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livro teoria a contabilidade

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BACHARELADO EM
CIÊNCIAS CONTÁBEIS
TEORIA DA CONTABILIDADE
TEORIA DA 
CONTABILIDADE
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Gerente de Ensino ♦ Jane Freire
Supervisão Pedagógica♦ Jean Carlo Bacelar, 
Análise Pedagógica♦ Fábio Sales, Leonardo Suzart, Ludmila Vargas, 
 Tiago Cordeiro, Jaqueline Sampaio e Milena Macedo 
Coordenação de Curso ♦ Maria Valesca Silva
Autor (a) ♦ Kátia Silene e Laerson Morais 
♦ PRODUÇÃO TÉCNICA ♦
Revisão Final ♦ Márcio Magno Ribeiro de Melo
Equipe ♦ André Pimenta, Antonio França Filho, 
 Amanda Rodrigues, Bruno Benn, Cefas Gomes, 
 Cláuder Frederico, Francisco França Júnior, 
 Herminio Filho, Israel Dantas, João Ricardo Chagas,
 John Casais e Mariucha S. Ponte.
Editoração ♦ John Casais
Ilustração ♦ John Casais
Imagens ♦ Corbis/Image100/Imagemsource
EQUIPE DE ELABORAÇÃO/PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO:
3
DISCUSSÕES TEÓRICAS DA CONTABILIDADE 7
O ARCABOUÇO EVOLUTIVO E TEÓRICO DA CONTABILIDADE 7
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE 7
ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL: AS PRINCIPAIS TEORIAS DA ESCOLA EUROPÉIA 15
OBJETIVOS DA CONTABILIDADE 19
 NORMAS, PRINCÍPIOS E EVIDENCIAÇÃO 24
ESTRUTURA NORMATIVA DA CONTABILIDADE E SUAS TENDÊNCIAS NO BRASIL 24
PRINCÍPIOS CONTÁBEIS: UMA INTRODUÇÃO 28
PRINCÍPIOS CONTÁBEIS: ESTRUTURA CONCEITUAL CFC 29
EVIDENCIAÇÃO: QUALIDADES E CARACTERÍSTICAS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL 33
NÚCLEO CENTRAL DE CONTABILIDADE: A TEORIA NA PRÁTICA 37
MENSURAÇÃO DO ATIVO, AVALIAÇÃO DO PASSIVO E ASPECTOS DA RIQUEZA 37 
PATRIMONIAL
O ATIVO 37
PROCESSOS DE MENSURAÇÃO DO ATIVO 39
O PASSIVO E SUA AVALIAÇÃO 44
CONTAS DIFERENCIAIS E PATRIMÔNIO LÍQUIDO 50
AS CONTAS DIFERENCIAIS: RECEITAS 50
AS CONTAS DIFERENCIAIS: DESPESAS 54
Sumário
PATRIMÔNIO LÍQUIDO: UMA AVALIAÇÃO GERAL 62
GLOSSÁRIO 66
BIBLIOGRAFÍA 69
 
5
Caro (a) aluno (a)
Estamos iniciando a disciplina Teoria da Contabilidade, que é de grande 
relevância no cenário de mudanças que vivemos hoje na contabilidade. Para você, 
graduando em Ciências Contábeis e futuro contador, é de fundamental importância 
que tenha uma boa base de conhecimentos em matéria de contabilidade.
Essa disciplina lhe proporcionará embasamento teórico para que você possa 
utilizar na sua prática profi ssional e nas fundamentações das suas discussões sobre 
os assuntos de contabilidade mais atuais, deixando-o preparado para encarar as 
mudanças na sua profi ssão de forma natural.
Vamos ver como a contabilidade vem evoluindo ao longo dos anos em 
paralelo aos acontecimentos históricos. Discutiremos aspectos relacionados à 
convergência das nossas normas de contabilidade em direção às normas interna-
cionais de Contabilidade (IFRS), os princípios fundamentais de contabilidade e a 
estrutura conceitual básica para a apresentação das demonstrações contábeis.
Ainda aqui trataremos da evidenciação e das formas de mensuração e 
avaliação dos elementos patrimoniais e de resultados, assuntos estes que a 
pesquisa contábil busca constantemente por soluções e você vai ter o privilégio 
de discutir conosco. Isso possibilitará um aumento do seu senso crítico sobre os 
temas a serem abordados nas nossas aulas.
Esperamos que com essa disciplina possamos colocar mais um tijolinho na con-
strução do seu conhecimento. E para isso precisamos da sua ajuda, começando agora 
mesmo a ler esse material que preparamos com muito cuidado e carinho para você. E 
não se esqueça de interagir sempre conosco, pois estamos sempre à sua disposição.
Bons estudos!
Prof ª. Kátia Silene L. de S. Albuquerque
Prof. Laerson Morais S. Lopes
Apresentação da Disciplina
7
DISCUSSÕES TEÓRICAS DA 
CONTABILIDADE
O ARCABOUÇO EVOLUTIVO E TEÓRICO DA 
CONTABILIDADE
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE
Toda a teoria deve ser feita para poder ser posta em prática, e 
toda a prática deve obedecer a uma teoria. Só os espíritos superfi ciais 
desligam a Teoria da prática, não olhando que a teoria não é senão uma 
teoria da prática; e a prática não é senão a prática de uma teoria...
F. Caetano Dias, in editorial sob o título “Palavras Iniciais” da Re-
vista de Comércio e Contabilidade, n.º 1, de Janeiro/Junho de 1926.
Partindo desse pensamento podemos dizer que estudar os aspectos teóricos de uma 
disciplina é de fundamental importância para podermos compreendê-la melhor. Podemos 
também extrair que tanto a teoria pode levar à adoção de determinadas práticas, como um 
conjunto de práticas pode contribuir para a formação de uma ou mais teorias.
Pare para refletir...
Você Sabia?
Você, que vem estudando técnicas contábeis desde o primeiro semestre do curso, já deve 
ter percebido que a contabilidade adota determinadas regras e práticas contábeis com o objetivo 
de padronizar a divulgação das suas informações através dos seus relatórios, não é mesmo?
E a partir de agora, nós gostaríamos que você entendesse o porquê da adoção des-
sas práticas, e também queremos que você saiba que existem outras práticas que podem 
ser utilizadas em vez das que são atualmente adotadas, deixando-o dessa forma preparado 
para entender eventuais mudanças que venham a ocorrer na legislação, bem como saber 
quais são as melhores práticas a serem utilizadas para a tomada de decisões.
Vivemos na era da informação e do conhecimento e em um momento de profundas 
mudanças no cenário da contabilidade no nosso país. Por isso não podemos simplesmente 
aplicar técnicas contábeis, precisamos acima de tudo pensar as práticas contábeis.
Você sabia que nenhum campo do conhecimento nasce completo e perfeito? Isso 
mesmo, ele vai sendo formado ao longo do tempo, através da evolução teórica e também 
da prática. E com a contabilidade não poderia ser diferente, por isso vamos iniciar o nosso 
8
Teoria da 
Contabilidade
estudo da Teoria da Contabilidade buscando compreender a Ciência Contábil 
através da evolução histórica e teórica. 
Estudar a evolução histórica da Contabilidade pode nos fornecer 
resposta a vários questionamentos,tais como: Em que momento teve início 
a contabilidade? Quais fatores contribuíram para o seu desenvolvimento? 
Quem foram os seus principais estudiosos e teóricos? Qual a origem dos 
termos e da forma como a contabilidade é aplicada? E muito mais...
Um passeio histórico pela contabilidade poderá ainda nos proporcionar uma meditação 
sobre o passado, uma melhor compreensão do presente, e embasamento para questionar 
o futuro da nossa profi ssão.
“A responsabilidade que possui uma nação perante o seu passado é a de ter a con-
sciência das raízes que sustentam o presente, cultuando-as, corrigindo destinos, para que 
o futuro seja cada vez mais promissor”.
(António Lopes de Sá)
Previts et al (1990), apud SILVA e MARTINS, 2006, p. 17, justifi cam importância do 
estudo da História da Contabilidade pelos seguintes motivos:
a) uma profi ssão edifi cada por muitos séculos deve educar seus membros para apre-
ciar suas heranças intelectuais;
b) a importância dos avanços ocorridos no pensamento e as principais contribuições 
para apreciar suas heranças intelectuais;
c) sem acesso à análise e interpretação do desenvolvimento da prática e do pen-
samento contábil, empiristas de hoje arriscam-se a fundamentar suas investigações em 
conhecimentos incompletos e injustifi cáveis no passado.
Você percebeu a importância de estudar a evolução histórica da contabilidade? Temos 
certeza que a resposta é afi rmativa. Então vamos já decolar nessa viagem no tempo.
Você já sabe que a contabilidade, como a conhecemos atualmente, foi edifi cada em 
milhares e milhares de anos e tem uma história própria marcada pela necessidade do controle 
patrimonial. Portanto, para chegar ao estágio atual, muitos caminhos foram percorridos.
“Não é descabido afi rmar que a noção de conta e, portanto, de Contabilidade 
seja, talvez, tão antiga quanto a origem do Homo sapiens” (IUDÍCIBUS, 2006).
No início dos tempos da humanidade, o homem não tinha moradia fi xa e andava de 
terra em terra, tirando o seu sustento da natureza, apenas para garantir a sobrevivência, sem 
a preocupação de acumular 
riquezas. O tempo foi passando 
e o homem sentiu a necessidade 
de ter um lugar fi xo para viver, 
passando assim a ser seden-
tário, e consequentemente a cul-
tivar os seus alimentos (praticar 
a agricultura) e a domesticar os 
animais (atividades de pastoreio, 
ou seja, a pecuária).
