. 
 Polissacarídeos 
Os polissacarídeos são polímeros complexos de monossacarídeos e representam 
a principal fonte de energia para os animais monogástricos. 
O principal polissacarídeo dietético é o amido presente em grandes quantidades 
nos grãos cereais, formado por um polímero de glicose em ligações -glicosídicas, 
possuindo dois constituintes principais, que são a amilose (15-30%) e a amilopectina 
(70-85%). O amido de milho comum por exemplo, apresenta 28% em amilose e 72 % 
de aminopectina . Estas duas cadeias são compostas por 24 a 30 moléculas de 
glicose, sendo a primeira, composta por uma cadeia glicosídica reta e a segunda, 
ramificada (Figura 2.1). 
O glicogênio, carboidrato de reserva no animal está distribuído principalmente nos 
músculos e fígado e este é responsável pela manutenção da glicemia, especialmente 
no metabolismo do jejum. O seu nível orgânico é próximo de 1%. A estrutura do 
glicogênio é semelhante à da amilopectina, com maior número de cadeias ramificadas 
sendo que o polímero apresenta de 6.000 a 30.000 unidades de glicose, dependendo 
do estado metabólico do animal. O peso molecular do glicogênio do músculo é 
estimado em 106 enquanto no fígado este valor é de 5 x 106. Este tamanho é variável, 
todavia, pela adição ou remoção de unidades de glicose. 
Um outro polímero de glicose importante é a celulose. Constitui a base da 
estrutura da parede celular das plantas. O seu aproveitamento em aves e suínos é 
limitado à fermentação microbiana do intestino grosso destas espécies, já que, não 
produzem celulases nos seus tratos digestórios. Tem importância no processo físico da 
digestão, influenciando na formação e condução do bôlo alimentar. 
A hemi-celulose está presente também junto com a celulose, formando a estrutura 
da parede celular. Difere da celulose, devido a sua boa solubilidade tanto em pH 
alcalino como ácido. No processo de determinação da Fibra Bruta (FB) da análise 
proximal, ocorre sua solubilização durante as digestões ácida e alcalina realizadas. 
Uma boa fração de hemi-celulose das plantas pode ser solubilizada durante a digestão, 
por outro lado, não se sabe se ocorre hidrólise de suas cadeias polissacarídicas e o 
seu aproveitamento por aves e suínos se uso de enzimas exógenas. Devido essa 
característica de solubilização da hemi-celulose, é que Van Soest (1967), pesquisador 
Francês, desenvolveu um método de fracionamento dos constituintes da parede celular 
de acordo com a solubilidade dos compostos em meios com pH variável (Figura 2.4), 
que chamou FDN (Fibra em Detergente Neutro) e FDA (Fibra em Detergente Ácido). A 
 
 14 
hemi-celulose é insolúvel em pH neutro, sendo que a celulose, é solúvel apenas em 
pH muito baixo (ácido) e a lignina em pH alcalino. Assim, a FDA contém celulose e 
lignina, sendo extraída a hemi-celulose. Para as aves e os suínos, estas frações não 
possuem importância dietética, já que, as rações destes animais não apresentam mais 
do que 4% de fibra total. Por outro lado a FDA dos alimentos concentrados parece 
exercer influência na estrutura da proteína, influenciando na digestão dos aminoácidos. 
Exemplo desse fato é a maior digestibilidade de aminoácidos do milho de alta 
qualidade proteica, quando comparado ao milho comum, devido principalmente ao 
menor teor de FDA. 
A lignina não pode ser considerada um polissacarídeo sendo as 
 
Figura 2.4 – Solubilidade dos componentes da parede celular de acordo com o pH 
da solução (Van Soest, 1967) . 
 
vezes classificada juntamente com a fração dos carboidratos estruturais . Na verdade a 
lignina é formada por um polímero de unidades de fenilpropano oxigenado. Esta 
fração tem maior solubilidade em pH alcalino, sendo oxidada totalmente em solução de 
permanganato de potássio . Utilizando desta característica, Van Soest (1967) pode 
fazer o fracionamento final dos constituintes da parede celular vegetal. 
2.2 LIPÍDEOS 
Os lipídeos pertencem a um grupo de substâncias que são extraídas por 
solventes orgânicos (éter, clorofórmio, hexana e benzeno) e comumente chamados de 
extrato etéreo. Esta fração engloba várias substâncias apolares como pigmentos 
vegetais, tocoferóis, alguns compostos flavonóides, entre outros. A maioria das plantas 
possuem a reserva energética formada de carboidratos, com exceção das oleaginosas. 
Por outro lado, a reserva energética básica dos animais é formada de gorduras. Além 
de reserva energética orgânica, os lipídeos desempenham outras funções como por 
exemplo estrutural (membrana das células) e hormônios. 
Os lipídeos são divididos basicamente em três grupos: 
a) Lipídeos simples 
São formados por ésteres de ácidos graxos com álcool. Neste grupo estão as 
gorduras e óleos (ácidos graxos + glicerol) e ceras (ácidos graxos + álcoois de cadeia 
longa). 
b) Lipídeos compostos 
São formados por ésteres de ácidos graxos contendo outros grupos de 
substâncias além do álcool e o ácido graxo. Entre os lipídeos compostos mais 
importantes estão os fosfolipídeos lecitina , cefalina e esfingomielina, cerebrosídeos 
(glicolipídeos) e lipoproteínas (lipoproteínas transportadoras). 
c) Lipídeos derivados 
São substâncias que por hidrólise, derivam dos citados e compreendem os ácidos 
graxos livres e condensados. 
2.2.1 Triglicerídeos 
Do ponto de vista nutricional, os triglicerídeos (Figura 2.5) são os lipídeos mais 
importantes, pois, representam a maneira mais fácil de elevar o conteúdo de energia 
das rações. As gorduras ou óleos são compostos basicamente de triglicerídeos sendo 
 
 15 
que suas características físicas dependem das insaturações dos ácidos graxos 
esterificados. As gorduras animais normalmente possuem altas quantidades de ácidos 
graxos saturados, sendo sólidos à temperatura ambiente. Por outro lado, a alta 
concentração de ácidos graxos insaturados nos triglicerídeos dos óleos vegetais, 
caracteriza a sua forma líquida à temperatura ambiente. Os ácidos graxos podem 
apresentar uma ou mais insaturações. Como ácidos, monoenóicos tem-se os ácidos 
oleico (série 9) e palmitoleico, encontrados nas gorduras. Os principais ácidos 
polienóicos são linoleico (série 6) e linolênico (série 3), encontrados nos óleos 
vegetais, e aracdônico, presente em pequenas quantidades no óleo de amendoim e 
gordura animal. Outros ácidos graxos polinsaturados são encontrados na gema do ovo, 
gordura de peixes de regiões frias e algas também dessas regiões. Estes ácidos são 
da série 3 (eicosapentaenóico-EPA e docosahexaenóico-DHA). 
 
