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Importância da Apelação no Processo Civil

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RECURSOS NO PROCESSO CIVIL
APELAÇÃO
IMPORTÂNCIA E POSIÇÃO TOPOGRÁFICA 
O CPC, ao tratar dos recursos em geral, situou o da apelação em primeiro plano (Art. 513). 
CPC, Art. 513.  Da sentença caberá apelação (arts. 267 e 269). 
De igual modo, ao enumerar os recursos cabíveis no Art. 496, a apelação aparece logo no inciso I. 
CPC, Art. 496. São cabíveis os seguintes recursos: 
I - apelação;
        II - agravo; 
III - embargos infringentes;
        IV - embargos de declaração;
  V - recurso ordinário;        
Vl - recurso especial; 
Vll - recurso extraordinário;  
VIII - embargos de divergência em recurso especial e em recurso extraordinário.
Esse tratamento tem razão de ser: A APELAÇÃO É O RECURSO POR EXCELÊNCIA e o de maior amplitude. 
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RECURSOS NO PROCESSO CIVIL
O princípio do duplo grau de jurisdição encontra a marca decisiva de atuação através do recurso de apelação, pois é por meio deste que se exercita uma atividade cognitiva ampla. Toda a matéria impugnada, quer seja de fato, quer de direito, ou mesmo de fato e de direito, recebe no apelamento a possibilidade de ser revista, sem qualquer restrição.
Trata-se do recurso padrão, no sentido de que sua disciplina aplica-se, no que for cabível, também aos demais recursos. 
O REMÉDIO VOLUNTÁRIO que a lei coloca à disposição das PARTES, do MINISTÉRIO PÚBLICO e de um TERCEIRO, a viabilizar, DENTRO DA MESMA RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL, a ANULAÇÃO ou a REFORMA da SENTENÇA que extingue o procedimento de primeiro grau, QUE TENHA OU NÃO RESOLVIDO O MÉRITO DA CAUSA. 
CONCEITO
CABIMENTO 
CPC, Art. 162 - Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. § 1º SENTENÇA é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei. 
CPC, Art. 513 - Da SENTENÇA caberá apelação (arts. 267 e 269). 
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RECURSOS NO PROCESSO CIVIL
SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS
Já foi dito que a apelação é o recurso cabível contra a sentença. Sucede que, há situações excepcionais, que precisam ser destacadas...
Das sentenças em execução fiscal de valor igual ou inferior a 50 (cinqüenta) ORTN (Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional), só se admitirão embargos infringentes previstos no Art. 34 da Lei n° 6.830/80 e de declaração.
O STJ não admitiu a aplicação do princípio da fungibilidade, no caso em que a parte interpôs apelação, sendo hipótese de embargos infringentes de alçada, conforme julgado a seguir:
PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. VALOR INFERIOR A 50 ORTNs.
REEXAME NECESSÁRIO. DESCABIMENTO. RECURSO DE APELAÇÃO. INADEQUAÇÃO DA VIA PROCESSUAL ELEITA. CABIMENTO DE EMBARGOS INFRINGENTES. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. INAPLICABILIDADE, PELO DECURSO DE PRAZO SUPERIOR AO PREVISTO NO ART. 34 DA LEF.
1. Contra as sentenças proferidas nas execuções fiscais cujo valor é inferior ao quantum fixado pelo art. 34, caput, da LEF, são cabíveis, apenas, embargos infringentes e de declaração. 2. O princípio da fungibilidade recursal determina o recebimento de uma espécie pela outra, desde que não haja outros óbices, como, no caso, o decurso de prazo superior àquele de que dispunha o recorrente para o manejo dos embargos. (REsp 413827/PR, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, 1ª Turma, julgado em 06/05/2004, DJ 24/05/2004 p. 158)
EMBARGOS INFRINGENTES DE ALÇADA - Lei n° 6.830/80 
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RECURSOS NO PROCESSO CIVIL
Art. 17. Caberá apelação das decisões proferidas em conseqüência da aplicação desta lei; a apelação será recebida somente no efeito devolutivo quando a sentença conceder o pedido. 
