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ALVARO EDAUTO DA SILVA GOMES 
Economia Aplicada ao 
Direito 
 
 
 
São Paulo - 2012 
 
 
 
[Digite aqui o resumo do documento. Em geral o resumo é uma breve descrição do conteúdo 
do documento. Digite aqui o resumo do documento. Em geral o resumo é uma breve descrição 
do conteúdo do documento.] 
2 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
ORELHA DO LIVRO 
Este livro descreve os vários aspectos econômicos e jurídicos relacionados ao funcionamento do mercado de 
produtos, financeiro, de capitais e internacional, proporcionando ao estudante de Direito uma visão sistêmica de 
como estes mercados funcionam, contendo os seguintes capítulos: Conceitos Básicos, Concentração de Mercado e 
Reorganização Societária, Mercado de Capitais e Financeiro e Comércio Internacional 
 
NOTA SOBRE O AUTOR 
ÁLVARO EDAUTO DA SILVA GOMES é bacharel em Ciências Econômicas formado pelas FACULDADES 
METROPOLITANAS UNIDAS e Mestre em Controladoria e Contabilidade Estratégica pela FECAP – FUNDAÇÃO 
ESCOLA E COMÉRCIO ÁLVARES PENTEADO. É consultor financeiro, Professor Universitário e Professor da FGVLaw 
MBA 
 
APLICAÇÃO 
Trata-se de obra indispensável para profissionais da área jurídica e demais profissionais interessados pela 
associação Economia-Direito. Por seu aspecto prático detalhado e com informações contemporâneas e atuais, pode 
ser compreendido, também, por qualquer cidadão. 
 
DEDICATÓRIA 
Este livro é dedicado à minha esposa Adriana e à minha filha Manuella por toda experiência que passamos na 
concepção de um ser. 
AGRADECIMENTO 
Ao meu editor por nossa cumplicidade com a música. 
 
RESUMO 
 Este livro é indicado para universitários do curso de Direito e demais profissionais interessados na 
associação entre Economia e o mundo jurídico. Os exemplos dados em todos os capítulos baseiam-se 
em fatos reais ocorridos no mercado brasileiro e internacional com o objetivo de proporcionar ao 
universitário um conhecimento didático e, ao mesmo tempo prático. A Economia tem atraído muitos 
profissionais em função das crises as quais o mundo passou e vem passando, pois a globalização 
interligou os mercados e, qualquer profissional não deve ficar alheio ou distante dessas informações, 
uma vez que pode ser diretamente ou indiretamente envolvido. Em relação ao estudante da área 
jurídica, conhecer a Economia é sinônimo de profissional com visão mercadológica e sistêmica. Trata-se 
de ciência dinâmica e mutável, o que exigirá atualização do arcabouço jurídico para as novas realidades 
que se formarão dentro de um sistema econômico. 
 
3 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
SUMÁRIO 
CAPÍTULO I – CONCEITOS BÁSICOS 
1. A Ciência Econômica e o Sistema Econômico...................................................................6 
1.1 Tipos de Bens e Serviços.........................................................................................8 
1.2 Informações Complementares................................................................................8 
2. Subdvisões da Ciência Econômica..................................................................................9 
3. A Formação do Sistema Econômico................................................................................13 
3.1 Planos de Desenvolvimento e Infraestrutura no Brasil............................................14 
3.2 Do Milagre Econômico em diante..........................................................................16 
3.3 Abordagem Jurídica – Breve Histórico....................................................................19 
3.3.1 Código Penal...........................................................................................19 
3.3.2 Código Civil.............................................................................................20 
3.3.3 Código Comercial...................................................................................20 
3.3.4 Código Tributário....................................................................................21 
CAPÍTULO II – REESTRUTURAÇÃO SOCIETÁRIA E CONCENTRAÇÃO DE MERCADO 
1. Modalidades de Crescimento Empresarial e Reorganização Societária..........................23 
1.1 Atribuições do Conselho Fiscal..............................................................................24 
1.2 Modalidades de Crescimento Empresarial............................................................24 
2. O Processo de Incorporação Empresarial.....................................................................28 
2.1 Case de Incorporação e Cisão...............................................................................29 
2.2 Incorporações no segmento da indústria farmacêutica........................................30 
2.3 Cuidados a serem tomados em um processo de Incorporação e Fusão.................31 
3. O Processo de Fusão Empresarial................................................................................32 
4. Malefícios da Fusão e da Incorporação.......................................................................34 
5. Os Reflexos no Mercado de Capitais............................................................................35 
6. Estruturas Empresariais e Concentração de Mercado..................................................36 
7. Atuações do Governo como Agente Econômico..........................................................39 
 
 
 
4 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
CAPÍTULO III – FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE CAPITAIS E DO MERCADO FINANCEIRO NO BRASIL 
1. O Processo de Abertura de Capital............................................................................44 
1.1 Vantagens da Abertura de Capital....................................................................45 
1.2 Fatores a serem considerados no Processo de Abertura...................................45 
2. Os participantes do Mercado de Capitais..................................................................51 
2.1 Índices Constituídos.........................................................................................52 
3. Atuações da Comissão de Valores Mobiliários.........................................................53 
4. O Mercado de Títulos Públicos 
4.1 O Mercado Primário........................................................................................57 
4.2 O Mercado Secundario...................................................................................57 
4.3 Procedimentos do Mercado............................................................................58 
5. Sistemas de Custódia.............................................................................................. 
5.1 Câmara Brasileira de Liquidação e Custódia.....................................................59 
5.2 SELIC – Sistema Especial de Liquidação e Custódia...........................................60 
5.3 CETIP – Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos........................60 
6. Definição de Bolsa de Valores.................................................................................61 
6.1 Função das Bolsas de Valores.........................................................................62 
6.2 História da Bolsa de Valores de São Paulo......................................................64 
6.3 História da Bolsa de Mercadorias e de Futuros...............................................65 
6.4 Cases de Atuação da Comissão de Valores Mobiliários...................................67 
7. O Mercado Financeiro...........................................................................................69 
7.1 Produtos Financeiros....................................................................................71 
7.2 Serviços Financeiros......................................................................................807.3 Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF)...............................85 
7.4 Decreto sobre o COAF...................................................................................86 
7.5 Legislação sobre Liquidação e Intervenção Bancária.....................................94 
CAPÍTULO IV – PROCEDIMENTOS PARA EXPORTAR E IMPORTAR 
1. Introdução...........................................................................................................105 
2. Documentos Exigidos nas Operações de Exportação............................................. 
2.1 Exportado....................................................................................................106 
5 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
2.2 Documentos referentes ao Exportador..........................................................107 
2.3 Documentos referentes à Mercadoria...........................................................108 
3. INCOTERMS – Termos Internacionais do Comércio................................................116 
3.1 Terminologias do INCOTERMS.......................................................................116 
4. Despacho Aduaneiro – Importação........................................................................121 
4.1 Importação por Conta de Ordem de Terceiros...............................................122 
4.2 Importação por Encomenda..........................................................................122 
4.3 Declaração de Importação – DI......................................................................122 
5. Tributos incidentes da Importação........................................................................123 
6. Início do Despacho Aduaneiro de Importação.......................................................123 
7. Documentos de Instrução da Declaração de Importação.......................................123 
8. Parametrização.....................................................................................................124 
9. Desembaraço Aduaneiro......................................................................................124 
BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................125 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
CAPÍTULO I – CONCEITOS BÁSICOS 
 
1. A Ciência Econômica e o sistema econômico 
 
 A Ciência Econômica enquadra-se como uma ciência humana sendo, a sua preocupação 
básica, a administração dos recursos relativamente escassos associada às necessidades 
humanas ilimitadas. 
 
 De acordo com MASLOW, um dos personagens mais pesquisados na área de Administração 
de empresas, as necessidades humanas respeitam a uma hierarquia onde compreende as 
necessidades fisiológicas e se ampliam para questões relacionadas às necessidades sociais 
(educação, saúde, transporte), de ego e status social, à medida que o nível de renda aumenta 
ao longo do tempo, passando a satisfazer, além das necessidades primárias as necessidades 
secundárias (luxo, por exemplo). 
 
 Por participarem do sistema econômico, tal como as famílias, caberá aos demais agentes 
econômicos, empresas e Governo o atendimento destas necessidades correntes onde, o 
Governo oferece os serviços e os bens públicos e as empresas a produção de bens e serviços. 
 
 De imediato, nem sempre as empresas e o Governo poderão atender a essas necessidades, 
pois há restrições de ordem orçamentária ou limitação científica. 
 Um sistema econômico em formação requer maior atuação do Governo como empresário, 
foi o que aconteceu com o Brasil a partir dos anos 30 quando ocorreram investimentos nas 
indústrias de base (siderúrgicas e petróleo) e demais setores. 
 
 No aspecto empresarial precisamos avaliar o que é utilidade e o que é futilidade, pois muito 
do que é produzido o é para o atendimento de necessidades secundárias tais como: produto 
que possibilita o armazenamento de 2000 músicas através do processo de download ou 
alimentar os “bichinhos virtuais” tão vendidos nos anos 90. Já, outras produções, são 
empenhadas na resolução de casos até dias ou anos atrás indissolúveis como são os casos de 
ejaculação precoce e disfunção erétil cujos laboratórios Johnson & Johnson e Pfizer, 
respectivamente, dedicaram anos de pesquisa para melhorar a autoestima dos vitimados. Se 
ambos os casos apresentados são exemplos de sucesso, então podemos concluir que a 
indústria do entretenimento é tão útil quanto a os avanços da indústria farmacêutica. 
 
