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Arthropoda (artrópodes)

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Unidade 9: Arthropoda 
 
 
I. Introdução 
II. Evolução de Arthropoda 
1. Características básicas do filo 
2. Adaptações dos artrópodes 
3. Trilobitomorpha 
4. Relações filogenéticas entre os artrópodes 
III. Classificação zoológica 
1. Subfilo Chelicerata 
2. Subfilo Crustacea 
3. Subfilo Hexapoda 
4. Subfilo Myriapoda 
IV. Caracteres gerais 
V. Importância econômica 
VI. Glossário 
 
 
 
 
 
 
 
Pense em TODOS os animais que você conhece... 
 
Responda rapidamente: 
 
Qual é o grupo animal com o maior número de espécies? 
 
Qual o grupo reúne os animais mais admirados, temidos, e conhecidos do 
homem? 
 
E, quais são os animais encontrados em todos os cantos do planeta e com a 
maior diversidade de formas e hábitos de vida??? 
 
 
 
 
 
 
 
Estamos falando dos ARTHROPODA, um dos mais fascinantes grupos de 
animais, com os mais diversos sistemas morfológicos, fisiológicos e comportamentais! 
As variações dos artrópodes, suas especializações e a maneira como estes caracteres 
evoluíram e suas relações com os outros grupos de invertebrados são temas que ocupam 
os zoólogos desde a época de Darwin, e muitas questões ainda permanecem obscuras... 
 
 
I. Introdução 
 
Há mais de 600 milhões de anos alguns animais invadiram os ambientes aquáticos e 
terrestres, no período Pré-Cambriano. Estes animais passaram por uma enorme irradiação 
evolutiva e atualmente ocupam todos os ambientes do planeta, com os mais diversos estilos de 
vida e aparência. De minúsculos ácaros e crustáceos menores que 1mm de comprimento aos 
caranguejos-gigantes do Japão com diâmetro de mais de 3m (com as pernas abertas), os 
artrópodes são encontrados em todas as variações de tamanho, com um número estimado de 
mais de um milhão de espécies descritas! 
Das belas borboletas aos temidos aracnídeos, escorpiões, lacraias e marimbondos, 
passando pelas saborosas lagostas, em qualquer lugar do planeta podemos encontrar artrópodes. 
 
O nome tem origem grega, arthron=articulação e podos=pés, e significa a característica 
que os diferenciou de invertebrados como anelídeos e nematóides, e permitiu a esses animais o 
domínio do planeta: pés ou pernas articulados. 
Os artrópodes são invertebrados protostômios
1
 celomados com organização interna bem 
desenvolvida e metaméricos
2
. 
 
Finalmente, artrópodes são os conhecidos, respeitados e úteis insetos, aracnídeos, 
miriápodes e crustáceos, estes últimos de grande importância econômica para o homem, sendo 
utilizados como alimento! 
O texto irá a seguir irá abordar a evolução do filo, sua classificação zoológica, 
características dos grupos viventes e a importância econômica e ambiental dos artrópodes. 
Bem vindo ao mundo dos inventores do atletismo! 
 
 
II. EVOLUÇÃO DE ARTHROPODA 
Sobre a evolução dos artrópodes a afirmação corrente é que estes compartilham com os 
anelídeos um ancestral comum, com características como a metamerização, encontrada nos dois 
filos. Estudos recentes, incluindo resultados de biologia molecular indicam outra origem para os 
artrópodes: os nematóides, ou ainda uma linhagem antiga semelhante aos atuais crustáceos. 
Morfologicamente, os artrópodes são muito próximos aos animais dos filos Onycophora 
e Tardigrada. Juntos, esses três filos (Figura 1) são agrupados como Panarthropoda
3
. Como 
caracteres comuns aos Panarthropoda, podemos citar: 
-A realização de ecdise (muda) mediada pelo hormônio ecdisona; 
-O celoma reduzido em uma hemocele; 
-Segmentação teloblástica; 
-Expressão do gene engrailed (en) que define os limites 
dos segmentos. 
Os laços evolutivos íntimos entre esses quatro filos 
(anelídeos, artrópodes, onicóforos e tradígrades), sugerem que 
eles compartilham um clado derivado de um ancestral 
segmentado comum originado no Pré-Cambriano (Figura 2). 
Anelídeos e artrópodes têm metamerização do corpo, 
desenvolvimento embrionário e arquitetura geral do sistema 
nervoso similares, e estes filos se diferenciaram a partir do 
aparecimento do exoesqueleto rígido dos artrópodes. 
 
II.1 Algumas características básicas dos artrópodes: 
-Bilaterais, triploblásticos, protostômios. 
-Corpo segmentado interna e externamente, dividido em 
no mínimo duas regiões, cabeça e tronco; tipicamente com um 
escudo cefálico ou carapaça. 
-Cutícula que forma um exoesqueleto bem 
desenvolvido, geralmente com grossas placas esclerotizadas 
(escleritos) consistindo em tergitos (dorsais), pleuritos (laterais) 
e esternitos (ventrais); cutícula com quitina e proteínas com 
vários graus de calcificação, sem colágeno. 
-Cada segmento do corpo primitivamente com um par 
de apêndices articulados, ligados na região ventral, com alta 
gama de especialização entre os táxons. 
-Cabeça com um par de olhos laterais facetados 
(compostos) e com um a vários ocelos simples; alguns grupos 
perderam os olhos compostos e/ou ocelos. 
-Celoma reduzido às porções do sistema reprodutor e 
excretor; a cavidade do corpo é uma hemocele aberta. 
-Sistema circulatório aberto; o coração dorsal é uma 
bomba muscular com óstios laterais para o retorno do sangue. 
-Trato digestivo completo, complexo e bem 
regionalizado, com um estomodeu e um proctodeu bem 
desenvolvidos. 
-Sistema nervoso com gânglios dorsais (cerebrais), 
conectivos e cordões nervosos ventrais ganglionados pares que 
se fundem até determinado ponto. 
Onicóforos – Um grupo originado 
há mais de 500Ma, inicialmente 
marinhos, o filo Onycophora têm 
espécies que invadiram com 
sucesso o ambiente terrestre com 
poucas modificações. As 110 
espécies atuais são terrestres 
vivendo em ambientes úmidos. São 
segmentados como os anelídeos e 
artrópodes, e apresentam caracteres 
intermediários a esses grupos como 
a cefalização discreta, a natureza 
carnosa e não segmentada dos 
apêndices da cabeça, a estrutura 
das mandíbulas, o corpo coberto 
por uma fina cutícula quitinosa que 
realiza mudas, e o sistema nervoso 
e órgãos dos sentidos. 
Tardígrades - O filo Tardigrada 
compreende animais conhecidos 
como “ursos d’água”; foram 
descobertos no século 18. A partir 
daí 800 espécies foram descritas, 
com poucos registros fósseis. A 
maioria delas vive em hábitats 
semi-aquáticos ou no solo e 
serrapilheira das florestas. Outras 
são encontradas em hábitats 
marinhos e de água doce, de águas 
profundas ou rasas, alimentando-se 
do conteúdo de células vegetais, 
detritos, partículas orgânicas, ou 
podem ser ainda parasitas de 
holotúrias ou cracas. 
Compartilham com os onicóforos 
caracteres como o corpo coberto 
por uma cutícula fina não 
calcificada que sofre ecdise 
periodicamente, uma fraca 
cefalização, e com os artrópodes o 
celoma reduzido e a organização 
do sistema nervoso; somente com 
os artrópodes compartilham os 
músculos estriados. 
-Crescimento através de ecdises (mudas) mediadas por ecdisona. 
-Maioria dióica com desenvolvimento direto, indireto ou misto; algumas espécies são 
partenogenéticas. 
 
 
 
Figura 1: Representantes do agrupamento Panarthropoda: (1) Onycophora, (2) 
Tardigrada e (3)Arthropoda. 
 
 
As sinapomorfias dos artrópodes são: 
-Exoesqueleto duro e articulado subdividido em placas; 
-Apêndices articulados; 
-Olhos compostos laterais (um par no mínimo) formados por unidades fotorreceptoras 
independentes, os omatídios; 
-Com exceção dos espermatozóides de alguns grupos, as células são desprovidas de 
cílios e flagelos. 
 
 Mollusca 
Annelida 
Onycophora 
Tardigrada 
Arthropoda 
 
Figura 2: Relações fiogenéticas Panarthropodae filos vizinhos 
 
II.2 Como essas características atuaram na adaptação desse grupo de animais? 
 
Diferentes dos anelídeos, com corpo mole, os artrópodes desenvolveram um 
exoesqueleto
4
 rígido. O aparecimento deste caractere restringiu o crescimento do corpo e a 
locomoção. Este problema foi resolvido pelo desenvolvimento de articulações do corpo e dos 
apêndices e pela regionalização da musculatura. O resultado foi a perda da musculatura circular 
e da cavidade celomática ancestral. Esta se tornou a hemocele ou câmara sanguínea, na qual os 
órgãos ficam banhados diretamente dos fluidos corpóreos. Como era preciso movimentar o 
sangue pelo corpo o vaso dorsal do tipo anelídeo permaneceu, tornando-se uma estrutura 
altamente musculosa - o coração. Os órgãos excretores fecharam-se internamente para assegurar 
a permanência do sangue no corpo. 
A transmissão dos impulsos sensoriais até o sistema nervoso realiza-se agora a partir de 
órgãos sensoriais diferenciados, e estruturas para trocas gasosas desenvolveram-se diversamente 
para ultrapassar o limite imposto pelo exoesqueleto. 
Panarthropoda 
Euarticulata 
Articulata 
1 
2 3 
O crescimento agora não é mais gradual e para que este aconteça, um processo 
complexo mediado por hormônios desenvolveu-se: é a ecdise, um caractere comum aos 
Panarthropoda. O exoesqueleto é eliminado sistematicamente para que possa acontecer 
crescimento corporal. O processo de eliminação do exoesqueleto é um fenômeno característico 
de artrópodes e de poucos invertebrados que apresentam cutícula
5
. 
Além desses eventos houve a invasão dos ambientes terrestres e dulcícolas
6
, que exigiu 
diversas adaptações para o equilíbrio do estresse osmótico e iônico, da reprodução e de um 
suporte estrutural. 
A cutícula sofre um processo de endurecimento por esclerotização, que ocorre em todos 
os artrópodes. Nos crustáceos acontece o fenômeno da mineralização, a deposição de carbonato 
de cálcio numa das camadas da cutícula. 
As modificações sofridas pelos apêndices foram um dos mais importantes passos na 
evolução dos artrópodes. Alterações nos apêndices combinadas com a segmentação do corpo 
significaram diferentes modos de locomoção e alimentação que ficaram disponíveis a esses 
animais. 
Primitivamente, cada segmento do corpo possuía um par de apêndices. Com a adaptação 
de um corpo com exoesqueleto, os músculos tiveram de alterar sua organização para garantir as 
funções de locomoção e sustentação nos artrópodes. Estes se organizaram em feixes curtos que 
se estendem entre um segmento do corpo e o próximo, ou através das articulações dos apêndices 
e outras regiões de articulação, nas áreas onde a cutícula é fina e flexível. Os artrópodes 
desenvolveram diversos dispositivos para locomoção por terra, na água e no ar, e esses métodos 
refletem a plasticidade evolutiva e qualidades adaptativas associadas à segmentação do corpo e 
dos apêndices. A diversidade morfológica dos apêndices locomotores dos artrópodes pode ser 
observada na figura 3. 
 