A partir daí, o homem 
sentiu a necessidade de con-
9
trolar o seu rebanho, que representava o patrimônio à sua disposição. E como ele iria fazer 
isso em uma época na qual não existia moeda, escrita e números? Mas, como o homem é 
um ser racional, ele sempre chegava a uma solução.
Ele controlava o seu rebanho através de desenhos rupestres nas paredes das cavernas.
Ou então ele poderia fazer o inventário dos seus bens associando cada ovelha a 
objetos que ele tinha a sua disposição na natureza, como: pedras, galhos, sementes de 
frutas, entre outros. Vamos ver um exemplo?
Vamos supor que o patrimônio de uma pessoa era constituído de 4 ovelhas e passado 
um determinado tempo esse rebanho cresceu, com o nascimento de duas ovelhinhas. Veja-
mos na fi gura a seguir como esse homem iria contabilizar o aumento do seu patrimônio.
Procedimento idêntico seria adotado se, ao invés 
de terem nascido duas ovelhas, tivesse sido sacrifi cada 
uma. Só que em razão inversa, isto é, ao invés de ter 
acrescentado duas pedrinhas, teríamos tirado uma pedrin-
ha. Vamos ver como fi caria então o nosso inventário?
Essa forma rudimentar de praticar a contabilidade 
tem embasamento em trabalhos de vários pesquisadores, 
e Santos et al (2007) vão mais além, quando afi rmam 
que a contabilidade tem vivido nos últimos anos uma 
revolução em termos de sua história, visto que recentes 
trabalhos arqueológicos encontraram vestígios da utiliza-
ção de sistemas contábeis na pré-história, em forma de 
fi chas de barro.
“É possível falar em arqueologia da contabili-
dade, pois os vestígios encontrados de sistemas 
contábeis são produtos do estudo científi co de restos 
de culturas humanas derivadas de conhecimentos 
desenvolvidos em tempos pré-históricos” (Schmidt 
e Santos, 2008).
Os estudos arqueológicos da contabilidade, citados por Santos et al (2007) e Schmidt 
e Santos (2008), entre outros fatores, revelaram que:
• As primeiras fi chas de barro foram encontradas em 8000 a.C., em Uruk, antiga ci-
dade da mesopotâmia e centro importante da civilização sumeriana;
10
Teoria da 
Contabilidade
• Em sítios arqueológicos do Oriente próximo foram encontrados ma-
teriais que caracterizaram um sistema contábil utilizado entre 8000 e 3000 
a. C., constituído de pequenas fi chas de barro;
• Em sítios arqueológicos sem Israel, Síria, Iraque, Turquia e Irã foram 
encontradas fi chas de barro datadas de 8000 a 3000 a.C.;
• Escavações também revelaram a existência de outros artefatos de barro 
assemelhados a caixas que continham fi chas no seu interior e impressões exter-
nas, que datavam, os mais antigos, de aproximadamente 3250 a.C., denominados envelopes.
Essas fi chas de barro poderiam ser comparadas ao que temos hoje como o sistema 
de partidas dobradas, que você já estudou anteriormente; e os envelopes, descobertos 
posteriormente, serviam para acomodar no seu interior essas fi chas, trazendo como de-
talhamento na sua parte externa a identifi cação dos devedores ou credores de cada fi cha, 
podendo estar aí a origem de cada conta.
Fica claro que desde o início da civilização conseguimos ver vestígios da função da 
contabilidade: avaliar a riqueza do homem, assim como verifi car e analisar os acréscimos 
e decréscimos no seu patrimônio. A partir daí a contabilidade foi só evoluindo até chegar à 
estrutura que temos hoje, que é um pontapé para a contabilidade do futuro.
As fi chas de barro representavam as mercadorias e as entradas e saídas de ativos 
nas transações comerciais eram representadas pela transferência de uma fi cha de barro 
de um envelope para o outro. 
Vamos ver um exemplo?
Exemplo: O Sr. Eutrópio transfere um carneiro para o Sr. Herodes. Como fi caria esse 
lançamento em fi chas de barro?
Sabemos que o envelope representa o devedor ou o credor e as fi chas, a merca-
doria (carneiro). Portanto, é retirada uma fi cha do envelope do Sr. Eutrópio e colocada 
no envelope do Sr. Herodes.
Notou a dupla utilidade das fi chas e do envelope?
• A realidade social – o direito do proprietário em relação ao ativo transacionado.
• A realidade física – o registro da movimentação da mercadoria.
De acordo com Schmidt e Santos (2008), a criação dos numerais e a revolução na 
contagem e na manipulação de dados podem ser creditadas aos contadores de Uruk, que 
inventaram dois sinais: os numerais e os pictogramas.
Saiba mais
Saiba mais sobre a história dos números visitando o site: http://pessoal.ser-
comtel.com.br/matematica/fundam/numeros/numeros.htm
ALGUNS FATOS QUE MARCARAM A EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE
A contabilidade, assim como qualquer ramo do conhecimento, evolui junto com a 
evolução da humanidade. A seguir iremos listar alguns eventos históricos que contribuíram 
signifi cativamente para o desenvolvimento da ciência contábil.
1. O surgimento da moeda
11
Saiba mais
Você sabia?
Comprovado historicamente as primeiras moedas foram criadas em 650 a.C. em Lídia, 
na Ásia Menor e em 600 a.C., na Grécia tendo o seu surgimento contribuído para que o sistema 
de contas da contabilidade fi casse completo, pois tornou-se possível determinar as contas 
contábeis que representavam o patrimônio, bem como os seus respectivos valores.
Que a moeda é um instrumento de troca e que muitos objetos já serviram para 
caracterizar a moeda, como por exemplo, o sal (NaCl)? Daí o termo salário.
Saiba mais sobre a história da moeda, acessando o site a seguir:
http://www.eduquenet.net/histmoeda.htm2. A ascensão do Islamismo
A contabilidade está sempre presente quando há atividades de comércio, e a as-
censão do Islamismo contribui para o desenvolvimento do comércio. Aí você pode estar se 
perguntando: de que maneira?
Voltando às aulas de História, você lembra que os cristãos do Ocidente organizaram as 
cruzadas visando expulsar os mulçumanos da Terra Santa? Só que para isso eles teriam que 
sair do Ocidente para o Oriente, contribuindo para o renascimento do Mar Mediterrâneo como 
via marítima para o desenvolvimento comercial das cidades italianas de Veneza, Florença, Pisa 
e Gênova. Enfi m, as Cruzadas contribuíram para a fundação e o crescimento de cidades, mer-
cados e feiras, ambientes propícios para o desenvolvimento da contabilidade.
3. Surgimento da escrita
A escrita alfabética inventada pelos fenícios, em 1100 a.C., contribuiu bastante para 
o desenvolvimento da contabilidade, pois, a partir de então, já era possível documentar de 
forma escrita as transações ocorridas no patrimônio das entidades.
4. Expansão do comércio
A expansão do comércio gera, sem sombra de dúvidas, uma demanda mais acentuada 
para o desenvolvimento e solidifi cação de sistemas contábeis, cada vez mais efi cazes para 
o controle do patrimônio.
A partir do crescimento dos mercados consumidores, iniciado com a ascensão do islamismo, 
o comércio começa a expandir e a contabilidade já começa a sentir a necessidade de aprimorar 
os seus sistemas. Foi então que começaram a surgir as grandes obras da contabilidade.
5. Sistematização das partidas dobradas
Como você já deve ter notado, os sistemas contábeis de dupla entrada já existiam desde os 
tempos primitivos. Fato esse comprovado pelos estudos da arqueologia da contabilidade, certo?
Apesar de esse método estar sendo utilizado no controle do patrimônio, faltava ainda 
a sua sistematização, sendo escrito pela primeira vez pelo Frei Luca Pacioli no livro “Summa 
de Arithmetica, Geometria proportioni et propornaliti”, em 1494. Essa obra serviu para difundir 
o método das partidas dobradas.
12
Teoria da 
Contabilidade
“Existem indícios que apontam que o sistema das Partidas Dobradas 
data desde 1330, sem esquecer que no período pré-histórico a utilização das 
fi chas de pedras mesmo de forma rudimentar já esboçavam esse sistema, 
entretanto a divulgação para o mundo deu-se através do frade franciscano 
Lucca Paccioli, matemático, que expôs o sistema de forma completa, evi-
denciando seu mecanismo algébrico, quando da publicação do Tractatus 
de Computis et Scripturis em 1494, sendo este fato considerado um marco 
para a contabilidade, tendo atraído a atenção dos homens de negócios da época, ávidos em 
mensurar e controlar suas riquezas a utilizarem este sistema”. (MARTINS, 2001)
Saiba mais
Visite a publicação on-line no site da FBC, denominada “Luca Pacioli: Um Mestre 
do renascimento, de A Lopes de Sá”, e saiba mais sobre a vida de Luca Pacioli e a 
sistematização das partidas dobradas.
http://www.fbc.org.br/pdf/lucapacioli.pdf
Os mais variados povos antigos contribuíram para o progresso histórico da contabili-
dade, tais como: China, Egito, Grécia, Ilha de Creta, Índia, Israel, Pérsia e Síria. O quadro a 
seguir apresenta algumas contribuições desses povos, relacionadas à contabilidade.
6.A Revolução Industrial
A Revolução Industrial, ocorrida no século XIX, na Inglaterra, foi a grande responsável 
pela transformação do modo de produção naquela época, isto é, a evolução da manufatura 
para a maquinofatura, foi um ambiente propício para o nascimento da contabilidade de cus-
tos. Nesse ambiente também começou a se desenvolver a auditoria.