7 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
 Como a nossa finalidade é o entendimento da existência da ciência econômica, então qual é 
o problema econômico central que impera sobre este sistema econômico ? 
Resposta: 
Como atender às necessidades humanas ilimitadas se os recursos são relativamente escassos ? 
 Para melhor esclarecer, daremos alguns exemplos desta relação entre necessidades 
humanas ilimitadas e recursos relativamente escassos: 
 
Exemplo 1: A população brasileira é altamente consumidora de trigo, produto ao qual é 
largamente utilizado na fabricação de pães e massas. Caberá aos agricultores locais, 
dependendo das condições climáticas, iniciar a fase de plantação da cultura, porém, nem 
sempre o plano é bem sucedido e a safra fica prejudicada em função de um clima mais quente, 
contrário à cultura do trigo. Neste caso, observamos que surge uma escassez relativa em 
território brasileiro ao qual o governo terá que importar o produto de outros países 
produtores ou formar estoques preventivamente. 
Exemplo 2: Nos anos 70 fomos vitimados pela crise do petróleo, (1973 e 1979), pois não 
éramos autossuficientes como somos atualmente. Havia necessidade pelo produto, porém não 
havia disponibilidade interna, o que nos obrigava a importar o produto e nos endividar para 
isso. No quadro atual, somos autossuficientes no volume de extração, mas não no volume de 
refino, ao qual ainda nos condiciona a exportar petróleo bruto e importar o petróleo refinado. 
Uma das propostas do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do Governo atual é de 
construir mais refinarias no futuro. Já temos uma em desenvolvimento no Nordeste em 
parceria com o Governo Venezuelano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Com base nos exemplos, concluímos que este sistema econômico se interage com o resto do 
mundo e vice-versa. 
 
Sistema Econômico composto 
pelos agentes econômicos: 
Famílias 
Empresas (2º setor) 
Governo (1º setor) 
8 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
1.1 Tipos de Bens e Serviços 
 
 A classificação dos tipos de bens e serviços dar-se-á da seguinte forma: 
 
 Bens duráveis, bens semiduráveis, bens não duráveis e serviços, bens e serviços 
públicos. 
 
 Este mercado de serviços é dividido em setores: 
 
 Setor primário: pesca, agricultura, extrativismo 
 Setor secundário: Indústria 
 Setor terciário: comércio e serviços 
 Setor quaternário: Informação 
 
 A somatória do que é produzido nos limites geográficos brasileiro de todos estes setores é o 
que resultará na soma total do Produto Interno Bruto, não que seja a medida mais eficiente. 
Atualmente esta variável está em vias de sofrer modificações para que sejam incluídas 
informações sofre produção sustentável. Quando se extrai petróleo, é necessário avaliarmos, 
também, o vácuo que será gerado para as futuras gerações e medidas devem ser tomadas 
para a sua compensação. 
 
1.2 Informações complementares: 
Micro e pequenas empresas:As micro e pequenas empresas representam, no Brasil, noventa e oito por cento das 
empresas formalizadas, empregando cinqüenta e sete por cento da mão de obra formal 
ocupada e representando mais de vinte por cento do Produto Interno Bruto, PIB, sendo que, 
mundialmente, surge como tendência para a geração de novos empregos e rendas. 
 
 
 
 
9 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
 
Produto Interno Bruto 
 De acordo com as novas séries divulgadas, o PIB, em geral, aumentou. Em 2005, por 
exemplo, o PIB estimado na nova série foi de R$ 2,148 trilhões - pela primeira vez, o valor 
supera 2 trilhões - e ficou 10,9% acima do valor estimado na série anterior. O crescimento do 
PIB de 2005 em relação a 2004 foi reajustado para 2,9%, enquanto na série antiga havia sido 
de 2,3%. 
Atualmente o Produto Interno Bruto Brasileiro supera R$ 3 trilhões. 
 
Nova metodologia 
 O PIB, que é a soma de bens e serviços produzidos pelo País, agora é calculado de maneira 
mais precisa. Foram incorporadas pesquisas anuais de indústria, comércio, serviços e 
construção, com informações mais recentes e amplas. 
 Esta série passa a incorporar, integralmente, as pesquisas anuais do IBGE, as informações 
anuais da Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), agregado 
por código da Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE), os resultados da Pesquisa 
de Orçamentos Familiares de 2003, o Censo Agropecuário 1996 e, ainda, atualiza conceitos e 
definições introduzindo as últimas recomendações das Nações Unidas e de outros organismos 
internacionais. 
 
2. Subdivisões da Ciência Econômica 
 A Ciência Econômica é subdividida em duas áreas: a da Microeconomia e a da 
Macroeconomia, sendo: 
 
Microeconomia: O estudo do comportamento dos consumidores e dos produtores, também 
conhecidos como demandantes e ofertantes, respectivamente. 
Na ótica da demanda, a procura por bens e serviços dependerá de uma infinidade de fatores 
tais como: 
 Preço 
 Preço da concorrência 
 Preço do bem substituto 
 Preço do bem complementar 
 Qualidade (design, marca, tecnologia, cheiro, cor) 
10 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
 Forma de pagamento 
 Taxa de juros 
 Taxa de câmbio 
 Gosto 
 Segurança 
 Segurança jurídica 
 Renda 
 Custo/Benefício 
 Custo/Oportunidade 
 Somente após a verificação dessas variáveis é que o ato do consumo será efetivado. 
Portanto, demanda é um estágio anterior ao ato do consumo. 
 
 
 
 Já na ótica do ofertante, as variáveis determinantes serão: 
 
 Custo dos fatores produtivos: terra, capital, mão de obra, tecnologia, gestão 
 Preço da concorrência 
 Conhecimento do segmento 
 Tempo do retorno sobre o investimento 
 Localização: próxima à matéria-prima ou próximo ao mercado consumidor 
 Clima 
 Preço da commodity (produto cujo preço é cotado no mercado internacional) 
 Pesquisa de mercado 
 Segurança Jurídica 
Somente após a avaliação de todas estas variáveis é que o ato da produção será efetivado. 
Portanto, ofertar é um estágio anterior ao ato da produção. 
Necessidade Demanda Ato do consumo 
11 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
 
 
 
 Fatores produtivos 
 Referem-se aos elementos necessários para a execução de um processo produtivo e são 
conhecidos como: 
1. Terra: espaço físico necessário para a produção ou prestação de serviços. 
2. Capital: (explicação abaixo). 
3. Mão-de-obra: para empresários modernos é representada pelo capital humano 
formado pela mão-de-obra física e intelectual. 
4. Gestão: Famíliar ou profissionalizada, será responsável pela alocação e 
dimensionamento dos fatores acima. 
 
 Ressaltamos que o conceito de capital não se restringe apenas à área financeira. Há 
diversas modalidades de capital, tais como: 
 
Capital Físico Fixo: representado pelas máquinas, equipamentos e edificações; 
Capital Físico Circulante: representado por componentes e matéria-prima; 
Capital Financeiro: representado pelo capital social (participação dos sócios no negócio com 
registro em contrato social), capital de giro (capital necessário para a funcionamento da 
empresa e responsável pela cobertura dos custos e despesas operacionais), capital próprio e 
capital de terceiros (quando há necessidade por financiamentos, empréstimos ou créditos 
provenientes de agentes financeiros). 
 
Macroeconomia: Estudo do comportamento das variáveis globais tais como: 
 
 Produto Interno Bruto/Renda per capta 
 Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 
 Índice Gini 
 Índice de Confiança do empresariado e do consumidor 
Necessidade Oferta Ato da Produção 
12 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
 Índice de Desenvolvimento Educacional 
 Taxa de Juros 
 Taxa de Câmbio 
 Taxa de Desemprego 
 Taxa de Natalidade 
 Taxa de Inflação 
 Carga tributária 
 Dívida Interna 
 Dívida Externa 
 Risco Brasil (índice de confiabilidade) 
 
dentre outros aos quais o Governo e as empresas tem interesse por tais informações para a 
definição de seus planos estratégicos de ação. Estas variáveis também são eficientes para a 
avaliação e comparação entre a política de cada Governo e a eficácia de seus resultados. 
Portanto, são medidas de eficiência de um sistema econômico. Estas informações servem de 
base, também, para decisões de ordem empresarial e pessoal. 
 