 
 
Figura 3: Diversidade de apêndices locomotores dos artrópodes. 
 
A evolução da fisiologia dos artrópodes pode ser assim resumida: 
Sistema circulatório - O sistema de hemocele aberta é resultado da imposição do 
exoesqueleto e da perda do celoma; daí a necessidade de um sistema circulatório aberto, assim 
adaptado devido também à mudança da musculatura, que exigiu um sistema no qual o sangue 
seja impulsionado até a hemocele, onde banha os órgãos internos. Esse é o cenário para o 
aparecimento de um sistema circulatório aberto com um coração musculoso com óstios 
(perfurações da parede cardíaca), vasos curtos e um seio pericárdico. 
 
Trocas gasosas - A aquisição do exoesqueleto relativamente impermeável trouxe 
problemas para os artrópodes terrestres como dificuldades para a realização de trocas gasosas e 
na manutenção de água no organismo. O desafio é: romper a integridade do exoesqueleto de 
maneira que as trocas gasosas possam se realizadas sem afetar a sobrevivência do animal. 
As estruturas envolvidas nas trocas gasosas evoluíram de maneira diferente nos 
artrópodes aquáticos e nos terrestres. Os aquáticos realizam as trocas gasosas através da 
superfície geral do corpo ou em áreas de cutícula fina. Porém a maioria dos crustáceos 
desenvolveu brânquias com morfologia variável em função do grupo. 
Os mais bem-sucedidos artrópodes terrestres – insetos e aracnídeos- desenvolveram 
estruturas para trocas gasosas na forma de invaginações da cutícula, ao invés das evaginações 
dos crustáceos. Essas estruturas são os pulmões, traquéias e espiráculos. 
 
Excreção - Diante da impossibilidade de drenar o sangue diretamente de uma hemocele 
aberta para fora do corpo os artrópodes desenvolveram diversas estruturas excretoras muito 
eficientes que compartilham uma mesma característica adaptativa que é a de ser fechada 
internamente. Também houve uma redução no número total dessas estruturas. Os produtos são 
compostos de 70-90% de amônia; o restante é excretado na forma de uréia, ácido úrico, 
aminoácidos e outros compostos. Os artrópodes terrestres excretam predominantemente ácido 
úrico, e conseguem conservar água; essa adaptação muito contribuiu para o seu sucesso no 
ambiente terrestre. Para os crustáceos não houve mudanças nos produtos excretados; somente as 
espécies terrestres (isópodes) mostram um ligeiro aumento na excreção do ácido úrico em 
relação aos grupos marinhos. 
 
Sistema nervoso e órgãos dos sentidos – O plano geral do sistema nervoso dos 
artrópodes é muito semelhante ao dos anelídeos, com algumas homologias. Os artrópodes são 
dotados de gânglios cerebrais PROTOCÉREBRO-anterior, DEUTOCÉREBRO-dorsal (nem sempre 
presente) e TRITOCÉREBRO-posterior. Esse sistema forma conectivos em volta do esôfago em 
direção ao gânglio ventral, e cada região do gânglio cerebral origina um par de nervos que vão 
para os apêndices da cabeça. Assim existem: gânglios cerebrais, gânglio ventral, cordão nervoso 
ventral e pares de nervos para os apêndices específicos. Os gânglios do cordão nervoso 
apresentam vários graus de fusão linear em diferentes grupos de artrópodes, refletindo 
internamente a tagmose
7
. 
O exoesqueleto teve um efeito mais importante na natureza dos receptores sensoriais 
que na estrutura do gânglio cerebral e do cordão nervoso. A maior parte dos mecano
8
 e 
quimiorreceptores
9
 é externa, estes representam modificações de processos da cutícula e estão 
todos ligados ao sistema nervoso central de maneira semelhante. 
Os olhos compostos foram perdidos ou modificados por vários grupos, mas são 
encontrados em todos os subfilos de artrópodes. São basicamente compostos de omatídios com 
facetas e especialmente apropriados para detecção de movimento. Nas espécies subterrâneas, 
naquelas de grandes profundidades oceânicas ou nas intersticiais a perda dos olhos compostos é 
um caminho evolutivo comum. 
 
Depois de uma visão sobre como as diversas características dos artrópodes evoluíram a 
partir de adaptações às suas sinapomorfias e antes de discutir as relações filogenéticas entre os 
artrópodes e grupos externos e dentro do filo, é necessário abrir um parêntese para falar de um 
filo de artrópodes extinto, mas que deixou um legado que muito contribuiu para a compreensão 
da evolução dos artrópodes: os Trilobitas. 
 
 II.3 Trilobitomorpha 
 O mais conhecido filo extinto, Trilobita, inclui quase 4000 espécies conhecidas apenas 
do registro fóssil. Foram restritos aos mares do Paleozoico, dominaram o registro fóssil marinho 
dos períodos Cambriano e Ordoviciano (440-550Ma) e foram importantes componentes da 
fauna marinha até sua extinção em massa que ocorreu no Permiano-Triássico(250-290Ma) e 
que marcou o final da era Paleozoica. Embora tenham sido exclusivamente marinhos, 
exploraram uma variedade de hábitats e estilos de vida. O tamanho variava de 1-70cm de 
comprimento. A maioria era detritívora, embora algumas espécies possam ter sido predadoras 
que ficavam enterradas em sedimentos moles agarrando as presas que passavam por perto. O 
corpo era oval e achatado dorso-ventralmente, com dois sulcos longitudinais dorsais dividindo o 
corpo em um lobo mediano e dois lobos laterais-daí o nome “trilobita” (Figura 4). Dividido em 
três tagmas: céfalo, tórax e pigídio, cada região do corpo tinha um determinado número de 
apêndices. Através de mudas subseqüentes, o animal acabava tomando a forma de um trilobita 
em miniatura e uma nova série de mudas transformava a larva de último estágio em juvenil 
através da adição de segmentos e do aumento de tamanho. 
 
 
Figura 4: Um fóssil de Trilobita. As setas indicam os tagmas ou divisões do corpo: 1- 
cabeça; 2- tórax; 3- abdômen. Observe os apêndices articulados (4) 
 
II.4 Relações filogenéticas entre os artrópodes 
Das diversas árvores propostas nos últimos anos para a evolução dos artrópodes as 
quatro mais populares são as seguintes: 
Chelicerata Chelicerata 
Crustacea Myriapoda 
Myriapoda Crustacea 
Hexapoda Hexapoda 
 
Chelicerata Chelicerata 
Myriapoda Crustacea 
Crustacea Myriapoda 
Hexapoda Hexapoda 
Estas árvores apontam uma origem monofilética para os artrópodes, e uma posição 
basal para os Chelicerata, com variações na evolução dos subfilos. 
1 
2 3 
4 
Com o aparecimento de novas informações resultantes de paleontologia, biologia 
molecular, biologia do desenvolvimento e filogenia, uma nova árvore filogenética pode ser 
proposta para os artrópodes. Essa árvore não está completa, nem há detalhes suficientes que 
completem a história evolutiva do grupo, mas o modelo ilustrado na figura 5 é o que melhor 
representa o pensamento atual. 
 
 
Figura 5: Uma hipótese da evolução dos artrópodes,com todas as linhagens de artrópodes 
surgindo de uma linhagem crustaceomorfa do Paleozóico (adaptado de Brusca & Brusca, 
2007). 
 
Essa quinta hipótese se diferencia das árvores anteriores principalmente por considerar 
que todos os artrópodes surgiam de um ancestral crustaceomorfo no Paleozóico (290Ma), e 
considera também o subfilo Crustacea parafilético. As árvores mostradas anteriormente 
consideram os artrópodes monofiléticos e os subfilos Chelicerata, Myriapoda, Crustacea e 
Arthropoda também monofiléticos, apresentando variações nos clados grupos-irmãos. 
Nesse modelo, diversas criaturas com características de crustaceomorfo (corpo, olhos e 
desenvolvimento típicos de crustáceos) estavam presentes no Pré-Cambriano e início do 
Cambriano, quando essa linhagem originou os trilobitas. Estes sofreram irradiação tornando-se 
os artrópodes mais abundantes nos mares do Paleozóico, mas desapareceram abruptamente 
durante a extinção do Permiano-Triássico (290-250 Ma). Aparecem depois os Cheliceriformes 
com formas marinhas gigantes. No Siluriano (439 Ma) os quelicerados invadem o ambiente 
terrestre e começam a deixar um registro fóssil composto por aracnídeos terrestres. No final do 
Ordoviciano e início do Siluriano (500-439 Ma) os primeiros miriápodes apareceram como 
criaturas marinhas, e 15 milhões de anos mais tarde eles surgem no registro fóssil. O último 
grupo de artrópodes a surgir foi provavelmente o dos hexápodes, durante o Devoniano (409 Ma) 
irradiando-se rapidamente até dominar o mundo terrestre qualificando o Cenozóico (65 Ma) 
como sendo a “era dos insetos”. 
Este modelo é bem diferente das visões anteriores de evolução de artrópodes, e ainda 
faltam muitos detalhes. De qualquer forma, muitas informações atuais suportam essa visão – 
Crustacea como um agrupamento parafilético antigo, “mãe dos artrópodes modernos”. 
 
