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CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 1 Aula 03 2. Direitos e garantias fundamentais: remédios constitucionais I. DIFERENÇA ENTRE DIREITOS, GARANTIAS E REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS -----2 II. ESFERA JUDICIAL E ADMINISTRATIVA -------------------------------------------------------------------------4 III. HABEAS CORPUS (HC) -------------------------------------------------------------------------------------------------------5 IV. HABEAS DATA (HD)---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 15 V. MANDADO DE SEGURANÇA (MS)----------------------------------------------------------------------------------- 19 VI. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO (MSC)------------------------------------------------------------- 30 VII. MANDADO DE INJUNÇÃO (MI) -------------------------------------------------------------------------------------- 34 VIII. AÇÃO POPULAR (AP) ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 45 IX. EXERCÍCIOS ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 52 X. QUESTÕES DA AULA --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 75 XI. GABARITO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 87 XII. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ---------------------------------------------------------------------------------------- 88 Olá futuros Analistas do Banco Central! Prontos para o SEU salário de R$ 12.960,77 e para ocupar um dos melhores cargos da Administração Pública? Estão estudando como eu ensinei na aula inaugural? E os resultados? Tenho certeza de que estão melhorando! E também estou certo de que eles serão cada vez melhores! Na aula de hoje, estudaremos a seguinte parte do seu edital: 2. Direitos e garantias fundamentais: remédios constitucionais. Começaremos com a parte teórica e os exercícios estão ao final. Ao responder as questões, leia todos os comentários, pois foram feitas várias observações além da mera resolução da questão. Como sempre, faremos exercícios da Cesgranrio e, de forma complementar ou quando o número de questões existentes for insuficiente, faremos também questões da FCC ou outras bancas que adotam estilo de prova parecido. Caso tenham alguma dúvida, crítica ou sugestão, mandem-nas para o fórum ou para o email robertoconstitucional@gmail.com. Vamos então à nossa aula! CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 2 I. DIFERENÇA ENTRE DIREITOS, GARANTIAS E REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS Caro aluno, nós já estudamos vários direitos até aqui: os direitos individuais e coletivos, os socais, os políticos, os de nacionalidade etc. Pois bem, os direitos são justamente esses bens e vantagens prescritos na Constituição. Mas o que acontece se alguém tem o direito, mas por algum motivo não consegue exercê-lo? Para isso servem as garantias: elas são os instrumentos que asseguram o exercício dos direitos. OBSERVAÇÃO: Muitas vezes, as bancas, os autores e os professores utilizam essas expressões (direitos e garantias) como sinônimas. Até porque essa linha, às vezes, é bem tênue. Assim, muito dificilmente, as bancas vão considerar incorreta uma questão somente por conta dessa divergência (chamar direito de garantia e vice-versa). Já os remédios são espécies de garantias e podem ser divididos em remédios administrativos e remédios judiciais. Os remédios administrativos são instrumentos assegurados à pessoa para que ela consiga exercer seus direitos sem precisar recorrer ao Poder Judiciário. Assim, o dono do direito consegue exercê-lo utilizando-se simplesmente da via administrativa. Dois remédios administrativos previstos na Constituição são: o direito de petição e o direito de certidão. Somente para relembrar: Art. 5º, XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; Já os remédios judiciais são os instrumentos que possibilitam que alguém exerça seu direito, mas deve-se recorrer ao Poder Judiciário. Assim, eles são ações específicas para que alguém alcance ou exerça algum direito que possui e que está sendo violado. Os remédios judiciais previstos na CF são os seguintes: CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 3 x Habeas Corpus (HC), x Habeas Data (HD), x Mandado de Segurança (MS), x Mandado de Segurança Coletivo (MSC), x Ação Popular (AP) e o x Mandado de Injunção (MI). Vamos estudar agora cada um deles. Mas somente para que fique mais claro, quando falamos de esfera judicial e esfera administrativa, é bastante interessante que você entenda perfeitamente o que isso significa: CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 4 II. ESFERA JUDICIAL E ADMINISTRATIVA Quando falamos em esfera administrativa, estamos falando em ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ou seja, os órgãos públicos em geral, como a Receita Federal, INSS, CGU, DETRAN, Ministérios etc. Já quando falamos em esfera judicial, estamos nos referindo especificamente ao Poder Judiciário exercendo sua função típica. Duas considerações: 1- Um Tribunal, se estiver exercendo a atividade típica do Poder Judiciário, ou seja, provendo a prestação jurisdicional, será considerado esfera judicial. No entanto, se o mesmo Tribunal estiver exercendo atividade tipicamente administrativa (ex. realizando uma licitação), será considerado esfera administrativa. 2- Para facilitar a divisão dos trabalhos, o Poder Judiciário (enquanto função típica) é dividido em duas grandes áreas: civil e penal. Tanto a esfera civil quanto a penal são parte do Poder Judiciário (na esfera judicial). Guarde essas informações, pois serão importantes para daqui a pouco. Esquematizando: x Diferenças entre Direitos, Garantias e Remédios Constitucionais o Direitos: bens e vantagens prescritos na CF o Garantias: Instrumentos que asseguram o exercício dos direitos. o Remédios: Espécie de garantia • Remédios • Administrativos - Direito de certidão - Direito de petição • Judiciais - Habeas Corpus (HC) - Habeas Data (HD) - Mandado de Segurança (MS) - Mandado de Segurança Coletivo (MSC) - Ação Popular (AP) - Mandado de Injunção (MI) o Esfera - Judicial - Civil - Penal - Administrativa CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 5 III.HABEAS CORPUS (HC) A Constituição dispõe em seu art. 5º, LXVIII: “conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”. Assim, o habeas corpus é uma ação usada para proteger o direito de ir e vir, o direito de liberdade. Os dois marcos históricos dessa ação são datados de 1215 com o Rei João Sem Terra e de 1679 com o Habeas Corpus Act. O HC é uma ação penal (lembre-se: dentro da esfera judicial e, dentro dessa, da área penal) e de procedimento especial. Justamente por proteger um dos direitos mais críticos do ser humano, a liberdade, o HC é uma ação de procedimento mais rápido do queas ações comuns (rito sumário). Essa ação possui algumas figuras importantes: i. Quem entra com a ação. ii. Contra quem se entra com a ação. iii. Em favor de quem se entra com a ação, ou seja, quero proteger a liberdade de quem?. Cada uma dessas figuras possui um nome diferente e algumas características e são importantes para a sua prova. Vamos a elas. 1. IMPETRANTE O impetrante é o nome de quem entra com a ação, é o legitimado ativo para entrar com o habeas corpus. Assim, pode-se entrar com habeas corpus para proteger o direito de liberdade próprio ou de terceiros. Além disso, qualquer pessoa (é qualquer pessoa mesmo!) pode entrar com essa ação: pessoa física, jurídica, nacional, estrangeira, capaz ou não, Ministério Público... Assim, um menor de idade ou um deficiente mental podem impetrar um habeas corpus. Dica: Em direito, quem pode entrar com a ação se chama legitimado ativo e contra quem se entra com a ação se chama legitimado passivo. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 6 Na ação do habeas corpus, como o direito protegido é um direito altamente sensível, existem exceções a algumas regras adotadas pelo Poder Judiciário. Observe: a) Uma regra em direito é que “o Poder Judiciário não pode dar o que a pessoa não pede” (vinculação ao pedido). Observe o art. 2º do Código de Processo Civil: “Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e forma legais.” Assim, se alguém tem direito a 10, mas, ao entrar no judiciário, só pede 2, essa pessoa só poderá ganhar 2 (aquilo que pediu). No entanto, no habeas corpus, o juiz pode agir de ofício (por conta própria) e conceder o HC mesmo sem ninguém ter pedido. b) Outra regra em direito é que as partes devem ser sempre representadas por advogado, pois este é o único que tem a capacidade postulatória (capacidade de agir em juízo). No entanto, para amplificar a proteção à liberdade, no HC, não se precisa de advogado. c) Mais uma importante regra em direito é que devem ser cumpridas várias formalidades processuais e instrumentais. Como exemplo, observe o art. 282 do Código de Processo Civil (não precisa saber esse artigo para a sua prova de Direito Constitucional, ok? É só para exemplificar): Art. 282. A petição inicial indicará: I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida; II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido, com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - o requerimento para a citação do réu. No habeas corpus, não existe qualquer formalidade processual ou instrumental. Pode-se entrar com a petição inicial escrita em um “papel de pão”, que ela deverá ser analisada pelo Poder Judiciário. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 7 2. PACIENTE O paciente é a pessoa em favor de quem se entra com o habeas corpus. Como paciente, só se admite que sejam pessoas físicas (pessoas de carne e osso). Assim, não cabe o HC para proteger pessoa jurídica, pois o direito de liberdade não se aplica a elas. x Exemplificando: pessoa jurídica “Coca-Cola”. o Quem tem direito à liberdade é o “diretor” da empresa (pessoa física) e não a “Coca-Cola” (pessoa jurídica). o Quem pode ir e vir é um “funcionário” da fábrica (pessoa física) e não a “Coca-Cola” (pessoa jurídica). Entenderam porque o direito de liberdade / ir e vir não se aplica às pessoas jurídicas? Cabe ressaltar que as pessoas jurídicas podem cometer crimes (ambientais, por exemplo), mas não podem ser apenadas com o cerceio da liberdade (HC 92.921/BA). 3. IMPETRADO O impetrado é o legitimado passivo da ação, ou seja, contra quem se entra com a ação. O legitimado passivo pode ser autoridade pública que cometa ilegalidade ou abuso de poder ou o particular que cometa ilegalidade. Assim, observe que o HC pode ser impetrado contra PARTICULAR para cessar uma coação ilegal! Exemplo 1: retenção ilegal de paciente em hospital particular em que se encontra internado até que seja paga a conta. Cabe o HC, pois a retenção é ilegal e lesa o direito de ir e vir. Exemplo 2: retenção, pelo empregador, de trabalhador em imóvel rural para pagamento de eventuais dívidas. Também cabe o HC, pois a retenção é ilegal e lesa o direito de ir e vir. Não confundir o HC impetrado contra particular com Mandado de Segurança contra particular no exercício de função pública (a ser estudado mais à frente). CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 8 Esquematizando: HABEAS CORPUS (HC) x art. 50, LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; x Direito protegido: Ir e vir direito de 1a geração x Origem - 1215 – Rei João-Sem-Terra - 1679 – habeas corpus act x Natureza: Penal e procedimento especial (Alexandre de Moraes) x Impetrante - Quem entra com a ação (Legitimado - Para si ou 3º ativo) - Qualquer um - Pessoa física ou jurídica - Nacional ou estrangeiro - MP - Capaz ou não - Juiz concede de ofício - Não precisa de advogado - Não tem qualquer formalidade processual ou instrumental x Paciente - Pessoa em favor da qual se entra com HC - Somente pessoa física - Não cabe HC para proteger pessoa jurídica - Pessoa jurídica comete crime (ambiental), mas não pode ser apenada com cerceio da liberdade (HC 92.921/BA) x Impetrado - Autoridade coatora (Legitimado - Pode ser - Pública – ilegalidade ou abuso de poder Passivo) - Particular - ilegalidade Pode ser impetrado contra PARTICULAR para cessar uma coação ilegal!!! Ex: hospital psiquiátrico Ex: retenção de paciente em hospital particular em que se encontra internado até que seja paga a conta Ex: a retenção, pelo empregador, de trabalhador em imóvel rural para pagamento de eventuais dívidas. Não confundir o HC impetrado contra particular com Mandado de Segurança contra particular no exercício de função pública CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 9 4. OUTRAS CARACTERÍSTICAS DO HABEAS CORPUS O habeas corpus pode ser usado para proteger a liberdade de alguém antes ou depois desse direito ser indevidamente violado. Assim, se alguém já teve sua liberdade indevidamente restrita, o HC se chama repressivo ou liberatório. Por outro lado, quando alguém está prestes a ter sua liberdade indevidamente violada, o HC será chamado de preventivo ou salvo conduto. Além disso, é cabível desistência do HC. Para garantir uma maior proteção a esse direito sensível, o HC é sempre gratuito e é cabível contra ato omissivo ou comissivo. Um ato omissivo é uma omissão, um não fazer, um ato negativo. Já o ato comissivo é um agir, um fazer, um ato positivo. x Exemplo de ato comissivo: uma ordem de prisão ilegal expedida por um juiz; x Exemplo de ato omissivo: um juiz que deveria mandar soltar alguém e não o faz, mantendo alguém preso ilegalmente. Outra informação importante é que o habeas corpus é cabível contra ofensa direta ou indireta ao direito de liberdade (lembre-se: a ideia é que esse direito seja protegido da forma mais ampla possível). x Ofensa direta: quando um ato atenta diretamente contra a liberdade de alguém. Ex: uma ordem de prisão irregular. x Ofensa indireta: quandoum ato não restringe diretamente a liberdade, mas pode levar, futuramente, à violação indevida. Ex: um inquérito policial ou uma ação penal que possuem algum vício. Eles não atingem diretamente a liberdade, mas se forem levadas adiante com o vício podem, futuramente, atingi-la de forma indevida. Dessa forma, cabe HC para trancar ação penal ou inquérito policial; não se depor em CPI; impugnar quebra de sigilo telefônico e de dados ou quebra de sigilo bancário, desde que se esteja em âmbito criminal e se possa reflexamente culminar na restrição da liberdade. Por outro lado, se a quebra do sigilo bancário estiver em âmbito administrativo, não cabe HC uma vez que esse procedimento não poderá atingir a liberdade de alguém. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 10 Esquematizando: x Espécies de HC - Repressivo ou liberatório - Preventivo ou salvo conduto x Gratuito x Cabe contra ato comissivo ou omissivo x Cabe desistência xDIRETA x INDIRETA, - Trancar ação penal ou inquérito policial REFLEXA OU - Não depor em CPI POTENCIAL - Impugnar quebra do sigilo telefônico/dados - Impugnar quebra de sigilo bancário Âmbito criminal e puder reflexamente culminar na restrição da liberdade: Cabe HC Âmbito administrativo: Não cabe HC 5. LIMINAR/CAUTELAR EM HABEAS CORPUS Meu amigo e futuro Analista do Banco Central, você concorda que, em regra, julgar uma ação nem sempre é uma coisa rápida? Veja bem: o juiz tem que ouvir as partes, produzir as provas necessárias, ouvir as testemunhas etc. Uma ação no judiciário geralmente é bastante trabalhosa e demorada. No entanto, existem situações em que a prestação jurisdicional deve ser feita imediatamente e, se não o for, o direito vai se perder. Para esses casos, existe o instituto da liminar ou cautelar. Imagine a seguinte situação: um aluno que acabou de passar no vestibular está sendo indevidamente impedido de realizar a matrícula em uma universidade pública. Ora, se ele não realizar a matrícula imediatamente, o semestre começará e o aluno ficará prejudicado. De nada adiantaria que o juiz desse ganho de causa a esse aluno daqui a um ano. Mesmo tendo ganhado a ação, ele já teria perdido um ou dois semestres de qualquer forma. Po de se r i m pe tr ad o co nt ra o fe ns a ao d ire ito d e lo co m oç ão CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 11 Por outro lado, o Poder Judiciário não pode julgar uma causa às pressas, sem o devido cuidado. Nesses casos, o juiz concede a liminar (ou cautelar). É como se o juiz falasse assim: “vá exercendo o direito enquanto eu julgo melhor a ação”. Importante ressaltar que a concessão da liminar não significa que a pessoa já ganhou a ação. O julgamento pode ser contrário ou a favor de quem ganhou a liminar. Importante ressaltar também que, para que seja concedida a cautelar, em qualquer ação do judiciário, são necessários dois requisitos: x Periculum in mora ou perigo na demora: para que seja concedida a liminar, é fundamental que haja o perigo na demora, em outras palavras, se o judiciário não decidir agora, não adianta mais (o direito terá perecido). x Fumus boni juris ou fumaça do bom direito: para que seja concedida a cautelar, é necessário também que a pessoa “pareça estar certa”. Assim, não é necessário que a causa seja julgada nos mínimos detalhes, mas é preciso que, o ganhador da liminar aparentemente tenha razão. Explicado o que é uma cautelar, você deve saber que é possível a concessão de liminar na ação do habeas corpus, desde que estejam presentes os dois requisitos: periculum in mora e o fumus boni juris. 