Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Métodos e Técnicas de Recuperação de Área Degrada Recuperação de Área Degradada Mineração – 3º Módulo MÉTODOS E TÉCNICAS DE RECUPERAÇÃO AMBIENTAL • As medidas de recuperação visam corrigir impactos ambientais negativos da mineração; • Atividades do Processo de RAD: devem ser desenvolvidas e aplicadas durante todas as etapas de vida de uma mina. Seu planejamento começa antes da sua abertura, com revisões e atualizações durante a fase de operação. • Implementar as medidas de RAD durante todas as etapas de vida da mina permite: a) reduzir o passivo ambiental; b) demonstrar à comunidade e aos órgãos reguladores o cumprimento de compromissos de proteção e recuperação ambiental; c) que a empresa adquira conhecimento e experiência em RAD. • Eficácia e eficiência: ▫ um processo eficaz de RAD é aquele que atinge os objetivos de recuperação – estes objetivos devem ser estabelecidos para cada mina; ▫ um processo eficiente de RAD é aquele que utiliza o menor volume de recursos (físicos, humanos e financeiros) para atingir seus objetivos. • As principais áreas de um empreendimento mineiro onde medidas de recuperação podem ser aplicadas são: ▫ Áreas lavradas: Retaludamento; Revegetação espécies arbóreas nas bermas e herbáceas nos taludes; Instalação de sistemas de drenagem com canaletas de pé de talude, além de murundus - morrotes feitos manualmente, na crista dos taludes em frentes de lavra desativadas. A camada de solo superficial orgânico pode ser retirada, estocada e reutilizada para as superfícies lavradas ou de depósitos de estéreis e/ou rejeitos. A camada de solo de alteração pode ser reutilizada na construção de diques, aterros, murundus ou leiras de isolamento e barragens de terra; remodelamento de superfícies topográficas e paisagens; contenção ou retenção de blocos rochosos instáveis; redimensionamento de cargas de detonação em rochas e outras. ▫ Áreas de disposição de resíduos sólidos: Revegetação dos taludes de barragens (neste caso somente com herbáceas); Depósitos de estéreis ou rejeitos: redimensionamento e reforço de barragens de rejeito (com a compactação e sistemas de drenagens no topo); instalação, à jusante do sistema de drenagem da área, de caixas de sedimentação e/ou novas bacias de decantação de rejeitos; redimensionamento ou construção de extravazores ou vertedouros em barragens de rejeito; tratamento de efluentes (por exemplo: líquidos ou sólidos em suspensão) das bacias de decantação de rejeitos; tratamento de águas lixiviadas em pilhas de rejeitos ou estéreis; tratamento de águas subterrâneas contaminadas. ▫ Áreas de infraestrutura e circunvizinhas: Captação e desvio de águas pluviais; Captação e reutilização das águas utilizadas no processo produtivo, com sistemas adicionais de proteção dos cursos de água naturais por meio de canaletas, valetas, murundus ou leiras de isolamento; coleta (filtros, caixas de brita, etc.) tratamento de resíduos (esgotos, óleos, graxas); Dragagem de sedimentos em depósitos de assoreamento; Implantação de barreiras vegetais; Execução de reparos em áreas circunvizinhas afetadas pelas atividades de mineração. Análise da Situação Pós-lavra. • Depois de encerrados os trabalhos de lavra, deverão ser avaliadas as condições da área. ▫ Mudanças na cobertura vegetal (recuo da flora), ▫ Afastamento da fauna da região, ▫ Alterações significativas na topografia da região, ▫ Formação de taludes acima de uma altura estável, ▫ Alteração e/ou assoreamento das drenagens naturais, ▫ Possíveis pontos de poluição pelos equipamentos utilizados na fase de extração e seu impacto no meio ambiente, ▫ Situação das construções que possam estar localizadas na área. Deve ser considerada a remoção dos mesmos, uma vez que na área apenas existem construções de pequeno porte, ou mesmo a manutenção dos mesmos pelo tempo que possam ser úteis. Planejamento da Mina Resultados da gestão apontará pontos fortes e deficiências nos procedimentos, permitirá à gerência agir para corrigir as deficiências. PLANEJAMENTO DE RAD PRÁTICAS OPERACIONAIS GESTÃO Práticas Edáficas Práticas Topográficas e geotécnicas Práticas Hidrícas Práticas Ecológicas Plano de Recuperação de Área Degradadas e Plano de Fechamento Deve apresentar estimativas de custos de recuperação e de fechamento • As práticas edáficas: ▫ Estão relacionadas ao manejo e proteção do solo, recurso escasso e de grande importância em RAD. ▫ Este grupo de práticas inclui a remoção seletiva de solo superficial, ações de prevenção da contaminação por produtos químicos e de prevenção