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CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 1 Aula 07 7. Processo legislativo. I. PROCESSO LEGISLATIVOͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲ3 II. O PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO ͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲ 12 III. LEI ORDINÁRIA (LO) E LEI COMPLEMENTAR (LC)ͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲ 50 IV. EMENDA CONSTITUCIONAL (EC) ͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲ 67 V. LEI DELEGADA (LDel)ͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲ 89 VI. DECRETO LEGISLATIVO (DecLeg) ͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲ93 VII. RESOLUÇÕES (Res)ͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲ 94 VIII.DECRETO AUTÔNOMO (Dec Aut)ͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲ 95 IX. TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAISͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲ 96 X. MEDIDA PROVISÓRIA (MP) ͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲ 101 XI. CONTROLE JUDICIAL DO PROCESSO LEGISLATIVO ͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲ 122 XII. QUESTÕES DA AULAͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲ 141 XIII.GABARITO ͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲ 156 XIV. BIBLIOGRAFIA CONSULTADAͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲͲ 158 Olá futuros Analistas do Banco Central! Prontos para o SEU salário de R$ 12.960,77 e para ocupar um dos cargos mais desejados da Administração Pública? Na aula de hoje, estudaremos a seguinte parte do seu edital: 7. Processo legislativo. Juntamente com o controle de constitucionalidade, essa talvez seja uma das maiores matérias dentro do direito constitucional. Justamente por isso, nossa aula de hoje ficou bastante extensa (dê uma olhada no número de páginas). Mas fique tranquilo porque a leitura do material flui com bastante tranquilidade. Além disso, fiz questão de colocar, como sempre, uma linguagem bem simples e também vários esquemas e desenhos, o que faz com que o número de páginas aumente, mas também faz com que a velocidade da leitura seja bem maior do que a de um texto corrido no padrão culto. Como não há muitos exercícios da cesgranrio sobre esse tema, como sempre, coloquei exercícios de outras bancas e alguns da sua banca ao final. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 2 Começaremos com a parte teórica e os exercícios virão na medida em que a matéria for explicada. Ao responder as questões, leia todos os comentários, pois foram feitas várias observações além da mera resolução da questão. Você notará que alguns esquemas e respostas foram exaustivamente repetidos nos comentários das questões. Isso não é por acaso! Sugiro que você os revise várias vezes, para internalizar o conhecimento. Caso tenham alguma dúvida, mandem-na para o fórum ou para o email robertoconstitucional@gmail.com. Vamos então à nossa aula! CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 3 I. PROCESSO LEGISLATIVO 1. CONSIDERAÇÕES GERAIS Meu caro amigo e futuro Analista do Banco Central, o processo legislativo é a sequência de atos que devem ser cumpridos para a devida formação das normas jurídicas, ou seja, é o passo a passo para a “fabricação” de uma lei. O processo legislativo nos diz qual é a “receita de bolo” para que possamos fazer/fabricar uma norma jurídica. “Mas quais normas jurídicas?” As normas jurídicas primárias, ou seja, aquelas normas que derivam diretamente da Constituição (as normas previstas pela própria CF). As normas jurídicas primárias compreendidas pelo Processo Legislativo são as seguintes: x Emenda Constitucional (EC) x Lei Ordinária (LO) x Lei Complementar (LC) x Lei Delegada (LDel) x Medida Provisória (MP) x Decreto Legislativo (Dec Leg) x Resoluções (Res) As normas primárias inovam o direito e possuem igual hierarquia, salvo a Emenda Constitucional, que está acima de todas as demais, pois tem status de Constituição. Traduzindo: “uma medida provisória tem o mesmo valor de um decreto legislativo, que tem o mesmo valor de uma lei ordinária, que tem o mesmo valor de uma Lei Complementar e assim por diante, SALVO A EMENDA CONSTITUCIONAL, QUE É SUPERIOR A TODAS AS DEMAIS”. “Roberto, se elas possuem o mesmo valor, como eu sei quando e qual espécie normativa deve ser usada?” Cada uma dessas espécies possui seu campo específico de atuação (princípio da especialidade), ou seja, a própria CF88 delimitou matérias específicas que devem ser tratadas por Lei Complementar, ouras que devem ser tratadas por Decreto Legislativo, outras por Resoluções, e etc. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 4 Existem ainda dois outros tipos de normas primárias, ou seja, espécies normativas que derivam diretamente da Constituição, mas que não são objeto do processo legislativo: os Decretos Autônomos (DecAut) e as Resoluções dos Tribunais do Judiciário. A pirâmide normativa no Brasil A pirâmide normativa é um conceito introduzido por Hans Kelsen que nos mostra quais são as espécies normativas no ordenamento jurídico de um país e sua ordem de importância e hierarquia. O ordenamento jurídico brasileiro funciona da seguinte forma: x No topo, está a Constituição Federal, juntamente com as Emendas à Constituição e os Tratados Internacionais sobre Direitos Humanos aprovados pelo procedimento especial. x No segundo degrau, estão os Tratados Internacionais sobre Direitos Humanos aprovados pelo procedimento comum, que possuem status supralegal. x No terceiro degrau, estão as Leis Ordinárias, Leis Complementares, Leis Delegadas, Decretos Legislativos, Resoluções, Medidas Provisórias, Decretos Autônomos, as Resoluções editadas pelos Tribunais e os Tratados Internacionais que não versam sobre Direitos Humanos e que foram aprovados pelo procedimento comum. x No quarto degrau, estão as normas infralegais, ou seja, que estão abaixo (infra) da lei (legais). Entre essas normas, podemos citar os decretos regulamentares, portarias, instruções normativas, dentre outras. Observe a pirâmide normativa brasileira, sem se preocupar, por enquanto, com o que é e como funciona cada uma dessas normas, pois é exatamente isso que estudaremos daqui em diante. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 5 Hierarquia entre as normas Observe que HÁ hierarquia entre CONSTITUIÇÃO Federal, Constituição Estadual e Lei Orgânica Municipal. Dessa forma, as constituições estaduais, quando forem elaboradas, devem sempre obedecer à constituição federal. Do mesmo modo, as leis orgânicas municipais, quando forem elaboradas, devem sempre obedecer à CF88 e às constituições estaduais. Veja: CF CE LO Mun Por outro lado, em regra, NÃO há hierarquia entre leis Federais, Estaduais e Municipais, assim, os conflitos entre essas normas são solucionados através do chamado conflito de competência. Dessa forma, a Constituição dividiu as competências, de modo que um ente não pode entrar nas atribuições dos outros. Portanto, em regra, a União não pode legislar sobre as competências dos municípios ou dos estados. Igualmente, os estados não podem legislarsobre assuntos de competência da União e dos municípios e assim por diante. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 6 Excepcionalmente, existe uma previsão constitucional onde uma lei federal pode suspender leis estaduais ou municipais. O art. 24 da CF prevê, ao estabelecer a competência CONCORRENTE, que “art. 24, § 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.” Lei Fed Lei Est Lei Mun Demais observações É importante saber que as espécies normativas não são cláusulas pétreas, dessa forma, elas podem ser alteradas por meio de uma Emenda Constitucional. Assim, se o Poder Constituinte Derivado quiser criar uma nova espécie normativa ou alterar alguma já existente, isso pode ser feito, por meio de emenda à constituição. Por exemplo, a Emenda Constitucional número 32/2001 alterou várias regras da Medida Provisória. Outra observação importante, é que as regras do processo legislativo constitucional são normas de reprodução obrigatória, no que couber. Portanto, os Estados, quando forem elaborar suas constituições estaduais e demais leis estaduais, e os municípios, quando forem elaborar suas leis orgânicas e demais leis municipais, devem obedecer às regras do processo legislativo e também reproduzi-las, sempre que possível (ADI 1.254/RJ-MC). Lei em sentido amplo e Lei em sentido estrito Em Direito, a palavra “lei” pode possuir sentidos diferentes. O primeiro deles é o sentido estrito, que diz que a lei é a “norma legal devidamente produzida pelo processo legislativo”, ou seja, as leis complementares e ordinárias. Já o sentido amplo da palavra lei se refere a qualquer norma jurídica, compreendidas as normas primárias e também as normas infralegais, por exemplo, um decreto regulamentar. