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Resumo Direito Constitucional - Exame de Ordem

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Prévia do material em texto

DIREITO
Constitucional1
Ana Flávia Messa
Mestre em Direito Político e Econômico pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Doutoranda pela Universidade de Coimbra e pela Universidade de São Paulo. Membro da
Academia Paulista de Letras Jurídicas. Membro do Conselho Científico da Academia
Brasileira de Direito Tributário e do Conselho Editorial da International Studies on Law and
Education. Professora da Graduação e da Pós-graduação da Universidade Presbiteriana
Mackenzie. Professora de Cursos Preparatórios para Concursos Públicos e Exame da
OAB.
Josieni Pereira de Barros
Advogada. Bacharel em Direito, Mestre em Direito Internacional. Professora de Prática
Tributária e Direito Constitucional da graduação da Universidade Católica de Santos –
UNISANTOS. Professora de Direito Constitucional e Direito Tributário da UNAERP,
Campus Guarujá. Professora de Direito Constitucional e Tributário em cursos preparatórios
para Exame da OAB e para concursos públicos. Professora convidada de Direito Tributário
da Pós-graduação da UNISAL.
Rodrigo de Farias Julião
Advogado. Bacharel em Direito e Mestre em Direitos Difusos e Coletivos pela Universidade
Metropolitana de Santos – UNIMES. Professor de Direito Constitucional e Ética da
Advocacia em cursos preparatórios para Exame da OAB. Professor de Direito Processual
do Trabalho pela Universidade Católica de Santos – UNISANTOS e de Direito Civil pela
Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP, Campus Guarujá. Professor do curso de Pós-
graduação da Pontifícia Universidade Católica de Belo Horizonte – PUCMG, na Disciplina
de Processo do Trabalho.
 
 
Sumário
1. NEOCONSTITUCIONALISMO – 2. PODER CONSTITUINTE: 2.1 Poder originário; 2.2 Poder derivado – 3. CONSTITUIÇÃO:
CONCEITO E ESTRUTURA: 3.1 Classificação das constituições; 3.2 Efeitos da nova Constituição; 3.3 Eficácia e aplicabilidade das
normas constitucionais – 4. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL: 4.1 Fundamentos
constitucionais e objetivos fundamentais – 5. ORGANIZAÇÃO DO ESTADO: 5.1 Federação: estrutura espacial e política; 5.2
Autonomia e soberania; 5.3 Distrito Federal; 5.4 Defesa das instituições democráticas; 5.5 Das Forças Armadas e segurança pública –
6. DIREITO E GARANTIAS FUNDAMENTAIS: 6.1 Direitos e garantias individuais; 6.2 Direitos sociais; 6.3 Direitos de
nacionalidade; 6.4 Direitos políticos – 7. DIVISÃO ORGÂNICA DOS PODERES: 7.1 Poder Legislativo; 7.2 Processo legislativo; 7.3
Poder Executivo; 7.4 Poder Judiciário – 8. FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA DO MINISTÉRIO PÚBLICO: 8.1 Conselho
Nacional do Ministério Público; 8.2 Advocacia Pública; 8.3 Da Advocacia e da Defensoria Pública – 9. DA ORDEM SOCIAL – 10.
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE: 10.1 Normas que se sujeitam ao controle; 10.2 Momento do controle; 10.3 Controle
difuso; 10.4 Controle concentrado – 11. REFERÊNCIAS.
1. NEOCONSTITUCIONALISMO
Para o estudo do direito constitucional, necessário se ter uma visão de como este importante
ramo do direito público é inserido hodiernamente no cenário jurídico do Estado Democrático de
Direito e Social.
A visão constitucionalista que se adotara em outrora refletia as normas constitucionais como
integrantes de um sistema legislativo no qual se encontrara submetido o homem. O Estado de
Direito garantia a submissão e obrigatoriedade às leis, sendo o princípio da legalidade o cerne do
sistema jurídico. A Cons​tituição encontrava-se como forma limitadora do poder estatal, apenas.
Ocorre que, a partir do século XX, a doutrina constitucionalista passa a tratar as normas
constitucionais sob outra perspectiva, atribuindo-lhes carga valorativa que passaria a ditar o trajeto
das demais normas integrantes do ordenamento jurídico. A Cons​tituição, além de norma suprema no
sentido formal, centralizaria os valores e princípios 2 supremos do Estado De​mocrático de Direito,
possibilitando, assim, a persecução dos objetivos precípuos desse Estado “solidário” ou “social”.
Essa nova visão do direito constitucional privilegia a efetivação dos direitos fundamentais da
pessoa humana e passa a condicionar o legislador a adequar-se aos valores constitucionais fixados
expressa ou implicitamente por tais normas.
No Brasil, percebe-se a adoção desse novo modelo constitucional com a Constituição de 1988,
que não corresponde a uma simples norma descritiva de conduta, mas imprime uma carga valorativa
no conteúdo de seus artigos, que devem ser analisados e respeitados pelo legislador e pelo
intérprete da lei.
Nesse sentido, conhecer o contexto em que se insere o direito constitucional brasileiro
permitirá ao estudante um melhor entendimento de como as normas constitucionais serão aplicadas,
bem como seu alcance, sempre levando em conta a prevalência da democratização do Estado de
Direito.
RESUMO ESQUEMÁTICO
Constitucionalismo – Constituição como norma suprema no sistema jurídico, mas integrante deste como lei maior.– Subsunção do texto legal (constitucional) como limitação de poder estatal.
Neoconstitucionalismo
– Constituição como norma fundamental que carrega os valores supremos do Estado Democrático de
Direito.
– Princípios e valores como foco da ponderação da norma.
2. PODER CONSTITUINTE
Considerando a Constituição a norma suprema fundamental do Estado Democrático de Direito,
podemos identificar o poder de editar tal norma como um poder diferenciado, chamado de Poder
Constituinte.
Poder Constituinte, então, será conhecido como o poder de editar normas constitucionais. Não
se confunde com Poder Legislativo que editaria as demais leis do sistema jurídico, não obstante
possa ser atribuído ao mesmo órgão ou pessoa.
Nesse sentido, cada órgão ou pessoa que detém tal competência constitucional – atribuída de
forma democrática ou não – estaria investido do chamado poder constituinte.
Em um Estado Democrático, o Poder Constituinte emana do povo, isto é, todo o poder
soberano estatal tem como titular o povo, que é elemento do próprio Estado. Não obstante a
titularidade de todo poder democrático seja do povo3, seu exercício não se opera diretamente pela
mão popular. No Brasil, como regra, o exercício desse poder soberano se dá por meio dos re​-
presentantes eleitos pelo cidadão.
Dependendo da forma como a população participa ativamente no exercício da democracia,
podemos classificá-la como Democracia direta, indireta ou semidireta.
A democracia direta tem como padrão constitucional a participação ativa da sociedade nas
decisões políticas do Estado. O exercício do poder soberano não se delega a representantes, é
viabilizado diretamente pelo povo.
Por sua vez, a democracia indireta, ou representativa, transfere todo o exercício do poder
estatal para os representantes escolhidos pelo povo. Na democracia semidireta, o poder
democrático é exercido, como regra, pelos representantes eleitos; autoriza, porém, a Constituição, o
seu exercício direto pelo povo, nas hipóteses em que estipular.
A Constituição brasileira prevê, em certas oca​siões, a atuação direta do cidadão no poder
estatal, verificando-se o exercício direto do poder pelo povo4, não obstante a regra-matriz do
exercício democrático brasileiro seja a forma representativa. Adotamos, assim, a democracia
semidireta.
2.1 Poder originário
Atribui-se o nome de Poder Constituinte Originário àquele competente para criar uma nova
Constituição a determinado Estado. Originário porque inaugurará um novo sistema constitucional
que, a partir de então, servirá como supedâneo para todo o sistema jurídico nacional.
Possui outros nomes atribuídos pela doutrina, como poder inaugural, inicial, justamente porque
dá início a um novo Estado de direito, ou pelo menos a um novo Estado constitucional,
relativamente ao modelo anteriormente existente.
Possui as seguintes características:
É ilimitado, incondicionado, absoluto: quem o exerce não se subordina aos ditames de
qualquer outra norma jurídica. Pode incluirna norma constitucional qualquer regra ou valor sem
prender-se a requisitos jurídicos preestabelecidos. Esta característica verifica pensamento
contrário, como o de Miranda, que afirma sofrer o poder originário limitações pelo direito natural,
grandes princípios e valores que devem ser observados na confecção da norma constitucional. Tais
limites classificam-se em transcendentes, que se dirigem ao poder constituinte material e criam
limites de valores éticos, de consciência jurídica coletiva, advindos do direito natural. Podemos
citar os direitos fundamentais e valores universais que não poderiam ser violados pela norma
constitucional originária. Limites imanentes, que se relacionam com uma limitação da soberania do
próprio Estado e restringem formalmente o poder originário, porquanto o poder constituído deve
observar o momento histórico-político que justificou a sua instituição e a finalidade a que se propôs
na criação de uma constituição formal; e limites heterônomos, que se verificam nos limites gerais ou
específicos estabelecidos pelo direito internacional, vez que o Estado faz parte da ordem
internacional e deverá conjugar seu ordenamento interno (inclusive o constitucional) ao
ordenamento internacional a que se submete, bem como seus princípios e valores 5.