Sobre a evolução dos Arthropoda: Considerações finais 
 
Indiscutivelmente, o filo Arthropoda é o grupo animal mais bem-sucedido da Terra. As 
espécies comportam uma impressionante diversidade estrutural e taxonômica, apresentam um 
registro fóssil rico e são os animais preferidos para estudos sobre a biologia do 
desenvolvimento, com diversos “sistemas-modelo” (Drosophila, por exemplo). Porém ainda 
não é possível definir claramente como estes animais relacionam-se entre si, e só podemos 
discutir acerca da evolução do filo a partir de modelos hipotéticos. 
Sobre a diversidade dos artrópodes é possível afirmar: 
*A superioridade numérica não é recente. Registros fósseis mostram que a 
diversificação dos artrópodes começou provavelmente durante o Pré-Cambriano, e já no 
Cambriano os artrópodes talvez fossem o filo mais diverso da Terra. 
 
*Sua grande variação de tamanho os torna adaptáveis a uma grande variedade de nichos 
ecológicos. Os artrópodes diminutos são encontrados em sedimentos marinhos, recifes de coral, 
folhagem de algas, sobre musgos e sobre corpos de qualquer tipo de animal. Todos os 
microhábitats terrestres são explorados por insetos e ácaros. 
 
*A coevolução com as plantas no ambiente terrestre e com as algas nos aquáticos foi 
uma força poderosa na irradiação dos artrópodes, com insetos e crustáceos envolvidos. 
 
*A habilidade do voo nos insetos levou-os a nichos não explorados por outros 
invertebrados. 
 
A importância dos artrópodes pode ser medida também pelas contribuições biológicas 
que esses animais trouxeram no seu processo evolutivo. Nunca é demais lembrar as seguintes 
características, tão comuns hoje em diferentes grupos animais, que foram diferenciadas a partir 
dos artrópodes: 
- Cefalização pronunciada, os gânglios cerebrais se fundem e se tornam centralizados e 
aparecem definitivamente os órgãos sensoriais na cabeça. 
- Metâmeros mais especializados, com uma variedade de especialidades, definindo a 
tagmose. 
- Os apêndices articulados, o grande diferencial dos artrópodes, são pareados, 
diversificados para cumprirem diversas funções, e são também responsáveis pela adaptação das 
espécies do filo. 
- A locomoção acontece através da musculatura extrínseca dos apêndices, ao contrário 
da musculatura associada à parede do corpo típica dos anelídeos. Os músculos estriados 
conferem rapidez aos movimentos. 
- A quitina é bem desenvolvida entre os artrópodes e o exoesqueleto cuticular é A 
INOVAÇÃO, permitindo uma gama de adaptações. 
-As traqueias representam um mecanismo de respiração mais eficiente que o da maioria 
dos invertebrados. 
- O trato digestivo é muito especializado, com dentes quitinosos, compartimentos e 
ossículos gástricos. 
- Os artrópodes exibem padrões comportamentais extremamente complexos, quando 
comparados com a maioria dos outros invertebrados, incluindo diversos casos de organização 
social. 
- As espécies deste filo desenvolveram mecanismos de proteção eficientes, como 
coloração e padrão de imitação, características que se “repetiram” em vertebrados como 
anfíbios e répteis. 
 
III. CLASSIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE ARTHROPODA 
Agrupados em 4 subfilos e 13 classes, os artrópodes representam o mais diverso filo de 
animais, constituem 85% das espécies do reino animal com estimativas de 1.097. 289 espécies 
viventes e entre 30-50 milhões de espécies não descritas. Estão agrupados aqui os camarões, 
lagostas, escorpiões, centopeias, ácaros e insetos, entre outros grupos. Os artrópodes são 
invertebrados protostômios celomados com organização interna bem desenvolvida e 
metaméricos. Os grupos viventes são os seguintes: 
 Subfilo CHELICERATA 
 É um grupo antigo de artrópodes que inclui ácaros, aranhas, caranguejo ferradura,opiliões, escorpiões, pseudoescorpiões e aranhas do mar, entre outros grupos (figura 6). São 
caracterizados por possuírem seis pares de apêndices incluindo um par de quelíceras, um par de 
pedipalpos e quatro pares de apêndices locomotores (exceção nos límulos: cinco pares de 
apêndices locomotores). Não possuem mandíbulas nem antenas. A maioria suga alimento 
líquido de suas presas. O corpo é geralmente dividido em cefalotórax (cabeça + tórax) e 
abdômen. O primeiro par de apêndices é modificado em quelíceras, usados para alimentação. 
 
 
 
Figura 6: Diversidade de Chelicerata. No sentido horário: Acari, Scorpionida, 
Pycnogonida, Xiphosura e Araneae. 
 
É composto pelas classes: 
 Classe Arachnida – Com a maioria das espécies terrestres, usualmente tem quatro 
pares de pernas quando adultos. Estão agrupados aqui as aranhas, escorpiões, ácaros, carrapatos 
e outros. 
 Classe Merostomata – Animais marinhos, representados atualmente pelos xifosuros, 
conhecidos como caranguejo ferradura, do gênero Limulus. 
 Classe Pycnogonida – Abdômen reduzido, sem estruturas especiais para respiração e 
excreção. Possuem 4-6 pares de pernas, e vivem em todos os oceanos. São as aranhas do mar. 
 
Classe Arachnida: Com uma variedade anatômica maior que a dos insetos, os 
aracnídeos formam um grupo com cerca de 70.000 espécies descritas. Estes foram os primeiros 
artrópodes a colonizar a o ambiente terrestre, com fósseis conhecidos de escorpiões, aranhas e 
ácaros datados de cerca de 400 milhões de anos atrás (Período Siluriano). 
A maioria desses animais é inofensiva para os seres humanos, e muitos deles realizam 
controle biológico, alimentando-se de insetos daninhos. Algumas espécies são especialmente 
peçonhentas, como a aranha-marrom, aranha-armadeira, escorpiões. Também, ácaros e 
carrapatos são transmissores de doenças e causam facilmente reações alérgicas e dolorosas. 
Serão apresentadas aqui informações relativas a algumas das onze ordens conhecidas da 
classe. 
ORDEM ARANEAE: Cerca de 35.000 espécies, distribuídas em toda a Terra, representam 
esta ordem de quelicerados. O corpo é dividido em duas partes: cefalotórax (prossomo) e 
abdômen (opistossomo), não-segmentados e unidos por um fino pedicelo. 
Os apêndices anteriores são um par de quelíceras que possuem garras terminais através 
das quais passam os dutos provenientes das glândulas de peçonha, e um par de pedipalpos com 
partes basais com as quais trituram os alimentos. Os quatro pares de pernas locomotoras 
terminam em garras (figura 7). 
 
 
Figura 7: Representação esquemática da morfologia externa de Araneae. 
 
Todas as aranhas são predadoras, alimentando-se principalmente de insetos. Este é um 
grupo de artrópodes que desenvolveu estratégias de caça muito eficientes, imobilizando as 
presas através da peçonha liberada pelas garras de suas quelíceras. Algumas aranhas perseguem 
as presas, outras caçam de tocaias, e muitas aprisionam suas presas em teias de seda. Depois de 
imobilizadas, as presas têm seus tecidos liquefeitos pelo veneno e estes são sugados pelas 
aranhas. As espécies que têm dentes na base das quelíceras quebram e trituram suas presas, 
auxiliando a digestão efetuada pelas enzimas eliminadas pela boca. 
A respiração é realizada por pulmões foliáceos, traqueias ou ambos. Estes consistem em 
bolsas de ar paralelas que se estendem dentro de uma cavidade preenchida de sangue. 
As aranhas possuem usualmente oito olhos simples, usados principalmente para a 
percepção de objetos em movimento, e em algumas espécies podem formar imagem. A detecção 
ambiental é feita por meio de cerdas sensoriais em forma de pêlos. As informações captadas são 
correntes de ar, mudanças na tensão da teia, chegada de parceiro sexual. 
A fecundação é interna. O macho, antes de acasalar, tece uma teia e libera uma gota de 
esperma e armazena-o em cavidades localizadas no pedipalpo. Quando acasala, insere os 
pedipalpos na abertura genital da fêmea para armazenar o esperma nos receptáculos seminais da 
parceira. Antes do acasalamento há a realização de um comportamento de corte. Os ovos 
fecundados são transportados pela fêmea numa ooteca
13
, durante um período de 
aproximadamente duas semanas. Antes de chegarem à fase adulta os jovens sofrem diversas 
ecdises. 
 
ORDEM SCORPIONIDA – Os escorpiões são animais discretos, que se escondem em tocas 
ou abrigos durante o dia e saem para caçar durante a noite. Alimentam-se de insetos e aranhas, 
que capturam com seus pedipalpos e dilaceram com as quelíceras. 
 Cerca de 2.000 espécies são descritas, encontradas mais comumente nas regiões 
tropicais e subtropicais, com poucas espécies nas zonas temperadas. Apenas em alguns lugares 
da Oceania e na Antártida não são encontradas espécies de escorpiões. Vivem em terrenos 
arenosos e localizam suas presas sentindo as ondas da superfície geradas pelos movimentos dos 
insetos sobre ou dentro da areia. Essas vibrações são captadas por estruturas sensoriais 
localizadas na base das pernas. Um escorpião pode localizar uma barata enterrando-se a 50cm 
de distância e alcançá-la através de três ou quatro movimentos rápidos de orientação. 
Acredita-se que estes foram os primeiros artrópodes a conquistar o ambiente terrestre, 
há cerca de 400 milhões de anos 
 Os tagmas incluem um cefalotórax bem curto, que apresenta os apêndices, um par de 
olhos medianos grandes e de dois a cinco pares de olhos laterais pequenos; um pré-abdomen de 
sete segmentos e um pós-abdômen longo e delgado, ou cauda, de cinco segmentos, que termina 
em aguilhão. As quelíceras são pequenas e possuem três artículos; os pedipalpos são grandes, 
em forma de pinça, e possuem seis artículos; os quatro pares de pernas locomotoras possuem 
oito artículos (figura 8). 
 
http://www.tolweb.org/Vaejovidae/6224 
 
Figura 8: Scorpionida 
1: Cefalotórax (Prossomo); 2: Pré-abdômen (Mesossomo); 3: Pós-abdômen (Metassomo); 
4: Pedipalpos 
 
O reconhecimento do substrato e do parceiro sexual é realizado pelo pécten, um órgão 
tátil localizado na face ventral do abdômen. O aguilhão do último segmento consiste em uma 
base bulbosa e um aponta curva que injeta a peçonha. A maior parte das espécies produz 
peçonha inofensiva aos seres humanos, que provoca somente um inchaço doloroso. Porém 
algumas espécies dos gêneros Adroctonus (África) e Centuroides (México) produzem peçonha 
que pode ser fatal ao homem. 
2 
1 
3 
4 
 As espécies da ordem apresentam um complexo comportamento reprodutivo, com um 
ritual de acasalamento que consiste numa dança: o macho segura os pedipalpos da fêmea 
enquanto caminha para frente e para trás. Enquanto isso ele dá repetidos toques com seus 
pedipalpos na área genital da fêmea e também dá picadas no pedipalpo da fêmea. Finalmente o 
macho deposita um espermatóforo
15
 e puxa a fêmea para cima dele, enquanto a massa de 
espermatozóides é capturada pelo orifício genital feminino. Os escorpiões podem ser 
ovovivíparos ou verdadeiramente vivíparos. Nos dois casos os embriões se desenvolvem dentro 
do trato reprodutor das fêmeas. O desenvolvimento dos jovens dura de vários meses a um ano, e 
entre seis a noventa imagos emergem, dependendo da espécie. Os jovens, com apenas alguns 
milímetros de comprimento, escalam a fêmea até atingir seu dorso, onde permanecem até depois 
da primeira ecdise. Esse é um comportamento conhecido como cuidado parental, um início de 
socialidade. Em aproximadamente um ano os jovens se tornam adultos, e tem longevidade que 
pode alcançar vinte e cinco anos. 
 