FIGURA 2.5 Estrutura dos triglicerídeos 
2.2.2 Fosfolipídeos 
Os fosfolipídeos são lipídeos compostos que incluem ácido fosfatídico, 
fosfatidilglicerol, fosfatidilcolina (lecitina), fosfatidile-tanolaminas, fosfatidilinositol, 
fosfatidilserina, lisofosfolipídeos, esfin-gomielina. 
Apesar do grande número de fosfolipídeos, eles aparecem em pequenas 
concentrações nos tecidos desempenhando funções metabólicas importantes no 
organismo. A lecitina por exemplo, desempenha papel fundamental na membrana das 
células, controlando a sua permeabilidade, graças a sua dupla solubilidade sendo parte 
da molécula lipossolúvel e parte hidrossolúvel. Além desta função, integra a maior 
fração lipídica das principais lipoproteínas transportadoras (Lipoproteínasde densidade 
muito baixa - VLDL, de baixa densidade - LDL e de alta densidade - HDL ). 
As lipoproteínas desempenham papel importante no metabolismo dos lipídeos. 
Têm função básica de transportar energia (triglicerídeos) e matéria-prima para as 
células. O colesterol presente nas lipoproteínas, fornece a forma estrutural 
imprescindível para formar as paredes das células (membranas) além de ser precursor 
de vários hormônios sexuais, da vitamina D entre outros compostos importantes. 
Os triglicerídeos são substâncias insolúveis em água, portanto também no 
sangue. Por outro lado, as lipoproteínas por serem ao mesmo tempo hidrossolúvel 
(estrutura externa) e lipossolúvel (estrutura interna), conseguem tranportar os lipídeos 
em sua fase interna, sem haver segregação no meio hidrossolúvel que é o sangue. 
2.2.3 Esteróis 
Os compostos esteroidais possuem um núcleo comum chamado ciclopentano-
peridro-fenantreno (Figura 2.3). O mais comum esterol encontrado no animal é o 
 
 16 
colesterol, que pode estar na forma livre ou esterificado com ácidos graxos. Apesar de 
apresentar algumas características físicas dos lipídeos, o colesterol na verdade e‟ um 
álcool. Tem origem endógena, sintetizado a partir do acetato no fígado ou exógena, 
dos alimentos de origem animal. Alimentos como gema de ovos, gordura láctea e 
carnes possuem teores de colesterol variado. Um ovo de 59g por exemplo, possue 
somente 213 mg de colesterol. Nas plantas é encontrado o ergosterol, que é precursor 
da vitamina D2. O colesterol orgânico, ao nível de pele no animal, pode ser 
transformado em vitamina D3 pela ação dos raios UV. 
 
 
 
 
FIGURA 2.6 Estrutura do colesterol 
Do ponto de vista dietético para aves e suinos, este composto não têm 
importância, pois é biossintetisado no fígado, por outro lado, a nível orgânico exerce 
papel fundamental no metabolismo de diversos compostos e hormônios. 
 
2.3 NITROGENADOS 
2.3.1 Proteínas 
As proteínas representam a maior fração dos compostos nitrogenados no 
organismo animal, chegando a 20% do peso dos tecidos. São compostos de alto peso 
molecular formados por unidades básicas (aminoácidos) ligadas por ligação peptídica. 
Normalmente as proteínas dos alimentos vegetais possuem em torno de 16% de 
nitrogênio. Baseado nesta concentração, foi desenvolvido o método de determinação 
da proteína nos alimentos, através da avaliação do conteúdo de N total da amostra, 
sendo multiplicado por 6,25 (100/16) segundo o Método de Kjeldahl. 
Apesar de existir várias classificações para as proteínas, nutricionalmente podem 
ser classificadas de acordo com sua composição. As proteínas simples, são solúveis 
em água e álcool e fornecem por hidrólise somente aminoácidos. As conjugadas, 
fornecem por hidrólises, aminoácidos e outras substâncias, chamadas de grupo 
prostético. Estes compostos podem ser minerais como ferro, fósforo, lipídeos ou 
glicose. Proteínas desnaturadas, são classificadas como derivadas. 
2.3.2 Aminoácidos 
Os aminoácidos ocorrem nas proteínas orgânicas na forma L--aminoácido. 
Todos eles apresentam pelo menos um grupo amino na posição  e um grupo 
carboxíla e podem ser classificados como aminoácidos, monoamino e 
monocarboxílicos alifáticos, ácidos e suas amidas, básicos, aromáticos, iminoácidos e 
aminoácidos formados por translação (Tabela 2.1). 
 
 17 
 
 
 
TABELA 2.1: Classificação do -aminoácidos 
Nome Abrevi 
ação 
 Fórmula Estrutural Peso 
Molecular 
Monocarboxílico e Monoamino alifáticos 
 
Glicina 
 
 
Alamina 
 
GLI 
 
 
ALA 
 
 
 
 
75 
 
 
89 
 
Valina 
 
VAL 
 
 
117 
 
Leucina 
 
LEU 
 
 
131 
 
Isoleucina 
 
ILE 
 
 
131 
 
Serina 
 
SER 
 
 
105 
 
Treonina 
 
TRE 
 
 
119 
Ácido 
Aspático 
 
ASP 
 
 
133 
 
 
ÁCIDOS E SUAS AMIDAS 
Ácido 
Glutâmico 
 
GLU 
 
 
147 
 
Asparagina 
 
ASN 
 
 
132 
 
Glutamina 
 
GLN 
 
 
146 
BÁSICOS 
 
Lisina 
 
LIS 
 
 
146 
 
 18 
 
Arginina 
 
ARG 
 
 
174 
 
Histidina 
 
HIS 
 
 
155 
 
Cisteína 
 
CIS 
 
 
121 
 
Metionina 
 
MET 
 
 
149 
 
Fenilalanina 
 
FEN 
 
 
165 
 
Tirosina 
 
TIR 
 
 
181 
 
Triptofano 
 
TRI 
 
 
204 
IMINOÁCIDOS 
 
Prolina 
 
PRO 
 
 
115 
AMINOÁCIDOS FORMADOS POR TRANSLAÇÃO 
 
 
Cisteina 
 
 
CIS-S-S-CIS 
 
 
 
240 
 
OH-Lisina 
 
OH-LIS 
 
 
162 
 
OH-Prolina 
 
OH-PRO 
 
 
131 
2.4 VITAMINAS 
O termo vitamina significa aminas vitais geralmente descritas como compostos 
orgânicos presentes em pequenas concentrações nos alimentos, distintos dos 
carboidratos, proteínas, lipídeos e água, essenciais para o metabolismo normal dos 
animais e, consequentemente, necessários para a saúde normal e funções fisiológicas 
tais como , mantença, crescimento e reprodução. Causam sintomas de deficiência 
específicos caso encontram-se ausentes ou em quantidades insuficientes para o 
 
 19 
metabolismo orgânico normal. 
Tradicionalmente as vitaminas estão divididas de acordo com a sua solubilidade 
em lipossolúveis e hidrossolúveis. As vitaminas lipossolúveis são armazenadas no 
organismo e são descritas como vitaminas do crescimento. Já as hidrossolúveis, 
exceto colina, participam de coenzimas e são eliminadas após as reações metabólicas 
e, por isso, são chamadas de vitaminas de mantença (Figura 8.1). 
 
 
GLOSSÁRIO DAS VITAMINAS 
Vitaminas Designação Alternativa 
Lipossolúveis 
Vitamina A Retinol/al 
Ácido retinóico 
Vitamina D Ergocalciferol (D2) 
Colecalciferol (D3) 
Vitamina E Alfa-tocoferol 
Vitamina K Menadiona (K3) 
Hidrossolúveis 
Vitamina B1 Tiamina 
Aneurina 
Polineuramina 
Vitamina F 
Vitamina B2 Riboflavina 
Vitamina B6 Piridoxina 
Piridoxal 
Piridoxamina 
Adernina 
Vitamina B12 Cianocobalamina 
Fator extrinsico 
Niacina Ácido nicotínico 
Nicotinamida 
Ácido Pantotênico Vitamina B3 
Biotina Vitamina H 
Bios 2 
Folacina Coenzima R 
Ácido fólico 
Tetrahidrofolato (THF) 
“Colina” Gossipina 
Bilineurina 
Vidina 
Vitamina C Ácido ascórbico 
Ácido Hexurônico 
 
 
2.5 MINERAIS 
Os minerais são considerados elementos essenciais para uma boa nutrição 
 
 20 
animal. São classificados academicamente em macrominerais e microminerais ou 
elementos traços. Esta classificação está relacionada com as concentrações dos 
elementos nos tecidos (Tabela 2.2), que de certa forma, indicam as suas necessidades 
orgânicas. 
 
