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Brasília-DF. Interpretação e Implementação da ISo 9001 Elaboração Patrícia Duarte Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7 UNIDADE I INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 ........................................................................................................... 9 CAPÍTULO 1 FAMÍLIA DA NORMA ISO 9000 E PRINCIPAIS ALTERAÇÕES NA REVISÃO DA ISO 9001: 2015 ....... 9 CAPÍTULO 2 SEÇÕES INTRODUTÓRIAS DA ISO 9001 : 2015 .......................................................................... 24 UNIDADE II REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO . 36 CAPITULO 1 CONTEXTO DA ORGANIZAÇÃO (SEÇÃO 4 DA NORMA) E LIDERANÇA (SEÇÃO 5 DA NORMA) 36 CAPÍTULO 2 PLANEJAMENTO (SEÇÃO 6 DA NORMA) E APOIO (SEÇÃO 7 DA NORMA) ................................ 51 UNIDADE III REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES À OPERAÇÃO, DESEMPENHO E MELHORIA ........................ 75 CAPÍTULO 1 OPERAÇÃO (SEÇÃO 8 DA NORMA) ........................................................................................ 75 CAPÍTULO 2 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO (SEÇÃO 9 DA NORMA) E MELHORIA (SEÇÃO 10 DA NORMA) ... 97 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 114 4 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 6 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 Introdução A ISO 9001 tem ênfase em melhoria contínua, necessidade para que as organizações sobrevivam no mercado competitivo. Segundo Maranhão (2001), uma possível explicação sobre a necessidade de melhorias contínuas pode ser proporcionada pela própria natureza. Ou seja, uma propriedade da natureza – a entropia – determina que todos os sistemas tendem, naturalmente, à desorganização, ao envelhecimento, à morte. Não há extensão para essa “lei”. Ela determina que, em algum momento, a vida desaparecerá da fase da Terra, já que a Terra é um sistema, cujos recursos de energia degradam-se continuamente. Aplicando essa “lei” às organizações, que são sistemas, há uma única maneira de preservá- las ou de melhorá-las: investir na preservação de energia, seja recurso humano, seja recurso material. Todo cuidado deve ser tomado quanto ao tipo de energia investida para trazer resultados. É preciso que a energia tenha qualidade, isto é, seja capaz de gerar trabalho útil. A ISO 9001, portanto, auxilia as organizações a serem menos desorganizadas, fazendo com que a “lei” demore mais para ser cumprida. Para isso, ela atua em dois fatores-chave para a desorganização. » Tratamento, apenas, de efeitos gerados pelos problemas. O seu foco é a investigação e a eliminação das suas causas. » Tolerância de pequenos problemas. O foco é tratá-los, para não se tornarem cumulativos. Assim, a organização evita que o problema a cumulativo se torne muito grande a ponto de não ser administrado. Ao final desta disciplina, todos os requisitos necessários para uma organização implementar um sistema de gestão da qualidade baseado na ISO 9001 terão sido analisados, com o objetivo de melhorar continuamente os produtos ou os serviços prestados. Aproveite esta oportunidade e busque a maior quantidade de informações sobre o tema. 8 Objetivos » Interpretar os requisitos da ISO 9001. » Identificar obrigatoriedades da norma. » Identificar as mudanças mais relevantes na revisão 2015. 9 UNIDADE IINTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 CAPÍTULO 1 Família da norma ISO 9000 e Principais alterações na revisão da ISO 9001: 2015 Como a ISO 9001 trata de gestão de qualidade, antes de começarmos a falar sobre a ISO 9001 e sua família, falaremos sobre qualidade. Qualidade O que é qualidade? Existe uma definição única? Na verdade, não existe uma definição única para qualidade, se você perguntar para seus amigos, familiares, colegas de trabalho, o que consideram como qualidade ao adquirir um produto ou serviço, cada pessoa provavelmente terá uma visão diferente, uns dirão que é o preço baixo, outra funcionalidade, outra beleza etc. Este comentário também é defendido pela American Society for Quality (ASQ) que define qualidade. A seguir, será apresentada a definição de qualidade segundo a ISO 9000: 2015 destacando essa definição em função dessa norma, sendo que esta norma prover os conceitos fundamentais, princípios e vocabulário para Sistemas de Gestão da Qualidade (SGQ) e prove os fundamentos para outras normas de SGQ com um termo subjetivo no qual cada pessoa tema sua própria definição. Entre os pensadores de qualidade também não existe uma definição única, conforme poderá ser observado na tabela 1. 10 UNIDADE I │INTRODUÇÃO A ISO 9001 Tabela 1. Qualidade definida por especialistas. Base das Definições Especialistas Definições Consumidores Deming (The Meaning of Quality, 1968). Qualidade consiste na capacidade de satisfazer vontades/desejos. Juran (Juran’s Quality Control Handbook, 1988). Qualidade é adequação ao uso. Manufaturabilidade e no atendimento do serviço Crosby (Quality is free,1979). Qualidade significa conformidade aos requerimentos, ou seja, defeito zero. Valores Feigenbaum (Total Quality Control, 1983) Qualidade é o grau no qual um produto é conforme ao seu desenho ou especificação, ou seja, o compromisso com a excelência. Taguchi (Introduction to Quality Engineering, 1986). Qualidade consiste em minimizar as perdas causadas pelo produto não apenas ao cliente, mas à sociedade, a longo prazo. Fonte: Autora com base Katen e Hoss (n.d.) “Grau em que um conjunto de características inerentes de um objeto satisfaz requisitos.” (ISO 9000:2015) Sendo, segundo a ISO 9000: 2015: Grau: categoria ou classificação dada a diferentes requisitos para um objeto tendo o mesmo uso funcional. Exemplo: classe do tíquete da companhia aérea e categoria do hotel no folheto do hotel. Característica: propriedade diferenciadora. Pode ser inerente ou atribuída e pode ser qualitativa ou quantitativa. Existem várias classes de características, como as seguintes: físicas (por exemplo, características mecânicas, elétricas, químicas ou biológicas); sensoriais (por exemplo, relacionadas como olfato, tato, paladar, visão, audição); comportamentais (por exemplo, cortesia, honestidade, veracidade); temporais (por exemplo, pontualidade, confiabilidade, disponibilidade, continuidade); ergonômicas (por exemplo, características fisiológicas relacionadas à segurança humana); funcionais ( por exemplo, velocidade máxima de um avião) Objeto: qualquer coisa perceptível ou concebível. Exemplo: produto, serviço, processo, pessoa, organização, sistema, recurso. Objetos podem ser materiais (por exemplo: um motor, uma folha de papel, um 11 INTRODUÇÃO A ISO 9001│ UNIDADE I diamante) imateriais (por exemplo: taxa de conversão, plano de um projeto) ou imaginado (por exemplo: estado futuro da organização). Requisito: necessidade ou expectativa que é declarada, geralmente implícita ou obrigatória. Sendo: » “Geralmente implícita” significa que é costume ou prática comum para a organização e partes interessadas que a necessidade ou expectativa sob consideração este já implícita. » Um requisito especificado é aquele que é declarado, por exemplo, em informação documentada. » Um qualificador pode ser usado para indicar um tipo específico de requisito, por exemplo, requisito do produto, requisito de gestão da qualidade, requisito do cliente, requisito da qualidade. » podem ser gerados pelas diferentes partes interessadas ou pela organização propriamente dita. Foi dito que os requisitos são gerados por diferentes partes interessadas ou pela organização, sendo assim eles podem ser divididos: » Requisitos estatuários: requisitos obrigatórios especificados por um órgão legislativo. » Requisitos regulamentares: requisitos obrigatórios especificados por uma autoridade com mandato de um órgão legislativo. » Requisitos da empresa: normas, procedimentos, politicas da empresa que quem ser atendidas. » Requisitos do cliente: que se dividem em: › explícitos que são o cliente fala para você, está escrito em um contrato por exemplo; › implícitos são os que o cliente não fala, mas que senão forem atendidos o cliente sairá insatisfeito, mesmo que todos os requisitos explícitos sejam atendidos. 12 UNIDADE I │INTRODUÇÃO A ISO 9001 Para ajudar no entendimento, vamos dar um exemplo: uma viagem de avião Rio de Janeiro X São Paulo. Requisitos explícitos: agora que já falamos sobre o conceito de qualidade avalie os dois produtos e diga qual tem mais qualidade e porque, considere que os dois produtos atendem ao seu uso funcional que é informar as horas. Por exemplo, trecho, horário, dia... Requisitos implícitos: por exemplo, pontualidade, cortesia da tripulação, estado de conservação da aeronave, comida servida durante o voo Então, mesmo que todos os requisitos explícitos forem compridos se um requisito implícito não for, por exemplo, cortesia da tripulação, o cliente ficará insatisfeito. Foi falado que os requisitos são gerados por diferentes partes interessadas. Quem seriam estas partes interessadas (stakeholders)? Primeiro vamos ao conceito de parte interessada segundo a ISO 9000: 2015 é uma “pessoa ou organização que pode afetar, ser afetada ou se perceber afetada por uma decisão ou atividade”. Figura 1. Exemplo de dois relógios. Fonte: Autora. Outro ponto importante apresentado pela ISO 9000: 2015 é que devem ser consideradas todas as partes interessadas pertinentes, mas o que seriam essas partes interessadas pertinentes? As partes interessadas pertinentes são aquelas que fornecem risco significativo para a sustentabilidade organizacional se as suas necessidades e expectativas não forem atendidas. Organizações definem quais resultados são necessários prover às partes interessadas pertinentes para reduzir esse risco. Para seu sucesso, 13 INTRODUÇÃO A ISO 9001│ UNIDADE I as organizações atraem, capturam e retêm o apoio das partes interessadas das quais dependem. (ISO 9000:2015) Se sua resposta foi que os dois relógios têm qualidade, você está correto, o que vai definir qual é o “mais adequado” são os requisitos que foram estabelecidos, tais como, tecnologia, preço, designer, beleza etc. Agora que já falamos sobre qualidade, começaremos a tratar da ISO 9000 e sua família. Família da norma ISO 9000 A sigla ISO refere-se a Internacional Organizativo for Standardization, organização não governamental fundada em 1947, em Genebra, presente, hoje, em cerca de 157 países. A sua função é a de promover a normatização de produtos e de serviços, para que a qualidade deles seja permanentemente melhorada. O objetivo da ISO, segundo Maranhão (2001), É fixar normas técnicas essenciais de âmbito internacional, para evitar abusos econômicos ou tecnológicos dos países mais desenvolvidos sobre os países menos desenvolvidos. A proteção é proporcionada por intermédio de uma regra que valha para todos. Essa regra é, exatamente, a série de Normas Técnicas ISO, cuja coletânea abrange vários campos do conhecimento humano. Essa família de normas estabelece requisitos que auxiliam a melhoria dos processos internos, a maior capacitação dos colaboradores, o monitoramento do ambiente de trabalho, a verificação da satisfação dos clientes, dos colaboradores e dos fornecedores, em um processo contínuo de melhoria do SGQ. Aplicam-se a campos tão distintos quanto materiais, produtos, processos e serviços. A adoção das normas ISO é vantajosa para as organizações, uma vez que lhes confere maior organização, produtividade e credibilidade, elementos facilmente identificáveis pelos clientes, aumentando sua competitividade nos mercados nacional e internacional. Os processos organizacionais precisam ser verificados por meio de auditorias externas independentes. 14 UNIDADE I │INTRODUÇÃO A ISO 9001 Quando surgiram as normas referentes à qualidade? A preocupação com a qualidade é uma questão atual? Desde os seus primórdios, a industrialização levantou questões relativas à padronização, ao gerenciamento de processos e à qualidade dos produtos. No início do século XX, destacaram-se os estudos de Frederick Taylor,visando a racionalizar as etapas de produção, aproveitados com sucesso por Henry Ford, que implantou a linha de montagem. A padronização internacional começou pela área eletrotécnica, com a constituição, em 1906, da IEC (International Electrotechnical Commission). O seu exemplo foi seguido em 1926, com o estabelecimento da ISA (International Federation of the National Standardizing Associations), com ênfase na engenharia mecânica. As atividades da ISA cessaram em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial. Nessa época, as empresas britânicas de alta tecnologia, nomeadamente as de produção de munições, registravam inúmeros problemas com a qualidade de seus produtos, o que ocasionava sérios acidentes com perda de vidas e de patrimônio. O governo passou, então, a solicitar aos seus fornecedores procedimentos de fabricação conforme normas registradas por escrito, visando a garantir que esses procedimentos fossem seguidos. A norma tinha a designação “BS 5750” e ficou conhecida como norma de gestão, uma vez que não, apenas, especificava como produzir, mas também como gerenciar o processo de produção. Com o final do conflito, em 1946, representantes de 25 países reuniram-se em Londres e decidiram criar uma nova organização internacional, com o objetivo de “facilitar a coordenação internacional e a unificação dos padrões industriais”. A nova organização, a Organização Internacional para Padronização, iniciou, oficialmente, suas operações em 23 de fevereiro de 1947, com sede em Genebra, na Suíça. Essas normas tinham como principal objetivo o tratamento de questões localizadas, tais como as normas para a padronização de produtos (por exemplo, a padronização de terminais de um motor ou de dispositivo elétrico), para materiais (por exemplo, a fixação de propriedades de aço para a construção civil) ou para serviços (por exemplo, os procedimentos para tráfego aéreo). (MARANHÃO, 2001). Com base em experiências pioneiras na atividade nuclear, a partir de 1959, o Departamento de Defesa dos EUA passou a exigir que os fornecedores das forças 15 INTRODUÇÃO A ISO 9001│ UNIDADE I armadas americanas possuíssem programas de qualidade, por meio da adoção da MIL STD Q-9858 (Quality Program Requirements) – Requisitos de Programas de Garantia de Qualidade. Além disso, a Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN desenvolveu grande esforço de normalização, para proporcionar confiabilidade e eficácia à imensa quantidade de material bélico comprada por aquela organização, proveniente de todas as partes do mundo. Como resultado, surgiram as normas AQAP (Allied Quality Assurance Procedures) – Procedimentos de Garantia da Qualidade da OTAN). Em 1979, a Inglaterra publicou a série de normas BS 5750, que eram uma evolução dos AQAP, para aplicação limitada ao Reino Unido, mas estendida às atividades não militares. Com o aumento da globalização na década de 1980, cresceu a necessidade de adoção de normas internacionais, nomeadamente, a partir da criação da União Europeia. Conforme Seddon, “em 1987, o governo britânico persuadiu a Organização Internacional para Padronização – ISO a adotar a BS 5750 como uma norma padrão internacional. A BS 5750 tornou- se a ISO 9000.” Os gigantes econômicos também começaram a adotar as normas. Nos Estados Unidos, ela recebeu os nomes de ANSI/ASQCQ90/Q91/Q92/Q93/Q94 – Normas Americanas/ Normas da Associação Americana de Controle da Qualidade. A versão 1987 da ISO série 9000 cumpriu seu papel, universalizando a adoção dessas normas e segundo Mello et.al (2002) “desde de sua primeira publicação, em 1987, ela tem obtido reputação mundial como a base para o estabelecimento de sistemas de gestão da qualidade. ” Em 1994, ano da primeira revisão, os 73 países de maior Produto Interno Bruto – PIB do mundo a adotaram como norma nacional. A versão 1994 não teve caráter estrutural que o mercado requeria. Essa deficiência motivou o Comitê Técnico 176 da ISO, responsável pelo assunto gestão da qualidade, a desencadear um intenso e profundo trabalho de revisão da série 9000, publicado no ano 2000. Essa norma surgiu para solucionar as dificuldades da série de normas anterior. Combinava as 9001, 9002 e 9003 em uma única versão, a 9001:2000. O que esta norma tem de diferente das anteriores, é que, antes, os processos de projeto e de desenvolvimento eram requeridos, apenas, para empresas que, de fato, investiam 16 UNIDADE I │INTRODUÇÃO A ISO 9001 na criação de novos produtos, inovando ao estabelecer o conceito de “controle de processo” antes e durante o processo. A nova versão exigia, ainda, o envolvimento da gestão, para promover a integração da qualidade internamente na própria organização, definindo um responsável pelas ações da qualidade. Adicionalmente, pretendia-se melhorar o gerenciamento de processos por meio de aferições de desempenho e pela implementação de indicadores para medir a efetividade das ações e das atividades desenvolvidas. Outra mudança foi a introdução da visão de foco no cliente. Anteriormente, o cliente era visto como externo à organização e, doravante, passava a ser percebido como integrante do sistema da organização. A qualidade, desse modo, passava a ser considerada como uma variável de múltiplas dimensões, definida pelo cliente, por suas necessidades e por seus desejos. Além disso, não eram considerados como clientes apenas os consumidores finais do produto, mas todos os envolvidos na cadeia de produção. Em 2005, surgiu a norma ISO 9000: 2005, descrevendo os fundamentos de sistemas e definindo os termos a ela relacionados. Podemos dizer que, de forma geral, a mudança que a ISO 9001: 2000 trouxe foi a ênfase em melhorias contínuas de gestão da qualidade, que, no Brasil, constituem o objeto da família ABNT NBR ISO 9000. É aplicável a organizações que buscam vantagens pela implementação de um SGQ; a organizações que buscam a confiança nos seus fornecedores de que os requisitos de seus produtos serão atendidos; a usuários dos produtos; àqueles que têm interesse no entendimento mútuo da terminologia utilizada na gestão da qualidade (por exemplo: fornecedores, clientes, órgãos reguladores); àqueles, internos ou externos à organização, que avaliam o SGQ ou o auditam, para verificar a conformidade com os requisitos da ABNT NBR ISO 9001 (por exemplo: auditores, órgãos regulamentadores e organismos de certificação); àqueles, internos ou externos à organização, que prestam assessoria ou treinamento sobre o SGQ adequado à organização; e a grupos de pessoas que elaboram normas correlatas. Em 2008, foi publicada uma nova versão da norma ISO 9001. Essa nova versão foi elaborada para apresentar maior compatibilidade com a família da ISO 14000 (gestão ambiental), e as alterações realizadas trouxeram maior compatibilidade para as suas traduções, e consequentemente, um melhor entendimento e uma melhor interpretação de seu texto. Em 2015, foi elaborada uma nova versão das ISOs 9000 (Sistemas de gestão da qualidade — Fundamentos e vocabulário) e 9001 (Sistemas de gestão da qualidade — Requisitos). No Brasil foram elaboradas no Comitê Brasileiro da Qualidade (ABNT/ 17 INTRODUÇÃO A ISO 9001│ UNIDADE I CB-025), pela Comissão de Estudo de Terminologia (CE-025:000.001 para 9000 e CE- 025:000.002 para 9001). Os Projetos circularam em Consulta Nacional conforme edital nº 8, de 17.8.2015 a 15.9.2015. A Figura 2 apresenta as revisões da ISO apresentados anteriormente. Figura 2. Revisão da ISO. Fonte: Farmacêuticas (2015). Atualmente, as normas da família ISO 9000 estão estruturas conforme a tabela 2. Tabela 2. Série de normas ISO 9000. NÚMERO TÍTULO FINALIDADE NBR ISO 9000 Sistemas de Gestão da Qualidade – Fundamentos e Vocabulário. Estabelecer os fundamentos e o vocabulário da qualidade. NBR ISO9001 Sistemas de Gestão da Qualidade – Requisitos. Especificar os requisitos de sistema de gestão da qualidade para uma organização produzir produtos conformes e obter satisfação dos clientes. É a única norma de natureza contratual da série 9000. NBR ISO 9004 Sistemas de gestão da qualidade – Diretrizes para melhorias de desempenho. Prover guia para sistemas de gestão da qualidade, incluindo melhorias contínuas, para satisfação dos clientes e outras partes interessadas. NBR ISO 19011 Diretrizes para auditoria de sistemas de gestão da qualidade e gestão ambiental. Prover requisitos e diretrizes para processos de auditorias (SGQ/SGA). Fonte: Maranhão (2001). Na tabela 2, é dito que a norma ISO 9001 é a única da família de natureza contratual. O que significa esse comentário? É quando existem pelo menos dois agentes interessados: o cliente, para o qual é destinado o produto, e a organização, que fabrica intermedia ou vende o produto, na relação imediata com o cliente. Nas outras três normas da família, não existem este tipo de relação. Nesta disciplina trataremos, apenas, da ISO 9001:2015 e apresentaremos as mudanças mais relevantes com relação a versão anterior (2008). 18 UNIDADE I │INTRODUÇÃO A ISO 9001 Principais alterações na revisão da ISO 9001: 2015 A estrutura de seções e algumas das terminologias da ISO 9001:2015, em comparação com a edição anterior (ISO 9001:2008), foram alteradas para melhorar o alinhamento com outras normas de sistemas de gestão. Essas alterações foram feitas com o objetivo de apresentar de forma coerente os requisitos, em vez de um modelo para documentar as políticas, objetivos e processos de uma organização. Não há requisito para os termos usados por uma organização serem substituídos pelos termos usados nesta Norma para especificar requisitos de SGQ. Organizações podem escolher usar termos apropriados para suas operações (por exemplo, usar “registros”, “documentação” ou “protocolos” em vez de “informação documentada”; ou “fornecedor”, “parceiro” ou “vendedor”, em vez de “provedor externo”). ISO 9001: 2015 A tabela 3 mostra as principais diferenças em terminologia entre a ISO 9001:2008 e a edição anterior. Tabela 3. Principais Diferenças em Terminologia entre ABNT NBR ISO 9001:2008 e a ABNT NBR ISO 9001:2015. ID ABNT NBR ISO 9001:2008 ABNT NBR ISO 9001:2015 1 Produtos Produtos e serviços 2 Exclusões Não usado 3 Representante da Direção Não usado 4 Documentação, Manual da Qualidade, Procedimentos Documentados, Registros. Informação Documentada. 5 Ambiente de Trabalho. Ambiente para Operação de Processos. 6 Equipamento de Monitoramento e Medição. Recursos de Monitoramento e Medição. 7 Produto Adquirido. Produtos e Serviços providos externamente. 8 Fornecedor. Provedor Externo. Fonte: ISO 9001: 2015. 1. Na ISO 9001: 2008 era usado o termo “produto” para incluir todas as categorias de saídas, materiais, máquinas, ferramentas etc., serviços, software e materiais processados, portanto quando falávamos em produto, estávamos falando também em serviços. Na ISO 9001: 2015 foi incluído o termo serviços junto com produtos, que agora incluem todas as categorias de saídas mencionadas. A inclusão específica de “serviços” tem a intenção de enfatizar as diferenças entre produtos e serviços na aplicação de alguns requisitos. A 19 INTRODUÇÃO A ISO 9001│ UNIDADE I característica de serviços é que pelo menos parte da saída é realizada na interface com o cliente. Isso significa, por exemplo, que a conformidade com requisitos não pode necessariamente ser confirmada antes da entrega do serviço. ISO 9001:2015. 