ORDEM ACARI – Está agrupado nesta ordem o grupo de aracnídeos com maior 
importância médica e econômica. É também a ordem mais diversa, com aproximadamente30.000 espécies descritas e uma estimativa que varia de 500.000 a um milhão de espécies! 
São os conhecidos ácaros e carrapatos, que se distribuem em todos os cantos do planeta, 
nos ambientes terrestres e aquáticos, com diversos estilos de vida, livre, parasitas temporários 
ou obrigatórios. Esses últimos são ectoparasitos principalmente de humanos e animais 
domésticos. 
Os ácaros se diferenciam de todos os aracnídeos por apresentar uma fusão completa 
entre o cefalotórax e o abdômen, sem nenhum sinal de segmentação (figura 9). Suas peças 
bucais estão localizadas numa pequena projeção anterior, o capítulo, que consiste 
principalmente em apêndices usados para a alimentação, posicionados em volta da boca. Em 
cada lado da boca existe uma quelícera, que funciona para perfurar, dilacerar ou agarrar o 
alimento. Os adultos possuem quatro pares de pernas, como a maioria dos aracnídeos. Os ácaros 
de vida livre podem ser herbívoros ou escavadores. 
 
 
 
Figura 9: Acari, vista frontal e ventral (http://www.tolweb.org) 
 
A fecundação é interna, com a transferência de espermatozóides via direta ou por meio 
de um espermatóforo. Do ovo eclode uma larva que possui seis pernas, seguida de um ou mais 
estágios ninfais, com oito pernas, até atingir a idade adulta. As espécies que são ectoparasitas 
obrigatórias copulam no hospedeiro. 
Há espécies de vida livre ou parasitas, habitando ambientes terrestres, e até aquáticos, 
marinhos ou de água doce (a maioria dos aquáticos). 
Dentre os ácaros mais comuns podemos citar Demodex folliculorum, comum nos 
folículos pilosos da maior parte dos leitores deste texto. Também Sarcoptes scabei, ectoparasito 
de humanos; este ácaro cava túneis na epiderme humana, nos quais as fêmeas ovipositam cerca 
de 20 ovos/dia. As secreções dos ácaros irritam a pele, e infecções são adquiridas pelo contato 
com indivíduos afetados. 
 
 
Classe Merostomata: Representada por euriptéridos, hoje extintos, e xifosuros, um 
grupo antigo, também chamado de fósseis vivos. 
Os xifosuros são marinhos, e apresentam a mesma forma do corpo desde o período 
Triássico (figura 10). São três gêneros e cinco espécies atuais: Limulus, que vive em águas 
rasas ao longo da América do Norte; Carcinoscorpius, ao longo da costa sul do Japão; e 
Tachypleus, no leste das índias e ao longo da costa sul da Ásia. Podem atingir até 50cm. 
 
 
 
Figura 10: Xiphosura, conhecidos como caranguejo-ferradura, representantes da 
classe Merostomata. 
 
Possuem uma carapaça não-segmentada em forma de ferradura (daí o nome vulgar, 
caranguejo ferradura), e um abdômen largo, que termina num longo télson
12
. O cefalotórax 
possui cinco pares de pernas locomotoras e um par de quelíceras, e o abdômen possui seis pares 
de apêndices largos e delgados fundidos na linha mediana do corpo (figura 10). Em alguns 
apêndices abdominais aparecem brânquias foliáceas. Há dois pares de olhos: um par de olhos 
compostos e um par de olhos simples. Os límulos nadam usando as placas abdominais e podem 
caminhar usando as pernas locomotoras. Alimentam-se à noite de vermes e pequenos moluscos, 
que capturam com as quelíceras. 
Durante a época reprodutiva os límulos encaminham-se à costa durante a maré alta para 
acasalar. A fêmea escava na areia onde deposita os ovos, enquanto um ou mais machos, de 
tamanho menor, acompanham de perto para liberar seus espermatozóides no ninho antes que a 
fêmea o cubra com areia: a fecundação é externa. Depois da eclosão as larvas retornam ao mar 
durante a maré alta. Estas são morfologicamente semelhantes aos extintos trilobitas, com os 
quais os xifosuros podem estar aparentados. 
 
Classe Pycnogonida: Composta exclusivamente por artrópodes conhecidos como 
aranhas do mar. Cerca de 1000 espécies distribuídas em 84 gêneros são descritas, com tamanho 
variando de alguns milímetros até 75cm de envergadura (figura 11). O corpo é fino com quatro 
pares de pernas locomotoras longas. Somente esses artrópodes (alguns grupos) possuem 
metâmeros duplicados, o que lhes confere um ou dois pares de pernas a mais, diferentes dos 
aracnídeos. 
Alimentam-se de fluidos de cnidários e animais de corpo mole. A maioria das espécies 
possui quatro olhos simples. O sistema circulatório limita-se a um coração dorsal simples, e os 
sistemas excretor e respiratório estão ausentes, pois o corpo e as pernas estreitas e longas 
promovem o surgimento de uma grande superfície, suficiente para a difusão de gases e excretas. 
Ocorrem em todos os oceanos, mas são mais abundantes em águas polares. 
 
 
Figura 11: Pycnogonnida, as aranhas do mar. 
 
 
 
 
 
 
 
III.2 Subfilo CRUSTACEA: Caranguejos, camarões, lagostas, siris, pulgas d’água, etc. 
Os crustáceos somam mais de 70.000 espécies descritas, são familiares aos humanos e são os 
invertebrados dominantes nos meios aquáticos. Com exceção dos isópodes (tatuzinhos de 
jardim) e caranguejos, todos os grupos são aquáticos. Os menores crustáceos têm 
aproximadamente 100µm de comprimento e vivem nas antênulas de copépodos, e o maior é o 
caranguejo gigante da Tasmânia, com 4m de comprimento, carapaça de 46 cm de diâmetro e até 
20kg de peso. A diversidade do subfilo está ilustrada na figura 12. 
 
 
 
Figura 12: Diversidade de Crustacea. No sentido horário: Isopoda, Branchiopoda, 
Cirripedia e Malacostraca 
 
 O nome deriva do envoltório resistente que a maioria dos crustáceos apresenta (do 
latim crusta = concha) 
 Os crustáceos diferem dos outros artrópodes em dois caracteres: eles têm dois pares 
de antenas, enquanto os outros artrópodes possuem somente um ou nenhum, e possuem também 
apêndices birremes, cada um deles consistindo de um segmento basal, o propodito com dois 
ramos (forma de Y) presos. 
 São características gerais do subfilo: 
-Corpo composto de cabeça c/5 segmentos, ou céfalo, e uma longa região póscefálica; tronco 
dividido em dois ou mais tagmas distintos. 
-Apêndices multiarticulados, unirremes ou birremes. 
-Carapaça geralmente presente, reduzida em anostracos, amfípodes e isópodes. 
-Mandíbulas usualmente multiarticuladas que funcionam quebrando, cortando ou mastigando, 
com dentes. 
-Trocas gasosas por difusão aquosa entre superfícies branquiais. 
-Excreção por verdadeiras estruturas nefridiais (glândulas antenais, glândulas maxilares, etc). 
-Olhos e ocelos simples e compostos ocorrem na maioria dos taxa (exceção Remipedia), ao 
menos em um estágio do ciclo de vida; olhos compostos sempre elevados num pedúnculo. 
-Intestino com ceco digestivo 
-Desenvolvimento direto ou misto; larva náuplio
10
. 
 
