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Aluno(a): Gilberto Penha Costa
Lista de Exercícios
Resolução
1.Seja limxn = 0. Para cada n ponha yn = min {|x1| , |x2| , . . . , |xn|}. Prove que yn → 0
Solução:
Suponha que yn não converge para 0. Deste modo, existe > 0 tal que, para todo n ∈ N, |xn| > ,
contradizendo o fato de xn → 0. Logo yn → 0.
2.Se N = N1 ∪ N2 ∪...∪Nk e lim xn = lim xn = ... = lim xn = a, então, lim xn = a.
n∈N1 n∈N2 n∈Nk
solução:
Para cada i = 1, . . . , k temos que lim xn = a, isto é, dado > 0, existe noi ∈Ni tal
n∈Ni
que |xn − a| < sempre que n ∈ Ni e n > n0i. Faça n0 = max {n01, . . . , n0k}. Deste modo, para todo
n > n0 ∈ N, existe i ∈ {1, . . . k} tal que n ∈ Ni e, consequentemente, |xn − a| < , isto é, limxn = a.
3.Dê um exemplo de uma sequência (xn) e uma decomposição N = N1 ∪ ・ ・ ・ ∪Nk ∪ ・ ・ ・ de N
como reunião de uma infinidade de subconjuntos infinitos tais que, para todo k, a subsequência (xn)n∈Nk
tenha limite a, mas não se tem limxn = a.
[Sugestão: Para cada k ∈ N seja Nk o conjunto dos números naturais da forma n = ・ m, onde m é
ímpar. Dado n ∈ Nk, ponha xn = 1 se n for o menor elemento de Nk e xn =1/n, nos demais casos.]
Solução:
Para cada k ∈ N, seja Nk = {n ∈ N; n = .m, m ímpar} . Se n ∈ N é ímpar, então n ∈ N1. Se n é par,
então seja k − 1 o maior número natural tal que m. Note que m deve ser ímpar, pois, caso
contrário, n seria divisível por , contrariando a maximalidade de k−1. Temos ainda que da unicidade
da fatoração prima dos números naturais, segue que os subconjuntos Nk são dois a dois disjuntos. Logo
N = Nk. Dado n ∈ Nk, ponha xn = 1 se n for o menor elemento de Nk e xn =1/n nos demais
casos. Então lim xn =
n∈Nk
0. Mas (xn)n∈N não converge, pois se tomamos,
N′ = {n ∈ N; n ; n é o menor elemento de Nk, para algum k ∈ N} , então lim xn = 1 isto é
n∈N
existem subsequências de (xn)n∈N que convergem para valores distintos.
4.Seja (xn) uma sequência limitada. Se lim an = a e cada an é um valor de aderência de (xn), então a é um
valor de aderência de (xn).
Solução:
Por hipótese, lim an = a e, para todo n ∈ N, existe uma subsequência (xn,k)k∈N
n→∞
de (xn)n∈N tal que lim xn,k = an. Assim, dado m ∈ N, existem n m, km ∈ N tais
k→∞
que,
|anm − a| <1/2m e |xnm,km − anm| < 1/2m
Mas,
|xnm,km − a| = |xnm,km − anm + anm − a|
≤ |anm − a| + |xnm,km − anm|
<1/2m + 1/2m = 1m.
Logo a subsequência (xnm,km)m∈N converge para a e, consequentemente, a é um valor de aderência de
(xn).
5.Sejam (xn) e (yn) sequências limitadas. Ponhamos a = lim inf xn, A = lim sup xn, b = lim inf yn e B =
lim sup yn. Prove que
Obs: valendo as duas últimas desigualdades sob a hipótese de xn ≥ 0 e yn ≥ 0. Dê exemplos em que se
tenham desigualdades estritas nas relações abaixo.
a) lim sup (xn + yn) ≤ A + B, liminf (xn + yn) ≥ a + b;
soluçao:
Para todo n ∈ N, sejam Xn = {xn, xn+1, . . .}, Yn = {yn, yn+1, . . .} e Zn = {xn + yn, xn+1 + yn+1, . . .}.
Sejam ainda an = inf Xn, An = supXn, bn = inf Yn, Bn = sup Yn, cn = inf Zn e Cn = sup Zn.