2. Nesta versão da norma não há referência as exclusões em relação à aplicabilidade dos seus requisitos ao SGQ da organização diferentemente da versão anterior (2008) em que exclusões eram referenciadas sendo que só poderiam ser aceitas se fossem limitadas aos requisitos contidos na seção 7 e que não afetassem a capacidade ou a responsabilidade da organização de fornecer produtos que atendessem aos requisitos dos clientes e os requisitos regulamentares aplicáveis. Mas, no caso da versão atual, é permitido: A organização analisar criticamente a aplicabilidade de requisitos devido ao porte ou complexidade da organização, ao modelo de gestão que ela adota, à variedade das atividades da organização e à natureza dos riscos e oportunidades que ela encontra. (ISO 9001: 2015) Os requisitos mencionados pela Norma são os apresentados na seção 4.3 (Determinando o escopo do SGQ) onde são definidas condições sob as quais uma organização pode decidir que não é possível aplicar um requisito a qualquer dos processos de seu SGQ. Sendo que essa decisão só pode ser tomada se não resultar em falha em alcançar conformidade. 3. Na ISO 9001: 2008 o requisito 5.5.2 tratava do Representante da Direção (RD) que também era chamado de Representante da Administração (RA), que era a maior autoridade do SGQ. Sendo que neste requisito eram definidas as responsabilidades e autoridades desse representante com relação ao sistema de gestão independente de outras responsabilidades. Já na ISO 9001: 2015 as Responsabilidades e autoridades similares são atribuídas, mas não há requisito para um único representante da direção. 4. Na ISO 9001: 2015 como parte do alinhamento com outras normas de sistema de gestão, foi criada uma seção comum sobre “informação documentada” sem alteração ou acréscimo significativo (requisito 7.5). Agora “informação documentada” é usada para todos os requisitos de documento, sendo os termos da ISO 9001:2008 substituídos por um verbo mais informação documentada. 20 UNIDADE I │INTRODUÇÃO A ISO 9001 Figura 3. Alteração dos termos de documento da ISO 9001:2008 para ISO 9001:2015. Fonte: Autora. A organização é responsável por determinar qual informação documentada precisa ser retida, além das definidas pela Norma, onde está escrito “reter informação documentada”, o período de tempo pelo qual ela deve ser retida e o meio a ser usado para sua retenção. Um requisito para “manter” informação documentada não exclui a possibilidade de que a organização possa também precisar “reter” essa mesma informação documentada para um propósito particular, por exemplo, reter versões anteriores dela. Onde esta Norma se refere a “informação” em vez de “informação documentada” (por exemplo, em 4.1: “A organização deve monitorar e analisar criticamente informação sobre essas questões externas e internas”), não há requisito para que essa informação seja documentada. Nessas situações, a organização pode decidir se é ou não necessário ou apropriado manter informação documentada. 1. Na ISO 9001:2008 a organização deveria ter um ambiente necessário para alcançar a conformidade de produtos, na ISO 9001:2015 mante-se essa necessidade, mas o ambiente também deve ser necessário para a operação de seus processos. 2. Na ISO 9001:2015 ocorreu a substituição do termo Equipamento de Monitoramento e Medição por Recursos de Monitoramento e Medição, o que tornou mais abrangente, já que equipamento é um tipo de recurso. 3. Na ISO 9001:2015 ocorreu a substituição do termo Produto adquirido por Produtos e Serviços Providos Externamente em ambos os casos se tratam de produtos e serviços comprados de um fornecedor, um arranjo 21 INTRODUÇÃO A ISO 9001│ UNIDADE I com uma companhia associada e processos de terceirização para um provedor externo. 4. Na ISO 9001:2015 foi substituído o termo fornecedor por provedor externo, segundo a ISO 9000:2015 provedor externo é sinônimo de fornecedor externo. E a definição segunda esta norma é provedor que não pertence à organização ex.: Produtor, distribuidor, varejista ou vendedor de um produto ou de um serviço. Houveram também alteraçõesnas clausulas e nos requisitos, a Tabela 4 apresenta essas mudanças. Tabela 4. Visão Geral das Mudanças por Número de Cláusula. Cláusula Requisito Cláusula 4 A introdução de um requisito para entender o “Contexto da Organização” bem como as expectativas das partes interessadas, e como isso impacta nos objetivos do sistema, que é para atingir a satisfação dos clientes. Cláusula 5 Liderança inclui a maioria dos requisitos de “responsabilidade gerencial” existentes. Cláusula 6fazer Maior ênfase no “Planejamento”, que foca na identificação dos riscos e oportunidades e como elas impactam no escopo do sistema. Isto elimina a necessidade de ações preventivas como definido na versão 2008, mas inclui requisitos fortalecidos para o gerenciamento de riscos. Cláusula 7 “Suporte” inclui a maior parte dos requisitos na Cláusula 6 anterior – gerenciamento de recursos, mas gerencia “conhecimento organizacional” Cláusula 8 “Operações” substitui a anterior “Cláusula 7 – realização de produtos”, mas contém a maior parte dos requisitos prévios. A intenção é tornar isto mais relevante ao setor de serviços. Cláusula 9 “Avaliação de Performance” substitui a antiga cláusula 8 e elimina a necessidade de ações preventivas, que agora é englobada na cláusula 6, planejamento. Cláusula 10 Aumenta o foco em “melhorias” e inclui não conformidade e ações corretivas, previamente contidas na cláusula 8. Fonte: BSI, n.d. E se uma organização é certificada pela ISO 9001:2008, é obrigada a fazer a transição para 2015? Se sim, essa transição deve ser imediata? Para que a certificação tenha uma validade continuada, as organizações que foram certificadas pela versão 2008 precisam atualizar seus sistemas de gestão para a nova versão antes do final do período de transição de três (3) anos após a publicação da norma ─ versão em inglês (setembro de 2018). A partir desta data a norma antiga deixará de ser reconhecida e todos os certificados acreditados de acordo com a antiga norma serão invalidados e cancelados e as organizações certificadas pela versão 2008 que não fizerem a transição terão que começar um novo ciclo de certificação. Caso sejam emitidos certificados ISO 9001:2008 após a publicação da norma revisada terão a data de validade de setembro de 2018. A Figura 4 apresenta o cronograma da transição da ISO 9001:2015. 22 UNIDADE I │INTRODUÇÃO A ISO 9001 Figura 4. Cronograma da Transição da ISO 9001:2015. Cronograma da Transição da ISO 9001:2015. Período Final para Validade da Certificação na Versão Período Inicial para Emissão da Certificação na Versão Publicação da Quinta Edição da ISO 9001 Acreditação do Organismo de Certificação Inicio do Período da Auditoria de Transição Reunião do Comitê ISO 9001 Período de Qualificação dos Auditores Fonte: Grupo Verde Ghaia (2015). Então, para as organizações certificadas pela ISO 9001:2008 Tavares (2015) recomenda que a organização comece a verificar as mudanças na nova revisão o mais rapidamente possível buscando uma transição adequada para isso pode ter como base as recomendações de ações do IAF ID 9:2015: 1. identificar lacunas organizacionais que necessitam ser tratadas para atender os novos requisitos; 2. desenvolver um plano de implementação; 3. providenciar treinamento apropriado e conscientização para todas as partes que têm impacto em sua efetividade na organização; 23 INTRODUÇÃO A ISO 9001│ UNIDADE I 4. atualizar o SGQ existente para atender os requisitos revisados e prover a verificação da efetividade; 5. manter contato com a certificadora para acordar a transição através do agendamento da auditoria de migração, que pode coincidir com as auditorias de manutenção ou recertificação após a publicação da norma (versão inglês), obedecendo o período de transição de três anos. Caso, queira saber mais sobre o processo de transição o International Accreditation Forum (IAF) disponibiliza para consulta o IAF ID 9:2015 - Transition Planning Guidance for ISO 9001: 2015 no site, disponível em: <http://www.iaf. nu/articles/Informative_Documents/32>, documento que fornece orientações. 24 CAPÍTULO 2 Seções Introdutórias da ISO 9001 : 2015 Informações sobre Requisitos da Norma No capítulo anterior, foi apresentado o conceito de requisitos segundo a ISO 9000: 2015, a seguir serão apresentados mais alguma informações importantes a respeito destes. Segundo Holanda Ferreira (2000), “requisito é a condição legal exigida para certo fim ou objetivo”. Segundo Barbará (2008), “ao usarmos a norma ISO 9000: 2008, temos de ter em mente duas coisas fundamentais. » as necessidades dos clientes, que são representadas pelos requisitos; » a satisfação dessas necessidades, que, logicamente, podem ser vistas como o saneamento, o cumprimento, a solução de problemas representados pelos requisitos dos clientes. Fica claro a importância dos requisitos e da satisfação das partes interessadas, quanto maior o cumprimento dos requisitos, maior a satisfação, ou seja, a satisfação é uma função dos requisitos. Observa-se que Barbará foca na satisfação do cliente e no parágrafo anterior foi falado em partes interessadas. Este fato acontece em função de barbará tratar da ISO 9001: 2008 em que se focava na satisfação do cliente já na revisão da norma (2015) se fala em satisfação das partes interessadas como mostrado no capítulo anterior, como este material se baseia na norma revisada, será considerado satisfação das partes interessadas. Assim, nesta unidade (neste capítulo) apresentaremos os requisitos introdutórios na próxima unidade, trataremos dos demais requisitos que compõem a ISO 9001:2015, na forma a seguir discriminada. » Capítulo 3: Contexto da Organização (Seção 4 da Norma); Liderança (Seção 5 da Norma) e Planejamento (Seção 6 da Norma). » Capítulo 4: Apoio (Seção 7 da Norma) e Operação (Seção 8 da Norma). 25 INTRODUÇÃO A ISO 9001│ UNIDADE I » Capítulo 5: Avaliação de Desempenho (Seção 9 da Norma) e Melhoria (Seção 10 da Norma). Antes de apresentarmos os requisitos da norma, seguem, abaixo, algumas dicas, para facilitar na interpretação dela: » Nesta norma três formas verbais são empregadas tendo os seguintes significados: » DEVE: indica um requisito (é obrigatório ─ seu atendimento); » É conveniente que: indica uma recomendação; » Pode: indica permissão/possibilidade ou capacidade; » Quando existirem as expressões quando aplicável, se necessário, mesmo junto com o verbo deve, só será obrigatório, se a organização julgar como aplicável e necessário. Mas, a decisão da organização deve estar explícita. » Deve-se sempre ler as notas que aparecem em alguns finais de textos de requisitos. » A norma nunca diz o como fazer e sim o que deve ser feito, cabe a cada organização definir os métodos de execução. » Ao verificar se um requisito da norma está sendo atendido ou não, sempre deve se basear em fatos, nunca em deduções, sempre buscando evidências objetivas que comprovem ou não este atendimento. Acima foi usado o termo evidência objetiva, você sabe o significado? Segundo a ISO 9000: 2015 são “dados que apoiam a existência ou a veracidade de alguma coisa, pode ser obtida por meio de observação, medição, ensaio ou outros meios”. A seguir será apresentado um texto com algumas questões para julgar se é fato ou dedução. Frequentemente, no final é observado que a maioria das pessoas estão acostumadas a deduzirem sem perceberem. 26 UNIDADE I │INTRODUÇÃO A ISO 9001 Fato ou dedução? Fonte: BVQI (2007) Darci, um comprador da Empresa XYZ, às 11:00 horas recebeu convocação para uma reunião no escritório do João, para discutir os termos de um grande pedido. No caminho para esse escritório, o comprador escorregou no chão recém encerado,e como resultado machucou gravemente a perna. Quando João foi informado do acidente, Darci estava a caminho do hospital para tirar radiografia. João telefonou para o hospital para saber notícias, mas ninguém parecia saber nada a respeito do Darci. É possível que João tenha telefonado para o hospital errado. Depois de ter lido o parágrafo acima, por favor, classifique cada uma das seguintes afirmações como “fato” ou “dedução”, conforme quadro 5. Utilize o seguinte como definições: Fato: é uma afirmação facilmente verificável através da confirmação do cliente; Dedução: é uma afirmação a respeito do desconhecido baseado naquilo que é conhecido. Tabela 5. Afirmações, fato e dedução. AFIRMAÇÃO FATO DEDUÇÃO Darci é um comprador Darci deveria se reunir com João Darci tinha uma reunião marcada para as 11 horas O acidente ocorreu na Empresa XYZ Darci foi levado ao hospital para fazer uma radiografia Ninguém no hospital para onde João ligou sabia qualquer coisa a respeito do Darci João tinha telefonado para o hospital errado Fonte: BVQI (2007). Resposta: Fato: Darci é um comprador Dedução: Darci deveria se reunir com João – no texto diz escritório do João e não com João. 27 INTRODUÇÃO A ISO 9001│ UNIDADE I Darci tinha uma reunião marcada para as 11 horas – no texto diz que ele foi convocado as 11:00, mas não diz que horas era a reunião. O acidente ocorreu na Empresa XYZ ─ o texto diz que o acidente foi no caminho para o escritório. Darci foi levado ao hospital para fazer uma radiografia ─ o texto diz que Darci estava a caminho do hospital para tirar radiografia e não que ele foi levado por alguém Ninguém no hospital para onde João ligou sabia qualquer coisa a respeito do Darci ─ o texto diz que, mas ninguém parecia saber nada a respeito do Darci e não que ninguém sabia João tinha telefonado para o hospital errado ─ o texto diz que é possível que João tenha telefonado para o hospital errado, não afirma que ele telefonou. E aí como se saiu? É muito comum as pessoas considerarem a maioria das informações como fatos, mas na verdade são deduções de acordo com os conhecimentos que temos. Com a Norma acontece a mesma coisa, temos que nos basear sempre em evidências objetivas. Fique atento! Seções introdutórias da Norma Serão apresentados os pontos considerados mais importantes da parte introdutória da Norma ISO 9001. Eles não possuem requisitos, mas são muito relevantes, já que esclarecem a intenção da Norma. Introdução É dividida em quatro subitens: generalidades, princípios de gestão da qualidade, abordagem de processo, relacionamento com outras normas de sistemas de gestão. Generalidades (Seção 0.1 da Norma) A adoção de um SGQ é uma decisão estratégica para uma organização que pode ajudar a melhorar seu desempenho global e a prover uma base sólida para iniciativas de desenvolvimento sustentável. A maioria dos usuários obtém logo benefícios mensuráveis no processo de desdobramento dos requisitos da norma em suas operações. Esses 28 UNIDADE I │INTRODUÇÃO A ISO 9001 benefícios iniciais são geralmente devidos a melhorias na organização e na comunicação interna. Os benefícios devem ser reforçados por meio de auditoria interna eficaz e análise pela direção do desempenho do sistema. Segundo Mello, et. al. (2002) A ISO 9001:2015 apresenta uma lista de benefícios potenciais que uma organização obtém ao implementar um sistema de gestão baseado nesta Norma, sendo eles: » a capacidade de prover consistentemente produtos e serviços que atendam aos requisitos do cliente e aos requisitos estatutários e regulamentares aplicáveis; » facilitar oportunidades para aumentar a satisfação do cliente; » abordar riscos e oportunidades associados com seu contexto e objetivos; » a capacidade de demonstrar conformidade com requisitos especificados de sistemas de gestão da qualidade. Além desses benefícios podemos citar a questão do melhor desempenho comercial já que uma empresa certificada pela ISO 9001 tem a imagem para o mercado como uma empresa que se preocupa com a forma como é vista pelos clientes, que deseja melhorar continuamente, que é comprometida com os padrões internacionais e está aberta a novas oportunidades. Assim ao se aliar a certificação ao marketing a empresa se torna mais competitiva. Esta seção também diz sobre não ser sua intenção induzir a necessidade de: » uniformidade na estrutura de diferentes sistemas de gestão da qualidade; » alinhamento de documentação à estrutura de seções desta Norma; » uso de terminologia específica desta Norma na organização. Outro ponto a destacar nessa seção é que esta Norma pode ser usada por partes internas (própria organização) ou externas, incluindo organismos de certificação. E finalmente, ela emprega a abordagem de processo, que incorpora o ciclo do PDCA e a mentalidade de risco, sendo que este último foi incluído na revisão da norma (2015). Estes assuntos serão apresentados posteriormente neste mesmo capítulo. Atender consistentemente a requisitos e abordar necessidades e expectativas futuras constitui um desafio para organizações em um ambiente progressivamente dinâmico e complexo. Para alcançar esse objetivo, a organização pode considerar necessário adotar 29 INTRODUÇÃO A ISO 9001│ UNIDADE I várias formas de melhoria, além de correção e melhoria contínua, como mudança de ruptura, inovação e reorganização. Princípios de Gestão da Qualidade (Seção 0.2 da Norma) Esta Norma é baseada nos princípios de gestão da qualidade descritos na ISO 9000: 2015. As descrições incluem a declaração de cada princípio, a justificativa do por que o princípio é importante para a organização, alguns exemplos de benefícios associados ao princípio e exemplos de ações típicas para melhorar o desempenho da organização quando aplicar o princípio. Os princípios eram oito antes da revisão 2015 e passaram para sete ocorreu uma junção dos princípios 4 e 5 como pode ser visto. Tabela 6. Princípios da qualidade ISO 9001: 2008 e ISO 9001: 2015. ISO 9001: 2008 ISO 9001: 2015 Foco no cliente Foco no cliente Liderança Liderança Envolvimento das Pessoas Engajamento das Pessoas Abordagem de Processo Abordagem de Processo Abordagem de Sistemas para a Gestão Melhoria Contínua Melhoria Abordagem Factual para Tomada de Decisão Tomadas de Decisão com Base em Evidências Relação Mutuamente Benéfica com Fornecedores Gestão de Relacionamento Fonte: Autora. Segundo Fatos e Dados (2015) além da mudança no número de princípios deve se “perceber também que os princípios ficam mais claros e abrangentes, como gestão de relacionamento” ao invés de relação mutuamente benéfica com fornecedores. A seguir, será apresentada a declaração de um desses setes princípios de acordo com a ISO 9000:2015: » Foco no cliente: o foco principal da gestão da qualidade é atender às necessidades dos clientes e empenhar-se em exceder as expectativas dos clientes. » Liderança: líderes em todos os níveis estabelecem uma unidade de propósito e direcionamento e criam condições para que as pessoas estejam engajadas para alcançar os objetivos da qualidade da organização. 30 UNIDADE I │INTRODUÇÃO A ISO 9001 » Engajamento das pessoas: pessoas competentes, com poder e engajadas, em todos os níveis na organização, são essenciais para aumentar a capacidade da organização em criar e entregar valor. » Abordagem de processo: resultados consistentes e previsíveis são alcançados de forma mais eficaz e eficiente quando as atividades são compreendidas e gerenciadas como processos inter-relacionados que funcionam como um sistema coerente. » Melhoria: as organizações de sucesso têm um foco contínuo na melhoria. » Tomada de decisão com base em evidência:decisões com base na análise e avaliação de dados e informações são mais propensas a produzir resultados desejados. » Gestão de relacionamento: para o sucesso sustentado, as organizações gerenciam seus relacionamentos com as partes interessadas e pertinentes, como provedores. Conforme forem sendo apresentados os requisitos da norma a partir de seção 4 poderá se observar a presença de todos estes princípios o que comprovará que a ISO 9001:2015 é baseada neste princípio. Para conhecer mais sobre os Princípios de Qualidade sugerimos ler sobre este assunto na ISO 9000: 2015: Sistemas de Gestão da Qualidade – Fundamentos e Vocabulário. Abordagem de Processo (Seção 0.3 da Norma) Generalidades (Seção 0.3.1 da Norma) Todo trabalho importante realizado nas empresas fazer parte de algum processo. Não existe um produto ou serviço oferecido por uma empresa sem um processo organizacional. (GONÇALVES, 2000 apud BARBARÁ (2008). A ISO 9001: 2015 promove a adoção da abordagem de processo no desenvolvimento, implementação e melhoria da eficácia de um sistema de gestão, aumentando assim a satisfação do cliente pelo atendimento aos seus requisitos. Portanto, uma organização ao adotar a abordagem de processo está no caminho para atingir seus resultados pretendidos, em função de permitir que a mesma esteja habilitada para controlar as inter-relações e interdependências entre processos do sistema. 31 INTRODUÇÃO A ISO 9001│ UNIDADE I Segundo a ISO 9001: 2015 a aplicação da abordagem de processo em um SGQ proporciona: » entendimento e consistência no atendimento a requisitos; » a consideração de processos em termos de valor agregado; » o atingimento de desempenho eficaz de processo; » melhoria de processos baseada na avaliação de dados e informação. A Figura 5 mostra uma representação esquemática de qualquer processo e das interações de seus elementos. Os pontos de monitoramento e medição necessários para controle são específicos de cada processo e variam dependendo dos riscos relacionados. Figura 5. Representação Esquemática dos Elementos de um Processo Individual. Fontes de Entrada Ponto de Partida Ponto de chegada Possíveis controles e pontos para monitorar e medir desempenho Recebedores de Saída PROCESSOS ANTECEDENTES, por exemplo, em provedores (internos ou externos), em clientes, em outras partes interessadas pertinentes MATÉRIA, ENERGIA, INFORMAÇÃO, por exemplo, na forma de material, recursos, requisitos MATÉRIA, ENERGIA, INFORMAÇÃO, por exemplo, na forma de produto, serviço, decisão PROCESSOS SUBSEQUENTES, por exemplo, em clientes (internos ou externos), em outras partes interessadas Entrada Atividades Fonte: ISO 9001: 2015. Ciclo Plan-Do-Check-Act (Seção 0.3.2 da Norma) O ciclo PDCA pode ser aplicado para todos os processos e para o SGQ como um todo. Como já foi mencionado, a ênfase desta norma é na melhoria contínua, sendo o ciclo do PDCA (planejar ─ fazer ─ controlar ─ agir corretivamente) o método mais utilizado para representá-la, conforme detalhado, de forma resumida. Tabela 7. Detalhamento das fases do PDCA. 32 UNIDADE I │INTRODUÇÃO A ISO 9001 Fases do Ciclo do PDCA Detalhamento Planejar (P) Planejar o trabalho a ser realizado. Fazer (D) Fazer o trabalho planejado. Controlar (D) Medir ou avaliar o que foi feito, assim identificando a diferença entre o que foi feito contra o que foi planejado. Agir corretivamente (A) Atuar corretivamente sobre a diferença identificada. A atuação corretiva pode ser aplicada sobre o que foi feito (retrabalho, reparo etc.) ou sobre o planejamento. Fonte: Maranhão (2001). Segundo a ISO 9001: 2015 “o ciclo PDCA habilita uma organização a assegurar que seus processos tenham recursos suficientes e sejam gerenciados adequadamente, e que as oportunidades para melhoria sejam identificadas e as ações sejam tomadas”. O ciclo PDCA pode ser aplicado para todos os processos e para o SGQ como um todo. A Figura 6 ilustra como as Seções 4 a 10 da norma podem ser agrupadas em relação ao ciclo PDCA. Figura 6. Representação da Estrutura da ISO 9001:2015 no Ciclo PDCA. Fonte: ISO 9001: 2015. Mentalidade de Risco (Seção 0.3.3 da ISO Norma) Este tema é novo, foi incluído nesta revisão da Norma, mas segundo a ISO 9001:2015. 