 O Produto Interno Bruto já supera a cifra de US$ 1,6 trilhões, o IDH brasileiro é de 0,800 na 
escala de 0 a 1, o que representa um indicador de que a qualidade de vida do brasileiro 
apresentou melhoras significativas ao longo dos anos, apesar de algumas deficiências na área 
da saúde e habitação. Já a taxa de juros é considerada uma das mais altas do mundo sendo 
que a taxa de juro do Governo, a SELIC, atualmente de 10,50 % ao ano, não reflete as taxas 
cobradas pelas instituições financeiras e comercio varejista que chegam a atingir cifras de 3 
dígitos percentuais. A taxa de câmbio depende do volume de reservas cambiais (quanto 
menor o volume de reservas, maior a vulnerabilidade da moeda interna), a taxa de 
desemprego é sempre presente e difere por regiões, principalmente nas que não atraem 
investimentos. Atualmente aproxima-se de 9 % da população economicamente ativa PEA (80 
milhões). A taxa de natalidade já indica uma redução significativa em função de casais com 
propostas de menos filhos, a taxa de inflação vem sendo controlada por importações e 
retrações econômicas que nos levam à deflação em alguns momentos, a carga tributária ainda 
é um dos maiores problemas brasileiros, atingindo 38% do PIB. A dívida pública interna já 
supera R$ 1,6 trilhões e a dívida externa está como nunca bem administrada e praticamente 
paga, pois deixamos de ser devedores e somos, atualmente, credores. O índice Gini, que mede 
o índice de pobreza na região equivale a 0,49 sendo que, quanto mais próximo de 1, maior a 
existência de pobreza local. 
13 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
 
3. Formação do Sistema Econômico Brasileiro 
 
 Não é novidade para alunos do curso superior que fomos vitimados por um processo de 
colonização de exploração e não de povoamento. A população passou a ser composta pela 
mistura do branco europeu, o índio e o negro, sendo o regime de trabalho o de escravidão e 
voltado ao atendimento das necessidades da metrópole que nos explorava. 
 Passamos por diversos ciclos tais como: ciclo da cana-de-açucar, do ouro, da borracha e, 
nenhum destes ciclos possibilitou o avanço da economia brasileira de forma a transformá-la e 
direcioná-la para um caminho de crescimento e desenvolvimento. No ciclo da cana 
constatamos o crescimento nas cidadesdo nordeste onde os engenhos de cana eram 
instalados, na fase do ciclo do ouro cidades como Vila Rica, Ouro Preto, Tiradentes e algumas 
cidades de Goiás também floresceram. Este ciclo favoreceu o surgimento de cidades na região 
centro-oeste do país. Já no ciclo da borracha a região favorecida foi a cidade de Manaus. 
 A partir de meados do século XIX contávamos já com a presença de indústrias têxteis, 
porém, predominava no campo a monocultura do café ao qual favoreceu o crescimento da 
região sudeste e a formação das oligarquias cafeeiras. Permanecíamos ainda no regime de 
escravidão o que dificultava, mais uma vez, a formação da renda interna que crescia graças 
aos operários da indústria têxtil e bancários remunerados pelas casas bancárias que se 
formavam. Em 1860, por exemplo, surge a Caixa Econômica Federal. 
 A partir dos anos 20 passamos a contar com a presença de imigrantes (japoneses e 
italianos) em território brasileiro que trouxeram novos métodos e técnicas de trabalho, 
contribuindo em muito para a melhora do cultivo, colheita e, futuramente, nas técnicas 
comerciais e empresariais. Com a queda do preço do café somada à crise de 1929 nos Estados 
Unidos o segmento foi vitimado e, a partir de então, a cultura do algodão torna-se a mola 
propulsora do setor têxtil brasileiro, mas já estávamos a um passo da diversificação dos 
setores produtivos no Brasil quando do início da 1ª. Revolução industrial brasileira. 
 Somado a este problema, consideramos que, com a primeira guerra mundial tivemos que 
substituir muitas das importações que fazíamos, passando a contar, mais uma vez com a 
experiência de imigrantes que aqui se instalavam e tiveram interesse pela atividade produtiva. 
 A partir do governo de Getúlio Vargas nos anos 30, aceleramos o processo de substituição 
de importações e passamos a viver o momento da 1ª. Revolução Industrial Brasileira com o 
desenvolvimento das indústrias de base (Cia Siderúrgica Nacional) e participação do governo 
com as estatais (Petrobrás). A partir de então, novas classes sociais surgiam representadas 
pelos funcionários das empresas estatais e outras empresas que se formavam. Neste período 
surge a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). 
 
14 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
 Com a formação de novas classes sociais e a geração de empregos pelas empresas então 
instaladas, o fluxo de renda da economia acelera-se e torna-se dinâmico e constante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O fluxo de renda na economia brasileira se intensifica a partir dos anos 40. O governo cria o 
Banco Nacional de Desenvolvimento – BNDE (hoje BNDES) como instrumento de fomento às 
empresas locais e as multinacionais entram no Brasil, a partir dos anos 50 com grande 
colaboração das indústrias automobilísticas . Houve maior abertura para o emprego tanto no 
referido segmento como nas empresas satélites (fornecedoras), o que contribuiu mais uma vez 
para o fortalecimento da renda no mercado brasileiro. 
 
3.1 Planos de desenvolvimento e de infra-estrutura no Brasil 
 
a) Plano Salte 
(Governo Dutra, 1946-1950, desenhado em 1948, implementado a partir do orçamento de 
1949, até 1951 ): 
 Investimentos nas áreas de saúde, alimentação, transportes e energia, via ordenamento 
orçamentário do Estado, investimentos privados e empréstimos externos. 
b) Plano de Metas 
(Governo JK, 1956-1960): 
 Coordenação entre o setor público e o privado, estímulo à industrialização, “pontos de 
estrangulamento” na infra-estrutura e na demanda de vários setores da economia, 
formação de recursos humanos; financiamento público, empréstimos externos, 
investimentos privados, abertura ao capital estrangeiro; trinta objetivos em cinco 
grandes metas: energia, transportes, alimentação, indústrias de base e educação 
(formação de pessoal técnico). 
 
Famílias 
Empresas 
Particulares e Estatais 
Fatores Produtivos 
Renda 
Consumo 
Produção 
15 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
c) Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social 
(Governo Goulart, 1961-1964, implementado de forma incompleta em 1962-63): 
 Plano de transição econômica: modelo de “substituição de importações”, para superar 
desequilíbrios estruturais da economia brasileira; reforma fiscal, redução do dispêndio 
público, mobilização de recursos externos; interrompido. 
 
d) Plano de Ação Econômica do Governo 
(Governo Castelo Branco, 1964-67): 
 Ampla reforma da política econômica e de seus instrumentos básicos, inclusive no 
plano institucional; reorganização do Estado nos planos fiscal (tributário-orçamentário, 
inclusive tarifas aduaneiras), monetário-financeiro (com disseminação do mecanismo de 
correção monetária, ou indexação), trabalhista, habitacional e de comércio exterior; 
início de uma forte expansão do setor estatal, com criação de empresas públicas e forte 
intervencionismo e centralização econômica. 
 
 e) Plano Decenal (roteiro para o período 1967-1976): 
- “estratégia decenal de desenvolvimento”, que não chegou a ser posta em execução. 
 
f) Programa Estratégico de Desenvolvimento 
(Governo Costa e Silva, 1968-1970): 
Diretrizes de política econômica e diretrizes setoriais, com vetores de desenvolvimento 
regional, com o objetivo de se ter um “projeto nacional de desenvolvimento”; 
participação do setor estatal no preenchimento dos chamados “espaços vazios” da 
economia. 
 
g) Programa de Metas e Bases para a Ação do Governo 
(Governo Médici, 1970-1973): 
Diretrizes governamentais para a elaboração de um novo orçamento plurianual, com 
vigência para o período 1971-1973, com orientação para quatro áreas prioritárias: (a) 
educação, saúde e saneamento; (b) agricultura e abastecimento; (c) desenvolvimento 
científico e tecnológico; (d) fortalecimento do poder de competição da indústria nacional; 
deveria servir de base para um primeiro plano nacional de desenvolvimento, previsto para 
desenvolver-se entre 1972 e 1974. 
 
h) Primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento PND-I 
(Governo Médici, 1972-1974): 
16 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
Grandes projetos de integração nacional (transportes, corredores de exportação, 
telecomunicações; ponte Rio-Niterói, rodovia Transamazônica, hidrelétrica de Três 
Marias, barragem de Itaipu); planos especiais de desenvolvimento regional; expansão dos 
investimentos estatais e uso da capacidade regulatória do Estado: empresas públicas 
eram integradas às políticas do governo. 
i) Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento PND-II 
(Governo Geisel, 1974-1979): 
Indústrias de base (siderúrgica e petroquímica); bens de capital; autonomia em insumos 
básicos (metais não-ferrosos, minérios, petroquímica, fertilizantes e defensivos agrícolas, 
papel e celulose), energia (contexto da crise energética: destaque para a indústria nuclear 
e a pesquisa do petróleo, programa do álcool e construção de hidrelétricas, como Itaipu); 
dois planos básicos de desenvolvimento científico e tecnológico e um primeiro plano nacional 
de pós-graduação. 
 
j) Terceiro Plano Nacional de Desenvolvimento PND-III 
(Governo Figueiredo, 1979-1985): 
Descontinuado por motivo de crise econômica; esse plano encerra um ciclo de trinta anos 
(desde 1949) de planejamento econômico para o desenvolvimento, a ele sucedendo-se meros 
planos de estabilização macroeconômicos, até meados dos anos 90, pelo menos. 
 
k) Planos Plurianuais - PPAs 
(a partir da Constituição de 1988) 
 
 O Plano Plurianual torna-se o principal instrumento de planejamento de médio prazo no 
sistema governamental brasileiro; deve estabelecer, de forma regionalizada, as diretrizes, 
 objetivose metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras dela 
decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada; cada PPA deve conter 
diretrizes para a organização e execução dos orçamentos anuais e a vigência de um plano deve 
começar no segundo ano de um governo e findar no primeiro ano do mandato seguinte, com o 
objetivo explícito de permitir a continuidade do planejamento governamental e das ações 
públicas; 
 