Fixe n ∈ N. Se m ≥ n, xm ∈ Xn, ym ∈ Yn e, consequentemente,
xm ≤ An, an ≤ xm, ym ≤ Bn, bn ≤ ym,
para todo m ≥ n. Deste modo,
xm + ym ≤ An + Bn e an + bn ≤ xm + ym,
para todo m ≥ n e, assim, An + Bn é uma cota superior de Zn e an + bn é uma cota inferior de Zn. Daí
Cn ≤ An + Bn e an + bn ≤ cn.
Observe que as desigualdades acima são válidas para todo n ∈ N. Desta forma
limsup (xn + yn) = limCn ≤ lim(An + Bn) = A + B
e
liminf (xn + yn) = limcn ≥ lim(an + bn) = a + b.
b) limsup (−xn) = −a, liminf (−xn) = −A;
solução:
Seja −Xn = {−xn,−xn+1, . . .}. Para todo m ≥ n vale xm ≥ an e, consequentemente, −xm ≤ −an, para
todo m ≥ n. Logo −an é uma cota superior de −Xn. Afirmamos que deve ser −an = sup (−Xn). Com
efeito, se −an não fosse o supremo de −Xn deveria existir > 0 tal que −xm ≤ −an − , para todo m ≥ n.
Assim, xm ≥ an + , para todo m ≥ n, ou seja, an + é uma cota inferior de Xn maior do que an,
contrariando o fato de an ser o ínfimo de Xn. Portanto,
lim sup (−xn) = lim(−an) = −a.
De modo análogo segue que lim inf (−xn) = −A.
c) lim sup (xn ・ yn) ≤ AB, lim inf (xn ・ yn) ≥ ab;
solução:
Uma vez que xn ≥ 0 e yn ≥ 0 para todo n ∈ N, temos que an ≥ 0 e bn ≥ 0 para todo n ∈ N. Fixe n ∈ N.
Para todo m ≥ n, temos que 0 ≤ an ≤ xm e 0 ≤ bn ≤ xm. Logo, xmym ≥ anbn para todo m ≥ n e, portanto,
anyn é uma cota inferior de XnYn = {xnyn, xn+1yn+1, . . .}. Fazendo dn = inf XnYn segue que dn ≥ anbn.
Assim,
lim inf xnyn = lim dn ≥ lim anbn = ab.
A outra desigualdade é obtida de modo análogo.
6.Para todo polinômio p (x) de grau superior a 1, a série ∑ /p (n) converge.
Solução:
Se a = 0, então a série converge para 0. Se a 6= 0, então a série em questão é uma série geométrica com
razão 0 < r =1/1 + a2 < 1 e, portanto,
a²+
+
+...=
Solução:
Uma vez que converge temos que liman = 0. Portanto, existe n0 ∈ N tal que 0 < an < 1 para
todo n > n0 e, neste caso, (an)² < an, para todo n > n0. Assim,
Temos ainda que, para todo n ∈ N, 1 + an > 1 e, consequentemente,
Logo,
e, do Teste de Comparação, segue a convergência de,
Solução:
Então,
e
Deste modo,
Logo, é absolutamente convergente e, portanto, convergente.
solução:
Uma vez que (an) é não crescente e lim an = 0, temos que an ≥ an+1 ≥ 0, para todo n ∈ N. Deste modo,
supondo < ∞ temos que
Logo,
Por outro lado, supondo que temos que
ou seja,
Logo, a série converge se, e somente se, converge.
11. Um conjunto A ⊂ R é aberto se, e somente se, cumpre a seguinte condição: “se uma sequência (xn)
converge para um ponto a A, então xn A para todo n suficientemente grande’’
Solução:
Suponha que A ⊂ R seja aberto e seja a ∈ A. Então existe > 0 tal que (a − , a + ) ⊂ A. Se (xn) é uma
sequência que converge para a, então existe n0 ∈ N tal que
xn ∈ (a − , a + ) ⊂ A, ∀n ≥ n0,
ou seja, xn ∈ A para todo n suficientemente grande. Reciprocamente, suponha que A ⊂ R tem a
propriedadede que se uma sequência (xn) converge para um ponto a ∈ A, então xn ∈ A para todo n
suficientemente grande. Suponha, por absurdo, que A int (A). Então existe a ∈ A tal que a À
int(A). Logo, , consequentemente, Deste modo, existe uma sequência (xn) de pontos
de que converge para a. Por hipótese, segue que xn ∈ A para todo n suficientemente grande e,
consequentemente, A ∩ ∅, o que é uma contradição. Portanto A = int (A) e A é aberto.