TABELA 2.2: Concentração dos minerais essenciais no organismo animal. 
Classificação Elemento Concentração 1: 
Macrominerais 
 Cálcio (Ca) 75 
 Fósforo (P) 135 
 Potássio (K) 526 
 Sódio (Na) 625 
 Enxofre (S) 627 
 Cloro (Cl) 909 
 Magnésio (Mg) 2.409 
Microminerais 
 Ferro(Fe) 25.000 
 Zinco (Zn) 33.000 
 Cobre (Cu) 527.000 
 Iodo (I) 2.500.000 
 Manganês (Mn) 4.400.000 
 Cobalto (Co) 46.500.000 
 Selênio (se) 100.000.000 
 Fonte: Georgievski (1982). 
 
De maneira geral, os minerais participam de funções variadas no organismo. Os 
macroelementos Ca e P constituem a base da formação esquelética, enquanto que Na, 
Cl e K, estão distribuídos em maiores concentrações nos tecidos moles, controlando o 
equilíbrio ácido-básico orgânico. Os microelementos participam principalmente como 
agentes catalíticos em todas as reações do metabolismo. 
2.6 ÁGUA 
A água pode ser considerado um dos mais críticos entreos nutrientes. A privação 
da água para o animal é mais grave do que a falta de carboidratos, proteínas, ou outros 
nutrientes. Representa um constituinte essencial para a estrutura das células, além de 
ser meio para as reações químicas do metabolismo. 
O mais numeroso átomo do organismo é o H enquanto que a água representa o 
maior número de moléculas orgânicas. 
A água não é simplesmente um meio na qual as reações podem ocorrer, pois, participa da 
maioria das reações. sendo incorporada em outra molécula(a) ou formada após reações (b). 
 
 
 
 21 
 
3 
METABOLISMO DA ÁGUA 
 
A água constitui um nutriente indispensável à vida animal. Todas as células 
orgânicas necessitam de um aporte de água para exercer as suas funções. 
O animal pode perder praticamente toda gordura corporal, metade das suas 
proteínas orgânicas e aproximadamente 40% do seu peso e manter-se vivo, no 
entanto, se perder apenas 10% de água ocorrerá transtornos que levam a sua morte. 
Do ponto de vista econômico, a água representa o nutriente de mais baixo custo, 
no entanto, fisiologicamente é essencial no metabolismo orgânico. 
A bioquímica nutricional da água é complexa e de difícil entendimento. Não é uma 
simples molécula HOH. Uma grande parte das moléculas de água estão interligadas 
por pontes de hidrogênio formando complexas macromoléculas. A facilidade e rapidez 
com que ocorre a dissociação desta molécula (HOH  H+ + OH-) é que caracteriza a 
sua participação nas reações do metabolismo. 
3.1 DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA CORPÓREA 
A água está distribuída no corpo animal de forma heterogênea, de maneira a 
manter o equilíbrio dinâmico entre os compartimentos do organismo (Figura 3.1). A 
água intracelular representa mais de 45 % do peso vivo enquanto que o conteúdo 
extra-celular aproximadamente 20%. O funcionamento normal do organismo se faz às 
custas de perdas ininterruptas de água que devem ser repostas constantemente 
através da água de bebida, principalmente. O conteúdo aquoso corpóreo é 
relativamente constante, portanto, a entrada de água (ingestão) somada a água 
metabólica devem se equilibrar a saída de água. 
Na Tabela 3.1 estão apresentados os dados de balanço de água de frangos de 
corte, de acordo com Leeson et al (1976). Verifica-se que as aves mantêm 
praticamente constante a entrada e a saída de água no corpo. Na fase de crescimento, 
ocorre balanço positivo devido à deposição nos tecidos. Nota-se também que as aves 
jovens têm maior proporção de água corporal do que as adultas. A utilização da água 
metabólica é aumentada com a idade das aves. 
As excretas de frangos de corte contém de 60 a 70% umidade, enquanto as das 
poedeiras apresentam ao redor de 80% de água. Este maior valor para as poedeiras 
pode estar relacionado com a maior necessidade de perda de calor orgânico. As aves 
não possuem glândulas sudoríparas e gastam em torno de 575 calorias de energia na 
forma de calor para vaporizar 1 grama de água via respiração, já que, a perda de água 
pela pele é restrita. Em frangos de corte, esta perda de calor pode chegar a mais de 
50% do total em temperaturas ambiente variando de a 26 a 35ºC. 
 
 22 
 
FIGURA 3.1: Distribuição dos líquidos do corpo em % do peso corporal 
Howard (1975) estudando o balanço de água de poedeiras comerciais durante a 
formação do ovo, verificou que estas aves consomem o dobro de água do que as que 
não estão em postura. O aumento da ingestão de água ocorreu 12 horas antes da 
oviposição, sendo que este alto consumo está associado ao ovo e também ao estresse 
metabólico durante sua formação. Verificou também que nas horas que antecedem a 
postura, as aves reduzem a ingestão de água, cessando o consumo duas horas antes 
e, logo após a oviposição, a ave atinge o pico de ingestão de água. 
TABELA 3.1: Metabolismo diário de água de frangos de corte 
Idade 
(sem) 
Temp. 
(ºC) 
Umidade 
relativa 
% 
Entrada 
(g) 
Saída 
(g) 
 Bebida Ração 
Metabo- 
lica 
Cresci
mento 
Excre-
tas 
respi-
ração 
1 31 70 11,4 1,5 3,1 4,6 4,1 7,3 
2 25 70 11,8 2,4 5,0 6,7 6,3 6,2 
3 25 70 21,4 3,6 7,4 10,2 9,6 12,6 
4 23 70 48,8 4,8 9,3 15,0 12,8 35,1 
5 22 70 72,3 6,1 12,7 17,1 16,1 58,0 
6 20 75 90,2 7,4 17,7 15,9 19,4 80,0 
7 20 79 109,3 8,3 22,4 12,8 21,8 105,3 
8 20 67 114,7 9,0 21,3 20,4 23,9 100,8 
Adaptado de Leeson et al (1976). 
O conteúdo da água do corpo dos animais decresce com o avançar da idade e 
aumento do teor de gordura orgânica. Poedeiras leves, apresentam uma redução do 
teor de água orgânica da 2ª para a 32ª semana de vida de 13,7%, porém, sem 
alteração na percentagem de água no plasma sanguíneo (Tabela 3.2). 
 
 23 
TABELA 3.2: Conteúdo de água corporal no plasma de aves Leghorn branca 
de acordo com a idade. 
Idade (semanas) % Plasma % Água Corporal 
1 95,5 85,2 
2 96,3 68,7 
3 96,1 67,1 
4 95,8 68,9 
6 95,8 59,2 
8 95,5 65,9 
16 95,1 48,7 
32 94,6 55,0 
Patrick e Schaible (1980). 
Interação negativa também é observada entre os conteúdos de água e gordura 
corporal reflexo da variação do nível de energia metabolizável (EM) da ração em 
frangos de corte (Figura .2). 
Nos suínos, o aumento de peso vivo leva também a uma redução do teor de água 
corporal, e, concomitantemente, aumento do conteúdo lipídico da carcaça (Tabela 3.3). 
Normalmente as aves consomem água além de suas necessidades. Poedeiras da 
raça Legohrn brancas, por exemplo, podem ser restringidas 10 a 20% do consumo de 
água sem afetar o desempenho. No entanto, se a restrição exceder 20%, ocorrerá 
prejuízos no desempenho destas (Patrick e Schaible, 1980). 
 