É autônomo: pois não depende de nenhuma outra norma para fixar seus parâmetros; existe por
si só.
É inicial: porque estabelece um parâmetro temporal que marca o sistema jurídico nacional, em
relação à legislação anterior e à Constituição anterior.
Dependendo da forma como é atribuído, pode ser democrático ou autoritário, sendo o
primeiro instituído por soberania popular (a pedido do povo) com a instauração de uma assembleia
nacional constituinte, e o segundo na tomada do poder pela força, como, por exemplo, num golpe de
Estado, em que tal poder se manifesta por outorga.
Ainda, pode ser classificado como histórico, quando da instituição de um novo Estado cria
pela primeira vez seu sistema constitucional, ou Revolucionário quando rompe com o sistema
anteriormente instituído para a criação de um novo modelo constitucional a partir de então.
A Constituição brasileira de 1988 foi instituída por um poder constituinte originário
revolucionário e democrático, pois rompeu com a ordem constitucional vigente para instituir outra e
foi promulgada por uma assembleia nacional constituinte, fruto da escolha popular.
2.2 Poder derivado
O chamado poder constituinte derivado também edita normas constitucionais, sem, contudo,
criar uma nova Constituição Federal ou um novo modelo constitucional para o Estado.
Tem razão de existir pelo próprio poder originário que autoriza e delimita seu exercício.
Podemos verificar nas normas trazidas pelo poder constituinte originário como e por quem o poder
derivado se manifesta. Isso se justifica, pois o direito constitucional não é estático e faz-se
necessária a adaptação das normas constitucionais à realidade social do país.
A Constituição brasileira de 1988, pelo seu poder originário, autorizou a existência do poder
derivado em três situações, subdividindo-os nas seguintes nomenclaturas:
Poder Reformador: existente para alterar o texto constitucional através da edição de Emendas
Cons​titucionais; tem previsão no art. 60 da CF/88.
Poder Revisor: autorizado pelo poder originário para promover uma atualização do texto
constitucional, através das Emendas Constitucionais de Revisão; segundo a própria CF/886, a
revisão só poderia ser feita em um único período, qual seja, após cinco anos da promulgação da
Constituição Federal. Tal disposição culminou na edição de seis emendas de revisão em 1994.
Poder Decorrente: consiste no poder dos Esta​dos-membros de elaborar sua própria
Constituição estadual, possibilitando estes entes federativos o exercício efetivo da sua autonomia
com a confecção de norma estrutural do estado que denota sua auto-organização. Observar que a
CF/88 não atribuiu poder decorrente ao Distrito Federal nem aos Municípios (não têm, portanto,
Constituição); eles se auto-organizam por Lei Orgânica (exercendo apenas poder legislativo).
O Poder Derivado, apesar de ser considerado norma de status constitucional, não é absoluto
como o originário. Justamente porque deriva deste, é por ele limitado, sujeitando seu exercício às
restrições impostas pela Constituição. Por isso caracteriza-se como limitado, condicionado,
relativo.
Dentre as limitações trazidas pela Constituição Federal de 1988 (poder originário) ao poder
derivado, as principais são:
Limitações Formais: restrições ao modo como são confeccionadas as alterações
constitucionais que devem sujeitar-se ao rigoroso processo legislativo, pois, caso contrário, serão
inválidas. Refere-se também ao procedimento de reforma constitucional mais rigoroso do que o
procedimento das leis ordinárias e leis complementares. Tal rigor consiste na iniciativa legislativa
e no procedimento de aprovação das emendas constitucionais. A iniciativa de proposta de emenda à
Constituição Federal é conferida apenas ao Presidente da República, a 1/3 da Câmara dos
Deputados, a 1/3 do Senado Federal e também a mais da metade das Assembleias Legislativas dos
Estados e Distrito Federal, manifestando-se cada uma delas por maioria relativa de seus membros.
Já com relação ao procedimento de aprovação, nossa Constituição, por ser rígida, só poderá
aprovar emendas por votação de 3/5 dos membros do Congresso Nacional em dois turnos de
votação em cada Casa Legislativa.
Limitações Temporais: restrições quanto ao momento em que essas alterações poderão ser
feitas. São visualizadas especialmente em relação às emendas de revisão que só puderam ser
editadas em período específico, como já mencionado, após os cinco anos da promulgação da
CF/88. Referem-se também à impossibilidade de apresentação de nova proposta de uma emenda
que foi rejeita na mesma sessão legislativa.
Limitações Circunstanciais: restrições que impedem a alteração constitucional dependendo
da situação excepcional instaurada no Estado brasileiro. Segundo previsão constitucional 7, a
Constituição não poderá ser emendada na vigência do estado de defesa, do estado de sítio ou em
caso de intervenção federal.
Dica
Apenas nessas três situações, defesa, sítio e intervenção federal, é que ficam impedidas as Emendas Constitucionais e em nenhuma outra
como tentam confundir algumas provas preambulares de concursos!
Limitações Materiais: restrições que impedem que certos assuntos delimitados pelo art. 60 da
CF/88 sejam objeto de emendas que tentem diminuir ou abolir seu conteúdo, seu valor. Tais
matérias são conhecidas como cláusulas pétreas, e são: forma federativa, o voto direto secreto,
universal e periódico, separação dos poderes e os direitos e garantias individuais.
RESUMO ESQUEMÁTICO
Poder
Constituinte
Poder
Originário
– Elabora normas de direito constitucional.
– Cria nova Constituição Federal ao Estado. Novo sistema constitucional. Ilimitado, absoluto.
– Histórico: Primeira Constituição de um novo Estado.
– Revolucionário: rompe com o sistema constitucional anterior, criando nova constituição em Estado já
existente.
Poder
Derivado
– Reformador: edita emendas constitucionais.
– Revisor: edita emendas de revisão.
– Decorrente: edita Constituição estadual.
Limites do
Poder
– Formal: necessidade de um processo legislativo rígido, formal.
– Temporal: 1. Prazo certo para elaboração das emendas de revisão. 2. Emenda rejeitada não poderá ser
apresentada na mesma sessão legislativa.
Derivado – Circunstancial: proibição de emen​das durante estado de defesa, estado de sítio e intervenção federal.
– Material: cláusulas pétreas.
3. CONSTITUIÇÃO: CONCEITO E ESTRUTURA
Embora inúmeros sejam os conceitos atribuídos à Constituição, três sentidos se destacam:
Sentido político (Schmitt): Constituição seria o documento que representa e atesta a vontade
política do poder estatalinstituído, organizando sua estrutura e seu funcionamento, os direitos
individuais (Constituição material). Diferem das leis constitucionais que, apesar de estarem
inseridas no texto constitucional, não representariam essa decisão política fundamental (Cons​-
tituição formal) 8.
Sentido sociológico (Lassalle): Constituição representaria os fatores reais do poder.
Exprimiria a vontade social na designação das estruturas do poder, fixação dos direitos
fundamentais, entre outros aspectos. O texto escrito de nada valeria se não representasse essa
realidade social 9.
Sentido jurídico (Kelsen): inserida no contexto do sistema jurídico, Constituição seria a norma
fundamental do Estado. Concebida sob dois aspectos: sentido lógico-jurídico (hipótese fundamental
para a existência e organização estatal; valida o sistema constitucional) e sentido jurídico-positivo
(expressão formal da constituição hipotética, lei fundamental positivada) 10.
Considerando tamanha relevância desse documento que representa a norma mais importante do
ordenamento jurídico, inclusive no sistema brasileiro que adere ao movimento constitucionalista,
faz-se necessário o estudo da estrutura da Constituição brasileira de 1988, antes de adentrarmos na
análise de seu conteúdo.
Nesse aspecto, a Constituição de 1988 é estruturada da seguinte forma:
Preâmbulo: texto inicial que integra a Constituição Federal. Como o próprio nome demonstra,
trata-se de uma espécie de introdução ao texto constitucional positivo, que expressa os princípios,
os valores, dos quais estava imbuído o espírito da Constituinte. Segundo o STF11, a natureza
jurídica do preâmbulo não é normativa, isto é, apesar de integrar o texto constitucional,
contribuindo para enfatizar os princípios a ela inerentes, não pode ser invocado como norma
positiva constitucional, muito menos ser utilizado como veículo para o controle de
constitucionalidade, por não ser cogente.
Corpo ou Texto: consiste na parte articulada da Constituição Federal; organizada em nove
títulos, pelos quais se distribuem os 250 artigos, com força cogente e status de norma
constitucional, o que possibilita sua obrigatoriedade diante das demais normas que se sujeitariam a
seu controle.
Ato das Disposições Constitucionais Transi​tórias (ADCT): também estruturado em artigos,
incisos, parágrafos e alíneas como o corpo da Constituição, também integra a CF/88 e tem
igualmente força normativa, podendo inclusive ser objeto de emendas. O que o faz diferenciar do
trecho componente do corpo constitucional é a provisoriedade do vigor de seus artigos. Nessa parte
da Constituição, os artigos têm vigência transitória e só produzem efeitos durante o período
delimitado no próprio artigo, quando então, esgotado o prazo, se exaurem, não mais se aplicando.