6. HIPÓTESES ONDE NÃO CABE HABEAS CORPUS Muitas questões de prova podem ser resolvidas com duas simples regrinhas e que já não são mais novidade para nós: 1- Somente cabe HC para proteger o direito de liberdade e, se não há violação ao direito de liberdade, não caberá o habeas corpus. 2- Somente cabe HC se a restrição de liberdade for irregular. Se a prisão ou o procedimento forem legais, obviamente não caberá HC. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 12 Assim, com essas duas regrinhas, você será capaz de resolver praticamente todas as questões de prova sobre o cabimento ou não de habeas corpus. O esquema abaixo traz as questões mais comuns de prova: - Impeachment por crime de responsabilidade – decisão política e não põe em risco o direito de ir e vir - Determinação de suspensão de direitos políticos – não afeta o direito de liberdade - Decisão ADMINISTRATIVA de caráter disciplinar (advertência, suspensão...) ou para trancar o processo administrativo (HC 100.664/DF) – não afeta o direito de liberdade - Decisão condenatória à pena de MULTA – não afeta o direito de liberdade - Decisão em processo criminal onde a pena de multa é a única cominada – não afeta o direito de liberdade - (Súmula 693) - Quebra de sigilo telefônico, bancário ou fiscal se NÃO puder resultar em pena privativa de liberdade - Condenação criminal quando já extinta a pena privativa de liberdade (Súmula 695) – não afeta o direito de liberdade - Questionar - Afastamento ou perda de cargo público - Exclusão de militar - Perda de patente ou função pública - Sequestro de bens imóveis - Dirimir controvérsia de guarda de filhos menores - Inquérito policial, desde que presentes os requisitos legais (indícios de autoria e materialidade) - Para tutelar direito de reunião – não afeta o direito de liberdade - Discutir o mérito de punições disciplinares militares - Cabe o HC para discutir a legalidade (HC 70.648/RJ) - Como sucedâneo da revisão criminal (não pode ser usado para desfazer sentença transitada em julgado) - Decisões do STF (turmas ou plenário) – eles representam o próprio STF Regra 1- Se não ameaça a LIBERDADE: NÃO CABE HC 2 - Se a prisão ou o procedimento que possa levar à prisão forem legais / regulares: NÃO CABE HC N ão c ab e HC c on tr a CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 13 7. PRINCIPAIS COMPETÊNCIAS PARA JULGAMENTO DE HC Via de regra, as competências para julgamento da ação do habeas corpus são em razão da autoridade coatora, ou seja, quem julga a ação depende do legitimado passivo (do impetrado). As competências para julgamento do habeas corpus estão previstas nos artigos. 102, 105, 108, 109 e 121 da Constituição e, infelizmente, não conheço uma maneira diferente de estudá-las a não ser o bom e glorioso “decoreba”. Vamos aos esquemas para facilitar a nossa vida: x Principais competências para julgamento de HC o Regra: é de acordo com a autoridade coatora, mas há exceções o Arts. 102 + 105 + 108 + 109 +121 - Quando o - Presidente da República PACIENTE for - Vice-Presidente da República - Membros do CN (deputados e senadores) - Ministros do STF - Pocurador-Geral da República - Ministro de Estado ou Comandantes das Forças Armadas - (aqui é paciente. Se for coator será o STJ) - Membros dos - Tribunais Superiores - TCU - Chefes missão diplomática de caráter permanente - Quando o - COATOR for Tribunal Superior - COATOR ou PACIENTE for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do STF ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; HC decidido em única instância por Tribunal Superior e a decisão for DENEGATÓRIA Originária STF Em recurso ordinárioCURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 14 - quando o COATOR - Governador ou PACIENTE for - Desembargador de TJ Estadual - Membros de - TCE - TRF - TRE - TRT - TC dos M - MPU que oficiem perante os tribunais - quando o COATOR - Tribunal sujeito à jurisdição do STJ - MinE, Comandante das forças armadas - (aqui é coator. Se for paciente será o STF) - Ressalvada a Justiça Eleitoral - HC decidido em única ou última instância pelos TRFs ou TJ Estaduais, quando a decisão for DENEGATÓRIA quando o COATOR for Juiz Federal decisão de Juiz Federal ou Juiz Estadual no exercício da competência federal Julgar HC em matéria criminal de sua competência ou quando constrangimento vier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição 9 Entre outros (art. 121, §§ 3º e 4º, V + 105, I, “c”: justiça eleitoral) Originária STJ Em recurso ordinário TRF Originária Em recurso ordinário Juiz Federal CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 15 IV.HABEAS DATA (HD) Meus futuros Analistas do Banco Central, a Constituição dispõe em seu art. 5º, LXXII - conceder-se-á "habeas-data": a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo. O Habeas data foi adotado pela Constituição de 1988, principalmente, para solucionar um problema bastante comum na época da ditadura militar: as pessoas não tinham acesso às informações que os bancos de dados públicos possuíam sobre elas e, quando tinham o acesso, muitas vezes não conseguiam retificar a informação, caso ela estivesse errada. O HD é um remédio eminentemente democrático e veio para que o indivíduo pudesse ter conhecimento e/ou consertar as informações que o poder público possui sobre ele. Combinando a letra da Constituição com a lei sobre o habeas data (lei nº 9.507/97), o HD se presta para: 1- ACESSAR informações relativas à pessoa do impetrante constante de banco de dados público ou de caráter público. Assim, a primeira função do habeas data é que o indivíduo tenha acesso às informações que um banco de dados possui sobre ele. O referido banco de dados pode ser público, ou seja, do governo, ou ter caráter público. Assim, cabe habeas data para que se tenha acesso a um banco de dados particular, mas que possui caráter público (Ex: SPC/SERASA). Por outro lado, se o banco de dados for privado e não possuir caráter público, não caberá HD para que se tenha acesso a ele. 2- RETIFICAR dados quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 16 Caso a pessoa tenha acesso ao banco de dados, mas não consiga corrigir as informações que porventura estejam equivocadas, também caberá o habeas data. 3- COMPLEMENTAR anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro, mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável (art. 7º, III da Lei no 9.507/97). 1. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE O HABEAS DATA Assim como o habeas corpus, o habeas data também é gratuito. Além disso, o HD terá sempre natureza individual e civil (enquanto o HC é penal), ou seja, não cabe HD coletivo. Devemos ter em mente que o habeas data ainda é diferente dos direitos de certidão e de petição. Dessa feita, ele não serve para se obter uma declaração ou mesmo para pedir algum direito, como é o direito de certidão e petição. O HD se presta para acessar, retificar ou complementar informações relativas à pessoa do impetrante, que estejam em um banco de dados públicos ou de caráter público. Precisa-se de advogado para se entrar com a referida ação e o Estado pode negar as informações por razões de segurança da sociedade e do Estado. Além disso, o HD não pode ser usado com o simples intuito de se ter acesso a autos de processos administrativos e o impetrante não precisa demonstrar interesse nenhum ou para que as informações servirão. 2. LEGITIMIDADE ATIVA Pode entrar com o habeas data qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira que pretenda acessar, retificar ou complementar informações relativas à sua pessoa constantes de banco de dados público ou de caráter público. Em regra, esta ação é personalíssima, ou seja, somente pode entrar com o HD no Poder Judiciário o titular do direito (o dono do direito). No entanto, excepcionalmente, o cônjuge e os herdeiros do falecido podem impetrá-lo quando se pretende acessar, retificar ou complementar informações relativas a pessoas já falecidas. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 17 Ao contrário do Habeas Corpus, para se impetrar um Habeas Data, é necessário um advogado. 3. LEGITIMIDADE PASSIVA O legitimado passivo do habeas data (contra quem se entra com a ação) é a pessoa jurídica de direito público ou privado que controla o banco de dados. 