LEI DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
Apesar da literalidade do texto, contra a decisão de primeiro grau de jurisdição que denega a concessão da justiça gratuita ou que julga improcedente a impugnação manejada pela parte adversária, cabe agravo de instrumento, por se tratar de típica decisão interlocutória.
“De todo modo, é o caso de aplicação do princípio da fungibilidade recursal, em razão da dúvida objetiva quanto ao cabimento do recurso.” (Fredie Didier Jr. e Leonardo José Carneiro da Cunha – Curso de Direito Processual Civil – vol. 03)
SENTENÇA QUE DECRETA FALÊNCIA
Lei 11.101/2005 - Art. 100. Da decisão que decreta a falência cabe AGRAVO [...] 
Uma das questões mais controvertidas na doutrina é a sistemática recursal falimentar.
Lei 11.101/2005 - Art. 99. A SENTENÇA que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações: [...]
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RECURSOS NO PROCESSO CIVIL
“[...] as regras de cabimento do recurso e os conceitos legais das espécies de decisão [...] não são doutrinários. Trata-se de regras de direito positivo e por isso contingentes. Não é possível reduzi-las aos esquemas abstratos da teoria do processo, pois uma ‘penada legislativa’ aniquilaria tudo o quanto fosse afirmado. Não há restrição teórica alguma ao cabimento de agravo contra uma sentença. Mas não se pode deixar de criticar a opção legislativa, que revela incoerência, postura que não se pode elogiar, pois sempre causadora de dúvidas práticas e discussões doutrinárias.” (Fredie Didier Jr. e Leonardo José Carneiro da Cunha – Curso de Direito Processual Civil – vol. 03)
CPC, Art. 508 - Na apelação, nos embargos infringentes, no recurso ordinário, no recurso especial, no recurso extraordinário e nos embargos de divergência, o prazo para interpor e para responder é de 15 (QUINZE) DIAS.
PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO DO APELO
CPC, Art. 514.  A apelação, interposta por petição dirigida ao juiz, conterá:
        I - os nomes e a qualificação das partes;
        II - os fundamentos de fato e de direito;
        III - o pedido de nova decisão.
REGULARIDADE FORMAL
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RECURSOS NO PROCESSO CIVIL
A apelação é interposta sempre por PETIÇÃO ESCRITA, sendo vedada a interposição de apelação por “cota nos autos”, nem por referência a qualquer outra peça anteriormente oferecida. 
Os FUNDAMENTOS DE FATO E DE DIREITO compreendem a indicação dos errores in procedendo ou in iudicando.
PROCEDIMENTO 
O recurso de apelação é interposto perante o juiz prolator da sentença (CPC, Art. 514, caput). Ao analisar a apelação, incumbe ao juízo a quo verificar os requisitos de admissibilidade do recurso. Faltando algum pressuposto, a apelação não será recebida. 
O juiz também não receberá a apelação se a sentença recorrida estiver em conformidade com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal (Art. 518, § 1°, com redação dada pela Lei n. 11.276, de 7-2-2006). 
CPC, Art. 518.  Interposta a apelação, o juiz, declarando os efeitos em que a recebe, mandará dar vista ao apelado para responder.  
§ 1o O juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformidade com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal. 
§ 2o Apresentada a resposta, é facultado ao juiz, em cinco dias, o reexame dos pressupostos de admissibilidade do recurso. 
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Preenchidos os pressupostos de admissibilidade do apelo, compete ao juízo a quo declarar-lhe os efeitos: suspensivo e devolutivo, ou somente devolutivo, conforme o caso (Art. 520 do CPC). 
RECURSOS NO PROCESSO CIVIL
PARE! Faça a leitura do texto intitulado “LEI 11.276/06 - INADMISSIBILIDADE DA APELAÇÃO CONTRA SENTENÇA QUE SE CONFORMA COM SÚMULA DO STJ OU STF ”, de autoria da Ministra do Superior Tribunal de Justiça, Fátima Nancy Andrighi.