3.2 Do Milagre Econômico em diante 
 Na gestão do governo militar – pós- 1964, ingressamos na fase do milagre econômico 
(período de 1967 a 1973) onde crescíamos a taxas superiores a 10% ao ano, porém, as custas 
de endividamento externo, uma vez que na economia já existia renda, porém, pouca 
propensão a poupar. 
17 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
 
 Fomos surpreendidos pelo choque do petróleo em 1973 e 1979 e pelo aumento da taxa de 
juros nos Estados Unidos, o qual comprometeu a saúde de nossa Balança Comercial que ficou 
deficitária e pela necessidade do pagamento do petróleo com endividamento que passou a 
ficar mais caro. 
 Entramos, então na década de 80, considerada como a década perdida, pois o monstro 
inflacionário nos levou a implantar vários planos econômicos dentre estes, o plano cruzado e, 
posteriormente o Plano Verão, o Plano Bresser até chegarmos no Plano Collor. Todos estes 
planos foram considerados embrionários e preparatórios para o melhor dos planos: o Plano 
Real, implantado a partir do ano de 1994. Nos anos 80 ocorreram a quebra de instituições 
financeiras tais como: Comind, Auxiliar, Mainsonave. 
 Com o plano real o Governo cria a moeda real e a vincula ao dólar na proporção de R$ 1,00 
= US$ 1 favorecendo, desta forma, a aceleração do processo de privatização com o 
recebimento em moeda forte, ao mesmo tempo, esta taxa cambial favorecia a importação de 
máquinas e equipamentos para a modernização do parque industrial brasileiro. 
 A queda da inflação vitima muitos bancos e, a partir de 1995 passamos pelo fenômeno da 
quebradeira dos bancos: Nacional, Econômico, Marka, Fonte-Cindam, Bamerindus, etc. 
 
 Em 1994 ocorre a crise no México, em 1997 a crise na Ásia, em 1998 a crise Russa (também 
crise no Equador) e, com a retirada de investimentos especulativos as reservas diminuem de 
US$ 60 bilhões para US$ 30 bilhões e, em 13 de janeiro de 1999 a moeda real sofre a 
desvalorização na ordem de 50%. Desta forma, o fluxo de exportações aumenta, pois os 
produtos brasileiros ficaram mais competitivos. Neste mesmo período a Argentina entra em 
crise por ter mantido o peso na mesma paridade com o dólar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Meus patrícios 
 
18 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
 Ao se aproximar o fim desta campanha política, em que percorri todo o nosso 
território, trago gravada em meu espírito a exata visão de nossas imensas possibilidades e a 
nítida compreensão da gravidade de nossos problemas. 
 
Estou convencido de que em nossa geração se definirá o destino do Brasil: — seremos uma 
grande e rica Nação, se soubermos trabalhar intensamente e nos organizarmos para 
construir nosso futuro; seremos uma grande e pobre comunidade, superpovoada e infeliz, se 
nos dedicarmos ao gozo presente, à ostentação e às disputas internas. 
 
O Brasil é ainda uma terra de oportunidades. Continuará, entretanto, retardado e sofredor, 
se não quisermos lutar com a energia de construtores de um novo mundo. 
 
Os propósitos que exponho nas páginas seguintes definem, em sua diretriz geral, o caminho 
que devemos percorrer nos próximos anos, para acelerar o nosso desenvolvimento 
econômico. Eles expressam o optimismo sadio e a decidida vontade de criar e realizar que 
empolga os homens de fé deste imenso Brasil. 
 
As idéias que apresento sintetizam objetivos que vêm amadurecendo no espírito dos mais 
esclarecidos estudiosos de nossa realidade e das tendências de nossa evolução. 
 
Espero que em torno delas possamos reunir o melhor da nossa capacidade de trabalho, para 
darmos ao Brasil, nos próximos cinco anos, um novo impulso na senda do progresso e da 
felicidade de seus filhos.” 
 
Juscelino Kubitschek de Oliveira - 1955 
 
Leitura do texto de Juscelino Kubitschek de Oliveira na obra Diretrizes Gerais do Plano 
Nacional de Desenvolvimento disponível em : 
www.usp.br/fau/docentes/depprojeto/c_deak/AUP840/4dossie/kubitschek-
plano55/kubit-1a-parte.pdf 
 
 
 
 
 
 
3.3 Abordagem Jurídica – Breve histórico 
3.3.1 CÓDIGO PENAL 
 Na época da descoberta do Brasil, estava em vigência em Portugal as Ordenações Afonsinas 
e logo em seguida as Manuelinas. A divisão em capitanias tornava impossível a aplicação das 
19 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
leis sem um Estado centralizado e forte o suficiente. A partir dos Governos Gerais é que se 
começou a efetiva aplicação da legislação penal no Brasil. A legislação aplicada no âmbito 
penal era o Livro X das Ordenações Filipinas. As penas lá contidas eram horríveis. Por exemplo, 
a pena de morte natural (enforcamento no pelourinho seguida de sepultamento), a morte 
natural cruelmente (dependia da imaginação do executor e dos árbitros), a morte natural pelo 
fogo (queima do réu vivo), morte natural para sempre (enforcamento, ficando o cadáver 
pendurado até o apodrecimento). O sentido desta legislação é a intimidação feroz, sem 
qualquer tipo de proporção entre a pena e o delito, ainda confundindo os interesses do Estado 
com os da Igreja. Este tipo de legislação demonstra o espírito reinante nas legislações até o 
surgimento do movimento humanitário. 
 O Livro X das Ordenações Filipinas fica vigente no Brasil até a edição de nosso primeiro 
Código Penal em 1830. Em 16 de dezembro de 1830 entra em vigor o primeiro Código Penal 
autônomo na América Latina. Este 1º Código Penal sofreu influências das idéias européias 
vigentes na época: princípios liberais do Iluminismo e algumas idéias de Bentham. As 
influências legislativas mais importantes foram do Código francês de 1810, Código Napolitano 
de 1819. 
 Apesar da grande influência estrangeira, o nosso Código Penal é inovador em vários 
aspectos. Entre eles a exclusão da pena capital para crimes políticos, fixava um esboço de 
individualização da pena, previa a existência de atenuantes e agravantes e estabelecia 
julgamento especial para menores de quatorze anos. Este nosso diploma penal, influenciou a 
legislação espanhola (códigos de 1848 e 1870), que por sua vez influenciou muitos outros 
códigos da América Latina. 
 Com a proclamação da República, foi editado em 11 de outubro de 1890 o novo estatuto, 
agora denominado Código Penal. Com ele aboliu-se a pena de morte, instalou-se o regime 
penitenciário de caráter correcional. Entretanto foi um código elaborado as pressas e por isso 
continha muitas falhas e teve de ser modificado por uma série de leis extravagantes. Estas leis 
foram reunidas na Consolidação das Leis Penais, pelo de Decreto nº 22.213 de 14 de dezembro 
de 1932. 
 Em 1º de janeiro de 1942, entra em vigor um novo Código Penal, este vigente até hoje. È 
tida pelos estudiosos como uma obra eclética , aceitando-se postulados da Escola Clássica e da 
Positiva, e utilizando o que havia de melhor nas legislações modernas de orientação liberal, 
especialmente o código italiano e suíço. Alguns princípios básicos: adoção do dualismo 
culpabilidade-pena e periculosidade-medida de segurança, consideração a respeito da 
personalidade do criminoso, a aceitação excepcional da responsabilidade objetiva . 
 
 
 
3.3.2 CÓDIGO CIVIL 
 Uma vez proclamada a independência do Brasil, uma lei editada emoutubro de 1823 
determinou a manutenção das Ordenações Filipinas em nossas terras, bem como demais 
20 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
formas normativas emanadas dos imperadores portugueses que vigoravam até a data de 26 de 
abril de 1821. 
 A Constituição do Império de 1824 estabeleceu que fossem organizados um código civil e 
também um criminal, em caráter de urgência. Pois bem. Nosso diploma civil passou por uma 
série de fases e demorou quase um século para ser elaborado, aprovado e promulgado. 
 Informação de extrema relevância, pois nos força a analisar o fato de que nosso Código 
fora confeccionado em um tempo – e para esse tempo - e acabou por regrar um momento 
histórico, político, econômico e social completamente distinto, fundado em princípios quase 
que opostos aos de sua feitura. 
 Ou seja, o Código Civil foi elaborado ainda, dentro da dogmática que apartava o Direito 
Público do Direito Privado, envolto pelos ideais de liberalismo e individualismo. 
 Quando foi promulgado, essa realidade já estava em crise, tendo em vista a enorme 
quantidade de demandas sociais que exigiam a intervenção estatal. O voluntarismo puro não 
mais se enquadrava no cenário que ora se apresentava. 
 O Código Civil de 1916 era um código de sua época, elaborado a partir da realizada típica 
de uma sociedade colonial, traduzindo uma visão do mundo condicionado pela circunstância 
histórica, física e étnica em que se revela. Sendo a cristalização das idéias dominantes, 
detentores do poder político e social da época, por sua vez determinadas, ou condicionadas, 
pelos fatores econômicos, políticos e sociais. 
 
