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Técnica cirúrgica

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TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA
1. Conceito: Uso de procedimentos invasivos, executados a partir de métodos pré-estabelecidos, com a finalidade de diagnóstico e/ou tratamento de doenças ou de modificação de funções fisiológicas ou estruturas anatômicas, com um propósito específico.
2. Divisão:
 ( Quanto à época:
	 - eletiva: pode ser aguardada, com possibilidade de escolha da data mais adequada.
	 - urgente: deve ser realizada imediatamente, sob pena de agravamento do quadro clínico do animal ou até mesmo morte.
 ( Quanto à presença de germes:
	 - cirurgia limpa: realizada sob condições ideais de assepsia. Não envolve os aparelhos gastrintestinal, urinário ou respiratório.
	 - cirurgia limpa-contaminada: envolve os aparelhos gastrintestinal, urinário ou respiratório mas não há derrame de conteúdo contaminado.
	 - cirurgia contaminada: ocorre derrame grosseiro de conteúdo contaminado ou existe inflamação aguda.
	 - cirurgia suja ou infectada: presença de pus ou perfuração de vísceras
3. Nomenclatura técnica:
	As manobras cirúrgicas são identificadas tecnicamente por termos compostos, formados pela junção de termos anatômicos com sufixos gregos ou latinos. O radical ou prefixo indica o órgão ou estrutura envolvido e o sufixo indica a manobra realizada.
 ( Radicais:
	Estrutura
	Grego
	Latim
	ânus
	proct(o)
	an(o)
	articulação
	artr(o)
	articul(i)
	bexiga
	cist(o)
	vesic(o)
	boca
	estomat(o)
	ora
	cabeça
	cefal(o)
	
	cartilagem
	condr(o)
	
	cav. abdominal
	laparo
	
	coração 
	cardi(o)
	
	costela
	
	cost(i)
	dedo
	dactil(o)
	digit(i)
	diafragma
	fren(o)
	
	epiplo
	oment(o)
	
	estômago
	gastr(o)
	
	figado
	hepat(o)
	
	funiculo espermático
	
	funicul(o)
	glândula mamária
	mast(o)
	
	intestino
	enter(o)
	
	ligamento
	desm(o)
	
	lingua
	gloss(o)
	ling(u)
	músculo
	mi(o)
	
	nariz
	rin(o)
	
	osso
	oste(o)
	oss(i)
	ouvido
	ot(o)
	
	pálpebra
	bleraf(o)
	
	pé
	pod(o)
	ped(i)
	pele
	derm(o)
	cutan
	pulmão
	pneum(o)
	
	rim
	nefr(o)
	ren(i)
	tecido adiposo
	lip(o)
	
	tendão
	ten(o)
	
	testículo
	orquid(o)
	
	trompa
	salping(o)
	
	tórax
	torac(o)
	
	umbigo
	onfal(o)
	
	útero
	hister(o), metr(o)
	
	vagina
	vagin(o)
	colpo
	vaso sangüíneo
	angi(o)
	
	vesícula biliar
	colecist(o)
	
	vulva
	vulv(o)
	episio
	
 ( Sufixos:
	Sufixo
	Procedimento
	Exemplo
	
	
	Palavra primitiva
	Termo composto
	Significado
	centese
	punção
	pericárdio
	Pericardiocentese
	punção do pericárdio
	tomia
	incisão
	tórax
	Toracotomia
	abertura do tórax
	rafia
	sutura
	aorta
	Aortorrafia
	sutura da aorta
	ectomia
	extirpação
	nefro
	Nefrectomia
	retirada do rim
	stomia
	fistulização
	colo
	Colostomia
	criação de comunicação de cólon - pele
	plastia
	reconstrução
	períneo
	Perineoplastia
	reconstrução do períneo
	pexia
	fixação
	omento
	omentopexia 
	fixação do omento
	clise
	lavagem
	entero
	Enteróclise
	lavagem da luz intestinal
	dese
	imobilização
	artro
	Artrodese
	imobilização da articulação
	lise
	dissolução
	pleura
	Pleurolise
	eliminação de aderências pleurais
	tripsia
	esmagamento
	angio
	Angiotripsia
	esmagamento de um vaso
	síntese
	união
	ósteo
	Osteossíntese
	união óssea
	scopia
	visualização
	gastro
	Gastroscopia
	visualização interna do estômago
 ( Sufixação dos termos em instrumentos
	Sufixo
	Procedimento
	Exemplo
	
	
	Palavra primitiva
	Termo composto
	Significado
	Tomo
	cortar
	costo
	costótomo
	aparelho para secção de costelas
	Metro
	medir
	hister(o)
	histerômetro
	aparelho para mensuração da espessura uterina
 ( Epônimos
São termos utilizados para a identificação e denominação de procedimentos ou instrumentos cirúrgicos, utilizando-se o nome próprio do idealizador da técnica ou do instrumento.
Ex: Pinça de Kelly – pinça articulada para hemostasia
 Gastrectomia de Billroth – anastomose terminal do estômago lateralmente ao jejuno.
4. Centro Cirúrgico:
	
( Instalações:
- conectado com as demais unidades hospitalares
- paredes lisas (inclusive entradas de luz)
- piso impermeável e sem ranhuras
- tubulações elétricas, hidráulicas e de O2 embutidas
- cantos arredondados
- portas corrediças
- pias profundas com torneiras acionadas automaticamente (sensores, com os pés ou cotovelos)
- pressurizada
- zonas (proteção, limpa, estéril): 
Proteção: vestuários, lavanderia, área de transferência.
Limpa: secretaria, pré-operatório, conforto médico, recuperação, esterilização.
Estéril: corredor de acesso, lavabo, sala cirúrgica.
	( Equipamentos:
- biomonitores
- mesas metálicas (hidráulicas)
- aparelho de anestesia inalatória (respirador)
- focos cirúrgicos (bateria)
- termocautério
- aspirador de líquidos
- autoclave ou estufa
- torneira de água quente
5. Equipe Cirúrgica:
- Componentes: cirurgião, auxiliar, instrumentador, anestesista, enfermeiro.
- Funções:
 · Cirurgião: 
	PACIENTE
	- conhecimento do estado geral
	
	- comando com ordens claras e precisas
	AUXILIARES
	- exigir ordem e silêncio
	
	- respeitar e exigir respeito
	MATERIAL
	- verificar disponibilidade
	E
	- verificar condições
	EQUIPAMENTOS
	- evitar acúmulo no campo operatório
	
	- evitar desperdícios
	
	- conhecimento pleno (técnica, anatomia, fisiologia)
	TÉCNICA CIRÚRGICA
	- respeitar os tempos operatórios
	
	- reconhecer e corrigir deslizes
· Auxiliar: 
	
PACIENTE
	- preparo pré-operatório
- preparo do campo operatório
- confecção do curativo
- prescrição pós-operatória
	
	- expor o campo operatório
	CIRURGIÃO
	- auxiliar nas manobras cirúrgicas
	
	- substituição, caso necessário
	MATERIAL
	- montar mesa auxiliar para instrumentos
	E
	- verificação e controle antes da cirurgia
	EQUIPAMENTOS
	- evitar desperdícios
	
	- conhecimento pleno 
	
	- evitar manobras de responsabilidade do cirurgião 
	
TÉCNICA CIRÚRGICA
	- enxugar o campo operatório
- apresentação de pinças para sutura e ligaduras
- cortar fios
- hemostasia em regiões menos nobres
- descrever o ato operatório
· Instrumentador: 
	PACIENTE
	- auxiliar na confecção do curativo
	CIRURGIÃO E AUXILIAR
	- passar instrumentos com firmeza e rapidez
	
	- atender o cirurgião em primeiro lugar
	
	- pedir instrumental e materiais necessários à cirurgia
	
	- montar a mesa de instrumentos
	MATERIAL 
E 
EQUIPAMENTOS
	- certificar-se do bom funcionamento do instrumental
- solicitar a devolução do instrumental
- evitar que peguem instrumentos diretamente da mesa
- controle de gases e compressas
- limpeza dos instrumentos usados
- conferir e guardar o material
	
	- conhecimento pleno 
	TÉCNICA CIRÚRGICA
	- conhecer e acompanhar os tempos operatórios 
	
	- observar trangressões da assepssia
· Anestesista: 
	
PACIENTE
	- avaliação clínica pré-anestésica
- planejamento do tipo de anestesia
- monitoração do paciente
	CIRURGIÃO
	- autorização para o início da cirurgia 
	
	- manter o cirurgião informado sobre o estado do animal
	MATERIAL
	- verificação e instalação antes da cirurgia
	E
	- acesso a medicamentos necessários
	EQUIPAMENTOS
	
	
	- conhecimento da técnica cirúrgica
	
	- conhecimento pleno dos fármacos empregados 
	
TÉCNICA CIRÚRGICA
	- escolha da técnica anestésica
- conhecer e acompanhar os tempos operatórios
- controlar a perda sanguínea e promover a sua reposição 
- acompanhar a recuperação anestésica
PRINCÍPIOS DA ASSEPSIA CIRÚRGICA
Os dois passos mais decisivospara que a cirurgia tenha atingido seu presente estágio de desenvolvimento foram a descoberta da anestesia e o desenvolvimento de métodos anti-sépticos.
1. HISTÓRICO:
Pasteur - 1843 - estudou e identificou bactérias responsáveis pela putrefação, carbúnculo e raiva, proporcionando os fundamentos das técnicas de assepsia.
Semmelweis - 1846 - reconheceu a importância da lavagem de mãos antes das manobras obstétricas na diminuição da incidência de febre puerperal.
Lister - 1852 - descobriu que o pús não se formava em feridas cuja contaminação era evitada. Iniciou a doutrina de lavar as feridas com antissépticos, para evitar a contaminação.
 	 1867 - Princípio Antisséptico da Cirurgia
Holmes -1853 - mudança de roupas e lavagem das mãos após sair das salas de necrópsia.
Neuber - 1882 - avental cirúrgico
Halsted - 1889 - luvas de borracha
Schimmelbusch - 1891 - padronização da assepsia das mãos
Rodecki - 1896 - uso de máscara cirúrgica
Halsted - 1913 – luvas, asepsia estrita, técnica cirúrgica meticulosa
Década de 60 – gorros, máscaras, vestes e luvas na cirurgia veterinária.
2. DEFINIÇÕES:
Técnica Asséptica = conjunto de procedimentos empregados para evitar infecção dos tecidos durante as intervenções cirúrgicas. É um termo amplo e engloba manobras de esterilização, antissepsia e desinfecção. A ausência de germes patogênicos no tecido vivo constitui um estado de assepsia.
Esterilização = destruição de todas as formas viáveis de germes, patogênicos ou não, dos materiais e instrumentos cirúrgicos.
Antissepsia = conjunto de métodos empregados para impedir a proliferação, reduzir a quantidade e/ou exterminar microorganismos patogênicos, em tecidos vivos, por determinado período de tempo, pela inativação ou destruição dos mesmos.
Desinfecção = basicamente é um sinônimo de antissepsia, porém empregado com relação a ambientes ou objetos inanimados (equipamentos, paredes, piso, etc.).
 Agente microbiano bacteriostático = inibe o crescimento bacteriano. O crescimento poderá reiniciar após a remoção do agente.
 Agente microbiano bactericida = extermina as bactérias.
 Infecção nosocomial = infecção que se desenvolve durante o período de hospitalização e que não estava presente na ocasião do internamento.
3. PREVENÇÃO DA INFECÇÃO CIRÚRGICA:
	