A parte adversa é intimada para oferecer contra-razões ao recurso. 
Por força do disposto no § 2°do Art. 518 do CPC, o juízo de admissibilidade positivo é retratável. Assim, é lícito ao juiz, após receber as contra-razões e reexaminar a admissibilidade do recurso, revogar a decisão anterior, de recebimento deste, indeferindo seu processamento. 
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APELAÇÃO CONTRA SENTENÇA DEFINITIVA 
RECURSOS NO PROCESSO CIVIL
A expressão sentença definitiva significa a decisão que extingue o procedimento de primeiro grau com resolução de mérito, contemplando, assim, alguma das situações previstas no Art. 269 do CPC.
Isso porque, conforme já estudado, a apelação pode visar a ANULAÇÃO ou a REFORMA da sentença, ou
seja, através da apelação tanto se podem denunciar vícios de atividade (errores in procedendo) como vícios de juízo (errores in judicando)
ATENÇÃO! A apelação é cabível contra a sentença definitiva, mas isso não significa dizer que o recurso visará à obtenção de novo pronunciamento também sobre o mérito da causa!
Caso a apelação, denunciando errores in procedendo, seja provida pelo tribunal, este se limitará a anular a sentença definitiva, devendo os autos, nesse caso, retornarem ao juízo de origem, para que ali se refaça o que tiver sido desfeito.
Se a apelação limitar-se a denunciar vícios de juízo (errores in judicando), ela terá função substitutiva, pouco importando se o julgamento no tribunal for favorável à pretensão do apelante ou contrário aos seus interesses. Sobrelevará aí a regra inserta no Art. 512 do CPC, consoante a qual “o julgamento proferido pelo tribunal substituirá a sentença recorrida no que tiver sido objeto de recurso”.
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RECURSOS NO PROCESSO CIVIL
Os fundamentos da apelação contra sentença definitiva são, portanto, agrupáveis em duas classes: 
alegações concernentes à INVALIDADE da sentença, quer por vícios que nela mesma se apontam (por exemplo, defeitos da sua estrutura formal, julgamento ultra petita ou extra petita), quer por vícios que se apontam no processo e que são suscetíveis de afetar a decisão (por exemplo, impedimento do juiz, incompetência absoluta, não participação de litisconsorte necessário, não intimação do órgão do Ministério Público em caso de intervenção obrigatória);
alegações referentes à INJUSTIÇA da sentença, em razão de erro cometido pelo juiz na solução de questões de fato (por exemplo: passou despercebido um documento, interpretou-se mal o depoimento de uma testemunha, deu-se crédito a outra que não era fidedigna) ou na solução de questões de direito (por exemplo, entendeu-se aplicável norma jurídica impertinente à espécie) 
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RECURSOS NO PROCESSO CIVIL
“Quando o tribunal se manifesta sobre as razões do apelante, sejam quais forem, está julgando o recurso no mérito, para dar-lhe ou negar-lhe provimento, conforme o caso. O mérito do recurso, vale recordar, não se confunde, e nem sempre coincide, com o mérito da causa, ainda que se trate de apelação contra sentença definitiva. Se o tribunal concluiu que não existia o error in procedendo invocado pelo apelante para impugnar a sentença, conheceu do recurso e negou-lhe provimento. O tribunal não conheceria da apelação se ela fosse inadmissível, v. g., porque intempestiva; nesse caso, nem sequer poderia chegar a examinar a argüição de error in procedendo na sentença apelada, ou pronunciar nulidade ex officio" (José Carlos Barbosa Moreira - Comentários ao Código de Processo Civil, vol. V)
APELAÇÃO CONTRA SENTENÇA DE TOTAL IMPROCEDÊNCIA PROFERIDA EM OUTROS "CASOS IDÊNTICOS" 
CPC, Art. 285-A. Quando a matéria controvertida for unicamente de direito e no juízo já houver sido proferida sentença de total improcedência em outros casos idênticos, poderá ser dispensada a citação e proferida sentença, reproduzindo-se o teor da anteriormente prolatada.         