 A maioria dos crustáceos tem entre 16-20 somitos
11
, mas algumas formas apresentam 
60 ou mais segmentos. O maior grupo é a classe Malacostraca, que reúne lagostas, caranguejos, 
camarões, tatuzinhos de jardim e outros. O plano corporal típico tem uma cabeça com cinco 
segmentos fundidos, um tórax com oito somitos e um abdômen com seis. Na extremidade 
anterior há um rostro não-segmentado e na posterior um télson não-segmentado, o qual constitui 
um leque caudal de vários formatos, com o último segmento abdominal e seus urópodes. 
 São reconhecidas 10 classes, relacionadas na figura 13: 
 
 
Figura 13: Classificação e relações filogenéticas do filo Crustacea (in: tolweb.org) 
 
 O corpo de um crustáceo é coberto por uma cutícula composta de quitina, proteína e 
material calcário. As placas resistentes e mais duras dos crustáceos de grande porte são 
particularmente ricas em depósitos calcários. Nas articulações as placas são moles e finas, 
proporcionando flexibilidade aos somitos. A carapaça, se presente, cobre a maior parte ou todo 
o cefalotórax. O abdômen terminaem um télson, que não é considerado um somito, onde se 
localiza o ânus. 
 Classe Remipedia – Derivado do latim remipedes = forma de remo. Carapaça 
ausente. É representada por uma única espécie de crustáceos das Bahamas. Animais 
transparentes, cavernícolas, que vivem em grutas nos mares. Pouco se conhece sobre as 11 
espécies descritas. Possuem em média 3cm de comprimento, 
 Classe Cephalocarida – Do grego kephale = cabeça + karis = camarão. Pequenos 
animais marinhos (2,5mm), sem carapaça, olhos compostos e apêndices abdominais. Somente 
uma espécie é conhecida, da costa norte dos Estados Unidos, Hutchinsoniella macracantha. É 
considerada a classe mais basal de crustáceos. Vivem nos fundos sedimentados ou nos 
sedimentos superficiais dos mares. Alimentam-se por filtração das finas partículas do sedimento 
onde habitam. São descritas 9 espécies. 
 Classe Branchiopoda – Do grego branchia = brânquias + pous, podos = pés. 
Pertencem a esta classe os crustáceos conhecidos como pulgas d’água, muito utilizados commo 
alimentos para peixes de aquário. São 934 espécies descritas com distribuição mundial, 
agrupadas em quatro ordens bem distintas: Anostraca, Notostraca, Cladocera e 
Conchostraca. O tamanho é variável: 3,5mm – 10cm. São animais típicos de água doce, 
adaptados em meios temporários que podem suportar grandes variações de salinidae. Os ovos 
são resistentes, suportando ressecamento, e só eclodindo quando o ambiente é favorável. 
CRUSTACEA 
 
 Classe Maxillopoda – A diversidade dos táxons dessa classe sugere um 
parafiletismo. A carapaça é reduzida, possuem tamanho variável de 0,3mm-2cm. Possuem 
grande importância ecológica, devido à situação na cadeia alimentar marinha. São bentônicos ou 
platônicos, encontrados nos ambientes dulcícolas, no húmus nos fundos oceânicos até 7000m de 
profundidade. São descritas 15.214 espécies, a maior parte destas na subclasse Ostracoda. 
Muitas espécies de são parasitas. As cracas são os representantes dessa classe mais conhecidos, 
e estão classificados na subclasse Cirripedia. 
 
 Classe Malacostraca - O nome deriva do grego, malakos=mole + ostrakon=concha. 
Essa é a Ordem que abriga os crustáceos mais conhecidos: caranguejos, camarões, lagostas, 
todos são malacostracos. Todos esses crustáceos possuem um corpo estruturado em um 
cefalotórax e abdômen. As espécies conquistarem todos os meios aquáticos possíveis. São 
22.671, distribuídas nas ordens Amphipoda, Decapoda, Euphausica e Isopoda. As espécies 
têm tamanho variando de 1cm- Esta última representa o grupo que foi bem sucedido na invasão 
do ambiente terrestre. Os isópodes, conhecidos como tatuzinhos de jardim, junto com os outros 
crustáceos terrestres, os caranguejos, desempenham um importante papel ecológico, pois muitas 
espécies são detritívoras. Sem estes animais, as praias teriam um fedor insuportável. 
 
 III.3 Subfilo HEXAPODA: Este é o grupo que compreende o maior número de 
organismos, provavelmente milhões de espécies. São os insetos, colêmbolos, proturos e 
dipluros. Estão agrupados em duas classes: 
 Classe Entognatha (base das partes bucais dentro da cápsula cefálica); 
 Classe Insecta – considerada a mais diversa classe de organismos, dominantes nos 
ambientes terrestres e aéreos. As relações filogenéticas entre os grupos estão expressas na 
figura 14: 
 
 
 
Figura 14: Classificação e Relações filogenéticas em Hexapoda (in: tolweb.org) 
 
Os hexápodos conquistaram todos os ambientes terrestres. Alguns deles voltaram à 
água, como algumas famílias de insetos. Sua biodiversidade é prodigiosa, e o número de 
espécies ultrapassa nossa imaginação. Só para se ter uma ideia, existe hoje mais de 12.000 
espécies de formigas descritas, apenas uma família de uma ordem!! 
 São considerados caracteres derivados exclusivos dos hexápodes: 
 A perda do segundo par de antenas; 
 A formação de um tórax; 
 Os três pares de pernas, daí o nome do subfilo; 
 O número de segmentos abdominais, limitados a um máximo de 11 segmentos; 
 A perda dos apêndices abdominais (algumas estruturas persistiram nos dipluros, 
colêmbolos e as genitálias externas); 
 As traqueias, que formam um sistema capaz de realização de trocas gasosas; 
 A excreção por túbulos de Malpighi. 
O desenvolvimento pode ser realizado de três maneiras diferentes: Nos ametábolos, o 
animal se desenvolve sem mudar de forma. Os hemimetábolos se desenvolvem por meio de 
uma metamorfose dita imperfeita: o jovem é muito parecido com adulto (o grilo, por 
exemplo). Nos holometábolos as espécies apresentam uma ecologia completamente 
diferente do adulto, ou imago (exemplos: moscas, besouros). 
Existem hoje descritas cerca de 830.000 espécies de hexápodes, com distribuição 
mundial. 
Classe Collembola – Uma das três subclasses de hexápodes não insetos, os colêmbolos têm 
a mais ampla distribuição dos hexápodes, ocorrendo inclusive na Antártida. São considerados 
também como os mais abundantes, com cerca de 250 milhões de indivíduos por hectare 
quadrado. São encontrados no solo, na serrapilheira
17
, sob pedras, em cavernas, etc. São 
conhecidas atualmente cerca de 6000 espécies. 
HEXAPODA 
O nome “Collembola” é derivado de colle=cola + embolon=pistão, e refere-se ao tubo 
ventral que libera secreções com propriedades adesivas, funcionando como um muco colante. 
Este tubo tem função primária de excreção e manutenção do balanço hídrico. 
 
Classe Protura – Especialmente comuns no húmus e no subsolo. São conhecidas cerca 
de 500 espécies, todas de hábitos alimentares fungívoros. O nome deriva do grego: 
protos=primeiro + oura=cauda. Apresentam as seguintes características derivadas: 
-Ausência de olhos; 
-Ausência de antenas; 
-Ausência de tentorium; 
-Pernas posteriores alargadas, com muitas sensilas; pernas anteriores utilizadas como 
antenas. 
Além destas, outras características são: 
-O tamanho é muito pequeno, são menores que 2mm, e o abdômen tem 12 segmentos 
quando adultos. As partes bucais são entognatas, ou seja, são localizadas dentro da cápsula 
cefálica. Não possuem cercos e as pernas têm cinco segmentos (figura 15). 
 
Classe Diplura – Os dipluros são pequenos hexápodes não insetos, com cerca de 1000 
espécies distribuídas em até 9 famílias. Seu tamanho varia de 2-5mm, no máximo de 50mm, não 
têm pigmentação e são pouco esclerotizados. São cegos, e as antenas são longas, moniliformes e 
multiarticuladas, pois são importantes órgãos dos sentidos. O desenvolvimento dos jovens é 
epimórfico, ou seja, as mudas continuam por toda a vida. Algumas espécies são gregárias, e as 
fêmeas podem cuidar dos ovos e dos jovens. Este é um grupo onívoro, alguns se alimentam de 
vegetação viva e decomposta, enquanto outros são predadores (figura 16). 
 
Classe Insecta - Considerados como o grupo dominante na Terra, os insetos têm sua 
origem estimada em cerca de 350 milhões de anos. As estimativas do número de espécies de 
insetos chegam a 30 milhões de espécies, a grande maioria delas ainda desconhecida, ou seja, 
ainda há muito a ser descoberto!! 
Como em outros animais, a evolução dos insetos teve períodos mais ativos que outros. 
Em algumas épocas aconteceu uma explosão de novas espécies, provavelmente devido a 
mudanças climáticas e ao avanço evolutivo de outros animais e também de plantas. 
Um dos primeiros passos evolutivos nos insetos foi o desenvolvimento de olhos 
compostos, com centenas e até milhares de facetas, cada uma destas com a face voltada para 
uma posição diferente, e que juntas produzem uma imagem completa. Com exceção de alguns 
grupos subterrâneos e espécies endoparasitas, a maior parte dos insetos possui um sistema 
visual altamente desenvolvido. 
Depois houve o aparecimentodas asas. Estas apareceram bem “primitivas”, e eram 
usadas inicialmente como aparato para saltos, cobrindo pequenas distâncias. Gradualmente estas 
se tornaram maiores, com alguns grupos apresentando sofisticados movimentos como a 
estabilidade no vôo (mecanismo copiado pelo helicóptero). Os insetos mais derivados têm asas 
funcionais quando adultos, e todas as ordens tem ao menos uma espécie alada. 
 Outro fator que muito contribuiu para a evolução dos insetos foi a capacidade de 
metamorfose, a transformação do corpo que leva a máxima adaptação ao ambiente, o que 
explica como esse grupo de animais tornou-se tão bem sucedido no planeta. Com a muda, os 
insetos apresentam formas diferentes durante o desenvolvimento, tornando-se capazes de 
explorar diversos ambientes em cada fase de sua vida. 
 