4. NECESSIDADE DE RECUSA NA VIA ADMINISTRATIVA O princípio do livre acesso ao Judiciário garante que, em regra, não é necessário que se entre na via administrativa para que se possa entrar no Poder Judiciário. Dessa forma, a regra é que, independentemente do pedido administrativo, pode-se entrar direto no Judiciário para a defesa de direitos. No entanto, o habeas data é uma exceção a essa regra: é necessário que, antes de se entrar com HD, haja a recusa na via administrativa. Isso ocorre porque não existe a menor lógica em se provocar o Poder Judiciário antes mesmo de se ter a negativa na via administrativa (antes de haver a violação ao direito). Esquematizando: HABEAS DATA (HD) x Art. 50 LXXII - conceder-se-á "habeas-data": a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo. x HD serve para: I – ACESSAR informações relativas à pessoa do impetrante constante de banco de dados público ou de caráter público o O banco de dados tem que ter CARÁTER PÚBLICO (SPC/SERASA) – se for para uso próprio da empresa e não transmitida para terceiros NÃO CABE HD CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 18 II – RETIFICAR dados quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo o Retificação - Processo sigiloso - Judicial - Administrativo - HD III – COMPLEMENTAR anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro, mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável (art. 70, III da Lei no 9.507/97) o Gratuito o Natureza - Individual – Não existe HD coletivo - Civil (enquanto HC é penal) o HD é diferente de obter certidões ou direito de petição o Não serve para pleitear acesso a autos de processo adm o Precisa de advogado (enquanto o HC não precisa) o Não é absoluto: segurança da sociedade e do Estado x Legitimidade - QUALQUER pessoa - Nacional ou estrangeira Ativa - Física ou jurídica - Regra: Personalíssima (só pode ser impetrada pelo titular) - Exceção: Cônjuge e herdeirosdo falecido podem entrar com HD - Precisa de Advogado (HC não precisa) x Legitimidade passiva: Pessoa jurídica de direito público ou privado que controla o banco de dados x Necessário 1o haver recusa na via adm ao - Acesso dos dados - Retificação das informações - Complementação de informações (Anotação nos assentamentos...) In fo rm aç õe s G er ai s CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 19 V. MANDADO DE SEGURANÇA (MS) Meu caro aluno e futuro Analista do Banco Central, a Constituição dispõe em seu art. 5º, LXIX: “conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;” Para melhor entendermos o MS, devemos seguir quatro passos: PASSO 1: O mandado de segurança se presta a proteger o direito líquido e certo (é aquele direito demonstrado de plano, de pronto). Além disso, como regra no direito, dentro do processo pode-se produzir provas, tais como realização de perícias, audiências, ouvir testemunhas, acareações e etc. O nome que se dá a essa produção de provas no decorrer do processo é dilação probatória. No entanto, no mandado de segurança o rito é um pouco diferente: não existe a dilação probatória. Isso quer dizer que, via de regra, não se produz provas no processo do mandado de segurança e, por isso, as provas devem ser levadas aos autos no momento da impetração do MS (as provas devem ser pré constituídas). Outra observação importante é que o direito tem que ser líquido e certo em relação à matéria de fato. Já a matéria de direito, por mais complexa que seja, pode ser analisada em mandado de segurança. Assim, a expressão "direito líquido e certo" pressupõe a incidência da regra jurídica sobre fatos incontroversos e a complexidade da questão jurídica envolvida não pode constituir empecilho à admissão do MS. Exemplo: imagine só que um juiz receba uma causa bastante complicada, que envolve a aplicação de várias leis, várias normas e vários princípios. Ou seja, a causa é juridicamente muito complexa. Nesse caso, caso o direito seja líquido e certo, o juiz deve sim julgar o Mandado de Segurança e não pode alegar que a complexidade jurídica impede o julgamento do MS. PASSO 2: o direito (que é líquido e certo) não pode ser amparado por habeas corpus ou habeas data. Dessa forma, caso se queira entrar com uma ação para proteger o direito de liberdade de alguém, não caberá o MS, CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 20 pois o remédio correto é o habeas corpus. Igualmente, caso se deseje ter acesso, retificar ou complementar informações relativas à pessoa do impetrante em bancos de dados públicos ou de caráter público também não caberá o mandado de segurança, pois o remédio correto é o habeas data. Assim, diz-se que o mandado de segurança é residual ou subsidiário. PASSO 3: O coator deve ser autoridade pública ou particular no exercício de atribuições do poder público. Dessa feita, não cabe MS contra atos de particulares (salvo se estiverem exercendo atividade pública). PASSO 4: o poder público ou o particular no exercício de atividade pública devem ter cometido ilegalidade ou abuso de poder. Obviamente, se os atos dos referidos agentes estiverem de acordo com o ordenamento jurídico, não caberá o mandado de segurança. Cabe ainda o MS contra ato comissivo (uma ação / um ato positivo) ou omissivo (uma não ação / um ato negativo) e contra atos vinculados ou discricionários. 1. INFORMAÇÕES GERAIS Assim como o habeas corpus, cabe mandado de segurança contra LESÃO a um direito liquido e certo ou contra uma AMEAÇA de lesão. Assim, o MS poderá ser repressivo ou preventivo. A natureza do mandado de segurança será sempre civil, independente de qual seja o ato impugnado (civil, penal ou administrativo). Assim, caso seja impugnado um ato administrativo, a natureza do MS será civil. Caso seja contestado um ato judicial civil, a natureza do MS também será civil e caso seja impugnado um ato judicial penal, a natureza do MS também será civil (siga a regra). Além disso é sempre necessário o advogado, o mandado de segurança admite desistência, não é gratuito, e a parte vencida não é condenada a pagar honorários advocatícios (STF súmula 512). O MS possui ainda um prazo decadencial de 120 dias da ciência da lesão ou ameaça para que seja impetrado. Decorrido este tempo, a ação não mais poderá ser proposta, devendo o autor buscar seu direito por outros meios. Esquematizando: CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 21 MANDADO DE SEGURANÇA (MS) x LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público; x MS serve para: 1. Proteger direito líquido e certo (demonstrado de plano) Não precisa dilação probatória As provas devem ser pré-constituídas – levadas aos autos no momento da impetração O direito tem que ser líquido e certo sobre matéria de FATO x A matéria de direito, por mais complexa que seja, pode ser analisada em MS 2. O direito (líquido e certo) não pode ser amparado por HC ou HD MS é residual – subsidiário 3. Quando o responsável (coator) for - Autoridade pública - Particular no exercício de atribuições do poder público Não cabe MS contra particular salvo se estiver exercendo atividade pública 4. E que cometa ilegalidade ou abuso de poder Cabe MS contra ato - Comissivo ou omissivo - Vinculado ou discricionário ¾ Informações Gerais x MS pode ser - Repressivo - Preventivo x Natureza - Civil qualquer que seja o ato impugnado (civil, penal, adm...) - Residual / Subsidiário – o que não for de HC ou de HD. x Não é gratuito x Precisa de advogado x Cabe desistência x A parte vencida não é condenada a pagar honorários advocatícios (STF súmula 512) x Prazo - 120d da ciência da lesão ou ameaça - Decadencial CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 22 2. LEGITIMADO ATIVO O legitimado ativo (quem pode entrar com a ação) do mandado de segurança é o detentor do direito líquido e certo. De tal modo, estão englobados os seguintes: pessoas físicas e jurídicas, órgãos públicos despersonalizados com capacidade processual (como as Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e chefias do Executivo), universalidades de bens e direitos que não possuem personalidade, mas possuem capacidade processual (espólio, massa falida, condomínio), agentes políticos, Ministério Público e órgãos públicos de grau superior na defesa de suas atribuições. 3. LEGITIMADO PASSIVO O legitimado passivo do mandado de segurança (contra quem se entra com o MS) é a autoridade coatora, ou seja, quem praticou o ato ilegal. Melhor falando, não é o executor do ato em sentido estrito, mas sim quem detém o poder para corrigi-lo. Caso tenha havido delegação para a execução de algum ato, o sujeito passivo será sempre a autoridade DELEGADA e nunca o delegante (quem delegou). De igual modo, o foro também será o da autoridade delegada. Por exemplo: caso o Presidente da República tenha delegado algum ato para um Ministro de Estado e este o execute cometendoilegalidade ou abuso de poder, será cabível mandado de segurança contra o Ministro de Estado e não contra o Presidente da República, bem como o foro de julgamento será o do Ministro de Estado e não o do Presidente da República. 