§ 1o Se o autor apelar, é facultado ao juiz decidir, no prazo de 5 (cinco) dias, não manter a sentença e determinar o prosseguimento da ação.         
§ 2o Caso seja mantida a sentença, será ordenada a citação do réu para responder ao recurso. 
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RECURSOS NO PROCESSO CIVIL
Do pronunciamento judicial que julga o pedido totalmente improcedente, o recurso cabível é o de apelação (Art. 162, § 1°, c/c os Arts. 269,I, e 513 do CPC). 
CPC, Art. 162.  Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.
        § 1° Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei. 
CPC, Art. 269. Haverá resolução de mérito:
        I - quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor;
CPC, Art. 513.  Da sentença caberá apelação (arts. 267 e 269). 
Se o autor apelar, é facultado ao juiz assumir uma das seguintes posições:
1ª) reformar a sentença, isto é, no prazo de cinco dias (prazo impróprio), o juiz pode reconsiderar sua decisão e, via de conseqüência, determinar o prosseguimento da ação, com a citação do réu (§ 1° do Art. 285-A). 
Ao lado do Art. 296, consagra o art. 285-A do CPC mais uma hipótese de JUÍZO DE RETRATAÇÃO no recurso de apelação, com a particularidade de referir-se a SENTENÇA DE MÉRITO, pois a sentença de total improcedência se encaixa no figurino do Art. 269, I, do CPC. 
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RECURSOS NO PROCESSO CIVIL
2ª) caso o juiz mantenha o decreto de improcedência prima facie, o juiz determinará a citação do réu, que valerá para todos os atos e termos do processo e não apenas para acompanhar o recurso, como sugere a interpretação literal do § 2° do Art. 285-A.
O autor, ao apelar, deverá efetuar o preparo, bem como preencher os demais requisitos de admissibilidade do recurso. 
APELAÇÃO CONTRA SENTENÇA TERMINATIVA 
A expressão “sentença terminativa” serve para designar a decisão que extingue o procedimento de primeiro grau sem resolução de mérito. Assim, segundo o disposto no Art. 513 do CPC — que faz remissão expressa ao Art. 267 —, cabe apelação contra as sentenças que extinguem o procedimento de primeiro grau sem resolução de mérito, inclusive contra a que indefere de plano a petição inicial (CPC, Art. 296).
A apelação interposta contra sentença terminativa comporta a mesma distinção da apelação interposta contra sentença definitiva. 
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RECURSOS NO PROCESSO CIVIL
Por meio dela tanto se podem denunciar vícios de atividade (errores in procedendo) como vícios de juízo (errores injudicando). Assim, por exemplo, se a sentença julga o autor carecedor de ação, por falta de interesse processual, nada impede que o apelante a impugne para sustentar que, na realidade, preenche tal condição da ação (error in judicando), bem como para impugná-la por entender incompetente o juiz que a proferiu. A apelação não terá, em ambos, a mesma função e a mesma finalidade: no segundo, visará à anulação da sentença, com o conseqüente encaminhamento dos autos ao juízo competente, ao passo que no primeiro objetivará a reapreciação da matéria pelo próprio órgão ad quem. 
APELAÇÃO CONTRA A SENTENÇA TERMINATIVA DO ART. 296 DO CPC
CPC, Art. 296. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, reformar sua decisão. 
Parágrafo único.  Não sendo reformada a decisão, os autos serão imediatamente encaminhados ao tribunal competente. 
O pronunciamento judicial que indefere liminarmente a petição inicial é uma sentença. Indubitável, pois, que se trata de sentença terminativa e, portanto, atacável via recurso de apelação.
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RECURSOS NO PROCESSO CIVIL
A faculdade conferida ao juiz de rever sua decisão (juízo de retratação da sentença) constitui uma novidade no sistema recursal e uma exceção ao princípio da inalterabilidade da sentença pelo juiz, pois é da tradição do nosso direito que, publicada a sentença — pouco importa se definitiva ou terminativa —, o juiz só poderá alterá-la para lhe corrigir inexatidões materiais ou retificar erros de cálculo, ou, ainda, sanar algum vício por meio de embargos de declaração.