Todos os insetos são segmentados e possuem a esqueleto externo articulado 
(exoesqueleto) característico dos Arthropoda. Os segmentos são agrupados em três unidades, a 
cabeça, o tórax e o abdômen, nos quais as partes básicas destes podem ser mais ou menos 
modificadas. As pernas são dispostas nos três segmentos torácicos. Os grupos são diferenciados 
por várias modificações do exoesqueleto e dos apêndices, como partes bucais, pernas e 
abdômen. 
Insetos adultos geralmente têm asas, e essas estruturas podem diagnosticar uma ordem. 
Alguns caracteres são determinantes para explicar o sucesso desta classe de artrópodes: 
Cutícula 
É o fator-chave para o sucesso da classe Insecta. A camada inerte oferece força para o 
exoesqueleto e apódemas (suportes internos e junção de musculaturas) e atuam como uma 
barreira entre os tecidos e o ambiente. Uma função crítica da cutícula é a restrição à perda de 
água, vital para o sucesso dos insetos na terra. 
Cabeça 
 A cabeça dos insetos é uma cápsula fortemente esclerotizada, ligada ao tórax por um 
pescoço membranoso flexível. Nesta região os apêndices são modificados para os sentidos e a 
alimentação. Aqui aparecem o aparato bucal que compreende o labro, as maxilas e o labium, e 
também importantes órgãos dos sentidos como as antenas, os olhos compostos e os ocelos. 
 Também são encontrados olhos compostos e antenas. Em muitos insetos três ocelos 
estão situados anteriormente, tipicamente arranjados em triângulo (figura 17). 
 As partes bucais são formadas de apêndices de todos os segmentos da cabeça. 
Compõem o aparato bucal cinco componentes básicos: O labro, ou “lábio superior”; a 
hipofaringe, uma estrutura em forma de língua; as mandíbulas; a maxila; e o labium, ou “lábio 
inferior”. 
 As mais óbvias estruturas sensoriais dos insetos estão na cabeça: olhos, ocelos e 
antenas (figura 17). Essas últimas são apêndices pares, móveis e segmentados, com diversos 
órgãos sensoriais (ou sensilas) que funcionam como quimiorreceptores, mecanoreceptores, 
termoreceptores e higrorreceptores. As antenas de machos tendem a ser mais elaboradas que as 
das fêmeas correspondentes, o que aumenta a área de superfície utilizada para detecção de 
feromônios sexuais masculinos. Em resumo, as antenas funcionam como órgãos sensitivos e são 
os receptores primários de todos os insetos e têm também uma função tátil devido ao grande 
número de sensilas que possuem. 
 São reconhecidas atualmente 30 ordens de insetos, relacionadas como mostra o anexo 1. 
 Algumas características que podem ilustrar a diversidade dessa classe são a seguir 
comentadas: 
A forma do aparelho bucal é determinada pela dieta, e basicamente, as peças bucais 
dos insetos são classificadas em mastigadoras e sugadoras. 
Nos insetos mastigadores as mandíbulas movem-se transversalmente, e o inseto é capaz 
de cortar e mastigar o alimento sólido. 
Mesmo nesse grupo, a morfologia das partes bucais varia entre as espécies. A superfície 
cortante da mandíbula é diferenciada de acordo com a dieta da espécie. Por exemplo, nos 
insetos carnívoros estas são armadas com fortes “dentes”; nos gafanhotos, que se alimentam de 
vegetais, há uma série de “dentes pontudos”. Nas espécies que não se alimentam na fase adulta 
as partes bucais são muito reduzidas sendo, às vezes, vestigiais ou ausentes (Ephemeroptera). 
O aparato bucal de insetos que se alimentam de fluidos (sugadores) foi modificado para 
formação de um tubo, através do qual o líquido pode ser sugado para dentro deste aparelho. A 
musculatura da faringe é fortemente desenvolvida para formar uma bomba. Em Heteroptera e 
muitos Díptera, que se alimentam de fluidos de plantas ou animais, alguns componentes das 
partes bucais foram modificados num ferrão. 
Nos Lepidoptera a probóscide é longa e enrolada. Esse tipo de aparelho bucal é 
chamado de bomba-sifão, pois não há uma estrutura como o ferrão dos Hemiptera: nesse caso o 
inseto simplesmente suga ou bombeia o líquido externo por meio da probóscide. 
O tórax é a parte locomotora do corpo, apresentando as pernas e as asas. Divide-se em 
três segmentos: Protórax, Mesotórax e Metatórax. O protórax é conectado à cabeça por meio do 
cérvix, uma região membranosa, que funciona como um pescoço. Nesta parte do corpo também 
são encontrados os espiráculos, aberturas responsáveis pelas trocas gasosas. A porção lateral do 
tórax em insetos alados difere do abdômen no que diz respeito à esclerotização: o tórax dos 
insetos alados é fortemente esclerotizado e muito rígido. 
A morfologia dos três pares de pernas encontrados no tórax caracteriza o hábito dos 
insetos: 
-pernas saltatórias – Orthoptera (grilos, gafanhotos, esperanças); 
-pernas raptoras – grupos que capturam presas; 
-pernas cursoriais – insetos que correm (baratas); 
-pernas natatórias – espécies que nadam (Coleoptera e Heteroptera aquáticos); 
-pernas gressoriais – insetos que andam (formigas); 
-pernas fossoriais – insetos que cavam (paquinhas). 
O abdômen é composto por 11 segmentos. Nesta parte do corpo são encontrados o 
aparelho reprodutor, digestivo e excretor e circulatório. A genitália dos insetos geralmente é 
localizada nos segmentos abdominais 8 e 9. Os insetos Apterygotas (sem asas) e muitos insetos 
aquáticos imaturos têm apêndices abdominais. 
Os órgãos específicos relacionados ao acasalamento e oviposição são conhecidos como 
genitália externa, cuja forma é muito diversa e tem considerável valor taxonômico, uma vez que 
em muitos grupos de insetos a genitália masculina ajuda na distinção de espécies. 
A terminália (porção ano-genital do abdômen) de fêmeas adultas inclui estruturas 
internas utilizadas para o recebimento dos órgãos copulatórios masculinos e seus 
espermatozóides e estruturas externas para a oviposição. A genitália externa feminina funciona 
como um tubo para a postura de ovos, embora em alguns grupos estes sejam ausentes (Isoptera, 
Phthiraptera, e a maior parte dos Ephemeroptera). Esses ovipositores podem ter duas formas: 
a) O verdadeiro ovipositor, formado por apêndices dos segmentos abdominais; 
b) O ovipositor substituto composto de segmentos abdominais posteriores extensíveis. 
 
 
 
 
 
. 
 
 
 
A-Setácea (Libélula); 
B-Filiforme (Besouro); 
C-Moniliforme (Besouro); 
D-Clavada (Besouro); 
E-Clavada (Besouro-joaninha); 
F-Capitada (Besouro); 
G-Serreada (Besouro); 
H-Pectinada (Besouro); 
I-Plumosa (Macho de mosquito); J-
Aristada (Mosca das flores); 
K-Estilada (Moscas); 
L- Flabelada (Besouro); 
M-Lamelada (Besouro); 
N-Geniculada (Vespa, himenópteros 
em geral) 
a)Pernas fossoriais – insetos que cavam 
(paquinhas). 
b)Pernas que agarram – Ectoparasitas 
(Mallophaga e Anoplura) 
c)Pernas que fazem limpeza – Hymenoptera. 
d)Aparato das pernas que coletam pólen. 
 III.4 Subfilo MYRIAPODA (miríade= milhares; poda=pés): aqueles que têm muitos 
pés - Quatro classescompõem esse grupo: Chilopoda, Diplopoda, Pauropoda e Symphila, 
ilustradas na figura 10. Dentre elas as mais conhecidas são Chilopoda (centopéias, lacraias) e 
Diplopoda (gongolos, que chegam a apresentar até 750 pernas!!). Inicialmente os miriápodes 
eram agrupados nos unirremes, como os insetos. Porém, as filogenias estabelecidas a partir de 
biologia molecular indicam a presença deste caractere nos dois grupos como uma convergência 
correspondente à adaptação ao meio terrestre, nos insetos e nos miriápodes. São artrópodes com 
um padrão corporal com dois tagmas (cabeça e tronco) com apêndices pareados em todos ou 
quase todos os somitos do tronco. 
Junto com os hexápodes, os miriápodes representam o triunfo terrestre dos artrópodes. 
Esses dois grupos são chamados de mandibulados terrestres, e são os mais abundantes grupos de 
animais terrestres. 
Os miriápodes incluem membros das classes Diplopoda, Chilopoda, Pauropoda e 
Symphyla, distribuídas em aproximadamente 12.050 espécies de distribuição mundial (figura 
18). 
Possuem como caracteres derivados exclusivos: 
-Órgãos de Tömösvary: órgãos sensoriais particulares de função desconhecida, que 
comportam grupos de células sensoriais epidérmicas enervadas pelo protocérebro. 
-A perda de um ramo do apêndice birreme. 
-A presença de traqueias, responsáveis pelas trocas gasosas, o que constitui uma 
convergência com os hexápodes. 
-Dois tubos de Malpighi realizam a excreção. 
 
Classe Chilopoda – Membros da classe Chilopoda são os centípedes, geralmente 
conhecidos como centopeias, lacraias, piolhos de cobra, etc. O nome tem origem grega: cheilos 
=lábio, margem + podus=pés. A maioria dos centípedes tem hábitos noturnos e vivem nas 
superfícies de troncos, rochas, ou nas camadas superiores dos solos de florestas. Possuem uma 
epicutícula com uma camada de cera e precisam de habitats com entulhos. O corpo é achatado e 
possuem um único par de pernas longas em cada uma dos 15 ou mais segmentos do tronco. O 
último par de pernas é usualmente modificado em longos apêndices sensoriais. A cabeça tem 
apêndices semelhantes aos insetos, com um par de antenas, um par de mandíbulas e u ou dois 
pares de maxilas. O par de olhos que se localiza na face dorsal da cabeça é um grupo de ocelos 
A reprodução envolve comportamento de corte, no qual o macho tece uma teia a partir 
de glândulas no lado posterior do corpo. Ele coloca ali o espermatóforo, no qual a fêmea 
introduz sua abertura genital. Os ovos são fertilizados quando são liberados. A fêmea apresenta 
cuidado parental, guardando os ovos e circulando entre eles. Os jovens são semelhantes aos 
adultos, exceto que têm poucas pernas e segmentos, que são adicionados a cada muda. 
Quilópodes são ágeis predadores que se alimentam de pequenos artrópodes, minhocas e 
lesmas; no entanto, algumas espécies se alimentam de sapos, roedores e até morcegos! Nestes 
animais os apêndices do primeiro segmento corporal se transformaram em poderosas estruturas 
de peçonha, os forcípulos que matam ou imobilizam a presa. A maioria das espécies sintetiza 
peçonha inofensiva aos humanos, embora muitos tenham forcípulos que são comparáveis aos 
ferrões das vespas; os acidentes mortais relatados aconteceram com grandes espécies tropicais. 
Classe Diplopoda – Também chamados “mil-patas”, os diplópodos ou milípedes têm 
seu nome de origem grega, que significa diploos = duas dobras + podus = pés, ou pés dobrados. 
É uma classe com espécies distribuídas mundialmente, facilmente encontradas nas camadas 
inferiores da serrapilheira, em húmus ou sob troncos caídos. Sua epicutícula contém muita cera; 
por isso a escolha do habitat é importante para evitar dessecação. Todos têm muitas pernas, e se 
alimentam de matéria vegetal caída mastigando ou rasgando com suas mandíbulas. Poucas 
espécies têm partes bucais adaptadas para sugar secreções vegetais. 
A cabeça apresenta dois grupos de olhos simples e um par de antenas, um de 
mandíbulas e um de maxilas. 
Na maioria das espécies os apêndices do sétimo somito são especializados como órgãos 
copulatórios. Depois da cópula as fêmeas depositam seus ovos em um ninho e os guardam até a 
eclosão. As formas larvais possum apenas um par de pernas em cada somito. 
Os milípedes não são tão ativos como as centopéias, e se enrolam como uma bola 
quando perturbados ou ameaçados de dessecação. Muitos possuem glândulas que produzem 
substâncias repulsivas como cianeto de hidrogênio, repelente para outros animais. 
Classe Pauropoda – Do grego pauros = pequeno + podus = pés). São artrópodes 
terrestres, os menores miriápodes (menores que 5 mm), de corpo mole, esbranquiçados ou 
amarelados, que são raramente encontrados por um observador casual. Superficialmente eles 
parecem hexápodes como colêmbolos ou psocópteros, mas os adultos têm 11 (ou às vezes 12) 
segmentos no corpo, e 9 (ou10-11) pares de pernas. Eles também possuem antena única 
bifurcada e um padrão locomotor distinto caracterizado pelo movimento rápido e freqüente com 
mudanças abruptas de direção. A maior parte dos paurópodes perdeu os olhos, o sistema 
traqueal e o sistema circulatório. 
Podem ser encontrados no solo, em madeira apodrecida, na serrapilheira e outros locais 
úmidos. Cerca de 500 espécies já foram descritas, distribuídas em cinco famílias. 
 Classe Symphyla – Os representantes dessa classe são pequenos artrópodes com 
tamanho variando de 2-10mm que ocupam o solo e folhas apodrecidas e são semelhantes a 
centopéias. Estes organismos perderam os olhos, mas possuem antenas longas e não-ramificadas 
e poros sensoriais na base das antenas; têm um tronco com 12 segmentos incluindo um par de 
fiandeiras
17
. 
Alimentam-se de vegetação caída no solo, e algumas espécies são pragas agrícolas de 
flores e vegetais. O nome tem origem grega: sym=mesmo, igual + phyllos=folha. 
 