4. OBJETO DO MANDADO DE SEGURANÇA Agora que já estudamos o que é, para que serve, como funciona e quais são os legitimados do mandado de segurança, vamos estudar o seu objeto, ou seja, contra o que cabe e contra o que não cabe o mandado de segurança. x Decisão judicial Antes de adentrarmos nesse assunto, devemos saber quais são os efeitos dos recursos nas decisões judiciais. O recurso de uma decisão judicial tem efeito suspensivo quando a sua interposição implicar a suspensão ou paralisação da execução da sentença, até que o recurso interposto seja julgado. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 23 Por outro lado, o recurso terá efeito devolutivo quando o autor devolve a matéria para ser reanalisada por tribunal de instância superior. Contudo, o efeito devolutivo não obsta o prosseguimento da execução, assim, a ação continua correndo enquanto o recurso não é julgado. Assim, caberá mandado de segurança contra decisão judicial que não possua outro meio eficaz de sanar a lesão, ou seja: cabe MS contra decisão judicial da qual não cabe recurso ou se o recurso tiver efeito devolutivo. Por outro lado, não cabe mandado de segurança para atacar decisão judicial se existe outro meio eficaz de sanar a lesão, ou seja, não cabe MS contra decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo. De igual modo, também não cabe MS contra decisão judicial transitada em julgado, em respeito à segurança jurídica. Caso se queira desfazer a coisa julgada, o meio correto é a ação rescisória (em âmbito civil) ou a revisão criminal (em âmbito penal). x MS em face de diretor de estabelecimento de ensino: Cabe MS, pois este é agente de Pessoa Jurídica exercendo atividade pública. x MS contra lei: em regra, não cabe MS contra lei em tese (para isso serve a ação direta de inconstitucionalidade). No entanto, excepcionalmente, cabe MS contra lei de efeitos concretos. Uma lei em tese é um ato normativo (que regula a vida das pessoas) que possui generalidade, abstração e não possui um destinatário certo e determinado. Quando analisamos uma lei em tese, quer dizer que olhamos diretamente para o texto da lei. Não existe um caso concreto. Por exemplo: "matar alguém é crime". Estamos aqui olhando diretamente para o texto da lei. Ninguém matou ninguém ainda. Não é preciso que alguém mate outra pessoa para que o ato seja considerado crime, ou seja: NÃO É PRECISO CASO CONCRETO. No entanto, quando alguém matar alguém (quando o sair do mundo das ideias e for para o mundo real), isso será considerado um crime e o caso concreto vai se encaixar no texto da lei. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 24 Já a lei de efeitos concretos é uma lei que possui destinatário certo e determinado. Ela é considerada por muitos autores um ato administrativo. Veja alguns exemplos de leis de efeitos concretos: - Ex: lei 12.391 art. 10 - Inscrevam-se no Livro dos Heróis da Pátria, depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade, em Brasília, os nomes dos heróis da "Revolta dos Búzios" João de Deus do Nascimento, Lucas Dantas de Amorim Torres, Manuel Faustino Santos Lira e Luís Gonzaga das Virgens e Veiga. - Ex: leis de tombamento; lei que institui uma autarquia ou autoriza a criação de empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação pública. Como vimos, o mandado de segurança serve para proteger um direito subjetivo. Se analisamos uma lei em tese, não existe um caso concreto não havendo, portanto, um direito subjetivo a ser protegido. É por isso que não cabe MS contra lei em tese e cabe MS contra lei de efeitos concretos. x Pagamento a servidor: Cabe mandado de segurança, mas somente para as parcelas após a sua impetração. Dessa forma, as parcelas anteriores devem ser pedidas pela ação própria (ação de cobrança), uma vez que o mandado de segurança não substitui a ação de cobrança. x Atos interna corporis: Para efeitos de prova, considere os atos interna corporis como sendo os atos internos das Casas Legislativas, como os Regimentos Internos da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional. Assim, não cabe MS contra atos interna corporis, sob pena de violação à separação dos poderes. Essa é uma exceção ao princípio da inafastabilidade da jurisdição. Mas atenção: se o ato ferir, ao mesmo tempo, a Constituição Federal, caberá intervenção do Judiciário. x Atos de gestão comercial praticados pelos administradores de Empresas públicas, Sociedades de Economia Mista e Concessionárias de serviços públicos: Não cabe MS uma vez que CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 25 esses atos, apesar de terem sido praticados por agentes públicos, são atos de caráter eminentemente privado. x Ato disciplinar: não cabe MS, salvo se feito por autoridade incompetente ou com vício no processo. Esquematizando: - Detentor do direito líquido e certo - Pessoas físicas e jurídicas - Órgãos públicos despersonalizados com capacidade processual (Mesas CD e SF, chefias do Executivo) x Legitimado ativo - Universalidades de bens e direitos (espólio, massa falida, do MS condomínio) • Não possuem personalidade, mas possuem capacidade processual - Agentes políticos - MP - Órgãos públicos de grau superior na defesa de suas atribuições x Legitimidade passiva: autoridade coatora (quem praticou o ato) o Não é o executor (strictu sensu) e sim quem tem o poder para corrigir o ato o O sujeito passivo será sempre a autoridade DELEGADA e nunca o delegante Súmula 510 STF O foro será o da autoridade DELEGADA x Objeto do Mandado de Segurança 1. MS contra - Cabe MS - Se não couber recurso decisão judicial - Se o recurso for apenas devolutivo - Não cabe MS - Quando cabe recurso com efeito suspensivo - Contra decisão judicial transitada em julgado Esta deve ser atacada por ação rescisória (civil) ou revisão criminal (penal) Efeito devolutivo: o autor devolve a matéria para ser reanalisada por tribunal de instância superior. Contudo, o efeito devolutivo não obsta o prosseguimento da execução, assim, a ação continua correndo enquanto o recurso não é julgado. Efeito suspensivo - Para o Direito Processual, é a suspensão ou paralisação da execução da sentença, até que o recurso interposto seja julgado. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 26 2. MS em face de diretor de estabelecimento de ensino: Cabe MS Agente de Pessoa Jurídica exercendo atividade pública 3. MS contra lei - Regra: Não cabe MS contra lei em tese (para isso serve Adin) - Exceção: Cabe MS contra lei de efeitos concretos x Ex: lei 12.391 art. 10 - Inscrevam-se no Livro dos Heróis da Pátria, depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade, em Brasília, os nomes dos heróis da "Revolta dos Búzios" João de Deus do Nascimento, Lucas Dantas de Amorim Torres, Manuel Faustino Santos Lira e Luís Gonzaga das Virgens e Veiga. x Ex: leis de tombamento; lei que institui uma autarquia ou autoriza a criação de empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação pública. 4. Pagamento a servidor – Cabe MS Mas só para as parcelas após a impetração (STF súmula 271) As anteriores devem ser pela ação própria (ação de cobrança) x MS não serve- Não substitui a ação de cobrança (STF súmula 269) para cobrar - Não pode ser sucedâneo da ação de cobrança 1. Atos interna corporis – atos internos das casas legislativas (regimentos internos) o Sob pena de violação à separação dos poderes o Exceção ao princípio da inafastabilidade da jurisdição o OBS: se o ato ferir junto a CF caberá intervenção do Judiciário 2. Lei em tese o STF Súmula 266 o Salvo se a lei tiver efeitos concretos – Cabe MS 3. Atos de gestão comercial - Empresas públicas praticados pelos administradores de - Sociedades de Economia Mista - Concessionárias de serviços públicos 4. Ato disciplinar, salvo se feito por autoridade incompetente ou com vício no processo 5. Ato Judicial - Passível de recurso com efeito suspensivo - Transitado em julgado (este deve ser atacado por ação rescisória ou revisão criminal) N ão c ab e M S co nt ra CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 27 5. MINISTÉRIO PÚBLICO E O MANDADO DE SEGURANÇA Nas ações do mandado de segurança, o Ministério Público deve sempre ser intimado. Além disso, ele deve agir como o fiscal da lei (e não defendendo a autoridade coatora), participando efetivamente e manifestando sua opinião nos autos. 6. LIMINAR EM MANDADO DE SEGURANÇA Assim como no habeas corpus, é cabível a liminar em mandado de segurança, desde que haja os requisitos: fumus boni juris e o periculum in mora. Além disso, o juiz pode deferir caução, fiança ou depósito para a concessão da liminar. Essa exigência serve para ressarcir o poder público se o MS for julgado improcedente e houver danos ao patrimônio público. 7. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO OBRIGATÓRIO PARA SENTENÇAS CONCESSIVAS DE SEGURANÇA Meus caros Analistas do Banco Central, em regra, as ações são julgadas em primeira instância pelo Poder Judiciário nos juízos singulares. Isso significa que, normalmente, quando se entra com uma ação no Judiciário, essa ação será julgada por um juiz monocrático (que julga sozinho). Depois de ser julgada pelo juiz singular, caso alguma das partes recorra, a ação será julgada em segunda instância pelo Tribunal, que é um órgão composto por mais de um julgador (órgão colegiado). Dessa forma, garante- se que a sentença proferida pelo juiz singular esteja correta, livre de vícios, pois a causa estará sendo reanalisada por um grupo de pessoas (e é mais fácil que uma pessoa sozinha erre do que um grupo de pessoas o faça). A essa possibilidade de se ter a sentença revista por um Tribunal colegiado para garantir que a mesma esteja livre de vícios, dá-se o nome de DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO. Pois bem. Acompanhe agora o raciocínio: 1) O mandado de segurança é impetrado sempre contra a autoridade pública (ou contra o particular no exercício de atribuições do poder público). CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 28 2) Quando o autor ganha a ação (consequentemente, o Estado perde), a sentença é chamada de concessiva de segurança. 3) Quando o autor perde a ação (consequentemente o Estado ganha), a sentença é chamada de denegatória de segurança. Como o MS é impetrado contra autoridade pública, a Constituição prevê um mecanismo de proteção ao Estado. Esse mecanismo tem como objetivo garantir que as sentenças proferidas contra o Estado estejam livres de vícios/erros. Assim, caso a sentença do MS seja concessiva de segurança (onde o autor ganha e o Estado perde), haverá o duplo grau de jurisdição obrigatório, ou seja, obrigatoriamente, a sentença proferida pelo juiz singular deve ser reanalisada por um Tribunal (colegiado). Isso ocorrerá ainda que o órgão público vencido não apele ou perca o prazo do recurso. Perceberam? Com esse mecanismo, garante-se que todas as decisões em MS onde o Estado perde devem ser reanalisadas pelo Tribunal de segunda instância para garantir que essas sentenças estejam livres de vícios. No entanto, existe uma exceção: caso a sentença tenha sido proferida por TRIBUNAL em sua competência ORIGINÁRIA, o duplo grau de jurisdição não será obrigatório. Você consegue imaginar por quê? Ora, se a sentença foi proferida por um Tribunal, isso significa que ela já foi proferida por um órgão colegiado, onde existe mais de uma pessoa julgando e isso já dá a segurança que o Estado precisa: que a sentença esteja correta. O duplo grau de jurisdição obrigatório não serve para que o Estado fique “enrolando” o cidadão que ganhou a ação, mas sim para garantir a correção das sentenças onde o Estado perdeu. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 29 8. COMPETÊNCIA PARA JULGAR O MANDADO DE SEGURANÇA Em regra, o foro competente para julgar o mandado de segurança será o foro da autoridade coatora, independentemente da matéria que está sendo julgada. Além disso, caso haja mandado de segurança contra atos de tribunais, o julgador será o próprio Tribunal. Assim, uma questão bastante comum em provas de concursos é a Súmula 624 do STF, que diz que o Supremo não tem competência originária para julgar MS contra atos praticados por outros tribunais. Seguindo essa regra, caso haja um MS contra um ato do STJ, por exemplo, o responsável pelo julgamento desse MS será o próprio STJ e não o STF. Atenção: isso não significa que o Supremo não tem competência originária para julgar mandado de segurança. Ele tem sim. Um exemplo é o MS impetrado por parlamentar da Casa onde tramita a Proposta de Emenda à Constituição que tenda a abolir cláusulas pétreas. Assim, o STF tem competência originária para julgar mandado de segurança. O que ele não tem é competência originária em MS contra atos praticados por OUTROS tribunais. Esquematizando: o Regra - OBRIGATÓRIO para sentenças concessivas de segurança - Ainda que o órgão público vencido não apele ou perca o prazo o Exceção: Não há duplo grau de jurisdição obrigatório se a sentença foi proferida por TRIBUNAL em sua competência ORIGINÁRIA o Regra - O foro da autoridade coatora (não depende da matéria) - MS contra atos de tribunais – quem julga é o próprio Tribunal o O STF não tem competência originária em MS contra atos praticados por OUTROS tribunais (STF Súmula 624) o Ex: MS contra ato do Presidente/órgãos internos do STJ é julgado pelo STJ o O STF tem competência originária para julgar MS. Ex: MS de parlamentar para trancar PEC que tenda a abolir cláusulas pétreas C om pe tê nc ia D up lo g ra u de ju ri sd iç ão CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 30 VI.MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO (MSC) O mandado de segurança coletivo está previsto na Constituição no art. 5º, LXX: “o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;” O mandado de segurança coletivo funciona como o mandado de segurança “normal” e as únicas diferenças são o objeto e a legitimação ativa. 1. OBJETO DO MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO O art. 21 da Lei 12.016/2009 estabelece que o mandado de segurança coletivo tem como objeto os interesses coletivos, assim entendidos, os transindividuais (que ultrapassam a pessoa do indivíduo), de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídicabásica. Além desses, também podem ser objeto do MSC os interesses individuais homogêneos, assim entendidos, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante. 2. LEGITIMAÇÃO ATIVA DO MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO Podem propor o mandado de segurança coletivo: 1- Partido político com representação no Congresso Nacional. Para o cumprimento desse requisito, basta que o Partido Político possua um parlamentar em qualquer das Casas do Congresso Nacional: Câmara dos Deputados ou Senado Federal. Assim, este legitimado ativo pode propor o mandado de segurança coletivo na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 31 Para provas de concursos, mais uma informação importante: é vedado mandado de segurança de partido político com vistas a impugnar (contestar) direito individual disponível. Ex: imposto (RE 196.184). 2- Organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano. Esses três legitimados podem propor o mandado de segurança coletivo em defesa de seus membros ou associados e deve sempre haver pertinência temática entre o objeto do MSC e os objetivos institucionais. Além disso, a ASSOCIAÇÃO (e somente esta), para que possa impetrar o mandado de segurança coletivo, deve estar legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano. Consequentemente, o sindicato e a entidade de classe não precisam estar em funcionamento há pelo menos um ano (RE 198.919). Outra observação pertinente é que estes legitimados podem atuar na defesa de PARTE dos membros ou associados (STF Súmula 630). Assim, caso haja um interesse que seja apenas de parte dos associados (somente dos Analistas do Banco Central aposentados, por exemplo), esses três legitimados podem propor o mandado de segurança coletivo, sem problemas. Outra observação: como dito, as associações legalmente constituídas há pelo menos 1 ano e em defesa de seus membros e associados podem impetrar o mandado de segurança coletivo. Nesse caso (e somente nesse), a associação será substituta processual, não precisando de autorização dos associados, bastando uma autorização genérica no estatuto.” Esquematizando: CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 32 MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO (MSC) x LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; x A grande diferença é o objeto e a legitimação ativa – o resto é igual x Objeto: interesses I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante. (art. 21 da Lei 12.016/2009) x Partido político com representação no Congresso Nacional o Basta 1 parlamentar em QUALQUER casa (Câmara dos Deputados ou Senado Federal) o Na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária (art. 21 da Lei 12.016/2009) o VEDADO Mandado de Segurança de partido político com vistas a impugnar direito individual disponível. Ex: imposto (RE 196.184) x Organização sindical – (confederação, federação ou sindicato) Em defesa de seus membros ou associados x Entidade de classe - Em defesa de seus membros ou associados x Associação - Legalmente constituída - Em funcionamento há pelo menos 1 ano - Em