33 INTRODUÇÃO A ISO 9001│ UNIDADE I Seu conceito estava implícito nas versões anteriores desta Norma, incluindo, por exemplo, realizar ações preventivas para eliminar não conformidades potenciais, analisar quaisquer não conformidades que ocorram e tomar ação para prevenir recorrências que sejam apropriadas aos efeitos da não conformidade. E a mentalidade de risco aplicada nesta Norma possibilitou alguma redução em requisitos prescritivos e sua substituição por requisitos baseados em desempenho. Antes de falarmos com mais detalhes sobre mentalidade Riscos, vamos apresentar o conceito de riscos. O que é risco? Quando investidores compram ações, cirurgiões realizam operações, engenheiros projetam pontes, empresários abrem seus negócios e políticos concorrem a cargos eletivos, o risco é um parceiro inevitável. Contudo, suas ações revelam que o risco não precisa ser hoje tão temido: administrá-lo tornou- se sinônimo de desafio e oportunidade”. (BERNSETEIN, P. apud MACHADO, n.d.). É muito comum associarmos riscos a algo negativo, mas na verdade risco é uma incerteza que pode se tornar realidade e esta realidade pode ser tanto negativa (ameaça) quanto positiva (oportunidade), como fica claro na citação de Bernsetein. Tabela 8 complementa a ideia de oportunidade. Tabela 8 Oportunidade. Oportunidades podem.... SURGIR como resultado de uma situação favorável ao atingimento de um resultado pretendido, por exemplo, um conjunto de circunstâncias que possibilite à organização atrair clientes, desenvolver novos produtos e serviços, reduzir desperdício ou melhorar produtividade. LEVAR à adoção de novas práticas, lançamento de novos produtos, abertura de novos mercados, abordagem de novos clientes, construção de parcerias, uso de novas tecnologias e outras possibilidades desejáveis e viáveis para abordar as necessidades da organização ou de seus clientes. Fonte: Autora baseado na ISO 9001:2015 34 UNIDADE I │INTRODUÇÃO A ISO 9001 Agora vamos apresentar o conceito de riscos segundo as Normas, a tabela 9 Tabela 9 . Conceitos de Risco. RISCO É.... ISO 9000:2015 Efeito da incerteza Sendo: Um efeito é um desvio do esperado – positivo ou negativo. Incerteza é o estado, ainda que parcial, de deficiência de informação, de compreensão ou de conhecimento relacionado a um evento, sua consequência ou sua probabilidade. ISO Guia 73:2009 (3.5.1.3 e 3.6.1.3) Frequentemente caracterizado pela referência a “eventos” potenciais (como definido no 3.5.1.3) e “consequências” (como definido no 3.6.1.3) ou uma combinação desses. ISO Guia 73:2009 (3.6.1.1.) Frequentemente expresso em termos de uma combinação das consequências de um evento (incluindo mudanças em circunstâncias) e a “probabilidade” associada de ocorrência. Fonte: Autora baseado nas Normas. É importante destacar que segundo a ISO 9001: 2015 “Um desvio positivo proveniente de um risco pode oferecer uma oportunidade, mas nem todos os efeitos positivos de risco resultam em oportunidades”. Para estar conforme com os requisitos da ISO 9001:2015, uma organização deve planejar e implementar ações para abordar riscos e oportunidades com o objetivo de: aumentar a eficácia do SGQ; melhorar resultados e prevenir efeitos negativos. No requisito 6.1 que será apresentado posteriormente, é especificado que a organização deve planejar ações para abordar riscos, mas não são definidos métodos formais paragestão de riscos ou obrigatoriedade de manter e reter informação documentada. Cabe a organização decidir desenvolver ou não uma metodologia de gestão de risco mais abrangente que o requerido pela norma, por exemplo, através da aplicação de outras diretrizes ou normas. Dentre as normas podemos citar ISO Guia 73:2009 – Gestão de Riscos - Vocabulário (fornece as definições de termos genéricos relativos à gestão de riscos. Destina-se a incentivar uma compreensão mútua e consistente, uma abordagem coerente na descrição das atividades relativas à gestão de riscos e a utilização de terminologia uniforme de gestão de riscos em processos e estruturas para gerenciar riscos) e ISO 31000:2009 – Gestão de Riscos – Princípios e Diretrizes (fornece princípios e diretrizes genéricas para a gestão de riscos). Leitura das normas ISO Guia 73:2009 – Gestão de Riscos – Vocabulário e ISO 31000:2009 – Gestão de Riscos – Princípios e Diretrizes 35 INTRODUÇÃO A ISO 9001│ UNIDADE I Relacionamento com Outras Normas de Sistemas de Gestão (Seção 0.4 da ISO 9001:2015) A ISO 9001:2015 aplica a estrutura desenvolvida pela ISO para melhorar o alinhamento entre suas Normas para sistemas de gestão e habilita uma organização a usar a abordagem de processo, combinada com o ciclo PDCA e a mentalidade de risco, para alinhar ou integrar seu SGQ com os requisitos de outras normas de sistemas de gestão. Escopo (Seção 1 da Norma) Especifica requisitos para um SGQ, quando uma organização (ISO 9001:2015): a. Necessita demonstrar sua capacidade para prover consistentemente produtos e serviços que atendam aos requisitos do cliente e aos requisitos estatutários e regulamentares aplicáveis, e b. Visa aumentar a satisfação do cliente por meio da aplicação eficaz do sistema, incluindo processos para melhoria do sistema e para a garantia da conformidade com os requisitos do cliente e com os requisitos estatutários e regulamentares aplicáveis. Os requisitos estabelecidos pela ISO 9001:2015 são específicos para um determinado tipo de organização? Se a resposta for negativa você está correto. Segundo a ISO 9001:2015 “todos os requisitos desta Norma são genéricos e destinados a ser aplicáveis a todas as organizações, independentemente de seu tipo, tamanho e do produto e serviço que provê”. Referência normativa (Seção 2 da Norma) A ISO 9001:2015, no todo ou em parte, é referenciada normativamente neste documento e é indispensável à sua aplicação. Para referências datadas, aplicam-se somente as edições citadas. Para referências não datadas, aplicam-se as edições mais recentes do referido documento (incluindo emendas). ABNT NBR ISO 9000:2015, Sistemas de gestão da qualidade – Fundamentos e vocabulário. Termos e definições (Seção 3 da Norma) Para os efeitos deste documento, aplicam-se os termos e definições da ABNT NBR ISO 9000:2015. 36 UNIDADE II REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO CAPITULO 1 Contexto da Organização (Seção 4 Da Norma) e Liderança (Seção 5 da Norma) Contexto da Organização (Seção 4 da Norma) O contexto da organização também é chamado de ambiente de negócios, ambiente organizacional ou ecossistema de uma organização. É igualmente aplicável em organizações com fins lucrativos e sem fins lucrativos ou públicas. Contexto da organização é a combinação de questões internas e externas que podem ter um efeito na abordagem da organização para desenvolver e alcançar seus objetivos que podem ser relacionados aos seus produtos e serviços, seus investimentos e comportamento com as partes interessadas. ISO 9000:2015 Onde: Questões podem incluir fatores ou condições positivas e negativas. Questões internas se referem ao funcionamento da organização, tais como, procedimentos, politicas, cultura, valores, conhecimento, desempenho etc. 37 INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 │ UNIDADE II Questões externas se referem aos ambientes legal, tecnológico, competitivo, cultural, social e econômico, tanto internacionais, quanto nacionais, regionais ou locais. Segundo Verde Gaia (2015): É preciso em um primeiro momento, compreender a organização dentro de cada contexto. Deste modo, as necessidades e expectativas das partes interessadas em determinado alcance do sistema de gerenciamento das aplicações. A organização, por sua vez, deve determinar as questões a serem resolvidas, representando os impactos gerados e obtendo os resultados esperados. E para atender ao que está disposto na citação anterior, esta cláusula é dividida em quatro requisitos, sendo eles: entendendo a organização e seu contexto; entendendo as necessidades e expectativas de partes interessadas; determinando o escopo do SGQ e SGQ e seus processos. Os três primeiros requisitos foram incluídos nesta revisão da Norma. Entendendo a Organização e seu contexto (Requisito 4.1 da Norma) Segundo a ISO 9001:2015 “A organização deve determinar questões externas e internas que sejam pertinentes para o seu propósito e para seu direcionamento estratégico e que afetem sua capacidade de alcançar o (s) resultado (s) pretendido (s) ”. Uma ferramenta que pode ser utilizada para determinação destas questões é a matriz SWOT que é uma sigla que significa Strenghts (Forças), Weaknesses (Fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats (Ameaças) também chamada de FOFA. A Figura 7 apresenta uma exemplo da representação da matriz Swot. 38 UNIDADE II │ INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 Figura 7. Matriz Swot. Fonte: De Paula (2015). A tabela apresenta as definições das questões positivas, negativas, internas e externas e perguntas que podem auxiliar na identificação das mesmas. Quadro 10 .Questões internas e externas. Questões / Fatores Definição Perguntas Forças Elementos internos que trazem benefícios para o seu negócio, ou seja as vantagens internas da empresa com relação a concorrência. Para auxiliar na sua identificação algumas perguntas podem ser feitas. » Quais as nossas melhores atividades e processos? » Quais são os nossos melhores produtos? » Quais os nossos melhores recursos? » Qual a nossa maior vantagem competitiva? Fraquezas Elementos internos que atrapalham o negócio, ou seja, as desvantagens internas da empresa com relação a concorrência, é o oposto das forças. Para auxiliar na sua identificação algumas perguntas podem ser feitas » Nosso pessoal está devidamente capacitado? » Nossas matérias primas são de qualidade? » Nossos processos são confiáveis? » Conhecemos nossa concorrência? Oportunidades Situações externas à organização que podem acontecer e afetar positivamente a organização, fazendo crescer sua vantagem competitiva. Como são fatores externos, a empresa não tem como influenciá-los, mas é muito importante conhecê-los para que a organização esteja preparada para aproveita-los caso ocorram. » Alguma política pública de ampliação de crédito que possa alavancar as vendas? » Alguma redução temporária de impostos que possa nos beneficiar? » Algum evento esportivo ou cultural na região que possamos aproveitar? Ameaças Situações externas à empresa que se acontecerem podem atrapalhar o negócio, comprometendo a vantagem competitiva da empresa. Devem ser tratadas com muito cuidado, pois podem afetar o planejamento e os resultados. » Alguma nova politica de tributação pode afetar nossa Margem de Contribuição? » A variação cambial pode tornar inviável a importação de matérias-primas? » Algum grande concorrente entrando em nosso mercado? Fonte: Autora baseado em de Paula (2015) Observamos que quando falamos de fatores internos podemos dizer que são gerenciáveis, ou seja, a organização pode atuar diretamente sobre eles. Já com relação aos fatores39 INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 │ UNIDADE II externos, podemos dizer que a organização não tem como gerenciar diretamente, mas este fato não impede que os monitore, podendo assim tomar ações proativas. Podemos dizer que esta matriz é análise completa do ambiente o que atende as obrigações deste item. Além de determinar essas questões, a organização deve monitorar e analisar criticamente informação sobre as mesmas. Entendendo as necessidades e expectativas de partes interessadas (Requisito 4.2 da Norma) A organização deve determinar (ISO 9001:2015): a. as partes interessadas que sejam pertinentes para o SGQ; b. os requisitos dessas partes interessadas que sejam pertinentes para o SGQ. O conceito de partes interessadas pertinentes foi apresentado anteriormente para refrescar a memória será apresentado novamente. As partes interessadas pertinentes são aquelas que fornecem risco significativo para a sustentabilidade organizacional se as suas necessidades e expectativas não forem atendidas. Organizações definem quais resultados são necessários prover às partes interessadas pertinentes para reduzir esse risco. Para seu sucesso, as organizações atraem, capturam e retêm o apoio das partes interessadas das quais dependem. (ISO 9000:2015) Para atendimento deste item a organização pode realizar: 1. um levantamento de todas as partes interessadas pertinentes do produto/ serviço; 2. identificação do impacto que elas têm sobre a organização (alto, médio, baixo), por exemplo, se ficarem insatisfeitas ou satisfeitas o que acarretará para a organização; 3. a determinação dos seus requisitos; 4. um levantamento das necessidades / expectativas das partes interessadas de acordo com os requisitos determinados; 40 UNIDADE II │ INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 5. a identificação dos resultados necessários para atendimento dessas necessidades. O atendimento destes 5 itens pode ser representado por uma tabela. Tabela 11. .Identificação das partes interessadas pertinentes. Partes interessadas Impactos Necessidades / Expectativas Requisitos Resultados Necessários Fonte: Autora. Além disso, a organização deve monitorar e analisar criticamente essas informações levantadas anteriormente. Determinando o escopo do sistema de gestão da qualidade (Requisito 4.3 da Norma) A organização deve determinar os limites e a aplicabilidade do SGQ para estabelecer o seu escopo em função de não ser obrigatório que o escopo inclua toda a organização, pode incluir um setor ou mais setores, um produto, um serviço etc. cabe à organização definir. Para determinação de escopo, a organização deve considerar as informações determinadas nas duas seções anteriores e também seus produtos e serviços. E a organização deve aplicar todos os requisitos desta Norma, se eles forem aplicáveis no escopo determinado do seu SGQ. Na versão anterior da Norma (2008), o escopo do SGQ era divulgado e mantido no manual de qualidade, incluindo detalhes e justificativas para quaisquer exclusões, sendo obrigatório o estabelecimento e manutenção deste documento. Já na versão atual da Norma (2015) conforme mencionado anteriormente não existe mais esta obrigatoriedade com relação ao manual e a questão de exclusão também foi alterada. No entanto, a organização deve disponibilizar e manter o escopo do SGQ como informação documentada, cabendo a organização decidir em que documento haverá essa divulgação e manutenção. Segundo a ISO 9001: 2015 “O escopo deve declarar os tipos de produtos e serviços cobertos e prover justificativa para qualquer requisito desta Norma que a organização determinar que não seja aplicável ao escopo do seu SGQ”. 41 INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 │ UNIDADE II A citação anterior fala sobre justificativa para requisito não aplicável ao escopo que se relaciona as exclusões que na versão anterior da Norma (2008) podiam ser realizadas apenas para os requisitos do item 7 (Realização do Produto). Mas, ao identificar estes requisitos não aplicáveis (exclusões) a organização tem que estar atenta para não perder a conformidade com a Norma, que será mantida quando estes não afetarem a capacidade ou a responsabilidade da organização de assegurar a conformidade de seus produtos e serviços e o aumento da satisfação do cliente (ISO 9001: 2015). Sistema de gestão da qualidade e seus processos (Requisito 4.4 da Norma) Sistema é um conjunto de elementos inter-relacionados ou interativos. Sistema de gestão é um conjunto de elementos inter-relacionados ou interativos de uma organização para estabelecer políticas (5.2), objetivos (6.2) e processos. Essa interação pode ser observada na Figura 8 onde podemos observar que a saída de um processo é entrada para outro (s) Figura 8. Modelo de um Sistema de Gestão. Fonte: BVQI, 2007 . Um sistema de gestão pode incluir uma única área ou várias áreas (sistema de gestão integrado), por exemplo, gestão de qualidade, gestão ambiental, gestão de riscos, daí a preocupação da ISO de realizar o alinhamento das normas, facilitando assim a implementação/manutenção de um sistema integrado. A Figura 9 mostra um exemplo de um sistema de gestão integrada, envolvendo 4 áreas. 42 UNIDADE II │ INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 Figura 9. Exemplo de um Sistema de Gestão Integrada. Fonte: Gonçalves (2010). Segundo a ISO 9001: 2015 “a organização deve estabelecer, implementar, manter e melhorar continuamente um SGQ, incluindo os processos necessários e suas interações, de acordo com os requisitos desta Norma”. Podemos observar que não basta que a organização estabeleça, implemente e mantenha seu SGQ é necessário que o melhore continuamente, por meio do PDCA, em função do mercado ser dinâmico e os requisitos das partes interessadas mudarem constantemente. Com relação aos processos, a organização deve determinar os processos necessários e sua aplicação e deve: (ISO 9001:2015) a. determinar as entradas requeridas e as saídas esperadas (esses processos incluem processos para atividades de gestão, de provisão de recursos, de realização do produto e de medição, análise e melhoria; b. determinar a sequência e a interação desses processos; c. determinar e aplicar os critérios e métodos (incluindo monitoramento, medições e indicadores de desempenho relacionados) necessários para assegurar a operação e o controle eficazes desses processos; d. determinar os recursos necessários para esses processos e assegurar a sua disponibilidade; e. atribuir as responsabilidades e autoridades para esses processos; f. abordar os riscos e oportunidades conforme determinados de acordo com os requisitos de 6.1; 43 INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 │ UNIDADE II g. avaliar esses processos e implementar quaisquer mudanças necessárias para assegurar que esses processos alcancem seus resultados pretendidos; a. melhorar os processos e o SGQ. Segundo Barbará (2008), para atender este requisito, a organização deve: » definir suas Unidades de Negócios: UN (compra, venda, logística, marketing, produção etc.) clientes, fornecedores, parceiros, insumos utilizados, produtos e macroprocessos; » mapear os processos que são críticos para a organização e monitorar sua sequência e interação. Como definir quais processos são críticos ou necessários (termo usado pela Norma)? Para responder a essa pergunta, é necessário fazer outras perguntas: O que seria crítico na sua organização? Ou melhor, o que, se deixar de ser feito, coloca em risco o desempenho de sua organização? Pense e escreva, mas discuta antes com os membros da empresa, pois, quanto mais pessoas estiverem envolvidas no processo, mais fácil a sua implementação. (BARBARÁ, 2008). E por último, segundo ISO 9001:2015 “na extensão necessária, a organização deve: a. manter informaçãodocumentada para apoiar a operação de seus processos; b. reter informação documentada para ter confiança em que os processos sejam realizados conforme planejado. Liderança (cláusula 5 da Norma) A Alta Direção deve ser um exemplo no modelo do SGQ. Assim, este modelo deve refletir o interesse da Alta Direção em querer implementar o SGQ; em saber, claramente, quais são os ganhos, os custos, as dificuldades e a sua responsabilidade no processo. Não inicie um processo sem que a Alta Direção, efetivamente, queira que isso aconteça. Lembre-se de Maquiavel, que afirmou que, em uma mudança, fica fácil saber quem perde, mas não é claro definir quem ganha. Logo, muitos dos que estiverem em dúvida serão contra 44 UNIDADE II │ INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 o processo e os demais ficarão aguardando os fatos acontecerem. (BARBARÁ, 2008) Segundo Maranhão (2001), esta cláusula da Norma trata da concepção estratégica e tática da organização, definindo as responsabilidades da direção e da autoridade correlatada. Segundo Verde Gaia (2015) Liderança é a reiteração de políticas, funções, responsabilidades e autoridades da organização, enfatizando não só a liderança de gestão, mas também, a gerência sênior que terá maior participação. Essa cláusula tem o objetivo de informar a todos os membros da organização a importância do sistema de gestão e incentivar a atuação em todo o processo. Para atendimento desse objetivo serão apresentados três requisitos: Liderança e Comprometimento (Generalidades, Foco no Cliente), política (Desenvolvendo a Política da Qualidade, Comunicando a Política da Qualidade) e Papeis, Responsabilidades e Autoridades Organizacionais. Liderança e comprometimento (Requisito 5.1 da Norma) Segundo Chiavenato (2004) “A liderança é, de certa forma, um tipo de poder pessoal. Por meio da liderança uma pessoa influencia outras pessoas em função dos relacionamentos existentes.” Comprometimento a ação de comprometer ou se comprometer com alguém ou alguma coisa (Significados). Assim, Alta Direção além de liderar toda a força de trabalho para implantação/ manutenção do SGQ tem que mostrar comprometimento com o sistema, porque este comprometimento, estimulará os demais membros a participarem ativamente do processo. Liderança pelo exemplo! Generalidades (Requisito 5.1.1 da Norma) A Alta Direção deve demonstrar liderança e comprometimento com relação ao SGQ (ISO 9001:2015): a. responsabilizando-se por prestar contas pela eficácia do sistema; 45 INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 │ UNIDADE II b. assegurando que a política da qualidade e os objetivos da qualidade sejam estabelecidos para o SGQ e que sejam compatíveis com o contexto e a direção estratégica da organização; c. assegurando a integração dos requisitos do SGQ nos processos de negócio da organização; d. promovendo o uso da abordagem de processo e da mentalidade de risco; e. assegurando que os recursos necessários para o SGQ estejam disponíveis; f. comunicando a importância de uma gestão da qualidade eficaz e de estar conforme com os requisitos do SGQ; g. assegurando que o SGQ alcance seus resultados pretendidos; h. engajando, dirigindo e apoiando pessoas a contribuir para a eficácia do SGQ; i. promovendo melhoria; j. apoiando outros papéis pertinentes da gestão a demonstrar como sua liderança se aplica às áreas sob sua responsabilidade. Um ponto interessante é que se o escopo do SGQ definido em 4.3 cobrir apenas parte de uma organização, então Alta Direção se refere àqueles que dirigem e controlam aquela parte da organização e não a organização como um todo (ISO 9000:2015) Foco no cliente (Requisito 5.1.2 da Norma) Segundo Mello, et.al (2002) A identificação dos requisitos dos clientes pode ser feita por meio de pesquisas de mercado e desdobradas em requisitos do produto e serviço (por exemplo, por meio do QFD) para que sejam atendidas. O conceito de foco no cliente deve ser disseminado pela alta direção por toda a organização. Segundo a ISO 9001: 2015 “a Alta Direção deve demonstrar liderança e comprometimento com relação ao foco no cliente, assegurando que: a. os requisitos do cliente e os requisitos estatutários e regulamentares pertinentes sejam determinados, entendidos e atendidos consistentemente; 46 UNIDADE II │ INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 b. os riscos e oportunidades que possam afetar a conformidade de produtos e serviços e a capacidade de aumentar a satisfação do cliente sejam determinados e abordados; c. o foco no aumento da satisfação do cliente seja mantido”. No item 5.1.2. A é importante destacar que neste requisito, a norma trata não apenas de requisitos do cliente, mas também dos estatutários e regulamentares e que estes além de serem determinados e atendidos, precisam ser entendidos. A questão do entendimento é importante, porque caso a organização entenda errado os requisitos, desenvolverá um produto e/ou um serviço de forma incorreta, o que acarretará insatisfação do cliente. Para atender esse requisito, é necessário que a organização conheça seus clientes, que podem ser assim divididos (BARBARÁ, 2008): » clientes internos; » clientes externos; » clientes atuais; » clientes potenciais. Após definir seus clientes, a organização deve responder às seguintes perguntas. » Como as necessidades do cliente são determinadas? » Como a satisfação do cliente é monitorada e “aumentada”? » Como as necessidades dos clientes são atendidas? Questões adicionais a serem investigadas visando a manter o foco no cliente (BARBARÁ, 2008): » Sua organização tem foco no cliente? » Já perguntou aos seus clientes onde seus produtos e serviços podem melhorar? » Já perguntou aos ex-clientes o motivo pelo qual eles migraram para o concorrente? » Todos seus clientes estão mapeados? Ou seja, identificadas e documentadas as suas necessidades? 