 
FIGURA 3.2: Interação Gordura x Água Corpórea em função da variação do nível 
energético de frangos de corte (Bertechini et al., 1991). 
 
 
 
 
 
 
 24 
TABELA 3.3: Variação nos conteúdos de água e gordura corporal de acordo com o 
peso vivo de suínos tipo carne. 
Peso Vivo Percentagem da Carcaça 
Kg Água Gordura 
15 70,4 9,5 
20 69,9 10,1 
40 65,7 14,1 
60 61,8 18,5 
80 58,0 23,2 
100 54,2 27,9 
120 50,4 32,7 
A.R.C. (1982) 
3.2 PRINCIPAIS FUNÇÕES DA AGUA 
 Digestão: processo hidrolítico; 
 Absorção dos nutrientes do trato digestivo; 
 Translocação de todos compostos químicos no organismo; 
 Excreção de todos os resíduos do metabolismo orgânico; 
 Secreção de hormônios, enzimas e outras substâncias bioquímicas; 
 Termorregulação corporal: a água possui alto calor específico (=1) e com 
isto facilita o armazenamento de grandes quantidades de calor com um 
aumento limitado da sua temperatura, o que mantém constante a 
temperatura do corpo; 
 Manutenção da pressão osmótica intra-intercelular. A pressão osmótica dos 
líquidos orgânicos é mantida de forma mais ou menos constante através da 
ingestão ou eliminação de água ou eletrólitos; 
 Equilíbrio ácido-básico: a homeostasis orgânica (manutenção do equilíbrio 
ácido-básico) está sujeita constantemente a estados de acidoses ou 
alcaloses. O processo oxidativo que ocorre no metabolismo orgânico resulta 
na produção de resíduos como CO2, ácido láctico, SO2 entre outros, que 
acidifica os líquidos extracelulares, e, através de mecanismos especiais 
(reações aquosas), ocorre a eliminação resíduos de forma a manter a 
homeostase orgânica; 
 Facilita as reações enzimáticas que ocorrem no metabolismo intermediário, 
onde a maioria delas são simples subtração e adição de água; 
A água também desempenha uma série de funções especiais no organismo, 
quais sejam: 
a) Fluído cebroespinhal: protege o sistema nervoso, amortecendo choques. 
b) Fluído sinovial: lubrificando as juntas. 
c) Fluído auricular: transportando os sons. 
d) Fluído intraocular: importante no processo da visão. 
e) Fluído amniótico: protegendo o feto.25 
3.3 FONTES DE ÁGUA 
Basicamente existem três fontes de água para os animais. 
3.3.1 Água de Bebida 
É a principal fonte de água para os animais, devendo ser limpa e livre de 
contaminações. Na Tabela 3.4 estão os níveis máximos de partículas e pH da água 
para consumo de aves e suínos. Existem certas características que afetam a qualidade 
da água, tornando-a imprópria ao consumo de aves e suínos, quais sejam: 
 Minerais traços: a presença de elementos tóxicos como flúor, selênio, ferro e 
molibdênio em excesso são extremamente tóxicos. 
 Nitrogênio: a presença de N na água indica decomposição matéria orgânica, 
contaminação fecal ou nitratos. Os animais têm pequena tolerância a 
presença de nitratos solúveis na água. 
 Coloração: uma boa água de bebida deve ser incolor e ao mesmo tempo, 
inodora e sem gosto. 
 pH: o pH da água pode ser medido em sua alcalinidade ou acidez. Valores 
ideais de pH da água variam de 7 a 7,6. No entanto, níveis de pH acima de 
7,6 indica alcalinidade e deverá neste caso ser pesquisado níveis de cálcio e 
magnésio. 
 Dureza: a presença de excessos de sais de cálcio e magnésio tornam a 
água imprópria para o consumo. 
 Bactérias: a presença de bactérias na água indica matéria orgânica e/ou 
contaminação fecal, havendo a necessidade de tratamento (cloretação). 
TABELA 3.4: Níveis máximos de sólidos e pH da água para consumo. 
Itens Níveis Máximos 
Sólidos Totais 1000 ppm 
Ferro solúvel ou coloidal 50 ppm 
pH 7,6 
Nitratos 50 ppm 
Sulfatos 250 ppm 
Cloreto Sódio 500 ppm 
Bactérias E.coli Ausência 
Arsênico 0,2 
Cromo 1,0 
Cobalto 1,0 
Cobre 0,5 
Flúor 2,0 
Mercúrio 0,01 
Vanádio 0,1 
Zinco 25,0 
 Boletim FAO 
 
 
 
 
 26 
3.3.2 Água Metabólica 
Refere-se à água formada durante o processo de oxidação dos H2 contidos nas 
proteínas, carboidratos e gorduras a nível de metabolismo orgânico. 
As gorduras produzem maior quantidade de água metabólica que os carboidratos 
e proteínas (Tabela 3.5). No entanto, os carboidratos produzem maiores quantidades 
de água metabólica por kcal de energia metabolizável (EM) produzida. Neste caso, em 
condições de privação de água, seria indicado a ingestão de carboidratos. 
 
TABELA 3.5: Produção de água metabólica de carboidratos,, proteínas 
gorduras. 
Nutriente 
H20 
Metabólica/100g 
Valor 
Calórico 
H20 Metabólica/ 
100 Kcal de EM 
Caboidratos 60 400 15,0 
Proteínas 42 400 10,5 
Gorduras 100 900 11,1 
 
Demonstração da produção de água metabólica 
1)Oxidação da glicose: 
C6H12O6 + 602 -------> 6CO2 + 6H2O + Energia 
Pesos moleculares: glicose = 180 
6H2O = 108 
 
Água Metábólica , % = 108 x 100 = 60% 
 180 
 
2) Oxidação do tripalmitilglicerol: 
C51H97O6 + 72,502  51 CO2 + 49H2O + Energia 
Pesos Moleculares: tripalmitiglicerol = 805 
49 H2O = 882 
Água Metábólica , % = 882 x 100 = 100%(+) 
 805 
 
3) Oxidação das proteínas: 
Processo complexo, porém em média: 
100 gramas de proteína = 42 g de H2O + Energia 
3.3.3 Água Coloidal 
Representa a água presa nos alimentos. Os alimentos suculentos possuem alto 
teor de água que contribui para o atendimento das necessidades diárias dos animais. 
No entanto, os 10 ou 12% de umidade contida normalmente nos ingredientes de rações 
(milho, farelo de soja, etc) está na forma presa aos nutrientes, não contribuindo para as 
necessidades imediatas do animal. 
 
 27 
3.4 FATORES QUE AFETAM A INGESTÃO DE AGUA 
3.4.1 Temperatura e Umidade Relativa Ambiente 
O aumento da temperatura ambiente leva a um incremento no consumo de água. 
As perdas de calor corporal pelos suínos é um processo dificultoso, já que, na 
evaporação cutânea e na respiração são pequenas. Em clima quente há a necessidade 
de auxiliar a perda de calor destes animais através de ambientes adequados e água 
fresca. No caso das aves, aproximadamente 50% da dissipação do calor corporal é 
feito através da respiração. A água de bebida representa para aves uma importante 
maneira de consumo de calor corporal. Frangos de corte e poedeiras comerciais 
dobram o consumo de água quando a temperatura ambiente passa de 20 para 32ºC 
(Tabela 3.6). 
Normalmente o aumento do calor ambiente leva a um incremento na transpiração 
ou respiração que eleva as necessidades de água. Por outro lado, em condições de 
temperaturas baixas, ocorre o catabolismo das proteínas orgânicas que aumenta as 
exigências de água, também. 
A umidade relativa é que determina a zona de temperatura de conforto dos 
animais. A associação de altas temperaturas e umidade relativa ambiente, dificultam as 
trocas de calor animal-ambiente, e, resulta em estresse calórico, levando a alto 
consumo de água. Por outro lado, a baixa umidade relativa do ar leva a maior 
transpiração e maior consumo de água para reposição das perdas. 
 