CPC, Art. 463. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la:
I - para Ihe corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais, ou Ihe retificar erros de cálculo;
II - por meio de embargos de declaração.
APELAÇÃO CONTRA A SENTENÇA TERMINATIVA DO § 3° DO ART. 515 DO CPC 
CPC, Art. 515.  A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. 
§ 3° Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento. 
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RECURSOS NO PROCESSO CIVIL
Pode-se dizer que a norma em questão representa significativa inovação, na medida em que faculta ao tribunal adentrar no exame do mérito da causa que não chegou
sequer a ser examinado no ato judicial combatido. 
“O provimento do apelo não se conformará, necessariamente, na moldura da sentença anterior, ao contrário, poderá gerar decisão de amplitude diversa, com a relativização, inclusive, do postulado da proibição da reformatio in pejus. Suponha-se, a título de exemplo, a sentença terminativa da qual o autor tenha interposto recurso de apelação. A teor do § 3° do art. 515 do CPC, presentes os pressupostos autorizadores, o Tribunal poderá conhecer e prover a apelação, afastando a preliminar e, no mérito, julgar improcedente pretensão deduzida na ação (o que, sob a ótica do autor, representa uma situação pior do que aquela resultante da sentença terminativa)” Sandro Marcelo Kozikoski – Manual dos recursos cíveis)
“A mitigação ao duplo grau, operada pela incidência da norma comentada, não poderá ser eivada de inconstitucionalidade, pois o propósito foi enaltecer o valor celeridade processual e, ademais, aquele postulado (duplo grau) não pode ser visto como um dogma absoluto.” (Luiz Orione Neto – Recursos Cíveis)
Pode-se afirmar que o dispositivo é inconstitucional, em face da potencial possibilidade de supressão de instância?
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RECURSOS NO PROCESSO CIVIL
Para que o tribunal, afastando o decreto de extinção do processo, adentre ao exame do mérito da causa, é necessário pedido expresso do apelante?
“O § 3° do art. 515 do CPC deve ser visto sempre em consonância com o disposto no caput desse mesmo artigo, onde é fixada a máxima tantum devolutum quantum appellatum. O pedido do apelante para que o tribunal julgue o mérito da causa é requisito intransponível para que seja aplicado o novo § 3° do art. 515, sob pena de violação do art. 2° do Código de Processo Civil, aplicado analogicamente aos recursos. A incidência do princípio dispositivo, e conseqüentemente do efeito devolutivo, neste caso, é plena e obrigatória". (Flávio Cheim Jorge – Teoria geral dos recursos)
“o elemento de vontade, fundamento principal e característico de qualquer recurso, faz com que o julgador fique preso às razões recursais, tais quais descritas pelo recorrente. Não existe a possibilidade de o tribunal julgar, sem expressa autorização legal, pretensão diversa daquela pretendida e requerida pelo recorrente. Requerendo o apelante que o tribunal anule a sentença, para que os autos sejam remetidos ao primeiro grau, onde então deverá ser prolatada a sentença de mérito, não se pode conceder ao autor solução diferente desta, sob pena, inclusive, de se violar um dos principais princípios recursais, qual seja, o da voluntariedade” (Flávio Cheim Jorge – Teoria geral dos recursos)
E mais...
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RECURSOS NO PROCESSO CIVIL
“Como já se viu, a devolutividade da apelação e, de resto, a de qualquer recurso é definida pela parte recorrente. Assim, cabe ao apelante fixar a extensão do efeito devolutivo de sua apelação, diferentemente da profundidade que é estabelecida em lei. Em relação à apelação, a profundidade de seu efeito devolutivo é ampla, em virtude da regra contida nos §§ 1° e 2° do art. 515 do CPC. Já a extensão é, repita-se, fixada pelo recorrente, nas razões de seu apelo. Então o tribunal, concordando ser caso de análise do mérito, somente poderá dele conhecer, após dar provimento ao apelo na parte que impugna a sentença terminativa, na hipótese de o apelante requerê-lo expressamente em suas razões recursais.” (Fredie Didier Jr. e Leonardo José Carneiro da Cunha – Curso de Direito Processual Civil – vol. 03)
No mesmo sentido...