	A proteção de pacientes cirúrgicos com relação às infecções é consideração fundamental ao longo das fases pré-, trans- e pós-operatória do tratamento cirúrgico.
	O risco de infecção pode ser reduzido com a preparação apropriada do paciente cirúrgico; a correta preparação do pessoal da equipe cirúrgica; manutenção da sala cirúrgica; esterilização de equipamentos e materiais cirúrgicos; técnica operatória apropriada e realização correta do pós-operatório. 
3.1. PREPARAÇÃO DO PACIENTE CIRÚRGICO:
CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO FÍSICO DO PACIENTE
Com a finalidade de avaliar o estado físico do paciente cirúrgico, a Sociedade de Anestesiologistas Americanos (American Society of Anesthesiologists - ASA) criou uma escala crescente de números, que aumentam de valor conforme o estado clínico do paciente piora.
	Classificação
	Estado físico
	Achados clínicos
	Prognóstico
	I
	saudável, sem doença subjacente
	sem anormalidades
	excelente
	II
	idosos, obesos, neonatos, doença local com distúrbio sistêmico leve
	doença controlada
	excelente
	III
	doença com sinais sistêmicos moderados
	anemia, caquexia, febre, doença renal, doença cardíaca
	bom
	IV
	doença com sinais sistêmicos graves
	choque, uremia, toxemia, cólica, torção gástrica
	reservado
	V
	comatoso
	doença avançada, insuficiência orgânica
	desfavorável
FATORES NA INFECÇÃO DAS FERIDAS
Nível crítico de contaminação bacteriana: Todas as feridas são contaminadas quando a barreira da pele rompe-se (por exemplo, quando é feita uma incisão); contudo é necessário alcançar o nível crítico de contaminação bacteriana (aproximadamente 105 bactérias/g de tecido) antes que ocorra a infecção da ferida. Quando, no interior da ferida, estão presentes sangue coagulado, tecidos necróticos ou material estranho, a quantidade de bactérias necessárias para alcançar o nível crítico de contaminação é menor, porque as defesas corporais normais estão diminuídas.
	A classificação das feridas cirúrgicas objetivando a previsão do nível esperado de contaminação em diferentes tipos de cirurgia, fornece subsídios para o cirurgião prever sobre a infecção e decidir sobre a indicação ou não de fármacos antimicrobianos.
Ferida Limpa: 
Atraumática
Procedimento eletivo com cicatrização primária, sem necessidade de drenagem;
Não é detectada inflamação;
Intervenções realizadas em salas com condições ideais de assepsia;
Não houve quebra da técnica asséptica; 
Não houve envolvimento dos tratos respiratório, digestório ou genitourinário.
Ferida Limpa-contaminada: 
Intervenções na cavidade orofaríngea;
Houve envolvimento dos tratos respiratório, digestório e/ou genitourinário, sem disseminação significativa;
Houve envolvimento do trato biliar, na ausência de bile infectada;
Ocorreu pequena falha na técnica asséptica (ex. perfuração de luvas)
Ferida Contaminada:
Importante falha na técnica asséptica (ex. contaminação do campo cirúrgico por fluidos);
Grande disseminação a partir do trato digestório
Ferida traumática recente (menos de 6 horas);
Envolvimento dos tratos genitourinário ou biliar com presença de urina ou bile contaminadas;
Ferida Suja ou Infectada:
Detectada uma víscera perfurada;
Feridas traumáticas com retenção de tecido desvitalizado, corpos estranhos, contaminação fecal, ou com adiamento do tratamento por mais de 6 horas;
Infecção bacteriana aguda com ou sem detecção de pus;
Transsecção de tecido “limpo” para alcançar um abscesso ou infecção bacteriana.
TERAPIA ANTIMICROBIANA
Na clínica cirúrgica, o uso de fármacos antimicrobianos pode ser dividido em profilático e terapêutico. A profilaxia antimicrobiana é definida como a administração de um agente antimicrobiano na ausência de infecção, enquanto que a administração terapêutica é empregada quando a infecção é detectada nos períodos pré-operatório e principalmente no pós-operatório, quando o processo infeccioso pode ser decorrente do procedimento cirúrgico. 
O uso profilático de antibióticos durante o procedimento cirúrgico na ausência de infecção é amplamente aceito como uma medida importante de redução na incidência de infecção cirúrgica.
( TERAPIA ANTIMICROBIANA PROFILÁTICA (TAP)
	Em geral, torna-se desnecessário o uso de antibiótico profilático desde que a técnica seja considerada asséptica e o paciente esteja em boas condições orgânicas. Porém, mesmo sob condições assépticas tidas como ideais, faz-se necessário, em algumas situações, que o cirurgião indique a TAP. 
A infecção ocorre quando as defesas do hospedeiro contra os microorganismos invasores são superadas. O risco de infecção praticamente duplica, a cada hora que a incisão permanece aberta. Ainda, dependendo da virulência do microorganismo e da capacidade do hospedeiro em combater a infecção, o procedimento cirúrgico poderá resultar em uma infecção localizada ou generalizada.
Portanto, na maioria dos procedimentos que duram mais de duas horas indica-se a TAP.
CONDIÇÕES QUE PODEM REQUERER A ADMINISTRAÇÃO:
Diminuição da resistência do hospedeiro. 
- Defesas do organismo:
 	- Barreiras naturais – pele, membranas mucosas, trato gastrointestinal, respiratório, genitourinário inferior;
- Leucócitos: neutrófilos, macrófagos/monócitos, linfócitos;
- Proteínas especializadas: imunoglobulinas, complemento, fibronectina;
- Febre: extermínio de microorganismos ocorre em temperaturas mais elevadas.
- Fatores que afetam as defesas do organismo:
Leucopenia: Quantidades adequadas de leucócitos são necessárias para a formação de anticorpos e eliminaçãobacteriana.
Desnutrição: É necessário que haja aminoácidos disponíveis para a síntese de proteínas utilizadas no sistema de defesas do organismo e de reparo dos ferimentos, as células fagocíticas precisam de energia.
Traumatismos: Os sistemas de defesas orgânicas ficam prejudicados, especialmente durante as primeiras 24 horas após a ocorrência do trauma.
Queimaduras: Grandes regiões estão expostas aos patógenos ambientais, sem uma barreira cutânea.
Tecidos necrosados: Células fagocitárias envolvidas na remoção dos debris, ao invés de estarem envolvidas com os microorganismos.
Corticóides em excesso: Atividade reduzida do sistema de neutrófilos e macrófagos/monócitos; cicatrização deficiente das feridas.
Diabetes mellitus: A inanição intracelular leva à desnutrição, níveis elevados de glicose no trato urinário levam às infecções do trato urinário, função fagocitária deficiente.
Neoplasias: sistema inume deprimido, neutropenia, grandes quantidades de tecidos necrosados.
Idade: pacientes muito jovens ou muito idosos podem apresentar deficiências no sistema imune.
Possibilidade de contaminação bacteriana de um sítio secundário: septicemia, abscessos, processos sépticos em geral;
Envolvimento dos tratos digestório, respiratório e genito-urinário;
Ocorrência de falha na técnica asséptica;
Extensa lesão tissular e duração em qualquer procedimento cirúrgico.
Os antibióticos profiláticos devem alcançar concentrações eficazes no local incisão cirúrgica. Para isso, devem ser administrados pela via intravenosa, 30 a 60 minutos antes da incisão cutânea e a cada duas horas durante a cirurgia. 
A administração por via endovenosa rapidamente provê concentrações efetivas do fármaco no plasma e líquidos tissulares, enquanto que a injeção por via intramuscular ou subcutânea produz níveis sustentados do mesmo. 
É necessária uma seleção cuidadosa do agente para prover níveis adequados de antibióticos no líquido cefaloraquidiano, glândula prostática ou bexiga urinária.
Concentrações séricas efetivas devem ser mantidas enquanto perdurar o risco de contaminação bacteriana e o paciente estiver comprometido com o estresse intra-operatório e anestesia. Não há razão para administração contínua por períodos mais longos de 24-48 horas após a cirurgia, na ausência de infecção.
	