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 7 E como eu sei qual dos dois conceitos a questão está usando? Vá pelo contexto. Geralmente, quando se fala em lei, utiliza-se o sentido estrito. Princípio da reserva legal O princípio da reserva legal ocorre quando a Constituição Federal deixa a regulamentação de algum tema para a lei. Ela pode ser compreendida em dois subconceitos: Reserva legal Absoluta: quando a disciplina de determinada matéria é reservada, pela Constituição, à LEI EM SENTIDO ESTRITO. Assim, exclui- se qualquer outra fonte infralegal (infra=abaixo; legal=da lei); Reserva legal Relativa: quando Constituição também exige a edição de uma lei para sua regulamentação, mas permite que ela apenas fixe os parâmetros de atuação a serem complementados por ato infralegal. Dessa forma, a disciplina de determinada matéria é, em parte, admissível a outra fonte diversa da lei (ex: decreto regulamentar, portarias, instruções normativas, etc.). Esquematizando: CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 8 ESPÉCIES NORMATIVAS - Emenda Constitucional (EC) - Lei Ordinária (LO) - Lei Complementar (LC) Espécies Normativas - Lei Delegada (LDel) - Medida Provisória (MP) - Decreto Legislativo (Dec Leg) - Resoluções (Res) - DECRETO AUTÔNOMO (Dec Aut)*** - RESOLUÇÕES DOS TRIBUNAIS*** São normas primárias, mas não são tratadas no processo legislativo. x Não há hierarquia entre as espécies normativas EXCETO Emenda Constitucional x Há hierarquia entre CONSTITUIÇÃO Federal, Constituição Estadual e Lei Orgânica Municipal x Não há hierarquia entre leis Federais, Estaduais e Municipais existe conflito de competência PROCESSO LEGISLATIVO Observações Gerais x Conceito: É a sequência de atos que devem ser cumpridos para a devida formação de normas jurídicas. x Normas primárias - Derivam diretamente da CF - Inovam o direito - Possuem igual hierarquia, salvo EC - Cada uma tem um campo de atuação específico (princípio da especialidade) x As espécies legislativas NÃO são cláusulas pétreas a) Podem ser modificados por EC b) Ex: EC n.º 32/01 - alterou regras das MPs. x Todos os procedimentos do processo legislativo são normas de reprodução obrigatória nos Estados e Municípios, no que couber o (ADI 1.254/RJ-MC) CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 9 2. CLASSIFICAÇÕES E CONCEITOS DO PROCESSO LEGISLATIVO O processo legislativo, ou seja, o passo a passo para a fabricação de uma lei, pode ter várias classificações. Vamos às principais: 2.1. Quanto à participação popular: a. Autocrático: é aquele realizado pelo monarca ou ditador, sem a participação de um órgão composto de representantes do povo. b. Direto: é aquele em que a lei é feita diretamente pelo povo, em assembleias públicas. c. Indireto/Representativo: a lei é produzida por um órgão composto de representantes do povo, sendo o adotado pelo Brasil. d. Semidireto: quando a lei é elaborada por um órgão formado de representantes do povo, mas que somente se aperfeiçoa depois de uma aprovação popular posterior, por meio de referendo. ATENÇÃO: Não confundir as classificações do processo legislativo com a classificação da democracia, que é muito parecida. Vamos revisar: x Democracia Direta: onde o povo participa diretamente, ou seja, o próprio povo elabora as políticas públicas. Esse tipo de democracia é típica da Grécia antiga e é inviável nos dias de hoje (imagine só 180 milhões de brasileiros mandando emails para se discutir como será a atuação do governo na saúde). x Democracia Indireta: onde o povo elege os representantes e estes elaboram as políticas públicas. x Democracia Semidireta ou participativa: é um misto da democracia direta e da indireta. Nela, o povo elege os representantes e estes elaboram as políticas públicas. Complementarmente, existem mecanismos para que o povo também participe dessa elaboração. Assim, a regra é participação indireta, combinada com alguns meios de exercício direto do povo. Esse é o modelo adotado pelo Brasil. Confira o art. 1º parágrafo único da CF: “Todo o poder emana do povo, CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 10 que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. Portanto, lembre-se: x Democracia no Brasil: semidireta ou participativa x Processo Legislativo no Brasil: indireto ou representativo. 2.2. Quanto à compreensão do conceito a. Conceito Jurídico: o processo legislativo é o conjunto coordenado de disposições que disciplinam o procedimento a ser obedecido pelos órgãos competentes na produção das leis e atos normativos primários (Alexandre de Moraes). b. Conceito Sociológico: o processo legislativo reflete os fatores reais de poder. Assim, as leis de um determinado país serão reflexo dos jogos internos de poder do mesmo. 2.3. Quanto aos ritos e prazos a. Ordinário ou comum: em regra, não existem prazos rígidos para que o Poder Legislativo produza uma norma. Assim, pode ocorrer de um determinado Projeto de Lei ficar anos tramitando pelo Congresso Nacional sem que isso traga consequência nenhuma. Como exemplo, temos as leis ordinárias, que, em regra, não possuem prazo para serem elaboradas. b. Sumário ou abreviado: segue o mesmo procedimento do processo legislativo comum, mas existem prazos rígidos para sua conclusão. Como exemplo, temos os projetos de lei sob regime de urgência constitucional, estudadosadiante. c. Especial: segue um rito diferente do ordinário. Como exemplo, temos a elaboração de Emenda Constitucional (EC), Medida Provisória (MP), Lei Delegada (LDel), Lei de Orçamento Anual (LOA), Decreto Legislativo (Dec Leg), Resolução (Res) e códigos. Esquematizando: CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 11 - Autocrático o soberano elabora as leis. - Direto o povo elabora as leis - Indireto/Representativo o povo elege os representantes e estes (os representantes) elaboram as leis (Brasil) - Semidireto os representantes elaboram as leis e o povo as aprova por meio do referendo - Jurídico conjunto coordenado de disposições que disciplinam o procedimento a ser obedecido pelos órgãos competentes na produção das leis e atos normativos primários (Alexandre de Moraes) - Sociológico o processo legislativo reflete os fatores reais de poder - Ordinário ou comum inexistência de prazos rígidos - Ex: LO - Sumário ou abreviado segue o mesmo procedimento do comum, mas existem prazos rígidos - Ex: urgência constitucional (45+45+10) - Especial segue um rito diferente do ordinário Quanto à compreensão do conceito Quanto aos ritos e prazos Quanto à participação popular C la ss ifi ca çõ es d o Pr oc es so le gi sla tiv o OBS: Não confundir com Democracia Ͳ Direta/Clássica Ͳ Indireta/Representativa Ͳ Semidireta/Participativa (BR) - Ex: elaboração de EC, MP, LDel, LOA, Dec Leg, Res e códigos CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 12 II. O PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO Meu caro Analista do Banco Central, a primeira das espécies a ser estudada será a Lei Ordinária (LO). Em direito, “ordinário” significa comum. Assim, a LO é a “lei comum”, aquela mais corriqueira. O procedimento de formação de uma Lei Ordinária possui três estágios. O primeiro é a fase de iniciativa, o segundo é a fase constitutiva e o terceiro é a fase complementar. Observe atentamente o esquema a seguir. Ele demonstra o que iremos estudar daqui em diante. - Parlamentar ou Extraparlamentar - Geral - Restrita - Concorrente 1 – Iniciativa - Conjunta - Popular - Vinculada / Obrigatória - Da maioria absoluta dos membros da Casa (p/ repetir) - Privativa / Reservada / Exclusiva - Deliberação Parlamentar - Discussão 2 – Constitutiva - Votação Fases do Processo Legislativo Ordinário - Deliberação Executiva - Sanção - Veto 3 – Complementar - Promulgação - Publicação CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 13 1. FASE DE INICIATIVA A fase de iniciativa inicia/deflagra/começa o processo de fabricação de uma lei, ou seja, um legitimado apresenta um projeto de lei (PL) ao Congresso Nacional para que este delibere sobre o assunto. O artigo 61 da Constituição estabelece que a iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a: x Qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, x Presidente da República, x Supremo Tribunal Federal, x Tribunais Superiores, x Procurador-Geral da República x Cidadãos x Tribunal de Contas da União (art. 73 + 96, II) A depender de quem o inicia, o processo legislativo pode ter diferentes tipos de iniciativa. E atenção: as diferentes iniciativas NÃO são autoexcludentes. Vamos estudá-las: 1.1. Iniciativa Parlamentar e Extraparlamentar A iniciativa parlamentar é aquela onde quem inicia o processo legislativo são os parlamentares (bem fácil, não acha?), ou seja, os deputados e senadores. Já a iniciativa extraparlamentar é aquela onde quem inicia o processo legislativo são agentes diferentes dos deputados e senadores. Por exemplo: Presidente da República, STF, PGR, iniciativa popular etc. 1.2. Iniciativa geral É a regra geral de iniciativa de leis, segundo a qual o Presidente da República, Deputados, Senadores, membros ou Comissão de qualquer das Casas Legislativas, bem como a iniciativa popular podem propor leis sobre diversas matérias, salvo matérias de iniciativa privativa. Observe que, no Brasil, não existe a chamada iniciativa geral plena, ou seja, ninguém pode propor lei sobre “qualquer matéria” sem limitações. Assim, CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 14 não existe uma figura que está legitimada a propor um projeto de lei sobre qualquer matéria irrestritamente, devendo-se, sempre, observar as iniciativas privativas, estudadas mais a frente. 