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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL DISCIPLINA: HIDROLOGIA APLICADA ANDREI RAFAEL FERREIRA DE LIMA BRUNA BIZOTTO BRUNO GOMES DE ANDRADE RONALDO RODRIGUES LOPES JUNIOR PROJETO DA BACIA DO RIO AMAJARI 48494 BOA VISTA – RR 2017 ANDREI RAFAEL FERREIRA DE LIMA BRUNA BIZOTTO BRUNO GOMES DE ANDRADE RONALDO RODRIGUES LOPES JUNIOR PROJETO DA BACIA DO RIO AMAJARI 48494 Projeto apresentado como componente da disciplina de Hidrologia Aplicada do Curso de Bacharelado em Engenharia Civil da Universidade Federal de Roraima, sob a orientação do Prof. Silvestre Lopes. BOA VISTA – RR 2017 INTRODUÇÃO O sistema hídrico presente no planeta, suas relações, ocorrência, circulação e distribuição no meio, são o objeto de estudo da Hidrologia. Esta é uma ciência aplicada voltada para os diferentes problemas que envolvem a utilização dos recursos hídricos, assim como a preservação do meio e ocupação das bacias hidrográficas (Carvalho e Silva, 2006). O desenvolvimento urbano e suas necessidades de consumo de recursos, como os crescentes problemas contemporâneos, vem resultando em uma desocupação desordenada das bacias hidrográficas ao longo do planeta, diminuindo a disponibilidade de água potável por conta do manejo exploratório deste recurso, causando inúmeros impactos ao planeta. As bacias hidrográficas são definidas por áreas com drenagem composta por um sistema conectado de cursos de agua, onde toda a vazão é direcionada para um ponto em comum, definido como exutório (Matos 2015). Estas são caracterizadas pelo clima, regime de chuvas, geologia, cobertura vegetal, tipo de solos, geomorfologia e disponibilidade hídrica. Este sistema é bastante delicado, sujeito a alterações de cobertura vegetal, uso de solos e dos recursos hídricos presentes nela, interferindo, com isso, quase diretamente com as propriedades biológicas, físicas e químicas do solo, o que é de grande importância para o funcionamento do sistema e preservação do meio. Por isso, leis de preservação foram criadas para garantir um funcionamento mais próximo da normalidade. Estas medidas são notadas na Lei 9.433, de 8 de janeiro de 1997, em seu art. 1º, inciso V, que diz: “A Bacia Hidrográfica é uma unidade territorial para implementação da política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.” Entre as ferramentas impostas, foram criadas áreas de preservação permanentes para proteger e garantir seu funcionamento. O presente projeto tem por objetivo a delimitação da área da bacia 48494, que corresponde a área drenada pelo Rio Amajari, assim como suas características físicas, sistemas de drenagem e características do relevo. LOCAL DE ESTUDO A bacia 48494 do Rio Amajari está localizada no estado de Roraima, Brasil. O comprimento de seus cursos de agua é de aproximadamente 1256,14km², com uma área total da bacia de 6467,454197km² e perímetro de 943,354696km. Bioma Amazônico de Savana e clima Equatorial Úmido, tipo “aw” segundo a classificação de Koppen (INPA, 1997). Figura 1 – Mapa de Roraima CARACTERISTICAS FÍSICAS, RELEVO E SISTEMA DE DRENAGEM DA BACIA As análises realizadas para obtenção dos valores referentes a comprimentos, áreas e altitudes foram realizadas por software de processamento de Informações Geográficas ArcGis. Perímetro, Área Total e Comprimento Total dos Cursos D’águas da bacia P= 943,354696km (Obtido pelo ArcGis); A= 6467,454197km² (Obtido pelo ArcGis); Li= 1756,1368602 km (Obtido pelo somatório dos comprimentos dos cursos d’água fornecidos pelo ArcGis – Em Anexo). Figura 2 Comprimento do Rio Principal A bacia possui um comprimento aproximado de 246,78901km medido desde seu exutório até o ponto oposto extremo, sendo este o maior comprimento verificado na bacia, coincidindo com o comprimento do rio principal. Esta característica é muito importante pois ajuda a relacionar o tempo ao percurso de água ao longo do sistema. Figura 3 - Rio Principal Fator de forma Pela razão entre a largura media da bacia com o comprimento da mesma temos o fator de forma da bacia, em comparação com uma forma circular. Para cálculo foi usado a fórmula apresentada. 