Seleção do agente antimicrobiano
	Tratamento antibiótico empírico:
	Fonte de infecção
	Organismo provável
	Antibiótico eficaz
	Trato genitourinário e digestório 
	Streptococcus
Proteus
	Penicilinas
 Amicacina, Amoxicilina-clavulanato, cefazolina
	Pele, trato urogenital, tecido ósseo.
	Staphylococcus
	Amoxicilina-clavulanato, cefalosporina, gentamicina, clindamicina, oxacilcina, trimetropim-sulfamentoxixazol
	Ferimentos traumáticos, trato digestório ou genitourinário 
	Escherichia coli
	Amoxicilina-clavulanato, cefalosporina, gentamicina, enrofloxacina, amicacina
	Infecções de tecidos moles em gatos, trato respiratório
	Pasteurella
	Amoxicilina, ampicilina, cefazolina, cloranfenicol
	Trato urinário, queimaduras
	Pseudomonas
	Ticarcilina, ciprofloxacina
	Abscessos, trato respiratório
	Bacteioides fragillis
	Amoxicilina-clavulanato
	Infecção alimentar ou hospitalar, trato digestório 
	Klebsiella
	Amicacina, enrofloxacina, cefazolina
 
- Precauções:
Aminoglicosídios – nefro e ototoxidez/ bloqueio neuromuscular/ depressão cardiovascular
Clorafenicol – prolonga a meia vida dos barbiturados
- Doses de algumas drogas antimicrobianas selecionadas para uso profilático:
Ampicilina – 10 mg/kg
Amoxicilina – 10 mg/kg
Cefazolina – 22 mg/kg
Oxacilina - 22 mg/kg
Penicilina G sódica – 20.000 UI/kg
Enrofloxacina – 5 mg/kg
- Irrigação local do sitio cirúrgico: A adição de antibióticos para a irrigação do sítio cirúrgico é controversa. Soluções anti-sépticas são mais adequadas em concentrações menores que 2%, geralmente empregando-se concentrações entre 0,1 e 0,2 %. Devemos lembrar que concentrações incorretas de anti-sépticos ou antibióticos, podem ser prejudiciais ao processo de cicatrização dos tecidos.
- Cirurgia do trato intestinal:
antibioticoterapia profilática + limpeza mecânica
administração oral = neomicina ou kanamicina + tetraciclina ou eritromicina
metramidazole = redução do número de bactérias anaeróbicas presentes no intestino
PREPARAÇÃO GERAL DO PACIENTE E DO LOCAL DA CIRURGIA
	O paciente deve ser banhado e escovado antes da cirurgia ou pelo menos no dia anterior à mesma, para que seja diminuída a contaminação da sala de operações e do local da cirurgia.
	A preparação do local cirúrgico envolve a remoção dos pêlos, anti-sepsia da pele e colocação apropriada de campos cirúrgicos.
	A pele e os pêlos dos animais são reservatórios de bactérias, sendo reconhecidos como fonte de contaminação e de infecções pós-cirúrgicas das feridas.	As bactérias habitantes da pele canina são: Staphylococcus spp., Micrococcus, Streptococcus spp., Actinetobacter, Clostridium spp., bastonetes gram negativos e difteróides. Estas bactérias residem das superfícies dos pêlos e no interior das camadas corneificadas superficiais e glândulas da pele e do tecido subcutâneo.
	As técnicas de preparação da pele exterminam as bactérias superficiais, mas não esterilizam a pele, porque aproximadamente 20% das bactérias residem no interior das estruturas cutâneas mais profundas, que são inacessíveis às soluções anti-sépticas.
	
	Os aspectos específicos da preparação do local da cirurgia são:
( Remoção dos pêlos 
 É necessária para aumentar a remoção dos patógenos, aumentar a visibilidade durante a incisão da pele, melhorar a aposição dos bordos durante a sutura e diminuir a penetração de corpos estranhos no interior do ferimento cirúrgico.
Os pêlos devem ser removidos imediatamente antes da cirurgia, porque a incidência de infecção de ferimento cirúrgico aumenta com o aumento do intervalo entre a remoção e a cirurgia.
Todos os métodos de remoção dos pêlos causam pequenos traumatismos à pele e inflamação, seguidos de colonização de bactérias. A tosquia, que causa os menores traumas cutâneos é a técnica recomendada atualmente para a remoção dos pêlos. Os traumas podem ser minimizados usando-se lâminas limpas e afiadas.
O barbear (remoção com gilete) não é recomendada, porque resulta em pequenas e múltiplas lacerações e têm sido associadas com um aumento das taxas de infecção pós-operatória. Os depiladores não são empregados, devido aos custos e pela escassa eficácia na densa cobertura pilosa animal.
A área cirúrgica a ser tricotomizada deve ser ampla, permitindo toda a extensão da incisão durante o ato operatório. Facilita o procedimento operatório e melhora o fechamento cosmético.
Em se tratando de feridas abertas, gazes umedecidas devem ser empregadas para minimizar a contaminação da ferida com pêlos e restos de tecidos.
( Anti-sepsia da pele
Os anti-sépticos são usados durante a preparação pré-operatória para diminuir a carga de bactérias na pele e eliminar patógenos potenciais. Devem ser aplicados sempre do centro do campo operatório (local onde será realizada a incisão) para as extremidades, sem nunca retornar a mesma gaze para o centro. Pelo menos três camadas de anti-séptico devem ser aplicadas.
As características ideais de um anti-séptico são múltiplas e existe grande dificuldade de conseguí-las com uma única substância química ou através de uma combinação entre várias substâncias.
Características do anti-séptico ideal:
- ser estável por longo período de tempo;
- ativo em baixa concentração
- amplo espectro de ação
- solúvel em água
- não manchar a pele ou o vestuário
- eficaz em temperatura ambiente;
- ação bactericida imediata;
- ação bacteriostática;
- efeito residual prolongado;
- ausência de toxidade;
- baixo custo.
Antissépticos mais comumente empregados:
- Iodopovidona: é um composto hidrossolúvel de polivinilpirrolidonae iodo, que permite a liberação lenta do componente ativo (iodo), o qual atua pela ligação à parede celular bacteriana formando complexos de proteínas e íons reativos.
 Atividade: Bactericida (mata 99% das bactérias dentro de 30 seg. da aplicação); Esporicida (com tempos de contatos superiores a 15 min.)
 Atividade residual: Mínima. Eficácia reduzida pela presença de material orgânico (sangue, tecido necrosado, etc.), inativada pelo álcool.
 Efeitos adversos: Dermatite de contato, hipertireodismo, manchas teciduais.
- Clorexidina: é um composto bisdiguanida que altera a permeabilidade da parede celular bacteriana e causa precipitação do conteúdo intracelular.
 Atividade: Bactericida (mata 99% das bactérias dentro de 30 seg. da aplicação); Fungicida; atividade contra vírus e protozoários; ineficaz contra pseudomonas.
 Atividade residual: Excelente. Mantém a eficácia na presença de material orgânico, álcool e sabões.
 Efeitos adversos: Uso prolongado pode causar fotosensibilização ou dermatite (raro)
- Álcoois alifáticos: o álcool isopropílico é mais eficaz do que o álcool etílico, embora seja mais irritante à pele. Na concentração de 70% são mais eficazes que na forma absoluta, pois penetram mais facilmente nas membranas bacterianas. Usados isoladamente, os álcoois são menos eficazes do que a clorexidina e a iodopovidona, mas quando combinados ao iodo, têm sua eficácia aumentada. O álcool destrói a membrana celular bacteriana e precipita proteínas intracelulares.
 Atividade: Bactericida; atividade variável contra vírus e fungos; sem atividade contra esporos, ação bactericida lenta.
 Atividade residual: Mínima. 
 Efeitos adversos: uso repetitivo causa irritação cutânea, aplicação em ferimentos abertos causa necrose tecidual. 
- Compostos de amônio quaternário (ex. cloreto de benzalcônio): O uso destes agentes é limitado à limpeza de áreas não estéreis.
( Colocação dos campos cirúrgicos
	
Os campos cirúrgicos proporcionam uma barreira contra as bactérias e restos teciduais existentes nas áreas não esterilizadas e proporcionam área de trabalho estéril para o cirurgião.
Panos de campo: A primeira camada de panos de campo isola a área central, que contém o local proposto para a incisão.
- Quatro panos de campo: O primeiro dos quatro panos é aberto e dobrado, para fora, ao longo de uma de suas bordas, de modo a criar uma área de 5 a 10 cm de dupla espessura. Esta borda é fixada à pele do paciente através de pinças de Backhaus, nas áreas próximas ao local proposto para incisão. Cada um dos panos restantes é aplicada do mesmo modo, de maneira que será criada uma caixa de quatro cantos em torno do local proposto para a incisão.
Em caso de necessidade, panos de campos adicionais, podem ser aplicados, para que fique garantida a proteção completa do animal e da mesa cirúrgica.
- Campo fenestrado: consiste de um único pano com abertura central (fenestro), a qual é posicionada sobre o local da incisão. Pode ser utilizado isoladamente ou associado aos quatro panos, constituindo a segunda camada de panos de campo.
 