1.3. Iniciativa restrita A iniciativa restrita ocorre quando o titular somente pode propor leis para matérias específicas. Cuidado para não confundir iniciativa restrita com iniciativa privativa, ok? Exemplo: os Tribunais do Poder Judiciário somente podem propor Projetos de Lei sobre as suas remunerações, estatuto da magistratura e sobre as matérias do artigo 96, II. Outro exemplo é a iniciativa do PGR, restrita às matérias dos artigos 127 § 2º e 128, § 5º. 1.4. Iniciativa concorrente A iniciativa concorrente ocorre quando mais de uma pessoa pode propor lei sobre uma mesma matéria. Por exemplo: existem quatro legitimados a propor uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC): 1/3 da Câmara dos Deputados, 1/3 do Senado Federal, Presidente da República e mais da metade das assembleias legislativas estaduais, manifestando-se cada uma delas pela maioria relativa de seus membros. Outro exemplo é a propositura de lei sobre normas gerais de organização do MPU, que é concorrente entre o Presidente da República e o Procurador-Geral da República. 1.5. Iniciativa conjunta A iniciativa será conjunta quando precisar de duas ou mais pessoas para iniciar o procedimento legislativo de uma lei. Assim, os legitimados (dois ou mais) devem iniciar juntos o processo legislativo. A iniciativa conjunta não existe mais no Brasil. O seu último exemplo de ocorrência no ordenamento pátrio foi a iniciativa de lei para fixar o subsídio dos Ministros do STF, que ERA conjunta entre os Presidentes da República, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do STF. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 15 1.6. Iniciativa popular Por expressa disposição do art. 14, III, a iniciativa popular é um instrumento de exercício da SOBERANIA popular, ou seja, é uma das formas através das quais o povo exerce o seu poder. A iniciativa popular de lei ocorre quando um projeto de lei é iniciado diretamente pelo próprio povo, e não por intermédio de seus representantes, como é a regra. Ela apenas inicia o procedimento legislativo, devendo, o projeto de lei, após iniciado, seguir o trâmite normal das demais proposições legislativas. Somente podem ser propostas, pela iniciativa popular, as Leis ORDINÁRIAS e as COMPLEMENTARES. Assim, não cabe iniciativa popular em medida provisória, Decretos Legislativos etc. Além disso, não cabe iniciativa popular em matérias de iniciativa reservada. Importante saber também que não cabe iniciativa popular em Proposta de Emenda à Constituição FEDERAL (somente LO e LC). No entanto, curiosamente, pode haver iniciativa popular em PEC ESTADUAL. Outro ponto importante a ser ressaltado é que somente o cidadão pode propor uma lei por iniciativa popular. E guarde essa informação: cidadão é quem tem a capacidade eleitoral ativa, ou seja,a capacidade de votar. Um projeto de lei (PL) iniciado pela iniciativa popular deve ter sua tramitação iniciada na Câmara dos Deputados, uma vez que essa Casa representa o povo. Como dito, a iniciativa popular apenas inicia o procedimento legislativo, devendo, o projeto de lei, seguir o trâmite normal das demais proposições legislativas. Assim, o legislativo pode emendar e até mesmo rejeitar o PL iniciado pela iniciativa popular. ATENÇÃO: a iniciativa popular apenas INICIA a tramitação de um projeto de lei. Um PL de iniciativa popular pode versar somente sobre um único assunto e, apesar de passar pelos trâmites normais, tem uma pequena “ajuda” da CF: ele não pode ser rejeitado por vício de forma, devendo a Câmara dos Deputados corrigir eventuais erros formais. Ora, isso ocorre porque o povo não necessariamente tem os conhecimentos sobre a técnica legislativa, sendo desarrazoada sua rejeição logo de pronto por vício formal. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 16 A Constituição prevê diferentes requisitos da iniciativa popular para a União, estados e municípios. Vamos ver quais são eles: a)UNIÃO: Art. 61, § 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. b)ESTADOS e DF: Art. 27, § 4º - A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legislativo estadual. c) MUNICÍPIOS: Art. 29, XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do Município, da cidade ou de bairros, através de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado; 1.7. Iniciativa vinculada / obrigatória A iniciativa vinculada é aquela obrigatória, onde o seu detentor é obrigado a apresentar o projeto de lei nas datas estabelecidas. Exemplos deste tipo de iniciativa são o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei de Orçamento Anual (LOA), nas quais o Presidente da República é obrigado a iniciar seu procedimento legislativo nos prazos previstos pela Constituição. 1.8. Iniciativa por proposta da maioria absoluta (MA) dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional Antes de adentrarmos no estudo desse tipo de iniciativa, devemos entender o conceito de sessão legislativa. O art. 57 da CF estabelece que “O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro”. Assim, temos três conceitos: Sessão Legislativa Ordinária (SLO): período onde o Congresso Nacional exerce ordinariamente seus trabalhos, que vai de 2 de fevereiro a 22 de dezembro 1º período da SLO: período que vai de 2 de fevereiro a 17 de julho CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 17 2º período da SLO: período que vai de 1º de agosto a 22 de dezembro Uma vez entendidos esses conceitos, vamos agora à iniciativa por proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional: Em regra, se um projeto de lei for rejeitado na fase de discussão e votação, sua matéria não poderá ser objeto de novo PL na mesma SLO (2 de fevereiro a 22 de dezembro). Excepcionalmente, caso haja a aprovação da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional, pode haver um novo PL, na mesma sessão legislativa, com a matéria do PL rejeitado. Observe o art. 67 da CF: “A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional.” No caso dos Projetos de Lei de iniciativa de outros órgãos, os detentores da iniciativa podem até reapresentar os PLs na mesma SLO, no entanto, para que os mesmos tramitem, deve haver a aprovação da maioria absoluta dos membros da Casa (art. 110 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados). ATENÇÃO: a possibilidade de se repetir um PL rejeitado na mesma sessão legislativa NÃO EXISTE PARA PEC OU MP, por expressa determinação constitucional (arts. 60, §5º e 62, §10º). 