13
DIVISÃO DA HISTÓRIA CONTÁBIL
Já vimos que a história contábil é marcada pela sua evolução milenar. Portanto, 
vários são os estudiosos que fazem essa divisão cronológica, e nós vamos utilizar aquela 
estabelecida por Zanluca (2007):
• Contabilidade do Mundo Antigo 
• Contabilidade do Mundo Medieval
• Contabilidade do Mundo Moderno 
• Contabilidade do Mundo Científi co
CONTABILIDADE DO 
MUNDO ANTIGO CO
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A contabilidade do mundo antigo compreende o 
período que se inicia com as primeiras civilizações e vai 
até 1202 da Era Cristã, quando apareceu o Liber Abaci, 
da autoria Leonardo Fibonaci, o Pisano.
Já a contabilidade do mundo medieval abrange o 
período que vai de 1202 da Era Cristã até 1494, quando 
apareceu o Tratactus de Computis et Scripturis (Contabili-
dade por Partidas Dobradas), de Frei Luca Paciolo, publi-
cado em 1494, enfatizando que à teoria contábil do débito 
e do crédito corresponde à teoria dos números positivos e 
negativos, obra que contribuiu para inserir a contabilidade 
entre os ramos do conhecimento humano.
No que se refere à Contabilidade do mundo moderno, 
pode-se entender do período que vai de 1494 até 1840, com o aparecimento da obra “La Contabilità 
Applicatta alle Amministrazioni Private e Pubbliche” , de autoria de Franscesco Villa, premiada pelo 
governo da Áustria. Obra marcante na história da contabilidade.
Por fi m, tem-se a contabilidade do mundo científi co, que é o período que se inicia em 
1840 e continua até os dias de hoje.
Já vimos como Zanluca divide a história da contabilidade, no entanto esse não é o 
único autor que fala sobre essa divisão histórica ao longo dos tempos. Outros pesquisadores 
contábeis também se dedicaram a esse estudo e usaram algumas nomenclaturas diferentes 
para denominar cada época, portanto todas retratando a mesma realidade da contabilidade. 
14
Teoria da 
Contabilidade
Veremos a seguir como dividem a história da contabilidade os seguintes 
autores: Melis, Klein, Francisco D’Áuria e Antônio Lopes de Sá.
15
ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL: AS PRINCIPAIS TEORIAS DA ESCOLA 
EUROPEIA
Lembrando que a contabilidade se desenvolveu junto ao desenvolvimento do comér-
cio, e como as atividades mercantis tiveram sua origem na Europa, sobretudo nas cidades 
italianas, é normal imaginar que os primeiros pensadores contábeis derivaram dessa região. 
Posteriormente, com o desenvolvimento da economia americana, a contabilidade começou 
a ser pesquisada, apresentando também alguns pensadores de destaque, sobretudo após 
a Grande Depressão de 1929, quando a escola americana ganhou mais destaque.
Importante!
Aprimore o seu conhecimento sobre a história do pensamento contábil, bem como 
sobre os seus principais pensadores, lendo o Conteúdo 1 deste Tema, no AVA. Pesquisem 
também o assunto nas referências bibliográfi cas sugeridas e na internet.
As escolas do pensamento contábil eram formadas por pensadores com ideias semel-
hantes, e de algumas destas escolas derivaram as ideias desses pensadores, denominadas 
teorias. Vamos ver a seguir, um pouco das principais teorias da escola europeia, e a seguir 
veremos também as idéias da escola americana.
As Contas Contábeis são a essência da Contabilidade e a sua escrituração, 
como é feita nos dias de hoje, é fruto da evolução dessas teorias.
TEORIA DAS CINCO CONTAS
Essa teoria surgiu a partir da Escola Contista, em 1975, sendo exposta por Edmond 
Degranges. A ideia central dessa teoria era o mecanismo das contas, em que a contabilidade 
era confundida com a escrituração, sendo assim considerada a ciência das contas. Para 
essa teoria foram apresentadas cinco contas, que servem de meio de troca.
• Mercadorias
• Dinheiro (Caixa)
• Efeitos a receber (Créditos)
• Efeitos a pagar (Débitos)
• Lucros e perdas (Capital)
Silva e Martins (2006) afi rmam que com estas cinco contas, desdobradas em várias 
subcontas, o autor desta teoria apenas, contemplou a escrituração dasempresas comer-
ciais. Esclarecendo ainda que a teoria das cinco contas não foi muita bem aceita na Itália, 
não se tornando universal.
Foi Degranges que formulou a máxima: “Debita-se aquele que recebe e credita-se 
aquele que fornece”, imaginando que todas as contas representam o comerciante e por isso 
ele é ‘devedor’ quando recebe e ‘credor’ quando fornece.
Não se pode atribuir a Degranges a criação do pensamento das contas gerais, mas 
é impossível tirar-lhe o mérito de maior difusor (LOPES DE SÁ, 1998).
16
Teoria da 
Contabilidade
TEORIA PERSONALISTA
Francesco Marchi foi o primeiro a fazer oposição à Teoria das 
Cinco Contas, preconizando que todas as contas eram pessoais. Esse 
pensamento teve uma grande repercussão na Itália, contribuindo para a 
perda das forças das teses contistas.
No entanto, foi Giuseppe Cerboni o construtor das bases dessa teoria, 
que teve sua fundamentação no método logismográfi co. E objetivando dar forma científi ca 
a esta teoria, Cerboni agrupou as contas em três grandes grupos:
• Do Proprietário (receitas, despesas e patrimônio líquido);
• Dos Agentes Consignatários (bens);
• Dos Correspondentes (direitos e obrigações).
Para Cerboni, o proprietário era “credor jurídico de todo o seu ativo e devedor, também 
jurídico de todo o seu passivo”.
De acordo com Sá, a teoria personalista se fundamenta nos seguintes axiomas:
1º AXIOMA - Toda azienda deve ser administrada, todas possuem um ou mais pro-
prietários e estes não podem conseguir a gestão se não entram em contato com agentes 
e correspondentes.
Corolários:
• pode ser proprietário da azienda um só indivíduo ou diversos constituídos em 
sociedade;
• o principal em uma azienda, se não for o proprietário, será sempre um representante 
seu, conservando este todos os poderes que àquele seriam pertinentes;
• de direito é o proprietário que exercia a autoridade ou supremacia sobre a azienda.
2º AXIOMA – Uma coisa é desfrutar a propriedade, e outra é administrar.
Corolário: quando o proprietário também administra, adquire a dupla qualidade de 
proprietário e administrador.
3º AXIOMA – Uma coisa é administrar a azienda, e outra é custodiar sua substância 
e por ela responder materialmente.
Corolário: o administrador, tendo o encargo de dirigir e assumir por custódia a 
substância, será a um só tempo gestor e agente consignatário.
4º AXIOMA – Não se pode criar um devedor sem, simultaneamente, criar-se um 
credor e vice-versa.
Corolário: toda soma derivada de qualquer operação da azienda deve ser registrada 
em débito e em crédito.
5º AXIOMA – O proprietário, administrando ou não a azienda, é, de fato, credor da 
substância e devedor das passividades pertinentes àquela, ao contrário do que ocorre com 
os agentes e com os correspondentes.
Corolário: o crédito do proprietário corresponde ao débito dos agentes e dos cor-
respondentes, e vice-versa; o administrador situa-se como em uma balança de débito e 
crédito, entre os proprietários de uma parte e os agentes e os correspondentes de outra; 
o administrador não pode ser devedor nem credor da azienda, senão junto como agente 
consignatário ou correspondente estranho àquela.
6º AXIOMA – O débito e o crédito do proprietário não variam senão em razão de 
perdas ou lucros, ou ainda por acréscimos ou reduções do capital originário.
Corolário: a permuta de elementos do capital da azienda ou a soma de passagens 
de um agente ou correspondente a um ou outro, se estas forem idênticas, não modifi ca a 
situação do proprietário, nem aquela dos agentes ou correspondentes.
17
TEORIA MATERIALISTA
Fábio Besta fez oposição a Cerboni e defendeu que o patrimônio deveria ser rep-
resentado por grandezas passíveis de mensuração. Conforme o próprio nome sugere, as 
contas devem representar uma relação com a materialidade, ou seja, as contas só deverão 
existir se houver também os elementos materiais por ela representados na entidade.
Esta teoria proporcionou a criação dos seguintes fatos:
• Fatos Permutativos – são aqueles que trazem variações do ponto de vista específi co, 
sem alterar a situação líquida do patrimônio. Ex: recebimento de duplicata.
• Fatos Modifi cativos – são aqueles que produzem alterações no patrimônio, diminu-
indo-o ou aumentado-o. Ex: Pagamento de aluguel.
• Fatos Mistos – são aqueles que combinam fatos permutativos com fatos modifi cativos, 
isto é, permuta, aumenta ou diminui o patrimônio. Ex: Pagamento de duplicatas com juros.
O agrupamento das contas na Teoria Materialista fi ca da seguinte forma:
• Contas Integrais – não alteram o patrimônio da entidade. São representadas pelos 
bens, direitos e obrigações.
• Contas Diferenciais – alteram o patrimônio da entidade para mais ou menos. São 
representadas pelas receitas, despesas e patrimônio.
TEORIA MATEMÁTICA
Em 1790, Forni procurou demonstrar matematicamente a concepção patrimonial tendo 
mais tarde, como seu seguidor, Clitofante Bellini.
Essa teoria parte do princípio que: a) para os elementos do ativo, débito é a quanti-
dade positiva e crédito é a quantidade negativa; e b) para os elementos do passivo, crédito 
é a quantidade positiva e débito é a quantidade negativa. E o saldo da contas é o resultado 
de operações algébricas (soma e subtração), objetivando apurar o débito e o crédito.
+ + Soma 
- - Soma 
+ - Subtrai 
Essa teoria afi rma que o débito (contas do Ativo) é representado pelo sinal positivo; e o 
credito pelo sinal negativo (contas do Passivo), resultando na seguinte operação matemática. 
Ativo – Passivo = Zero.