TABELA 3.6 Consumo de água por aves (ml/dia) de acordo com a temperatura 
ambiente. 
AVES 
TEMPERATURA, ºC 
20 32 
POEDEIRAS 
Sem produção 150 250 
50% produção 180 340 
90% produção 200 400 
MATRIZES PESADAS 
4 semanas 75 140 
12 semanas 140 250 
18 semanas 180 360 
50% produção 200 380 
80% produção 230 400 
FRANGOS DE CORTE 
1 semana 24 50 
3 semanas 100 210 
6 semanas 280 460 
PERUS 
1 semana 24 50 
4 semanas 110 220 
12 semanas 350 650 
18 semanas 500 1000 
 Adaptado de Leeson & Summers (2001) 
 
 28 
3.4.2 Função Fisiológica 
A necessidade de água depende da função fisiológica. Porcas em lactação 
exigem mais água do que as gestantes e estas mais do que os animais em 
crescimento (Tabela 3.7). As aves também apresentam diferenças de consumo de 
água em função da finalidade fisiológica (Tabela 3.6) 
TABELA 3.7: Consumo de água por Suínos (ambiente termoneutro) 
Categoria Litros/Animal/Dia 
Leitões desmamados 0,149 + (3,053 x consumo 
ração) 
Crescimento/terminação 2 a 3 x consumo ração 
Gestação 6,5 a 10 
Lactação 20 
Adaptado do N.R.C. (1998). 
3.4.3 Espécie Animal 
As aves exigem menor quantidade de água do que os mamíferos em 
percentagem do peso vivo. Este fato é devido ao tipo de excreção de nitrogênio 
urinário. As aves excretam ácido úrico que necessita menor quantidade de água para 
eliminação do que a uréia nos mamíferos. 
3.4.4 Idade do Animal 
O consumo de água aumenta com a idade (Tabela 3.8), porém, decresce em 
relação ao peso vivo. Este aumento de consumo de água está correlacionado com o 
aumento do consumo de ração. 
 
TABELA 3.8 Consumo de água por aves (ml/dia) de acordo com a idade. 
Idade 
Semanas 
Frangos de 
Corte 
Poedeiras 
comerciais 
Perus 
1 32 29 55 
2 68 43 103 
3 104 57 148 
4 143 71 209 
5 178 86 285 
6 214 100 358 
7 250 107 435 
8 286 114 514 
9 - 122 612 
10 - 129 696 
12 - 145 777 
15 - 158 812 
10 - 171 832 
35 - 228 1000 
 Adaptado do NRC (1994) 
 
 
 29 
3.5 NECESSIDADE DE ÁGUA 
As aves de uma maneira geral consomem mais água do que as suas 
necessidades. A restrição de 10 a 20% de água para poedeiras, por exemplo, não afeta 
a produção, no entanto, acima de 20% ocorre prejuízo no desempenho a partir de 36 
horas de restrição (Patrick e Schaible, 1980). 
Os consumos de água por aves estão apresentados na Tabela 3.6 que evidencia 
a grande diferença na ingestão de água em função do estádio de desenvolvimento e 
função fisiológica. 
As necessidades de água pelos suínos são bastante variadas em função da 
idade, tipo e quantidade de ração ingerida e estado fisiológico. Os leitões e porcas em 
lactação possuem exigências de água mais elevadas. Os primeiros, devido à 
manutenção do alto teor de água corporal (70-80%) e as segundas, pela alta perdaágua através do leite produzido. A medida que o suíno cresce, requer 
proporcionalmente menor quantidade de água devido a consumir menor quantidade de 
alimento por unidade de peso corporal associada a redução do conteúdo hídrico 
corporal. De maneira geral, os suínos consomem quantidades constantes de água em 
relação ao consumo de ração diária. Segundo o N.R.C (1998), os suínos consomem 
de 1,9 a 2,5 kg água por kg de ração seca; os leitões de 5 a 8 semanas 20 kg de água 
por 100 kg de peso vivo e os suínos em terminação, 7 kg de água por 100 kg de peso 
por dia. 
 3.6 RESTRIÇÃO DE ÁGUA 
As aves e suínos com acesso livre ao bebedouro apresentam consumo de ração 
de acordo com as suas necessidades nutricionais, principalmente energia. Por outro 
lado, a restrição de água, pode ser utilizada com objetivos específicos. No caso de 
frangos de corte, por exemplo, a restrição de água é um dos métodos utilizados para 
regular a taxa de crescimento visando reduzir a mortalidade por síndrome ascítica e a 
gordura abdominal na carcaça da ave. Na Tabela 3.9, estão adaptados dados de 
Kellrup et al. (1971) onde mostram o grau de redução na ingestão de ração de acordo 
com a intensidade da restrição de água. 
As poedeiras comerciais quando privadas de água por período longo (24 h), 
resulta em queda na postura, podendo chegar a zero. No entanto, a restrição de água 
por períodos curtos não afeta a produção. Nos casos de altas temperaturas, como 
ocorre no verão, a restrição de água por 1-3 h pode reduzir os efeitos do 
superconsumo de água, que prejudica na absorção de nutrientes ( e.g. cálcio) e a 
qualidade da casca, além de aumentar a umidade das excretas. 
TABELA 3.9 Efeito da restrição de água no consumo de ração por frangos de 
corte. 
Semanas de idade Restrição de água 
 0 10 20 30 40 50 
 % 
2 100 84 84 75 73 70 
4 100 98 94 90 85 80 
6 100 88 82 78 73 71 
Média 100 90 87 81 77 74 
 Dados adaptados de Kellerup et al. (1971). 
 
 30 
 
Em matrizes pesadas, a restrição de água associada a programas de 
alimentação, são utilizados no controle de peso dessas aves. 
 
 
 
METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS 
 
Os carboidratos são definidos como polihidroxialdeídos ou cetonas e representam 
a principal fonte de energia para as rações de aves e suínos. 
O produto final da digestão dos carboidratos são açúcares simples que são 
metabolizados organicamente produzindo água, CO2 e energia, ou participando da 
construção de outras substâncias. 
Quantitativamente três polissacarídeos são de importância nutricional para 
monogástricos, que são o amido, a celulose e o glicogênio. São polímeros de glicose, 
geralmente classificados como homopolissacarídeos, desde que compostos somente 
por glicose. 
O amido é o principal polissacarídeo digerível das plantas, presentes em grandes 
quantidades nos grãos cereais. É, composto por unidades de glicose polimerizadas 
através de ligações glicosídicas alfa-1,4 e alfa-1,6. A sua digestibilidade é superior a 
95%. 
A celulose é um polímero de glicose com ligações do tipo β-1,4. A digestibilidade 
da celulose para aves e suínos é limitada, no entanto, exerce função importante no 
controle da taxa de passagem do bolo alimentar nos vários compartimentos do trato 
digestório. A presença de celulose na moela da ave, melhora o aproveitamento do 
amido pela redução da velocidade de passagem neste compartimento e intestino 
delgado. Enquanto dietas contendo amido puro, detecta-se resíduos da ração após 2 
horas no intestino grosso das aves, a presença da celulose retarda este tempo para 3 
horas melhorando a digestão e absorção dos açúcares solúveis. 
Apesar da digestão da celulose ser limitada para suínos e aves, estes animais, 
quando adultos conseguem uma taxa relativamente boa de fermentação no intestino 
grosso, possibilitando alguma digestão da fração fibrosa da ração, com a produção de 
ácidos graxos voláteis. Em suínos, estes ácidos produzidos no intestino grosso podem 
representar uma fonte de energia a mais para o animal. 
O glicogênio foi descoberto primeiramente por Claude Bernard em 1956, quando 
estudou a relação entre o glicogênio hepático e o conteúdo de glicose no sangue. É a 
forma de reserva de carboidratos no organismo, sendo pequena (1-1,5%) e distribuída 
no fígado e músculos. Serve para utilização imediata, em casos de recuperação dos 
níveis de glicose sanguínea ou gasto energético muscular. 
Os carboidratos nutricionalmente importantes são sintetizados pelas plantas 
através da fotossíntese a partir da água solo e CO2 do ar segundo a reação a seguir. 
 