1.9. Iniciativa privativa, reservada ou exclusiva Meus caros Analistas do Banco Central, ao estudarmos sobre a organização do Estado brasileiro, nos artigos 21 e 22 da CF, aprendemos que existem competências EXCLUSIVAS da União (que não podem ser delegadas) e PRIVATIVAS da União (que podem ser delegadas). Atenção: esses conceitos não valem para processo legislativo. Assim, em processo legislativo, competência “privativa”, “exclusiva” e “reservada” são SINÔNIMOS, ok? A iniciativa privativa (ou reservada ou exclusiva) ocorre quando um PL pode ser proposto apenas por uma pessoa e sua iniciativa não pode ser delegada a mais ninguém. Além disso, nem o poder Legislativo e nem o Judiciário podem obrigar ou fixar prazo para que o detentor da iniciativa reservada CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 18 exerça sua prerrogativa. Isso feriria a separação dos poderes. Dessa forma, caso algum detentor de iniciativa exclusiva não encaminhe o PL ao Legislativo, ninguém pode obrigá-lo a fazer isso, salvo a própria Constituição. Um exemplo para ficar mais claro: as leis sobre criação de cargos públicos no poder executivo federal são de iniciativa privativa do Presidente da República. Dessa forma, caso o PR não inicie a lei, ninguém poderá obrigá-lo ou fixar prazo para que o Projeto de Lei seja enviado ao Legislativo. Ainda sobre esse tema, o poder judiciário pode declarar a mora (impontualidade no cumprimento de uma obrigação) do legitimado em enviar o projeto de lei ao Legislativo, mas não pode obrigá-lo a fazer isso. Um ponto importante é que nem mesmo as constituições estaduais podem fixar o prazo para que um detentor de iniciativa privativa a exerça. Assim, deve-se obedecer rigorosamente o texto da Constituição Federal e, se esta não fixou o prazo, as Constituições estaduais não podem fazê-lo. Naturalmente, uma Emenda à Constituição FEDERAL pode fixar prazo ou criar obrigação a um legitimado em iniciar uma Lei. Outra observação bastante recorrente em provas é que a Proposta de Emenda à Constituição não possui iniciativa privativa. Dessa feita, qualquer um dos legitimados pode propor PEC sobre qualquer tema. As normas de iniciativa privativa são normas de reprodução obrigatória. Assim, se uma determinada matéria é reservada ao chefe do executivo federal, a mesma matéria, no que for cabível, também deverá ser destinada ao chefe do executivo estadual e municipal. Por exemplo: são de iniciativa privativa do Presidente da República as leis orçamentárias federais. Assim, as leis orçamentárias estaduais e municipais também são de iniciativa exclusiva dos chefes do executivo estadual e municipal, respectivamente. Emendas a projetos de lei de iniciativa privativa O Supremo entende ser possível emendas parlamentares a projetos de lei de iniciativa privativa de outros poderes. Assim, uma vez que os Projetos de Lei de iniciativa exclusiva do Executivo e do Judiciário foram iniciados, o Legislativo pode emendar/alterá-los porque a exclusividade se refere unicamente à iniciativa da lei e não à sua tramitação. No entanto, as referidas CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 19 emendas parlamentares devemter pertinência temática com a proposição legislativa original e não podem aumentar despesa: x nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República, salvo orçamento, onde pode haver aumento de despesa, desde que obedecidos os demais requisitos constitucionais; x nos projetos sobre organização dos serviços administrativos da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos Tribunais Federais e do Ministério Público Sanção e vício de iniciativa Suponhamos que um parlamentar ou qualquer outra figura tenha iniciado uma lei de iniciativa privativa do Presidente da República. Essa lei sofreria de inconstitucionalidade formal, ou seja, não obedeceria aos procedimentos estabelecidos pela Constituição Federal para sua devida formação, uma vez que foi iniciada por pessoa diferente do que a Constituição prevê. Mas suponha também que ninguém percebeu o vício e o projeto de lei tramitou pelo Congresso Nacional e foi aprovado. Após sua aprovação, o PL foi para sanção ou veto do Presidente da República (e até aqui ninguém havia percebido o vício). Chegando ao Presidente da República para sanção ou veto, o chefe do executivo gosta muito da lei e está plenamente de acordo com seu conteúdo, e ainda pensa consigo mesmo: “nem mesmo eu teria feito um PL tão bom”. Assim, o Presidente da República sanciona a lei. Pergunta: essa lei é válida? NÃO! Pois a sanção não supre/convalida/conserta o vício de iniciativa. Dessa forma, se a lei tinha um vício desde seu nascimento, a sanção do Presidente da República não “conserta” esse vício (mesmo que fosse o próprio Presidente quem devesse ter iniciado a lei). Da mesma forma, caso haja algum vício de emenda parlamentar, a sanção do Presidente da República também não o convalidará. Exemplos de iniciativa privativa x Iniciativa privativa do STF CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 20 a) Estatuto da Magistratura, que deve ser feito por meio de Lei Complementar. b) Fixação do subsídio dos Ministros do STF (lei ordinária com sanção presidencial). x Iniciativa privativa do STF, Tribunais Superiores e Tribunais de Justiça Estaduais (art. 96, II) a) Matérias de seu interesse exclusivo; b) Criação e extinção de cargos e remuneração; c) Lei sobre alteração de número de membros dos tribunais inferiores; d) Fixação dos subsídios de seus membros e juízes. x Iniciativa privativa da Câmara dos Deputados e Senado Federal a) Lei para a remuneração de seus cargos. b) OBS: via de regra, na administração pública, a criação de cargos e sua remuneração é feita por uma LEI. No entanto, para a Câmara dos Deputados e Senado Federal a regra é um pouco diferente: a criação de cargos é feita por RESOLUÇÃO enquanto o aumento da remuneração é feita por LEI. Assim, esses órgãos podem criar seus cargos por resolução, e detêm a INICIATIVA privativa de lei para aumento da sua remuneração. x Iniciativa privativa do Presidente da República (art. 61, § 1º + art. 84, XXIII) São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas ou que disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração; Observe que os poderes Judiciário e Legislativo não estão incluídos. Assim, caso se queira aumentar a remuneração ou criar cargos no CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 21 poder Judiciário, isso deve ser feito por meio de lei de iniciativa do Judiciário, ocorrendo o mesmo para o Legislativo (com a ressalva da criação de cargos na Câmara e no Senado, que podem se dar por meio de Resolução). b) enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual (PPA), o projeto de lei de diretrizes orçamentárias (LDO) e as propostas de orçamento (LOA) previstos na Constituição (art. 84, XXIII); c) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios; Obs. sobre a matéria tributária: Somente a matéria tributária DOS TERRITÓRIOS é de iniciativa exclusiva do Presidente da República. Se a lei for sobre matéria tributária da União, estados e municípios, a iniciativa será concorrente entre o executivo, o legislativo e a iniciativa popular. d) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria; e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o decreto autônomo; f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva. g) Organização da Defensoria Pública da União e normas gerais para a Defensoria Pública dos estados, DF e Territórios. h) Organização do Ministério Público da União e normas gerais para o Ministério Público dos estados, DF e Territórios. Apesar de a Constituição Federal estabelecer no art. 61 que a iniciativa de lei sobre a organização do Ministério Público da União é privativa do Presidente da República, a doutrina entende que a iniciativa de lei de normas gerais para a organização do MPU é CONCORRENTE ENTRE O PRESIDENTE DA REPÚBLICA E O PGR. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 22 Já a iniciativa de lei sobre normas específicas para o MP da União, é de iniciativa privativa do PGR. Para o MP estadual, funciona assim: iniciativa de lei sobre normas gerais é de iniciativa privativa do Presidente da República (art. 61) enquanto a iniciativa de leis sobre normas específicas é concorrente entre o governador e o Procurador-Geral de Justiça (PGJ – o chefe do MP estadual). O Ministério Público do DF (MPDFT) é um braço do MPU e a competência para sua organização é concorrente do Presidente da República com o PGR (assim como todo o MPU). O Ministério Público que atua junto aos Tribunais de Contas é parte integrante desses Tribunais, assim, sua organização fica a cargo das próprias Cortes de Contas. Por ser de extrema importância, colocarei os três artigos correspondentes da Constituição. Atenção para o seu texto! Art. 61, § 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: II - disponham sobre: d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; Art. 127, § 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo- os por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento. Art. 128, § 5º - Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus membros: (...) CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 23 Colocarei agora as mesmas informações, porém organizadas de uma forma diferente, ok? x MPU • Normas gerais: é organizado por Lei Complementar de iniciativa concorrente entre o Presidente da República e o PGR (art.61, § 1º, II, “d” + art. 128, § 5º). • Normas específicas: Lei de criação e extinção de cargos e serviços auxiliares do Ministério Público, a política remuneratória e os planos de carreira: iniciativa é privativa do PGR (CF, art. 127, § 2º). x MPE • Normas gerais: Lei federal de normas gerais para a organização do MP dos Estados: iniciativa é privativa do Presidente da República (CF, art. 61, § 1º, II, “d”). • Normas específicas: Lei Complementar estadual de organização do MP do Estado: iniciativa concorrente entre o Governador e o PGJ (art. 61, § 1º, II, “d” + 128, § 5º). • Lei sobre a organização do MPDFT: concorrente entre o Presidente da República e o PGR. (O MPDFT integra o MPU e é organizado e mantido pela União). x MPjTC: Lei de organização do MP especial que atua junto à Corte de Contas: iniciativa privativa do Tribunal de Contas. Esquematizando: CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 24 1. FASE DE INICIATIVA x Deflagra / inicia o procedimento legislativo - Deputados / Senadores (dep/sen) - Câmara dos Deputados (CD) - Comissão da - Senado Federal (SF) - Congresso Nacional (CN) - Presidente da República (PR) - STF - Tribunais Superiores (TS) - PGR - Cidadãos - TCU (73+96,II) Podem propor LO e LC (Art. 61) x As diferentes iniciativas NÃO são autoexcludentes 1.1) Iniciativa Parlamentar e Extraparlamentar o Parlamentar: Dep e Sen o Extraparlamentar: PR, TS, STF, PGR, iniciativa popular (...) 