𝑘𝑓 = ( 𝐴 𝐿) 𝐿 = 𝐴 𝐿2 Onde: Kf = Fator de Forma da bacia; A = Área da bacia; L = Comprimento da bacia. Desta forma, o Fator de Forma resulta: 𝑘𝑓 = 6467,454197 183,8772 = 𝟎, 𝟏𝟗𝟏𝟑 Coeficiente de compacidade É a relação entre o perímetro da bacia e o perímetro de um círculo de mesma área da bacia. Desta forma temos: 𝐾𝑐 = 0,28 × 𝑃 √𝐴 Valores mais próximos de 1 mostram uma bacia com formato mais circular, desta forma, menos tempo de vazão e maiores possibilidades de enchentes. Os valores para classificar as bacias quanto a probabilidade de enchentes são mostrados: 1,00 - 1,25 Alta propensão a grandes enchentes; 1,26 - 1,50 Média tendência a grandes enchentes; > 1,5 Não sujeita a grandes enchentes. O Coeficiente de Compacidade da bacia em estudo foi calculado: 𝐾𝑐 = 0,28 × 943,3545696 √6467,454197 = 3,2845 Sendo caracterizado como uma bacia não sujeita a grandes enchentes. Sinuosidade dos corpos d’água. É a relação entre o comprimento do rio principal e o comprimento do Talvegue (distância entre o exutório e o ponto mais distante do rio principal em linha reta), que é um fator controlador da velocidade do escoamento. De tal forma temos: 𝑆𝑖𝑛 = 𝐿 𝐿𝑡 = 246,7809 183,877 = 1,342097707 ≅ 1,3421 Densidade de Drenagem A Densidade de Drenagem é expressa pela razão entre comprimento total de todos os cursos de agua de uma bacia e sua área total. 𝐷𝑑 = ∑ 𝐿𝑖 𝐴 = 1756,1368602 6467,454197 = 0,27153448 ≅ 0,2715 Onde: Dd = Densidade de Drenagem; Li = Comprimento dos cursos d’água; A = Área da bacia. Para valores maiores de Densidade de Drenagem maior a eficiência de drenagem da bacia. Curva Hipsométrica Esta curva nos mostra a porcentagem da área de drenagem que existe abaixo ou acima de várias altitudes. Figura 4 - Curva Hipsométrica 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 0 20 40 60 80 100 120 CURVA HIPSOMÉTRICA VALUE MIN MAX MÉDIA ÁREA ACUM % ÁREA % ACUM 1 73 136 105 1,53207E-07 5,20666E-07 29,42434 99,99706581 2 137 199 168 7,33819E-08 3,67459E-07 14,09344 70,57272343 3 200 262 231 9,85951E-08 2,94077E-07 18,93579 56,47928024 4 263 326 295 1,93826E-08 1,95482E-07 3,722547 37,54348762 5 327 389 358 1,46125E-08 1,76099E-07 2,80642 33,82094062 6 390 452 421 1,39062E-08 1,61487E-07 2,670771 31,01452053 7 453 515 484 2,12785E-08 1,47581E-07 4,086666 28,34374967 8 516 579 548 3,71083E-08 1,26302E-07 7,126876 24,25708347 9 580 642 611 4,22028E-08 8,91938E-08 8,105306 17,13020725 10 643 705 674 2,48771E-08 4,6991E-08 4,777799 9,024901119 11 706 768 737 1,05708E-08 2,21139E-08 2,030187 4,24710175 12 769 832 801 4,96042E-09 1,15431E-08 0,952679 2,216914889 13 833 895 864 2,52153E-09 6,58264E-09 0,484275 1,264235857 14 896 958 927 1,63472E-09 4,06111E-09 0,313958 0,779960582 15 959 1021 990 1,18472E-092,42639E-09 0,227533 0,466002597 16 1022 1085 1054 7,11806E-10 1,24167E-09 0,136707 0,238469868 17 1086 1148 1117 3,76389E-10 5,29862E-10 0,072288 0,101763167 18 1149 1211 1180 1,10417E-10 1,53473E-10 0,021206 0,029475355 19 1213 1271 1242 4,30556E-11 4,30556E-11 0,008269 0,008269095 20 1275 1338 1307 1,52778E-11 1,52778E-17 0,002934 2,9342E-09 706 5,20681E-07 100 Pela análise da curva, obtemos o valor da altitude média de 706m. Figura 5 – Curvas de nível Ordem dos Cursos d’água Expressa o grau de ramificação de cursos d’água dentro de uma bacia. Diz-se de primeira ordem as correntes originadoras, ou seja, os pequenos canais que não tenham tributários. Quando dois canais de Primeira ordem se unem formam um segmento de Segunda ordem. A junção de dois rios de Segunda ordem dá lugar à formação de um rio de Terceira ordem, e assim, sucessivamente. Figura 6 - Mapa cursos D'água a) Critério de Strahler Os cursos d’água que não possuem afluentes são classificados como sendo de primeira ordem. Os cursos de segunda ordem se originam