6 CO2 + 12H2O 
 
C6H12O6 + CO2 + 6H2O 
Dióxido de 
carbono 
Água Clorofila Carboidrato Oxigênio Água 
 
 
 31 
Enquanto a forma de energia armazenada no organismo é a gordura, nos 
vegetais, os carboidratos representam a maior reserva (Tabela 4.1). Na maioria dos 
vegetais, a exceção das sementes oleaginosas, o carboidrato é em geral o principal 
componente. Na análise proximal dos alimentos, a fração carboidrato é representado 
por açúcares solúveis (extrativo não nitrogenado) e fibra bruta (teoricamente composta 
por celulose, hemicelulose e lignina) que representa os carboidratos estruturais. 
 
TABELA 4.1: Conteúdo de carboidratos de alguns ingredientes de origem 
vegetal e animal (%). 
Fontes ENN1 AMIDO1 FDN2 FDA2 
Milho1 72,08 62,30 11,40 3,42 
Soja Integral 24,00 9,80 13,70 8,10 
Farelo de Soja 
45% 
31,50 13,50 14,12 7,79 
Feno de Alfafa 34,00 45,00 35,00 
Farinha de Carne 
Ossos 
 1,60 
Farinha de Peixe 7,37 
Amido de Milho 87,87 87,87 
1 Tabelas AEC (1987), 2. Rostagno et al. (2000). 
4.1 DESTINOS METABÓLICOS DOS CARBOIDRATOS DA DIETA 
Os carboidratos, ao serem ingeridos por aves ou suínos na forma de amido ou 
qualquer outro açúcar solúvel, são umedecidos pela saliva onde a água embebe as 
partículas que facilita a digestão . Nos suínos, já na boca, começa a haver uma 
pequena hidrólise do amido pela ação de alfa-amilase, com produção de sacarídeos de 
menor cadeia como as dextroses e maltoses. No estômago ocorre a paralização da 
digestão devido ao pH ácido, sendo continuada no intestino delgado, pela ação de 
sacaridases específicas, com a produção final de monossacarídeos, que são 
absorvidos. Apesar de haver absorção dos vários tipos de monossacarídeos, a nível de 
parede intestinal ocorre a interconversão para glicose. Alguma frutose poderá circular 
no sangue e mesmo no fígado pode ocorrer esta transformação. 
A maior fração de todo carboidrato absorvido por aves e suínos é metabolizado 
na forma de lipídeos, que representa a reserva energética animal. No caso das aves de 
postura, esta gordura formada será utilizada para a produção do ovo. No entanto, em 
suínos em engorda e frangos de corte, ocorre a sua deposição nos adipócitos destes 
animais. 
Durante a fase de crescimento destes animais, os carboidratos dietéticos 
possuem função maior a de oxidarem para fornecer energia aos processos 
metabólicos (anabolismo). Após a fase de crescimento, grande parte dos carboidratos 
dietéticos irão integrar o metabolismo dos lipídeos através da lipogênese. 
4.3.1 Rotas Metabólicas mais Importantes e seus Controles 
Após absorção, a nível principalmente de jejuno, o carboidrato dietético pode 
seguir uma série de rotas do metabolismo (Figura 4.1). 
1) Glicólisis: é o processo de oxidação da glicose a piruvato e lactato, também 
 
 32 
chamada de via glicolítica ou de Embden – Meyerhof Parnas. Esta rota 
representa a maneira mais rápida de fornecimento de energia para o 
organismo. Produz duas ligações de alta energia para o metabolismo 
orgânico. As enzimas envolvidas na utilização da glicose e/ou frutose, são 
ativadas sobre as condições de necessidade de energia na célula ou a 
redução da glicemia.A secreção de insulina, na qual é responsável pelo nível 
glicêmico, controla a atividade destas enzimas. Em suínos, os níveis de 
insulina são relativamente altos (hiperinsulinênicos) em relação a outros 
animais . O início da glicólisis começa com a fosforilação das hexoses através 
da hexoquinase muscular e/ou glicoquinase do fígado. A diferença de atuação 
destas duas enzimas é que a primeira trabalha em baixas concentrações de 
glicose e a segunda em altas . 
2) Glicogenólisis: representa a quebra do glicogênio muscular e hepático, com 
liberação de unidades de glicose, em resposta à necessidade de recuperação 
dos níveis séricos de glicose. O hormônio glucagon, produzido no pâncreas 
(células α das Ilhotas de Langerhans), tem função de ativação do sistema 
enzimático, para que ocorra a quebra do glicogênio. Esta rota ocorre somente 
quando o animal está em jejum ou em condições de estresse. 
3) Glicogênese: haverá glicogênese para recuperar os pequenos depósitos de 
glicogênio no músculo e fígado, a partir da glicose 6-P, tendo a glicogênio 
sintetase como importante enzima no processo. 
4) Gliconeogenese - é a formação de glicose ou mesmo glicogênio, a partir de 
compostos que não carboidratos. Os aminoácidos por exemplo, podem 
participar desta biossíntese, através de suas entradas via ciclo de Krebs. Esta 
condição poderá ocorrer quando o animal estiver em estado de jejum 
prolongado ou receber excesso de proteína na dieta. 
5) Ciclo da Pentose Fosfatada: é uma rota alternativa da via glicolítica, mais 
rápida e tem a finalidade básica, de produzir NADPH + H+ para a biossíntese 
dos ácidos graxos, durante a lipogênese. Este ciclo ocorre principalmente 
para o metabolismo das células sanguíneas. As células vermelhas do sangue 
possuem mitocôndria e, consequentemente cadeia respiratória. Esta volta 
metabólica evita a formação de ATP, já que, a célula estaria suprida de 
energia, evitando com isto, a utilização de NADH + H+ abaixo do gliceroldeido 
3-P da glicólisis. Existe um mecanismo tal que ativa a glicose - 6-P 
desidrogenase (importante enzima do ciclo), quando há necessidade de 
depositar gorduras no organismo por conta da ingestão de carboidratos 
(glicose). 
6) Ciclo de Krebs: este ciclo atua na rota final da oxidação dos carboidratos e 
produzirá a maior quantidade de ligações de alta energia (ATP), via cadeia 
respiratória acoplada. Durante a oxidação do acetato a CO2 e H2O, são 
gerados 36 ATP líquidos. 
 
7) Lipogênese : biossíntese de ácidos graxos a partir de intermediários do ciclo 
de Krebs. O citrato e o isocitrato são intermediários da mitocôndria que 
conseguem passar pela parede desta organela celular e após clivagem neste 
compartimento, integra o processo de elongamento e dessaturação da cadeia 
do ácido graxo, sendo no final, esterificado ao glicerol, formando os 
triglicerídeos. 
 