1.2) Iniciativa Geral - Dep/Sen - Câmara dos Deputados (CD) - Comissão da - Senado Federal (SF) - Congresso Nacional (CN) - Presidente da República (PR) - Iniciativa popular o Podem propor leis sobre qualquer coisa, salvo iniciativa privativa o OBS: no BR não existe iniciativa geral plena Ninguém pode propor qualquer lei sobre qualquer assunto sem exceções. 1.3) Iniciativa Restrita o Não confundir com iniciativa privativa o O titular só pode propor lei para matérias específicas - Judiciário - STF, TS e STJ podem propor leis específicas (96, II) - $ dos Min STF - iniciativa do STF (48,XV) - Estatuto da Magistratura (93) - PGR: Criação, extinção de cargos, plano de carreira e $ (127, §20 e 128, §50) - TCU (73, 75 e 96, II) Ex .d e In ic ia ti va Re st ri ta CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 25 1.4) Iniciativa Concorrente o Mais de uma pessoa pode propor lei sobre a mesma matéria Ex: - PEC - Organização do MPU PR + PGR 1.5) Iniciativa Conjunta o Quando precisa de 2 ou + pessoas, JUNTAS, para iniciar lei. o Não existe mais no BR Último exemplo no BR: $ dos MinSTF ERA conjunta entre PR + PCD + PSF + PSTF - Sufrágio Universal - Voto direto, secreto e igualitário - Plebiscito - Referendo - Iniciativa Popular de lei 1.6) Iniciativa Popular o É instrumento da soberania popular o Somente para o CIDADÃO o Forma direta o povo propõe a lei sem o intermédio dos representantes o Apenas inicia o procedimento legislativo No resto, segue o mesmo procedimento das LO o O Parlamento pode rejeitar ou emendar o PL proposto por iniciativa popular o Apresenta à CD o PL deve ter somente 1 assunto o Não pode ser rejeitado por vício de forma, devendo a CD corrigi-lo o Somente cabe iniciativa popular em LO e LC (o resto não) o Não cabe iniciativa popular em -PEC (federal) -Matéria reservada OBS: cabe iniciativa popular em PEC estadual, mas não cabe em PEC federal Ɣ União: Mín 1% do - Mín 5 Estados eleitorado nacional - Mín 0,3% eleitores de cada Estado ƔMun 5% do ELEITORADO do Mun Requisitos da Iniciativa popular (61, §20 + 27, §40 + 29, XIII) ƔEst e DF lei disporá CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 26 1.7) Iniciativa por proposta da Maioria Asoluta (MA) dos membros de qualquer das Casas do CN o Se o PL for rejeitado na fase de discussão e votação: Regra: não pode novo projeto sobre o mesmo tema na mesma sessão legislativa ordinária SLO (2/fev a 22/dez) Exceção: pode novo projeto sobre o mesmo tema na mesma SLO pela aprovação da MA dos membros de qualquer das Casas x PL de iniciativa de outros órgãos: pode reapresentar (ex: PR, Trib, MP, etc) x Mas a tramitação do novo PL também depende da aprovação da MA de qualquer das Casas do CN x Art. 110 RICD MP e PEC não pode repetir de jeito nenhum 1.8) Iniciativa Vinculada o Obrigatória o Ex: leis orçamentárias: PPA, LDO e LOA O PR é obrigado a apresentar os projetos de leis orçamentárias 1.9) Iniciativa Privativa / Reservada /Exclusiva o Não confundir com COMPETÊNCIA privativa/exclusiva da União (arts. 21 e 22) No Processo Legislativo, iniciativa privativa reservada exclusiva Nas competências: privativa de exclusiva o Ocorre quando o PL pode ser proposto somente por uma pessoa o Não pode ser delegada o Legislativo e Judiciário não podem fixar prazo (obrigar) para que o titular exerça a iniciativa reservada Separação dos poderes Ninguém pode obrigar o dono da iniciativa privativa a iniciar a lei Salvo a CF O Judiciário pode declarar a mora (mandado de injunção ou ADO) Nem a Constituição Estadual (CE) pode fixar o prazo (se a CF não o fixar também) x OBS: EC (da CF) pode alterar ou criar prazo CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 27 Pode aumentar despesa, desde que cumpridos os demais requisitos - Pertinência temática - Não pode despesa - Iniciativa exclusiva do PR salvo orçamento Pode haver emendas em PL de iniciativa privativa de outros Poderes (art. 63) nos Projetos de - Organização da - CD - SF - Tribunais Federais - MP o OBS: a sanção NÃO convalida (supre) - Vício formal de iniciativa - Vício de emenda parlamentar o PEC não possui iniciativa privativa somente PL o São normas de reprodução obrigatória o Ex: Iniciativa Privativa do STF - Estatuto da Magistratura (LC) - Fixação da $ dos Min STF (lei com sanção do PR) o Ex: Iniciativa Privativa do STF, TS, TJEst (96,II) matérias de seu interesse exclusivo Ex - Criação e extinção de cargos e remuneração - Fixação dos subsídios de seus membros e juízes - Iniciativa de lei sobre alteração de n0 de membros dos tribunais inferiores o Ex: Iniciativa Privativa da CD e SF: leis para $ de seus cargos o Organização, criação de cargos, funções etc RESOLUÇÃO x OBS: para - Aumento de $ - INICIATIVA de LEI - Criação de cargos Resolução CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 28 - Criação de cargos públicos e $ da administração - Direta x Não inclui Legislativo e Judiciário - Autárquica - PPA/LDO/LOA - Administrativa - Judiciária - Organização - Orçamentária dos TERRITÓRIOS - Tributária - Serviços públicos - Pessoal x PL sobre matéria TRIBUTÁRIA: Se for da U, E e Mun será concorrente entre Executivo + Legislativo + povo o PL sobre matéria TRIBUTÁRIA NÃO é de iniciativa privativa do PR - Servidores Públicos da U e Territ e seu Regime Jurídico x Criação de cargos e $ no Judiciário e Legislativo NÃO é do PR - Criação e extinção de ministérios e órgãos x Observado o Decreto Autônomo - Militares das Forças Armadas - Organização da DPU + normas Gerais para DP E, DF e Territ - Organização do MPU + normas Geraispara MP E, DF e Territ E x: In ic ia tiv a Pr iv at iv a do P R (a rt . 6 1 §1 0 + 1 65 ) Organização do MP MP Normas Gerais Normas Específicas União PR + PGR (61, § 1º, II, d + 128 § 5º) PGR (127, § 2º) DFT PR + PGR (61, § 1º, II, d + 128 § 5º) PGR (127, § 2º) Estados PR (61, § 1º, II, d) Gov + PGJ (61, § 1º, II, d + 128 § 5º + ADI 852) MPjTC TC TC CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 29 2. FASE CONSTITUTIVA Após a fase de iniciativa, ou seja, após iniciado um Projeto de Lei, entramos na segunda fase do processo legislativo ordinário: a fase constitutiva, onde ocorre a deliberação do poder legislativo (deliberação parlamentar), que é a discussão e votação do PL no Congresso Nacional, e a deliberação do poder executivo (deliberação executiva), que é a sanção ou veto do Presidente da República. - Deliberação Parlamentar - Discussão 2 – Fase Constitutiva - Votação - Deliberação Executiva - Sanção - Veto 2.1. DELIBERAÇÃO PARLAMENTAR – DISCUSSÃO E VOTAÇÃO Na fase de deliberação parlamentar ocorre a apreciação do projeto de lei pelas duas Casas do Congresso Nacional: a Casa Iniciadora, ou seja, a Casa onde o PL se inicia e a Casa Revisora, ou seja, a segunda Casa por onde o PL tramita. O Senado Federal será a Casa Iniciadora em apenas três casos: a) PL de iniciativa de senador; b) PL de iniciativa das Comissões do Senado Federal; c) PL proposto por Comissão Mista alternadamente entre Câmara dos Deputados e Senado Federal. Em todos os demais casos a Câmara dos Deputados é a Casa Iniciadora: d) PL de iniciativa do Presidente da República, STF e Tribunais Superiores; e) PL de iniciativa de deputados e comissões da Câmara dos Deputados; f) PL de iniciativa do PGR; g) PL de iniciativa popular; h) PL de iniciativa de Comissão mista alternadamente entre Câmara dos Deputados e Senado Federal. Esquematizando: CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 30 2. Fase Constitutiva o Deliberação do - Legislativo (Deliberação Parlamentar) discussão e votação no CN - Executivo (Deliberação Executiva) sanção ou veto 2.1) Deliberação Parlamentar – Discussão e votação o Apreciação das duas Casas - Iniciadora - Revisora o O Senado Federal é casa - PL de iniciativa de senador iniciadora em 3 casos - PL de iniciativa das Comissões do SF - PL proposto por Comissão Mista Alternadamente entre CD e SF o Em todos os demais casos a Câmara - Presidente da República dos Deputados é a Casa Iniciadora - STF - Tribunais Superiores - Deputados - Comissões da Câmara dos Deputados - PGR - Iniciativa popular - Comissão mista Alternadamente entre CD e SF CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 31 2.1.1. Da Casa Iniciadora Meus queridos Analistas do Banco Central, para facilitar o seu estudo, colocarei sempre um desenho do procedimento que será estudado. À medida que você for lendo, volte ao desenho do procedimento e visualize exatamente onde você está. Isso facilitará bastante o seu estudo além de fornecer uma visão melhor do todo. Vamos à primeira parte: CASA INICIADORA Votação nas Comissões Plenário (Discussão e Votação) Comissão 1 emite parecer Comissão 2 emite parecer Comissão X emite parecer Aprova vai para a Casa Revisora Rejeita arquiva+ Irrepetibilidade Iniciativa Tramitação nas comissões Iniciado o processo legislativo, o PL tramita nas comissões da Casa Iniciadora (ele tramitará nas comissões da Casa Revisora também, em um momento posterior). Essas comissões, que podem fazer emendas ao PL, podem ser temáticas (ex. Comissão de Educação, Comissão de Assuntos Sociais, etc.) ou Comissões de Constituição e Justiça (CCJ). A CCJ, realiza um exame formal do PL e emite um parecer de observância obrigatória (terminativo). Já as comissões temáticas realizam um exame material do PL e emitem um parecer não obrigatório (opinativo). O número de comissões temáticas e por quais comissões o PL passará não é estudado na parte constitucional do processo legislativo e sim no Regimento Interno de cada Casa legislativa. Assim, não se preocupe com isso, combinado? CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 32 Emendas ao Projeto de Lei As emendas (alterações ao PL) podem ser feitas tanto nas Comissões quanto no Plenário e também podem ser feitas nos projetos de lei de iniciativa privativa. Lembre-se que a iniciativa privativa é somente para dar início ao andamento do PL, que pode ser alterado pelo Poder Legislativo. Além disso, as emendas podem ser propostas tanto pelos congressistas (deputados e senadores) quanto pelas Comissões Parlamentares. Existe um dispositivo na Constituição que merece maior explicação: Art. 166, § 5º - O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor modificação nos projetos a que se refere este artigo (leis orçamentárias – PPA, LDO e LOA) enquanto não iniciada a votação, na Comissão mista, da parte cuja alteração é proposta. Observe que quem elabora os projetos do PPA, da LDO e da LOA é o próprio Presidente da República, aliás, essas leis são de iniciativa exclusiva dele. Depois de elaborados os projetos, o Presidente os encaminha ao Congresso Nacional, dando início à fase constitutiva do processo legislativo. Ocorre que, por força do art. 166, § 5º, APÓS enviado o projeto de lei para o Congresso Nacional, o Presidente da República pode propor emendas, desde que não tenha sido iniciada a votação da parte a ser alterada na primeira comissão onde esse projeto de lei tramita (a Comissão Mista Parlamentar de Orçamento e Finanças - CMPOF). Por fim, a Constituição prevê que não será admitido aumento da despesa prevista: I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República, ressalvadas as leis orçamentárias, onde poderá haver esse aumento, cumpridos os demais requisitos constitucionais. II - nos projetos sobre organização dos serviços administrativos da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos Tribunais Federais e do Ministério Público CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 33 Do Plenário Após a discussão e votação dentro da última comissão (lembrando que o PL pode passar por várias delas), o Projeto de Lei é enviado a Plenário para discussão e votação. O referido Plenário pode: 1. Aprovar o PL, com ou sem emendas, caso em que o mesmo vai para a Casa Revisora; 2. Rejeitar o PL, caso em que o mesmo será arquivado e sua matéria não pode ser objeto de novo PL na mesma sessão legislativa, salvo requerimento da maioria absoluta de qualquer das Casas (irrepetibilidade). Da delegação interna corporis: votação do PL no âmbito das comissões Como dito acima, em regra, após tramitarem pelas comissões, os Projetos de Lei (PLs) devem ser votados no Plenário de cada Casa. No entanto, a Constituição permite que o Regimento Interno de cada Casa delegue algumas atribuições do Plenário para se discutir e votar definitivamente os PLs no âmbito das comissões. Assim, um Projeto de Lei pode ser aprovado na Câmara dos Deputados e no Senado Federal sem jamais ter passado pelo Plenário de nenhuma dessas Casas (caso tenha havido adelegação de ambos os regimentos internos). Essa delegação se chama delegação interna corporis (art. 58, §2º, I). No entanto, a CF também regra que, caso haja recurso de 1/10 dos membros da Casa, o PL (que seria votado somente nas comissões) deve ser levado a Plenário. Essa disposição também protege o direito das minorias parlamentares. Volte agora e revise o desenho do procedimento estudado até aqui. Esquematizando: CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 34 o Procedimento I- Casa Iniciadora a) Iniciado o Processo Legislativo: PL tramita nas comissões Comissões - de Constituição e Justiça (CCJ) - Exame formal - Parecer Terminativo (obrigatório) Em ambas - Temáticas emitem - Parecer - não obrigatório (opinativo) as Casas - Exame material (Podem emendar) b) Emendas: Pode haver emendas - Nas comissões - No Plenário - Nos PL de iniciativa privativa Podem ser propostas pelos - Congressistas - Comissões Parlamentares x Quem tem iniciativa privativa PODE apresentar emendas APÓS proposto o PL e enquanto não iniciada a votação na primeira Comissão (divergência doutrinária sobre outros, que não o PR) Ex: PR nas leis Orçamentárias, enquanto não iniciada a votação na CMPOF da parte cuja alteração é proposta. (art. 166, §50) Emendas a PL não podem - Iniciativa exclusiva do PR, salvo orçamento aumentar despesa nos PL de - Organização da - CD - SF - Tribunais Federais - MP Pode aumentar despesa, desde que cumpridos os demais requisitos CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 35 c) Após discussão e votação dentro das Comissões, o PL é enviado ao Plenário para discussão e votação OBS: Votação do PL no âmbito das comissões x As comissões podem aprovar (VOTAR) o PL sem passar pelo Plenário o (art. 58, §20, I) o Para agilizar a atividade legislativa o Por delegação interna corporis o Em casos específicos previstos nos Regimentos Internos o Isso pode ocorrer nas duas Casas, ou seja: um PL pode ser aprovado (virar lei) sem jamais ter passado pelo PLENÁRIO da CD ou do SF o Cabe recurso de 1/10 dos membros da Casa caso em que vai a Plenário d) Aprovado pela Casa Iniciadora (com ou sem emendas) Segue para a Casa Revisora e) Rejeitado pela - Arquiva Casa Iniciadora + - Irrepetibilidade (art. 67): a matéria do PL rejeitado não pode mais ser objeto de PL na mesma Sessão Legislativa, salvo MA de qualquer das Casas CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 36 2.1.2. Da Casa Revisora Colocarei agora a segunda parte do desenho do processo legislativo ordinário. Lembre-se de sempre voltar até ele à medida que for lendo a explicação: CASA INICIADORA Votação nas Comissões Comissão 2 emite parecer Aprova vai para a Casa Revisora Rejeita arquiva+ Irrepetibilidade Plenário (Discussão e Votação) Comissão X emite parecer Comissão 1 emite parecer Iniciativa CASA REVISORA Votação nas Comissões Aprova vai para autógrafo + Sanção ou veto do PR Emenda – volta para a Casa Iniciadora para apreciação das emendas. Plenário (Discussão e Votação) Rejeita arquiva+ Irrepetibilidade Comissão 1, 2, 3, 4, X … Emitem Parecer Uma vez aprovado pela Casa Iniciadora, o Projeto de Lei vai para a Casa Revisora. Tudo o que foi estudado até aqui para a Casa Iniciadora, também vale para a Casa Revisora. Ex: o PL também passa pelas comissões (CCJ e temáticas), pode haver emendas, delegação interna corporis, etc. Assim, após o trâmite nas comissões, o PL vai ao Plenário da Casa Revisora, que pode: 1. Aprovar o PL sem emendas de mérito, caso em que ele segue para autógrafo, que é a reprodução do conteúdo final que o PL terá. De lá, o PL segue para a Deliberação executiva (sanção ou veto do Presidente da República). CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 37 2. Rejeitar o PL, caso em que o mesmo será arquivado e ocorrerá a irrepetibilidade, ou seja, a matéria do PL rejeitado não pode mais ser objeto de projeto de lei na mesma sessão Legislativa, salvo proposta da maioria absoluta de qualquer das Casas (art. 67). 