3.3.3 CÓDIGO COMERCIAL 
 Já o registro mercantil no Brasil pode ser dividido em duas fases distintas. A primeira é 
originada no período colonial entre os anos de 1750 e 1777, surgia no Brasil as chamadas 
Mesas de Inspeção. A partir deste fato surgem as origens do registro do comércio em nosso 
País. Embora elas não realizassem ainda todos os serviços hoje desempenhados pelas Juntas 
Comerciais, podem ser consideradas como as primeiras instituições criadas no Brasil com este 
objetivo. Eram voltadas mais para o comércio externo, pois o comércio interno era ainda 
pouco desenvolvido, situando-se, portanto, apenas nas principais cidades marítimas. As Mesas 
de Inspeção desempenharam seu papel por aproximadamente 70 anos, quando foram 
absorvidas pela “Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábrica e Navegação”, cuja finalidade era 
efetuar o registro e manter o controle das atividades comerciais. Criando assim o primeiro 
Tribunal brasileiro específico para as atividades do comércio. A partir de 1850, foi absolvida 
pelos Tribunais do Comércio, com funções administrativas e judiciárias, cujas atividades 
estavam sujeitas ao Código Comercial Brasileiro de 1850. O registro do comércio, no entanto, 
era apenas uma das atribuições inseridas nas demais atividades dos Tribunais de Comércio, 
pois o mesmo código estabelecia, em seu artigo 11, que nas Secretarias dos Tribunais de 
Comércio haveria o registro público do comércio, onde em livros próprios seriam inscritos não 
só as matrículas dos comerciantes, como também os papéis com a abertura dos Portos por D. 
João VI. 
21 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
 
3.3.4 CÓDIGO TRIBUTÁRIO 
 
 Na fase das capitanias hereditárias os donatários eram os cobradores de impostos sobre a 
pescaria, engenho e salinas. Na maioria das regiões do Brasil quem detinha o poder eram os 
jesuítas, os latifundiários e os apresadores de índios. 
 O Brasil Colônia pagava um alto tributo para seu colonizador, Portugal. Esse tributo incidia 
sobre tudo o que fosse produzido em nosso país e correspondia a 20% da produção. Essa 
taxação altíssima, absurda, era chamada de "O Quinto". Esse imposto recaía principalmente 
sobre nossa produção de ouro. O Quinto era tão odiado pelas pessoas que foi apelidado de "o 
quinto dos infernos". 
 Na fase do ciclo do ouro aumentou o fiscalismo português. 
 Derrama: decreto que estabelecia que, se a captação não fosse paga os bens dos 
mineradores poderiam ser confiscados. 
 Uma das atribuições de Dom João VI com a vinda da família real para o Brasil foi a instalação 
de tribunais e a criação de novos impostos. 
 Próximo ao movimento da independência, os produtos ingleses passaram a ser mais 
tributados. 
 
Veja quais são os 74 impostos no Brasil Com a criação da taxa de fiscalização e controle da Previdência 
Complementar - TAFIC - art. 12 da MP nº 233/2004 - agora são 74 impostos e taxas no Brasil - correspondendo a 
48,83% sobre o faturamento bruto das empresas. 
 
Confira a lista de tributos que pagamos no Brasil - segundo o sitio da Aclame. * Adicional de Frete para Renovação 
da Marinha Mercante - AFRMM - Lei 10.893/2004 * Contribuição á Direção de Portos e Costas (DPC) - Lei 
5.461/1968 * Contribuição ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - FNDCT - Lei 
10.168/2000 * Contribuição ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), também chamado 
"Salário Educação" * Contribuição ao Funrural * Contribuição ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma 
Agrária (INCRA) - Lei 2.613/1955 * Contribuição ao Seguro Acidente de Trabalho (SAT) * Contribuição ao Serviço 
Brasileiro de Apoio a Pequena Empresa (Sebrae) - Lei 8.029/1990 * Contribuição ao Serviço Nacional de 
Aprendizado Comercial (SENAC) - Lei 8.621/1946 * Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado dos 
Transportes (SENAT) - Lei 8.706/1993 * Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado Industrial (SENAI) - Lei 
4.048/1942 * Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado Rural (SENAR) - Lei 8.315/1991 * Contribuição ao 
Serviço Social da Indústria (SESI) - Lei 9.403/1946 * Contribuição ao Serviço Social do Comércio (SESC) - Lei 
9.853/1946 * Contribuição ao Serviço Social do Cooperativismo (SESCOOP) * Contribuição ao Serviço Social dos 
Transportes (SEST) - Lei 8.706/1993 * Contribuição Confederativa Laboral (dos empregados) * Contribuição 
Confederativa Patronal (das empresas) * Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico - CIDE Combustíveis - 
Lei 10.336/2001 * Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública - Emenda Constitucional 39/2002 * 
Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional - CONDECINE - art. 32 da Medida 
Provisória 2228-1/2001 e Lei 10.454/2002 * Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) * 
Contribuição Sindical Laboral (não se confunde com a Contribuição Confederativa Laboral, vide comentários sobre a 
22 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
Contribuição Sindical Patronal) * Contribuição Sindical Patronal (não se confunde com a Contribuição Confederativa 
Patronal, já que a Contribuição Sindical Patronal é obrigatória, pelo artigo 578 da CLT, e a Confederativa foi 
instituída pelo art. 8º, inciso IV, da Constituição Federal e é obrigatória em função da assembléia do Sindicato que a 
instituir para seus associados, independentemente da contribuição prevista na CLT) * Contribuição Social Adicional 
para Reposição das Perdas Inflacionárias do FGTS - Lei Complementar 110/2001 * Contribuição Social para o 
Financiamento da Seguridade Social (COFINS) * Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) * 
Contribuições aos Órgãos de Fiscalização Profissional (OAB, CRC, CREA, CRECI, CORE, etc.) * Contribuições de 
Melhoria: asfalto, calçamento, esgoto, rede de água, rede de esgoto, etc. * Fundo Aeroviário (FAER) - Decreto Lei 
1.305/1974 * Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (FISTEL) - lei 5.070/1966 com novas disposições da lei 
9.472/1997 * Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) * Fundo de Universalização dos Serviços deTelecomunicações (FUST) - art. 6 da Lei 9998/2000 * Fundo Especial de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento das 
Atividades de Fiscalização (Fundaf) - art.6 do Decreto-lei 1.437/1975 e art. 10 da IN SRF 180/2002. * Imposto 
s/Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) * Imposto sobre a Exportação (IE) * Imposto sobre a Importação (II) 
* Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) * Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial 
Urbana (IPTU) * Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) * Imposto sobre a Renda e Proventos de 
Qualquer Natureza (IR - pessoa física e jurídica) * Imposto sobre Operações de Crédito (IOF) * Imposto sobre 
Serviços de Qualquer Natureza (ISS) * Imposto sobre Transmissão Bens Intervivos (ITBI) * Imposto sobre 
Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) * INSS - Autônomos e Empresários * INSS - Empregados * INSS - 
Patronal * IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) * Programa de Integração Social (PIS) e Programa de 
Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP) * Taxa de Autorização do Trabalho Estrangeiro * Taxa de 
Avaliação in loco das Instituições de Educação e Cursos de Graduação - lei 10.870/2004 * Taxa de Classificação, 
Inspeção e Fiscalização de produtos animais e vegetais ou de consumo nas atividades agropecuárias - Decreto Lei 
1.899/1981 * Taxa de Coleta de Lixo * Taxa de Combate a Incêndios * Taxa de Conservação e Limpeza Pública * 
Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental - TCFA - lei 10.165/2000 * Taxa de Controle e Fiscalização de Produtos 
Químicos - lei 10.357/2001, art. 16 * Taxa de Emissão de Documentos (níveis municipais, estaduais e federais) * 
Taxa de Fiscalização CVM (Comissão de Valores Mobiliários) - lei 7.940/1989 * Taxa de Fiscalização de Vigilância 
Sanitária Lei 9.782/1999, art. 23 * Taxa de Fiscalização dos Produtos Controlados pelo Exército Brasileiro - TFPC - 
lei 10.834/2003 * Taxa de Fiscalização e Controle da Previdência Complementar - TAFIC - art. 12 da MP 233/2004 * 
Taxa de Licenciamento Anual de Veículo * Taxa de Licenciamento para Funcionamento e Alvará Municipal * Taxa 
de Pesquisa Mineral DNPM - Portaria Ministerial 503/1999 * Taxa de Serviços Administrativos - TSA - Zona Franca 
de Manaus - lei 9960/2000 * Taxa de Serviços Metrológicos - art. 11 da lei 9933/1999 * Taxas ao Conselho Nacional 
de Petróleo (CNP) * Taxas de Outorgas (Radiodifusão, Telecomunicações, Transporte Rodoviário e Ferroviário, etc.) 
* Taxas de Saúde Suplementar - ANS - lei 9.961/2000, art. 18 * Taxa de Utilização do MERCANTE - Decreto 
5.324/2004 * Taxas do Registro do Comércio (Juntas Comerciais) * Taxa Processual Conselho Administrativo de 
Defesa Econômica - CADE - Lei 9.718/1998 Robson Alves Ribeiro:consultor, pesquisador e analista dos estudos da 
Administração de Empresas e criador do BLOG TOUROLOUCO 
 
 
 
 
 
Registramos nesta apostila, as principais informações históricas com conotação econômica e 
jurídica para, desta forma, avançarmos para os capítulos subseqüentes. 
 