- Campo acessório: é fixado às bordas da incisão cutânea, protegendo-as da manipulação e/ou contaminação trans-cirúrgica. Empregado especialmente em cirurgias muito contaminadas. 
- Campo incisivo adesivo de polietileno: é usado para procedimentos cirúrgicos onde a lavagem ou drenagem extensiva umedece o material com freqüência e também para procedimentos ortopédicos em ossos longos.
- Estorniquete ortopédico: constituído de material impermeável, protege a área cirúrgica da contaminação proveniente das extremidades dos membros, que possuem uma elevada população bacteriana permanente.
3.2. PREPARAÇÃO DA EQUIPE CIRÚRGICA:
	Uma das principais fontes de contaminação trans-cirúrgica é a transferência de germes das mãos da equipe cirúrgica para o campo operatório. Portanto, os elementos da equipe cirúrgica, que de maneira direta ou indireta entram em contato com a ferida operatória, devem obedecer os princípios básicos da técnica asséptica.
Vestuário e roupas cirúrgicas
É o conjunto de vestimentas usadas pela equipe cirúrgica, durante o procedimento operatório.
A roupa cirúrgica é uma barreira oclusiva, mas não impermeável, aos microorganismos e em determinadas situações podem funcionar como fonte de semeadura de bactérias patológicas. Desta forma, torna-se imprescindível limpeza e esterilização periódica, através de vapor quente, logo após o uso.
( Pijama cirúrgico: 
Antes de entrar no bloco cirúrgico, todos os integrantes da equipe cirúrgica, devem trocar suas vestes de rua por calças e blusas adequadas. O pijama compreende duas peças: blusa e calça.
( Cobertura para os calçados (Propé)
Vestimenta utilizada para excluir as bactérias dos sapatos de rua. Devem ser usados, juntamente com o pijama, ao se adentrar no bloco cirúrgico.
( Coberturas para a cabeça
São usadas para se entrar na área estéril do bloco cirúrgico (lavabo, ante sala e sala cirúrgica)
As coberturas para a cabeça (capuzes, gorros ou toucas) devem cobrir completamente o couro cabeludo, especialmente nas regiões occipital e temporal, as quais abrigam grande números de bactérias, inclusive Staphylococcus aureus, Ercherichia coli e Streptococcus viridans.
( Máscara
É usada para se entrar na área estéril do bloco cirúrgico (lavabo, ante sala e sala cirúrgica)
A principal função da máscara é a proteção da ferida cirúrgica com relação às gotículas de saliva eliminadas pelos membros da equipe cirúrgica, ao conversarem entre si.
( Avental cirúrgico
Feito de tecido vegetal ou sintético, longo, possui mangas compridas, com alça, cinto e cordões para amarração. Deve ser esterilizado já dobrado ao avesso, de modo que as mangas fiquem por dentro. Desta forma o manuseio para abri-lo é facilitado, pois o cirurgião somente toca na face interna do mesmo.
( Luvas
	São fornecidas aos pares, acondicionadas em envelopes duplos. Geralmente, já vêm preparadas com talco no seu interior, outras vezes, dento do envelope acha-se uma gaze dobrada contendo talco que deve ser espalhado sobre as mãos.
As luvas são fornecidas em tamanho de 6,5 a 9, devendo-se escolher um número adequado, pois luvas apertadas ou largas dificultam os movimentos e atrapalham o ato operatório.
Importante se faz também lembrar que o simples uso de luvas não impede a contaminação cirúrgica, pois poros microscópicos permitem a passagem de bactérias das mãos para o instrumental e campo operatório.
Preparo da pele da equipe cirúrgica
Na superfície da pele encontramos dois tipos de flora bacteriana:
 - flora residente: principalmente estafilococos epidermitis-negativos e difteróides anaeróbios (pele, folículos pilosos e ductos sebáceos).
 - flora transitória: consiste nas bactérias que colonizam temporariamente a superfície da pele, sendo variável de acordo com o ambiente ao qual o indivíduo se expõe.
Os objetivos da anti-sepsia cirúrgica são:
Remoção mecânica das sujidades mais visíveis e da oleosidade das mãos;
Redução da contagem de microorganismos temporários para o valor o mais próximo possível de zero;
Efeito depressor prolongado da microflora residente nas mãos e antebraços.
A desinquinação ou anti-sepsia cirúrgica não deve tomar tempo excessivo e é conseguida por método de escovação, com a utilização de anti-sépticos em soluções degermantes. Os mais utilizados são a iodopovidona e a clorexidina.
Técnica de desinquinação:
Inicialmente o cirurgião deve lavar a pele das mãos e antebraço com solução degermante, formando espuma em abundância, até acima dos cotovelos. Com o uso de uma escova, inicia-se a desinfecção, esfregando-se vigorosamente as superfícies dos dedos, dando-se especial atenção as unhas. Ato contínuo, escovam-se as palmas das mãos e dorso, punho, antebraço até o cotovelo. Durante o processo, os braços devem ficar semi-abertoscom as mãos em plano superior ao cotovelo. A secagem deve ser feita com toalha estéril, seguindo-se a mesma seqüência (dedos, palma e dorso da mão, punho, antebraço e cotovelo).
A flora transitória das mãos e antebraços pode ser completamente removida com 5 a 10 minutos de escovação com antisséptico. A flora residente é reduzida logarítmicamente com esta escovação, reduzindo-se pela metade a cada 6 minutos de escovação.
Devemos lembrar que é impossível esterilizar a pele sem destruí-la, tendo portanto a escovação, associada ao uso de anti-sépticos, importância capital na prevenção de infecções cirúrgicas.	
Além da escovação de mãos e braços, a equipe cirúrgica deve ter sempre as unhas aparadas e limpas, nenhum anel nos dedos, nem brincos, piercings e congêneres, e manter bons hábitos de higiene.
No interior da sala de cirurgia os membros da equipe cirúrgica devem tomar todo o cuidado possível (e o impossível !!) para não tocar em nenhum objeto que não tenha sido esterizilado previamente.
3.3. PREPARAÇÃO DO AMBIENTE CIRÚRGICO:
Limpeza diária:
	- evitar acúmulo de pó ( retirar o pó de todas as superfícies lisas, luzes e móveis (pano limpo embebido em solução desinfetante ou álcool), esvaziar lixeiras, lavar a mesa cirúrgica, lavar o assoalho e pias com solução desifetante.
Limpeza semanal:
	- limpar o condicionador de ar, lavar as paredes, janelas e suportes de lâmpadas.
	- pode ser útil lavar antes com sabões ou detergentes comuns e só depois empregar o desinfetante.
a forma mais eficiente de desinfecção do ambiente cirúrgico é o uso de radiações ultravioletas (UV) ou nebulização com trietileno glicol (TEG). Também pode ser empregada a fumigação com formaldeído a 37% (0,5 a 1 ml / 30 cm2 ), que esteriliza o ambiente em 24 horas.
reduzir ao máximo o trânsito de pessoas dentro da sala, não permitir a entrada de pessoas vestidas inadequadamente e reduzir a conversa ao máximo são medidas que contribuem para reduzir a contaminação.
Movimentação dentro da sala:
	Pessoas da equipe: - nunca ficar de costas para a mesa cirúrgica
			 - sempre virar de frente quando passar por outra pessoa
			 - reconhecer e avisar quando for quebrada a assepsia
	Pessoas assistentes: 
		- não tocar no material esterilizado 
		- não se debruçar sobre o campo cirúrgico
		- não encostar no campo esterilizado
		- caminhar o mínimo possível dentro da sala
3.4. PREPARAÇÃO DO INSTRUMENTAL E EQUIPAMENTOS CIRÚRGICOS:
	Entende-se material cirúrgico, em concepção ampla, como sendo todos os objetos, instrumentos e equipamentos que entram em contato direto ou indireto com a região operatória. Podem ser classificados com relação ao desempenho na técnica asséptica em três classes:
	- Material crítico: tem contato direto ou indireto com a região operatória: bisturi, tesouras, campos, fios, gazes etc.
	- Material semi-crítico: tem contato direto com mucosas: sondas, termômetros, laringoscópio, endoscópios, etc.
	- Material não crítico: tem contato apenas com a pele: gorro, máscara, frasco de aspiração, etc.
	
Todo instrumental deve ser cuidadosamente lavado, empacotado e esterilizado conforme características próprias. O material contaminado não deve ser manuseado antes da limpeza para esterilização, para evitar-se a disseminação de germes.
	Os meios de esterilização mais empregados são:
Métodos físicos:
	- radiação: raios gama e ultravioleta
	- calor seco: - flambagem ( vassoura de fogo
		 - estufa elétrica ( 180 ºC /30 minutos ou 280ºC /15 minutos. Empregada preferencialmente em instrumentos metálicos.
		 
	- calor úmido: - água em ebulição ( 30 minutos de ebulição
		 - autoclave ( vapor sob alta pressão (1 a 2 ATM). 135 ºC / 3 minutos, 125 ºC / 10 minutos ou 120 ºC / 15 minutos. Empregada principalmente para tecidos e luvas.
Métodos químicos:
	- óxido de etileno: possui maior poder de dissipação que o formol, pode ser usado em qualquer material.
	- formaldeído: usado em pastilhas, dentro de caixas de instrumental. Esteriliza em 36 horas.
	- soluções de formaldeído-álcool ou de metanol-etanol: esterilizam em 20 minutos.
	- soluções de glutaraldeído: esterilizam em 3 horas.
 