Importante mencionar que, pela técnica legislativa constitucional brasileira, as Emendas
Constitucionais são integradas ao texto da própria Constituição, perfazendo a partir de então texto
continente do corpo ou do ADCT.
3.1 Classificação das constituições
Analisando as constituições sob diversos prismas, é possível classificá-las em inúmeras
nomenclaturas. Contudo, ateremo-nos às classificações adotadas expressiva e uniformemente pela
doutrina, inclusive porque tem maior incidência nas questões objetivas das provas de concursos e
exame de ordem.
Quanto à forma: as constituições podem ser chamadas de escrita quando possuem texto
escrito codificado, todo reunido em um único documento, ou costumeira (não escritas) quando as
normas constitucionais podem ser encontradas em textos esparsos, nos costumes e na
jurisprudência.
Quanto ao conteúdo: pode ser formal ou material. No primeiro caso, diz-se Constituição
apenas o texto produzido em certa condição formal não obstante seu conteúdo não ser fundamental,
como se verifica ao exemplo do art. 242, § 2º, CF/88. O segundo é entendida como qualquer
expressão jurídica cuja matéria seja estrutural ou fundamental ao Estado, independentemente de se
encontrar em texto formal ou não, como verificamos na redação do art. 5º, § 2º, CF/88.
Quanto à origem: classifica-se como outorgada quando o poder originário é instituído pela
força, de forma autoritária (imposição à sociedade), ou promulgada quando a constituinte tem
origem na soberania popular (vontade do povo) que delega poder aos representantes para que
elaborem o texto constitucional.
Quanto à elaboração: será dogmática quando em um determinado momento os dogmas, os
valores, são “trazidos” à sociedade para vigorarem como norma a partir de então. Será histórica se
os seus valores e regras forem incorporados lentamente no sistema constitucional estatal, conforme
a evolução dos valores e costumes de determinada sociedade.
Quanto à ideologia: pode ser chamada de ortodoxa quando exprimir e adotar um único ideal
como fundamento; será eclética quando expressar a adesão a diversas ideologias ao exprimir seus
ditames.
Quanto à mutabilidade, alterabilidade ou estabilidade: neste aspecto, as Constituições
podem ser rígidas se exigirem para sua alteração um processo legislativo mais complexo, mais
rigoroso do que a forma exigida para a elaboração das demais leis; podem ser flexíveis quando
puderem ser alteradas sem qualquer exigência de um processo legislativo específico (mais
facilmente); podem ser semirrígidas (também chamadas de semiflexíveis) se parte de seu conteúdo
exigir forma solene de alteração (rígido) e parte puder ser alterada sem menores formalidades
(flexível). Anote-se que em alguns concursos também é utilizada a expressão super-rígida para
designar a constituição que embora exija processo solene de alteração (rígida) possui parte que não
pode ser alterada, classificação que, contudo, não é utilizada em exame de ordem.
3.2 Efeitos da nova Constituição
Quando se tem noção do que representa a Constituição no sistema jurídico e a ideia de que o
poder constituinte originário pode ser instituído mesmo com o Estado constitucional já existente,
surgem algumas indagações acerca da adaptação das leis no tempo, ou direito intertemporal. O que
acontece com o ordenamento vigente, quando da edição de uma nova Constituição? E com a
Constituição anterior?
Toda vez que uma nova Constituição ingressa no sistema jurídico, ela pode produzir efeitos em
relação às outras normas integrantes desta estrutura, especialmente porque estamos diante da norma
fundamental que a partir da sua publicação servirá de suporte central para todo o ordenamento. Tais
efeitos podem ser:
Recepção: pelo princípio da recepção, quando a nova Constituição entra em vigor, tem que se
avaliar todo o sistema jurídico anterior. As leis infraconstitucionais que não forem incompatíveis
com a nova Constituição serão por ela recepcionadas, ou seja, continuarão em vigor mantendo sua
eficácia (compatibilidade material). Já as incompatíveis serão revogadas tacitamente (princípio da
não recepção) sem que haja qualquer menção expressa da nova CF.
Repristinação: restauração da vigência de uma lei revogada, por ter a lei revogadora perdido
sua vigência ou ter sido revogada. Não é admitido em nosso ordenamento jurídico a menos que a lei
nova traga expressamente essa restauração em seu texto. Quanto à nova constituição que revoga leis
anteriores incompatíveis, também não repristina as leis anteriormente revogadas. Contudo, se a
nova constituição dispuser expressamente ela pode repristinar leis anteriormente revogadas.
Lembramos que, caso o Supremo Tribunal Federal declare a inconstitucionalidade de uma lei
revogadora, a lei revogada volta a surtir efeitos, uma vez que os efeitos dessa decisão são
retroativos.
Desconstitucionalização: como regra também não é admitida. Ocorre nos casos de as regras
da antiga constituição revogada, se compatíveis com a nova ordem constitucional, ganharem status
de leis infraconstitucionais (queda de hierarquia), permanecendo em vigor; só se verifica por
expressa disposiçãoda nova Constituição.
3.3 Eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais
Eficácia jurídica designa a aptidão da norma para produzir efeitos no caso concreto e já
produz efeitos jurídicos (revoga as anteriores conflitantes). Nesse sentido, dependendo de como as
normas constantes no texto constitucional conseguem ou não produzir efeitos práticos, precisando ou
não de auxílio da legislação infraconstitucional, serão assim classificadas:
Normas constitucionais de eficácia plena (aplicação imediata, autoexecutáveis,
autoaplicáveis ou “bastante em si”): não precisam de nenhuma lei ou complemento para, desde logo
(a partir da vigência), produzir todos os seus efeitos.
Exemplos: arts. 2º, 17, 19, 60, § 3º, 76, 155, 226, § 1º, da CF.
Normas constitucionais de eficácia limitada (aplicação mediata, ou não autoexecutáveis): são
aquelas que, para produzir seus efeitos principais, necessitam de normas de integração. A
efetividade da norma constitucional está na dependência da edição da lei que a integre (lei
integradora), que a regulamente, que a explique.
Somente após a edição da lei, a norma constitucional produzirá todos os efeitos que se espera
dela (exemplo: art. 7º, XI, da CF/88). Embora não produza efeitos principais, ela produz outros,
tais como:
I – Vincula o legislador ordinário (não pode editar norma infraconstitucional contrária).
II – Revoga desde sua vigência normas anteriores com ela incompatíveis.
III – Pode vir com ela estabelecido o tipo de norma necessária para sua integração (Lei
Complementar, por exemplo). Se for omissa, poderá ser integrada por Lei Ordinária (LO).
Normas constitucionais de eficácia contida: ab initio, têm eficácia plena (autoexecutáveis),
porém admitem que uma lei infraconstitucional restrinja seu alcance (dite as condições de sua
execução). Por isso também são chamadas de normas de eficácia restringível ou redutível. Traz em
si a chamada cláusula de redutibilidade. Enquanto não vem a norma redutora, o direito pode ser
amplamente exercido. Exemplo: art. 5º, XIII, da CF/88.
Normas constitucionais de eficácia exaurida, esvaída, esgotada: são aquelas que já
produziram todos os seus efeitos. São próprias do ADCT que já cumpriram sua tarefa para a qual
foram propostas. Exemplo: art. 2º do ADCT que prevê a realização de plebiscito em 1993. Atenha-
se para o fato de que nem todas as normas do ADCT são exauridas, pois ainda existem artigos que
continuam produzindo efeitos.
RESUMO ESQUEMÁTICO
Constituição
Conceito
– Sentido político (Schmitt): reflete o poder político instituído (Constituição/material ≠ leis
Constitucionais/formal).
– Sentido sociológico (Lassalle): representa os fatores reais e sociais do poder.
– Sentido jurídico (Kelsen): norma fundamental do Estado (aspecto lógico-jurídico/hipótese fundamental e
aspecto jurídico-positivo/lei fundamental formal).
Estrutura
– Preâmbulo: não tem força cogente.
– Corpo: texto articulado. Norma constitucional. Pode ser emendado.
– ADCT: também é texto articulado com força cogente, mas de vigência provisória. Pode ser emendado.
Classificação
– Quanto à forma: escrita/costumeira.
– Quanto ao conteúdo: formal/material.
– Quanto à origem: outorgada/promulgada.
– Quanto à elaboração: dogmática/histórica.
– Quanto à ideologia: ortodoxa/eclética.
– Quanto à mutabilidade: rígida/super-rígida/semirrígida/flexível.
– CF/88: escrita, formal, promulgada, dogmática, eclética, rígida.
Efeitos da nova
CF
– Recepção: manter em vigor norma infraconstitucional anterior à nova CF, desde que compatível com esta.
– Repristinação: restauração da vigência de uma lei revogada, por ter a lei revogadora perdido sua vigência.
Possível se a nova constituição dispuser expressamente para repristinar leis anteriormente revogadas.