CAPÍTULO II - REESTRUTURAÇÃO SOCIETÁRIA E CONCENTRAÇÃO DE MERCADO 
 
1. Modalidades de Crescimento Empresarial e Reorganização Societária 
23 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
 
 Faremos neste módulo um estudo sobre o comportamento das Sociedades Anônimas de 
capital aberto para facilitar o entendimento dos assuntos que serão apresentados. Estas 
sociedades possuem ações disponibilizadas na Bolsa de Valores de São Paulo, o que significa 
dizer que, a partir da abertura de capital, terão responsabilidades perante os acionistas e 
compromissos tais como, publicação de demonstrações financeiras, realização de assembléias, 
contratação de um diretor de relações com o mercado, além de alimentar as corretoras e o 
mercado (stakeholders) de informações sobre as decisões internas, como forma de mantê-los 
informados, facilitando, desta forma, a transparência das operações e informações, o que 
favorece o processo de captação de recursos , pois promove a valorização da empresa no 
mercado de capitais. A Lei da Sociedades Anônimas de 1976 prevê a oferta de ações ordinárias 
(com direito a voto) e preferenciais (ao investidor interessado pelo recebimento de 
dividendos). 
 Uma das estratégias para ganhar valor no mercado dar-se-á, muitas vezes, por intermédio 
de orientações de bancos de investimento que estimulam as empresas a comprarem 
(incorporação) , venderem (cisão) ou se juntarem a uma outra empresa (joint ventures) e, 
desta forma colher alguns benefícios, tais como: 
 Benefício tributário; 
 Redução de custos; 
 Aumento do market share; 
 Estratégia de investimento; 
 Incorporação de tecnologia e capital humano. 
 Por nos referirmos às sociedades anônimas, levaremos em consideração que tais decisões 
devem ir ao encontro dos interesses dos acionistas que são representados pelo Conselho 
Fiscal, Conselho da Administração, Comitê de Auditoria e Diretoria da Sociedade Anônima, 
sendo necessário, para a aprovação da reorganização societária (incorporação, cisão ou fusão), 
a convocação de uma Assembléia Geral. 
 
 
 
 
1.1 Atribuições do Conselho Fiscal: 
I) Fiscalizar, por qualquer de seus membros, os atos dos administradores e verificar o 
cumprimento de seus deveres legais e estatutários; 
24 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
 
II) Opinar sobre as propostas dos órgãos da administração relativas a modificação do 
capital social, emissão de debêntures, planos de investimento, distribuição de 
dividendos, transformação, incorporação, cisão ou fusão; 
 
III) Denunciar, por qualquer de seus membros, aos órgãos de administração e, se estes 
não tomarem as providências necessárias para a proteção dos interesses da 
companhia, à assembléia-geral, os erros, fraudes ou crimes que descobrirem, e 
sugerir providências úteis à companhia; 
 
IV) Convocar a assembléia-geral ordinária, se os órgãos da administração retardarem por 
mais de um mês esta convocação, e a extraordinária sempre que ocorrerem 
motivos graves ou urgentes; 
 
V) Analisar o Balancete e demais demonstrações financeiras; 
 
1.2 Modalidades de Crescimento empresarial 
 
 Existem 2 alternativas para as empresas crescerem: ou de forma vertical ou de forma 
horizontal. 
 Na forma vertical as empresas incorporam (compram) empresas de segmentos 
completamente diferentes objetivando, talvez, equalizar os seus ganhos em momentos de 
dificuldades para um dos segmentos. Representamos esta modalidade de crescimento através 
do exemplo abaixo referente à empresa X: 
 
 
 
 
 
 
 
Em 1930 a empresa X inicia as suas atividades no setor petroquímico; 
0
20
40
60
80
100
1° Trim 2° Trim 3° Trim 4° Trim
Leste
Oeste
Norte
 
25 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Importante observar que, quando nos referimos a equalização dos resultados, queremos 
dizer que, se em uma época um dos segmentos estiver proporcionando pouco faturamento 
ou baixa lucratividade ou baixo retorno sobre o patrimônio líquido ao conglomerado 
financeiro-industrial, então outro segmento poderá compensar esta perda evitando, portanto, 
que o grupo tenha problemas no seu fluxo de caixa e recorra a financiamentos externos 
(bancos locais e no exterior). Atuando em um único segmento, portanto, poderá corresponder 
a um risco maior do negócio. 
 Sobre a empresa de cimento que foi “incorporada”, a empresa pretende ter apenas uma 
participação acionária, sem necessariamente interferir nas decisões da empresa. Talvez esta 
opção seja vista como mera estratégia de investimento ou aquisição do controle acionário de 
forma gradual.Já no caso do controle acionário da empresa de brinquedos, a finalidade da aquisição do 
controle acionário dará direito de representação na mesa do conselho constituído e haverá 
interferência direta dos seus controladores. O controle acionário dar-se-á quando a empresa 
do grupo detiver 50 % mais uma ação ou a totalidade delas (com direito a voto). Se as ações 
estiverem pulverizadas, então o controle acionário poderá ser adquirido com percentual 
menor, portanto, trabalharemos dentro de certas proporções. 
 
Em 1940 compra uma instituição financeira para o financiamento de 
suas atividades com o comércio exterior 
Em 1980 compra estação de rádio e TV 
Em 1950 passa a investir no segmento imobiliário através da 
incorporação de uma construtora – segmento luxo 
Em 1970 compra fazenda de abate de gado bovino 
Em 1960 compra participação acionária de uma empresa de cimento 
Em 1990 a empresa compra o controle acionário de uma empresa de 
brinquedos 
26 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
 Torna-se evidente, em função da diversificação das atividades da empresa a necessidade da 
constituição de uma Holding ou Empresa controladora, passando o organograma da empresa 
a ser constituído da seguinte forma: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Com a constituição da Holding o sistema de gerenciamento de compras, vendas, 
contabilidade, logística podem ser unificados, além disso, a entidade ganha representatividade 
maior junto às instituições financeiras em caso de empréstimos ou financiamentos. Muitas 
HOLDING 
Empresa 
Petroquímica 
Instituição 
Financeira 
Construtora 
Participação 
societária em 
empresa de 
cimento 
(Coligada) 10% 
de participação 
acionária 
Empresa 
Agropecuári
a 
Empresa de 
Rádio-Difusão 
Empresa de 
brinquedos 
(Subsidiária) 
Detém 52% das 
ações 
 
27 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
das Holdings são constituídas como estratégia para facilitar o planejamento sucessório, é o 
que chamamos de Holdings familiares. 
 Podemos citar várias empresas que possuem esta estrutura verticalizada: Odebrecht, Grupo 
Silvio Santos, Organizações Globo, General Eletric. Citamos, também as empresas 
controladoras BRADESPAR, GLOBOPAR, ITAUSA, Holdings dos grupos BRADESCO, REDE GLOBO 
e BANCO ITAÚ. 
 Consideramos que as instituições financeiras denominadas bancos múltiplos também 
possuem esta estrutura verticalizada, pois são idealizadas para atuarem em diversos 
segmentos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 No crescimento horizontal ocorre o que chamamos de crescimento vegetativo ou orgânico. 
Isto ocorre com empresas quando aderem ao sistema de franquia, com igrejas quando 
constroem outras igrejas em novos territórios para a formação e aumento de seu “rebanho”, 
com bancos quando resolvem abrir as agências bancárias. Nestes casos, a oferta dos serviços 
não sofreu nenhum processo de diversificação. 
 
 
 
2. O Processo de Incorporação Empresarial 
Holding 
Corretora de Valores e Câmbio 
Distribuidora de títulos e valores 
mobiliários 
Leasing ou Arrendamento Mercantil 
Securitizadora de créditos imobiliários 
Seguros Gerais 
Vida e Previdência 
Banco de Investimento 
28 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
 No processo de incorporação empresarial, geralmente há o desembolso efetivo de recursos 
ou o pagamento com ações, conforme representamos abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Havendo o pagamento pela incorporação os atuais incorporadores passam a comandar a 
mais nova empresa do grupo. Podemos citar como exemplo a recente aquisição feita pelo 
Grupo Votorantim, comprando a parte da família Lorentzen da Aracruz Celulose. Neste caso, 
houve uma incorporação parcial, uma vez que há outras famílias que gerem a empresa. 
 Se o pagamento for feito em ações, o antigo proprietário deixa de ser o dono da empresa e 
poderá compor o conselho da administração ou se tornar um acionista com participação 
acionária, apenas, passando a receber os dividendos quando de sua distribuição e contar com 
a valorização das ações na Bolsa de Valores. 
 