Referências bibliográficas
BOJRAB, M. J. Cirurgia dos pequenos animais. 2. ed. São Paulo: Roca, 1986. 854p.
BOJRAB, M. J. Current techniques in small animal surgery. 3. ed. Philadelphia: Lea & Febiger, 1990. 950p.
BOJRAB, M. J. Disease mechanisms in small animal surgery. Philadelphia: Lea & Febiger, 1993. 1271p. 
HARARI, J. Cirurgia de pequenos animais, Porto Alegra, Ed Artmed, 1999, 417 p.
Magalhães, H. P. Técnica cirúrgica e cirurgia experimental, Ed. Savier, 1993, 337 p.
SLATTER, D. Textbook of small animal surgery. Philadelphia: Saunders, 1993. 2v. 2362p.
FASES FUNDAMENTAIS DA TÉCNICA CIRÚRGICA
DIÉRESE – HEMOSTASIA – SÍNTESE
1. DIÉRESE
É o corte ou separação de tecidos orgânicos e geralmente é o tempo inicial da intervenção cirúrgica, tendo como finalidade a execução de uma via de acesso adequada para manipulação do órgão ou estrutura.
1.1. CORTE E DIVULSIONAMENTO
( CORTE: O bisturi com lâminas descartáveis é o instrumento de corte de tecidos moles que serve como padrão, contra o qual todos os outros são comparados. Apropriadamente utilizado, este instrumento permite que o cirurgião seccione os tecidos com menor traumatismo possível.
Modos de empunhadura do bisturi:
EMPUNHADURA NA FORMA DE LÁPIS: Facilita o equilíbrio da mão, permitindo que ela repouse sobre a superfície do paciente, e usa o movimento dos dedos (e não do braço), para a incisão com o bisturi. É mais adequada para incisões breves e precisas. A desvantagem desta empunhadura, em comparação com as outras, é que a lâmina é mantida em um ângulo maior com relação ao tecido, havendo portanto redução no contato com a borda de corte. Isto torna a empunhadura na forma de lápis menos adequada às longas incisões, do que as outras empunhaduras (figuras 1A e1B).
Empunhadura com a ponta dos dedos: É recomendável para incisões longas (superiores a 3 cm). Essa empunhadura usa o movimento do braço (e não dos dedos), para o corte do tecido e maximiza o contato com a borda de corte da lâmina com o tecido que está sofrendo a incisão. Embora o dedo indicador seja colocado sobre a borda superior da lâmina para maior estabilidade, ele não deverá tocar o tecido que está sofrendo incisão e nem deverá obstruir a visão do cirurgião, neste procedimento. A empunhadura com as pontas dos dedos é aplicável à maioria das incisões praticadas com o bisturi (figuras 1D e 2).
Empunhadura palmar : Proporciona a mais forte preensão do bisturi, sendo vantajosa quando deve ser aplicada grande pressão para a incisão do tecido. Esta empunhadura é mais aplicável a outros instrumentos de corte, como elevador de periósteo, do que ao bisturi. Como também ocorre com a empunhadura com as pontas dos dedos, é utilizado o movimento do braço, e não dos dedos, para que seja gerada a força incisional.
FORMAS DE INCISÃO:
Incisão por pressão: Usa a empunhadura em forma de lápis e a aplicação de pressão crescente na mesma direção do movimento proposto para a lâmina. Ocorrerá uma incisão perfurante, quando o limiar de ruptura do tecido é excedido. A incisão por pressão é utilizada para dar início a incisões em estruturas ocas, ocupadas por líquidos, como a bexiga (figura 1A). Com este método o controle de profundidade é deficiente, mas tal controle pode ser aprimorado caso utilizemos o dedo indicador como “pára-choque”, o que limitará efetivamente a penetração da lâmina até a profundidade pré-determinada (figura 1B).
A elevação da camada tecidual a ser submetida à incisão, ao mesmo tempo em que é promovida a incisão por pressão com a lâmina invertida, dá maior segurança. Esta técnica é utilizada parainiciar as incisões para gastrotomias, cistotomias e celiotomias na linha média ventral (figura 1C).
incisão por deslizamento: Método mais comum e seguro para incisão de tecidos com o bisturi. Na incisão por deslizamento emprega-se a empunhadura na forma de lápis para incisões curtas através de tecidos delicados e a empunhadura com a ponta dos dedos para as incisões mais longas e para tecidos que necessitem de maior pressão incisional (figura 1D). Para aumentar a eficiência da incisão por deslizamento o cirurgião pode aplicar pressão na região da incisão, com os dedos da mão livre, para firmar a pele e facilitar a realização da incisão (figura 2).
Incisão em serra ou em “vai e vem”: Usa a empunhadura em forma de lápis e permite que uma incisão breve tenha continuidade até o nível mais profundo do que a simples incisão por deslizamento, sem que ocorra a remoção e reinserção da lâmina na ferida. 
Incisão por raspagem: É aplicada pressão leve à camada tecidual situada abaixo da lâmina, ao mesmo tempo em que a lâmina é movimentada perpendicularmente à sua borda de corte. O movimento de raspagem é útil para a criação de bolsas subcutâneas para próteses ou para separação de aderências. 
 						(SLATER, 1998)
FIGURA 1 – Métodos de incisão com o bisturi: A – incisão por pressão; B – incisão por pressão, com o dedo indicador como “pára-choque”, C – incisão por pressão com lâmina invertida; D – incisão por deslizamento.
 (SLATER, 1998)
FIGURA 2 - Força aplicada pelos dedos do cirurgião para aumentar a eficiência da incisão por deslizamento.
( BISTURIS DE ALTA ENERGIA:
A incisão de alta energia na cirurgia veterinária é praticada com maior freqüência com o bisturi eletrocirúrgico, embora existam outros tipos de instrumentos, como várias formas de lazer. Embora suas fontes de energia sejam diferentes, estes instrumentos partilham de um mesmo mecanismo de corte: a energia é focalmente transmitida ao tecido, ocorre a vaporização das células ao longo da linha de incisão, junto a um grau variável de necrose térmica das bordas da ferida, e a chamada incisão sem sangue.
A eletrocirurgia utiliza uma corrente de radiofrequência, para que sejam produzidos um ou mais dos seguintes efeitos: incisão, coagulação, dissecção ou fulguração dos tecidos. O efeito predominante depende da forma da onda da corrente. Ondas sinusais contínuas e não amortecidas promovem níveis máximos de corte e mínimos de coagulação. Por outro lado, ondas interrompidas e amortecidas maximizam a coagulação e minimizam a capacidade de corte. Ondas sinusais pulsadas e moduladas permitem simultaneamente a ocorrência de corte e coagulação (funcionamento misto).
Vantagens (em relação ao bisturi de lâmina de aço):
redução da perda sangüínea total
menor necessidade de ligaduras, reduzindo assim a quantidade de material estranho que é deixado na ferida
redução do tempo de cirurgia.
DESVantagens: 
retardo na cicatrização
redução na resistência das feridas à infecção
risco de fogo e explosão (cicloprofano, éter, álcool)
( DIVULSIONAMENTO:
Separação das fibras dos tecidos, geralmente no sentido longitudinal, com ruptura dos elementos interfasciculares. Em seguida ao bisturi com lâmina de aço, as tesouras de dissecção são os instrumentos mais comumente utilizados na secção de tecidos. Estes instrumentos são classificados de acordo com o tipo de pontas (rombas x pontiagudas), forma de lâminas (retas x rombas) e tipo de corte (simples x serrilhado). As tesouras de Mayo, Metzenbaum e de uso geral, são recomendáveis para divulsão e dissecção dos tecidos delicados. As lâminas mais fortes da tesoura de Mayo são mais apropriadas para a dissecção de camadas teciduais densas. 
Os métodos básicos de incisão e excisão de tecidos com tesouras são:
incisão com tesoura: é mais aplicável às incisões curtas e em tecidos mais densos, como paredes de órgãos ocos, músculos e pele. 
incisão por empurramento: as incisões longas são freqüentemente iniciadas com o corte com tesoura, tendo então continuidade pelo empurramento, para frente, das lâminas da tesoura praticamente fechadas, objetivando o corte do tecido num movimento contínuo. Esta técnica é especialmente útil para a incisão de folhetos de tecido, como pleuras, peritônio, pericárdio e fáscias mais finas. 
divulsão romba: é conseguida mediante a inserção das lâminas da tesoura fechadas entre as camadas teciduais a serem separadas, seguida pela abertura das hastes da tesoura, para que as lâminas se afastem. A tesoura é retirada da lesão antes de fechar as lâminas. As lâminas fechadas são reinseridas na lesão para que a divulsão romba possa ter prosseguimento. Para tal manobra, tesouras rombas são preferíveis a qualquer outro instrumento. A divulsão romba fica geralmente reservada à separação de estruturas anatômicas, como os ventres musculares, que estão frouxamente interligadas por tecido de menor resistência à tensão, como tecido areolar e adiposo.
2. HEMOSTASIA
É o conjunto de manobras manuais ou instrumentais que visa prevenir ou deter uma hemorragia ou ainda impedir a circulação de sangue em uma determinada área por um tempo limitado. 
A hemostasia cirúrgica é importante, porque:
o sangramento mascara o campo operatório, reduzindo a precisão e eficiência operatória;
a presença de sangue no campo, nas luvas, instrumentos e panos de campo, favorece meio ideal para o crescimento bacteriano e aumenta a possibilidade de infecção;
a hemorragia pós-operatória impede a coaptação apropriada das bordas da ferida, retarda a cicatrização e estimula a ocorrência de infecção;
hemorragia grave e prolongada pode resultar em choque, hipoxemia progressiva e morte do paciente.
2.1.TIPOS DE HEMORRAGIA:
- Hemorragia primária: ocorre imediatamente após a ruptura traumática de vasos sangüíneos. É conseqüência previsível, mesmo no caso de dissecção cirúrgica extremamente habilidosa.
- Hemorragia retardada: é freqüentemente o resultado do tratamento ineficaz da hemorragia primária. É denominada intermediária no caso de ter ocorrido dentro de 24 horas após a cirurgia, e secundária no caso de ocorrer depois de transcorrido esse período. 
2.2. TIPOS DE HEMOSTASIA:
( Hemostasia temporária: é executada como procedimento inicial para uma hemostasia definitiva ou como meio para auxiliar a execução de uma determinada manobra cirúrgica.
- Aplicação de garrote, manguito pneumático, torniquete, faixa de Ermach – usada em membros, cauda ou vasos de grosso calibre para a interrupção total, temporária, da passagem de sangue.
- Ligadura falsa – consiste em dupla laçada em torno do vaso e tração contínua através de pinça, sendo usada para artérias e veias de médio calibre.
- Oclusão endovascular com sonda provida de balão insuflável na ponta – pelo enchimento do balão se interrompe o fluxo para a parte distal.
- Compressão digital ou instrumental – pode ser feita digitalmente em troncos vasculares ou em grandes superfícies através de cintas de borracha ou balão inflável em vísceras ocas.
- Pinçamento por clamps vasculares – é a técnica mais empregada em cirurgia vascular ou microcirurgia, podendo ser transversal ou perpendicular.
- Parada circulatória – usada em cirurgia cardíaca a fim de se obter campo exangue, diminuir o traumatismo ao sangue e diminuir a quantidade de tubos e conexões no campo operatório, sendo obtida através de circulação extra-corpórea com hipotermia.
- Vasoconstrictores locais – é a aplicação local de adrenalina para se diminuir o sangramento capilar.
( Hemostasia definitiva – usada em vasos normalmente seccionados na diérese ou naqueles que perderam sua função, como na ressecção de tecidos ou órgãos.
- Aplicação de celulose oxidada ou esponja de fibrina - usadas na hemostasia do sangramento capilar, ajudando na formação de coágulo, sendo posteriormente absorvida.
- Aplicação de clips metálicos– usados em neurocirurgias para ligaduras de vasos em volta de aneurismas de difícil acesso.
- Cauterização com bisturi elétrico - é aplicada em vasos com diâmetro inferior a 1 mm. A ponta do bisturi eletrico pode ser aplicada diretamente no local da hemorragia ou indiretamente, através da pinça hemostática.
- Ligadura - a ligadura é a técnica mais empregada para interrupção da hemorragia, seja em artérias, veias ou troncos vasculares (figuras 3 e 4).
Quando determinados vasos sangüíneos devem ser seccionados e não reparados, devem ser pinçados com pinças hemostáticas e em seguida, quando necessário, ligados. Existem hemostáticas de vários comprimentos, formas e tipos, como as pinças de Halsted e de Kelly para vasos de pequeno calibre e as pinças de Crile, Kocher, e Carmalt para grandes feixes teciduais e vasos calibrosos.
Em contraste com a oclusão atraumática dos vasos com pinças vasculares, as pinças hemostáticas esmagam o tecido no ponto de aplicação. São providas de cremalheira, de modo que o instrumento pode ser aplicado e deixado em posição, para oclusão de vasos sangüíneos, o que interromperá temporariamente a hemorragia e lesionará a parede vascular o suficiente para que seja ativado o mecanismo fisiológico da coagulação.
A hemostasia definitiva pelo esmagamento vascular ou pelo esmagamento/torção vasculares, está limitada aos pontos hemorrágicos pequenos e de baixa pressão. Este procedimento depende do período de tempo adequado de pinçamento e da existência dos fatores da coagulação normais para a efetiva formação do trombo.
Técnica de ligadura: A ligadura é feita após o pinçamento do vaso com pinça hemostática. 
 - 1o tempo: apresentação da pinça pelo auxiliar e passagem do fio por detrás da pinça.
 - 2o tempo: apresentação da ponta da pinça pelo auxiliar e confecção do primeiro nó. 
 - 3o tempo: remoção da pinça com o primeiro nó em tensão.
 - 4o tempo: realização dos nós de fixação e segurança.
As suturas podem ser também empregadas com finalidade hemostática. 
 (SLATER, 1998)
Figura 3 – Diferentes ligaduras e técnicas de ligadura: A – ligadura simples; B - Ligadura transfixante de Halsted; C - ligadura transfixante modificada; D – ligaduras de tecidos (cruzada, simples e de colchoeiro); E – ligaduras auxiliares.
 			 (SLATER, 1998)
Figura 4 – Metódos de ligaduras em pediculos vasculares: A – método de 3 pinças; B - nó de Miller modificado; C – método de dividir e conquistar.
3. SÍNTESE
Conjunto de manobras destinadas a unir tecidos seccionados, restituindo-lhes sua continuidade anatômica e funcional.
3.1. CLASSIFICAÇÃO
Total: mais recomendada, para favorecer uma rápida recuperação.
PARCIAL: quando não existirem condições satisfatórias. Neste caso aguardam-se melhores condições ou deixa-se que o organismo complete a restauração.
IMEDIATA: mais recomendada. Realizada após a hemostasia. 
TARDIA: quando se aguarda por melhores condições, especialmente quando há perda de tecidos e/ou infecção.
COM SUTURA: é a técnica mais freqüentemente empregada e exige um conhecimento minucioso dos fios de sutura e sua aplicação nos vários tecidos.
SEM SUTURA: é a manutenção de tecidos aproximados com interposição de colas especiais entre as bordas da ferida ou através de fitas porosas adesivas, essas últimas utilizadas em ferimentos cutâneos.
COM PRÓTESE: quando existe falha de material orgânico no local do procedimento operatório ou quando se deseja reforçar os tecidos ou as estruturas, se usam próteses que são implantadas em caráter permanente ou temporário. As próteses biológicas são retiradas do próprio organismo ou provêm de outro organismo da mesma ou de outra espécie animal. As membranas biológicas(pericárdio, peritônio, centro frênico, dura-máter) tem sido amplamente utilizadas na reparação de inúmeras alterações anatômicas e patológicas nas diferentes espécies. As próteses sintéticas possuem características mecânicas próprias para a função, sendo empregados o aço inoxidável, teflon, dacron e silicone.
3.2. CONDIÇÕES PARA UMA BOA SÍNTESE
	