47 INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 │ UNIDADE II » Qual a estratégia usada para saber o que seus clientes querem? Política (Requisito 5.2 da Norma) Segundo a ISO 9000:2015: “Politica são intenções e direção de uma organização, como formalmente expressos pela sua Alta Direção e Política da Qualidade é a política com relação à qualidade”. Desenvolvendo a política da qualidade (Requisito 5.2.1 da Norma) A Alta Direção deve estabelecer, implementar e manter uma política da qualidade que: (ISO 9001:2015): a. seja apropriada ao propósito e ao contexto da organização e apoie seu direcionamento estratégico; b. para isso, geralmente é consistente com a política geral da organização, pode ser alinhada com a visão e missão que fazem parte do planejamento estratégico; c. proveja uma estrutura para o estabelecimento dos objetivos da qualidade; d. deve ser escrita de uma forma que é possível transformar o seu texto (texto bonito) em algo tangível, objetivos. Portanto, tem que se ter o cuidado de que a política possa se tornar algo alcançável; e. inclua um comprometimento em satisfazer requisitos aplicáveis; f. inclua um comprometimento com a melhoria contínua do SGQ. Após escrever a política é interessante que se faça uma análise crítica para verificar se este quadro subitens foram atendidos. Outro ponto, é que os princípios de qualidade podem ser usados como referência para a definição da política. Comunicando a política da qualidade (Requisito 5.2.2 da Norma) A política da qualidade deve (ISO 9001:2015): a. estar disponível e ser mantida como informação documentada; 48 UNIDADE II │ INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 b. ser comunicada, entendida e aplicada na organização; c. estar disponível para partes interessadas pertinentes, como apropriado. Na versão anterior da Norma (2008), a questão do estabelecimento, implementação, manutençãoe comunicação da política eram tratados em uma única seção (5.3 da ISO 9001:2015). Esses dois requisitos (5.2.1 e 5.2.2) firmam que a Alta Direção deve estabelecer, documentar, informar (interna e externamente) uma política da qualidade aderente aos requisitos do cliente e aos propósitos da organização, demonstrar compromisso com ela e fazer o gerenciamento da política e dos objetivos da qualidade, tudo direcionado para melhoria contínua do SGQ. Um ponto importante (5.2.2 b) diz que a política da qualidade deve ser comunicada, entendida e aplicada. A palavra “entendida” significa que todos da organização têm de saber “traduzir ”o que está sendo dito na política e a palavra “aplicada” significa que todo tem que colocar em “prática” o texto da política, ou seja, transformar o intangível (texto da norma) em tangível (execução das atividades). Para verificar se este item está sendo atendido, uma pergunta, muito comum, feita por auditores para funcionários de uma organização é a seguinte: Como seu trabalho contribui para atingir a política da qualidade da sua organização? Para ilustrar, será apresentado o exemplo da política de qualidade da Natura. Verificar se a mesma atende a todos os requisitos da seção 5.2.1. Política de Qualidade da Natura A Natura tem como objetivo consolidar-se como referência na qualidade de processos e produtos na indústria cosmética e de alimentos e alcançar “Classe mundial” na qualidade de processos, produtos e serviços, de modo a construir uma marca de excelência reconhecida por todos os seus públicos. A Política Natura da Qualidade define diretrizes para monitorar e promover a melhoria contínua necessária aos desenvolvimentos dos negócios. Com sua aplicação, a empresa busca superar positivamente as expectativas dos seus clientes – consumidores, consultoras, fornecedores, acionistas, colaboradores, comunidades, governo e sociedade. Para isso, a Natura compromete-se com: 49 INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 │ UNIDADE II » O cumprimento da legislação aplicável à organização a seus produtos, processos e serviços e de acordos e princípios voluntariamente subscritos pela empresa, em qualquer país que atue. » A adoção de princípios, para a tomada de decisões nas questões de qualidade, que pautem pela proatividade, rapidez, flexibilidade, inovação e criatividade. » O atendimento a rígidos controles da qualidade com foco na preservação de problemas. » A busca permanente do aperfeiçoamento em todas as suas atividades, garantindo a qualidade de produtos, processos e serviços, de forma sustentável, aumentando a produtividade e competitividade da Natura e promovendo a satisfação de nossos consumidores, consultoras, fornecedores e clientes. » A adoção de fundamentos de excelência que considerem, igualmente, os compromissos que orientam a forma de a Natura atuar no mundo e de se relacionar com seus públicos e as melhores práticas organizacionais. » A promoção da qualidade das relações por meio de seu comportamento empresarial baseado no diálogo, na ética e na transparência. Papéis, responsabilidades e autoridades organizacionais (Requisito 5.3. Norma) A Alta Direção deve atribuir a responsabilidade e autoridade para (ISO 9001:2015): a. assegurar que o SGQ esteja conforme com os requisitos da Norma; b. assegurar que os processos entreguem suas saídas pretendidas; c. relatar o desempenho do SGQ e as oportunidades para melhoria (requisito 10.1), em particular para a Alta Direção; d. assegurar a promoção do foco no cliente na organização; e. assegurar que a integridade do SGQ seja mantida quando forem planejadas e implementadas mudanças no SGQ. 50 UNIDADE II │ INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 Vale destacar, o requisito 5.3.e que trata de mudanças, que toda mudança planejada e implementada deve ser acompanhada para verificar seu impacto no SGQ garantindo a integridade do sistema. Posteriormente, será tratado sobre mudanças e será melhor detalhado este tema (requisitos 6.3; 8.2.4; 8.3.6 e 8.5.6). Essas responsabilidades e autoridades deverão ser comunicadas e entendidas na organização. A palavra entendida aparece novamente como no requisito da política, com o significado que todos os funcionários deverão saber o seu papel dentro da organização e também dos demais membros da equipe. Esse requisito pode ser cumprido por meio da elaboração de: organograma organizacional, manual de cargos e informações documentadas etc. E deve estar presente nos desenhos dos processos conforme mencionado no requisito 4.4.e). 51 CAPÍTULO 2 Planejamento (Seção 6 da Norma) e apoio (Seção 7 da Norma) Planejamento (Seção 6 da Norma) Antes de falarmos sobre esta seção vamos apresentar um texto sobre o que é planejamento. O que é Planejamento? Marcos Eduardo Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/o-que-e- planejamento/39381/> Disponível em: 4 jan. 2008. Planejamento é um processo contínuo e dinâmico que consiste em um conjunto de ações intencionais, integradas, coordenadas e orientadas para tornar realidade um objetivo futuro, de forma a possibilitar a tomada de decisões antecipadamente. Essas ações devem ser identificadas de moda a permitir que elas sejam executadas de forma adequada e considerando aspectos como o prazo, custos, qualidade, segurança, desempenho e outras condicionantes. Um planejamento bem realizado oferece inúmeras vantagens à equipe de projetos. Tais como: » permite controle apropriado; » produtos e serviços entregues conforme requisitos exigidos pelo cliente; » melhor coordenação das interfaces do projeto; » possibilita resolução antecipada de problemas e conflitos; e » Propicia um grau mais elevado de assertividade nas tomadas de decisão. “Preparar-se para o inevitável, prevenindo o indesejável e controlando o que for controlável” (Peter Drucker). 52 UNIDADE II │ INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 Em resumo, o tempo dedicado ao planejamento é vital para evitar problemas na fase de execução. O objetivo central do planejamento é minimizar a necessidade de revisões durante a execução. Segundo Verde Ghaia (2015) “tem como objetivo incluir o sistema de gestão de prevenção e discutir os riscos, assim como as oportunidades que possam vir de encontro às organizações, focando na facilidade de ações preventivas e/ou corretivas”. Para atender a esse objetivo, esta seção é dividida em três requisitos: ações para abordar riscos e oportunidades, objetivos da qualidade e planejamento para alcançá- los e planejamento de mudanças. Ações para abordar riscos e oportunidades (Requisito 6.1 da Norma) De acordo com a ISO 9001:2015 “Ao planejar o SGQ, a organização deve considerar as questões referidas em 4.1 e os requisitos referidos em 4.2, e determinar os riscos e oportunidades que precisam ser abordados para: assegurar que o SGQ possa alcançar seus resultados pretendidos; aumentar efeitos desejáveis e prevenir, ou reduzir, efeitos indesejáveis e alcançar melhoria”. E a organização deve planejar: ações para abordar esses riscos e oportunidades e como integrar e implementar as ações nos processos do seu SGQ e (4.4) e avaliar a eficácia dessas ações. Essas ações serão definidas pela organização de acordo com o tipo de risco, algumas opções são evitar o risco, assumir o risco para perseguir uma oportunidade, eliminar a fonte de risco, mudar a probabilidade ou as consequências, compartilhar o risco ou decidir, com base em informação, reter o risco. O Guia PMBOK (2013) apresenta estratégias para riscos negativos ou ameaças, conforme tabela 12. Tabela 12. Estratégias para Riscos. Estratégias Riscos Negativos ou Ameaças Riscos Positivos ou oportunidades Prevenir: se age para eliminar aameaça ou proteger o sistema contra seu impacto. Explorar: se adota quando a organização deseja garantir que a oportunidade seja concretizada. Procura eliminar a incerteza associada com um determinado risco positivo, garantindo que a oportunidade realmente aconteça. 53 INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 │ UNIDADE II Transferir: se transfere o impacto de uma ameaça para terceiros, juntamente com a responsabilidade pela sua resposta. Mas, não elimina o risco. Quase sempre envolve o pagamento de um prêmio à parte que está assumindo o risco. Melhorar: se usa para aumentar a probabilidade e/ou os impactos positivos de uma oportunidade. Identificar e maximizar os principais impulsionadores desses riscos de impacto positivo pode aumentar a probabilidade de ocorrência. Mitigar: se age para reduzir a probabilidade de ocorrência, ou impacto do risco. Compartilhar: se utiliza quando envolve a alocação integral ou parcial da responsabilidade da oportunidade a um terceiro que tenha mais capacidade de explorar oportunidade para benefício da organização. Aceitar: se decide reconhecer a existência do risco e não agir, a menos que o risco ocorra> adotada quando não é possível ou econômico abordar um risco específico de qualquer outra forma. Aceitar: se utiliza quando se está disposto a aproveitá-la caso ela ocorra, mas não a perseguis ativamente. Fonte: Autora baseado no PMBOK (2013). Só lembrando que a ISO 9001:2015 não usa o termo ameaça. Conforme já mencionado, cabe a organização definir uma metodologia para abordagem de riscos e oportunidades, que pode ir além ou não do solicitado pela Norma e também pode ou não manter e reter informações documentadas, cabendo a organização tomar tais decisões. Como boa prática, as organizações adotam metodologias e tem informações mantidas e documentadas sobre riscos, para facilitar a gestão. No mercado já existem programas específicos para auxiliar as organizações na gestão de riscos. A Figura 10. Apresenta um exemplo de um ciclo da gestão de riscos, que pode ser adotado por uma organização que inclui 6 etapas, desde a identificação até análise crítica. Figura 10. Ciclo da Gestão de Riscos. Fonte: Machado (n.d.). Objetivos da qualidade e planejamento para alcançá-los (Requisito 6.2 da Norma) Esse requisito define a responsabilidade da Alta Direção quanto à qualificação (relacionados com a realização do produto) e à quantificação (mensuráveis) dos 54 UNIDADE II │ INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 objetivos da qualidade e à consistência com a política instituída. Isso objetiva assegurar coerência e consistência do todo da gestão mais estratégica da organização. Para isso, os objetivos da qualidade devem (ISO 9001:2015): a. ser coerentes com a política da qualidade; b. ser mensuráveis; c. levar em conta requisitos aplicáveis; d. ser pertinentes para a conformidade de produtos e serviços e para aumentar a satisfação do cliente; e. ser monitorados; f. ser comunicados; g. ser atualizados como apropriado. A organização deve manter informação documentada sobre os objetivos da qualidade. Além de definir os objetivos da qualidade, a organização deve planejar como alcançar esses objetivos (ISO 9001:2015): a. o que será feito; b. quais recursos serão requeridos; c. quem será responsável; d. quando isso será concluído; e. como os resultados serão avaliados. Para atender este requisito a organização pode criar uma planilha onde relaciona cada item da política com um objetivo, conforme modelo da tabela e também pode elaborar um plano de ação como o proposto na tabela para desdobrar as ações para atendimento dos objetivos. Tabela 13. Objetivos da Qualidade. Itens da política Objetivos Metas Ações Resultados Fonte: Autora. 55 INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 │ UNIDADE II Quadro 14. Exemplo de um plano de ação para objetivos. Ação Recursos Responsável Prazo Avaliação Fonte: Autora. Para mensurar objetivos, são necessárias as três partes de informação: » A situação ATUAL. » A situação que desejamos alcançar. » Em quanto tempo a situação que desejamos será alcançada. Para ajudar nessa mensuração, é utilizado o SMART, que é um “sistema” útil para quando é preciso definir e testar os objetivos: » específico; » mensurável; » alcançável; » realista; » ligado ao tempo. Analise os objetivos a seguir, e julgue se eles podem ser considerados adequados, com relação ao sistema SMART. 1. A seção T4 reduzirá a rejeição das lentes angulares em 5%. 2. Número de erros nas faturas deve se manter em 3000 ppm de xx.xx. xxxx (período de um ano). 3. Reduzir a lista de espera para cirurgias ortopédicas. 4. Obter índice zero de reclamações dos clientes. 5. Reduzir o número de danos na carroceria dos carros prontos dos atuais 1.5% para 1.25%, dentro do período de um ano contato a partir de 10 de maio de 2015. Respostas: 1. Não adequado, não é informado a situação atual e em quanto tempo. 56 UNIDADE II │ INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 2. Não adequado, em função dos objetivos buscarem a melhoria, e este falar em manutenção. 3. Não adequado, não é informado de quanto seria a redução, a situação atual, nem em quanto tempo. 4. Não adequado, em função de não ser realista, nem é necessário avaliar os outros pontos. 5. Adequado. Planejamento de mudanças (Requisito 6.3 da Norma) Quando a organização determina a necessidade de mudanças no SGQ, as mudanças devem ser realizadas de uma maneira planejada e sistemática (4.4). A organização deve considerar: (ISO 9001:2015) a. o propósito das mudanças e suas potenciais consequências; b. a integridade do SGQ; c. a disponibilidade de recursos; d. a alocação ou realocação de responsabilidades e autoridades. A organização pode elaborar um formulário de solicitação de mudança que inclua as informações sobre os itens que devem ser considerados, conforme exemplo da Figura 11. Desta forma, a organização poder reter informação documentada para as solicitações de mudança. 57 INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 │ UNIDADE II Figura 11. Exemplo de Solicitação de Mudança. Produto / Serviço: Nome do Produto ou Serviço Solicitante: Pessoa que solicitou formalmente a mudança Data da solicitação: Identificação da Mudança: Tipo de Mudança: Descrição da mudança: Áreas impactadas: Áreas podem ser por exemplo, custo, prazo, qualidade, riscos, partes interessadas etc. Entregas / Documentos Impactados: Recursos necessários: Impacto nas responsabilidades e autoridades: tem impacto ou não da responsabilidade e autoridade se sim, quais impactos. Justificativa: Porque a mudança é necessária Comentários Adicionais: Parecer dos Avaliadores: Status: ( ) Aprovada ( ) Reprovada Data do parecer: _______________________________________________________________________ Assinatura do Solicitante _______________________________________________________________________ Assinatura dos Avaliadores Fonte: Autora. Após as solicitações de mudança serem aprovadas ou reprovadas, as que são aprovadas serão tratadas no registro de mudanças para acompanhar sua implantação, conforme modelo apresentado na tabela. Tabela 15.Registro de Mudanças. Identificação da Mudança Ações Prazo Responsável Impactos Análise crítica Fonte: Autora. Apoio (Seção 7 da Norma) Identifica e fixa condições para a Alta Direção fazer o provimento dos recursos humanos, materiais, de infraestrutura e de ambiente de trabalho apropriados para alcançar os objetivos e obter conformidade com os demais requisitos. 58 UNIDADE II │ INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 Uma consideração importante que deve ser feita a respeito da Norma, com relação aos requisitos desse item, é que não é trata diretamentesobre a questão de recursos financeiros, o que já ocorria nas versões anteriores da Norma. Segundo Verde Ghaia (2015) “Nesta cláusula será falado sobre questões como recursos, competência, consciência, comunicação ou informação documentada, constituindo suporte necessário para atender aos objetivos organizacionais”. E para seu atendimento serão apresentados três requisitos: Recursos (Generalidades, Pessoas, Infraestrutura, Ambiente para Operação dos Processos, Recursos de Monitoramento e Medição e Conhecimento Organizacional); Competência; Conscientização; Comunicação e Informação Documentada. Recursos (Requisito 7.1 da Norma) Segundo Maranhão (2001), “os recursos são sempre finitos, em geral escassos, ao passo que as demandas são limitadas”. Há, ainda, uma questão adicional: a dificuldade de a Alta Direção reconhecer e liberar os recursos necessários. A Norma ISO 9001: 2015 considera cinco classes de recursos: » pessoas; » infraestrutura (instalações, equipamentos, ferramentas, software, hardware etc.); » ambiente para operação dos processos. » recursos de monitoramento e medição. » conhecimento organizacional. Na versão da ISO anterior (2008) só eram apresentados os 3 primeiros recursos, o requisito monitoramento e medição era apresentado no item “Realização do Produto”, já o requisito “Conhecimento Organizacional” foi incluído na revisão 2015. Generalidades (Requisito 7.1.1 da Norma) A organização deve determinar e prover os recursos necessários para o estabelecimento, implementação, manutenção e melhoria contínua do SGQ e deve considerar: as capacidades e restrições de recursos internos existentes; o que precisa ser obtido de provedores externos. 