12.Toda coleção de abertos não - vazios, dois a dois disjuntos é enumerável.
Solução:
Seja {A } ∈ uma coleção de conjuntos abertos dois a dois disjuntos. Do Teorema
da Estrutura dos Abertos da Reta segue que, para todo ∈ , existe uma sequência (
)
Deste modo,
Novamente, do Teorema da Estrutura dos Abertos da Reta segue que o conjunto de índices é
enumerável, pois, caso contrário o aberto ⋃ seria escrito como uma união não -enumerável de
intervalos abertos disjuntos dois a dois.
13. Seja B ⊂ R aberto. Ento, para todo x ∈ R, o conjunto x + B = {x + y; y ∈ B} é aberto. Analogamente,
se x 0, então o conjunto x ・ B = {x ・ y; y ∈ B} é aberto.
Solução:
Seja I = (a, b) um intervalo aberto. Então dado x ∈ R o conjunto x + I é o intervalo aberto (a + x, b +
x). Com efeito,
d ∈ (a + x, b + x) ⇒ a + x < d < b + x ⇒ a < d − x < b
⇒ d − x ∈ (a, b) = I ⇒ d = x + (d − x) ∈ x + I
⇒ (a + x, b + x) ⊂ x + I
e, reciprocamente,
d ∈ x + I ⇒ d = x + y, para algum y ∈ I ⇒ d − x = y ∈ I
⇒ a < d − x < b ⇒ a + x < d < b + x ⇒ d ∈ (a + x, b + x)
⇒ x + I ⊂ (a + x, b + x) .
Do mesmo modo, se x ∈ R, tal que x 0, então
De fato, se x > 0,
d ∈ (ax, bx) ⇒ ax < d < bx ⇒ a < d/ x < b ⇒ d /x ∈ I
⇒ d = x ・ d /x ∈ x ・ I ⇒ (ax, bx) ⊂ x ・ I
e, reciprocamente,
d ∈ x ・ I ⇒ d = x ・ y, para algum y ∈ I ⇒d/x= y ∈ I
⇒ a <d/x < b ⇒ ax < d < bx ⇒ d ∈ (ax, bx) ⇒ x ・ I ⊂ (ax, bx) .
O caso a < 0 é análogo. Se B ⊂ R é aberto, então existe uma sequência In de intervalos abertos dois a
dois disjuntos tais que
Deste modo,
e, como x + In e x ・ In são intervalos abertos para todo n ∈ N, segue que x + B e x ・ B são conjuntos
abertos.
14. O conjunto dos valores de aderência de uma sequência é um conjunto fechado.
Solução:
Seja (xn) uma sequência de números reais e seja X o conjunto dos seus valores de aderência. Se a ∈ ,
então existe uma sequência (an) de elementos de X tal que a = lim an. Onde uma subsequência de (xn)
que converge para a, ou seja, a é também um valor de aderência de (xn). Logo ⊂ X e o resultado
segue.
15. O número
pertence ao Conjunto de Cantor
Solução:
Seja um intervalo remanescente após a retirada dos terços médios na k-ésima etapa de
construção do conjunto de Cantor. Temos que
Logo, na etapa seguinte de construção do conjunto de Cantor teremos que os intervalos remanescentes
após a retirada do terço médio relativo ao intervalo serão os intervalos
Provamos então que se p/3k e q/3k são extremos superior e inferior, respectivamente, de algum intervalo
remanescente após a k-ésima etapa de construção do conjunto de Cantor, então os valores p/3k −1/3k+1
e q/3k +1/3k+1 serão, respectivamente, extremos inferior e superior de intervalos remanescentes após as
retiradas dos terços médios na etapa seguinte da construção do conjunto de Cantor. Uma vez que1/3 é
extremo superior de um intervalo remanescente na primeira etapa de construção do conjunto de Cantor
temos que a sequência (xn) da por
x1 =1/3
x2 =1/3 −1/3²
x2 =1/3 −1/3² +1/3³
.
.
.
é uma sequência de extremos do conjunto de Cantor. Temos que
Do fato de o conjunto de Cantor ser fechado segue o resultado