Efeitos da nova
CF
– Desconstitucionalização: regras da antiga constituição revogada, se compatíveis com a nova ordem
constitucional continuam em vigor com status de leis infraconstitucionais (só ocorre com disposição
expressa da nova CF).
Eficácia das
normas
constitucionais
– Norma de eficácia plena: autoaplicável; independe de norma regulamentadora.
– Norma de eficácia limitada: depende de norma infraconstitucional regulamentadora para produzir seus
efeitos materiais.
– Normas de eficácia contida: inicialmente plena, mas admite restrição por norma infraconstitucional.
– Normas de eficácia exaurida: já produziu todos os seus efeitos e atualmente não produz mais, embora
não tenha sido expressamente revogada.
4. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL
O preâmbulo de nossa Constituição Federal deixa claro que instituímos no Brasil um Estado
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na
ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias.
Após as deliberações da Assembleia Nacional Constituinte em 1987, foi promulgada, sob a
proteção de Deus, a Constituição da República Federativa do Brasil.
A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios
e do Distrito Federal, constitui-se em um Estado Demo​crático de Direito.
Assim, vivemos em um país democrático, onde a titularidade desse poder é exercida pelo
povo, de forma indireta, via representantes eleitos e, diretamente, nos termos da Constituição
Federal.
Quanto à existência dos tipos de democracia, bem como formas de exercício direto por parte
do povo com relação ao poder democrático, remetemos o leitor ao capítulo próprio a respeito do
tema.
4.1 Fundamentos constitucionais e objetivos fundamentais
No primeiro artigo de nossa Constituição Federal, ficam consignados os fundamentos da
República Federativa do Brasil, são eles:
► a soberania;
► a cidadania;
► a dignidade da pessoa humana;
► os valores sociais do trabalho e da livre-iniciativa;
► o pluralismo político.
Já no art. 3º, nossa Constituição trata das hipóteses dos objetivos da República Federativa do
Brasil, sendo discriminados da seguinte forma:
► construir uma sociedade livre, justa e solidária;
► garantir o desenvolvimento nacional;
► erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
► promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação.
Fique atento, pois, em provas de primeira fase, por várias vezes já foram realizadas questões
misturando os dois dispositivos, fato esse que num primeiro momento o candidato, para conseguir o
acerto da resposta, teria que “memorizar” os dois artigos.
Lembre-se de que para alcançar determinado objetivo devemos realizar uma ação, fato esse
que poderá ajudar na hora da resposta em caso de questionamentos em provas de primeira fase, uma
vez que toda ação na maior parte das vezes exige uma conduta humana, conduta essa que terá
certamente um verbo na resposta.
A título de exemplo, se você tem interesse em passar numa prova você deve “estudar”, se você
quer atingir determinado resultado você precisa “treinar” etc.
Da mesma forma ocorre com os objetivos da República Federativa do Brasil, todos os incisos
mencionados no texto constitucional começam com um “verbo”, conforme supradiscriminados, fato
esse que pode ser fundamental na hora do acerto da resposta correta.
Lembre-se
Os objetivos da República Federativa do Brasil começam com “verbo”, e os fundamentos, não.
Nossa Constituição Federal também elenca vários princípios que regem as relações
internacionais, a seguir enumerados:
► independência nacional;
► prevalência dos direitos humanos;
► autodeterminação dos povos;
► não intervenção;
► igualdade entre os Estados;
► defesa da paz;
► solução pacíficados conflitos;
► repúdio ao terrorismo e ao racismo;
► cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
► concessão de asilo político.
É um dever da República Federativa do Brasil buscar a integração econômica, política, social
e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana
de nações.
Dicas de es tudo
Indicamos a leitura dos arts. 1º ao 4º da Constituição Federal.
RESUMO ESQUEMÁTICO
República Federativa
do Brasil Formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal.
Fundamentos (sem
“verbo”)
– a soberania;
– a cidadania;
– a dignidade da pessoa humana;
– os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
– o pluralismo político.
Objetivos (possuem
“verbo”)
– construir uma sociedade livre, justa e solidária;
– garantir o desenvolvimento nacional;
– erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
– promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação.
5. ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
Quando da constituição do Estado Democrático, o poder constituinte se incumbe de organizar a
sua estrutura para que se possa, de maneira funcional, exercer sua soberania e agir conforme seus
princípios.
Nessa toada, a forma como o poder estatal se estrutura o caracteriza como Estado Unitário,
Estado Confederado ou Estado Federado; estas são as nomenclaturas clássicas.
De uma forma objetiva, identificamos o Estado Unitário quando o poder soberano é
centralizado e não se verifica a distribuição de competências a pessoas ou órgãos autônomos.
Poderá ser chamado de Confederação quando vários Estados soberanos aderem a um pacto comum
para atender interesses mútuos, reunindo-se em um Estado com pluralidade de soberanias validado
por um tratado internacional 12. No modelo Confederado, é possível o direito de secessão.
Teremos uma Federação quando ocorrer a descentralização do poder, com a criação de
pessoas autônomas, detentoras de competências constitucionalmente definidas. Aqui haverá apenas
uma pessoa soberana e diversos entes autônomos, mantendo sua unicidade e validade através de
uma Constituição Federal, vedado o direito de secessão.
5.1 Federação: estrutura espacial e política
Conforme expressa o primeiro artigo da Cons​tituição de 1988, trata-se o Estado Brasileiro de
uma República Federativa. Isso representa que a nossa forma de governo é renovável por vontade
popular, e a sucessão do poder se dá pela via de eleição (república). Assinala também que
adotamos o Estado Federalista como forma de organizar e estruturar o poder.
Sendo o Brasil um Estado Federal, coube à Constituição delimitar quem são as pessoas
dotadas de autonomia que compõem a nossa Federação, atribuindo-lhes suas competências.
Diante disso, podemos estruturar a organização político-administrativa brasileira nos seguintes
entes: União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios.
Cada um destes entes federativos é pessoa jurídica de direito público interno, que goza de
autonomia e que tem competências atribuídas pela Constituição Federal. Importante ressaltar que,
com exceção da União (que representa o Estado Brasileiro e exerce a soberania nacional), os entes
federativos não gozam de soberania13, mas de autonomia, o que os impede de se separar do Estado
Federal, vinculando-se ao sistema constitucional central.
Esta estrutura concebida no art. 18 da Lei Maior, não poderá ser abolida por emenda, haja
vista constituir o grupo de matérias conhecido como cláusula pétrea, conforme art. 60, § 4º, I, do
mesmo documento.
Contudo, o próprio art. 18, §§ 3º e 4º, da CF, autoriza a criação, incorporação, fusão ou
desmembramento de Estados e Municípios desde que respeitadas certas disposições. Para a criação
de um Estado é necessário primeiramente um estudo prévio de viabilidade para aferir se terá o
estado novo condições de se autogerir. As fases que se sucedem são: plebiscito da população
interessada e, se aprovado, exige-se a publicação de lei complementar federal que efetivamente
instituirá tal estado. Importante mencionar que o Supremo Tribunal Federal decidiu, nos casos de
desmembramento de Estados, pelo dever de realizar o plebiscito com toda a população diretamente
interessada, e não apenas com a população do novo Estado a ser desmembrado.
Para criação de Município também se exige estudo prévio de viabilidade. Após o que será
realizado plebiscito da população interessada e, se aprovado, exige-se a publicação de lei
complementar federal autorizando o estado a emancipar o município e por fim a publicação de lei
estadual14 que efetivamente emancipará tal município.
Conhecida forma de Estado brasileira, é imprescindível estudarmos o modelo federalista
brasileiro e como se dá a relação de poder entre os entes federativos.
5.1.1 Territórios
Quando se estuda a estrutura federativa brasileira, não encontramos como ente federativo os
territórios, na divisão organizacional fixada pela Constituição de 1988.
Contudo, embora não conste o território como ente federativo dotado de autonomia
componente da nossa federação, o legislador constituinte reservou no art. 33 espaço para sua
regulamentação e determinação de sua natureza jurídica.
Os territórios existentes até a promulgação de 1988 foram extintos, ficando autorizada a partir
de en​tão apenas a criação de territórios federais que poderiam ser entendidos como unidades
administrativas descentralizadas e pertencentes à União. Atualmente não foi criado nenhum
território nos ditames da nova previsão constitucional.
Note que o ente político com autonomia para exercer a competência não é o território, mas a
União, que legislará toda matéria federal, estadual e municipal se, neste último caso, o território
não for dividido em municípios.
Assim, apesar de poder ter um Governador, este será nomeado pela União, que também o
organizará administrativamente e judicialmente, por lei federal.
Importante reforçar a previsão constitucional que permite a divisão do território em
municípios. Caso isso aconteça, os municípios ali localizados gozarão de autonomia como ente
federativo (legislativa e administrativa), restando à União apenas suas atribuições típicas e as
competências estaduais.
Questões objetivas sobre territórios são muito frequentes em provas preambulares de
concursos e de exame de ordem, comumente comparando seus requisitos, natureza e poderes com os
estipulados ao Distrito Federal, pessoa política completamente diferente. Por isso, fique atento.