59 INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 │ UNIDADE II Vale destacar que, a Norma tem uma preocupação com a forma que serão obtidos os recursos (internamente ou externamente). Pessoas (Requisito 7.1.2 da Norma) A organização deve determinar e prover as pessoas necessárias para a implementação eficaz do seu SGQ e para a operação e controle de seus processos. Na versão anterior da Norma (2008) este requisito era chamado de Recursos Humanos (6.2) e este tratava de competência e conscientização que nesta revisão são tratadas nos requisitos 7.2 e 7.3, respectivamente. Infraestrutura (Requisito 7.1.3 da Norma) Infraestrutura é um sistema de instalações, equipamentos e serviços necessários para a operação de uma organização (ISO 9000:2015) Esse requisito estabelece a necessidade de a organização prover os recursos materiais indispensáveis à realização dos processos e demais recursos ligados à atividade-fim ou à atividade-meio. A organização deve determinar, prover e manter a infraestrutura necessária para a operação dos seus processos e para alcançar a conformidade de produtos e serviços. Pode incluir: a. edifícios e utilidades associadas; b. equipamento, incluindo materiais, máquinas, ferramentas etc. e software; c. recursos para transporte; d. tecnologia da informação e de comunicação. Ambiente para a Operação dos Processos (Requisito 7.1.4 da Norma) A organização deve determinar, prover e manter um ambiente necessário para a operação de seus processos e para alcançar a conformidade de produtos e serviços. Um ambiente adequado pode ser a combinação de fatores humanos e físicos, como: a. social (por exemplo, não discriminatório, calmo, não confrontante); b. psicológico (por exemplo, redutor de estresse, preventivo quanto à exaustão, emocionalmente protetor); 60 UNIDADE II │ INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 Esses dois primeiros fatores, em geral, se aplicam à serviços que são executados na presença do cliente. c. físico (por exemplo, temperatura, calor, umidade, luz, fluxo de ar, higiene, ruído). Este fator está relacionado a qualidade do produto, por exemplo iluminação apropriada para realização de uma inspeção visual, mas também afeta as pessoas de forma que vai afetar a qualidade percebida pelo serviço. Se você é uma cabeleira, e não cuida do seu próprio cabelo, ele está desbotado e desarrumado, suas clientes podem achar que sua aparência não é condizente com suas expectativas, porque se você não consegue cuidar nem do seu próprio cabelo imagina dos outros (clientes). Esses fatores podem diferir substancialmente, dependendo dos produtos e serviços providos, por exemplo, para um piloto de avião, fatores psicológicos são fundamentais e já não são tão importantes para um conferente de pedidos recebidos. Assim, podemos dizer que no primeiro a qualidade percebida pelo cliente é diretamente afetada e no segundo não. O conjunto vai determinar um ambiente dinâmico, alegre e produtivo ou um daqueles ambientes das patologias empresariais, em que se destaca um ou mais dos sentimentos negativos das pessoas. Para se criar um ambiente adequado, ou seja, para se obter um gerenciamento eficaz do Trabalho, o que inclui as condições sob as quais o trabalho é realizado – riscos físicos, químicos, ambientais, biológicos – devem ser determinados pela organização, para alcançar a conformidade no requisito do produto, como por exemplo (BARBARÁ, 2008): » Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA; » Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, Mapa de riscos – CIPA; » Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho – SESMET; » Programa 5S, ergonomia etc. 61 INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 │ UNIDADE II Recursos de Monitoramento e Medição (Requisito 7.1.5 da Norma) Generalidades (Requisito 7.1.5.1 da Norma) A organização deve determinar e prover os recursos necessários para assegurar resultados válidos e confiáveis quando monitor amento ou medição for usado para verificar a conformidade de produtos e serviços com requisitos. A organização deve assegurar que os recursos providos (ISO 9001:2015): a. sejam adequados para o tipo específico de atividades de monitoramento e medição assumidas; b. sejam mantidos para assegurar que estejam continuamente apropriados aos seus propósitos. A organização deve reter informação documentada apropriada como evidência de que os recursos de monitoramento e medição sejam apropriados para os seus propósitos. Rastreabilidade de medição (Requisito 7.1.5.2 da ISO 9001:2015) Esse requisito visa a que os equipamentos cumpram, obrigatoriamente, a suficiência, quanto à qualidade da organização e aos seus objetivos e quanto à necessidade de que os pontos críticos em que serão feitas inspeções de controle (calibração e ajuste) sejam importantes e relevantes para o impacto do produto. O que é chamado na norma rastreabilidade de medição é o que a rastreabilidade metrológica. Segundo VIM (2012) “Rastreabilidade metrológica é a propriedade em um resultado de medição pela qual tal resultado pode ser relacionado a uma referência por meio de uma cadeia ininterrupta e documentada de calibrações, cada uma contribuindo para a incerteza de medição”. A tabela apresenta alguns conceitos relacionados a rastreabilidade. 62 UNIDADE II │ INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 Tabela 16..Conceitos relacionados a rastreabilidade. Resultado de Medição Conjunto de valores atribuídos a um mensurando (grandeza que se pretende medir), juntamente com toda outra informação pertinente disponível. (VIM, 2012). Calibração Operação que estabelece, sob condições especificadas, em uma primeira etapa, uma relação entre os valores e as incertezas de medição fornecidos por padrões e as indicações correspondentes com as incertezas associadas; em uma segunda etapa, utiliza esta informação para estabelecer uma relação visando a obtenção em um resultado de medição a partir duma indicação. (VIM, 2012). Calibrar é comparar, não deve ser confundido com reparar ou ajustar. Incerteza de medição Parâmetro não negativo que caracteriza a dispersão dos valores atribuídosa um mensurando (grandeza que se pretende medir), com base nas informações utilizadas. (VIM, 2012). Fonte: Autora. Quando a rastreabilidade de medição for um requisito, ou for considerada pela organização uma parte essencial da provisão de confiança na validade de resultados de medição, os equipamentos de medição devem ser (Segundo a ISO 9001:2015): a. Verificados ou calibrados, ou ambos, a intervalos especificados, ou antes do uso, contra padrões de medição rastreáveis a padrões de medição internacionais ou nacionais; quando tais padrões não existirem, a base usada para calibração ou verificação deve ser retida como informação documentada. Segundo VIM (2012) “uma calibração pode ser expressa por meio de uma declaração, uma função de calibração, um diagrama de calibração, uma curva de calibração ou uma tabela de calibração. Em alguns casos, pode consistir duma correção aditiva ou multiplicativa da indicação com uma incerteza de medição associada”. A tabela apresenta um exemplo de uma tabela de calibração que pode ser usada para apresentar a situação dos equipamentos de medição. Tabela 17. Tabela Calibração. Data: _/_/___ Revisão: ___________ Equipamentos Local Identificação Certificado Frequência da Calibração Calibrado em Próxima Calibração Observações Fonte disponível em:<rived.mec.gov.br/atividades/.../Planilha%20de%20Controle%20de%20Calibracao.xls>. b. Identificados para determinar sua situação; Para identificar a situação do equipamento, a organização pode usar os códigos de barra, etiquetas, fichas e outros modelos. O código de barras é uma prática comum em muitas organizações que se preocupam com o cumprimento desse requisito. 63 INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 │ UNIDADE II A chamada “Etiqueta Inteligente”, que nada mais é do que um dispositivo digital magnetizável e que substitui com vantagens, o código de barras, pode, também, ser usada, embora represente uma tecnologia ainda cara no Brasil, mas que já vem sendo usada por algumas empresas. A Figura 12, apresenta vários exemplos de formas de mostrar a situação dos equipamentos calibrados. Figura 12. Exemplos de formas de identificar o status da calibração dos equipamentos. Fonte: Autora. a. Salvaguardados contra ajustes, danos ou deterioração que invalidariam a situação de calibração e resultados de medições subsequente. Um ponto a observar é que este item só se torna obrigatório se for um requisito ou se for considerado uma parte essencial para validade de resultados de medição, caso não se encaixe em nenhuma dessas opções, a organização deverá informar que este requisito é não aplicável e justificar os motivos, conforme mencionado anteriormente. Outro ponto é que, a organização deve determinar se a validade de resultados de medição anteriores foi adversamente afetada quando o equipamento de medição for constatado inapropriado para seu propósito pretendido, e deve tomar ação apropriada, como necessário (ISO 9001:2015) Na versão 2008, da Norma Este requisito corresponde ao controle de equipamentos de monitoramento e medição e era parte dos requisitos de Realização do Produto. Para saber mais sobre rastreabilidade metrológica e calibração sugere-se a leitura do Vocabulário Internacional de Metrologia – VIM 2012 – Conceitos Fundamentais e Gerais e Termos Associados. 64 UNIDADE II │ INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 Conhecimento organizacional (Requisito 7.1.6 da Norma) Segundo a ISO 9001: 2015 “Conhecimento organizacional é conhecimento específico para a organização, sendo obtido por experiência e é informação que é usada e compartilhada para alcançar os objetivos da organização. Conhecimento organizacional pode ser baseado em: a. fontes internas (por exemplo, propriedade intelectual; conhecimento obtido de experiência; lições aprendidas de falhas e de projetos bem- sucedidos; captura e compartilhamento de conhecimento e experiência não documentados; os resultados de Melhorias em processos, produtos e serviços); b. fontes externas (por exemplo, normas; academia; conferências; compilação de conhecimento de clientes ou provedores externos). Este requisito foi incluído nesta revisão da norma e determina o conhecimento necessário para o funcionamento do SGQ. Desse modo, é possível garantir a conformidade dos produtos e serviços, visando a satisfação do cliente e atribuindo responsabilidade para as organizações, tais como, assegurar, resguardar e manter todo o conhecimento necessário (VERDE GHAIA, 2015). A organização deve determinar o conhecimento necessário para a operação de seus processos e para alcançar a conformidade de produtos e serviços que deve ser mantido e estar disponível na extensão necessária. Ao abordar necessidades e tendências de mudanças, a organização deve considerar seu conhecimento no momento e determinar como adquirir ou acessar qualquer conhecimento adicional necessário e atualizações requeridas. (ISO 9001:2015). Competência (Requisito 7.2 da Norma) Competência é a capacidade de aplicar conhecimento e habilidades para alcançar resultados pretendidos. O SGQ é mais efetivo quando todos os funcionários entendem e aplicam as habilidades, treinamento, educação e experiência necessários para desempenhar suas funções e responsabilidades. É da responsabilidade da Alta Direção oferecer oportunidades para as pessoas desenvolverem essas competências necessárias. (ISO 9000:2015) Sendo que: 65 INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 │ UNIDADE II » educação significa estudo f o r m a l ( ensino m é d i o , fundamental, grau universitário etc.); » habilidades referem-se à capacidade de fazer algo bem feito; » treinamento para tarefas direcionadas ao trabalho em si; » experiências apropriadas no reconhecimento que o tempo dá àqueles que têm Prática sobre alguma técnica. A organização deve: (ISO 9001:2015) c. Determinar a competência necessária de pessoa (s) que realize (m) trabalho sob o seu controle que afete o desempenho e a eficácia do SGQ; Para atendimento deste subitem a organização pode criar descrições de cargos e funções, conforme o modelo abaixo. Tabela 18..Modelo de Descrição de Cargos e Salários. DESCRIÇÃO DE CARGOS E SALÁRIOS Cargo: Função Setor: Atividades Principais: Atividades Eventuais: Requisitos: Observações: Fonte: Autora. 66 UNIDADE II │ INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 Foi falado e apresentado na quadro anterior sobre cargos e funções. Você sabe a diferença entre cargos e funções? Para responder essa pergunta apresentaremos o comentário de Só (2011): Não confundam “cargo” e “função”. A diferença está na definição. “Cargo” é o nome dado a posição que uma pessoa ocupa dentro de uma empresa. Enquanto que “função” é o conjunto de responsabilidades e tarefas que estão relacionadas com esse cargo. Um exemplo bem simples: empregado doméstico é o cargo; motorista particular é função. a. assegurar que essas pessoas sejam competentes, com base em educação, treinamento ou experiência apropriados; b. onde aplicável, tomar ações para adquirir a competência necessária e avaliar a eficácia das ações tomadas; c. reter informação documentada, apropriada como evidência de competência. Exemplos de evidência de competência podem ser: carteira de trabalho, certificado de cursos, currículo, listas de presença, dentre outros. Segundo a ISO 9001:2015 “Ações aplicáveis podem incluir, por exemplo, a provisão de treinamento, o mentor amento ou a mudança de atribuições de pessoas empregadas no momento; ou empregar ou contratar pessoas competentes”. Para cumprir esse requisito, uma boa prática adotada pelas organizações é fazer um levantamento das necessidades de treinamento do seu pessoal e estabelecer uma matriz de treinamento para acompanhamento da realização dostreinamentos planejados. A tabela 19 apresenta um exemplo de uma matriz de treinamento. Tabela 19 . Exemplo de matriz de treinamento. Treinamento Funcionário 1 Funcionário 2 ..... Funcionário n Área 1 Treinamento 1 Treinamento 2 ..... Treinamento n Área n 67 INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 │ UNIDADE II Treinamento 1 Treinamento 2 ..... Treinamento n Sendo: O: obrigatório A: Aconselhável P: Planejado R: realizado Fonte: Autora. A competência é continuamente provida e melhorada mediante os passos básicos do ciclo de aprendizagem, mostrado na Figura 13. Figura 13. Ciclo de Aprendizagem. Fonte: Maranhão (2001). Conscientização (Requisito 7.3 da Norma) A conscientização é alcançada quando as pessoas entendem suas responsabilidades e como suas ações contribuem para a realização dos objetivos da organização. (ISO 9000:2015). A organização deve assegurar que pessoas que realizam trabalhos sob o controle da organização estejam conscientes: (ISO 9001:2015) a. da política da qualidade; b. dos objetivos da qualidade pertinentes; c. da sua contribuição para a eficácia do SGQ, incluindo os benefícios de desempenho melhorado; d. das implicações de não estar conforme com os requisitos do sistema. 68 UNIDADE II │ INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 Comunicação (Requisito 7.4 da Norma) Segundo a ISO 9000:2015: A comunicação planejada e efetiva interna (ou seja, em toda a organização) e externa (ou seja, com as partes interessadas pertinentes) eleva o engajamento das pessoas e aumenta a compreensão: do contexto da organização; das necessidades e expectativas dos clientes e de outras partes interessadas pertinentes; do SGQ. A organização deve determinar as comunicações internas e externas pertinentes para o SGQ, incluindo: a. sobre o que comunicar; b. quando comunicar; c. com quem se comunicar; d. como comunicar; e. quem comunica. Para atendimento deste requisito pode ser elaborado uma matriz de comunicação conforme a tabela Tabela 20 .Exemplo de Matriz de Comunicação. Partes Interessadas Assuntos Frequência Meios Responsáveis Fonte: Autora. Os dados para preenchimento da coluna “partes interessadas” podem ser obtidas da quadro 11 ou de outro meio usado para atender ao requisito 4.2. Informação Documentada (Requisito 7.5 da Norma) Informação documentada é a informação que se requer que seja controlada e mantida por uma organização e o meio no qual ela está contida. Pode estar em qualquer formato ou meio e pode ser proveniente de qualquer fonte. E pode se referir a: sistema de gestão, incluindo processos relacionados; informação criada para a organização operar (documentação); evidência de resultados alcançados (registros). ISO 9000: 2015 69 INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 │ UNIDADE II Sendo: Informações são dados significativos. O Meio pode ser: papel, magnético, eletrônico, fotográfico, amostra mestre etc. Documento é a informação e o meio no qual ela está contida. Exemplos: Registro, especificação, documento de procedimento, desenho, relatório, norma. Informação documentada. A partir dessas definições podemos dizer que a informação pode ser documentada ou informal. Quando se trata de uma informação documentada significa que obrigatório que essa informação esteja contida em um meio, controlada e mantida (versão anterior (2008) este termo era chamado de procedimento documentado). E a Norma exige que todos os seus requisitos tenham um procedimento documentado? Se sua resposta foi não, você está correto. E como se identifica a necessidade de uma informação documentada? Sempre aparecerá escrito no requisito “manter informação documentada” Depois dessa explicação, quantos são e quais são informações documentadas obrigatórias? Sugerimos que no decorrer da leitura você identifique quais são os requisitos que exigem manutenção da informação documentada. No final deste material, será apresentada a quantidade de informações documentadas obrigatórias com seus nomes e você poderá checar suas respostas. Outro ponto que se a organização determinar a necessidade de elaboração de outras informações além das exigidas pela norma, estes deverão atender a todas as exigências da norma de acordo com os requisitos da seção 7.5. Generalidades (Requisito 7.5.1 da Norma) O SGQ da organização deve incluir informação documentada: » requerida pela Norma; » determinada pela organização como sendo necessária para a eficácia do SGQ. 70 UNIDADE II │ INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 Um ponto importante desse requisito é que não existe uma padronização para a extensão e o detalhamento da documentação já que pode diferir de uma organização para outra, devido: ao tamanho da organização; ao tipo de atividades; à complexidade dos processos e às suas interações; à competência do pessoal. Tabela 21 .Sugestão para tamanho da documentação do SGQ. Fator Sugestão Tamanho da organização Documentação proporcional ao tamanho da organização, buscando sempre um SGQ Mínimo (quanto menor, melhor). Tipo de atividade Atividades regulamentadas (que implicam riscos à saúde ou ao meio ambiente) vão, naturalmente, requerer documentação maior e mais detalhada. Complexidade dos processos e suas interações Processos de alta tecnologia ou que requeiram níveis e complexidade elevada de integração requerem mais documentação. Competência do pessoal Quanto melhor a educação, o treinamento e a experiência do pessoal, em princípio mais simples pode ser a documentação do SGQ. Fonte: Maranhão, 2001. Os requisitos referentes à documentação são muito importantes para o SGQ, porque é necessário comunicar a informação, compartilhar o conhecimento e manter a conformidade para com a evidência. Criando e atualizando (Requisito 7.5.2 da Norma) Ao criar e atualizar informação documentada, a organização deve assegurar apropriados (as) (ISO 9001:2015): a. identificação e descrição (por exemplo, um título, data, autor ou número de referência); b. formato (por exemplo, linguagem, versão de software, gráficos) e meio (por exemplo, papel, eletrônico); c. análise crítica e aprovação quanto à adequação e suficiência. Esses subitens serão atendidos nos modelos apresentados no próximo requisito (7.5.3) 71 INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 │ UNIDADE II Controle de informação documentada (Requisito 7.5.3 da Norma) É importante, que tenha pelo menos uma pessoa na equipe que seja responsável pelo controle das informações documentadas, ou seja, pelo atendimento desse requisito. A informação documentada requerida pelo SGQ e pela Norma deve ser controlada para assegurar que (ISO 9001:2015): a. ela esteja disponível e adequada para uso, onde e quando ela for necessária; b. ela esteja protegida suficientemente (por exemplo, contra perda de confidencialidade, uso impróprio ou perda de integridade). Para o seu controle, a organização deve abordar as seguintes atividades, como aplicável: a. distribuição, acesso, recuperação e uso; b. armazenamento e preservação, incluindo preservação de legibilidade; c. controle de alterações (por exemplo, controle de versão); d. retenção e disposição. Com relação a distribuição, a organização pode criar uma lista mestra para identificar quem recebeu uma cópia da informação documentada e toda vez que uma revisão for realizada, ocorrerá uma substituição da informação documentada para todos os membros da lista, conforme exemplo da tabela 22. Tabela 22. Modelo de Lista Mestra. Informação Documentada Revisão Data Distribuição Funcionário 1 Funcionário 2 ....... Funcionário n Fonte: Autora. Obs.: no lugar de distribuir para cada funcionário, a informação documentada pode ser distribuídapor departamentos, setores, áreas, se a organização julgar pertinente. A organização deve ter a preocupação que seja utilizada sempre a versão mais atualizada da informação documentada, não sendo usadas informações obsoletas, desatualizadas. Podem ser usados carimbos, conforme Figura 14. 72 UNIDADE II │ INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 Figura 14. Carimbos para Controle de Informações Documentadas. Fonte: Perugestiona (n.d.). Se você observar existe um carimbo “Cópia Não Controlada” e foi falado que toda a informação documentada deve ser controlada. Então porque ter um carimbo com essa informação? É porque em algumas situações a organização não consegue controlar que todos os membros da organização estão usando a última versão de uma informação documentada. Nestas situações se usa deste artifício para garantir a conformidade. Quando a Norma menciona “acesso” está se referindo tanto a decisão sobre visualização da informação documentada quanto a permissão e autoridade para visualizar e alterar a informação. Para auxiliar o responsável pelo controle pode ser criado tabela conforme Tabela 23. Tabela 23. Controle do Acesso às Informações Documentadas. Informação Documentada Funcionário 1 Funcionário 2 ....... Funcionário n Informação 1 Informação 2 ...... Informação n Fonte: Autora. As letras a seguir, estabelecem o tipo de autorização que cada funcionário tem com relação a cada informação documentada. Sendo: V: Visualização. 73 INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 │ UNIDADE II I: Impressão. R: Revisão. A: Aprovação. Quanto ao controle de alterações, uma boa prática é utilizar uma folha de revisão em cada informação documentada que apresenta informações sobre as alterações feitas e as datas que foram realizadas, conforme modelo da Tabela 24. Tabela 24. Controle de Revisões. Rev. Descrição Data 0 Emissão Original xxx Fonte: Autora. Com relação ao “armazenamento e preservação” a Norma se refere tanto a documentação em meio físico quanto meio eletrônico. Algumas organizações tem uma quantidade tão grande de documentos em meu físico que contratam uma empresa que ser responsabiliza pelo seu armazenamento e preservação. Muitas organizações possuem sistemas para controle informatizado das informações documentadas, que deve atender a todos as exigências deste requisito. Com relação a informação documentada de origem externa, caso seja necessária para o planejamento e operação do SGQ deve ser identificada, como apropriada e controlada. A organização pode criar uma planilha para controle desta informação documentada, conforme modelo da Tabela 25. Tabela 25. Controle de informação documentada externa. ID CÓDIGO / NOME DO DOCUMENTO DESCRIÇÃO ARMAZENAMENTO REV QUANTIDADE Fonte: Autora. E finalmente, a informação documentada retida como evidência de conformidade deve ser protegida contra alterações não intencionais, para isso a organização pode criar uma forma de identificação e armazenamento deste tipo de informação. 74 UNIDADE II │ INTRODUÇÃO A ISO 9001: 2015 Na versão anterior da Norma era obrigatório a elaboração de um procedimento documentado para controle de documentos e outro para controle de registros, que poderiam estar em um mesmo documento, desde que tratasse dos dois assuntos, agora ambos (documentos e registros) são chamados de informação documentada, como apresentado no capítulo 1 e não existe mais essa obrigatoriedade. No entanto, ainda existe a obrigatoriedade de ter procedimentos documentados e registros, onde for necessário é identificado na Norma como manter informações documentadas para procedimentos documentados e reter informações documentadas para registro, conforme apresentado na Figura 3. Segundo M a r a n h ã o ( 2001), Esse requisito é quase sempre mal interpretado, tornando-se incompleto, burocratizado, complicado e pleno de não conformidades. Historicamente, é uma das maiores ocorrências de não conformidades nas auditorias de certificação. Essa citação de Maranhão corresponde às versões da norma anteriores, conforme auditorias forem realizados para a nova versão da norma, será verificado se essa alteração trará benefícios reduzindo as não conformidades. Sugerimos que durante o decorrer do material você identifique e liste os requisitos que exigem manter e reter informações documentadas e no final do material será apresentado à lista completa e você poderá checar suas respostas. 