“Como um dos princípios norteadores do proces­so civil (mormente na parte referente ao pedido de ação e de recursos) é o dispositivo, o qual está intimamente ligado com os da inércia da jurisdição e da congruência da providência jurisdicional, sendo entendido como o Estado-juiz somente presta a tutela quando é acionado, e rigorosamente nos limites do que é pleiteado, tem-se que deve o apelante formular, expressa e especificamente, o pedido para que o tribunal, cassada a sentença terminativa, possa apreciar desde logo o mérito da causa. É dizer, pelo princípio da congruência o tribunal está adstrito ao pedido formulado pelo recorrente, sendo vedada a prolação de decisão infra, extra ou ultra petita, nos termos do art. 460 do CPC” (Gleydson Kleber Lopes de Oliveira)
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RECURSOS NO PROCESSO CIVIL
“A adoção da corrente restritiva, a nosso ver, torna letra morta o § 3° do art. 515 do CPC, na medida em que deixaria ao inteiro talante do apelante pleitear ou não o julgamento da questão de fundo. Adotar essa orientação restritiva é decretar os funerais do § 3° do art. 515, porque o dispositivo já nasceu sem vida.” (Luiz Orione Neto – Recursos Cíveis)
Entendendo diferentemente...
"O autor, quando propõe a demanda, pretende ver o mérito julgado. Assim não fosse, faltar-lhe-ia interesse de agir, acarretando a carência de ação. Mas o autor também busca obter a prestação jurisdicional com rapidez, sem delongas desnecessárias. Em vista disso, quando interposto o recurso de apelação contra sentença terminativa (que não aprecia o mérito), o autor busca, à evidência, a reforma da decisão, para ver julgado o mérito da causa. Em se tratando de matéria exclusivamente de direito, e que esteja em condição de imediato julgamento, a apreciação do mérito pelo tribunal que julga a apelação constitui maior rapidez para o autor na obtenção do provimento de mérito requerido desde a propositura da ação. Por esse ponto de vista, representa nítido benefício ao autor-apelante admitir que o tribunal julgue o mérito da causa, nos termos propostos pelo § 3°, ainda que não haja requerimento de apreciação dessa matéria diretamente pelo tribunal. E tal fato não contraria o princípio dis­positivo, na medida em que o autor, ao propor a ação, pede expressamente para que o mérito seja julgado, reiterando esa formulação no recurso inter­posto contra a sentença terminativa. ” (Rodrigo Barione – Efeito devolutivo da apelação civil)
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RECURSOS NO PROCESSO CIVIL
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. IPTU E TAXAS. SENTENÇA TERMINATIVA. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. APELAÇÃO. MATÉRIA DE DIREITO. CAUSA MADURA. JULGAMENTO DO MÉRITO. POSSIBILIDADE. PEDIDO EXPRESSO. DESNECESSIDADE. PRECEDENTES. 1. Na dicção do art. 515, § 3º, do CPC, acrescentado pela Lei 10.352/2001, é possível ao Tribunal, em caso de extinção do feito sem apreciação do mérito, julgar a lide desde logo, se a causa versar questão exclusivamente de direito e o processo estiver devidamente instruído, como ocorre no caso concreto. 2. Consoante a pacífica jurisprudência do STJ, extinto o processo sem julgamento de mérito, em face da preliminar de ilegitimidade passiva ad causam, o Tribunal, ao afastar a nulidade, pode de imediato julgar o feito, ainda que inexista pedido expresso nesse sentido, maxime se a controvérsia disser respeito a questão estritamente de direito. 3. Hipótese em que o Tribunal a quo afastou a preliminar de ilegitimidade passiva do promitente vendedor, no que se refere aos débitos do IPTU e demais taxas, e, na seqüência, acolheu parcialmente os Embargos à Execução, para decotar do executivo fiscal os valores referentes à TIP, à TCLLP e àquele que exceder a alíquota mínima do IPTU, considerando a ilegalidade e a inconstitucionalidade da instituição ou a majoração das exações. 4. Agravo Regimental não provido. (AgRg nos EDcl no Ag 1124316/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, 2ª Turma, julgado em 03/11/2009, DJe 16/12/2009)
Julgado do STJ sobre a matéria...