5.2 Autonomia e soberania
A característica marcante dos entes federativos é serem dotados de autonomia. Muitas vezes
chamada de tríplice capacidade, a autonomia de tais pessoas engloba a capacidade de auto-
organização, autoadministração e autogoverno, que serão estudadas pontualmente a seguir.
Não se deve, contudo, confundir autonomia com soberania. Não obstante exista na doutrina
especializada grande discussão acerca da soberanização das unidades autônomas da federação,
para as provas vestibulares não se aplicará. Ficaremos – como já dito anteriormente – com a
explicação da soberania como elemento do Estado Federal, e não das unidades que o integram (no
caso do Brasil, os Estados, Municípios e Distrito Federal); poder que é exercido pela União, em
nome do Estado brasileiro que possibilita tomada de decisões no cenário internacional.
5.2.1 Auto-organização
Um dos elementos da tríplice capacidade ou autonomia dos entes federativos é o poder de
auto-organização. Consiste no poder de editar sua própria norma fundamental de estrutura e
organização. Necessariamente cada ente federativo possui um documento de auto-organização,
assim nomeados:
► Constituição Federal, para a União;
► Constituição Estadual, para os Estados-membros;
► Lei Orgânica distrital, para o DF;
► Lei Orgânica municipal, para os Municípios.Dessa forma é possível afirmar que, embora nem todas as pessoas políticas detenham poder
constituinte (pois nem todas editam constituição), todas elas gozam de auto-organização, seja por
Constituição, seja por lei orgânica.
5.2.2 Autoadministração
A autoadministração conferida pela CF/88 para todos os entes da federação pode ser traduzida
como a capacidade de exercer suas competências legislativas e administrativas, o que lhes
possibilita a elaboração de leis e a edição de atos administrativos para garantir seu pleno
funcionamento.
Apesar de essa capacidade ser conferida a todos os entes políticos, a CF/88 delimitou as
matérias cujo exercício dessa competência se daria. Regulamentou também a forma como se dará a
adequação das normas federais, estaduais e municipais quando o assunto abordado for de
competência comum ou concorrente.
O estudo da divisão das competências designadas aos entes federativos ocupa a maior parte do
texto constitucional neste título15, motivo pelo qual é de grande incidência em provas de concursos.
As competências atribuídas à União, aos Estados, aos Municípios e ao Distrito Federal
basicamente se dividem em competência legislativa e competência administrativa. A primeira é
exercida pelo poder legislativo na elaboração de leis sobre os assuntos designados a cada ente
político. A segunda é exercida pelo seu respectivo poder executivo através da edição de atos
administrativos.
A divisão das competências administrativas se dá da seguinte forma:
Competência exclusiva: conferida apenas à União, traz no art. 21 da CF rol de assuntos que
apenas esta pessoa pode realizar. Não é passível de delegação aos estados, DF ou municípios.
Competência comum: atribuída a todos os entes federativos para o exercício dentro de seus
limites territoriais em assuntos cujas ações podem coexistir; assuntos estipulados no art. 23 da CF,
como, por exemplo, proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia,
à pesquisa e à inovação.
Competência remanescente ou residual: se depreende da leitura do art. 25, § 1º, da CF, que
confere aos Estados-membros as competências que não lhe tenham sido vedadas. Note que não há
rol de atribuições como se fez à União, ficando o Estado-membro com as ações que “sobram”.
Competência relativa ao interesse local: conferida aos Municípios para realização de ações
concretas que digam respeito às peculiaridades de sua comunidade. Os incisos III a IX do art. 30 da
CF trazem um rol exemplificativo dessa competência local municipal. Re​comenda-se a leitura de
tais incisos diante da exigência ipsis literis de tais dispositivos.
Quanto à competência legislativa, observar-se-á o seguinte:
Competência privativa: também conferida apenas à União, delimita certas matérias cuja
legislação só se opera pelas mãos do Congresso Nacional. Localizada no art. 22 da CF, diferencia-
se da competência exclusiva administrativa porquanto pode ser delegada pela União aos Estados ou
ao Distrito Federal para que legislem em certo assunto objeto da delegação.
Competência delegada pela União: nasce justamente quando alguma matéria contida no art.
22 da CF, de competência privativa da União, é “emprestada” ao Estado ou ao Distrito Federal.
Competência remanescente ou residual: assim como acontece na administrativa, o art. 25, §
1º, da CF, que confere aos Estados-membros as competências que não lhe tenham sido vedadas,
valendo também para a legislação cuja matéria não tenha sido atribuída de forma privativa à União,
nem sejam de interesse local dos Municípios. Note que aqui também não há rol de atribuições como
se fez à União, ficando o Estado-membro com as ações que “sobram”.
Competência relativa ao interesse local: designadas aos Municípios, conforme determinação
do art. 30, I, CF, atribui, de forma aberta, a capacidade de legislarem sobre matérias essenciais às
necessidades da comunidade local. A dificuldade de se estipular um conceito do que vem a ser
interesse local acaba por vezes dificultando a delimitação do que pode ou não legislar o município,
que numa melhor hipótese encontraria seu limite nas competências federais.
Competência concorrente: atribuída pelo art. 24 da CF possibilita em certos assuntos a
elaboração de legislação concomitante pela União, Estados e Distrito Federal, regrando como tais
leis harmonizar-se-ão. Exemplo de competência concorrente é educação, cultura, ensino, desporto,
ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação.
Atenção
Tal competência não foi atribuída de forma expressa aos Municípios pela CF, que somente conseguiria legislar sobre tais matérias na
forma do art. 30, II, ou seja, de forma suplementar a legislação federal e estadual preexistentes, no que couber.
Ainda no que tange à competência concorrente, a Constituição Federal estabelece parâmetros
para harmonizar a legislação federal, estadual e distrital correlatas. Para isso, estipula que a União
legislaria apenas as normas gerais sobre tal matéria que valeriam em todo o território nacional,
ficando aos Estados e ao Distrito Federal a incumbência de suplementarem a legislação federal no
que couber. Contudo, na hipótese de não existir lei federal a respeito do tema (União foi omissa e
não exerceu sua competência), os Estados, para não verem inviabilizada sua competência, poderão
legislar plenamente, até que sobrevenha lei federal com norma geral a respeito. Caso isso
aconteça, a legislação federal superveniente não revogará a lei estadual, mas apenas suspenderá
sua vigência apenas naquilo que lhe for contrária (importante!).
5.2.3 Autogoverno
Entende-se como autogoverno a capacidade de instituir e organizar as estruturas de poder que
exerceram as competências da autoadministração. Considerando que os Poderes instituídos pela
tripartição constitucional (matéria a ser vista em capítulo posterior) são o Legislativo, o Executivo
e o Judiciário, para que os entes políticos sejam capazes de se autogovernar, deverão estruturar
seus poderes, nos termos da Constituição.
Assim, o autogoverno federal se manifesta com a existência de legislativo próprio (Congresso
Nacional), de executivo próprio (cuja chefia se dá pelas mãos do Presidente da República) e
judiciário próprio (Justiça Federal, tribunais superiores e STF).
O autogoverno dos estados se manifesta pela existência de uma assembleia legislativa (Poder
Legislativo), de um Governador (chefiando o executivo estadual) e da Justiça estadual (com a
existência de um TJ por Estado).
O autogoverno do Distrito Federal se manifesta pela existência de uma câmara legislativa
(Poder Legislativo), de um Governador (chefiando o executivo estadual) e da Justiça distrital
(contemplando também a existência de um TJ como nos Estados).
Os Municípios, por sua vez, manifestam seu autogoverno de forma incompleta, pois apesar de
terem um legislativo (câmara municipal) e um executivo (prefeito) autônomos, não possuem e não
poderão instituir estrutura de Poder Judiciário. Por essa razão, adicionada ao fato da sua
organização se dar por lei orgânica, e não por constituição, os Municípios receberam da doutrina a
qualidade de menor unidade autônoma da federação.
5.3 Distrito Federal
Mesmo sendo pessoa política integrante da federação brasileira, e, portanto, aplicando-se a
ele todas as normas relativas à tríplice capacidade, faz-se necessária uma abordagem mais
específica do Distrito Federal, para que possamos compreender suas peculiaridades.
Inicialmente, pode ser entendido como pessoa jurídica de direito público interno, que detém
autonomia como os demais entes federativos. Sua importância equivale a de um Estado-membro,
muito embora sua estrutura organizacional seja outra.
A principal diferença estrutural do Distrito Federal e os Estados-membros é a impossibilidade
de aquele ser dividido em Municípios. Por causa disto, as competências atribuídas ao Distrito
Federal são acumulativas, somando-seas competências estaduais e municipais.
É organizado por lei orgânica e seu autogoverno se institui pelo seu legislativo próprio
(câmara legislativa), executivo próprio (chefiado pelo governador eleito) e pelo seu judiciário.
Contudo, o custeio e a administração do Poder Judiciário, bem como do Ministério Público e das
polícias (civil e militar), será feita pala União Federal, de modo que, por tal situação, a doutrina
intitula o Distrito Federal de autonomia parcialmente tutelada pela União.