do encontro de canais de primeira ordem, podendo ter afluentes de primeira ordem, e assim sucessivamente. No sistema de classificação de Strahler, o rio principal e seus afluentes não mantêm o mesmo número de ordem na totalidade de suas extensões. Figura 7 – Critério de Strahler b) Critério de Horton Os cursos d’água de primeira ordem são aqueles que não possuem afluentes. Os de segunda ordem são aqueles que possuem apenas afluentes de primeira ordem, e assim sucessivamente. Neste método de classificação, a maior ordem acaba sendo designada ao rio principal da bacia hidrográfica, valendo esta classificação em todo seu comprimento, desde a nascente até a saída da bacia. Essa classificação será usada para o cálculo da sinuosidade e declividade do rio principal. Figura 8 – Critério de Horton Logo, temos a determinação do Rio Principal. Figura 9 - Determinação do Rio Principal Declividade do Curso d’água Principal A declividade do curso d’água principal é dada em relação a declividade global (SG), declividade compensada (SC) e a declividade representativa (SR). Declividade Global: método que depende de apenas uma formulação, dada abaixo: 𝑆𝐺 = 𝐻𝑚á𝑥 − 𝐻𝑚í𝑛 𝐿 Em que: SG = declividade global, em m/m; Hmáx = cota mais alta (nascente), em m; Hmín = cota mais baixa (exutório), em m. L = comprimento do rio principal (em m). 𝑆𝐺 = 𝐻𝑚á𝑥 − 𝐻𝑚í𝑛 𝐿 = 602 − 73 246,78901 = 0,033415488 ≅ 0,03342 𝑚/𝑚 Figura 10 - Elevação Elevação Média da Bacia A elevação média ou altitude média é o produto do ponto médio entre duas curvas de nível e a área compreendida entre essas curvas pela área total, representada pela seguinte equação: 𝐻𝑚 = Σ𝐻𝑖𝐴𝑖 𝐴 Em que: Hm: Altitude média da bacia; Hi: Altitude média entre duas curvas de nível; Ai: Área compreendida entre as duas curvas de nível; A: Área da Bacia. 𝐻𝑚 = Σ𝐻𝑖𝐴𝑖 𝐴 = 305,501401𝑚 Declividade Média da Bacia A declividade de uma bacia é de interesse pela sua relação com a velocidade de escoamento ou fluxo de água presente. Declividades maiores geram maiores velocidades de escoamento gerando acumulo de aguas nas regiões de concentração mássica, tendo por consequência picos de enchentes nessas áreas. As erosões dos solos também sofrem influência da declividade, por conta da velocidade de escoamento do fluido, onde há maiores centros de erosão para velocidades de fluxo maiores. Figura 11 - Declividades O valor da Declividade Média da Bacia foi obtida pela seguinte formula: 𝐷𝑒𝑐𝑙𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑀é𝑑𝑖𝑎 = ∑(𝑁º 𝑑𝑒 𝑂𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑠 . 𝑀é𝑑𝑖𝑎) ∑ 𝑁º 𝑑𝑒 𝑂𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑠 Onde: Nº de Ocorrências = Ocorrência do intervalo referente; Média = Média aritmética entre o valor máximo e mínimo do intervalo. Declividade média = Sr Sr = 0,002954344 km/km Observação: Os valores das cotas máximas e mínimas e número de ocorrências encontram- se em anexo. CONCLUSÃO A hidrologia permite-nos o estudo de elemento fundamental à vida: a água. Conhecer todos os cursos de água para fazer um levantamento de sua disponibilidade para o uso geral e compreender sua classificação de acordo com a constância de escoamento e então aproveitar este curso de forma mais econômica e correta tornou-se possível. Identificar as características dos cursos d’água não permite que se tenham surpresas quanto à inundação em determinada região. Através do cálculo do fator de forma e do coeficiente de compacidade, tomou-se conhecimento de que a bacia, aqui em destaque, não possui tendência à inundação. A realização de um projeto permite o conhecimento da relevância de uma área do conhecimento, saber a importância da distribuição da água desde cedo proporciona evitar problemas futuros, pois um projeto serve para desenvolver um melhor aproveitamento de cada elemento indispensável, e aperfeiçoá-lo para que esteja distribuído de maneira igualitária a todos os seres.
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