 
 
Figura 18: Diversidade de Myriapoda 
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E AMBIENTAL DOS ARTRÓPODES 
 
Embora sejam competidores com o homem por alimento e também sejam transmissores 
de doenças, os artrópodes são animais essenciais na polinização de muitos vegetais usados na 
utilização humana, servem de alimento, são utilizados como matéria-prima para drogas e 
tinturas, e produzem produtos como a seda, o mel, própolis e a cera de abelha. 
As espécies economicamente importantes do filo têm uso direto e indireto, com 
impactos positivos e negativos, sendo utilizadas como recurso alimentar, indiretamente na 
melhoria do solo para cultivos e como base para rações consumidas por diversas espécies de 
animais; são utilizadas na indústria de jóias e pigmentos, têm importância agrícola e na saúde, 
utilizados como terapias alternativas ou como vetores de microorganismos causadores de 
doenças que afetam o homem e outros animais. As espécies de importância econômica são 
encontradas nos seguintes grupos: 
CRUSTACEA 
 BRANCHIOPODA (pulga d’água) 
MALACOSTRACA (krill, camarões, caranguejos, lagostas, lagostins) 
MAXILLOPODA (cracas) 
HEXAPODA 
 INSECTA 
CHELICERIFORMES 
 CHELICERATA (aranhas, ácaros, carrapatos) 
 
 
A importância econômica será apresentada em relação aos aspectos positivos e 
negativos. Dentro de cada um destes aspectos, o uso desses recursos será tratado como de uma 
maneira direta ou indireta, na alimentação, indústria, agricultura, pecuária e saúde pública. 
 
1.Utilização como Recurso alimentar 
1.1 Uso direto: A importância dessas espécies utilizadas como alimento remonta a vários 
séculos: desde a antiguidade diferentes culturas utilizavam crustáceos e insetos como 
importantes itens alimentares. 
a) Pesca: 
As espécies pescadas exclusivamente para consumo humano são: 
ARTHROPODA; CRUSTACEA; Classe MALACOSTRACA;ORDEM DECAPODA: 
Família Penaeidae: Penaeus brasiliensis (camarão rosa), Xiphopenaeus kroyer (camarão 
sete-barbas). 
Famílias Gecarcinidae Cardisoma guanhumi (guaiamu), Ocypodidae (caranguejos), 
Portunidae Callinectes sapidus (siris). 
 Famílias Palinuridae (lagostas), Astacidae (lagostins), Cambaridae (lagostim de água 
doce). 
 
b) Colheita em meio terrestre 
A nível marginal existem espécies de artrópodes de importância econômica local, 
usados na alimentação: abdômen de rainhas de saúvas (INSECTA; FORMICIDAE) consumidos na 
América do Sul e Central; gafanhotos (INSECTA; ORTHOPTERA) consumidos no México, África 
e China; larvas de escarabeídeos e passalídeos (INSECTA; COLEOPTERA), larvas de lepidópteros 
(Insecta; Lepidoptera) consumidas por populações amerindianas, pigmeus africanos e 
aborígenes australianos, larvas de vespas (Insecta; Hymenoptera) consumidas no Japão e nas 
Ilhas Reunião. 
 
c) Criação de recursos pesqueiros e terrestres: 
ARTHROPODA – Carcinicultura (cultivo de camarões). 
 
d) Produtos apícolas: 
Abelhas melíferas produtoras de mel e outros produtos apícolas. 
ARTHROPODA; INSECTA; HYMENOPTERA; APIDAE; Apis, Melipona,Tetragonisca. Os 
dois últimos gêneros representam algumas espécies de abelhas sem ferrão ou indígenas. 
 
1.2 Uso indireto 
 b) Alimentos para aquariofilia: 
ARTHROPODA; CRUSTACEA; BRANCHIOPODA; DAPHINIIDAE; Daphnia spp. utilizado na dieta de 
peixes de aquário como “comida viva”, cultivado comercialmente. O krill é pescado 
comercialmente, sendo utilizado como ração para peixes, como isca, e também para consumo 
humano (ARTHROPODA; CRUSTACEA; MALACOSTRACA). 
 
 2. Importância agrícola 
2.1 Aspectos econômicos diretos 
a) Aspectos benéficos da importância econômica: Engenheiros de ecossistema. São 
organismos que modificam o ambiente ao transformarem materiais vivos ou não de um estado 
físico para outro através de meios mecânicos ou outros meios. São considerados engenheiros de 
ecossistema as minhocas os cupins e as formigas, num conceito definido por Patrick Lavelle, 
que desenvolveu esse tema para a sustentabilidade de solos tropicais. Apesar de não ser um 
artrópode, o papel dos anelídeos será discutido aqui para uma melhor abordagem do tema. 
ARTHROPODA; INSECTA; ISOPTERA, HYMENOPTERA (FORMICIDAE). 
As minhocas, com suas atividades mecânicas levam à criação de estruturas como 
galerias e coprólitos que modificam as propriedades físicas dos solos onde vivem e a 
disponibilidade de recursos para outros organismos. Os agregados do solo formados por essas 
atividades podem proteger parte da matéria orgânica de uma mineralização rápida, e constituem 
uma reserva de nutrientes disponíveis para as plantas, pois contribuem liberando oligoelementos 
e NPK de forma assimilável para os vegetais. Os cupins digerem a celulose, e alteram a 
estrutura dos ecossistemas por meio do seu comportamento construtor, promovendo um 
aumento na porosidade do solo e no transporte de partículas minerais para a superfície e vice-
versa. Dessa maneira, eles influenciam a disponibilidade de recursos para organismos de cadeias 
tróficas diferentes. As formigas atuam mecanicamente revolvendo o solo movimentando as 
camadas em diferentes sentidos. Por serem organismos onipresentes nos ambientes, ajudam a 
controlar a população de outros insetos e também contribuem dispersando sementes, enterrando 
cadáveres e depositando em diferentes camadas do solo outros restos orgânicos. 
b) Aspectos benéficos da importância econômica: Apicultura. 
ARTHROPODA; INSECTA; HYMENOPTERA. APIDAE; Apis, Melipona, Tetragonisca. 
 Abelhas produtoras de mel (usado como item alimentar), própolis (terapia alternativa ao 
uso de antibióticos), pólen e geléia real (complemento alimentar). 
c) Aspectos benéficos da importância econômica: Polinização 
ARTHROPODA; INSECTA; DIPTERA, HYMENOPTERA, LEPIDOPTERA. 
 Abelhas, lepidópteros e dípteros são conhecidos polinizadores. Dentre os artrópodes, as 
abelhas são provavelmente aqueles que tem maior importância econômica como polinizadores, 
as espécies do gênero Apis polinizando diversas fruteiras. Mais intensamente no Hemisfério 
Norte existe um sofisticado e lucrativo sistema de criação massal de colméias para 
arrendamentos a produtores de frutas na primavera. Este é um negócio que movimenta milhões 
de dólares anuais: no início da primavera os proprietários das colméias as alugam e estas são 
transportadas em caminhões até as fazendas produtoras, polinizando espécies de figos, mirtilos, 
melão, laranja, e também legumes. Nas regiões tropicais são conhecidos os himenópteros 
polinizadores de maracujá (gênero Xylocopa, abelhas conhecidas como mamangava). 
e) Aspectos benéficos da importância econômica: Controle biológico. 
ARTHROPODA; HEXAPODA (INSECTA; DIPTERA, HYMENOPTERA); CHELICERIFORMES 
(CHELICERATA; ARACHNIDA; ACARI, ARANEAE). 
 Diversos artrópodes hexápodes e quelicerados são economicamente importantes por 
serem utilizados como agentes de controle biológico, e muitos são criados em escala comercial. 
O controle biológico baseia-se no estabelecimento (precedido de importação) de inimigos 
naturais de pragas exóticas para que a praga seja controlada com pouca ajuda posterior. Esse 
tipo de controle manipula uma população de organismos de forma a reduzir seus danos 
econômicos usando organismos predadores ou patogênicos. 
Como exemplos: aranhas são predadores diversos e eficientes; tradicionalmente são 
mantidas em estábulos de criação de gado de leite para controle de moscas. Existem estudos 
regionais ainda não publicados de uma família de aranha eficaz no controle da mosca-dos-
chifres (Diptera: Cuterebridae: Dermatobia irritans). Microhimenópteros parasitóides 
(Encyrtidae: Apoanagyrus lopezi) utilizados no controle da cochonilha-da-mandioca 
(Hemiptera: Homoptera: Phenacoccus manihoti) levando a um benefício anual estimado em 
US$ 200 milhões. Ácaros predadores também são importantes e utilizados como inimigos 
naturais de ácaros fitófagos. Ácaros também controlam populações de cochonilhas, gafanhotos e 
pragas de grãos armazenados. 
 
f) Aspectos negativos: Pragas agrícolas. 
 Outro aspecto da importância econômica agrícolas dos animais é quando estes se 
tornam pragas, podendo causar graves prejuízos financeiros. O status de praga depende da 
abundância dos indivíduos, e do tipo de incômodo que eles causam. Alguns conceitos devem ser 
definidos para a determinação de uma praga. Dano é a perda mensurável de utilidade do 
hospedeiro, como a qualidade ou quantidade da produção, ou da estética. Algumas vezes o dano 
provocado por poucos indivíduos é inaceitável, como em frutos infestados por moscas-de-fruta. 
Outras vezes é necessária uma alta densidade de indivíduos ou uma epidemia destes antes de se 
tornarem pragas (ex: gafanhotos se alimentando nos pastos somente são considerados pragas 
quando a população é muito grande!). 
 