No mais, não se pode deixar de mencionar que a grande importância do Distrito Federal é
justamente abrigar a capital federal, Brasília. A capital federal é o espaço territorial onde a União
federal instala a sede dos seus poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) e por isso o administra
sem, contudo, interferir na autonomia distrital. Note que a capital não é o Distrito Federal (como se
previa na Constituição anterior), mas Brasília. Apesar de a capital federal estar situada no Distrito
Federal, esta pode ser temporariamente transferida.
Podemos observar, ainda, uma mudança na Cons​tituição Federal pela Emenda Constitucional n.
69/ 2012, em que foram transferidas da União para o Distrito Federal as atribuições de organizar e
manter a Defensoria Pública do Distrito Federal. Assim, atualmente, o Distrito Federal, muito
embora não tenha capacidade para organizar e manter seu Poder Judiciário (art. 21, XIII, CF/88), o
Ministério Público (art. 22, XVII, CF/88) e polícias (art. 22, XIV, CF/88), poderá fazê-lo quanto a
sua Defensoria Pública.
5.4 Defesa das instituições democráticas
5.4.1 Estado de defesa
Trata-se de medida constitucional excepcional para garantir a ordem (quebrada ou em
iminência de ser quebrada) em momentos de anormalidade, instabilidade social. Quando se decreta
tal medida, alguns direitos e garantias assegurados na CF poderão ser suspensos.
As hipóteses autorizadoras da decretação do estado de defesa estão previstas no art. 136 da
CF (taxativas), para preservar ou restabelecer, em locais determinados, a ordem ou a paz social
ameaçadas por grave ins​tabilidade institucional ou atingidas por calamidades naturais de
grandes proporções.
Titularidade para decretação é do Presidente da República, ouvido o conselho de República e
conselho de defesa nacional. Ele o fará por meio de Decreto que estipulará um prazo para duração
do estado de defesa, local de abrangência e as medidas coercitivas para restabelecimento da ordem
(direitos suspensos). Não precisa de autorização prévia do Congresso Nacional, mas ele fará o
controle político da medida após a decretação e, se entender por rejeitar (maioria absoluta),
cessará o estado de defesa.
O prazo máximo de duração do estado de defesa é de 30 dias prorrogáveis uma única vez por
mais 30 dias.
Durante sua vigência, certos direitos individuais podem ser suspensos, segundo o art. 136, §
1º, I e II, da CF. São eles o direito de reunião, sigilo das correspondências, comunicações
telegráficas e telefônicas, prisão somente em flagrante delito ou por ordem judicial, ocupação e uso
temporário de bens e serviços públicos (art. 136, III, c/c o art. 5º, LXI, CF).
5.4.2 Estado de sítio
Semelhante ao estado de defesa, medida de exceção nas crises constitucionais, ou seja,
momentos de anormalidade, instabilidade social. Quando se decreta tal medida, alguns direitos e
garantias assegurados na CF poderão ser suspensos.
As hipóteses para sua instauração estão fixadas no art. 137, da CF:
► comoção grave de repercussão nacional ou se o Estado de defesa se mostrou ineficaz
(art. 137, I, CF);
► guerra externa ou resposta à agressão armada estrangeira (art. 137, II, CF).
Tem basicamente o mesmo procedimento do estado de defesa, com uma diferença crucial
quanto ao controle político: este deve ser exercido antes, com a solicitação prévia pelo Presidente
da República ao Congresso Nacional que se manifestará por maioria absoluta.
Quanto ao prazo de duração duas orientações devem ser consideradas. Em se tratando de
estado de sítio decretado por motivo de calamidade pública de grandes proporções ou em caso de
ineficácia do estado de defesa (art. 137, I, CF), o prazo máximo será de 30 dias. Podendo ser
prorrogado por prazos de até 30 dias a cada prorrogação. Dependerá da autorização do Con​gresso
Nacional cada prorrogação pretendida. Contudo, se o estado de sítio for decretado por motivo de
guerra, a instauração fixará seu início e este vigorará enquanto perdurar a guerra.
Os direitos que podem ser suspensos durante a sua vigência variam de acordo com a sua
hipótese de decretação. Na primeira hipótese (art. 137, I) as medidas que podem ser tomadas contra
as pessoas são aquelas as previstas no art. 139 da CF, quais sejam:
► obrigação de permanência em locais determinados;
► detenção em edifícios não destinados a acusados ou condenados por crimes comuns;
► restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações,
à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma
da lei;
► suspensão da liberdade de reunião;
► busca e apreensão em domicílio;
► intervenção nas empresas de serviços públicos;
► requisição de bens.
Na segunda hipótese – decretação por motivo de guerra – em tese todos os direitos estão
sujeitos à restrição.
5.4.3 Intervenção federal e estadual
A regra normal entre os entes da federação é a autonomia. A exceção, em casos de
anormalidades taxativamente expressas na CF, é a suspensão temporária dessa autonomia, enquanto
durar a anormalidade. Essa suspensão é feita por meio de intervenção federal nos Estados e DF
(art. 34 da CF) ou por intervenção estadual em seus Municípios; neste caso também pode ocorrer a
intervenção, pela União, nos Municípios que vierem a existir em territórios federais (art. 35 da CF).
A intervenção federal é realizada pela União nos Estados ou DF, nas hipóteses taxativas do
art. 34 da CF, quais sejam:
► manter a integridade nacional;
► repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
► por termo a grave comprometimento da ordem pública;
► garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;
► reorganizar as finanças da unidade da federação que suspender o pagamento da dívida
fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo por motivo de força maior, ou que
deixar de entregar aos municípios receitas tributárias fixadas na Constituição, dentro dos
prazos estabelecidos em lei;
► prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
► assegurar a observância dos chamados princípios constitucionais sensíveis (vide art.
34, VII, da CF).
A intervenção federal, dependendo da sua forma de decretação, pode classificar-se como:
► Intervenção espontânea: decretada de ofício pelo Presidente da República, nas
hipóteses do art. 34, I, II, III e V, da CF.
► Provocada por solicitação: decretada pelo Presidente da República (ato
discricionário) com prévia solicitação do Poder Legislativo ou Executivo coacto, na
hipótese do arts. 34, IV, c/c 36, I, da CF.
► Provocada por requisição: decretada pelo Presidente da República (ato vinculado)
com prévia requisição do Poder Judiciário coacto ou STF, STJ, TSE desobedecido na
hipótese dos arts. 34, IV, c/c 36, I, da CF.
► Provocada dependendo de representação PGR e provimento STF/STJ: nos casos de
descumprimento dos princípios sensíveis e viabilizada por ADI Interventiva ou
Representativa, na hipótese dos arts. 34, VII, c/c 36, III, da CF, ou nos casos de recusa ao
cumprimento de lei federal, também viabilizada por ADI Interventiva ou Representativa,
conforme arts. 34, VI, c/c 36, III, da CF.
A instauração é feita por decreto presidencial de intervenção e a execução também é de
competência privativa do Presidente da República.
O procedimento se desenvolve da seguinte forma:
1. O Congresso Nacional, em 24 horas da expedição do decreto presidencialinterventivo,
deverá apreciá-lo, aprovando-o ou rejeitando-o por decreto legislativo, suspendendo a execução na
última hipótese (o presidente deve cessar a intervenção sob pena de crime de responsabilidade).
2. Esse controle político através do decreto legislativo é dispensado quando somente o decreto
presidencial já bastar para restabelecer a normalidade (possível nos casos de intervenção
provocada dependendo de representação e provimento).
3. Dependendo da amplitude da intervenção, o decreto interventivo nomeará interventor,
afastando as autoridades envolvidas que voltarão a seus cargos (salvo impedimento legal) cessados
os motivos da intervenção.
A intervenção estadual é exercida pelos Estados-membros em seus Municípios e pela União
em municípios territoriais, nas hipóteses taxativas do art. 35 da CF, quais sejam:
► quando se deixar de pagar, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a
dívida fundada;
► quando não forem prestadas as contas devidas, na forma da lei;
► quando não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e
no desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;
► para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual ou para
prover a execução de lei, ordem ou decisão judicial.
A decretação e execução são de competência privativa do Governador, através de decreto de
intervenção (define condições, prazos, amplitude e, se couber, nomeia interventor). Aqui também há
controle político: o decreto interventivo deverá ser submetido à apreciação da Assembleia
Legislativa em 24 horas, que o aprovará ou não, por decreto legislativo.
Há também a dispensa deste controle nos mesmos moldes dos casos da intervenção federal,
para os casos do art. 35, IV.
Dependendo da amplitude da intervenção, o decreto interventivo nomeará interventor,
afastando as autoridades envolvidas, que voltarão a seus cargos quando cessados os motivos da
intervenção (salvo impedimento legal).
Dicas de es tudo
Indicamos a leitura dos arts. 34 a 36 da CF.
5.5 Das Forças Armadas e segurança pública
As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são
instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina,
sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria e à garantia
dos poderes constitucionais.
Lembre-se
Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares, salvo se impostas por autoridade incompetente.
Os membros das Forças Armadas são denominados militares, sendo-lhes proibidas a
sindicalização e a greve, “em razão de constituírem expressão da soberania nacional, revelando-se
braços armados da nação, garantidores da segurança dos cidadãos, da paz e da tranquilidade
públicas” (Gilmar Mendes, Mandado de Injunção 774), sendo certo ainda que, enquanto em serviço
ativo, não podem estar filiados a partidos políticos.