da erosão, entre outras. • As práticas de caráter topográfico e geotécnico ▫ Envolvem o remodelamento do terreno afetado pelas atividades de mineração, tanto as pilhas de estéril quanto as bancadas de escavação, as vias de acesso e demais componentes da mina. ▫ As práticas geotécnicas visam à estabilidade física da área, ▫ As práticas topográficas visam inserir a área de forma harmoniosa em seu entorno ou estabelecer condições geomorfológicas similares àquelas que tinha a área antes da mineração. • As práticas hídricas ▫ Visam à conservação da quantidade e qualidade das águas superficiais e subterrâneas. ▫ A coleta, o transporte e o lançamento final das águas pluviais são aspectos fundamentais para a estabilidade física da área recuperada, assim como para a proteção dos recursos hídricos superficiais. ▫ Em relação à conservação das águas subterrâneas, incluem-se as práticas relativas ao rebaixamento do lençol freático e à proteção dos aquíferos contra a presença de substâncias contaminantes. • As práticas de caráter ecológico ▫ Se referem às ações relativas ao manejo de vegetação e fauna. ▫ O manejo de vegetação e fauna visa ao estabelecimento de uma comunidade vegetal em áreas designadas na mina ou seu entorno. ▫ O objetivo de recuperação pode ser o estabelecimento de um ambiente autossustentável. Correção Topográfica e Retaludamento. • As áreas com grandes irregularidades deverão ser suavizadas; • Caso sejam observados taludes com grandes inclinações e/ou alturas; • Deslocamentos de material; • Diminuição de inclinações e/ou alturas; • Os retaludamentos podem se destinar a um talude específico ou à alteração de todo o perfil de uma encosta; • São intervenções para a estabilização de taludes, através de mudanças na sua geometria; • Através de cortes nas partes mais elevadas; • Visa regularizar a superfície e recompor artificialmente condições topográficas de maior estabilidade para o material; • Muitas vezes são combinados a aterros compactados para funcionar como carga estabilizadora na base da encosta. • Áreas não retaludadas ficam frágeis em virtude da exposição de novas áreas cortadas e da propensão à movimentos de massas; • O projeto de retaludamento deve incluir: ▫ Proteção do talude alterado ▫ Revestimentos naturais ou artificiais ▫ Sistema de drenagem eficiente. • É possível classificar de uma maneira superficial os três principais tipos de movimento de massa, que são: Escoamento: movimento contínuo com ou sem superfície de movimentação definida; Subclassificação: corrida (escoamento fluido-viscoso) rastejo (escoamento plástico); Escorregamento: Definido como um deslocamento finito ao longo de uma superfície; Recebe também duas subclassificações: escorregamentos rotacionais(circular) translacionais (planar); Subsidência: Deslocamento finito de direção vertical; Subclasses: Recalque, Desabamentos, Subsidência. Retaludamento • Esse método consiste em alterar o talude original por meio de cortes ou aterros; • Estabilizar o talude; • Alterando sua inclinação, sendo então aplicada uma inclinação mais suave; • Calculada de acordo com a linha de ruptura definida; • Pode ser executado em conjunto com a drenagem superficial e à proteção superficial (vegetação); • Com o objetivo de reduzir a infiltração de água no solo e controlar o escoamento superficial, diminuindo assim, o impacto destrutivo sobre o talude pela erosão; • Normas Técnicas e Referências: ▫ ABNT NBR 8044 – Projetos geotécnicos; ▫ ABNT NBR 11682 – Estabilidade de Encostas; ▫ ABNT NBR 6122 – Projeto e Execução de Fundações; ▫ ABNT NBR 9288 – Emprego de aterros reforçados. • Vantagens ▫ Baixo Custo: o único material utilizado é o próprio solo e, às vezes, a vegetação do local; ▫ Facilidade de execução: por ser um serviço de corte e aterro não demanda uma mão-de-obra especializada; ▫ Eficiência: execução em conjunto com drenagem e vegetação rasteira garante uma boa estabilidade por um tempo considerado satisfatório (fator esse determinado pelo clima da região). • Desvantagens ▫ Aumento da área: por ser uma obra para a suavização da inclinação do talude, a mesma acaba demandando uma área maior da original, sendo isso um problema para terrenos limitados; ▫ Aplicação limitada: por possuir somente a vegetação e a drenagem superficial como proteção, acaba não sendo eficaz em ambientes com clima úmido e chuvas constantes em que à água acaba erodindo rapidamente o talude, prejudicando sua estabilidade por meio de infiltrações constantes e cada vez maiores, influenciando o aparecimento das linhas de ruptura. Solo Grampeado • Método em que são utilizadas barras (grampos) diretamente inseridas no solo. • Podem ser barras de aço, barras sintéticas (cilíndricas ou retangulares) ou até mesmo micro estacas. • São introduzidos no maciço em uma direção perpendicular à linha de ruptura do mesmo de modo a oferecer ao talude resistência aos esforços de cisalhamento e tração. • Como esses grampos não são protendidos (alongados), eles são solicitados somente quando há deslocamentos do maciço. • Execução deste método: ▫ perfuração do solo, ▫ inserção dos grampos a uma profundidade satisfatória definida por projeto, ▫ preenchimento do furo com nata de cimento ▫ proteção da cabeça do grampo e da face do talude com concreto projetado com tela soldada. • Pode ser utilizados em encostas naturais ou em escavações, • Esse método pode ser utilizado praticamente em qualquer tipo de solo que apresente resistência aparente ao cisalhamento de no mínimo 10 kPa. • Não sendo utilizados em areias secas ou em solos argilosos muito moles. Muro de Arrimo • Este é um dos métodos mais antigos e também o mais utilizado em obras de contenções. • São estruturas com a função de conter as massas de solo. • Essa contenção funciona pelo peso do muro e pelo atrito de sua fundação que apresentam reação ao empuxo do solo. • O atrito da base no solo tem a função de dar estabilidade à obra de contenção enquanto que o peso do muro com sua geométrica trapezoidal tem a função de conter o movimento rotacional do maciço sobre a base externa evitando assim o tombamento. • O muro de arrimo também deve ser drenado de modo que a pressão da água não interfira em sua eficiência de contenção. ▫ São executados drenos através do muro. • Como as dimensões de sua base são diretamente proporcionais ao empuxo do solo, esse método é utilizado apenas para situações de solicitações reduzidas já que para grandes solicitações acabaria se tornando inviável devido ao alto custo de execução e de material. • Para determinada situação existe um tipo de muro de arrimo e a escolha correta do tipo de muro envolve: ▫ condições da fundação, ▫ tipo de solo a ser contido, ▫ logística de execução, ▫ altura do muro, ▫ Sobrecarga, ▫ custos de material e ▫ mão-de-obra. • As estruturas podem ser classificadas como: ▫ Muros a gravidade: são muros de estruturas corridas executadas para resistir aos empuxos horizontais utilizando o seu peso próprio, contendo desníveis de aproximadamente 5 m, podendo ser constituídos de concreto armado, gabiões, pedras e até pneus usados; ▫ Cantiveler: É uma estrutura de concreto armado constituída por um paramento apoiado sobre uma base horizontal, podendo ou não possuir contrafortes; ▫ Com contrafortes: os muros de arrimo com contraforte recebem este nome, pois possuem uma estrutura auxiliar para resistir aos esforços de empuxo do solo; ▫ Crib Wall: são estruturas que podem ser formadas por elementos pré-moldados de concreto armado, madeira ou aço, estes elementos são montados in loco, em forma de “fogueiras” justapostas e interligadas longitudinalmente, estas estruturas são preenchidas com material granular graúdo, e são capazes de se acomodarem a recalques das fundações funcionando como os muros de gravidade; ▫ Semi-Gravidade: são estruturas compostas por concreto armado e material granular graúdo como Gabiões, rachão, pneus entre outros; Cortina Atirantada • Consiste em uma parede de concreto armado, funcionando como paramento, onde é ancorado na porção resistente do solo (após a linha de ruptura) por meio de tirantes protendidos. • A execução é feita em etapas, sendo de cima para baixo em cortes ou de baixo para cima em aterros. • Após o corte ou aterro do primeiro patamar, são feitos furos no solo onde é inserido o tirante até atingir uma profundidade adequada na parte resistente do maciço, • Com o tirante inserido no solo é feita a introdução de nata de cimento envolvendo o tirante e o solo na porção resistente do mesmo. • Com o tirante já executado, inicia-se a concretagem da parede de concreto armado para contenção do solo envolvendo a cabeça do tirante • Após a cura do concreto é feita a protensão do tirante de modo à parede ser pressionada contra o maciço, concluindo assim sua funcionalidade. Drenagem A água pode exercer sobre um maciço de solo ou de rocha • Aumento do peso específico do material, • Aumento da poro-pressão e consequente diminuição da pressão efetiva, • Forças de percolação, subpressão, e outros. É extremamente necessário que se tomem os cuidados recomendados no que diz respeito à drenagem adequada do terreno. Um sistema de