Esta teoria admite a substituição de débito e crédito pelos sinais + e -, 
transformando-se a função em puras operações aritméticas de adição e subtra-
ção. A substituição teria fundamento lógico, mas iria ferir um convencionalismo 
multissecular. (IUDÍCIBUS E MARION, 2008).
TEORIA ECONÔMICA
Em decorrência do desenvolvimento da teoria materialística das contas, Fábio Besta 
foi um dos primeiros defensores da função econômica das contas, admitindo que era objetivo 
da contabilidade estudar a matéria sob o ângulo do controle econômico da riqueza.
18
Teoria da 
Contabilidade
No seu trabalho La Regioneria, apresentado em 1880, Besta de-
fendeu a ideia de que o controle econômico é o objetivo de estudo da 
Contabilidade.
Besta explicou que o patrimônio era composto também por fatos 
modifi cativos, ou seja, elementos diferenciais no ativo ou passivo, que pode-
riam aumentar ou diminuir o patrimônio. Portanto esta dinâmica denotava a 
característica dinâmica do mesmo, ou seja, as contas poderiam fazer com 
que o valor econômico das empresas fosse maior, menores ou permancessem estáticos.
A Teoria Econômica, portanto, é uma combinação do controlismo, do positivismo e 
do patrimonialismo, que é a riqueza em ação, e a riqueza individualizada – patrimônio – a 
matéria que agrupa esses três pensamentos teóricos.
TEORIA PATRIMONIAL
É a teoria que entende que o patrimônio é o objeto da Contabilidade, sendo a sua 
fi nalidade o controle patrimonial.
Por essa teoria, as contas são agrupadas em dois grupos:
• Contas patrimoniais (ativo, passivo e patrimônio líquido) – São as contas que englo-
bam os bens, direitos, obrigações e a situação líquida das entidades, ou seja: Ativo, Passivo 
e Patrimônio Líquido. Estas contas são apresentadas sob a forma do Balanço Patrimonial.
• Contas de resultado (diferenciais) – São as contas que representam as receitas e 
despesas. Estas contas devem ser sempre encerradas (tornar o saldo zero e transferi-lo para 
a apuração do resultado) fi nal do exercício social, para posteriormente serem transferidas 
para o Balanço Patrimonial, mais especifi camente para o Patrimônio Líquido.
Nesta teoria são mantidas as denominações “débito” e “crédito”, somente por tradição. 
Pois débito pode ser substituído pelo sinal positivo (+) e créditopelo sinal negativo (-), po-
dendo ser representado pelo seguinte esquema.
Dessa forma, as contas devedoras no patrimônio líquido aumentam o patrimônio e 
as contas credoras o reduzem.
A seguir, apresentamos um resumo comparativo de como as contas são agrupadas 
de acordo com as teorias.
A P PL 
+ - + - + - 
 
 
• 
• 
• 
• 
• 
 
• 
• 
• 
 
• 
• 
 
• 
 
• 
19
O I Congresso Brasileiro de Contabilidade, realizado em setembro de 1924, aprovou 
a primeira defi nição ofi cial de contabilidade no Brasil, dispondo o seguinte:
“Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, controle e 
TEORIA POSITIVA
O professor J. Dumarchey publicou, em 1914, a sua obra “Théorie positive de la Compt-
abilité” (Teoria Positiva da Contabilidade), que continha bases para a Teoria Positiva.
A contabilidade é considerada como a ciência das contas, cujo objetivo é acompanhar 
a evolução e modifi cação do patrimônio para conhecer sua composição e valor.
As principais características desta teoria, em relação à escrituração são:
• as contas do ativo e passivo devem ser registradas pelos seus valores reais;
• a situação líquida deve ser apresentada por valores abstratos;
• o ativo apresentado segundo o grau de exigibilidade;
• o passivo apresentado segundo o grau de exigibilidade;
• o foco nos fatos modifi cativos (incluem os mistos);
• a origem do capital é própria ou de terceiros;
• a contabilidade é a revelação patrimonial.
Efetivamente, o conhecido autor francês vinha, de longa data, fazendo estudos 
matemáticos a respeito de assuntos de contabilidade. Mas o conceito que se revela em sua 
citada obra é o das “unidades de valores que constituem as contas”. Assim, positiva é a 
sua teoria, porque, de fato, são as unidades de valor que a contabilidade contempla em sua 
elaboração. Mas tão positiva é esta teoria quanto o são outras que conceituam o objeto de 
modo diverso, mas não menos real (Iudícibus e Martins (2008).
OBJETIVOS DA CONTABILIDADE
Como vimos, a contabilidade, ao longo do tempo foi evoluindo, contando com con-
tribuições de várias estudiosos, na busca de delimitar a sua atuação e seus objetivos. Nesse 
ínterim vimos claramente a ascensão da escola europeia em delimitar o objeto de estudo da 
contabilidade, que é o patrimônio das entidades, e o seu campo de aplicação, que é toda 
entidade que pratique atividade econômica como meio ou fi m.
Podemos perceber também o domínio da escola americana na padronização das 
normas contábeis e nos campos da contabilidade gerencial e da auditoria, sendo esta última 
herdada da Inglaterra.
Notamos claramente que há duas linhas de pensamento relacionadas à 
contabilidade: a europeia (italiana) e a americana, em que se observa uma forte 
tendência mundial, e também no Brasil para a prevalência desta última. Em rela-
ção a isso Iudícibus (2001), afirma que:
• O domínio da escola italiana parece ter chegado a seu fi nal, inclusive no Brasil, onde 
a Lei das Sociedades por Ações é inspirada (na parte contábil) na doutrina americana.
• Hoje, mesmo na Itália, nas faculdades do norte do país, muitos textos apre-
sentam infl uência norte-americana e as principais empresas contratam na base da 
experiência contábil de inspiração norte-americana.
Antes de expor os objetivos da Contabilidade, vamos apresentar algumas 
definições de suas definições.
20
Teoria da 
Contabilidade
ções úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa. Ela é muito antiga e sempre 
existiu para auxiliar as pessoas a tomarem decisões” (MARION, 2004). 
registro relativo aos atos e fatos da administração econômica”.
“Contabilidade é a ciência que estuda, registra e controla o 
patrimônio e as mutações que nele operam os atos e fatos administrati-
vos, demonstrando no fi nal de cada exercício social o resultado obtido e 
a situação econômico-fi nanceira da entidade”.
“A contabilidade é o instrumento que fornece o máximo de informa-
A partir desses conceitos da Contabilidade é fácil perceber que a mesma tem o 
compromisso e a necessidade de bem informar. Existem muitas defi nições que comparam 
a Contabilidade a um sistema, que fornece informações úteis para servirem de base no 
processo decisório. Talvez você esteja se perguntando como é possível. Então vamos ver 
como? A fi gura a seguir ilustra essa comparação. 
Por essas defi nições, deu para perceber qual é o objetivo da Contabilidade? Então 
veremos qual é o objetivo principal da Contabilidade.
O item 12 da Deliberação CVM 539, DE 14.03.2008 da Resolução CFC nº. 1.121/08, 
que aprova a NBC T 1 – Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das 
Demonstrações Contábeis, afi rma que o objetivo das demonstrações contábeis é 
fornecer informações sobre a posição patrimonial e fi nanceira, o desempenho e as 
mudanças na posição fi nanceira da entidade, que sejam úteis a um grande número 
de usuários em suas avaliações e tomadas de decisão econômica.
O estabelecimento dos objetivos da Contabilidade pode ser feito na base de duas 
abordagens distintas: ou consideramos que o objetivo da Contabilidade é fornecer aos 
usuários, independentemente de sua natureza, um conjunto básico de informações que, 
presumivelmente, deveria atender igualmente bem a todos os tipos de usuários, ou a cont-
abilidade deveria ser capaz e responsável pela apresentação de cadastros de informações 
totalmente diferenciados, para cada tipo de usuário (IUDÍCIBUS, 2001).
Essas duas abordagens distintas parecem bastante extremadas, uma vez que tem-se 
duas implicações: a) produzir um conjunto básico de informações que servirá para todos os 
usuários não seria o ideal, visto que os usuários têm necessidades informativas individuais; 
e b) produzir informação para cada usuário isoladamente pode também não ser viável fi -
nanceiramente para a entidade.
Esse mesmo autor sugere que seja construído um “arquivo básico de informação contábil” 
que possa ser utilizado, de forma fl exível, por vários usuários, cada um com ênfases diferentes 
21
neste ou naquele tipo de informação, neste ou naquele princípio de avaliação, porém extraídos 
todos os informes do arquivo básico ou “data-base” estabelecido pela Contabilidade.
Iudícibus e Marion (2008) dizem que o objetivo da Contabilidade pode ser estabelecido em 
forma de informação estruturada de natureza econômica, fi nanceira e, subidiariamente, física, de 
produtividade e social, aos usuários internos e externos à entidade objeto da Contabilidade.
Pare para refletir...
Quais são os usuários da informação contábil? O dono da empresa, o sócio, o 
acionista? O gestor, o administrador, o controlador?
Bem... Os usuários das informações contábeis são pessoas físicas ou jurídicas com 
interesse na entidade, que utilizam as informações contábeis desta para seus próprios fi ns, 
de forma permanente ou transitória.
Usuários externos – Governo, investidores, instituições fi nanceiras, etc.
Usuários internos – Funcionários, administradores, etc.
Aos usuários externos são fornecidas aquelas demonstrações tradicionais, como 
balanço patrimonial, Demonstração do Valor Agregado, Demonstração do Fluxo de Caixa, 
Balanço Social (optativamente), entre outros que a administração considere adequados.
Para os usuários internos podem ser acrescentadas às demonstrações tradicionais 
relatórios especiais para decisão, como: orçamentos, de custos, criação de divisões, etc.