Para se conseguir um bom resultado sob o ponto de vista de segurança, confrontamento anatômico, aspecto funcional e estético é necessário observar alguns fatores:
- assepsia: é de extrema importância porque o desenvolvimento de infecção enfraquece e destrói os tecidos com deIscência da sutura.
- bordas regulares: facilitam as suturas em relação à exposição das mesmas e facilidade de execução. Devem-se evitar as anfractuosidades.
- hemostasia: a presença de hematoma dificulta a cicatrização, afastando os tecidos e favorecendo a infecção. Por outro lado, o excesso na hemostasia, deixando os tecidos isquêmicos, desencadeia necrose tecidual.
- material apropriado: favorece uma realização técnica perfeita (pinças adequadas para apreensão dos tecidos e fios indicados para a função).
- manuseio adequado: cada tecido exige um tratamento proporcional à sua estrutura e resistência mecânica.
- confrontamento anatômico: a síntese deve ser feita plano por plano e não deve ser deixado espaço morto entre os mesmos, onde se acumularão líquidos, causando afastamento dos tecidos entre si e propiciando a deiscência da ferida.
- boa vitalidade tecidual: condição fundamental para a manutenção da sutura e evolução favorável da ferida.
- técnica perfeita: a adequação entre a sutura e o tecido associada à tensão exata e ao espaçamento correto dos pontos asseguram condições para boa cicatrização.
3.3. O FIO IDEAL
	Existem vários requisitos para um fio de sutura ser considerado ideal. Uma das maiores preocupações é sua propriedade de provocar e manter a infecção. O fio ideal seria aquele totalmente inerte a infecções, o que é muito difícil de ser visto, pois sua simples presença, já funciona como corpo estranho. Portanto, o fio de sutura ideal seria aquele que possuísse essas condições:
- boa segurança no nó;
- adequada resistência tênsil; 
- baixa reação tecidual;
- não possuir ação carcinogênica;
- não provocar ou manter infecção;
- manter as bordas da ferida aproximadas até pelo menos a fase proliferativa da cicatrização;
- baixo custo.
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3.4. PROPRIEDADES DOS FIOS DE SUTURA
As propriedades dos fios de sutura podem ser divididas em características físicas, de manuseio e de reação tecidual. Essas características podem interferir entre si. Por exemplo, a configuração física do fio influencia em seu manuseio e na reação tecidual causada pelo mesmo.
3.4.1. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS 
( Configuração física: refere-se à composição dos fios quanto aos seus filamentos. Pode ser monofilamentatado, quando é composto por um único filamento, ou multifilamentado, quando é composto por vários filamentos, podendo ser, neste caso, trançado ou torcido.
	Os fios multifilamentados aumentam a chance de infecção devido à capacidade de aportar bactérias entre os filamentos, ao contrário dos monofilamentados.
( Capilaridade: é a capacidade que o fio possui de captar líquidos, mesmo que só uma extremidade esteja em contato com o líquido.
( Absorção de fluidos: é o poder que o fio tem de captar fluido quando está totalmente imerso. 
( Aderência bacteriana: propriedade relacionada com as três anteriores. É a capacidade que o fio tem de fazer as bactérias aderirem em sua superfície e/ou interstício. Quando isto ocorre, os leucócitos e antibióticos não conseguem atingir estas bactérias, favorecendo a infecção.
( Diâmetro: é o calibre do fio. É determinado por milímetros, sendo expresso em números zero. Quanto menor o diâmetro da secção transversal do fio, maior o número de zeros. Exemplo: náilon 5-0 tem menor diâmetro que o número 3-0. Porém, nem todos os fios com o mesmo número de zeros têm o mesmo diâmetro, pois o número de zeros corresponde a um diâmetro capaz de determinar a resistência tênsil. Portanto, o diâmetrovaria com a qualidade do material que compõe o fio.
( Resistência tênsil:	importante característica física que é definida como a somatória das forças necessárias para quebrar o fio, dividida pela área de secção transversal (diâmetro) do fio.
( Força do nó: é a força necessária para fazer um determinado tipo de nó escorregar ou escapar. Quanto menor o coeficiente de atrito do fio, mais escorregadio este será. Quanto mais escorregadio seja o fio, mais facilmente o nó escapará. 
( Elasticidade: é a propriedade que determina a capacidade que o fio tem de retomar à sua forma e tamanho original após ser tracionado.
( Plasticidade: expressa a capacidade que o fio tem de manter-se sob a nova forma após ser tracionado.
A elasticidade e plasticidade são importantes quando ocorre edema da ferida, pois um fio com grande elasticidade, se for esticado, não se rompe. Se o fio tem grande plasticidade, após regredir o edema, não retornará à forma original, não acompanhando as bordas da ferida.
( Memória: é uma propriedade relacionada à elasticidade e plasticidade após ter sido dado o nó. Fios com alta memória tendem a desatar o nó, como, por exemplo, o náilon e o polipropileno.
3.4.2. CARACTERÍSTICAS DE MANUSEIO 
( Pliabilidade: é a facilidade que o cirurgião encontra no fio para dar o nó, para dobrar o fio.
	Os fios multifilamentados têm maior pliabilidade, principalmente os trançados. Os monofilamentados têm menor pliabilidade e, como conseqüência, uma maior dificuldade no manuseio, como, por exemplo, o náilon.
( Coeficiente de atrito: é a capacidade que o fio tem de deslizar, seja pelos tecidos ou em relação a si próprio (nó). Fios com alto coeficiente de atrito tendem a raspar nos tecidos, aumentando a chance de ruptura do tecido e dificultando sua retirada. Entretanto, com esses fios, o nó é mais difícil desatar-se. Alguns fios são encobertos com substâncias deslizantes como, por exemplo, o poloxamer 188, para facilitar o deslizamento do fio, diminuindo o coeficiente de atrito.
( Reação tecidual: todo fio de sutura é um corpo estranho ao tecido vivo e por isso provoca uma reação tecidual e em geral, quanto maior o fio, maior será a reação. A reação tecidual inicia-se com o trauma da passagem da agulha e do fio.
3.5. CLASSIFICAÇÃO DOS FIOS DE SUTURA
- ABSORVÍVEIS 
	- ORGÂNICOS 
		- categute simples
		- categute cromado
	-SINTÉTICOS
		- multifilamentados - ácido poliglicólico, poliglactina 910
		- MONOFILAMENTADOS – polidiaxanone, poligliconato 
- INABSORVÍVEIS
	- ORGÂNICOS - seda, algodão
- sintéticos – náilon monofilamentado, náilon multifilamentado, polipropileno
	- mistos – poliéster-polipropileno, algodão encapado com poliéster
	- minerais - aço inoxidável
3.5.1. FIOS ABSORVÍVEIS
( Categute: é feito a partir da submucosa de carneiro ou de bovinos, composto na sua maioria por colágeno relativamente puro. Pode ser tratado com sais de cromo, o que confere maior resistência, porém aumenta a reação inflamatória e o tempo de absorção. É absorvido através de fagocitose com reação tipo corpo estranho. Enzimas proteolíticas, provavelmente provindas de leucócitos polimorfonucleares, iniciam o ataque de degradação ao categute 12 horas após sua implantação e atingem o auge em 3 dias. Entre 7 e 10 dias, células gigantes e outros fagócitos atingem o fio, provocando sua absorção. O categute simples tem um tempo médio de absorção de 9 a 14 dias e o cromado em torno de 21 dias.
( Ácido poliglicólico (DEXON): como o próprio nome diz, é composto de ácido poliglicólico, que é um polímero linear de alto peso molecular do ácido glicólico, capaz de ser liquefeito e moldado em vários filamentos de diferentes diâmetros, os quais são posteriormente trançados. A configuração trançada lhe confere um melhor manuseio do que fios torcidos como o categute. O DEXON S tem uma superfície rugosa que dificulta o nó. O DEXON PLUS é recoberto com um lubrificante, o poloxamer 188, o qual é eliminado do organismo em poucos dias. O dexon pode ser encontrado em duas tonalidades, o branco e o verde. Sua absorção ocorre por hidrólise, em cerca de 90 e 120 dias, desintegrando-se lentamente, tendo ainda 55% de sua resistência tênsil após 15 dias.
( Poliglactina 910 (vicril): é similar ao ácido poliglicólico. Tem um diâmetro ligeiramente maior que o dexon, e menor que o categute. Sua absorção ocorre por hidrólise, em cerca de 60 dias. Tanto o Vicril como o Dexon têm tendência a cortar os tecidos, por causa da alta resistência tênsil e baixa elasticidade.
( Polidiaxanone (pds): é feito de um polímero do paradiaxanone e tem resistência tênsil maior que o Dexon e o Vicril. Sua absorção completa-se em 180 dias.
( Poligliconato (MAXON): tem características semelhantes ao PDS, já que ambos foram produzidos para terem maior resistência tênsil e maior tempo de absorção que os multifilamentados. Por oferecerem menor área à hidrólise, têm um tempo de absorção maior, além de não possuírem o inconveniente de alojarem bactérias no seu interstício como os multifilamentados.
3.6. AGULHAS
As agulhas são instrumentos importantes na sutura, porque é por meio delas que os fios são passados através dos tecidos. Três elementos compõem a agulha: ponta, corpo e fundo. Quanto à conformação da ponta, a agulha pode ser classificada em traumática e atraumática. O fundo pode ser falso ou verdadeiro ou ainda o fio pode vir encastoado no fundo da agulha (fio agulhado), tornando-o mais atraumático.
- Traumática: assim denomina-se a agulha pelo trauma tecidual que ocasiona, dada a diferença entre o diâmetro da mesma e do fio. As agulhas traumáticas têm a ponta triangular cortante e podem ter a secção longitudinal de seu corpo em vários formatos (ovalada, cilíndrica ou triangular). São empregadas em tecidos mais resistentes, como pele e aponeurose.
- Atraumática: de ponta cilíndrica ou redonda para causar menor trauma aos tecidos. Geralmente os fios já vem montados (encastoados) no fundo da agulha para que não haja uma grande diferença entre os diâmetros do fio e da agulha. São utilizadas em tecidos mais delicados como órgãos, vasos, etc.
	