 33 
 
FIGURA 4.1: Destinos Metabólicos dos Carboidratos Dietéticos 
4.4 UTILIZAÇÃO DE CARBOIDRATOS POR SUÍNOS 
Os leitões recém nascidos são incapazes de utilizar certos carboidratos dietéticos 
devido a insuficiente atividade enzimática das enzimas. Somente a lactose é bem 
aproveitada no início da vida extra uterina do leitão devido a presença da lactase, 
enzima que desdobra a lactose em glicose e galactose. A atividade de outras 
carboidrases (maltase, sacarase e amilase) vão sendo desenvolvidas com a idade do 
leitão sendo que a partir de 21 dias, ocorre o aproveitamento eficiente de maltose, 
sacarose e amido dietéticos (Figura 4.2). Por outro lado, com o avanço da idade ocorre 
a redução da atividade lactásica. Pesquisas relatam a adaptação do trato digestório no 
que se refere ao desenvolvimento de atividade enzimática. O fornecimento de rações 
na fase pré-inicial (fase de amamentação) tem por finalidade ativar o sistema 
enzimático do leitão evitando em parte, os problemas de diarréia causados durante a 
fase pós-desmama destes animais. Por outro lado, pesquisas recentes discordam 
desta prática por ativar o sistema imunológico dos leitões com a presença de proteína 
vegetal nesta dieta. 
 
FIGURA 4.2: Atividade das enzimas em leitões 
A digestibilidade dos carboidratos da dieta depende da presença 
de carboidrases no sistema digestório dos animais monogástricos. Enquanto os 
carboidratos solúveis dos grãos cereais representados pelo extrativo não nitrogenado, 
da análise proximal, apresentam alta digestibilidade (60-90%) , os insolúveis (fração 
fibra) apresentam digestibilidades baixas (Tabela 4.4). 
 
 
 34 
TABELA 4.4: Digestibilidade da fração fibra bruta e extrativo não nitrogenado de 
diversos alimentos para suínos e aves. 
Alimento % FB % ENN Espécie Digestibilidade 
(%) 
 FB ENN 
Milho 3,5 72 suínos 
aves 
30 
13 
93 
90 
Trigo 2,5 69 suínos 
aves 
45 
9 
79 
89 
Cevada 5,5 70 suínos 
aves 
15 
11 
86 
82 
Aveia 11,3 60 suínos 
aves 
11 
7 
79 
69 
Alfafa 33 35 suínos 
aves 
21 
1 
66 
34 
4.5 UTILIZAÇÃO DA FIBRA BRUTA POR SUÍNOS E AVES 
Os animais monogástricos se caracterizam pela pequena capacidade de digerir 
alimentos fibrosos, no entanto, em certos estágios fisiológicos, esta pequena digestão 
pode atender as necessidades de manutenção destes animais. 
Fêmeas suínas no estágio de gestação, por exemplo, devem receber uma 
alimentação mais fibrosa do que os animais em engorda. Algumas pesquisas 
evidenciam a necessidade de um nível entre 5 e 7% de fibra bruta na ração de fêmeas 
em gestação, evitando que engordem em demasia e prejudicando a reprodução destes 
animais. 
Os níveis de fibra bruta que poderiam ser utilizados pelos suínos dependem de 
uma série de fatores como: 
 Tipo e níveis de fibra da ração; 
 Níveis dos outros nutrientes na ração; e 
 Idade e/ou peso dos animais. 
Rações à base de milho e farelo de soja proporcionam nível de fibra bruta em 
torno de 3%. 
Os suínos, a partir de 30 kg de peso vivo, possuem intestino grosso desenvolvido 
com boa capacidade de digestão da fibra da ração. A utilização de compostos 
ionóforos (anticoccidianos) em dietas com altos teores de FB para suínos, tem 
melhorado a digestibilidade desta fração, resultando em maior produção de ácidos 
graxos voláteis no intestino grosso que podem contribuir para o atendimento de parte 
das necessidades de energia para a manutenção desses animais. Bertechini et al. 
(1992) estudaram a inclusão de salinomicina (37,5 ppm) em dietas com a alta fibra para 
suínos em crescimento (Tabela 4.5) e verificaram melhoria significativa na 
digestibilidade da FB (45,5 x 63,7%) para ração com altos conteúdos de FB (7,8%). 
 
 
 
 
 
 
 35 
TABELA 4.5 Efeito da salinomicina na digestibilidade da fibra em suinos na fase 
de crescimento. 
Nitrientes 
Nível de FB na ração (%) 
2,8 2,8 7,8 7,8 
Salinomicina 
- + - + 
FB 55,72 57,61 45,50 b 63,75 a 
MS 87,89 89,21 73,00 78,16 
PB 88,38 87,71 75,60 78,90 
 a , b (P<0,05) Bertechini et al. (1992) 
 
METABOLISMO DOS LIPÍDEOS 
 
Os lipídeos formam um grupo de substâncias heterogêneas, solúveis em 
solventes apolares (éter, clorofórmio, acetona, hexana,) com pequena ou nenhuma 
solubilidade em água. Compreendem as gorduras, óleos, ceras e compostos 
relacionados. 
As gorduras/óleos são importantes do ponto de vista nutricional e são 
encontrados de forma abundante na natureza. 
5.1 FUNÇÕES DOS LIPÍDEOS 
Os lipídeos desempenham uma série de funções orgânicas. A maior fração do 
carboidrato absorvido no intestino delgado de aves e suínos é metabolizado como 
gordura e armazenado como tal; portanto, funções estrutural e reserva energética são 
básicas. Como fonte de energia, as gorduras produzem 2,25 vezes mais calorias do 
que os carboidratos. Enquanto 1 grama de óleo vegetal produz9 kcal de energia no 
metabolismo, 1 grama de carboidrato produz somente 4,0 kcal. A gordura que recobre 
o corpo animal tem como função proteção e o isolamento. São precursores de 
vitaminas lipossolúveis e ácido graxo essencial. Participam na secreção de bile e 
síntese de prostaglandinas, hormônios de importância vital na reprodução. Em 
condições de privação de água, as gorduras queimadas no organismo liberam maiores 
quantidades de água metabólica do que o seu peso oxidado. Nas rações, os lipídeos 
melhoram a palatabilidade, reduzem a poeira e a perda de nutrientes, auxilia na 
manutenção de equipamentos, facilitam a peletização, além de ser o método prático de 
se elevar o conteúdo energético e melhorar a conversão da dieta. Certas funções 
específicas são somente exercidas por estes nutrientes, daí a consagração do termo 
Ação Dinâmica Específica das Gorduras (também chamado de Valor-Extra-
Calórico), que tem um significado mais amplo. Esta ação seria o resultado de um 
conjunto de fatores como o fornecimento vita 
minas lipossolúveis, ácidos graxos essenciais e energia de baixo incremento 
calórico, favorecimento da absorção e aproveitamento de vitaminas e ácidos graxos, 
melhoria na digestibilidade dos aminoácidos e dos carboidratos da dieta, entre outras. 
Mateos e Sell (1980) estudaram os efeitos da adição de gordura sobre os valores 
de EM de açúcares de dietas de poedeiras. Encontraram aumentos do valor de 
energia da sacarose de 6,5% quando elevou a adição de gordura de zero para 6%. No 
caso do amido o aumento foi de 5,4%. 
 