defesa de seus membros ou associados o Somente a associação precisa estar constituída há pelo menos 1 ano Sindicato e entidade de classe não precisam (RE 198.919) x OBS para organização sindical, entidade de classe e associação: o Podem atuar na defesa de seus membros ou associados – pode ser de PARTE dos membros (STF Súmula 630) o Deve haver pertinência temática entre o objeto do MSC e os objetivos institucionais Legitimidade Ativa do Mandado de Segurança Coletivo CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 33 - MSCOLETIVO - É caso de substituição processual - Não precisa da autorização expressa dos titulares dos direitos - STF Súmula 629 - Não confundir com a representação processual do art. 5º inc. XXI - Qualquer outra ação – representação processual - (precisa de autorização expressa) Se a A ss oc ia çã o bu sc ar os d ire ito s p or m ei o de CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 34 VII. MANDADO DE INJUNÇÃO (MI) 1. CONCEITO O mandado de injunção está expressamente previsto pela Constituição Federal no art. 5º, LXXI “conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania”. Injunção significa imposição, exigência ou ordem. Assim, o mandado de injunção serve para suprir/remediar/preencher a falta de norma regulamentadora (infraconstitucional) que torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, soberania e cidadania (NaSoCi). Lembre-se de que as normas constitucionais, apesar de terem a mesma hierarquia, possuem efeitos diferentes. Assim, de acordo com os seus efeitos, as normas da Constituição podem ser classificadas em normas de eficácia plena, contida e limitada. Vamos revisar: as normas de eficácia plena são as que produzem todos os efeitos assim que a Constituição é promulgada. As normas de eficácia contida são as que produzem todos os seus efeitos assim a Constituição entra em vigor, mas podem ter seus efeitos restringidos por lei posterior. Por último, estão as normas de eficácia limitada, que não produzem efeitos completos com a simples promulgação da Constituição, e necessitam de norma infraconstitucional para que isso ocorra. Pois bem, no caso das normas constitucionais de eficácia limitada, caso não seja editada essa norma infraconstitucional que a regulamente, a norma da Constituição não produzirá seus efeitos completos e as pessoas, apesar de terem o direito previsto pela Constituição, não conseguirão exercê-lo porque não existe a norma infraconstitucional (que está abaixo da Constituição) que deveria regulamentá-la. Entendeu? As pessoas têm o direito previsto na Constituição, mas não conseguem exercê-lo porque não existe a norma infraconstitucional para regulamentar esse direito. Nesse caso, será cabível o mandado de injunção. Exemplo: está previsto no art. 5º da Constituição: “VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 35 militares de internação coletiva”. As pessoas, apesar de terem o direito de assistência religiosa,não conseguem exercê-lo enquanto a lei não for elaborada. Assim, caso a lei não tivesse sido editada pelo Poder Legislativo, caberia o mandado de injunção para que o interessado pudesse exercer o direito. Uma observação bastante importante é que cabe o mandado de injunção para que seja elaborada qualquer norma regulamentadora e não apenas a lei em sentido estrito. Assim, será cabível o mandado de injunção para que sejam elaboradas leis, portarias, resoluções etc, não importando quem deve elaborá-las. Esquematizando: MANDADO DE INJUNÇÃO (MI) x LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; x MI serve para: x Suprir / remediar / preencher a falta de norma regulamentadora (infraconstitucional) que torne inviável o exercício - Dos direitos e liberdades constitucionais - Das prerrogativas inerentes à - Nacionalidade - Soberania - Cidadania o Exs: art. 50, VI, VII e VIII, caso não houvesse a lei regulamentadora o Serve para elaborar qualquer norma (lei, portaria, resolução etc) o Não importa quem deve elaborar a norma CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 36 2. CABIMENTO DO MANDADO DE INJUNÇÃO Somente é cabível o mandado de injunção para que sejam exercidos direitos constitucionais. Assim, se um direito está previsto na lei e necessitar ser regulamentado, não será cabível o mandado de injunção. Outra observação importante é que somente é cabível o MI na falta de normas de eficácia limitada e que sejam OBRIGATÓRIAS, não sendo cabível essa ação quando a legislação for facultativa ou quando o direito for autoaplicável (que já pode ser exercido de pronto). Além disso, somente é cabível o MI para direitos razoavelmente delineados, somente quando há o dever de legislar e não se legisla em prazo razoável. Uma observação sobre esse último requisito: elaborar uma lei é bastante complicado. Deve-se realizar um estudo detalhado dos impactos da lei, seu alcance, seus efeitos etc. Além disso, o procedimento para essa elaboração é bastante trabalhoso. Assim, somente será cabível o mandado de injunção quando o Legislativo deixar esgotar o “prazo razoável” e não elaborar a norma (não há uma definição exata de qual é esse prazo razoável). Esquematizando: o Cabe Mandado - Direitos CONSTITUCIONAIS (NÃO CABE para direitos previstos de Injunção para apenas por lei) - Direitos razoavelmente delineados - Para a edição de qualquer norma regulamentadora (portaria, decretos etc) e não apenas lei formal - Quando há o dever de legislar (Ex. art 50,XIII) - Quando não se legisla em prazo razoável - Para normas de eficácia LIMITADA - Programáticas e que sejam obrigatórias - Organizativas 3. LEGITIMIDADE ATIVA Pode entrar com o mandado de injunção qualquer pessoa que tenha seus direitos tolhidos pela falta de norma regulamentadora. Assim, qualquer um que tenha um direito constitucional e que não esteja conseguindo exercê-lo pela ausência de norma regulamentadora pode entrar com o MI. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 37 Um ponto bastante polêmico na doutrina é sobre a possibilidade de pessoas estatais impetrarem o mandado de injunção. Exemplo: caso um município tenha um direito previsto na Constituição, mas não consiga exercê-lo porque a União não editou alguma regulamentação, esse município poderá entrar com mandado de injunção para exercer seu direito? Apesar de posicionamentos doutrinários divergentes, para a prova, leve a informação de que pessoas estatais podem impetrar o mandado de injunção (MI 725 e inf. 466/STF). 4. LEGITIMIDADE PASSIVA O legitimado passivo do mandado de injunção (contra quem se entra com a ação) será sempre o Estado, pois somente ele pode elaborar leis e atos regulamentares. Assim, não cabe MI contra particulares, uma vez que eles não elaboram leis. Se o mandado de injunção for contra a falta de lei de iniciativa privativa, este deverá ser impetrado contra quem detém a iniciativa e não contra quem deveria elaborá-la. Acompanhe o raciocínio: 1. O processo legislativo é o procedimento de fabricação de uma lei. É o passo a passo que deve ser seguido para que uma lei seja corretamente elaborada. 2. Esse processo de formação/produção de uma lei se inicia com uma fase chamada de fase de iniciativa. 3. Normalmente, mais de uma pessoa pode propor leis sobre o mesmo tema. Assim, existem várias pessoas que podem iniciar o processo legislativo de uma determinada lei. 4. No entanto, existem algumas leis onde somente uma pessoa pode iniciar seu procedimento de fabricação. Dessa forma, só existe um legitimado para iniciar aquela lei. Quando isso ocorre, ela é chamada de lei de iniciativa privativa ou reservada. Exemplo: somente o Presidente da República pode iniciar o procedimento de formação de uma lei que disponha sobre criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública. Assim, CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 38 mesmo que o Congresso Nacional queira editar uma lei sobre esse tema, ele só pode fazê-lo caso o Presidente da República inicie a lei. Pronto! Chegamos onde eu queria: imagine agora que alguém tenha um direito previsto na Constituição, mas não consiga exercer esse direito por falta de norma regulamentadora infraconstitucional. Em regra, caberá o MI contra quem deveria editar essa norma (Congresso Nacional, por exemplo). No entanto, se a norma for de iniciativa privativa, o MI deve ser impetrado contra quem detém a iniciativa privativa. Ex: o mandado de injunção será impetrado contra o Presidente da República e não contra o Congresso Nacional. Isso ocorre porque não foi o Congresso Nacional que ficou inerte e sim o Presidente da República, que deveria ter iniciado a elaboração da norma e não o fez. 5. OBSERVAÇÕES GERAIS O mandado de injunção não é gratuito e, para impetrá-lo, é necessário advogado. Além disso, o MI é auto-aplicável, sendo adotado, no que couber, o procedimento/rito do mandado de segurança. Esquematizando: x Legitimidade Ativa - Qualquer pessoa que tenha seus direitos tolhidos pela falta de norma regulamentadora - Pessoas estatais (MI 725 + informativo 466/STF) – há divergências. Ex: Mun pode entrar com MI contra a União x Legitimidade Passiva - Sempre o ESTADO - Nunca o particular (pois não elabora leis) - Só o ente estatal é responsável por elaborar as leis - Se for contra falta de Lei de iniciativa privativa – MI contra quem detém a iniciativa (Ex: iniciativa privativa do PR – MI contra o PR (art. 61 §10) x OBS - Não é gratuito - Precisa de advogado - O MI é auto-aplicável, sendo adotado, no que couber, o rito do MS LEI Nº 8.038 Art. 24 Parágrafo único - No mandado de injunção e no habeas data, serão observadas, no que couber, as normas do mandado de segurança, enquanto não editada legislação específica. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 39 6. EFEITOS DO MANDADO DE INJUNÇÃO Os efeitos do mandado de injunção ainda são bastante discutidos pela doutrina e pela jurisprudência, além disso, o STF mudou recentemente de posição acerca de seus efeitos. Vamos estudar as possíveis teorias sobre os efeitos do mandado de injunção: x Efeito não concretista: o Judiciário apenas declara a mora (impontualidade no cumprimento de uma obrigação) do poder omisso.Se for adotada essa teoria, o autor “ganha, mas não leva”, uma vez que o Poder Judiciário se limita a declarar que o legislador está em mora e não proporciona ao dono do direito os meios para o seu exercício. Esse ERA o posicionamento adotado pelo STF até 2007. Dessa data em diante, o Supremo adotou a teoria concretista, estudada adiante. x Efeito concretista: o Poder Judiciário, além de declarar a mora do poder omisso, torna o direito exercitável, ou seja, concretiza o direito. No entanto, existem diferentes maneiras de se concretizar o direito subjetivo: pode-se concretizá-lo somente para as partes do processo (inter partes) ou para todos, independente de terem ou não participado do processo (erga omnes). Baseada nessas diferenças, a teoria dos efeitos concretistas ainda se divide em duas: o Efeito concretista coletivo/geral: a decisão proferida vale erga omnes (para todos) até que legislação futura regule a matéria. Nesse caso, estende-se para todos os efeitos da decisão que, em regra, valem somente entre as partes. o Efeito concretista individual: a decisão proferida vale inter partes, ou seja, somente entre as partes do processo. Por sua vez, a teoria concretista individual pode ser dividida ainda em direta e intermediária. Direta: o Judiciário provê o direito imediatamente. Intermediária: o Judiciário dá um prazo para o legislador agir. Caso este permaneça inerte, aí sim o direito é concretizado pelo Poder Judiciário. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 40 Perceba que, ao adotar a posição concretista, o Poder Judiciário profere sentenças com caráter aditivo. Em outras palavras, o Judiciário está praticamente “legislando” (função que não é do Poder Judiciário e sim do Legislativo). Por isso, o Supremo tem bastante cautela ao proferir esse tipo de sentença. Tanta cautela que não é sequer admitida a liminar em mandado de injunção. No entanto, o Judiciário somente expede essas sentenças de caráter aditivo porque o Legislativo está em mora, não tendo cumprido sua obrigação. Esquematizando: x Efeitos do MI - Decreta a mora do poder omisso, reconhece formalmente sua inércia - É viabilizado o exercício do direito (teoria concretista) - Não Concretista: o Judiciário apenas declara a mora do poder omisso - Concretista - O Judiciário torna o direito exercitável + declara mora - Coletiva/Geral: vale erga omnes até legislação vir - Individual - vale inter partes - Direta: o Judiciário provê o direito imediatamente - Intermediária: o Judiciário dá um prazo para o legislador agir. Caso permaneça inerte, o direito é concretizado. Por muito tempo, adotou-se a teoria NÃO concretista. No entanto, o STF mudou o posicionamento para a CONCRETISTA! A partir de 2007 MI 670, 708 e 712, Liminar em MI: Não cabe impontualidade no cumprimento de uma obrigação Efeito CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 41 7. MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO Assim como o mandado de segurança, também é cabível o Mandado de Injunção Coletivo, sendo que seus legitimados são os mesmos do Mandado de Segurança Coletivo. 8. COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO DO MANDADO DE INJUNÇÃO Em regra, a competência de julgamento do mandado de injunção se dá em função da autoridade coatora. Assim como no mandado de segurança, por se tratar de simples “decoreba”, passarei apenas o esquema para vocês, sem maiores comentários. Importante: as competências para julgamento de MI não são muito cobradas em prova, sendo mais importantes, as competências para julgamento do Habeas Corpus e do Mandado de Segurança. Essas sim caem com maior frequência. Esquematizando: CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 42 x MI coletivo: Cabe o Legitimidade ativa: Os mesmos do - Partido político com representação no CN MS coletivo - Organização sindical - Entidade de classe - Associação - Legalmente constituída - Em funcionamento há pelo menos 1 ano - Em defesa de seus membros ou associados x Competência do MI: em função da autoridade coatora - Originária - quando a elaboração - Presidente da República da norma - Congresso Nacional regulamentadora for - Câmara dos Deputados o STF (102, I, q) atribuição do - Senado Federal - Mesas CD/SF/CN - TCU - Tribunais Superiores - STF - Em recurso ordinário - o MI decidido em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão o STJ (105, I, h) - quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, salvo competência do STF, justiça Militar, Eleitoral, Trabalho e Federal. o TSE (121, §40, V) o Estadual (125, §10) – As Constituições Estaduais organizarão CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 43 9. DIFERENÇAS DO MANDADO DE INJUNÇÃO PARA A AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO. Meu caro Analista do Banco Central, quando o poder público deve editar uma lei ou ato normativo e não o faz, ocorre um prejuízo tremendo para toda a população (ou, pelo menos, para um número bastante significativo de pessoas). Assim, com a finalidade de combater as omissões normativas, a Constituição trouxe duas ações: o mandado de injunção e a ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO). Apesar de ambas combaterem a inércia do legislador, são ações bastante diferentes. Enquanto o mandado de injunção pode ser proposto por qualquer pessoa que tenha seus direitos tolhidos por falta de norma regulamentadora, a ADO somente pode ser proposta pelos legitimados da ação direta de inconstitucionalidade, quais sejam: o Presidente da República; a Mesa do Senado Federal; a Mesa da Câmara dos Deputados; a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; o Governador de Estado ou do Distrito Federal; o Procurador-Geral da República; o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; partido político com representação no Congresso Nacional; confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. Uma outra diferença importante entre essas duas ações é que o mandado de injunção se destina à solução de um caso concreto e possui interesse jurídico específico, enquanto a ADO faz controle de constitucionalidade pela via abstrata e não tem caso concreto ou interesse jurídico específico. Além disso, cabe liminar na ADO enquanto não cabe a cautelar no MI. Outra grande diferença entre as ações é em relação à competência para julgamento. A ADO somente é julgada pelo STF (ou pelo TJ Estadual, caso o parâmetro seja a Constituição Estadual), enquanto o mandado de injunção pode ser julgado por uma série de órgãos do judiciário, conforme visto anteriormente. Esquematizando: CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 44 Mandado de Injunção Adin por Omissão Legitimado: qualquer pessoa que tenha seus direitos tolhidos por falta de norma regulamentadora Legitimado: os mesmos da Adin Solução para caso concreto / Controle CONCRETO Via abstrata / Controle ABSTRATO Tem caso concreto e interesse jurídico específico Não tem caso concreto ou interesse jurídico específico Não cabe liminar Cabe liminar Efeitos: Dá o direito constitucional, ainda não regulamentado, no caso concreto Efeitos: Declara a mora do órgão competente e exige a elaboração da norma regulamentadora
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