 
Empresa A 
(Petroquímica) Empresa B 
(Cimento) 
 A 
B 
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Alvaro Edauto S. Gomes 
 Quanto ao nome da empresa, poderá haver acordos pela utilização do nome por um prazo 
previamente estabelecido, a aquisição da marca em si, além da aquisição patrimonial ou a 
opção pela não utilização da marca, passando a incorporadora a ofertá-la no mercado como 
ativo intangível. Podemos dar como exemplo a recente aquisição da bandeira Esso pelo grupo 
COSAN, maior empresa do setor sucroalcooleiro do mundo. 
 Em boa parte dos casos uma grande empresa incorpora uma de porte menor. 
2.1 Case de Incorporação e Cisão: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Neste caso específico, estamos nos referindo, ao mesmo tempo em situações de cisão e 
incorporação, uma vez que a empresa de sucos Maguary foi incorporada e vendida em vários 
momentos de sua história. As cisões realizadas podem ter ocorrido pelas seguintes razões: 
 A empresa conclui que o segmento não é o core business do grupo empresarial; 
 A empresa compra, faz o saneamento financeiro e depois a oferece à novos grupos, 
ganhando com a operação de venda (fundos de private equity); 
 
 
 
 
 
 
2.2 Incorporações no segmento da indústria farmacêutica: 
 Nabisco 
Kraft Foods do Brasil 
Comprou a Nabisco em 2000 
(Biscoitos, chocolates e bebidas em pó) 
Cia Brasileira de Bebidas 
Família Pernambucana Tavares de Melo 
Souza Cruz 
Sucos Maguary (2009) 
Sucos Maguary (1953) 
Sucos Maguary (1984) 
Sucos Maguary 
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Alvaro Edauto S. Gomes 
 
Data Alvo Comprador 
04/11/99 Warner-Lambert Pfizer (EUA) 
17/01/00 SmithKline Beencham Glaxo Wellcome (Reino 
Unido) 
26/01/04 Aventis Sanofi-Synthelabo 
26/01/09 Wyeth Pfizer 
15/07/02 Pharmacia Pfizer 
06/03/09 Gegentech (44,1%) Roche Holding (Suíça) 
09/03/09 Schering-Plough Merck (EUA) 
09/12/98 Astra (Reino Unido) Zeneca Group (Suécia) 
17/05/99 Hoescht Rhone-Poulenc 
20/12/99 Pharmacia e Upjohn Monsanto (EUA) 
07/03/96 Ciba-Geigy (Alemanha) Sandoz 
23/03/06 Schering Bayer (Alemanha) 
26/06/06 Pfizer *Healthcare Business Johnson & Johnson (EUA) 
27/03/01 Alza Corp Johnson & Johnson 
Fonte: Valor Econômico – 10 de março de 2009 Página B9 
 Podemos concluir, neste caso, um processo de concentração de empresas deste segmento 
sendo a lógica a seguinte: laboratórios com patentes em vias de suspensão quando não 
conseguem novas patentes são alvos das incorporadoras. Este processo de incorporação visa o 
aperfeiçoamento do departamento de novos produtos e pesquisa. Após a quebra da patente, 
os laboratórios concorrentes de produtos genéricos entram em ação e tiram o mercado destas 
 
 
 
 
 
2.3 Cuidados a serem tomados em um processo de Incorporação e Fusão 
31 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
 
 A aquisição de uma empresa por outra empresa não é um processo simples, pois são 
consideradas uma infinidade de variáveis para que a operação seja feita com total segurança, 
pois existem alguns riscos envolvidos: 
1. Comprar uma empresa exportadora e, na semana posterior esta empresa perde 
mercado por denúncia de trabalho escravo em uma de suas fazendas. Neste caso, 
estaremos diante de um risco operacional; 
2. Comprar uma empresa muito alavancada em ativos financeiros (derivativos). 
Ocorrendo uma desvalorização cambial a dívida em reaisda empresa aumenta, 
podendo inviabilizar o negócio. Neste caso, referimo-nos ao risco de mercado. Por 
essa razão, devemos considerar a observação de todo e qualquer tipo de contrato 
negociado pela empresa incorporada; 
3. Comprar uma empresa deixando de considerar o passivo tributário, passivo cível, 
passivo trabalhista, passivo penal e passivo ambiental. Processos podem estar em 
andamento e há a necessidade da valoração deste passivo em uma eventual perda do 
processo, o que significará o pagamento das indenizações que podem ser milionárias. 
 Cabe salientar que, haverá a necessidade de uma avaliação patrimonial contando, desta 
forma, com o conhecimento dos profissionais da área da Engenharia e empresas e Auditoria. 
Uma sociedade anônima tem o seu valor de mercado definido na bolsa de valores através da 
cotação da ação. Comprar por este valor poderá significar pagar muito ou pagar pouco por 
esta empresa, tudo dependerá dos acontecimentos no mercado. Uma situação como a atual 
(crise do subprime – 2008 nos Estados Unidos) provocou a desvalorização das ações de 
empresas a ponto de valerem menos do que o patrimônio. Neste caso, como processaremos a 
operação de compra ? Em boa parte das operações de compra considerasse o pagamento do 
ágio/deságio e leva-se em consideração a capacidade de geração de caixa futura da empresa 
incorporada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
3. O Processo de Fusão Empresarial 
 No processo de fusão empresarial, o que constatamos é uma similaridade entre as 
empresas envolvidas, isto quer dizer que, geralmente, atuam na mesma área pelas seguintes 
razões: 
 Conseguir ganhos de escala. Quanto maior o volume de produção, menor será o custo 
por unidade produzida. Neste aspecto, produzimos uma quantidade maior ao mesmo 
custo fixo, o que favorece a redução dos custos; 
 Conquistar o mercado externo apresentando-se como uma grande empresa; 
 Aumento da participação no mercado (market share); 
 Vantagens tributárias. 
 
 Podemos retratar a situação da seguinte forma: 
 
 
 
 
 
 
 Ambas as empresas têm interesse pela realização da fusão. Por serem grandes demais, 
nenhuma tem interesse em adquirir a outra, então, nenhuma delas fará o desembolso de 
recursos e o processo se dará através da permuta de ações. Lembremos que todos os 
exemplos são referentes às sociedades anônimas. Será levado em consideração o valor da 
ação no período e a quantidade de ações à disposição do mercado. Geralmente a empresa 
com o maior valor, resultado da multiplicação entre o valor da ação e a quantidade de ações 
no mercado, ficará com o controle acionário do novo grupo que se forma e também assumirá 
a presidência do novo grupo. 
 
 
 
 
 
 
Empresa A 
 
 
Empresa B 
33 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
 
Empresa Valor da ação na 
Bolsa – R$ 
Quantidade de ações 
no mercado 
Valor total da 
empresa 
A 2,40 3.000.000 7.200.000 
B 5,30 5.000.000 26.500.000 
 
Portanto, na proporção de ações e seu respectivo valor, a fusão resultará no domínio da 
empresa B sobre a A. 
A: participação de 21% 
B: participação de 79% 
 Teremos, então, a unificação patrimonial: 
 
 
 
 
 
 
O resultado dessa fusão resultará na empresa de proporções maiores: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Empresa A 
 
Empresa B 
 
 
 
Nova empresa: 
A/B ou C 
34 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
 
 Na fusão poder-se-á optar pela manutenção do nome das duas empresas envolvidas, tais 
como ocorreu com a fusão entre a empresa alemã DAIMLER-BENZ e a norte americana 
CHRYSLER (A/B) que resultou na DAIMLER-CHRYSLER. A outra opção seria a substituição de 
ambos os nomes, geralmente ocorrendo quando as marcas já tornaram-se velhas demais. 
Neste caso lembremos da empresa NOVARTIS (C) que foi o resultado da fusão de duas 
empresas do ramo farmacêutico a SANDOZ e a CIBA-GEIGY. 
 
4. Malefícios da Incorporação e da Fusão 
 Quando tomamos conhecimento que alguma operação de fusão ou incorporação está em 
vias de ser concluída, o primeiro sentimento, principalmente dos empregados das empresas 
envolvidas é o desemprego, pois a superposição de funções nos níveis gerenciais e 
operacionais poderá resultar em demissões. Para evitar problemas com o sindicato da 
categoria, geralmente as empresas propõem o PDV – Plano de demissão voluntária com 
“bonificações” aos interessados. Além disso, a cultura de uma empresa difere da outra, o que 
poderá gerar conflitos entre os funcionários e equipes. Há empresas com um departamento de 
recursos humanos mais preocupadas com o capital humano, outra empresa com estrutura de 
informática mais avançada, etc. 
 Muitas das incorporações e fusões realizadas devem ser avaliadas pelo governo para que 
seja evitada a concentração de mercado que, na legislação brasileira, corresponde a 20% de 
um mercado relevante (ver legislação 8884/94 sobre concentração de mercado). Por essa 
razão é que as incorporações e fusões devem ser comunicadas ao órgão anti-truste brasileiro. 
 
 No Brasil há o SBDC – Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência composto pela 
Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, a Secretaria de Direito 
Econômico do Ministério da Justiça, sendo o julgamento feito pelo CADE – Conselho 
Administrativo de Defesa Econômica. Cabe às secretarias receberem as denúncias e 
encaminhá-las ao órgão julgador para análise. 
 