75 UNIDADE III REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES À OPERAÇÃO, DESEMPENHO E MELHORIA CAPÍTULO 1 Operação (Seção 8 da Norma) Operação (Seção 8 da Norma) Segundo Verde Ghaia (2015) “essa cláusula é o processo no qual os planos da organização controlam os processos internos e as mudanças externas originando, consequentemente, implicações não intencionais”. Para atendimento desta seção serão apresentados sete requisitos: Planejamento e Controle Operacionais, Requisitos para Produtos e Serviços (Comunicação com o Cliente, Determinação de Requisitos Relativos a Produtos e Serviços e Mudanças nos Requisitos para Produtos e Serviços), Projeto e Desenvolvimento de Produtos e Serviços (Generalidades, Planejamento de Projeto e Desenvolvimento, Entradas de Projeto e Desenvolvimento, Controle de Projeto e Desenvolvimento, Saídas de Projeto e Desenvolvimento e Mudanças de Projeto e Desenvolvimento), Controle de Processos, Produtos e Serviços Providos Externamente (Generalidades, Tipo e Extensão do Controle, Informação para Provedores Externos), Produção e Provisão de Serviço (Controle de Produção e de Provisão de Serviço, Identificação e Rastreabilidade, Propriedade Pertencente a Clientes ou Provedores Externos, Preservação, Atividades pós-entrega, controle de mudanças), Liberação de Produtos e Serviços, Controle de Saídas Não conformes. Esse requisito mostra, claramente, a necessidade da proatividade para a atividade da organização. Uma organização para produzir precisa de energia, de materiais e de 76 UNIDADE III │REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO informações, além de clientes. Neste caso, o planejamento adequado para cada um desses fatores pode melhorar muito a gestão da organização. (BARBARÁ, 2008). Planejamento e controle operacionais (Requisito 8.1 da Norma) Para planejamento e controle operacional e consequentemente a obtenção da qualidade na organização, é indispensável girar o ciclo do PDCA. Deve-se começar pelo planejamento da produção, chamado, em muitas empresas, de PCP (Planejamento e Controle de Produção), que deve estar em absoluta harmonia com o Contexto da Organização (4), com a política (5.2) e com os objetivos da qualidade (6.2) estabelecidos. Previamente à produção, é necessário estabelecer e validar os processos de produção, com a respectiva documentação (procedimentos, instruções de trabalho, especificações etc.). Para isso, segundo a ISO 9001:2015: A organização deve planejar, implementar e controlar os processos, definidos em 4.4, necessários para atender aos requisitos para a provisão de produtos e serviços e para implementar as ações determinadas na seção 6 ao: a. determinar os requisitos para os produtos e serviços; b. estabelecer critérios para: os processos e a aceitação de produtos e serviços; c. determinar os recursos necessários para alcançar conformidade com os requisitos do produto e serviço; d. implementar controle de processos de acordo com critérios; e. determinar e conservar informação documentada na extensão necessária para: ter confiança em que os processos foram conduzidos como planejado e demonstrar a conformidade de produtos e serviços com seus requisitos. A saída desse planejamento deve ser adequada para as operações da organização.A organização deve controlar mudanças planejadas e analisar criticamente as consequências de mudanças não intencionais, tomando ações para mitigar quaisquer efeitos adversos, como necessário. 77 REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO│ UNIDADE III Neste requisito, existe a preocupação com as mudanças planejadas ou não que possam afetar o atendimento aos requisitos para provisão de produtos e serviços e para implementar ações. Lembrando, como já mencionado, que essa preocupação passou a ser tratada nesta revisão da Norma. Requisitos para produtos e serviços (Requisito 8.2 da Norma) Comunicação com o Cliente (Requisito 8.2.1 da Norma) A comunicação com clientes deve incluir: (ISO 9001:2015) a. prover informação relativa a produtos e serviços: Os meios que a organização utiliza são catálogos, folders, site, campanhas publicitárias, e uma solução que vem sendo muito utilizada que é ágil e econômica é uma Newsletter. Na matriz de comunicação proposta em 7.4 são definidos estes meios. b. lidar com consultas, contratos ou pedidos, incluindo mudanças; Tudo o que se refere ao pedido (mesmo o potencial) e poderá afetar algum requisito contratual ou técnico deve ser prontamente comunicado ao Cliente. A palavra chave aqui deve ser TRANSPARÊNCIA. Pode não ser estratégico, mas sim ético, que você diga ao seu cliente que não poderá atender ao prazo solicitado na consulta, por exemplo. Não podemos ser ingênuos, sabemos que muitas vezes uma organização perde concorrências ou cotações pelo quesito prazo de entrega e, por sobrevivência, assume um compromisso nesse sentido com o qual não poderá arcar. Casos pontuais podem acontecer sim, mas se essa é uma situação comum na sua empresa fique atento. Isso acaba deixando uma marca na imagem dela junto aos clientes que poderá afetar seu desempenho futuro. (COSTA , 2008) c. obter retroalimentação do cliente relativa a produtos e serviços, incluindo reclamações do cliente; Aqui encontramos uma associação desse subitem com outros itens da norma, que focam na satisfação do cliente (9.1.2) e na não conformidade e ação corretiva (10.2.1) Rigoni (n.d.) afirma que para atendimento deste subitem: 78 UNIDADE III │REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO grandes empresas investem em SAC ─ Serviços de Atendimento ao Consumidor. Se o porte da sua organização ainda não permitir manter uma estrutura dedicada, uma sugestão é centralizar essa atividade em uma pessoa da área comercial, o que pode estar descrito em um procedimento. É importante, a organização estar ciente que todas as retroalimentações do cliente devem ser tratadas (sejam positivas ou negativas) e uma resposta deve ser dada ao cliente. Costa (2008) apresenta dois exemplos sobre realimentação: 1. Seu cliente pediu uma caixa amarela (faz de conta que você é fabricante de caixas) mas o tom de amarelo que aparece em seu catálogo é digamos, amarelo canário. Você só tem em estoque tinta amarelo ouro. O pedido ainda não venceu, mas se for esperar chegar a tinta certa não vai dar tempo. O que fazer? Informe (realimente) o cliente e discuta as opções que existem para chegarem a um acordo. 2. O cliente devolveu algumas caixas que estavam divergentes do pedido dele. Temos aqui duas situações a tratar com relação à qualidade: Uma reclamação do cliente e uma não conformidade. É interessante que quando o problema for resolvido o cliente seja informado. Algo do tipo: Devido a vossa reclamação registrada em xx/xx/xxxx, referente ao fornecimento xxx/xx, tomamos as devidas providências:” e por aí vai. Isso faz o cliente se sentir especial, pode ter certeza. É preciso relatar a área de qualidade todas as realimentações realizadas pelos clientes, em função desta realimentação ser uma das entradas para análise crítica, que será apresentado no item 9.3.2, portanto é importante ter um mecanismo eficiente de registro dessas informações e de ações corretivas realizadas. d. Lidar ou controlar propriedade do cliente. Aqui encontramos uma associação desse subitem com um item da norma, requisito 8.3 projeto e desenvolvimento de produtos e serviços. e. Estabelecer requisitos específicos para ações de contingência, quando pertinente. Contingência é uma eventualidade, um acaso, um acontecimento que tem como fundamento a incerteza de que pode ou não acontecer. (Significados, n.d) 79 REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO│ UNIDADE III Com essa definição de contingência podemos dizer que de acordo com a norma a organização deve estar preparada para eventualidades que podem vir a acontecer e deve comunicá-las aos clientes. Determinação de requisitos relativos a produtos e serviços (Requisito 8.2.2 da Norma) Ao determinar os requisitos para os produtos e serviços a serem oferecidos para clientes, a organização deve assegurar que (ISO 9001:2015): a. os requisitos para os produtos e serviços sejam definidos, incluindo: 1. quaisquer requisitos estatutários e regulamentares aplicáveis; 2. aqueles considerados necessários pela organização. Importante destacar, como já mencionado anteriormente, que requisitos para produtos e serviços incluem requisitos estatutários, aplicáveis e os da organização. b. a organização possa atender aos pleitos para os produtos e serviços que ela oferece. Análise crítica de requisitos relativos a produtos e serviços (Requisito 8.2.3 da Norma) Esse requisito estabelece que a organização deve agir proativamente antes de assumir qualquer compromisso de fornecer um produto ao cliente, até mesmo em propostas, aceitação ou alteração de contratos ou de pedidos. Para isso, a organização tem a obrigatoriedade de conseguir todas as informações precisas dos requisitos dos clientes, antes de assumir o compromisso. Essa é uma questão muito importante, uma vez que o processo de comunicação costuma ser crítico (requisito 8.2.1). Mesmo que todas as informações sejam fornecidas de forma adequada, a organização deve confirmá-las, evitando, assim, dispêndio inútil de energia, pois, se houver erro na interpretação dos requisitos, é pouco provável que o cliente assuma os prejuízos. A organização deve assegurar que ela tenha a capacidade de atender aos requisitos para produtos e serviços a serem oferecidos a clientes. A organização deve conduzir uma análise crítica antes de se comprometer a fornecer produtos e serviços a um cliente, para incluir (ISO 9001:2015): 80 UNIDADE III │REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO a. requisitos especificados pelo cliente, incluindo os requisitos para atividades de entrega e pós entrega ( no requisito 8.5.5 é falado sobre atividades pós entrega); b. requisitos não declarados pelo cliente, mas necessários para o uso especificado ou pretendido, quando conhecido. Caso o cliente não expresse uma expectativa, mas ela seja necessária para sua satisfação a organização pode não atendê-la? Pode ser que a expectativa do cliente não seja conhecida pela organização ou mesmo para o cliente em questão, até que o produto ou serviço seja entregue. Pode ser necessário, para alcançar uma alta satisfação do cliente, atender a uma expectativa de um cliente, mesmo que ela não seja declarada nem geralmente implícita ou obrigatória. (ISO 9000:2015) Portanto, se os requisitos não declarados pelo cliente forem necessários para o uso especificado ou intencional do produto, é obrigação da organização atender a eles, caso contrário será identificado como uma não conformidade. Esses requisitos podem transforma-se em requisitos de processo ou de produto (itens de segurança ou regulamentares) ou, ainda, emexpectativas a serem atendidas (itens de cortesia, atendimento etc.). a. requisitos especificados pela organização; b. requisitos estatutários e regulamentares aplicáveis a produtos e serviços; c. requisitos de contrato ou pedido diferentes daqueles previamente expressos. Quando os requisitos de produto forem alterados, a organização deve assegurar que os documentos pertinentes são complementados e que o pessoal pertinente é alertado sobre os requisitos alterados. E ainda segundo a ISO 9001:2015: A organização deve assegurar que requisitos de contrato ou pedido divergentes daqueles previamente definidos sejam resolvidos. Os requisitos do cliente devem ser confirmados pela organização antes da aceitação, quando o cliente não prover uma declaração documentada de seus requisitos. 81 REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO│ UNIDADE III Em casos, em que uma análise crítica formal para cada pedido é impraticável, como nas vendas pela internet, a análise crítica pode compreender as informações pertinentes ao produto, como catálogos. E finalmente, a organização deve reter informação documentada, como aplicável, sobre (ISO 9001:2015): os resultados da análise crítica e quaisquer novos requisitos para os produtos e serviços. Mudanças nos requisitos para produtos e serviços (Requisito 8.2.4 da ISO 9001:2015) Segundo a ISO 9001: 2015 “a organização deve assegurar que informação documentada pertinente seja emendada, e que pessoas pertinentes sejam alertadas dos requisitos mudados, quando os requisitos para produtos e serviços forem mudados”. Quando ocorrerem mudanças nos requisitos para produtos e serviços devem ser verificados todas as informações documentadas que tratam desse requisito e/ou que trazem informações que são impactadas por eles. Além disso, deve ser realizada uma comunicação sobre esta mudança e divulgação das informações documentadas revisadas para todas as pessoas envolvidas, para identificação de quem deve ser comunicado pode se verificar a lista mestra apresentada no requisito 7.5.3. A Figura 15 apresenta etapas do processo de controle de mudanças que inclui a revisão de informações documentadas e sua comunicação. Figura 15. Etapas do Processo de Controle de Mudança. Fonte: Autora. 82 UNIDADE III │REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO Projeto e Desenvolvimento de Produtos e Serviços (Requisito 8.3 da ISO 9001:2015) Projeto e desenvolvimento é um conjunto de processos que transformam requisitos para um objeto em requisitos mais detalhados para aquele objeto: Os requisitos que formam a entrada para projeto e desenvolvimento são frequentemente resultado de pesquisa e podem ser expressos de uma forma mais ampla e mais geral do que os requisitos que formam a saída do projeto e desenvolvimento. Os requisitos são geralmente definidos em termos de características. Em um projeto pode haver diversos estágios de projeto e desenvolvimento (ISO 9000:2015) Generalidades (Requisito 8.3.1 da Norma) A organização d eve estabelecer, implementar e manter um processo de projeto e desenvolvimento que seja apropriado para assegurar a subsequente provisão de produtos e serviços. Planejamento de Projeto e Desenvolvimento (Requisito 8.3.2 da Norma) Na determinação dos estágios e controles para projeto e desenvolvimento, a organização deve considerar (ISO 9001:2015): a. a natureza, duração e complexidade das atividades de projeto e desenvolvimento; b. os estágios de processo requeridos, incluindo análises críticas de projeto e desenvolvimento aplicáveis; c. as atividades de verificação e validação de projeto e desenvolvimento requeridas; 83 REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO│ UNIDADE III Neste subitem foi falado em verificação e validação. Qual a diferença entre verificação e validação? A tabela 26 apresenta as definições para esses dois termos. Tabela 26. Definições de Verificação e Validação. TERMOS DEFINIÇÕES Verificação Comprovação, por meio de fornecimento de evidência objetiva, de que requisitos especificados foram atendidos. A evidência objetiva necessária pode ser resultado de uma inspeção ou outras formas de determinação como a realização de cálculos alternativos ou análises críticas de documentos (ISO 9000:2015). Validação Confirmação, por meio do fornecimento de evidência objetiva, de que os requisitos para o uso específico pretendido ou para uma aplicação foram atendidos. A evidência objetiva necessária para a validação é o resultado de um ensaio ou outras formas de determinação, como a realização de cálculos alternativos ou análises críticas de documentos (ISO 9000:2015). Fonte: Autora com base nos conceitos da ISO 9000: 2015. a. as responsabilidades e autoridades envolvidas no processo de projeto e desenvolvimento; a organização deve gerenciar as interfaces entre diferentes grupos envolvidos no projeto e no desenvolvimento, para assegurar a comunicação eficaz e a designação clara de responsabilidades. b. os recursos internos e externos necessários para o projeto e desenvolvimento de produtos e serviços; c. a necessidade de controlar interfaces entre pessoas envolvidas no processo de projeto e desenvolvimento; d. a necessidade de envolvimento de clientes e usuários no processo de projeto e desenvolvimento; e. os requisitos para a provisão subsequente de produtos e serviços; f. o nível de controle esperado para o processo de projeto e desenvolvimento por clientes e outras partes interessadas pertinentes; g. a informação documentada necessária para demonstrar que os requisitos de projeto e desenvolvimento foram atendidos. Entradas de projeto e desenvolvimento (Requisito 8.3.3 da Norma) A organização deve determinar os requisitos essenciais para os tipos específicos de produtos e serviços a serem projetados e desenvolvidos, ou seja, deverá ser determinado os requisitos essenciais para cada tipo de produto e serviço. 84 UNIDADE III │REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO A organização deve considerar (ISO 9001:2015): a. Requisitos funcionais e de desempenho; Como nesta seção falamos sobre Operação, serão considerados requisitos que são necessários para funcionamento e desempenho do produto e serviço. b. informação derivada de atividades similares de projeto e desenvolvimento anteriores. É importante que a organização faça registro de Lições Aprendidas assim poderá verificar informações de atividades similares observando pontos positivos e negativos. c. requisitos estatutários e regulamentares; d. normas ou códigos de prática que a organização tenha se comprometido a implementar; e. consequências potenciais de falhas devidas à natureza de produtos e serviços. Entradas devem ser adequadas aos propósitos de projeto e desenvolvimento, completas e sem ambiguidades. Se houveram entradas conflitantes devem ser resolvidas. A organização deve reter informação documentada de entradas de projeto e desenvolvimento. Controles de projeto e desenvolvimento (Requisito 8.3.4 da Norma) A organização deve aplicar controles para o processo de projeto e desenvolvimento para assegurar que (ISO 9001:2015): a. os resultados a serem alcançados estejam definidos; b. análises críticas sejam conduzidas para avaliar a capacidade de os resultados de projeto e desenvolvimento atenderem a requisitos; c. atividades de verificação sejam conduzidas para assegurar que as saídas de projeto e desenvolvimento atendam aos requisitos de entrada; 85 REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO│ UNIDADE III d. atividades de validaçãosejam conduzidas para assegurar que os produtos e serviços resultantes atendam aos requisitos para a aplicação especificada ou uso pretendido; e. quaisquer ações necessárias sejam tomadas sobre os problemas determinados durante as análises críticas ou atividades de verificação e validação; f. informação documentada sobre essas atividades seja retida. Saídas de projeto e desenvolvimento (Requisito 8.3.5 da Norma) A organização deve assegurar que saídas de projeto e desenvolvimento (ISO 9001:2015): a. atendam aos requisitos de entrada; b. sejam adequadas para os processos subsequentes para a provisão de produtos e serviços; c. incluam ou referenciem requisitos de monitoramento e medição, como apropriado, e critérios de aceitação; d. especifiquem as características dos produtos e serviços que sejam essenciais para o propósito pretendido e sua provisão segura e apropriada. A organização deve reter informação documentada sobre as saídas de projeto e desenvolvimento. Para obter essas saídas, podem ser usadas especificações do produto, de processo e de ensaio; requisitos de ensaio, de treinamento e de aquisição. Podem, também, ser feitos estudos de viabilidade técnica, financeira, econômica, planos de negócio. Além de lista de material, informação do usuário etc. Mudanças de projeto e desenvolvimento (Requisito 8.3.6 da Norma) A organização deve identificar, analisar criticamente e controlar mudanças feitas durante, ou subsequentemente a, o projeto e desenvolvimento de produtos e serviços, na extensão necessária para assegurar que não haja impacto adverso sobre a conformidade com requisitos. 86 UNIDADE III │REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO A organização deve reter informação documentada sobre: a. as mudanças de projeto e desenvolvimento; b. os resultados de análises críticas; c. a autorização das mudanças; d. as ações tomadas para prevenir impactos adversos. Com base no formulário de solicitação de mudança (Figura 11) e do registro de mudanças (tabela 15) podemos atender aos subitens apresentados neste requisito. Controle de processos, produtos e serviços providos externamente (Requisito 8.4 da Norma) Um processo terceirizado (provido externamente) é identificado como aquele necessário para o SGQ da organização, porém escolhido para ser executado por uma parte externa à organização (ISO 9000:2015). Generalidades (Requisito 8.4.1. Da Norma) A organização deve assegurar que processos, produtos e serviços providos externamente estejam conformes com requisitos. A organização deve determinar os controles a serem aplicados para os processos, produtos e serviços providos externamente quando: a. produtos e serviços de provedores externos forem destinados a incorporação nos produtos e serviços da própria organização; b. produtos e serviços forem providos diretamente para o (s) cliente (s) por provedores externos em nome da organização; c. um processo, ou parte de um processo, for provido por um provedor externo como um resultado de uma decisão da organização. A organização deve determinar e aplicar critérios para a avaliação, seleção, monitoramento de desempenho e reavaliação de provedores externos, baseados na sua capacidade de prover processos ou produtos e serviços de acordo com requisitos. 