Quanto à curvatura, as agulhas podem ser classificadas em retas, semi-retas e curvas. As semi-retas podem ser de 1/4 a 3/8 de círculo e as curvas de 1/2 a 5/8 de círculo.
	As agulhas retas são usadas para suturar, sem ajuda dos porta-agulhas, principalmente em anastomoses enterogástricas. As semi-retas são mais aplicadas em estruturas superficiais, como a pele, e as curvas em regiões de profundidade.
3.7. SÍNTESE DA PELE 
A dermorrafia deve ser realizada preferencialmente empregando-se fio inabsorvível monofilamentar ou multifilamentar impregnado, por serem impermeáveis e ocasionarem menor reação tecidual. Secundariamente podem-se empregar fios absorvíveis de absorção lenta. O espaçamento entre os pontos deve ser de 5 a 10 mm, o suficiente para não deixar os lábios entreabertos entre os pontos.
- Dermorrafia sem tensão - empregar ponto simples separado, no caso de incisões muito amplas, pode-se empregar uma sutura mista, simples contínua iniciada a partir de uma sutura padrão x no centro da incisão. Deve-se evitar o emprego de sutura contínua na pele, principalmente em regiões de tensão ou de fácil acesso para lambedura, pois a ruptura do fio poderá danificar a sutura por completo.
- Dermorrafia sob tensão – é preferível a sutura em pontos separados em U (Wolf) ou sutura de Donnati, com ou sem captons.
3.8. sÍntese do tecido celular subcutâneo
A adequada síntese da pele só é conseguida com uma boa aproximação por igual do tecido celular subcutâneo, eliminando o espaço morto. O mesmo deve ser suturado empregando-se fio absorvível em pontos simples separados ou sutura intradérmica.
3.9. SÍNTESE DA APOUNEROSE
Como apresenta cicatrização lenta, deve-se usar fio inabsorvível ou absorvível de absorção mais demorada, com pontos simples separados ou Wolf.A sutura festonada ou de colchoeiro poderá ser utilizada desde que não haja tensão.
3.10. SÍNTESE MUSCULAR 
Deve-se empregar fio absorvível. Nas secções longitudinais, usa-se o ponto simples separado ou contínuo, sendo necessário apenas alguns pontos para promover a aproximação das fibras sem que haja tensão. No caso de secção transversal, emprega-se a sutura de Wolf . 
3.11. sÍntese Óssea
O confrontamento de partes ósseas e a manutenção em boa posição até total consolidação pode ser feito por procedimento ortopédico por síntese óssea direta, empregando-se materiais inorgânicos (metálicos - aço inox) e orgânicos (enxertos ósseos). Os metálicos compreendem placas, parafusos, pinos, hastes e arames que são empregados para adequada imobilização.
3.12. sÍntese dos tendÕes
A tenorrafia requer cuidados especiais no que se refere à manipulação das estruturas, assim como boa coaptação das extremidades tendíneas, manutenção do suprimento sangüíneo extrínseco e intrínseco e ausência de tensão excessiva. Ainda exige conservação da capacidade de deslizamento e imobilização temporária da articulação adjacente para aliviar a tensão e promover revascularização precoce. 
O fio empregado deve ser inabsorvível e apresentar boa resistência à tensão. O náilon e o fio de ação inox são os mais indicados. O padrão de sutura empregado é o modificado de Kesller, também chamado de lockin-loop, que é de fácil e rápida aplicação e, ao contrário da sutura de bunnell, preserva o suprimento sangüíneo intrínseco, com mínima formação de aderência.
3.13. sÍntese gastrointestinal
Pode ser realizada em um plano ou em dois planos. A sutura em um plano inclui todas as túnicas ou é feita somente em plano extramucoso. A sutura em dois planos constitui-se de um plano total e um segundo plano seromuscular.
Na sutura do estômago dá-se preferência à sutura em dois planos, usando-se a sutura de Schmieden e em seguida a sutura de Cushing. A primeira, seromucosa, promove hemostasia e bom suporte e a segunda, seromuscular, impermeabiliza a linha de sutura e age como plano de segurança. Esse tipo de sutura também é empregado em útero, bexiga e alças intestinais mais calibrosas.
Nas anastomoses intestinais onde o calibre é menor normalmente a sutura empregada é seromucosa, com pontos simples separados aplicados a cada 4 a 5 mm. Preferencialmente emprega-se fio absorvível, sendo mais indicado utilizar um que apresente absorção mais demorada.
SÍTIOS DE INCISÃO ABDOMINAL
REGIÕES:
- abdominal cranial = epigástrica
- abdominal média = mesogástrica
- abdominal caudal = hipogástrica
TIPOS DE INCISÃO:
	ACESSO
	ÓRGÃOS ACESSADOS
	
	Pré-umbilical
	fígado, estômago, diafragma, vesícula biliar, rim
	MEDIANO
	Pré-retro-umbilical
	pâncreas, baço, ureteres, ovário, intestino delgado, útero gravídico, OSH em cadelas
	
	Retro-umbilical
	bexiga, intestino grosso, OSH em gatas, próstata
	Paracostal
	fígado, vesícula biliar, diafragma
	Pré-retro-umbilical combinado ao paracostal
	melhor acesso ao fígado e à vesícula biliar
	Inguinal
	hérnia inginal
	Paralombar
	órgãos abdominais do lado correspondente
	PARAMEDIANO
	mesmas estruturas que o mediano correspondente
	PARAMAMÁRIO
	cesariana em ruminantes
VIAS DE ACESSO À CAV. ABDOMINAL MAIS EMPREGADAS
( Animais de pequeno porte:
- Acesso mediano: - menos hemorragia
- cicatrização lenta
 Síntese:
- em uma única camada, englobando peritônio, fáscia interna, músculo reto e 
 fáscia externa
- fio: inabsorvível ou absorvível de absorção lenta (catgut cromado, VICRIL, 
 MAXON, DEXON)
- padrão: “X”, Wolff, helicoidal, simples separado, festonado, jaquetão (GA)
( Ruminantes:
- Acesso paralombar esquerdo: 
 ( dorsal: ruminotomia, ruminostomia, laparotomia exploratória
 ( ventral: cesariana
- Acesso paralombar direito: 
 ( dorsal: laparotomia exploratória, ovariectomia, rins
 ( ventral: intestino delgado e grosso, abomaso
 Síntese:
	- em 3 camadas: - 1a camada: peritônio e músculo transverso
			 - 2a camada: músculo oblíquo abdominal interno	
			 - 3a camada: músculo oblíquo abdominal externo
	- em 2 camadas: - 1a camada: peritônio e músculo transverso
			 - 2a camada: músculo oblíquo abdominal interno e externo	
	- fio: idem mediano em PA
	- padrão: “X”, Wolff, simples separado, festonado
- Acesso paramamário (direito/esquerdo): 
 ( cesariana em decúbito lateral
 Síntese: idem mediano em PA
( Eqüinos:
- Acesso mediano: na grande maioria das cirurgias
 Síntese: idem mediano em PA
	
- Acesso paralombar: ovários, ceco, intestino delgado 
PADRÕES DE SUTURA
SUTURAS DESCONTÍNUAS
1- PONTO SIMPLES SEPARADO
	
Forma uma única alça dentro do tecido, com um orifício de entrada e outro de saída, dando um bom confrontamento, tanto das partes superficiais quanto nas profundas.
2- PONTO SIMPLES INVERTIDO (SWIFT)
Consiste num ponto simples separado com as pontas para dentro, ficando o nó oculto dentro do tecido, como o subcutâneo ou o lúmen do órgão, em órgãos ocos.
 
 Ponto simples separado				Ponto simples invertido	
3- PONTO SIMPLES APOIADO EM TUBO FLEXÍVEL
Quando se coloca entre a pele e a alça externa do ponto simples um segmento de tubo flexível.
 				 Ponto simples com tubo flexivel
4- PONTO LEMBERT (“U” VERTICAL)
È a associação de dois pontos simples separados, sendo cada lado perfurado duas vezes, ficando a alça do fio em posição vertical, em relação ao eixo longitudinal da ferida. É um ponto superficial, fazendo a coaptação sero-serosa em órgãos ocos.
 