Ao imaginarmos a Contabilidade como provedora de informações aos seus diversos 
usuários, nos remete o pensamento de que esses usuários recebem as informações con-
tábeis de forma passiva. Na realidade, não podemos ignorar a participação do usuário nas 
escolhas contábeis e nas opções escolhidas pelo contador.
O Pronunciamento Conceitual Básico do Comitê de Pronunciamentos Contábeis 
(CPC), do ano de 2007, elenca os principaisusuários das demonstrações fi nanceiras, 
que são eles: investidores, empregados, credores por empréstimos, fornecedores e 
outros credores comerciais, clientes, o governo e suas agências e o público em geral.
Nyiama e Silva (2008) nos falam como alguns usuários infl uenciam a contabilidade, 
conforme podemos verifi ca a seguir:
• Administradores – Esses usuários infl uenciam na contabilidade da seguinte forma: 
a) eles escolhem a forma que a entidade irá atuar, se vai ser uma sociedade fechada ou 
aberta, infl uenciando no grau de complexidade das informações; b) os gestores são a fonte 
de informação para a contabilidade sobre a forma de ocorrência dos eventos ocorridos na 
entidade; c) a data do reconhecimento vai depender da informação sobre a conclusão da 
negociação d) os gestores exercem infl uência na estimativa dos valores que irão compor 
os relatórios contábeis; e) os gestores também decidem como avaliar os ativos e passivos 
da organização; f) os gestores escolhem o que vai ser divulgado; g) os gestores defi nem as 
atribuições do setor contábil e da auditoria interna, dentro da estrutura formal da entidade.
• Investidores – Os investidores querem conhecer a organização, requerendo infor-
mação adicional da mesma, além daquelas divulgadas tradicionalmente para o público.
• Auditores – Esses usuários vão dar a sua opinião quanto à adequação das 
demonstrações contábeis às normas de contabilidade, por isso eles infl uenciam que o 
contador utilize os procedimentos corretos, em observância às normas de contabilidade, 
para que a decisão da auditoria resulte em um parecer favorável à entidade.
22
Teoria da 
Contabilidade
• Governo – Esse usuário estabelece regras que a contabilidade 
segue para fi ns de arrecadação fi scal. O papel do governo pode ser inibidor 
ao desenvolvimento da Contabilidade, a partir do momento em que cria 
restrições às alternativas de procedimentos contábeis, com o objetivo de 
evitar a evasão fi scal.
Como vimos anteriormente, existem outros usuários da contabilidade 
que também exercem infl uência sobre a mesma. Por isso, vamos lançar 
para você o seguinte desafi o:
Pesquise em livros, internet, revistas específi cas e outros materiais que estejam 
à sua disposição sobre como os demais usuários infl uenciam a contabilidade.
Importante!
Não deixe de estudar esse tema também pelo Ambiente Virtual de Aprendizagem 
(AVA), pois será importante para consolidar o seu aprendizado e também para ajudar a 
responder as questões da Atividade Complementar a seguir.
Atividades
Complementares
Faça um breve relato sobre a evolução histórica da Contabilidade, associando os 1. 
fatos históricos que contribuíram para o seu avanço.
Discorra sobre a divisão histórica da Contabilidade, feita por Zanluca (2007).2. 
Fale sobre a Idade da Estagnação Contábil. Você concorda que ela deve ser denominada 3. 
assim, ou deverá ser chamada de Idade da Consolidação Contábil? Justifi que a sua resposta.
23
 Fábio Besta é pensador de duas teorias europeias. Identifi que essas teorias e esta-4. 
beleça as diferenças e semelhanças que há entre as mesmas.
Pesquise em outros materiais e fale um pouco sobre a escola europeia e a escola 5. 
americana.
Quais são os objetivos da Contabilidade? E quem são os seus usuários?6. 
24
Teoria da 
Contabilidade
NORMAS, PRINCÍPIOS E 
EVIDENCIAÇÃO
ESTRUTURA NORMATIVA DA CONTABILIDADE E SUAS 
TENDÊNCIAS NO BRASIL
Por ser uma ciência social, a Contabilidade é forte-
mente infl uenciada pelo ambiente. Assim, as diferenças 
históricas, os valores culturais e as estruturas políticas, legais 
e econômicas de cada país acabam refl etindo nas práticas 
contábeis em vigor.
 (Niyama e Silva, 2008)
A Contabilidade no Brasil tem forte origem latina, por isso dispõe de uma estrutura 
normativa para atender ao Fisco. Em decorrência disto, os nossos órgãos normativos 
são ligados ao governo. Isso não ocorre em todos os países. Nos Estados Unidos, por 
exemplo, a Contabilidade não é infl uenciada pelo Fisco, mas sim pelo consenso dos 
órgãos profi ssionais de classe.
Infl uenciados pelos órgãos de classe ou pelo Fisco, os diversos países têm a liber-
dade de normatizar as suas práticas contábeis e escolher aquelas mais adequadas a suas 
culturas e estruturas políticas, legais e econômicas.
Vamos deixar bem claro isso para você. Um fato contábil pode ter mais de uma op-
ção de ser escriturado na contabilidade e as normas de um país podem determinar formas 
diferentes para efetuar esse lançamento. Vamos ver um exemplo para entender melhor?
Existem duas formas diferentes de tratamento contábil para o leasing fi nanceiro. 
Veremos a seguir quais são elas:
a) Registra-se no ativo não-circulante como uma compra fi nanciada, que resulta em 
um aumento do ativo e também do patrimônio da empresa; e
b) Considera-se os valores pagos como despesa do exercício, que impacta negati-
vamente no resultado da empresa, diminuindo o valor do patrimônio.
Países como Inglaterra, Estados Unidos e Canadá utilizam a primeira alternativa, 
enquanto a Itália utiliza a segunda. No Brasil, a legislação tributária não permite o lança-
mento no ativo não-circulante, porém a NBC T10-2, determina a contabilização do leasing 
fi nanceiro seguindo as normas do Iasb.
Esse é apenas um dos vários exemplos sobre as diferenças das normas contábeis nos 
diversos países. Essa situação pode comprometer a comparabilidade das demonstrações 
contábeis, visto que para um mesmo fato contábil são adotados procedimentos diversos. 
Países que têm relações comerciais e políticas muito próximas buscam assemelhar as suas 
práticas contábeis e até adotar um padrão uniforme.
As relações políticas, comerciais e econômicas no mundo estão se estreitando cada 
vez mais, como resultado do processo de globalização, e em consequência surge a necessi-
dade de uma Contabilidade Internacional, objetivando uniformizar as práticas contábeis.
Apesar dessas diferenças entre os países, existe uma grande pressão para que as 
diferentes nações busquem uma linguagem em comum. O crescimento do comércio, as 
25
necessidades de investimento, o acesso fácil e rápido às notícias de outros países são 
fatores que contribuem para a harmonização da Contabilidade em termos mundiais.
(Niyama e Silva, 2008)
Mas o que vem ser harmonização da Contabilidade em termos mundiais?
Fácil. É a adoção de um conjunto de normas internacionais de contabilidade para 
ser usado pelos países, buscando assim uniformizar as práticas contábeis e tornar as 
demonstrações contábeis mais facilmente comparáveis.
Esse movimento de harmonização da Contabilidade já está ocorrendo, sob o comando 
do Iasb (International Accounting Standards Board).
O Iasb é a organização internacional sem fi ns lucrativos que publica e atualiza as Normas 
internacionais de Contabilidade (IAS/IFRS). Tem sede em Londres e congrega representantes 
de mais de 140 entidades de classe de todo o mundo, inclusive do Brasil, cuja representação 
se dá pelo Ibracon e pelo Conselho Federal de Contabilidade em língua inglesa.
O Iasb foi criado em 1 de abril de 2001 e, atualmente, todos os pronunciamentos con-
tábeis internacionais publicados por ele têm o nome de pronunciamentos IFRS (International 
Financial Reporting Standard). 
Os objetivos do Iasb são:
• Desenvolver um conjunto de normas de contabilidade global;
• Promover a utilização e aplicação dessas normas contábeis;
• Promover convergência entre as normas locais e as Normas Internacionais de 
Contabilidade (IFRS).
Saiba mais
Saiba mais sobre o Iasb e as normas internacionais, acessando os links a seguir: e 
http://pt.wikipedia.org/wiki/IASB
http://pt.wikipedia.org/wiki/Normas_internacionais_de_contabilidade_IAS_/_IFRS
A ESTRUTURA NORMATIVA NO BRASIL
No Brasil, os principais organismos que emitem normas, resoluções, decretos,delib-
erações, decretos, etc., que atingem o profi ssional de contabilidade, são:
• Conselho Federal de Contabilidade’ CFC;
• o Comitê de Pronunciamentos Contábeis’ CFC;
• Instituto Brasileiro de Contadores – IBRACON;
• Comissão de Valores Mobiliários – CVM;
• Banco Central do Brasil – BACEN;
• Secretaria da Receita Federal – SRF. 
O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) é órgão representativo da classe contabi-
lista brasileira. Foi criado pelo Decreto-Lei nº 9.295, de 27 de maio de 1946, e é uma Autarquia 
Especial de Caráter Corporativista, sem vínculo com a Administração Pública Federal. O CFC 
tem por fi nalidade, nos termos da legislação em vigor: 
• Orientar, normatizar e fi scalizar o exercício da profi ssão contábil, por intermédio dos 
Conselhos Regionais de Contabilidade, cada um em sua base jurisdicional, nos Estados e 
no Distrito Federal. 
• Representar os Conselhos Regionais de Contabilidade (CRC), e, sob a forma de 
Conselho Especial de Tomada de Contas, examinar e julgar as contas do CFC, organizadas 
e prestadas por seu Presidente.