O serviço militar é obrigatório, salvo para as mulheres e eclesiásticos, sendo garantida a
liberdade de crença a quem se recusar a exercê-lo, sendo atribuído um serviço alternativo aos que,
em tempo de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o
decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades
de caráter essencialmente militar (art. 5º, VIII, CF).
A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos
seguintes órgãos: polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia ferroviária federal, polícias
civis, polícias militares e corpos de bombeiros militares.
De acordo com a Emenda Constitucional 82 foi introduzida no texto constitucional, em matéria
de segurança pública, a segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas e que compreende a educação,
engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao
cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente. Compete, no âmbito dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus agentes de
trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei.
Dicas de es tudo
Indicamos a leitura dos arts. 142 a 144 da Constituição Federal.
RESUMO ESQUEMÁTICO
Organização
do Estado
Brasileiro
– Forma Federativa.
Estrutura da
Federação
brasileira
– União – soberania.
– Estados – autonomia.
– Distrito Federal – autonomia.
– Municípios – autonomia.
Territórios
– não são entes federativos autônomos;
– atualmente não foram criados;
– podem ser criados por lei como unidade administrativa da União;
– poderão ser divididos em Municípios.
Autonomia
(tríplice
capacidade)
– Auto-organização: elaboram sua própria norma fundamental de organização. (União: CF; Estados:
Constituição estadual; DF e Municípios: Lei Orgânica).
– Autoadministração: elaboram suas próprias leis (divisão das competências legislativas) e editam seus
próprios atos administrativos (divisão das competências administrativas).
– Autogoverno: capacidade de organizar sua própria estrutura de Poder (Legislativo, Executivo e Judiciário.
Obs.: Município não possui Poder Judiciário próprio).
Divisão das
competências
legislativas
União: Privativa – compete legislar sobre certas matérias somente à União, mas ela pode delegar aos Estados,
por lei complementar, essa atribuição (art. 22, CF).
Concorrente – matérias em que tanto a União quanto os Estados e DF podem legislar (arts. 24 e 30, II, CF). A
União edita leis gerais e os Estados têm a competência suplementar.
Estados: Expressa – competência para estabelecerem sua própria Constituição (art. 25, CF).
Residual ou remanescente – toda aquela não vedada pela CF e não distribuída à UF, DF ou Municípios (art. 25, §
1º, CF).
Delegada pela União – são aquelas originárias privativas da União (art. 22, parágrafo único, CF).
Divisão das
competências
legislativas
Concorrente – compartilha a legislação com a União e o DF (art. 24, CF).
Suplementar (art. 24, CF) – nos casos de competência concorrente, quando a UF estabelecer regras gerais (cabe
aos estados suplementarem). Poderá legislar plenamente caso a UF não legisle e não seja dela a competência
privativa.
Municípios: Expressa (art. 29, CF – estabelecem sua própria lei orgânica).
Interesse local (art. 30, I, CF – legislação sobre suas peculiaridades e necessidades particulares).
Suplementar (art. 30, II, CF – aquelas que não lhe são vedadas pela Constituição estadual para complementar os
assuntos do art. 24, dentro do seu interesse local).
Distrito Federal: competência cumulativa (acumula as atribuições dos Estados e Municípios).
Das Forças
Armadas
– São instituições nacionais permanentes e regulares, sob a autoridade suprema do Presidente da República,
e destinam-se à defesa da Pátria e à garantia dos poderes constitucionais.
– Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares, salvo se impostas por autoridade
incompetente.
– Aos militares é proibida a sindicalização e a greve, sendo certo ainda que, enquanto em serviço ativo, não
pode estar filiado a partidos políticos.
– O serviço militar é obrigatório, salvo para as mulheres e eclesiásticos, sendo garantida a liberdade de crença
a quem se recusar a exercê-lo, sendo atribuído um serviço alternativo.
RESUMO ESQUEMÁTICO
Estado de
defesa
Hipóteses: manter a ordem pública ou a paz social ameaçadas por:
– instabilidade institucional
– calamidade pública
Locais determinados
Decretação: Presidente da República sem autorização prévia do Congresso nacional.
Prazo: 30 dias prorrogáveis por até 30 dias (uma única vez)
Direitos que podem ser suspensos: direito de reunião,sigilo das correspondências, comunicações telegráficas e
telefônicas, prisão somente em flagrante delito ou por ordem judicial, ocupação e uso temporário de bens e
serviços públicos.
Estado de
sítio
Hipóteses:
I – comoção nacional ou ineficácia do estado de defesa
II – guerra
Decretação: Presidente da República com autorização prévia do Congresso nacional.
Prazo: 30 dias prorrogáveis por prazos sucessivos de até 30 cada.
Direitos que podem ser suspensos:
I – obrigação de permanência em locais determinados;
detenção em edifícios não destinados a acusados ou condenados por crimes comuns;
► restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de
informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;
► suspensão da liberdade de reunião;
► busca e apreensão em domicílio;
► intervenção nas empresas de serviços públicos;
► requisição de bens.
II – todos os direitos (em tese)
Intervenção
I – FEDERAL:
– União intervém nos estados ou DF
– Hipóteses: art. 34 CF/88 (LER!)
– Decretação: Presidente da República (de ofício, por solicitação, por requisição ou por provimento do STF)
II – ESTADUAL:
– Estado intervém nos municípios ou União intervém nos municípios em territórios federais)
– Hipóteses: art. 35 CF/88 (LER!)
– Decretação: Governador do Estado (de ofício, por solicitação, por requisição ou por provimento do TJ)
6. DIREITO E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Nossa Constituição Federal garante, em todo o seu corpo, inúmeros Direitos e Garantias
Fundamentais, direitos esses que devem ser observados não apenas por todos nós operadores do
direito, mas, sim, por todas as pessoas, vinculadas ou não ao Poder Judiciário, Administração
Pública, Direta ou Indireta, bem como qualquer cidadão, uma vez que aludidos direitos existem
para fortalecer nossa democracia e impulsionar o desenvolvimento no País.
É de suma importância o cumprimento dos direitos e deveres existentes em nossa Constituição
de 1988, direitos esses que servem de base para nossa nação.
Com receio de que em algumas situações podemos ter o não cumprimento dessa garantias
constitucionais, nossa própria Constituição Federal cuidou de tratar sobre a forma de cumprimento
desses direitos em eventual inobservância dos mesmos.
Daí a importância dos chamados remédios constitucionais, eis que eles servem para dar
efetividade ao cumprimento dos direitos previstos em nossa Constituição Federal, tendo cada
remédio sua peculiaridade e função próprias.
Não podemos deixar de mencionar que, nos termos de nossa Constituição, as normas
definidoras de direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
Dentre inúmeros direitos fundamentais garantidos em nossa Constituição Federal, não podemos
deixar de mencionar a participação democrática dos cidadãos.
Nossa democracia baseou-se na participação do povo, no entanto, referida participação pode
ocorrer de forma direta, nos termos de nossa Constituição Federal, ou de forma indireta, através de
representantes eleitos.
Normalmente, visualizamos a participação do povo de forma indireta, uma vez que escolhemos
nossos representantes que exercem em nosso nome o poder no Legislativo e Executivo, nas esferas
Federal, Estadual e Municipal.
Não obstante, a Constituição de 1988 prevê também algumas situações em que o povo atua
diretamente; assim, manifesta a sua vontade e decide sobre determinado assunto de suma
importância para o País.
Entre essas situações, destacam-se o Plebiscito, o Referendo e a chamada iniciativa popular, o
que nada mais é do que a iniciativa de elaboração de uma lei por parte do cidadão.
Esse exercício direto de participação democrática previsto em nossa Constituição Federal
nada mais é do que uma forma de garantir a efetiva vontade popular, não apenas em assuntos
relevantes, como no exemplo do Plebiscito e Referendo, mas, sim, também na elaboração de leis
ordinárias e complementares no País, leis essas que são de cumprimento obrigatório, nos termos de
nossa Constituição Federal.
Plebiscito e referendo: no tocante ao plebiscito e ao referendo, importante destacar que
ambos são convocados pelo Congresso Nacional, via Decreto Legislativo, para que o povo
manifeste sua vontade sobre determinado assunto considerado de relevante interesse nacional.
A diferença básica entre os dois institutos é que o plebiscito é uma consulta prévia à
população, sobre determinado tema de relevância nacional. Citamos a título de exemplo o
plebiscito nacional em 199316, em que o povo escolheu a Forma Republicana e Sistema de Governo
Presidencialista no Brasil.
Já o referendo é admitido para que o povo aprove determinado assunto já formalizado por
algum dos Poderes, de relevância nacional. Citamos, a título de exemplo, o referendo do
desarmamento no ano de 2005.
Lembre-se
Tanto o plebiscito quanto o referendo são consultas à população sobre determinado assunto relevante.
Ambos são convocados via Decreto Legislativo expedido pelo Congresso Nacional.