 				 Ponto Lembert
5- PONTO DONATI
É usado na pele junto com o tecido subcutâneo. Consta de duas transfixações, sendo uma transdérmica a 2 mm da borda e a outra perfurante, incluindo a tela subcutânea de 7 a 10 mm da borda. O ponto maior tem a finalidade de sustentação da pele e o ponto menor produz excelente coaptação das bordas da ferida, evitando a inversão ou a eversão.
 
 					 Ponto Donati
6- PONTO WOLF (“U” HORIZONTAL )
É um ponto evaginante, no qual a alça do fio é colocada em posição horizontal, em relação ao eixo longitudinal da ferida. É aplicado em suturas onde exista tensão entre os bordos e para produzir hemostasia. 
7- PONTO CAPITONADO 
Consiste num ponto Wolf apoiado em gaze, botão ou tubo de borracha (capiton). É útil em suturas com extrema tensão, ou naquelas onde o edema é esperado, pois diminui o risco de o fio cortar o tecido, uma vez que o que entra em contato com este é a gaze ou o capiton.
8- PONTO DUPLO PERFURANTE (HALSTED)
Consiste num ponto Wolf dado de forma dupla, transfixando cada borda duas vezes. É útil para aproximação de tecidos friáveis.
 Ponto Wolf	 Ponto Capitonado	 Ponto duplo perfurante
9- PONTO EM CLAVIJA
É confeccionado a partir de um ponto Wolf, apoiando todas as alças da sutura em um cilindro colocado de cada lado da ferida, tendo a mesma aplicação do ponto capitonado.
 Ponto Capitonado				Ponto em clavija
10- PONTO HELICOIDAL
Consiste na confecção de dois pontos simples em seqüência no mesmo bordo da ferida, ficando o fio com dois apoios na mesma borda, sendo aplicado em tecidos sujeitos a esgarçamento.
				 Ponto Helicoidal
11- PONTO EM “X” 
Chamado também de ponto cruzado ou oito horizontal, é usado para aumentar a superfície de apoio da sutura, para aproximação de bordos (síntese parcial) ou ainda para hemostasia.			 
 Ponto em “X”
12- PONTO COM TRANSFIXÃO
Usado para hemostasia com ligadura em massa ou em vasos de grosso calibre. É um ponto circular que transfixa o tecido em algum local,evitando o deslocamento da ligadura.
 Ponto com transfixão
13- PONTO DE JAQUETÃO
Sutura empregada na síntese muscular, especialmente sob tensão. Muito empregada nas herniorrafias e reduções de eventrações. A agulha penetra inicialmente de fora para dentro distante do bordo da ferida. Passa ao outro bordo, penetrando de fora para dentro perto do bordo e saindo, de dentro para fora, distante do bordo. Retorna então ao primeiro bordo, penetrando de dentro para fora, próximo do bordo.
 Ponto de Jaquetão (confecção) 		 Ponto de Jaquetão (resultado)
SUTURAS CONTÍNUAS
1- SUTURA SIMPLES CONTÍNUA
É de fácil e rápida execução e aplicada em bordas não muito espessas e pouco separadas. É uma seqüência de pontos simples e a direção da alça interna pode ser transversal ou oblíqua em relação ao eixo longitudinal da ferida. Proporciona menor resistência que a sutura simples separada.
				 
 Sutura simples contínua
2- SUTURA FESTONADA (REVERDIN)
Consiste na realização de uma sutura simples contínua, sendo que o fio depois de passado é ancorado na alça anterior. O ancoramento dá firmeza à sutura, principalmente em suturas longas.
				 
Sutura festonada
3- SUTURA EM COLCHOEIRO 
Formada por uma série de pontos de Wolf, tendo efeito evaginante e hemostático.
				 
 
 Sutura em colchoeiro
4- SUTURA DE LEMBERT CONTÍNUA
Sutura invaginante, não contaminate, aplicada em cirurgias gastrointestinais e no útero.
				 Sutura Lembert contínua
5- SUTURA CONTÍNUA EM BOLSA
Consiste num conjunto de pontos simples dispostos em círculo. Usada para ocluir canais ou orifícios existentes, como efeito hemostático ou para isolar cavidades.
				 Sutura contínua em bolsa
6- SUTURA DE CONNELL
Sutura invaginante contaminante usada de preferência em cirurgia gastrointestinal, ocorrendo confrontamento sero-seroso perfeito. A agulha passa da face serosa para mucosa e volta novamente para a face serosa do mesmo lado da ferida, paralelamente à borda, e em seguida repete o mesmo procedimento do outro lado.
 Sutura de Connell
7- SUTURA DE CUSHING
Bastante semelhante à sutura de Connell, com a diferença de o ponto não perfurar totalmente a parede, sendo apenas sero-muscular. É invaginate não contaminante.
				 Sutura de Cushing
8- SUTURA DE SHMIEDEN
Sutura de aposição, porém contaminante. Empregada em órgãos ocos (estômago, intestino, útero).
				 Sutura de Shmieden 
9- SUTURA INTRADÉRMICA LONGITUDINAL
Constitui-se de uma seqüência de pontos simples longitudinais alternados nas bordas da pele, resultando em excelente confrontamento.
				 Sutura intradérmica
10- SUTURA DE PARKER-KERR
Consiste numa camada de sutura de Cushing realizada sobre uma pinça, tracionada após a remoção da pinça e sobre-suturada com uma camada contínua de Lembert.
Utilizada para ocluir órgãos tubulares, como alças intestinais e coto uterino.
				 Sutura de Parker-Kerr 
PRÉ, TRANS E PÓS-OPERATÓRIO
1. PRÉ-OPERATÓRIO 
	É o período imediatamente anterior a uma operação, quando o paciente é avaliado clinicamente e é preparado e tratado em função da cirurgia proposta.
	Os melhores resultados possíveis de uma cirurgia, começam quando o veterinário tece considerações pré-operatórias dos fatores que poderiam afetar a eficácia ou segurança da anestesia e de todas as manipulações cirúrgicas.
	Uma exigência básica, para se estabelecer uma indicação cirúrgica, consiste no diagnóstico. Sabe-se que a pedra fundamental de um diagnóstico correto é uma anamnese cuidadosa e perfeitamente organizada, aliada a um exame físico detalhado.
	Consta de:
a) Resenha: nome do proprietário, endereço, nome do animal, espécie, raça, pelagem, sexo, idade, talhe, sinais particulares, etc.
b) Queixa principal: motivo da vinda do animal à consulta. Principais sintomas e duração dos mesmos.
c) Antecedentes históricos e familiares: informações sobre o animal antes da doença, doenças anteriores, tratamento efetuado, local em que vive, regime alimentar, vermifugações, vacinações.
d) História da doença atual e interrogatório: seqüência do aparecimento dos diversos sintomas, ínicio e evolução de cada um deles. 
e) Exame físico:
- Inspeção geral: atitude, constituição, estado nutricional, estado das mucosas, deformidades visíveis, pele e anexos, etc.
- Exame dos órgãos e aparelhos: utilização de métodos de exploração clínica, palpação, percussão, auscutação, termometria, etc.
- Exame do animal, região por região (cabeça, tórax, abdome e extremidades).
1.1. EXAMES COMPLEMENTARES
( Laboratoriais:
 - Hemograma – O hemograma assume valor inestimável como meio semiológico auxiliar na avaliação do animal, especialmente na elucidação dos casos de anemia, infecção e desidratação. Permite avaliar com segurança a evolução do caso e, portanto, a eficácia da terapêutica empregada.
Hematócrito e hemoglobina: Valores abaixo do normal indicam anemia. Estas podem ser encontradas quando há deficiência na produção de eritrócitos, excessiva perda de sangue ou aumento na destruição de hemácias. Valores altos indicam hemoconcentração.
A leucocitose na maioria dos casos ocorre às custas dos neutrófilos. A infecção bacteriana, estresse, traumas, hemorragias e as intoxicações químicas são as principais causas da neutrofilia.
A leucopenia, em geral, é causada por infecções virais, podendo ocorrer em processos bacterianos crônicos, deficiência nutricional e uso de drogas imunosupressoras do sistema reticuloendotelial.
 - URINÁLISE - É de valor considerável, tanto no pré como no pós-operatório. Fornece elementos para a avaliação do estado renal ou de outros órgãos, orientando a anestesia.
 - TESTES BIOQUIMICOS – Fornece elementos para avaliação do estado renal e hepático. Sendo os principais: Uréia, creatinina, proteína total, fosfatase alcalina, ALT a AST.
 - EXAME PARASITOLÓGICO: Não é muito utilizado, devido ao uso de vermífugos de amplo espectro.
( ELETROCARDIOGRAFIA: Fornece importantes informações acerca das condições cardíacas do animal.
( Exame radiográfico: É um importante auxiliar no diagnóstico de diversas perturbações, que eventualmente vão exigir cirurgia. Pode ser simples ou contrastado.
( exame Ultra-sonogrÁfico: 
1.2. DIAGNÓSTICO
Uma vez elaborado o diagnóstico, estipula-se a terapia, cirúrgica ou não, avaliando-se os prováveis riscos versus benefícios da cirurgia. O médico veterinário deve-se perguntar se é possível a execução de um procedimento cirúrgico adequando. Obviamente, tal procedimento precisa estar dentro dos limites de sua habilidade, experiência e interesse.
A disponibilidade de instalações adequadas, instrumental e equipamentos também influenciará na decisão.
1.3. COMUNICAÇÃO AO CLIENTE
A explicação do diagnóstico, prognóstico e sua indicação, é a essência da consulta. Fatores de risco, complicações potenciais e resultado previsto da terapia devem ser apresentados de modo compreensivo. 
Acertos financeiros devem ser devidamente discriminados e um formulário de consentimento, que permitirá a anestesia, cirurgia e medidas emergenciais, deverá ser preparado, discutido e assinado pelo proprietário do animal.
A partir daí, deve-se estabelecer um planejamento pré-operatório específico.
1.4. JEJUM
O jejum é importante pois: diminui o risco de regurgitação durante o trans e pós-operatório, melhora a capacidade respiratória e cardíaca do paciente, diminui o risco de ruptura de órgãos abdominais durante o derrubamento (eqüídeos) e melhora a condição metabólica hepática. 
A restrição alimentar e hídrica depende de vários

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