26
Teoria da 
Contabilidade
A Contabilidade no Brasil está passando por um momento de profun-
das mudanças, objetivando a convergência das suas normas para as IFRS 
– Normas Internacionais de Contabilidade. E, nesse sentido, podemos citar 
dois eventos de extrema importância.
1) A criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), através 
da Resolução CFC n° 1.055/005;
2) A publicação de lei 11.638/07, que altera e revoga dispositivos da Lei 6404/76.
Saiba mais
Veja na íntegra a resolução CFC n° 1055/2005 e a Lei 11.638/2007
http://cpc.org.br/pdf/RES_1055.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/Lei/L11638.htm
Conforme já falamos anteriormente, a Contabilidade no Brasil está muito atrelada à 
legislação fi scal, e para começar a desvencilhá-la dos aspectos tributários, conduzindo-a 
aos interesses dos usuários externos (investidores e credores, por exemplo), é necessário 
que o processo de normatização venha de um órgão onde estejam presentes as empresas 
que produzem as informações contábeis, auditores, contadores, os usuários, os analistas, 
a bolsa de valores e a academia.
E foi dessa necessidade que surgiu o CPC, o único órgão emissor de normas con-
tábeis – que posteriormente virão a ser aprovadas pelos órgãos regulamentadores (CFC, 
CVM, BACEN, SRF) – com o objetivo de fazer com que as normas contábeis brasileiras se 
encaminheM convergentemente às normas internacionais (IFRS).
Um dos fatores importantes é que os membros que compõem o CPC fazem parte de 
um grupo heterogêneo, de interessados nas informações contábeis, o que possibilita obter 
uma maior segurança ao atendimento das exigências aos diversos segmentos de usuários, 
conforme ilustrado na fi gura a seguir.
Abrasca – Representando as companhias abertas
Apimec – Representando os analistas de mercado
Bovespa – Representando o mercado de ações
CFC – Representando os profi ssionais da Contabilidade
FIPECAFI (Vinculada à USP) – Representado a academia
27
Saiba mais
IBRACON – Representando os auditores independentes
O BACEN (Banco Central do Brasil); A CVM (Comissão de Valores Mobiliários); a 
Receita Federal e a SUSEP (Superintendência de Seguros Privados) são membros convi-
dados permanentes do CPC.
O CPC delibera através de propostas de normas, conhecidas por: pronunciamen-
tos técnicos, orientações e interpretações, e que após a aprovação pelos órgãos regu-
ladores brasileiros que fazem a sua adoção (CVM, Bacen e a Susep), transformam-se 
em deliberações, instruções e outros atos normativadores.
Outro item importante foi a publicação da Lei 11.638/07, que entrou em vigor a partir 
do exercício social de 2008. Essa Lei foi o passo inicial para inserir o Brasil nas normas 
internacionais de Contabilidade, com os seguintes objetivos:
• Fazer alterações para eliminar certas regras que impediam o Brasil de adotar as 
normas internacionais
• Segregar a contabilidade do Fisco
• Deixar claro no texto legal que daqui para frente ter todas as novas normas contábeis 
direcionadas para as internacionais, que são emitidas pelo IASB.
LEITURA COMPLEMENTAR
Extraída do site: http://www.cpc.org.br/oque.htm
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi idealizado a partir da união de esforços 
e comunhão de objetivos das seguintes entidades: ABRASCA; APIMEC NACIONAL; BOVESPA; 
Conselho Federal de Contabilidade; FIPECAFI; e IBRACON, em função das necessidades de:
- convergência internacional das normas contábeis (redução de custo de elaboração de relatórios 
contábeis, redução de riscos e custo nas análises e decisões, redução de custo de capital);
- centralização na emissão de normas dessa natureza (no Brasil, diversas entidades o fazem);
- representação e processo democráticos na produção dessas informações (produtores da 
informação contábil, auditor, usuário, intermediário, academia, governo).
CRIAÇÃO E OBJETIVO 
Criado pela Resolução CFC nº 1.055/05, o CPC tem como objetivo “o estudo, o preparo e 
a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação 
de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora 
brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando 
sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais”.
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS 
- O CPC é totalmente autônomo das entidades representadas, deliberando por 2/3 de 
seus membros;
- O Conselho Federal de Contabilidade fornece a estrutura necessária;
- Seis entidades compõem o CPC, mas outras poderão vir a ser convidadas futuramente;
- Os membros do CPC, dois por entidade, na maioria contadores, não auferem remuneração.
Além dos 12 membros atuais, serão sempre convidados a participar representantes dos 
seguintes órgãos:
28
Teoria da 
Contabilidade
 - Banco Central do Brasil;
 - Comissão de Valores Mobiliários (CVM);
 - Secretaria da Receita Federal;
 - Superintendência de Seguros Privados (SUSEP).
Outras entidades ou especialistas poderão ser convidados. Poderão ser 
formadas Comissões e Grupos de Trabalho para temas específi cos.
Produtos do CPC:
 - Pronunciamentos Técnicos
 - Orientações; e
 - Interpretações.
Os Pronunciamentos Técnicos serão obrigatoriamente submetidos a audiências públicas. As 
Orientações e Interpretações poderão, também, sofrer esse processo.
ESTRUTURA 
Assembléia dos Presidentes das Entidades
- elegem os membros do CPC (representantes das seis entidades), com mandatos de quatro 
anos (exceto metade dos primeiros membros, com dois anos);
- podem, por 3/4 de seus membros, indicar outros membros do CPC;
- podem alterar o Regimento Interno do CPC.
Quatro Coordenadorias:
- de Operações;
- de Relações Institucionais;
- de Relações Internacionais;
- Técnica.
PRINCÍPIOS CONTÁBEIS: UMA INTRODUÇÃO
Os princípios contábeis geralmente aceitos surgiram do 
consenso profi ssional dos contadores e são constantemente 
aperfeiçoados em países onde há forte incentivo à pesquisa 
contábil. São de grande importância aos usuários da informa-
ção contábil, na medida em que propiciam uma linguagem em 
comum para melhor entender as demonstrações fi nanceiras. 
Evidentemente, se cada contador utilizasse critérios próprios 
não seria possível uma interpretação adequada dos relatórios 
contábeis pelos seus usuários.
(NYIAMA E SILVA, 2008)
É necessário que haja um padrão na informação contábil, tanto na sua linguagem 
quanto na forma de apresentação aos seus diversos usuários, por isso discute-se tanto na 
atualidade a melhor forma de apresentação dessa informação, e uma forma de unifi car os 
procedimentos contábeis é com a adoção de princípios de contabilidade.
Portanto, a prática e a teoria de qualquerenunciado científi co da área contábil, devem 
necessariamente se suster em princípios, que, para serem instituídos, é necessário que 
sejam observadas três condições ou atributos: 
• Utilidade
• Praticidade
• Objetividade
29
A Contabilidade no Brasil começa a ganhar impulso na década de 1970, principal-
mente após a publicação da Lei das SA (Lei 6.404), em 15 de dezembro de 1976, fortemente 
infl uenciada pelos padrões americanos de Contabilidade.
A Contabilidade brasileira, que anteriormente era vinculada apenas à legislação 
tributária, passa a ser infl uenciada também pela legislação societária e à regulamentação 
de organismos governamentais, como: o Banco Central (BACEN), a Comissão de Valores 
Mobiliários (CVM) e diversas outras entidades reguladoras, sendo muito insipiente a par-
ticipação de órgãos de classe, academia e demais órgãos de usuários das demonstrações 
contábeis na participação das discussões acerca da contabilidade neste período.
Esse cenário possibilitou as discussões sobre princípios contábeis e sua adoção obrigatória.
1972 Divulgada a expressão princípios geralmente aceitos pelo Conselho Federal 
de Contabilidade (CFC) e pelo BACEN, através da Resolução 321/72 e Circular 179/72, 
respectivamente. Sem, no entanto, defi nirem o que e quais seriam esses princípios.
1981 Divulgação da Resolução 530 defi nindo quais eram os princípios fundamentais 
de contabilidade (note que a nomenclatura mudou, de princípios geralmente aceitos, para 
princípios fundamentais de contabilidade)
1986 Edição da Deliberação CVM nº 29/86, que defi ne a estrutura conceitual básica 
que esteve em vigor de 1986 até 2008. Destaca-se que essa estrutura conceitual é fruto de 
estudos realizados na Fipecafi /USP.
1993 Edição da Resolução CFC nº 750/93, que defi niu os sete princípios: Entidade, 
Continuidade, Oportunidade, Atualização Monetária, Registro pelo Valor Original, Competên-
cia e Prudência. Esses princípios foram inspirados na escola europeia.
2008 Edição da Deliberação CVM nº 539/86, que revoga a Deliberação CVM nº 
29/86, estabelecendo a nova estrutura conceitual básica da contabilidade, convergente às 
normas internacionais de contabilidade (IFRS).
Fonte: Adaptado parte de Nyiama e Silva (2008)/parte elaboração própria
Nota-se que inicialmente já existia a necessidade de adotar princípios contábeis, 
mas órgãos como o BACEN, CFC, Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IAIB, 
na época), atualmente Ibracon, não chegaram a detalhar quais seriam os princípios de 
contabilidade geralmente aceitos. Sendo assim, os cursos de graduação (principalmente a 
USP) ministravam para os seus alunos os princípios norte-americanos.
PRINCÍPIOS CONTÁBEIS: ESTRUTURA CONCEITUAL CFC
De acordo com a estrutura conceitual do CFC, os Princípios Fundamentais de 
Contabilidade são aqueles determinados pelo Conselho Federal de Contabilidade pela 
Resolução CFC nº 750/94, e complementarmente temos a Resolução CFC nº 794, que se 
trata de um Apêndice aos Princípios Fundamentais de Contabilidade, contendo comentários 
sobre o conteúdo dos enunciados, tendo por objetivo uma melhor compreensão sobre 
tão importante assunto. A própria resolução nos diz que os Princípios Fundamentais de 
Contabilidade, aprovados pela Resolução CFC n° 750-93, de 29 de dezembro de 1993, 
requerem, para o seu amplo entendimento pelos usuários da informação contábil e para 
a perfeita compreensão pelos profi ssionais da contabilidade, um grau de detalhamento 
que não é possível abranger nos próprios enunciados.