 
 
 
 
 
5. Os Reflexos no Mercado de Capitais 
35 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
 
 As fusões e incorporações sejam entre empresas brasileiras ou entre uma empresa 
estrangeira e uma nacional repercutem negativamente ou positivamente no mercado de 
ações. Caberá aos analistas de mercado a responsabilidade pelas informações aos seus clientes 
sobre a perspectiva de valorização ou desvalorização das ações no novo grupo que se forma 
(no caso da fusão) ou da incorporação que foi realizada. 
 Quando o mercado faz a leitura de que a empresa incorporadora herdará um passivo 
trabalhista considerável da empresa incorporada, isto poderá repercutir negativamente no 
valor da ação da empresa ou, se com a incorporação e desembolso de recursos reduzir a 
possibilidade de distribuição dos dividendos da empresa incorporadora para o reforço de 
caixa, poderá o mercado interpretar negativamente a situação. 
 Demandas judiciais também ocorrem, principalmente em relação aos acionistas 
minoritários que, em muitos casos não foram remunerados pelo valor da ação na data da 
negociação. Esse problema está sendo sanado através da Governança Corporativa que sugere 
que as ações negociadas sejam todas ordinárias, nos mesmos moldes do mercado norte-
americano. A tendência, portanto, é que as ações preferenciais deixem de ser negociadas no 
mercado para que se evite o problema do TAG ALONG. 
 Uma outra situação que vale a pena mencionarmos é a questão do insider trading. Trata-se 
de uma modalidade de crime repugnado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que é o 
órgão responsável pela regulação do mercado de capitais no Brasil. Ser um insider trading 
corresponde a um elemento que se privilegia de sua função na empresa para passar 
informações sobre as ocorrências internas e se beneficiar ou beneficiar a terceiros de forma 
antecipada com operações de compra ou venda das ações. Já ocorreram situações onde o 
colegiado da CVM puniu um investidor por ter negociado ações de uma empresa no período 
anterior ao anúncio de oferta pública para fechamento de capital. Não houve a comprovação 
da exata transmissãoda informação, mas a condenação ocorreu pelo fato da amizade muito 
próxima do acusado com o diretor da companhia. Dois casos emblemáticos foram o da Sadia 
quando da oferta hostil que fez com a Perdigão. O diretor financeiro foi punido, um 
funcionário do Banco Real também por ter ajudado na condução da oferta. O inquérito foi 
encerrado com um acordo entre os acusados e o órgão regulador americano, o que resultou 
no pagamento de multas. O outro caso ocorreu quando da incorporação da Suzano 
Petroquímica pela Petrobrás que, segundo a CVM a empresa uruguaia beneficiada pagou uma 
multa de R$ 2,2 milhões. Os elementos comprobatórios podem ser: gravações nas mesas de 
operação, documentos internos como e-mail´s. 
 
 
 
 
36 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
6. Estruturas Empresariais e Concentração de Mercado 
 O processo de industrialização no Brasil ocorreu de forma tardia, intensificando-se a partir 
dos anos 30 através da 1ª. Revolução Industrial Brasileira no governo de Getúlio Vargas e 
moldou-se de forma a apresentar uma estrutura, em alguns dos segmentos, excessivamente 
monopolizada, duopolizada ou oligopolizada sendo a representação do domínio do mercado 
por uma, duas ou mais empresas, respectivamente. 
 Nos setores ferroviário, elétrico, siderúrgico, químico e telefônico implantou-se o 
monopólio estatal, ou o monopólio legalmente instituído. A administração dos aeroportos no 
Brasil também caracterizou-se como tal através da gestão INFRAERO (constituída nos termos da 
Lei nº 5.862, de 12 de dezembro de 1972) e a entrega de correspondências e encomendas 
também, através da empresa CORREIO (Em 20 de março de 1969, pela Lei nº 509, constitui-se a 
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT, como empresa pública vinculada ao Ministério das 
Comunicações). Um outro exemplo encontramos no sistema de penhor que é monopólio da 
Caixa Econômica Federal desde 1934, sendo desnecessário este tipo de monopólio nos dias 
atuais. No caso do Correio, já ocorreram brigas na justiça (liminares) por parte da empresa que 
procurou garantir o seu mercado protegido constitucionalmente de empresas tais como UPS, 
DHL e FedEx. 
 O processo de privatização iniciado a partir de 1991 no Governo Collor e a sua dinamização 
na gestão FHC a partir de 1994 desonerou o governo ao privatizar os segmentos que atuava e 
criou as agências reguladoras para monitorar as concessões realizadas. É então que surgem a 
ANATEL (Telecomunicações), a ANEEL (Eletricidade) e demais agências para a regularização do 
setor ferroviário e viário para o acompanhamento do bom andamento dos contratos e das 
responsabilidades assumidas. 
 No caso das empresas multinacionais, podemos constatar, na maior parte destas, uma 
estrutura oligopolizada, como foi o caso do setor automobilístico que, durante anos era 
representado por 4 empresas apenas (Volkswagem, Ford, GM e Fiat), ou do setor farmacêutico 
nas mãos de empresas como Johnson & Johnson, Bayer, Roche, setor de produtos de limpeza 
nas mãos de empresas como RECKIT BENCKSER, Johnson & Johnson, Procter & Gamble. 
Perceba como a conta do supermercado aumenta consideravelmente quando passamos por 
essas prateleiras. O setor de cimentos hoje nas mão de empresas tais como Votorantin, 
Holdercin, Cimpor e Lafarge. Se analisarmos o mercado de elevadores e escadas rolantes 
contaremos com a presença de empresas como OTIS, SCHINDLER, THYSSEN KRUPP. Muito da 
inflação dos anos 80 e 90 teve a participação desses grupos. Em termos mundiais, sentimos a 
força dominante na industria de filmes com forte participação de empresas estrangeiras. 
Crescemos assistindo aos desenhos e filmes da Disney, além de mega produções da Fox, 
Paramount, Sony, Universal e Warner. Não podemos deixar de considerar uma estrutura 
oligopolizada também no setor bancário onde há maior participação de bancos tais como 
BANCO DO BRASIL, CEF, BRADESCO, ITAÚ-UNIBANCO. Esta estrutura dificulta a concorrência 
entre o segmento e resulta em cobranças de taxas ainda consideradas altas no mercado 
bancário (temos algo próximo a 190 instituições financeiras no Brasil contra 8.000 nos Estados 
Unidos). Mesmo com a entrada de grupos europeus tais como SANTANDER e HSBC a 
concentração manteve-se até os dias atuais. Os seis maiores conglomerados financeiros 
37 
 
Alvaro Edauto S. Gomes 
(ItaúUnibanco, Banco do Brasil, Bradesco, Santander, CEF e HSBC) respondem por quase 80% 
dos ativos administrados pelo conjunto de bancos com carteiras comerciais. 
 Neste caso, caberá ao Governo se empenhar para gerar concorrência internamente, 
estimulando a criação de empresas locais e entradas de novas concorrentes, mesmo sendo 
estrangeiras. Quando não exerce esta função, a tendência é um domínio cada vez maior destas 
empresas no que se refere ao controle de preços e demais estratégias para sempre lucrarem 
neste mercado. Para elucidarmos esta questão, lembremos da única empresa no Brasil que 
fornecia lata de alumínio para as empresas de bebidas: LATASA – Latas de Alumínio S/A. 
Durante anos foi a única a fornecer o produto no mercado interno, porém, alguns anos depois 
outras concorrentes estrangeiras entraram no país e a própria Cia Siderúrgica Nacional chegou 
a oferecer ao mercado as latas de aço. 
 Sobre o duopólio, podemos exemplificar o império conquistado no Brasil e no mundo pelas 
empresas FUJI e KODAK nos anos 70 e 80 quando eram as mais reconhecidas no mercado 
fotográfico e a BOEING e a AIR BUS na disputa pelo mercado de jatos comerciais. 
 Um outro caso mundialmente conhecido foi o da XEROX a qual detinha o império do 
mercado mundial de material reprográfico até final dos anos 90 quando surgiram novas 
concorrentes e o império ruiu. Neste caso, a alta tecnologia aplicada aos produtos da empresa 
caracterizaram a conquista de mercado como um monopólio natural. O mesmo podemos 
falar de empresas como a COCA-COLA a qual desenvolveu um sistema de logística de 
distribuição que nenhum concorrente possui até hoje e, porque não lembrarmos do produto 
GILLETE, hoje incorporada à Procter & Gamble, mas que investia milhões de dólares para 
desenvolver a melhor lâmina de barbear do mundo com equipes próprias de engenheiros que 
desenvolviam máquinas específicas para a elaboração do produto. 
 O que não for considerado monopólio natural e legal será enquadrado como monopólio 
forçado que pode ocorrer da seguinte forma: 
a) Empresa incorpora a concorrente ou concorrentes fechando-as, em seguida. Neste 
caso, fica claro que a intenção da empresa é aniquilar a concorrência em prejuízo aos 
consumidores que antes tinham maior opção de escolha e, com a incorporação esta 
opção é reduzida drasticamente; 
b) A exigência de contratos de exclusividade é outra estratégia geralmente utilizada pelas 
empresas dominantes. O caso na SOUZA CRUZ é emblemático, pois recebeu acusações 
de sua principal concorrente a PHILIP MORRIS de atuar de tal maneira no mercado 
brasileiro, o que justificava a participação no mercado superior a 70%. Recentemente a 
AMBEV também foi notificada; 
c) A pratica de dumping, ou seja, a venda de produto abaixo do custo e por um 
determinado tempo com a finalidade de aniquilar a concorrência é outra forma de 
conquista do mercado à força, devendo as empresas, concorrentes, em casos de 
suspeita, denunciar a operação ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica 
através das Secretarias de Direito e Acompanhamento Econômico. 
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Alvaro Edauto S. Gomes 
 
 Todas estas operações são denominadas TRUSTE e são consideradas atos criminosos, 
podendo a empresa dominante obrigada a revender a empresa incorporada, desfazer os 
seus contratos de exclusividade e

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