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RECURSOS NO PROCESSO CIVIL
Para que o incida o § 3° do Art. 515 do CPC, é de rigor a implementação dos aspectos não mencionados no texto legal, a saber: 
que a apelação interposta seja conhecida, isto é, admissível. Caso contrário, não há como o tribunal julgar o mérito de um recurso que sequer foi conhecido; 
que a sentença apelada seja válida, isto é, não padeça de vício de nulidade (error in procedendo). Isso porque, sendo nula a sentença, o processo obrigatoriamente retorna ao juízo de origem;
é mister que, aos olhos do órgão ad
quem, não exista (ou já não subsista) o impedimento visto pelo órgão a quo ao exame de mérito, nem qualquer outro;
que a causa verse “questão exclusivamente de direito”, (ou seja, por não depender de dilação probatória, por se tratar de fatos notórios, etc.), 
não há necessidade de concorrer conjuntamente os dois requisitos do § 3° do CPC.
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RECURSOS NO PROCESSO CIVIL
DOS EFEITOS DA APELAÇÃO 
É da tradição do nosso direito que a apelação produza, em regra, AMBOS OS EFEITOS — devolutivo e suspensivo — e, por exceção, apenas o efeito devolutivo. 
A apelação NÃO produz efeito suspensivo, mas apenas devolutivo, nas hipóteses arroladas nos incisos do Art. 520, e, ainda, na do Art. 1184, que também é expresso, mas cuja menção escapou ao legislador, ao elaborar a norma do Art. 520.
CPC, Art. 520.  A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, no entanto, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que: I - homologar a divisão ou a demarcação;
        II - condenar à prestação de alimentos;
        III - (Revogado pela Lei nº 11.232, de 2005)
        IV - decidir o processo cautelar; 
V - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes; 
VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem. 
VII – confirmar a antecipação dos efeitos da tutela; 
* Decretar a interdição, como resulta do art. 1.184,1ª parte: “produz efeito desde logo, embora sujeita a apelação”.
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RECURSOS NO PROCESSO CIVIL
A ANTECIPAÇÃO DA TUTELA E O EFEITO SUSPENSIVO DA APELAÇÃO 
A antecipação da tutela pode ser concedida na sentença?
“A antecipação, portanto, deve ser concedida, quando for o caso, através de decisão interlocutória, antes da sentença. No mesmo instrumento em que é proferida a sentença, o juiz poderá, antes da sentença, e através de decisão interlocutória, conceder a tutela antecipatória.” (Luiz Guilherme Marinoni – Antecipação da Tutela)
“[...] não só porque o recurso de apelação será recebido no efeito suspensivo, mas principalmente porque o recurso adequado para a impugnação da antecipação é o agravo de instrumento. Admitir a antecipação na sentença seria dar recursos diferentes para hipóteses iguais e retirar do réu, em caso de antecipação na sentença, o direito ao recurso adequado”. (Luiz Guilherme Marinoni – Antecipação da Tutela) 
O referido autor NÃO admite a concessão da antecipação no mesmo ato sentencial:
A doutrina dominante – Nelson Nery Júnior, Athos Gusmão Carneiro, Jorge Pinheiro Castelo, José Roberto dos Santos Bedaque, Fernando César Zeni, tem sufragado entendimento diverso, no sentido de admitir a antecipação da tutela na sentença.