87 REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO│ UNIDADE III A organização deve reter informação documentada dessas atividades e de quaisquer ações necessárias decorrentes das avaliações. Uma boa prática realizada pelas organizações para avaliação, seleção, monitoramento e reavaliação são documentos como: cadastro de fornecedores qualificados e critério de avaliação de fornecedores, conforme os modelos das tabelas 27 e 28, respectivamente. Lembrando que fornecedores e provedores externos tem o mesmo significado. Tabela 27. Modelo de Cadastro de Fornecedores Qualificados. CADASTRO DE FORNECEDORES QUALIFICADOS ID Fornecedor Data de Inclusão Produto / Serviço Contato Fonte: Autora. Tabela 28. Critério de Avaliação de Fornecedores. CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO DE FORNECEDORES Fornecedores: Contato: Produto/Serviço: REQUISITOS PERÍODO Mês 1 Mês 2 Mês n Fonte: Autora. Tipo e extensão do controle (Requisito 8.4.2 da Norma) A organização deve assegurar que processos, produtos e serviços providos externamente não afetem adversamente a capacidade da organização de entregar consistentemente produtos e serviços conformes para seus clientes. A organização deve: a. assegurar que processos providos externamente permaneçam sob o controle do seu SGQ; b. definir tanto os controles que ela pretende aplicar a um provedor externo como aqueles que ela pretende aplicar às saídas resultantes; c. levar em consideração: 88 UNIDADE III │REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO » o impacto potencial dos processos, produtos e serviços providos externamente sobre a capacidade da organização de atender consistentemente aos requisitos do cliente e aos requisitos estatutários e regulamentares; » a eficácia dos controles aplicados pelo provedor externo; d. determinar a verificação, ou outra atividade, necessária para assegurar que os processos, produtos e serviços providos externamente atendam a requisitos. Informação para provedores externos (Requisito 8.4.3 da Norma) A organização deve assegurar a suficiência de requisitos antes de sua comunicação para o provedor externo e deve comunicar seus requisitos para: a. os processos, produtos e serviços a serem providos; b. a aprovação de: produtos e serviços; métodos, processos e equipamentos; liberação de produtos e serviços; c. competência, incluindo qualquer qualificação de pessoas requerida; d. as interações do provedor externo com a organização; e. controle e monitoramento do desempenho do provedor externo a ser aplicado pela organização; f. atividades de verificação ou validação que a organização, ou seus clientes, pretendam desempenhar nas instalações do provedor externo, neste caso podem ser realizadas auditorias no fornecedor, chamadas de auditorias de segunda parte que serão tratadas no requisito 9.2. Portanto, podemos dizer que a organização deve assegurar a adequação dos requisitos de aquisição especificados antes da sua comunicação ao fornecedor. O objetivo é verificar, de forma mais adequada, que o produto adquirido está de acordo com as especificações. Tem como foco a conformidade do SGQ. 89 REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO│ UNIDADE III Produção e Provisão de Serviço (Requisito 8.5 da Norma) Controle de Produção e de Provisão de Serviço (Requisito 8.5.1 da Norma) A organização deve implementar produção e provisão de serviço sob condições controladas. Condições controladas devem incluir, como aplicável (ISO 9001:2015): a. a disponibilidade de informação documentada que defina: » as características dos produtos a serem produzidos, dos serviços a serem providos ou das atividades a serem desempenhadas; » os resultados a serem alcançados; b. a disponibilidade e uso de recursos de monitoramento e medição adequados; c. a implementação de atividades de monitoramento e medição em estágios apropriados para verificar que critérios para controle de processos ou saídas e critérios de aceitação para produtos e serviços foram atendidos; d. o uso de infraestrutura e ambiente adequados para a operação dos processos; e. a designação de pessoas competentes, incluindo qualquer qualificação requerida; f. a validação e revalidação periódica da capacidade de alcançar resultados planejados dos processos para produção e provisão de serviço,que não for possível verificar a saída resultante por monitoramento ou medição subsequentes; neste caso, deficiências tornam-se aparentes somente depois que o produto estiver em uso ou o serviço tiver sido entregue. g. a implementação de ações para prevenir erro humano; h. a implementação de atividades de liberação, entrega e pós-entrega. 90 UNIDADE III │REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO Identificação e Rastreabilidade (Requisito 8.5.2 da Norma) Rastreabilidade é a habilidade de rastrear o histórico, aplicação ou localização de um objeto. Ao considerar um produto ou um serviço, rastreabilidade pode se referir a: origem dos materiais e partes; histórico do processamento e distribuição e localização do produto ou serviço após a entrega. A Figura 16 apresenta um exemplo de um processo de rastreabilidade em uma cadeia farmacêutica. Figura 16. Processo de Rastreabilidade. INDÚSTRIA DISTRIBUIÇÃO VAREJO Rastreabilidade Interna Rastreabilidade Interna Rastreabilidade Interna Rastreabilidade Externa Rastreabilidade Externa Rastreabilidade Externa Rastreabilidade Externa Rastreabilidade ao Longo da Cadeia de Suprimentos Fonte: Liebhardt (2010). De acordo com a ISO 9001:2015: A organização deve usar meios adequados para identificar saídas quando isso for necessário assegurar a conformidade de produtos e serviços. A organização deve identificar a situação das saídas com relação aos requisitos de monitoramento e medição ao longo da produção e provisão de serviço. A organização deve controlar a identificação única das saídas quando a rastreabilidade for um requisito, e deve reter a informação documentada necessária para possibilitar rastreabilidade. 91 REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO│ UNIDADE III Propriedade pertencente a clientes ou provedores externos (Requisito 8.5.3 da Norma) Propriedade do cliente ou de provedor externo é aquilo que está na sua empresa, mas não é seu, é do cliente ou do provedor externo. Pode incluir: produtos, desenhos, ferramentas, máquinas, informações; veículos; fórmulas; projetos, equipamentos; instalações de clientes, propriedade intelectual e dados pessoais. Segundo a ISO 9001: 2015 “a organização deve tomar cuidado com propriedade pertencente aos clientes ou provedores externos, enquanto estiver sob o controle da organização ou sendo usada pela organização.” A organização deve identificar, verificar, proteger e salvaguardar propriedade de clientes ou provedores externos providos para uso ou incorporação nos produtos e serviços. Quando a propriedade de um cliente ou provedor externo for perdida, danificada ou de outra maneira constatada inadequada para uso, a organização deve relatar isto para o cliente ou provedor externo (conforme mencionado no item 8.2.1 e reter informação documentada sobre o que ocorreu. Uma boa prática para cumprir esse requisito é criar uma metodologia visando a proteger a propriedade do cliente e do provedor externo e ter dados para contato com eles, caso seja necessário. Para isso, é sempre bom ter à disposição e sempre atualizados os telefones, o fax, o e-mail, o endereço etc. dos clientes. (BARBARÁ, 2008). Preservação (Requisito 8.5.4 da Norma) Preservação pode incluir identificação, manuseio, controle de contaminação, embalagem, armazenamento, transmissão ou transporte e proteção. Segundo a ISO 9001: 2015 “a organização deve preservar as saídas durante produção e provisão de serviço na extensão necessária, para assegurar conformidade com requisitos.” Importante destacar, nesse requisito, que a preservação se aplica, também, às partes constituintes de um produto, e não só ao produto final. Uma boa prática para atendimento desse requisito é a elaboração de uma instrução de trabalho que esclareça como proceder e que chama a atenção para necessidade de conformidade do produto conforme pode ser prevista em todo o processo, até o destino final. 92 UNIDADE III │REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO Atividades pós-entrega (Requisito 8.5.5 da Norma) Entende-se que atividades pós-entrega incluem, por exemplo, ações sob condições de garantia, obrigações contratuais, tais como serviços de manutenção e serviços suplementares, como reciclagem e descarte. A organização deve atender aos requisitos para atividades pós-entrega associadas com os produtos e serviços. Na determinação da extensão das atividades pós-entrega requeridas, a organização deve considerar: a. os requisitos estatutários e regulamentares; b. as consequências indesejáveis potenciais associados com seus produtos e serviços; c. a natureza, uso e o tempo de vida pretendido de seus produtos e serviços; d. requisitos do cliente; e. retroalimentação de cliente. A Importância da pós-venda para fidelizar os clientes Fonte: O Novo Gestor Disponível em: <http://www.onovogestor.com.br/processos/a- importancia-do-pos-venda-para-fidelizar-os-clientes/> O comportamento do consumidor mudou, e muitas empresas já estão “sentindo na pele” o resultado desta mudança. Os clientes não entram mais em lojas apenas com o objetivo de comprar algo, já que além dos produtos e serviços, eles estão em busca de um bom atendimento, preços moderados e, acima de tudo, satisfação na compra. O desafio das empresas é oferecer esta mesma satisfação em todas as etapas da venda ou qualquer tipo de negociação. Por isso, o pós-venda se tornou uma ferramenta tão importante sendo por meio deste relacionamento que muitos são conquistados por diversos vendedores. O grande erro dos gestores é fazer um planejamento até o momento da venda e ignorar possíveis contatos após a transação. Porém, o que pode ser considerado o ponto final para alguns, para outros é simplesmente o início 93 REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO│ UNIDADE III do jogo, pois, a utilização do pós-venda permite oferecer ao cliente o devido suporte após a compra do produto ou serviço. Você sabia que conquistar novos compradores custa de 5 a 7 vezes mais caro, do que manter os antigos? Você pode até oferecer os melhores produtos e serviços, ou realizar uma bela divulgação, mas se não colocar em prática algumas técnicas de pós-venda, não adiantarão muitos esforços para o seu negócio. Por isso, confira algumas dicas de pós-venda e veja como satisfazer seus clientes do início até depois da compra! » Mantenha o cadastro atualizado Quando uma empresa se dispõe a sempre atualizar o cadastro dos seus clientes, fica nítida a preocupação em prestar um bom atendimento. Assim, em situações como o pós-venda, é mais fácil entrar em contato, oferecer uma atenção especial e aumentar o nível de satisfação desta compra. » O atendimento por telefone é essencial Quando uma venda é realizada, é importante entrar em contato com o cliente e saber se o produto atendeu todas as expectativas, se a montagem já ocorreu ou se existe algum problema o qual a loja poderá solucionar. Para aqueles que recebem esta ligação, se sentem especiais para a empresa. » Treine sua Equipe Caso você não possa treinar sua equipe, contrate pessoas especializadas no assunto. A empresa não pode enxergar este custo adicional como desperdício, já que se trata de um investimento para garantir a satisfação dos seus clientes. » Faça ofertas exclusivas Seus clientes são especiais, e eles precisam se sentir assim. A melhor maneira para isso, é conferir o histórico de compras de cada um e realizar promoções exclusivas, com descontos especiais ou até mesmo premiações de brindes. » Crie um canal de sugestões ou reclamaçõesMuitas empresas já disponibilizam um SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor), no entanto, para o pós-venda o principal é realizar atendimentos posteriores à venda, e em caso de reclamações ou sugestões, é importante manter um canal aberto (telefone, e-mail ou chat), para que os próprios clientes possam entrar em contato. 94 UNIDADE III │REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO » Faça atendimento personalizado Não padronize o atendimento da sua loja, com e-mails ou ligações automáticas. O melhor caminho é prestar um atendimento mais humanizado, guiado por uma conversa natural. O seu cliente precisa sentir que está sendo atendido da maneira que merece. » Faça pesquisas de satisfação Mensurar a satisfação dos seus clientes é um bom passo para saber como sua empresa é vista por outras pessoas. Nesta etapa é essencial realizar pesquisas de clima, questionando os clientes sobre o atendimento, os produtos e possíveis reclamações e sugestões. E quais são as vantagens do pós-venda? Neste caso é melhor perguntar quais são as desvantagens de não realizar um pós-venda, pois um cliente insatisfeito pode causar mais problemas para a loja, do que alguém que está contente com os serviços prestados ─ isso inclui o grande número de clientes que usam a internet para reclamar. Mas além de tudo que listamos aqui, é importante saber que o pós-venda não está apenas limitado a perguntar para o cliente se ele está satisfeito, este é o primeiro passo para garantir que um bom atendimento. Quando você se compromete a efetivar este processo, o cliente reconhece o interesse da loja em ter um relacionamento em longo prazo, e não apenas realizar uma simples compra. Por todos estes detalhes, realmente faça parte da vida do seu cliente! Controle de mudanças (Requisito 8.5.6 da Norma) Segundo a ISO 9001:2015: A organização deve analisar criticamente e controlar mudanças para produção ou provisão de serviços na extensão necessária para assegurar continuamente conformidade com requisitos. A organização deve reter informação documentada, que descreva os resultados das análises críticas de mudanças, as pessoas que autorizam a mudança e quaisquer ações necessárias decorrentes da análise crítica. Esse item pode também pode ser atendido pelos modelos apresentados na Figura 11 e na tabela 15 apresentados anteriormente. 95 REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO│ UNIDADE III Liberação de produtos e serviços (Requisito 8.6 da Norma) A organização deve implementar arranjos planejados, em estágios apropriados, para verificar se os requisitos do produto e do serviço foram atendidos. Um ponto importante deste requisito é a exceção com relação a liberação, de acordo com a ISO 9001: 2015 a liberação de produtos e serviços para o cliente não pode proceder até que os arranjos planejados forem satisfatoriamente concluídos, a menos que de outra forma tenham sido aprovados por autoridade pertinente e, como aplicável, pelo cliente. A organização deve reter informação documentada sobre a liberação de produtos e serviços que deve incluir (ISO 9001:2015): a. evidência de conformidade com os critérios de aceitação; b. rastreabilidade à (s) pessoa (s) que autoriza (m) a liberação. Controle de saídas não conformes (Requisito 8.7 da Norma) “Não conformidade é não atendimento a um requisito. ” (ISO 9000:2005). Para identificar que existe uma não conformidade, é necessário buscar evidências objetivas que a comprovem. » Um requisito não foi atendido. » A prática não é eficaz. » A prática é diferente do sistema definido. A organização deve assegurar que saídas que não estejam conformes com seus requisitos sejam identificadas e controladas para prevenir seu uso ou entrega não pretendido. A organização deve tomar ações apropriadas baseadas na natureza da não conformidade e em seus efeitos, o que se aplica também aos produtos e serviços não conformes detectados após a entrega de produtos, durante ou depois da provisão de serviços. As formas de ações a que devem ser adotadas são: a. correção; 96 UNIDADE III │REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO b. segregação, contenção, retorno ou suspensão de provisão de produtos e serviços; c. informação ao cliente; d. obtenção de autorização para aceitação sob concessão. A conformidade com os requisitos deve ser verificada quando saídas não conformes forem corrigidas. Essa verificação é necessária porque ao corrigir uma não conformidade pode ocorrer de impactar outra parte do produto ou até mesmo a correção pode não ser adequada e permanecer a não conformidade A organização deve reter informação documentada que: descreva a não conformidade; descreva as ações tomadas; descreva as concessões obtidas; identifique a autoridade que decide a ação com relação à não conformidade, uma boa prática utilizada pelas organizações é a utilização de um relatório de não conformidade que será apresentado no requisito 10.2.1. Na versão anterior da Norma (2008) existia a necessidade de elaboração de um procedimento documentado (informação documentada para atendimento deste requisito juntamente com o registro das não conformidades). Nesta versão, atual existe a obrigatoriedade de reter a informação documentada, o antigo registro. 97 CAPÍTULO 2 Avaliação de Desempenho (Seção 9 Da Norma) e Melhoria (Seção 10 Da Norma) Avaliação de desempenho (Seção 9 da Norma) Parte em que se faz referência ao monitoramento, medição, análise e avaliação, auditoria interna e revisão. Este procedimento visa a comprovação do rendimento e determina “o que”, “como” e “quando”, de acordo com às exigências de Supervisão. As auditorias internas, por sua vez, obtêm informações sobre o sistema de gestão através das exigências dos requisitos da organização e do Estado, aplicando-se a um formato eficaz do Sistema de Gestão (SG). Verde Ghaia (2015) Esta seção é formada por três requisitos sendo eles: Monitoramento, Medição, Análise e Avaliação (Generalidades, Satisfação do Cliente e Análise e Avaliação), Auditoria Interna e Análise Crítica pela Direção (Generalidades, Entradas de Análise Crítica pela Direção, Saídas de Análise Crítica pela Direção) Monitoramento, medição, análise e avaliação (Requisito 9.1 da Norma) Generalidades (Requisito 9.1.1 da Norma) A organização deve determinar (ISO 9001:2015): a. o que precisa ser monitorado e medido; b. os métodos para monitoramento, medição, análise e avaliação necessários para assegurar resultados válidos; c. quando o monitoramento e a medição devem ser realizados; 98 UNIDADE III │REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO d. quando os resultados de monitoramento e medição devem ser analisados e avaliados. Para atendimento deste requisito a organização pode definir indicadores de desempenho com suas respectivas metas e acompanhamento dos mesmos. Para isso podem ser elaboradas identidades dos indicadores e gráficos com as medições (Figura 17). Tabela 29. Ficha de Identidade do Indicador. FICHA DE IDENTIDADE DO INDICADOR Título / Sigla: Periodicidade: Unidade de Medida: Definição: Objetivo: Fórmula: Sendo: Métodos de Medição: Análise: Referenciais de Comparação: Observações: Responsável: Fonte: Adaptado de Bachman e Associados (2008). Figura 17. Exemplos de Gráficos de Indicadores. 99 REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO│ UNIDADE III Fonte: Autora. A organização deve avaliar o desempenho e a eficácia do SGQ. A organização deve reter informação documentadaapropriada como evidência dos resultados. Satisfação do cliente (Requisito 9.1.2 da Norma) Cliente: pessoa ou organização que poderia receber ou que recebe um produto ou um serviço destinado para, ou solicitado por essa pessoa ou organização. Ex.: Consumidor, cliente, usuário final, varejista, recebedor de um produto ou serviço de um processo interno, beneficiário e comprador. O cliente pode ser interno ou externo à organização (ISO 9000:2015) Senão ocorrem reclamações, significa satisfação? Se todos os requisitos que acordados com o cliente forem atendidos, assegura satisfação? Sendo reclamação: expressão de insatisfação feita a uma organização, relativa a seus produtos ou serviços, ou ao próprio processo de tratamento das reclamações, para a qual explicita ou implicitamente espera-se uma resposta ou resolução. Vamos responder cada pergunta separadamente: Senão ocorrem reclamações, significa satisfação? Reclamações são um indicador comum para uma baixa satisfação do cliente, mas a sua ausência não necessariamente implica uma alta satisfação do cliente. (ISO 9000:2015) 100 UNIDADE III │REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO Se todos os requisitos que acordados com o cliente forem atendidos, assegura satisfação? Mesmo quando os requisitos do cliente tiverem sido acordados com o cliente e atendidos, Isso não necessariamente assegura alta satisfação do cliente. Segundo a ISO 9001: 2015 “a organização deve monitorar a percepção de clientes do grau em que suas necessidades e expectativas foram atendidas e também deve determinar os métodos para obter, monitorar e analisar criticamente essa informação”. Esse monitoramento pode ser realizado por meio de pesquisas com cliente, retroalimenta tação, do cliente, reuniões com clientes, análise de participação de mercado, elogios, pleitos de garantia, relatórios de distribuidor etc. A seguir, é apresentado um exemplo de uma Pesquisa de satisfação dos clientes de um restaurante. Feedback do Cliente de Restaurante Prezado Sr. / Sra., obrigado pela sua visita. Completar este breve questionário vai nos ajudar a obter os melhores resultados. 1- Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino Idade ( ) <20 ( ) 21-30 ( ) 31- 40 ( ) 41 - 50 ( ) > 60 - Com que frequência você visita o “nome do restaurante”? ( ) Várias vezes por semana ( ) Diariamente ( ) Uma vez por semana ( ) Várias vezes por mês ( ) Uma vez por mês ( ) Várias vezes por ano ( ) Uma vez por ano ou menos ( ) Visitei apenas uma vez ( ) Nunca 3 - Por favor, avalie as seguintes afirmações: Concordo Completamente Concordo Parcialmente Não Concordo Nem Discordo Discordo Parcialmente Discordo Completamente A comida é servida quente e fresca O menu tem uma boa variedade de itens A qualidade da comida é excelente A comida é gostosa e saborosa Meu pedido estava correto e completo Os funcionários foram pacientes ao tomar minha encomenda Fui servido prontamente Funcionários foram amigáveis e corteses Preços são bons Parte externa do restaurante estava limpa Parte interna do restaurante estava limpa 101 REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO│ UNIDADE III Qual é sua satisfação geral com o “nome do restaurante”? Você recomenda o “nome do restaurante” a seus parentes, amigos ou companheiros? 