A Resolução CFC nº 750/94 estabelece que os Princípios Fundamentais de Contabili-
dade representam a essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade, 
consoante o entendimento predominante nos universos científi co e profi ssional de nosso 
30
Teoria da 
Contabilidade
País. Concernem, pois, à Contabilidade no seu sentido mais amplo de ciência 
social, cujo objeto é o Patrimônio das Entidades.
A Resolução 774/94 esclarece que os Princípios Fundamentais de 
Contabilidade representam o núcleo central da própria Contabilidade, na sua 
condição de “ciência social”, sendo a ela inerentes. Os Princípios constituem 
sempre vigas-mestras de uma ciência, revestindo-se dos atributos de univer-
salidade e veracidade, conservando validade em qualquer circunstância. 
Resumindo...
Os princípios contábeis, de acordo com a estrutura do CFC, foram determinados 
pela Resolução CFC nº 750/94, e comentada pela Resolução CFC nº 794
De acordo com essas resoluções, os Princípios Fundamentais de Contabilidade são:
• Entidade;
• Continuidade;
• Oportunidade;
• Registro pelo Valor Original;
• Atualização monetária;
• Competência;
• Prudência.
A seguir serão fornecidas as características desses princípios, extraídas da 
Resolução 750.
Princípio da Entidade
O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e 
afi rma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular 
no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um 
conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou fi nalidade, com 
ou sem fi ns lucrativos. Por consequência, nesta acepção, o patrimônio não se confunde com 
aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição.
O PATRIMÔNIO pertence à ENTIDADE, mas a recíproca não é verdadeira. A soma 
ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova ENTIDADE, mas 
numa unidade de natureza econômico-contábil.
Princípio da Continuidade
A CONTINUIDADE ou não da ENTIDADE, bem como sua vida definida ou 
provável, deve ser considerada quando da classificação e avaliação das mutações 
patrimoniais, quantitativas e qualitativas.
A CONTINUIDADE infl uencia o valor econômico dos ativos e, em muitos casos, o 
valor ou o vencimento dos passivos, especialmente quando a extinção da ENTIDADE tem 
prazo determinado, previsto ou previsível.
A observância do Princípio da CONTINUIDADE é indispensável à correta aplicação 
do Princípio da COMPETÊNCIA, por efeito de se relacionar diretamente à quantifi cação dos 
componentes patrimoniais e à formação do resultado, e de constituir dado importante para 
aferir a capacidade futura de geração de resultado.
Princípio da Oportunidade
O Princípio da OPORTUNIDADE refere-se, simultaneamente, à tempestividade e à 
integridade do registro do patrimônio e das suas mutações, determinando que este seja feito 
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de imediato e com a extensão correta, independentemente das causas que as originaram.
Como resultado da observância do Princípio da OPORTUNIDADE:
• Desde que tecnicamente estimável, o registro das variações patrimoniais deve ser 
feito mesmo na hipótese de somente existir razoável certeza de sua ocorrência;
• o registro compreende os elementos quantitativos e qualitativos, contemplando os 
aspectos físicos e monetários;
• o registro deve ensejar o reconhecimento universal das variações ocorridas no 
patrimônio da ENTIDADE, em um período de tempo determinado, base necessária para 
gerar informações úteis ao processo decisório da gestão.
Princípio do Registro pelo Valor Original
Os componentes do patrimônio devem ser registrados pelos valores originais das 
transações com o mundo exterior, expressos a valor presente na moeda do país, que serão 
mantidos na avaliação das variações patrimoniais posteriores, inclusive quando confi gurarem 
agregações ou decomposições no interior da ENTIDADE.
Do Princípio do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL resulta:
• a avaliação dos componentes patrimoniais deve ser feita com base nos valores de 
entrada, considerando-se como tais os resultantes do consenso com os agentes externos 
ou da imposição destes;
• uma vez integrado ao patrimônio, o bem, direito ou obrigação não poderão ter 
alterados seus valores intrínsecos,admitindo-se, tão-somente, sua decomposição em 
elementos e/ou sua agregação, parcial ou integral, a outros elementos patrimoniais;
• o valor original será mantido enquanto o componente permanecer como parte do 
patrimônio, inclusive quando da saída deste;
• os Princípios da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA e do REGISTRO PELO VALOR 
ORIGINAL são compatíveis entre si e complementares, dado que o primeiro apenas atualiza 
e mantém atualizado o valor de entrada;
• o uso da moeda do país na tradução do valor dos componentes patrimoniais constitui 
imperativo de homogeneização quantitativa dos mesmos.
Princípio da Atualização Monetária
Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhe-
cidos nos registros contábeis através do ajustamento da expressão formal dos valores dos 
componentes patrimoniais.
São resultantes da adoção do Princípio da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA:
• a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, não representa 
unidade constante em termos do poder aquisitivo;
• para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores das transações origi-
nais (art. 7°), é necessário atualizar sua expressão formal em moeda nacional, a fi m de que 
permaneçam substantivamente corretos os valores dos componentes patrimoniais e, por 
consequência, o do patrimônio líquido;
• a atualização monetária não representa nova avaliação, mas, tão-somente, o ajusta-
mento dos valores originais para determinada data, mediante a aplicação de indexadores, 
ou outros elementos aptos a traduzir a variação do poder aquisitivo da moeda nacional em 
um dado período.
Princípio da Competência
As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período 
em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente 
de recebimento ou pagamento.
32
Teoria da 
Contabilidade
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Princípio da COMPETÊNCIA determina quando as alterações no 
ativo ou no passivo resultam em aumento ou diminuição no patrimônio líquido, 
estabelecendo diretrizes para classifi cação das mutações patrimoniais, re-
sultantes da observância do Princípio da OPORTUNIDADE.
O reconhecimento simultâneo das receitas e despesas, quando correlatas, 
é consequência natural do respeito ao período em que ocorrer sua geração.
As receitas consideram-se realizadas:
• nas transações com terceiros, quando estes efetuarem o pagamento ou assumirem 
compromisso fi rme de efetivá-lo, quer pela investidura na propriedade de bens anteriormente 
pertencentes à ENTIDADE, quer pela fruição de serviços por esta prestados;
• quando da extinção, parcial ou total, de um passivo, qualquer que seja o motivo, 
sem o desaparecimento concomitante de um ativo de valor igual ou maior;
• pela geração natural de novos ativos independentemente da intervenção de terceiros;
• no recebimento efetivo de doações e subvenções.
• Consideram-se incorridas as despesas:
• quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por transferência de sua 
propriedade para terceiro;
• pela diminuição ou extinção do valor econômico de um ativo;
• pelo surgimento de um passivo, sem o correspondente ativo.
Princípio da Prudência
O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do menor valor para os componentes 
do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se apresentem alternativas igualmente 
válidas para a quantifi cação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido.
O Princípio da PRUDÊNCIA impõe a escolha da hipótese de que resulte menor 
patrimônio líquido, quando se apresentarem opções igualmente aceitáveis diante dos demais 
Princípios Fundamentais de Contabilidade.
O Princípio da PRUDÊNCIA somente se aplica às mutações posteriores, constituindo-
se ordenamento indispensável à correta aplicação do Princípio da COMPETÊNCIA.
A aplicação do Princípio da PRUDÊNCIA ganha ênfase quando, para defi nição dos 
valores relativos às variações patrimoniais, devem ser feitas estimativas que envolvem in-
certezas de grau variável.
33
 
 
o 
 
PrudŒncia 
 
 
Para ler na integra as informações sobre os PFC entre no site do CFC e leia os 
livros Princípios Fundamentais e Normas Brasileiras de Contabilidade:
http://www.cfc.org.br/uparq/Livro_Principios%20e%20NBCs.pdf
http://www.cfc.org.br/uparq/livro_auditoria%20e%20pericia.pdf.pdf
Entre também nos sites e leia na íntegra as resoluções sobre esse conteúdo:
http://www.crc.org.br/publicacoes/principios_e_normas/res750.asp
http://www.portaldecontabilidade.com.br/legislacao/resolucaocfc774.htm
Saiba mais
EVIDENCIAÇÃO: QUALIDADES E CARACTERÍSTICAS DA INFORMAÇÃO 
CONTÁBIL
A contabilidade tem uma diversidade muito vasta de usuários das informações geradas 
por ela. Portanto, é uma tarefa árdua divulgar um conjunto de informações que satisfaça as 
necessidades da maioria dos seus usuários, considerado o fato de que os interesses destes 
nem sempre são coincidentes.
A divulgação fi nanceira deve fornecer informação útil para a tomada de de-
cisões racionais de investimento, concessão de crédito, etc... por investidores e 
credores atuais e futuros, bem como outros usuários... ... As informações divulga-
das em relatórios fi nanceiros devem ser compreensíveis para os que possuem um 
conhecimento razoável de negócios e atividades econômicas, e estão dispostos a 
estudar a informação com diligência razoável (FASB).
Mas, você pode estar se perguntando, de que forma a Contabilidade vai fornecer em 
um conjunto de demonstrações gerais, informações de qualidade para atender às expecta-
tivas de todos esses usuários?
Primeiro, o que se deve fazer é escolher quais são os usuários da empresa para a 
qual a contabilidade está sendo feita e defi nir um conjunto de informações gerais, das quais 
esses usuários poderão extrair, cada um, aquilo que desejar.