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“Cabe observar que os provimentos antecipatórios do art. 273 não sendo, como realmente não o são, sempre medidas liminares, nada impede que eles sejam concedidos pelo Juiz nas fases subseqüentes ao procedimento, inclusive na sentença final de procedência, pois, sendo em regra recebida a apelação no duplo efeito, pode muito bem ser antecipada a execução provisória, por ordem do Juiz (ope iudicis)” (Ovídio Baptista da Silva)
RECURSOS NO PROCESSO CIVIL
“[...] a antecipação concedida na própria sentença tem como conseqüência exatamente retirar o efeito suspensivo da apelação. No que se refere aos efeitos antecipados, o julgamento é imediatamente eficaz, ainda que suscetível de apelação” (José Roberto dos Santos Bedaque).
“[...] não seria possível qualificar-se o ato judicial objetivamente complexo, que resolve várias questões incidentais e julga o mérito, colocando fim ao processo, como sendo, a um só tempo, decisão interlocutória e sentença. Se assim fosse, deveria ser reconhecida a possibilidade de interpor-se, simultaneamente, agravo e apelação contra esse mesmo ato. Quanto à negativa de interponibilidade simultânea, a doutrina parece estar de acordo, pois ao invés de aventar essa possibilidade, prefere discutir a natureza de determinado pronunciamento judicial, a fim de atribuir-lhe o único recurso apropriado, em fiel observância ao princípio da singularidade recursal” (Nelson Nery Júnior)
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RECURSOS NO PROCESSO CIVIL
QUESTÕES ANTERIORES À SENTENÇA AINDA NÃO DECIDIDAS
CPC, Art. 516. Ficam também submetidas ao tribunal as questões anteriores à sentença, ainda não decididas. 
“[...] o art. 516 cuida das questões incidentes, “anteriores à sentença”, cuja solução não influi no resultado do julgamento (ex.: impugnação ao valor da causa ou ao benefício da gratuidade), e que foram ou poderiam ter sido suscitadas, mas não chegaram a ser resolvidas (por decisão interlocutória atacável por agravo). Restaram em aberto. Segundo o dispositivo em comento, o tribunal ad quem, ao julgar o recurso contra sentença, em vez de devolver o processo para que o órgão a quo se debruce sobre a esquecida questão incidental, deve solucioná-lo na segunda instância, antes de julgar a questão principal do apelo. E sua solução, por óbvio, comporia a fundamentação do acórdão ad quem.” (José Carlos Barbosa Moreira – Comentários ao Código de Processo Civil)
É possível inovar em sede de apelação?
No direito brasileiro, diferentemente do que ocorre no direito alemão, vige a proibição, em regra, do ius novorum em sede recursal. O ius novorum é exatamente a possibilidade de inovar em segunda instância.
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RECURSOS NO PROCESSO CIVIL
NOVUM IUDICIUM
REVISIO PRIORIS INSTANTIAE
Produção de NOVAS PROVAS no juízo recursal
Admissão do EXAME IRRESTRITO da causa pelo órgão ad quem
Possibilidade de introdução de NOVOS PEDIDOS e OPOSIÇÕES
Limita o recurso é mero INSTRUMENTO DE REVISÃO da decisão de primeiro grau
VEDADA a alegação de novas questões de fato, a alteração da causa petendi ou do pedido
VEDADA a produção de NOVAS PROVAS no juízo recursal
CPC, Art. 517.  As questões de fato, não propostas no juízo inferior, poderão ser suscitadas na apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior. 
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RECURSOS NO PROCESSO CIVIL
A regra é a proibição do ius novorum na instância recursal. Isso já foi dito. O Art. 517 do CPC, contudo, permite que o apelante/apelado suscite questões de fato novas, desde que prove que deixou de fazê-lo por motivo de força maior. 
CORREÇÃO DE DEFEITOS PROCESSUAIS NO PROCEDIMENTO DA APELAÇÃO
CPC, Art. 515, § 4º - Constatando a ocorrência de nulidade sanável, o tribunal poderá determinar a realização ou renovação do ato processual, intimadas as partes; cumprida a diligência, sempre que possível prosseguirá o julgamento da apelação.

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