7 - Por favor, diga-nos o que podemos fazer para melhorar: Fonte disponível em: <https://www.survio.com/modelo-de-pesquisa/feedback-do-cliente-de-restaurante> Análise e avaliação (Requisito 9.1.3 da Norma) A organização deve analisar e avaliar dados e informações apropriados provenientes de monitoramento e medição. Os resultados de análises devem ser usados para avaliar (ISO 9001:2015): a. conformidade de produtos e serviços; b. o grau de satisfação de cliente; c. o desempenho e a eficácia do SGQ; d. se o planejamento foi implementado eficazmente; e. a eficácia das ações tomadas para abordar riscos e oportunidades; f. o desempenho de provedores externos; g. a necessidade de melhorias no SGA. A Análise do SGQ em relação ao seu desempenho global, às oportunidades de melhorias contínuas e a eliminação de não conformidades pode ser feita nas reuniões de análise crítica, quando a Alta Direção avalia o sistema e propõe ações. Auditoria interna (Requisito 9.2 da Norma) Segundo a ISO 9000:2005, “Auditoria é o processo sistemático, documentado e independente, para obter evidência da auditoria e avaliá-la objetivamente, afim de determinar a extensão na qual os critérios de auditoria são atendidos”. Este processo é realizado através de: » verificação da adequação e do desempenho correto dos processos; » revisão das atividades; 102 UNIDADE III │REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO » provimento de orientação às pessoas; » identificação de lições aprendidas de melhoria, conduzida por auditores internos ou externos. Além disso, a auditoria irá assegurar que: » a qualidade planejada para o projeto será alcançada; » os Produtos são seguros e adequados para o uso; » todas as normas e os regulamentos são seguidos; » o sistema de coleta e de distribuição de dados é preciso e adequado; » as ações corretivas apropriadas são tomadas, quando necessário; » as oportunidades de melhoria são identificadas. De acordo com a ISO 9001: 2015, a organização deve conduzir auditorias internas a intervalos planejados para prover informação sobre se o SGQ: a. está conforme com: os requisitos da própria organização para o seu SGQ; os requisitos desta Norma; b. está implementado e mantido eficazmente. Portanto, a organização deve criar um cronograma com o planejamento de suas auditorias internas e como pode ser visto a Norma não estabeleceu um intervalo de realização, cabendo a organização essa definição. A organização deve (ISO 9001:2015): a. planejar, estabelecer, implementar e manter um programa de auditoria, incluindo a frequência, métodos, responsabilidades, requisitos para planejar e para relatar, o que deve levar em consideração a importância dos processos concernentes, mudanças que afetam a organização e os resultados de auditorias anteriores; b. definir os critérios de auditoria e o escopo para cada auditoria; c. selecionar auditores e conduzir auditorias para assegurar a objetividade e a imparcialidade do processo de auditoria; 103 REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO│ UNIDADE III d. assegurar que os resultados das auditorias sejam relatados para a gerência pertinente; e. executar correção e ações corretivas apropriadas sem demora indevida; f. reter informação documentada como evidência da implementação do programa de auditoria e dos resultados de auditoria. Para auxiliar no desenvolvimento deste programa de auditoria, a organização pode usar como referência a norma ISO 19011 – Diretrizes para Auditoria de Sistemas de Gestão. Na versão anterior da Norma (2008) existia a obrigatoriedade de elaboração de um procedimento documentado para este requisito, nesta versão (2015) existe apenas a obrigatoriedade de reter informação documentada, antigo registro. Esse requisito trata apenas de auditorias internas, mas existem, também, as auditorias externas e as auditorias em fornecedores. Segue a definição desses tipos de auditorias, segundo a ISO 9000: 2005. » Auditorias internas, algumas vezes chamadas de auditorias de primeira parte, são conduzidas pela organização ou em nome dela, para análise crítica pela direção e outros propósitos internos, e podem formar a basepara a declaração de conformidade de uma organização. Em muitos casos, particularmente em pequenas organizações, a independência pode ser demonstrada pelo fato de a liberdade oriunda da responsabilidade para a atividade ser auditada. » Auditorias externas incluem aquelas geralmente denominadas auditorias de segunda e de terceira parte. Auditorias de segunda parte são conduzidas pelas partes que têm interesse na organização, como clientes ou outras pessoas que ajam em seu nome. Auditorias de terceira parte são conduzidas por organizações externas, organizações de auditoria independentes, tais como aquelas que fornecem certificação/ registro de conformidade com a NBR ISO 9001 e NBR ISO 14001. Análise crítica pela direção (Requisito 9.3 da Norma) Segundo Maranhão (2001) A análise crítica do SGQ pela Alta Direção é uma das atividades-chave para o sucesso de qualquer organização. O processo consiste em analisar 104 UNIDADE III │REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO os dados coletados das diferentes medidas realizadas (satisfação dos clientes, produto, processo e auditorias internas da qualidade) e fazer as correções de rumo que a análise recomendar (estratégias, planos, objetivos etc.). Generalidades (Requisito 9.3.1 da Norma) Segundo a ISO 9001: 2015 “a Alta Direção deve analisar criticamente o SGQ da organização, a intervalos planejados, para assegurar sua contínua adequação, suficiência, eficácia e alinhamento com o direcionamento estratégico da organização”. A análise crítica requer planejamento e eficácia de resultados, cabe a organização definir o intervalo de realização. Para tanto, é importante estabelecer o escopo do trabalho e fixar os objetivos a serem atingidos. A Norma determina que a organização deverá documentar e avaliar, pelo menos, os resultados das suas seis entradas apresentadas no próximo item. Outros assuntos podem e devem ser incluídos: movimentos da concorrência, análise financeira, estoques, clima organizacional e todos aqueles relevantes à competitividade da organização. Entradas de análise crítica pela direção (Requisito 9.3.2 da Norma) A análise crítica pela direção deve ser planejada e realizada levando em consideração (ISO 9001:2015): a. a situação de ações provenientes de análises críticas anteriores pela direção; b. mudanças em questões externas e internas que sejam pertinentes para o SGQ; c. informação sobre o desempenho e a eficácia do SGQ, incluindo tendências relativas a: satisfação do cliente e retroalimentação de partes interessadas pertinentes; extensão na qual os objetivos da qualidade foram alcançados; desempenho de processo e conformidade de produtos e serviços; não conformidades e ações corretivas; resultados de monitoramento e medição; resultados de auditoria; desempenho de provedores externos; d. a suficiência de recursos; 105 REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO│ UNIDADE III e. a eficácia de ações tomadas para abordar riscos e oportunidades (ver 6.1); f. f. oportunidades para melhoria. 1.3.3. Saídas de análise crítica pela direção (Requisito 9.3.3 da Norma) As saídas da análise crítica pela direção devem incluir decisões e ações relacionadas com (ISO 9001:2015): a. oportunidades para melhoria; b. qualquer necessidade de mudanças no sistema de gestão da qualidade; c. necessidade de recurso. A organização deve reter informação documentada como evidência dos resultados de análises crítica pela direção. Segundo Barbará (2008), “pela análise crítica produzida pelos elementos de entrada são tomadas decisões para melhoria do SGQ. Essas análises críticas devem referenciar a um ponto ou ao todo. Pode ser avaliado um método, uma Unidade de Negócio, um treinamento ou, até mesmo, a missão da organização, caso necessário. Se tivermos em mãos, clara e objetivamente, os requisitos dos clientes, conhecendo as nossas competências e capacidades, é muito mais fácil gerir um negócio”. Melhoria (Seção 10 da Norma) De acordo com Verde Ghaia (2015) “Busca-se abordar as não conformidades, assim como as ações corretivas e a melhoria contínua, de modo a proporcionar melhorias reais. Desse modo, pode-se enfrentar as não conformidades com ações mais precisas e eficazes”. Para atendimento do objetivo desta seção são apresentados três requisitos: Generalidades; Não conformidade e Ação Corretiva e Melhoria Contínua. 106 UNIDADE III │REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO Generalidades (Requisito 10.1 da Norma) A organização deve determinar e selecionar oportunidades para melhoria e implementar quaisquer ações necessárias para atender a requisitos do cliente e aumentar a sua satisfação. Essas devem incluir (ISO 9001;2015): a. melhorar produtos e serviços para atender a requisitos assim como para abordar futuras necessidades e expectativas; b. corrigir, prevenir ou reduzir efeitos indesejados; c. melhorar o desempenho e a eficácia do SGQ. Interessante, que este requisito fala sobre futuras necessidades e expectativas, ou seja, a organização deve se preocupar não só em atender as necessidades e expectativas atuais, mas já pensar no futuro, em manter estes clientes satisfeitos por um longo prazo. Exemplos de melhoria podem incluir correção, ação corretiva, melhoria contínua, mudanças revolucionárias, inovação e reorganização. Não conformidade e ação corretiva (Requisito 10.2.1 da Norma) Ao ocorrer uma não conformidade, incluindo as provenientes de reclamações, a organização deve (ISO 9001:2015): d. reagir à não conformidade e, como aplicável: tomar ação para controlá- la e corrigi-la; lidar com as consequências; e. avaliar a necessidade de ação para eliminar a(s) causa(s) da não conformidade, a fim de que ela não se repita ou ocorra em outro lugar: analisando criticamente e analisando a não conformidade; determinando as causas da não conformidade; determinando se não conformidades similares existem, ou se poderiam potencialmente ocorrer. f. implementar qualquer ação necessária; g. analisar criticamente a eficácia de qualquer ação corretiva tomada; 107 REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO│ UNIDADE III h. atualizar riscos e oportunidades determinados durante o planejamento, se necessário; i. realizar mudanças no SGQ, se necessário. Ações corretivas devem ser apropriadas aos efeitos das não conformidades encontradas. A organização deve reter informação documentada como evidência: da natureza das não conformidades e quaisquer ações subsequentes tomadas; dos resultados de qualquer ação corretiva. Uma das evidências utilizadas para comprovar atendimento deste requisito é relatório de não conformidades.. Figura 18. Modelo de Relatório de Não Conformidades. Relatório de Não Conformidades RNC no: <Número identificador do RNC> Não Conformidade (NC) ou Oportunidade de Melhoria (OM): <Identificação da Não conformidade ou da Oportunidade de Melhoria> Origem da não conformidade ou da oportunidade de melhoria: <Assinalar a forma de identificação da NC ou OM relacionada abaixo: ( ) 1. Análise Crítica ( ) 2. Auditoria ( ) 3. Reclamação do Cliente ( ) 4. Processos ( ) 5. Outros_____________________ Área ou processo onde a NC ou OM foi identificada: <Indicar a área ou processo onde a NC ou OM foi identificada> Padrão aplicável: <Indicar o padrão aplicável (norma de referência)> Requisito: <Identificar o requisito específico do padrão aplicável que caracteriza a NC ou OM> Descrição: <Descrever a NC ou OM. Mencionar, quando aplicável, a evidência objetiva que caracterizou a NC.> Responsável: <Nome do responsávelpela solicitação de abertura do RNC> Data: <Data da abertura do RNC> Proposta de Ação Imediata / Correção Ação Imediata / Correção: < Descrever a(s) ação(ões) tomada(s) para corrigir a não conformidade encontrada.> Só é aplicado nos casos de não conformidades reais, ou seja, que já ocorreram e quando for possível sua aplicação. Quando não houver tratamento preencher com “Não aplicável.” Responsável: <Nome do responsável pela definição do tratamento> Data: <Data da definição do tratamento> Análise da Não Conformidade Causa(s): <Identificar e descrever a(s) causa(s) que contribuíram para a ocorrência da não conformidade, quando aplicável.> Quando não houver análise da não conformidade, preencher com “Não aplicável” Responsável: <Nome do responsável pela identificação e descrição da(s) causa(s) da não conformidade> Data: <Data da análise identificação e descrição da(s) causa(s) da não conformidade> Ação Proposta ( )Ação(ões) Corretiva(s) ( )Ação(ões) Preventiva(s) ( )Melhoria(s) Proposta(s) <Marcar a ação definida> 108 UNIDADE III │REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO <Definir a ação requerida: Ação corretiva necessária para eliminar a causa da não conformidade e evitar a sua repetição; Ação preventiva necessária para que a não conformidade não ocorra; Melhoria proposta para a oportunidade identificada. Prazo para Implementação da Ação Proposta: <Prazo máximo para a implementação da Ação Proposta, no formato dd/mm/aaaa> Responsável pela definição da ação proposta: <Nome do responsável pela definição da ação proposta> Data: <Data da definição da ação proposta> Avaliação da Eficácia da Ação Proposta Tratamento da NC ( ) SATISFATÓRIA ( ) INSATISFATÓRIA Ação Proposta ( ) SATISFATÓRIA ( ) INSATISFATÓRIA Justificativa: <Campo preenchido pelo responsável por verificar>. » » A eficácia da implementação do tratamento para corrigir a não conformidade (quando ocorrida e que possa ser corrigida). » » A eficácia da implementação de ação proposta. Define-se como responsável: » » O auditor que detectou a não conformidade ou oportunidade de melhoria, ou o auditor-líder. » » Autor da identificação da não conformidade ou oportunidade de melhoria, exceto quando ele for o autor da definição das demais ações relatadas no RNC. Neste caso, a análise deve ser conduzida por outro profissional qualificado. <Indicar neste campo as evidências da análise e estabelecer as recomendações necessárias quando a mesma considerar insatisfatória a implementação da ação.> Responsável: <Nome do responsável pela análise crítica da ação realizada> Data: <Data da realização análise crítica da ação realizada> Fonte: DATASUS (2009). Na versão anterior da Norma (2008) além de ação corretiva existia um requisito para ação preventiva, que foi eliminado desta versão, devido a: Um dos propósitos-chave de um SGQ é atuar como uma ferramenta preventiva. Consequentemente, esta Norma não tem uma seção ou subseção separada sobre ação preventiva. O conceito de ação preventiva é expresso por meio do uso de mentalidade de risco na formulação de requisitos de SGQ (ISO 9001:2015) Nesta versão anterior também havia a obrigatoriedade de procedimentos documentos para não conformidade, ações corretivas e preventivas. Melhoria contínua (Requisito 10.3 da Norma) A organização deve melhorar continuamente a adequação, suficiência e eficácia do SGQ. A organização deve considerar os resultados de análise e avaliação e as saídas de análise crítica pela direção para determinar se existem necessidades ou oportunidades que devem ser abordadas como parte de melhoria contínua. 109 REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO│ UNIDADE III No requisito 7.5 Informação Documentada foi feita a seguinte pergunta: Quantas são e quais são informações documentadas obrigatórias? Manter informações documentadas que corresponde a procedimentos documentados são quatro, sendo eles: 4.3. Determinando o escopo do SGQ. 4.4. Sistema de gestão da qualidade e seus processos . 5.2.2. Comunicando a política da qualidade. 6.2. Objetivos da qualidade e planejamento para alcançá-los . Reter informações documentadas que corresponde a registros são 19 e são apresentados na Tabela 30. Tabela 30. Lista de Requisitos que devem reter informação documentada. ID Requisitos 4.4 Sistema de gestão da qualidade e seus processos 7.1.5.1 Recursos de Monitoramento e Medição - Generalidades 7.1.5.2 Rastreabilidade de medição 7.2 Competência 8.2.3 Análise crítica de requisitos relativos a produtos e serviços 8.3.3 Entradas de projeto e desenvolvimento 8.3.4 Controles de projeto e desenvolvimento – R 8.3.4 Controles de projeto e desenvolvimento 8.3.5 Saídas de projeto e desenvolvimento 8.3.6 Mudanças de projeto e desenvolvimento 8.4 Controle de processos, produtos e serviços providos externamente 8.5.2 Identificação e rastreabilidade 8.5.3 Propriedade pertencente a clientes ou provedores externos 8.5.6 Controle de mudanças 8.6 Liberação de produtos e serviços 8.7 Controle de saídas não conformes 9.1.1 Monitoramento, medição, análise e avaliação – generalidades 9.2 Auditoria interna 9.3.3 Saídas de análise crítica pela direção 10.2 Não conformidade e ação corretiva Fonte: Autora. 110 UNIDADE III │REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO Depois de você analisar todos os requisitos estiver pensando se realmente a implantação da ISO 9001 benefícios para organização, a seguir será apresentado um texto que apresentará alguns destes benefícios. E com este texto encerramos este material. Benefícios da ISO 9001 para sua empresa Templum Consultoria Ilimitada Disponível em: <http://certificacaoiso.com.br/beneficios-da-iso-9001/> Os benefícios da ISO 9001 se estendem a diversas áreas de negócios. Claro que a visibilidade e expansão de mercado está entre as mais almejadas, porém é importante lembrar que “Qualidade” se aplica em todos os sentidos sejam eles profissionais ou pessoais. Isso se aplicará direta ou indiretamente para todos os envolvidos nos processos. A seguir, listaremos inúmeros benefícios da ISO 9001 que sua empresa poderá obter com a certificação: Benefícios da ISO 9001 em termos gerais Equipe motivada e alinhada = Grande diferencial competitivo. A certificação ISO 9001 é uma forma de alinhar objetivos e pensamentos, em prol da empresa como um todo. Ao implementar a ISO 9001, a empresa mostra ao colaborador que pensa no futuro, que não quer ficar estagnada no mercado, e acredita que melhorias devem ser realizadas e sugeridas continuamente. Assim, é muito provável que o profissional se sinta motivado a trabalhar melhor, rever conceitos, e abraçar as mudanças que a certificação acarreta. Ter profissionais focados e comprometidos é um diferencial considerável. Uma equipe motivada passa a alegria que está sentindo para os que estão ao redor. Fornecedores, e principalmente clientes, são bem tratados, novas sugestões são feitas e colocadas em prática com maior interesse. Além disso, o funcionário irá entender melhor os processos internos do lugar que trabalha, e compreenderá que faz parte do processo, sendo inclusive, uma das peças fundamentais para o sucesso ou fracasso do mesmo. 111 REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO│ UNIDADE III A satisfação do seu cliente como foco principal do negócio Esse é um dos principais benefícios da ISO 9001. Sua empresa deixa de ter o foco no produto e começa a ter o foco no cliente. Para isso o primeiro passo é conhecer profundamente o que o motiva,quais são seus valores, suas expectativas, seu estilo de vida, seu comportamento, suas opiniões, entre outros. De posse dessas informações conseguimos entender o sentimento do nosso cliente para buscar a sua satisfação e para começar a entender como criar valor para eles. Com a Iso 9001, você será capaz de monitorar os cinco elementos básicos necessários para se criar valor para o cliente: qualidade, relacionamento, desempenho, preço e benefícios* e ainda terá critérios objetivos para monitorar a sua satisfação. Sem falar nas economias geradas pelas ausências de retrabalho e desperdícios podem ser investidas no desenvolvimento de novos produtos, em treinamento de pessoal, em uma reforma na sede (uma nova pintura ou a compra de novos móveis são percebidos de imediato). Clientes, mesmo que inconscientemente, percebem essas melhorias. E ter a imagem da empresa em alta na cabeça de todos é um excelente negócio. Portanto, temos a fórmula mágica: Satisfação do Cliente + Fidelização do Cliente = Relacionamentos Duradouros + Lucro para a empresa. Simples assim. Conquista de novos negócios e imagem perante ao mercado A certificação ISO 9001 traz uma imagem que reflete a melhoria na gestão da qualidade. Mostra que a empresa se preocupa com a forma como é vista pelos clientes, que deseja melhorar continuamente e está aberta a novas oportunidades e parcerias. Sem falar nos mercados dos grandes players, onde quem não tem a certificação nem pode entrar para competir no jogo. Se você almeja alçar voos maiores, saiba que multinacionais ou grandes empresas exigem certificação ISO 9001 de seus fornecedores. Ou seja, sua empresa por si só é o seu cartão de visita. Sempre trabalhe de forma transparente e utilize a ISO 9001 como estratégia de melhoria e desenvolvimento do negócio. O reconhecimento virá como consequência espontânea. 112 UNIDADE III │REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO Economize recursos e invista no seu desenvolvimento Em curto prazo, a obtenção do selo ISO 9001 traz melhorias nos processos internos da empresa, diminuindo retrabalho e desperdício, além de aumentar a qualidade do produto. As economias geradas podem ser investidas no desenvolvimento de novos produtos, em treinamento de pessoal, em uma reforma na sede (uma nova pintura ou a compra de novos móveis são percebidos de imediato). Veja um exemplo prático da ISO 9001. Em longo prazo, é comum que se verifique aumento no faturamento da empresa, visto que os clientes tornam-se fiéis e a credibilidade dos serviços prestados determina a chegada de novos parceiros comerciais.” Benefícios da ISO 9001 para as áreas de negócio A ISO 9001:2008 é globalmente benéfica para as organizações que implementam o Sistema de Gestão e que buscam melhorar a qualidade à longo prazo, pois com as ações que são realizadas no decorrer de alguns ciclos, a tendência é manter um histórico do comportamento dos seus processos e da sua evolução após a implementação. Ao aplicar os requisitos normativos na tomada de decisões do cotidiano da organização, as empresa têm sucesso na melhoria contínua da qualidade: 1. Maior Organização Interna: as informações passam a fluir de um setor para outro ordenadamente. Os problemas que travam a organização passam a ser identificados, tratados e até mesmo eliminados. 2. Melhor Desempenho do Negócio: ajuda os gestores a elevar o desempenho da organização, tanto internamente como perante os concorrentes. As atividades chave da organização passam a ser monitoradas e os resultados aparecem em curto, médio e longo prazo. 3. Melhor Desempenho Comercial: a certificação ISO 9001 aliada ao marketing alavanca a reputação da marca, pois demonstra que a organização é comprometida com padrões internacionais reconhecidos e com a melhoria contínua. 4. Economia e Redução do Desperdício: com o gerenciamento de materiais, a eficácia da produção pode ser destacada, trazendo 113 REQUISITOS DA ISO 9001:2015 REFERENTES A ORGANIZAÇÃO, LIDERANÇA, PLANEJAMENTO E APOIO│ UNIDADE III benefícios financeiros. Com o controle das não conformidades a organização reduz o retrabalho. 5. Aumenta a Satisfação dos Clientes: a norma ISO 9001 tem um requisito destinado à satisfação do cliente, assegurando que as necessidades dos clientes sejam consideradas e atendidas. Com isso a organização melhora o desempenho perante os clientes. 6. Maior Controle do Negócio pela Direção e Acionistas: a norma propõe que a organização se antecipe aos problemas ocorridos nos processos, antes que o problema ocorra efetivamente. Isso permite que a alta direção tenha uma visão prévia de possíveis falhas e melhorias a serem atingidas. Ufa! Ter a certificação no papel e não ter a cultura da melhoria contínua não adianta muita coisa. Se decidir por esse caminho, vai encontrar muitos desafios e muito, muito aprendizado. O que vai ser crucial para se destacar no seu meio. 114 Referências ABNT NBR ISO 9000:2015 – Sistema de Gestão da Qualidade – Fundamentos e Vocabulários. ABNT NBR ISO 9001:2008 – Sistema de Gestão da Qualidade – Requisitos. ABNT NBR ISO 9001:2015 – Sistema de Gestão da Qualidade – Requisitos. BACHMANN e ASSOCIADOS ─ Identidade do Indicador ─ 2008. Disponível em: < <http:// www.bachmann.com.br/website/documents/ID-AT-04AGraudeObsolescencia.pdf>. Acesso em: 28 mai. 2009. BARBARA, S. Gestão por Processos. Rio de Janeiro: Qualimark, 2008. BSI. Mapeamento entre os Requisitos da ISO 9001:2008 e da ISO FDIS 9001:2015 – Guia de Mapeamento. New and Revised, n.d. Disponível em:< http://www.bsigroup.com/LocalFiles/pt-BR/Whitepapers/BR-PTBR-iso9001-WP- MappingGuide9k-PDF.pdf>. Acesso em: 16 mai. 2016. CATEN, C.S.; HOSS, M. Engenharia da Qualidade. ENG09008 ─ Engenharia de Produção ─ UFRGS. CHIAVENATO. I. Administração de Novos Tempos. Campus – Rio de Janeiro, 2004. CROSBY, P. B. Integração – qualidade e recursos humanos para o ano 2000. São Paulo, 1993. DEMING, W. Edwards. Out of Crisis. Boston: Massachusetts Institute of Technology DATASUS. Relatório de Não Conformidades. 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