 36 
Em trabalho realizado por Furman (1992), foi verificado uma melhoria na 
digestibilidade dos aminoácidos com perús e frangos de corte entre 5 e 6 % com a 
adição de gorduras às rações. 
Segundo Sklan et al.(1996) existe catabolismo de ácidos graxos a nível de 
mucosa epitelial sendo que esta geração de energia, contribui no processo de 
absorção, resultando em melhoria da digestibilidade da maioria dos nutrientes. 
 
5.2 DESTINOS METABÓLICOS DOS LIPÍDEOS DA DIETA 
Os lipídeos dietéticos (triglicerídeos, principalmente) são digeridos e absorvidos 
basicamente no intestino delgado e podem seguir vários destinos metabólicos (Figura 
5.1). Neste segmento do trato digestório, ocorre a emulsificação e hidrólise dos 
triglicerídeos, que formam micelas com ácidos e sais biliares e são absorvidas através 
do microvilo intestinal. Ao nível da mucosa intestinal ocorre reesterificação dos ácidos 
graxos à molécula de glicerol, formando a partir daí, os quilomicrons, que são 
transportados na corrente sanguínea. Nas aves, a absorção se faz através do 
mesentério e suínos pelos vasos linfáticos. Ambas as circulações caem no fígado onde 
ocorre o metabolismo maior dos lipídeos. O fígado distribui os lipídeos para as células 
gerais (oxidação), para a síntese de gorduras modificadas, envia os ácidos graxos 
para a formação de lipídeos de reserva (suínos o toucinho, poedeiras a gema do ovo, 
os frangos de corte, a gordura da carcaça e abdominal). 
Existe diferença no local básico de lipogênese entre aves e suinos. Nos suínos, 
ocorre praticamente no tecido adiposo, no entanto, nas aves, a lipogênese se processa 
basicamente no fígado (98%). 
A presença de glicerolquinose (enzima de esterificação dos ácidos graxos ao 
glicerol) no tecido adiposo dos suínos, favorece a mudança rápida do perfil de ácidos 
graxos no triglicerídeo dos adipócitos, em função do tipo de gordura ingerida. Esta 
caracteristica dos suínos permite que se modifique rapidamente a textura da gordura 
depositada através da manipulação da composição da dieta. O uso de óleos na fase 
pré-abate, resulta em deposição proporcional à ingestão de ácidos graxos insaturados, 
na gordura da carcaça, alterando esta textura. 
 
 37 
 
FIGURA 5.1: Destinos metabólicos dos lipídeos da dieta 
5.3 ÁCIDOS GRAXOS 
Os ácidos graxos são produtos da hidrólise dos triglicerídeos. De maneira geral 
estão presentes nas gorduras animal e vegetal em número par de carbonos devido a 
biossíntese a partir de unidades de dois carbonos (Tabela 5.1). São classificados em 
saturados e insaturados. O ponto de fusão dos ácidos graxos se eleva a partir de oito 
carbonos na molécula enquanto os insaturados são líquidos à temperatura ambiente. 
A composição de ácidos graxos ligados à molécula de glicerol determina a 
qualidade física da gordura. Os óleos vegetais por exemplo (Tabela 5.2), são 
basicamente compostos de ácidos graxos insaturados e de qualidade líquida. No 
entanto, os altos teores de ácidos graxos saturados nas gorduras de origem animal 
(Tabela 5.3) determinam a sua característica física sólida à temperatura ambiente . O 
índice de iôdo, desta tabela, indica a identidade de cada fonte, sendo um ítem de 
avalilação da qualidade da gordura. 
 
 
 
 
 
 
 
 38 
TABELA 5.1: Ácidos graxos encontrados nos lipídeos e seus pontos fusão. 
Ácidos Graxos Fórmula Ponto de Fusão 
ºC 
Saturados: 
Butírico C4H8O2 Liquido 
Hexanoico C6H12O2 Líquido 
Octanoico C8H16O2 16 
Decanoico C10H20O2 31 
Láurico C12H24O2 44 
Merístico C14H28O2 54 
Palmítico C16H32O2 63 
Esteárico C18H38O2 70 
Aráquico C20H40O2 75 
Lignocérico C24H48O2 84 
Insaturados 
Palmitoleico C16H30O2 Líquido 
Oléico C18H34O2 Líquido 
Linoleico C18H32O2 Líquido 
Linolênico – (-3) C18H30O2 Líquido 
Araquidônico C20H32O2 Líquido 
Clupanodônico C20H34O2 Líquido 
Eicosapentaenóico – 
EPA (-3) 
C20H30O2 Líquido 
Docosahexaenóico-
DHA (-3) 
C22H32O2 Líquido 
Conn e Stumpf (1975). 
 
 
TABELA 5.2: Composição (%) aproximada dos óleos vegetais. 
Fontes 
Índice 
de Iodo 
SATURADOS INSATURADOS 
14:0 16:0 18:0
0 
18:1 18:2 
(w6) 
18:3 
(w3) 
20:
4 
Girassol 136 - 5,5 5,0 20,5 69,0 - - 
Soja 132 0,2 12,0 4,3 23,0 53,0 8,0 - 
Milho 128 - 9,5 4,5 35,5 49,0 0,5 - 
Algodão 110 1,4 23,0 1,0 24,0 49,6 - - 
Canola 1,0 5,0 2,0 59,0 22,0 10,0 - 
Linhaça 22,2 20,5 33,5 1,0 
Coco 8 76,0 10,0 4,0 7,0 3,0 - - 
 
 Maynard & Loosli (1982); Emken (1997) 
 
 
 
 39 
TABELA 5.3: Composição (%) aproximada das gorduras animais. 
Fontes 
Índice 
de 
Iodo 
SATURADOS INSATURADOS 
14:0 16:0 18:00 18:1 
18:2 
(w6) 
18:3 
(w3) 
20:4 
 
Aves 
 
Suínos 
 
80 
 
62 
 
1,4 
 
1,4 
 
21,4 
 
28,2 
 
5,9 
 
12,8 
 
39,5 
 
48,0 
 
23,5 
 
11,0 
 
1,0 
 
0,6 
 
0,5 
 
- 
 
 
Manteiga 
 
 
1,5 
 
29,0 
 
11,0 
 
30,8 
 
5,0 
 
0,2 
 
- 
 
Sebo 
Bovino 
40 3,5 28,4 18,1 44,0 3,0 1,0 - 
 
Ovo gema 0,3 22,8 8,00 35,5 11,7 0,3 1,5 
Emken (1997, Rosa (1999) e Egg Nutrition Centre (2002) 
 
5.4 ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS (AGE) 
Os ácidos graxos linoléico e aracdônico são considerados essenciais ao 
organismo animal. No entanto, a nível hepático, ocorre a síntese do ácido aracdônico a 
partir do linoléico, com a presença da vitamina B6. Desta forma, pode-se considerar 
que somente o ácido linoléico (C18:2) é dieteticamente essencial. 
TABELA 5.3: Valores de absorbabilidade de ácidos graxos e triglicerídeos 
determinados com aves. 
 Taxa de Absorção 
 Idade das Aves 
 3-4 semanas 
acima de 8 
semanas 
Ácidos Graxos 
Láurico (12:0) 65 - 
Mirístico (14:0) 25 29 
Palmítico (16:0) 2 12 
Esteárico (18:0) 0 4 
Oléico (18:1) 88 94 
Linoléico (18:2) 91 95 
Triglicerídeos 
Óleo de Soja 96 96 
Óleo de Milho 84 95 
Gordura Suína 92 93 
Óleo de peixe 88 
Gordura Bovina 70 76 
Óleo de 
Restaurante 
87 96 
 Adaptado de Leeson e Summers (2001). 
 
 40 
 
O ácido graxo aracdônico é tido

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