drenagem efetivo deve ser instalado no talude: • Canaletas, para recolhimento da água superficial. • Drenos, para à água no interior do talude. ▫ Os drenos podem ser basicamente de dois tipos: de subsuperfície, para drenar a água que se encontra logo atrás do paramento, e drenos profundos, para que água do interior do maciço possa escoar para fora do mesmo. • Drenagem Superficial ▫ A drenagem superficial tem a função de captar e direcionar as águas do escoamento superficial por meio de canaletas, valetas, etc. ▫ Essa drenagem diminui a erosão causada pela água no solo e diminui a infiltração da água no maciço. • Drenagem Profunda ▫ A drenagem profunda tem a função de coletar a água infiltrada no maciço para fora do mesmo, evitando a saturação do solo e, consequentemente, a atuação da pressão neutra sobre a contenção.Revegetação • A escolha adequada das espécies a serem usadas e as quantidades de sementes ou mudas são fatores decisivos no estabelecimento da vegetação, portanto é necessário conhecimento técnico, a fim de eliminar a escolha aleatória das espécies, gerando uma relação custo/benefício positiva para o projeto a ser executado • CARACTERÍSTICAS DESFAVORÁVEIS A REVEGETAÇÃO ▫ Declividade elevada ™ ▫ Dificuldade de aderência dos propágulos; ™ ▫ Exposição dos horizontes B e C; ™ ▫ Exposição de rochas; ™ ▫ Baixa capacidade de retenção de umidade ; ™ ▫ Baixa disponibilidade de nutrientes; ™ ▫ Elevado risco de deslizamento de terra • EFEITO ESPERADO DA REVEGETAÇÃO ▫ Estético: tapete verde ▫ Contenção do solo: controlar a erosão ▫ Proteção de corpos de água; ▫ Proteção de áreas habitadas ou estruturas; ▫ Restauração da diversidade. Manejo e reposição de solo, facilitando a recomposição da vegetação; ‰ Processo de revegetação obedecendo a sucessão natural (da direita para a esquerda). Talude com inclinação adequada e com revegetação completa ; ‰ Estabelecimento de drenagem de águas pluviais, evitando a erosão. Taludes das encostas com no máximo 5 metros de altura e inclinações em torno de 30 °.. I. Escolha das espécies • Num primeiro momento as espécies devem possuir resistência ao ambiente degradado, além de serem adaptadas ao clima da região. ▫ Devem ser de fácil propagação. ▫ Facilidade de se obter sementes. ▫ Facilidade de se propagar a semente ▫ Deve possuir crescimento rápido e fornecer cobertura ao solo ▫ Deve ser uma boa fornecedora de matéria orgânica para o solo • Essas espécies podem ser plantadas através de mudas ou plantadas por sementes diretamente no campo. • É interessante que a empresa tenha um viveiro onde possam ser produzidas as mudas das espécies secundárias e clímax, já que o ambiente degradado pode trazer dificuldades no estabelecimento das sementes. II. Sucessão ecológica: • O processo de instalação lento e gradual de organismos em um determinado local é chamado de sucessão ecológica. ▫ Sucessão Primária: O processo ocorre em uma área até então desabitada ▫ Sucessão Secundária: A instalação de organismos em uma área que já se constituía como um ecossistema, como, por exemplo, uma área de mata desmatada ou queimada. • Comunidades Pioneiras.: ▫ A ausência de nutrientes orgânicos não permite a sobrevivência de organismos heterótrofos (que não produzem o próprio alimento), ▫ A escassez de nutrientes inorgânicos dificulta a sobrevivência de autótrofos (que produzem o seu alimento) de grande porte. ▫ Devido à capacidade de síntese de matéria orgânica e ao pequeno porte os primeiros organismos a se desenvolverem nessas condições são: os liquens, as cianobactérias e os musgos. • Comunidades Intermediárias ▫ Com o passar do tempo, a decomposição de fezes, tecidos e organismos mortos produz nutrientes inorgânicos, como os nitratos e os fosfatos, permitindo a sobrevivência de gramíneas, herbáceas, e animais invertebrados e vertebrados de pequeno porte. ▫ Esses organismos constituem as chamadas comunidades intermediárias ou seres. ▫ As comunidades intermediárias ou seres, propiciam o desenvolvimento das árvores da vegetação “adulta” (geralmente de ciclo de vida longo). • Comunidade Clímax: ▫ A comunidade arbustiva gradualmente será substituída por uma vegetação arbórea (mais estável). ▫ A medida que a comunidade vegetal vai se alterando, a comunidade animal também se altera, por exemplo, passando a abrigar pássaros nas árvores. ▫ O total de matérias orgânicas produzidas na comunidade é grande e a produtividade líquida é quase nula, pois tudo o que é produzido a própria comunidade consome. Isso mostra que a comunidade clímax tende a ser sempre estável. Obrigado!
Compartilhar