O plebiscito é uma consulta prévia ao ato e o referendo uma consulta posterior à elaboração do ato consultado, para referendar ou
ratificar determinado ato, possibilitando sua entrada em vigor.
Iniciativa popular: já com relação à iniciativa popular, trata-se da previsão constitucional de
que uma norma legislativa ordinária ou complementar inicie-se por iniciativa do povo.
Dentre as várias pessoas que possuem legitimidade para dar início ao processo legislativo das
leis ordinárias e leis complementares, que será objeto de estudo pormenorizado no capítulo
referente ao Poder Legislativo, a Constituição de 1988 prevê que este poderá ser inaugurado via
iniciativa do povo; exigem-se, entretanto, critérios para essa iniciativa.
Referido critério, no tocante a projetos de lei federal, nada mais é do que a necessidade desse
projeto de lei ser subscrito por pelo menos 1% do eleitorado nacional, distribuídas as assinaturas
em pelo menos cinco Estados da Federação, com não menos de três décimos por cento dos eleitores
assinando em cada um deles.
Também temos a previsão em nossa Constituição Federal da iniciativa de uma lei municipal
que parta da população local. No entanto, para que isso ocorra, é necessário que referido projeto de
lei municipal seja vontade de pelo menos 5% (cinco por cento) do eleitorado municipal, que o
assinará, nos termos do art. 29, XIII, de nossa Constituição Federal.
Lembre-se
Iniciativa popular no âmbito federal => 1% do eleitorado nacional, dividido em pelo menos cinco Estados da Federação, com não menos
de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles;
Iniciativa popular no âmbito municipal => 5% (cinco por cento) do eleitorado municipal.
Ação popular: outra forma de exercício direto do poder democrático prevista em nossa
Constituição Federal é a chamada ação popular.
A ação popular está prevista no art. 5º, LXXIII, o qual aduz que qualquer cidadão é parte
legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
da sucumbência.
Lembre-se
A ação popular não precisa ser proposta apenas de forma repressiva, sendo possível sua impetração antes da consumação dos efeitos
lesivos do ato praticado, no intuito de se evitar o dano ao patrimônio público ou ao meio ambiente.
Com relação à ação popular, não podemos deixar de mencionar algumas situações bastante
questionadas nos concursos de um modo geral.
A Lei n. 4.717, de 1996, regulamentou o instituto da ação popular, prevendo algumas situações
que merecem maior destaque. Inicialmente, importante mencionar quem possui legitimidade ativa
para a propositura da ação popular. A lei em questão aduz que qualquer cidadão será parte legítima
para pleiteara anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do
Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios. Importante ressaltar que a ação popular não poderá
ser proposta por pessoa jurídica.
A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com
documento que a ele corresponda. Assim, quando falamos qualquer cidadão, leia-se: cidadão,
nacional e eleitor.
Os atos lesivos não são apenas aqueles praticados em face das unidades federativas
supramencionadas, mas podem ser atuar em detrimento das entidades autárquicas, de sociedades de
economia mista, de sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados
ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para
cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por
cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do
Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades
subvencionadas pelos cofres públicos.
Já com relação ao conceito de patrimônio público, a lei em questão menciona que são
considerados os bens e direitos de valor econômico, artístico, estético, histórico ou turístico.
A ação popular deverá ser distribuída no juízo competente de acordo com a origem do ato
impugnado, sendo competente para conhecer da ação, processá-la e julgá-la, o juiz que, de acordo
com a organização judiciária de cada Estado, o for para as causas que interessem à União, ao
Distrito Federal, ao Estado ou ao Município.
Quando o pleito interessar simultaneamente à União e a qualquer outra pessoa ou entidade,
será competente o juízo das causas da União, se houver; quando interessar simultaneamente ao
Estado e ao Município, será competente o juízo das causas do Estado, se houver.
A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações que forem
posteriormente intentadas contra as mesmas partes e sob os mesmos fundamentos. Para a defesa do
patrimônio público, caberá a suspensão liminar do ato lesivo impugnado.
Já com relação ao sujeito passivo da ação popular, esta deverá ser proposta contra as pessoas
públicas ou privadas e contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem
autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissão, tiverem dado
oportunidade à lesão, bem como contra os beneficiários diretos do ato lesivo.
Lembre-se
A ação popular será proposta não apenas contra quem praticou o ato, mas também contra possíveis beneficiados desse ato.
Importante também o papel do Ministério Público nas ações populares, uma vez que o mesmo
atua como fiscal da lei, cabendo-lhe apressar a produção da prova e promover a responsabilidade,
civil ou criminal, dos que nela incidirem, sendo-lhe vedado, em qualquer hipótese, assumir a defesa
do ato impugnado ou dos seus autores.
Qualquer cidadão tem a faculdade de habilitar-se como litisconsorte ou assistente do autor da
ação popular.
O prazo de contestação da ação popular é de 20 (vinte) dias, prorrogáveis por mais 20 (vinte),
a requerimento do interessado, se particularmente difícil a produção de prova documental. A
sentença, quando não prolatada em audiência de instrução e julgamento, deverá ser proferida dentro
de 15 (quinze) dias do recebimento dos autos pelo juiz, sendo certo que a prolação da sentença
além do prazo estabelecido privará o juiz da inclusão em lista de merecimento para promoção,
durante 2 (dois) anos, e acarretará a perda, para efeito de promoção por antiguidade, de tantos dias
quantos forem os do retardamento, salvo motivo justo, declinado nos autos e comprovado perante o
órgão disciplinar competente.
Caso haja desistência da ação ou der motivo à absolvição da instância, é assegurado a
qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério Público, promover o prosseguimento
da ação.
O autor só pagará custas e verbas sucumbenciais na ação popular se litigar de má-fé, sendo
certo ainda que a sentença que julgar procedente a ação popular decretará a invalidade do ato
impugnado e condenará o réu e beneficiados do ato ao pagamento de perdas e danos, ressalvada a
ação regressiva contra os funcionários causadores de dano, quando incorrerem em culpa.
A sentença incluirá sempre, na condenação dos réus, o pagamento, ao autor, das custas e
demais despesas, judiciais e extrajudiciais, diretamente relacionadas com a ação e comprovadas,
bem como o dos honorários de advogado.
A sentença que, apreciando o fundamento de direito do pedido, julgar a lide manifestamente
temerária, condenará o autor ao pagamento do décuplo das custas.
Decorridos 60 (sessenta) dias da publicação da sentença condenatória de segunda instância,
sem que o autor ou terceiro promova a respectiva execução, o representante do Ministério Público a
promoverá nos 30 (trinta) dias seguintes, sob pena de falta grave. A sentença terá eficácia de coisa
julgada oponível erga omnes, exceto no caso de haver sido a ação julgada improcedente por
deficiência de prova; neste caso, qualquer cidadão poderá intentar outra ação com idêntico
fundamento, valendo-se de nova prova.
A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita ao duplo
grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; da que julgar a
ação procedente caberá apelação, com efeito suspensivo.
Das sentenças e decisões proferidas contra o autor da ação e suscetíveis de recurso, poderá
recorrer qualquer cidadão e também o Ministério Público.
Importante ressaltar ainda o prazo prescricional da ação popular que é de 5 (cinco) anos
contados a partir da publicação do ato lesivo ao patrimônio.
Dicas de es tudo
Indicamos a leitura dos arts. 5º e 14 da Constituição Federal.
RESUMO ESQUEMÁTICO
Plebiscito
– Consulta prévia à população sobre determinado tema relevante.
– Convocado por Decreto Legislativo expedido pelo Congresso Nacional.
– Ex.: Plebiscito em 1993 para escolha da forma e do sistema de governo.
Referendo
– Consulta à população para referendar determinado tema relevante.
– Convocado por Decreto Legislativo expedido pelo Congresso Nacional.
Ex.: Referendo no ano de 2005 sobre o Estatuto do Desarmamento.
Iniciativa
popular
– Iniciativa do povo para dar início a um procedimento legislativo.
– Possível no âmbito federal mediante iniciativa de 1% do eleitorado nacional, dividido em pelo menos 05 estados
com não menos que três décimos por cento de eleitores em cada um deles.
– No âmbito municipal é possível com 5% (cinco por cento) do eleitorado municipal.
Ação
popular
– Visa anular ato lesivo ao patrimônio público ou de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.
– O autor fica isento, salvo comprovada má-fé, do pagamento das custas judiciais e do ônus da sucumbência.
– Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos.
– A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita ao duplo grau de jurisdição.
– A ação popular será proposta não apenas contra quem praticou o ato, mas também contra possíveis
beneficiados desse ato.
– A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível erga omnes, exceto no caso de haver sido a ação julgada
improcedente por deficiência de prova.
– O prazo prescricional da ação popular que é de 05 (cinco) anos.
6.1 Direitos e garantias individuais
Um dos temas mais importantes da nossa Constituição Federal refere-se aos direitos e
garantias individuais, uma das cláusulas pétreas nos termos do art. 60, § 4º.
Importante destacarmos os assuntos mais questionados nas provas e concursos de um modo
geral, bem como tecer alguns comentários sobre certas hipóteses previstas no art. 5º da CF, artigo
esse de leitura

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