Depois, analisar a relação custo X benefício que a divulgação dessa informação trará 
para a empresa. É lógico pensarmos que o custo para gerar a informação deverá ser menor 
que os benefícios gerados por esta, ou então não será interessante despender esforços 
para dar essa informação.
Vamos ver um exemplo? Se uma determinada empresa não tem interesse em nego-
ciar as suas ações na bolsa de valores, então ela não precisará oferecer informações que 
34
Teoria da 
Contabilidade
atendam os investidores, pois ela vai gastar tempo e dinheiro para gerar 
essa informação, sem obter nenhum retorno.
Uma das formas de avaliar a qualidade da informação contábil 
e, portanto, sua utilidade (benefício), quando comparada ao custo, é 
analisar algumas qualidades características, que deve possuir, tais 
como: compreensibilidade, relevância, confi abilidade e comparabilidade 
(IUDÍCIBUS E MARION, 2008).
Portanto, evidenciar não signifi ca apenas divulgar, mas divulgar com compreensibilidade, 
relevância, confi abilidade e comparabilidade. E essas são as características qualitativas da 
informação contábil, defi nidas pela estrutura conceitual da contabilidade de acordo com a NBC 
T1 em vigor atualmente no Brasil. E não por coincidência são as mesmas características das 
informações contábeis de acordo com os padrões internacionais de Contabilidade (IFRS).
A seguir vamos ver o que diz a NBC T1 sobre cada uma dessas características:
Compreensibilidade
Uma qualidade essencial das informações apresentadas nas demonstrações contá-
beis é que elas sejam prontamente entendidas pelos usuários. Para esse fi m, presume-se 
que os usuários tenham um conhecimento razoável dos negócios, atividades econômicas 
e contabilidade e a disposição de estudar as informações com razoável diligência. Toda-
via, informações sobre assuntos complexos que devam ser incluídas nas demonstrações 
contábeis por causa da sua relevância para as necessidades de tomada de decisão pelosusuários não devem ser excluídas em nenhuma hipótese, inclusive sob o pretexto de que 
seria difícil para certos usuários as entenderem.
Relevância
Para serem úteis, as informações devem ser relevantes às necessidades dos usuários 
na tomada de decisões. As informações são relevantes quando podem infl uenciar as decisões 
econômicas dos usuários, ajudando-os a avaliar o impacto de eventos passados, presentes 
ou futuros ou confi rmando ou corrigindo as suas avaliações anteriores.
Confi abilidade
Para ser útil, a informação deve ser confi ável, ou seja, deve estar livre de erros ou 
vieses relevantes e representar adequadamente aquilo que se propõe a representar. Para 
ser confi ável, a informação deverá cumprir os seguintes atributos:
• Representação adequada
• Primazia da Essência sobre a Forma
• Neutralidade
• Prudência
• Integridade
Faça a leitura complementar no final desse conteúdo que fala sobre cada um 
desses atributos.
Comparabilidade
Os usuários devem poder comparar as demonstrações contábeis de uma entidade 
ao longo do tempo, a fi m de identifi car tendências na sua posição patrimonial e fi nanceira 
e no seu desempenho. Os usuários devem também ser capazes de comparar as demon-
strações contábeis de diferentes entidades a fi m de avaliar, em termos relativos, a sua 
35
posição patrimonial e fi nanceira, o desempenho e as mutações na posição fi nanceira. 
Consequentemente, a mensuração e apresentação dos efeitos fi nanceiros de transações 
semelhantes e outros eventos devem ser feitas de modo consistente pela entidade, ao 
longo dos diversos períodos, e também por entidades diferentes.
LEITURA COMPLEMENTAR
ATRIBUTOS DA CONFIABILIDADE DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS
Representação Adequada
Para ser confi ável, a informação deve representar adequadamente as transações e outros 
eventos que ela diz representar. Assim, por exemplo, o balanço patrimonial numa determinada data 
deve representar adequadamente as transações e outros eventos que resultam em ativos, passivos 
e patrimônio líquido da entidade e que atendam aos critérios de reconhecimento.
A maioria das informações contábeis está sujeita a algum risco de não ser uma representação 
fi el daquilo que se propõe a retratar. Isso pode decorrer de difi culdades inerentes à identifi cação 
das transações ou outros eventos a serem avaliados ou à identifi cação e aplicação de técnicas de 
mensuração e apresentação que possam transmitir, adequadamente, informações que correspon-
dam a tais transações e eventos. Em certos casos, a mensuração dos efeitos fi nanceiros dos itens 
pode ser tão incerta que não é apropriado o seu reconhecimento nas demonstrações contábeis; por 
exemplo, embora muitas entidades gerem, internamente, ágio decorrente de expectativa de rent-
abilidade futura ao longo do tempo (goodwill), é usualmente difícil identifi car ou mensurar esse ágio 
com confi abilidade. Em outros casos, entretanto, pode ser relevante reconhecer itens e divulgar o 
risco de erro envolvendo o seu reconhecimento e mensuração.
Primazia da Essência sobre a Forma
Para que a informação represente adequadamente as transações e outros eventos que ela se 
propõe a representar, é necessário que essas transações e eventos sejam contabilizados e apresentados 
de acordo com a sua substância e realidade econômica, e não meramente sua forma legal. A essência 
das transações ou outros eventos nem sempre é consistente com o que aparenta ser com base na sua 
forma legal ou artifi cialmente produzida. Por exemplo, uma entidade pode vender um ativo a um terceiro 
de tal maneira que a documentação indique a transferência legal da propriedade a esse terceiro; en-
tretanto, poderão existir acordos que assegurem que a entidade continuará a usufruir os futuros benefí-
cios econômicos gerados pelo ativo e o recomprará depois de um certo tempo por um montante que 
se aproxima do valor original de venda acrescido de juros de mercado durante esse período. Em tais 
circunstâncias, reportar a venda não representaria adequadamente a transação formalizada.
Neutralidade
Para ser confi ável, a informação contida nas demonstrações contábeis deve ser neutra, isto é, im-
parcial. As demonstrações contábeis não são neutras se, pela escolha ou apresentação da informação, elas 
induzirem a tomada de decisão ou julgamento, visando atingir um resultado ou desfecho predeterminado.
Prudência
Os preparadores de demonstrações contábeis se deparam com incertezas que inevitavel-
mente envolvem certos eventos e circunstâncias, tais como a possibilidade de recebimento de contas 
a receber de liquidação duvidosa, a vida útil provável das máquinas e equipamentos e o número de 
reclamações cobertas por garantias que possam ocorrer. Tais incertezas são reconhecidas pela divul-
gação da sua natureza e extensão e pelo exercício de prudência na preparação das demonstrações 
contábeis. Prudência consiste no emprego de um certo grau de precaução no exercício dos julgamentos 
necessários às estimativas em certas condições de incerteza, no sentido de que ativos ou receitas não 
sejam superestimados e que passivos ou despesas não sejam subestimados. Entretanto, o exercício 
da prudência não permite, por exemplo, a criação de reservas ocultas ou provisões excessivas, a 
subavaliação deliberada de ativos ou receitas, a superavaliação deliberada de passivos ou despesas, 
pois as demonstrações contábeis deixariam de ser neutras e, portanto, não seriam confi áveis.
36
Teoria da 
Contabilidade
Integridade
Para ser confi ável, a informação constante das demonstrações contábeis 
deve ser completa, dentro dos limites de materialidade e custo. Uma omissão pode 
tornar a informação falsa ou distorcida e, portanto, não-confi ável e defi ciente em 
termos de sua relevância.
Trecho da Resolução CFC 1.121/08
Tente fazer a atividade complementar a seguir. Para isso é necessário que você tam-
bém tenha estudado o conteúdo do material do AVA.
Atividades
Complementares
Qual o objetivo do CPC e quem são seus membros?1. 
Fale sobre a importância da convergência das normas brasileiras aos padrões inter-2. 
nacionais (IFRS)
Quantos e quais são os Princípios Fundamentais da Contabilidade, de acordo com a 3. 
estrutura do CFC? Para a sua criação foi seguida qual escola do pensamento contábil?
O que é evidenciação? E Quais as características das informações contábeis?4. 
Existe diferença ou semelhança entre evidenciação e disclosure? Quais são as formas 5. 
em que a informação pode ser divulgada?
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NÚCLEO CENTRAL DA 
CONTABILIDADE: A TEORIA 
NA PRÁTICA
MENSURAÇÃO DO ATIVO, AVALIAÇÃO 
DO PASSIVO E ASPECTOS DA RIQUEZA 
PATRIMONIAL
O ATIVO
A estrutura patrimonial das entidades é composta de bens, direitos e obrigações e é 
a utilização dessa estrutura patrimonial, com excelência, que deverá assegurar que a enti-
dade atinja seus objetivos, que geralmente compreendem a maximização de lucros, porém 
não se restringe a isso, como é o exemplo das empresas sem fi ns lucrativos. 
Dito isso, podemos entender o quanto é impor-
tante que os contadores, os gestores e também os 
demais usuários conheçam a formação dessa estrutura 
patrimonial. Compreender, bem, os conceitos de ATIVO 
e PASSIVO, bem como os aspectos diversos relativos 
à mensuração, avaliação, reconhecimento destes itens 
patrimoniais e os aspectos quantitativos e qualitativos que 
os envolvem, é de extrema importância para os profi s-
sionais que se utilizam da Contabilidade.
O ATIVO, como um dos itens do patrimônio da 
empresa, leva os pesquisadores, educadores, estudantes, entre outros pensadores, a 
grandes discussões, especialmente no que tange à mensuração dos mesmos e quanto às 
divergências entre a teoria contábil, as necessidades gerenciais, as tendências de mudanças 
provocadas pelas variações do mercado (infl ação, evolução tecnológica, transações entre 
empresas,

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