3. Emendar o PL, caso em que ele volta para a Casa Iniciadora para apreciação das emendas da Casa Revisora. Observe que, nesse estágio, a Casa Iniciadora somente pode apreciar a parte emendada pela Casa Revisora, sendo vedada a subemenda (emenda da emenda). Ao apreciar as emendas da Casa Revisora, a Casa Iniciadora pode aprová-las ou rejeitá-las. Caso aprove, o PL segue para autógrafo, seguido da sanção ou veto do Presidente da República. Caso rejeite, o PL segue para a sanção ou veto do Presidente do mesmo jeito, e sem as emendas! Portanto, a vontade da Casa iniciadora prevalece sobre a da Revisora. Importantíssimo ressaltar que, apesar de haver predominância da Casa Iniciadora sobre a Casa Revisora, não há hierarquia entre elas. Assim, como a Câmara dos Deputados é, geralmente, a Casa Iniciadora, ela tem papel preponderante sobre o Senado Federal na elaboração das leis (lembre-se de que não há hierarquia entre as Casas!). Volte agora e revise o desenho do procedimento estudado até aqui. Esquematizando: CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 38 II- Casa Revisora a) Aprovar - Sem emendas de mérito Segue para sanção do PR - Com emendas de mérito o mesmo que emendar b) Rejeitar arquiva + irrepetibilidade (a matéria do PL rejeitado não pode mais ser objeto de PL na mesma sessão Legislativa, salvo MA de qualquer das Casas c) Emendar - PL volta para a Casa Iniciadora, que somente apreciará o que foi modificado - Vedado subemenda (emenda da emenda) - A Casa • Aprovar as emendas segue para a sanção do PR Iniciadora pode • Rejeitar as emendas segue para a sanção do PR do mesmo jeito (e sem as emendas) A pr ov ad o pe la C as a In ic ia do ra , v ai pa ra a C as a R ev is or a, q ue p od e NÃO HÁ HIERARQUIA ENTRE CASA INICIADORA e REVISORA, mas há PREDOMINÂNCIA da CASA INICIADORA sobre a REVISORA A vontade da Casa Iniciadora prevalece (E SEM AS EMENDAS) Como a CD é geralmente a Casa Iniciadora, ela tem papel preponderante na elaboração normativa x Lembrando: a CD não é hierarquicamente superior ao SF OBS: o Na Casa Revisora, o PL também passa pelas comissões Após as Comissões, vai a Plenário (igual na Casa Iniciadora) A Casa Revisora também pode aprovar um PL somente no âmbito das Comissões (delegação interna corporis) igual na Casa iniciadora. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 39 2.2. DELIBERAÇÃO EXECUTIVA – SANÇÃO OU VETO Após aprovado na fase de discussão e votação no Congresso Nacional, o projeto de lei é encaminhado ao Presidente da República, que tem 15 dias úteis para realizar a sanção ou o veto. Da sanção A sanção completa a fase constitutiva e é a aprovação da lei. Significa que o Presidente da República está de acordo com seu conteúdo e faz com que o “projeto de lei” se transforme em “LEI”. A sanção pode ser expressa ou tácita. A sanção expressa ocorre quando o Presidente da República “assina o papel”, ou seja, ele assina umato se manifestando em favor daquela lei. Repare que a sanção expressa requer uma ação presidencial. Mas o que ocorre se o Presidente deixar passar os 15 dias úteis e não sancionar e nem vetar o PL? Ocorre a sanção tácita. Daí vem aquele ditado “quem cala, consente”. Dessa forma, caso o Presidente da República permaneça em silêncio, deixando escoar o prazo de sanção ou veto, ele está, tacitamente (implicitamente), aprovando a lei. Após a sanção, a LEI (lembre-se que a sanção transforma o PL em lei) será promulgada e publicada. O prazo para promulgação é de 48 horas e não existe prazo constitucional definido para a sua publicação. Apenas as leis ordinárias, as leis complementares e as MPs modificadas pelo Congresso Nacional (leis de conversão) se submetem à sanção. Assim, não se submetem à sanção as Emendas Constitucionais, Leis Delegadas, Decretos Legislativos, Resoluções, e Medidas Provisórias não modificadas. Vale observar que, ainda que o Presidente da República sancione uma lei, ele pode propor uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) contra ela, ou seja, não é pelo fato de o Presidente haver sancionado uma lei, que ele perderá o direito de contestá-la perante o judiciário. Além disso, a sanção não supre o vício de iniciativa ou de emenda parlamentar. Portanto, caso o Projeto de Lei contenha algum vício de CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 40 iniciativa ou vício de emenda, a sanção presidencial não fará com que ele se torne válido. Somente para lembrar uma informação importantíssima e muito cobrada em provas: Não há sanção ou veto presidencial na emenda à Constituição, em decretos legislativos, em resoluções, nas leis delegadas e na lei resultante da conversão, sem alterações, de medida provisória. Esquematizando: 2.2) Deliberação Executiva – Sanção ou Veto o Após a fase de discussão e votação, - Sanção - Expressa o PL vai para o PR para - Tácita - Veto o Sanção - Aprovação da lei. - Completa a fase constitutiva - Se o PR deixar passar o prazo sem se manifestar sanção tácita 15 d úteis - Após a sanção, a LEI vai para a fase de promulgação e publicação. • A sanção faz o PL virar LEI 48h Não tem prazo definido - Mesmo que o PR tenha sancionado, ele pode entrar com Adin contra a Lei - A sanção não supre o vício de iniciativa ou de emenda parlamentar - Não há sanção em - Emenda Constitucional - Lei Delegada - Decreto Legislativo - Resoluções, - MP não modificada Se for PL de conversão (MP modificada) precisa de sanção Não há sanção ou veto do PR em - EC - DecLeg - Res - LDel - MP aprovada pelo CN sem alterações CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 41 Do veto O veto é a rejeição do PL pelo Presidente da República e possui prazo comum de 15 dias úteis (é o mesmo prazo, onde o Presidente decide se sanciona ou veta uma lei). Imagine que o Presidente da República apresente um projeto de lei ao Congresso Nacional e este o aprove integralmente, sem nenhuma modificação. O Presidente, ainda assim, pode vetar esse projeto de lei. O Presidente da República pode vetar um texto que ele mesmo apresentou. Vamos às características do veto: x Expresso: o veto só ocorre se houver manifestação expressa do Presidente, ou seja, uma ação do chefe do executivo de rejeitar o PL no todo ou em parte. Dessa forma, caso o chefe do executivo deixe escoar o prazo de 15 dias úteis, haverá a sanção tácita (não existe veto tácito). x Irretratável: uma vez vetado, o Presidente não pode desistir do veto. x Supressivo: o Presidente da República somente pode retirar texto do PL e nunca alterá-lo ou acrescentar nada a ele. A depender das informações vetadas, o veto pode ser classificado como total ou parcial. Ele será total quando ocorrer na íntegra, ou seja, quando o presidente vetar TODO o projeto de lei. Por outro lado, será parcial quando o Presidente vetar apenas PARTE do projeto de lei. Uma observação importantíssima é que o Presidente da República, ao realizar o veto parcial, somente pode vetar o texto integral de artigo, parágrafo, inciso ou alínea e não pode deixar a lei ilógica ou modificar o seu “sentido”. Dessa feita, o Presidente da República não poderá vetar palavras isoladas no texto da lei. x Motivado: Outra característica do veto é que ele deve ser SEMPRE MOTIVADO. Assim, o Presidente da República deve sempre dizer por qual motivo vetou um PL, sendo que, a ausência de motivação implica na inexistência do veto. Isso ocorre porque o veto é um ato composto e somente se aperfeiçoa com a comunicação dos motivos ao Presidente do Senado Federal em 48 horas, caso contrário, tem-se pela inexistência do veto. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 42 x Jurídico ou político: Quanto à motivação, o veto pode ainda ser jurídico ou político. Ele será jurídico quando o Presidente vetar um PL alegando a inconstitucionalidade do mesmo. Nesse caso, o chefe do executivo estará exercendo o controle preventivo de constitucionalidade. O veto será ainda político quando o Presidente alegar, ao motivá-lo, que o PL é contrário ao interesse público. x Ato político: atos políticos são aqueles expedidos pelos agentes políticos no exercício de sua função estatal, com larga margem de independência e liberdade. Não são atos administrativos (ADPF 1/RJ- QO). O veto é um ato político, não cabendo, via de regra, controle judicial de suas razões. É cabível, no entanto, o controle judicial da tempestividade ou quando houver abuso por parte do chefe do executivo. x Superável ou relativo: o Congresso Nacional pode derrubar/superar o veto presidencial. Da derrubada do veto pelo Congresso Nacional Como visto, ao vetar um Projeto de Lei, o Presidente da República deve comunicar ao Presidente do Senado Federal (PSF) os motivos do veto no prazo de 48 horas. Após isso, a parte vetada será apreciada em sessão conjunta do Congresso Nacional no prazo de 30 dias. Caso o Congresso Nacional permaneça inerte e não delibere sobre o veto presidencial no prazo de 30 dias, haverá o trancamento da pauta da sessão conjunta do Congresso Nacional. Observe que não haverá o trancamento da pauta da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, mas sim da sessão conjunta do CN. Por maioria absoluta e voto secreto, o veto pode ser afastado, produzindo os mesmos efeitos da sanção. Trancar a pauta significa que o Congresso Nacional (na sessão conjunta) não poderá deliberar sobre nenhum outro assunto enquanto não deliberar sobre o motivo do trancamento, no caso, a apreciação do veto presidencial. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 43 Caso o Congresso Nacional decida pela manutenção do veto, o PL será arquivado e sua matéria não poderá ser objeto de novo PL na mesma sessão legislativa, salvo requerimento da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas (irrepetibilidade). Observe que, assim como o veto do Presidente da República pode ser total ou parcial, a derrubada do veto também pode ser total ou parcial. Dessa forma, o Congresso Nacional pode derrubar apenas parte do veto do Presidente (Rp 1385 / SP). Por exemplo, se o Presidente da República veta os artigos 1, 2 e 3 de um projeto de lei, o Congresso Nacional pode derrubar apenas o veto do artigo 1 e deixar vetados os artigos 2 e 3. Uma vez derrubado o veto, a lei segue para que o Presidente da Repúblicaa promulgue. Observe que o Presidente deve promulgar a lei, mesmo a tendo vetado anteriormente. Se o Presidente da República não a promulgar no prazo de 48 horas, o Presidente do Senado Federal (PSF) o faz em igual prazo. Caso o Presidente do Senado Federal também não a promulgue, o Vice- Presidente do Senado Federal (VPSF) deve fazê-lo. Nesse último caso, o VPSF é OBRIGADO a promulgar a lei, sendo que a Constituição não prevê um prazo específico para tal. Esquematizando: CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Pro - Rejeição do PL pelo Presidente da República - Prazo para vetar: 15 d úteis (o mesmo prazo da sanção) - PR pode vetar texto que ele mesmo apresentou - Expresso: Silêncio: sanção tácita (NÃO EXISTE VETO TÁCITO) - Irretratável: Não pode desistir do veto - Supressivo - Só pode retirar texto. Nunca acrescentar - Veto - Total Na íntegra - Parcial - Só pode vetar texto integral de artigo, parágrafo, inciso ou alínea - Não pode deixar ilógico ou modificar o “sentido” da lei - Motivado • Prazo para comunicar o PSF com os motivos do veto: 48h Sempre • Comunicação dos motivos aperfeiçoa o veto (ato composto) • Se não motivar: inexistência do veto - Veto - Jurídico: Inconstitucionalidade (controle preventivo de constitucionalidade) - Político: Contrário ao interesse público - Ato político - Não cabe controle judicial das RAZÕES do veto - Excepcionalmente cabe (abuso) - ADPF 1/RJ-QO - Superável ou relativo: o Congresso Nacional pode derrubar o veto do Presidente Veto - Presidente da República comunica ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto (48h) - A parte vetada é apreciada em sessão conjunta do CN - Prazo: 30d - Se o CN ficar inerte: tranca a pauta da SESSÃO CONJUNTA DO CN x Não tranca a pauta da CD ou SF: x Só tranca a pauta da sessão conjunta do CN - Por MA E VOTO SECRETO, o veto é afastado, produzindo os mesmos efeitos da sanção x CN derrubar o veto x Derrubada do veto: produz os mesmos efeitos da sanção presidencial - Mantido o veto: arquiva + irrepetibilidade - CN pode derrubar apenas parte do veto do Presidente da República (Rp 1385 / SP) - Derrubado o veto: segue para o PR promulgar (48h) x O PR deve promulgar a Lei mesmo sem concordar com ela o Se o PR não promulgar - PSF o faz - Prazo: 48h x Se o PSF não promulgar - VPSF o faz - Não tem prazo constitucional definido - É OBRIGATÓRIO CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 45 3. FASE COMPLEMENTAR A fase complementar compreende as fases de promulgação e publicação da lei. 3.1. PROMULGAÇÃO A promulgação é a declaração de existência da lei e sua inserção no ordenamento jurídico. Observe que se promulga a “LEI” e não um “projeto de lei”, uma vez que o PL é transformado em lei na sanção do Presidente ou na derrubada do veto pelo Congresso Nacional (fases anteriores à promulgação). Se o Presidente da República não promulgar a lei no prazo de 48 horas, o Presidente do Senado Federal (PSF) o faz em igual prazo. Caso o Presidente do Senado Federal também não a promulgue, o Vice-Presidente do Senado Federal (VPSF) deve fazê-lo. Nesse último caso, Vice-Presidente do Senado Federal é OBRIGADO a promulgar a lei e a Constituição não prevê um prazo específico. Existem algumas promulgações originárias do poder legislativo, como as Emendas Constitucionais, que são promulgadas pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, os Decretos Legislativos, que são promulgados pelo Presidente do Senado Federal (que é o Presidente do Congresso Nacional) e as Resoluções, que são promulgadas pelos Presidentes das Casas que as editarem. 3.2. PUBLICAÇÃO A publicação é um pressuposto de eficácia da lei. Assim, a lei só pode ser exigida depois de publicada, ou seja, depois que todos tomarem conhecimento de sua existência. Em regra, a cláusula de vigência da lei vem prevista em seu último artigo (clique no link e olhe art. 125 da Lei 8.666). Dessa forma, a própria lei diz quando ela entrará em vigor. No entanto, se ela não falar nada quanto ao seu prazo de vigência, entrará em vigor no território nacional no prazo de 45 dias após sua publicação e em território estrangeiro após 3 meses de sua publicação. A Constituição Federal não estipula expressamente o prazo para a publicação das leis. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 46 Esquematizando: 3. Fase Complementar - Promulgação - Publicação 3.1) Promulgação o Declaração de existência da lei e sua inserção no ordenamento jurídico o Promulga LEI e NÃO Projeto de Lei Já é Lei O PL vira lei com a - Sanção - Derrubada do veto o Prazo: 48h o Promulgada pelo Presidente da República Caso haja rejeição do veto e o PR não promulgue - PSF o faz - Prazo: 48h Se o PSF não promulgar - VPSF o faz - Não tem prazo constitucional definido - É OBRIGATÓRIO o Promulgação originária - Emenda Constitucional promulgada pela mesa CD + mesa SF do LEGISLATIVO - Decreto Legislativo promulgado pelo PSF (PCN) - Resolução promulgada pelo Presidente da Casa que a editar 3.2) Publicação o Não há prazo definido para a publicação o Pressuposto de eficácia da lei o A lei pode ser exigida (só tem eficácia) depois de publicada o Marca o momento em que a legislação passa a ser exigida o Regra: cláusula de vigência no último artigo da lei Se não falar nada - Território nacional: 45 dias da publicação - Estrangeiro: 3meses da publicação Observe agora o procedimento legislativo completo das leis ordinárias e complementares: C U R SO O N -L IN E – D IR EI TO C O N ST IT U C IO N A L – A N A LI ST A D O B A N C O C EN TR A L PR O FE SS O R : R O B ER TO T R O N C O SO Fa se Co m pl em en ta r Fa se de In ic ia tiv a Fa se Co ns tit ut iv a Ca sa In ic ia do ra PS F 48 h Sa nç ão 15 d út ei s al te ra çõ es Ca sa Re vi so ra al te ra çõ es CN 30 d Se ss co nj M an ut en çã o do ve to Ca sa In ic ia do ra Re je iç ão do Ve to :M A e vo to se cr et o PR Pr om ul ga 48 h Pu bl ic a PS F Ra zõ es 48 h Ve to 15 d út ei s A ut óg ra fo A pr ov a em en da s Re je ita em en da s PR A rq ui va + ir re pe t Pr om ul ga 48 h VP SF Ø A rq ui va + ir re pe t Pu bl ic a In ic ia tiv a A rt .6 3 a 67 , 69 e 61 A rq ui va + ir re pe t Pr of . R ob er to T ro nc os o w w w .p on to do sc on cu rs os .c om .b r 47 CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – ANALISTA DO BANCO CENTRAL PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 48 4. PROCESSO LEGISLATIVO SUMÁRIO OU REGIME DE URGÊNCIA CONSTITUCIONAL O Processo legislativo Sumário ou Regime de Urgência constitucional segue o mesmo trâmite do processo ordinário, passando pelas comissões, plenário, Casa Iniciadoa e Revisora, enfim, possui todas as características do processo legislativo estudadas até aqui. No entanto, o regime de urgência constitucional possui prazos. O PL em regime de urgência tem que ser aprovado
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