 Entre os artrópodes existem pragas agrícolas e de grãos armazenados. São espécies do 
subfilo HEXAPODA (INSECTA) e CHELICERATA (ACARI) de diversas ordens. 
Como exemplos de artrópodes pragas de plantas cultivadas: 
INSECTA; HEMIPTERA; HOMOPTERA; STENORRYNCHA; ALEYRODIDAE; Bemisia tabaci, 
Bemisia argentifolii, popularmente chamadas de mosca-branca, atacam cultivos de caju, melão, 
soja, tomate, plantas ornamentais, entre cerca de 500 espécies nas quais conseguem se 
reproduzir. 
Os insetos são das mais importantes pragas de grãos armazenados, agentes responsáveis 
pelas perdas no período pós-colheita. Os principais insetos de grãos e subprodutos armazenados 
pertencem a 28 famílias da ordem Coleoptera (gorgulhos ou carunchos) e seis espécies de 
quatro famílias (Pyralidae, Tineidae,Oecophoridae e Gelechiidae) da ordem Lepidoptera 
(traças). 
Dentre os coleópteros alguns mais importantes são Lasioderma serricorne (F.), também 
conhecido com "bicho-do-fumo" e Stegobium paniceum (L.) (gorgulho-da-farinha). 
São exemplos de traças: Traça-das-amêndoas (Cadra cautella, Pyralidae), traça 
mediterrânea-da-farinha (Ephestia kuehniella, Pyralidae), traça-do-fumo (E. elutella, Pyralidae), 
traça-da-passa-de-uva (C. figulilella, Pyralidae), traça-indiana-das-farinhas (Plodia 
interpunctella, Pyralidae) e traça-dos-grãos (Sitotroga cerealella, Gelechiidae). 
 
 
3. Prejuízos a diversos sistemas produtivos. 
3.1 Aspectos econômicos diretos 
 
b) Importância veterinária 
 Na medicina veterinária espécies de artrópodes podem impor perdas significativas na 
produção animal. 
Os artrópodes que são de importância médico-veterinária pertencem às classes Acari e 
Insecta. São carrapatos (Chelicerata; Acari-Parasitiformes), que causam prejuízos como 
diminuição na produção animal, perdas no setor coureiro (carrapato-de-boi, Boophilus 
microplus) com queda da qualidade do couro a ser comercializado, diversos dípteros (Diptera; 
Brachycera, Nematocera) vetores de nematódeos e protozoários que causam doenças como 
tripanossomoses e filarioses. Os dípteros pertencem às famílias Culicidae, Cuterebriidae 
(Dermatobia, conhecida como berne), Psychodidae e Simuliidae. São também vetores de 
importância médico-veterinária os hemípteros vulgarmente conhecidos como barbeiros 
(Hemiptera; Heteroptera; Reduviidae; Triatoma infestans). Algumas ordens de insetos são 
compostas de parasitas obrigatórios como Phithiraptera: Anoplura e Mallophaga (piolhos 
sugadores e mastigadores) e Siphonaptera (pulgas). 
 
4. Importância na saúde: Aspectos positivos e negativos na saúde pública 
a) Efeito direto de aspectos positivos. 
Os artrópodes também são utilizados em tratamentos de medicina alternativa: é 
amplamente divulgado o uso de abelhas Apis mellifera na apiterapia, que é o tratamento por 
picadas de abelhas, cujo veneno tem ação antibiótica. 
 
b) Efeito direto de aspectos negativos 
Artrópodes podem efetuar um impacto negativo na saúde pública por serem hospedeiros 
de microorganismos transmissores de doenças aos animais incluindo o homem. Alguns 
artrópodes são os maiores responsáveis pela transmissão de doenças nosocomiais, atuando em 
ambientes como centros cirúrgicos e gabinetes dentários. Humanos podem ser infestados por 
piolhos, pulgas (que transmitem a peste bubônica) e ácaros. São eficientes vetores de 
microorganismos (formigas). Mosquitos dípteros da subclasse Nematocera são transmissores de 
dengue, doenças-do-sono, febre amarela, filarioses, leishmaniose, malária, e oncocercoses, entre 
outras doenças. 
 
5. Manufaturas; matéria-prima. 
Muitas espécies de artrópodes são também utilizados na manufatura de jóias, na 
indústria cosmética e na fabricação de tintas. 
Nos artrópodes, besouros das famílias Buprestidae e Scarabaeidae são utilizados como 
matéria-prima na fabricação de jóias, na cultura andina. As cochonilhas (Hemiptera; 
Homoptera; Dactylopius coccus) produzem o corante vermelho-carmim, usado nas indústrias 
alimentícia e farmacêutica. 
 
 
ALÉM DISSO.. 
 
O poder da regeneração 
Os límulos possuem a rara habilidade de regenerar seus membros perdidos, de uma 
forma similar ao que fazem asestrelas-do-mar. Estes animais são extremamente valiosos como 
espécies para a comunidade de pesquisas médicas. Desde 1964 uma substância feita através do 
sangue (que é azul) dos Límulos, chamada LAL (Limulus Amebocyte Lysate, em inglês) vem 
sendo testada contra endotoxinasbacterianas e na cura de várias doenças causadas porbactérias. 
Os animais podem ser devolvidos à água após a extração de uma certa quantidade de seu 
sangue, fazendo com que essa busca não se torne um risco à sobrevivência destesartrópodes. A 
vida de um único Límulo para extração sangüínea periódica pode valer até 2.500dólares. O 
sangue destas criaturas é azul, o que é um resultado da alta concentração de hemocianina 
cuprosa ao invés da hemoglobina ferrosa encontrada, por exemplo, nos humanos. O fato de os 
Límulos terem evoluído tão pouco ao longo desses 300 ou 400 milhões de anos é uma das 
razões que faz deste um animal tão diferente dos demais. 
Sobre a teia das aranhas... 
Diversos aracnídeos e também alguns insetos produzem seda, um hábito importante 
para a vida das aranhas. Essas aranhas possuem estruturas especiais, fiandeiras
14
, e as glândulas 
sericígenas, localizadas no abdômen. Uma secreção protéica, líquida, endurece ao ser puxada 
das fiandeiras e forma um fio de seda. Os fios de seda são mais fortes que fios de aço do mesmo 
diâmetro, e só perdem em resistência para fibras de quartzo fundido. As teias mais comuns são 
aquelas construídas para captura de insetos, mas esta pode variar entre as espécies. Os fios de 
seda são utilizados também para revestir os abrigos, produzir ootecas, como fio guia, para 
produzir pontes, fios de advertência, fios de muda, ou teias comunitárias para desenvolvimento 
das crias. 
As aranhas são comumente motivos de medo, repulsa ou nojo por parte dos seres 
humanos. Relativamente poucas espécies são capazes de causar acidentes em humanos. Dentre 
estas podemos citar a “viúva negra” (Latrodectus mactans), a “aranha marrom” Loxosceles 
reclusa, “aranha armadeira”, espécies do gênero Phoneutria (estas muito agressivas, com uma 
espécie endêmica ameaçada na região sul da Bahia, figura 19). 
 
“Animais domésticos” 
Conhecidas como animais símbolo do trabalho e da abnegação, as formigas, como a 
maior parte dos insetos são considerados “pequenos animais que incomodam” e comumente, a 
primeira pergunta feita a alguém que trabalha com formigas é: “Como eu faço para acabar com 
as formigas do açucareiro?” ou então ouvimos afirmações do tipo: “Formigas são boas para a 
vista!” 
O que muitos desconhecem é que as formigas que passeiam nas residências, 
consultórios médicos e hospitais NÃO são boas para a vista. São espécies exóticas, introduzidas 
geralmente pela ação humana e, em muitos casos, vetores de microorganismos responsáveis por 
uma alta freqüência de infecção hospitalar. Quanto às formigas do açúcar, também espécies 
exóticas, na sua maioria, são difíceis de serem exterminadas pelo comportamento reprodutivo: 
muitas espécies são poligínicas, ou seja, têm várias rainhas. Assim, quando é utilizado um 
inseticida que atinge somente as operárias, a colônia, para se manter, se fragmenta, indo cada 
um ou mais de uma rainha para outro local e assim fundando uma nova colônia: essa é a 
RESISTÊNCIA A INSETICIDAS, que nada mais é do que o resultado de uma forma 
inadequada de controle! 
 
As sociedades 
Não foi no homem que apareceu primeiro o cuidado com a prole, a adoção, a divisão de 
trabalho como num exército e a sociedade matriarcal: todos esses comportamentos evoluíram e 
atingiram a perfeição nos ARTRÓPODES!!!! 
Socialidade significa tendência ou padrão de quem vive em sociedade, em grupos. No 
reino animal há diversos exemplos de espécies que exibem diferentes padrões de vida social, de 
invertebrados a vertebrados. O estudo desse comportamento é um tema que fascina 
antropólogos, biólogos, matemáticos, psicólogos e sociólogos. 
 “Viver em sociedade” exige custos, porém apresenta benefícios que explicam o sucesso 
evolutivo de diversos animais, entre eles o homem. Em invertebrados a socialidade, nos mais 
variados graus, já foi observada em diversos grupos, mas é nos artrópodes que esta característica 
atingiu o mais alto grau de complexidade: a eussocialidade. 
Encontramos animais com algum grau de socialidade em aranhas, escorpiões,

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