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DIREITO ADMINISTRATIVO Carrera Fiscal Professor Corretor: Henrique Cantarino Realização: Academia do Concurso Supervisão: Carla Diniz Material de Consulta DIREITO ADMINISTRATIVO www.academiadoconcurso.com.br ÍNDICE Capítulo I: Administração Pública................................................................................1 Capítulo II: Órgãos e Agentes Públicos.......................................................................27 Capítulo III: Ética e Moral da Administração Pública.................................................44 Capítulo IV: Deveres e Poderes Administrativos........................................................60 Capítulo V: Atos Administrativos...............................................................................82 Capítulo VI: Controle da Administração Pública......................................................110 Capítulo VII: Responsabilidade Civil ........................................................................133 Capítulo VIII: Serviços Público..................................................................................155 Capítulo IX: Lei 8666/93 Licitações..........................................................................179 Capítulo X: Princípios Básicos da Defesa Administrativa.........................................217 Capítulo XI: Lei 8112/ 90 1ª parte............................................................................232 Capítulo XII: Lei 8112/ 90 2ª parte...........................................................................251 Capítulo XIII: Lei 8112/ 90 3ª parte..........................................................................275 Capítulo XIV: Lei 8112/ 90 4ª parte..........................................................................302 Capítulo XV: Lei 8429/ 92.........................................................................................328 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br BIBLIOGRAFIA DE APOIO E APROFUNDAMENTO ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Administrativo Descomplicado. 17ª edição, São Paulo: Método, 2009. PADILHA, Norma Sueli; NAHAS, Thereza Christina; MACHADO, Edinilson Donisete. Gramática dos Direitos Fundamentais: A Constituição Federal de 1988, 20 anos depois. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo , 6 ª edição, Rio de Janeiro: Editora Impetus , 2013. CANTARINO, Henrique. Apostila De Direito Administrativo - Academia do Concurso - Rio de Janeiro, 2013. LASMAR, João . Apostila De Direito Administrativo - Academia do Concurso - Rio de Janeiro, 2013. GOMES, Luiz Flávio. Constituição Federal. São Paulo: RT, 2011. Lei 8112/1990 - Planalto Central - http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/L8112cons.htm Lei 8666/1993 - Planalto Central - http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/L8666cons.htm Lei 1171/1994 - Planalto Central - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d1171.htm Lei 8429/ 1992 - Planalto Central - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8429.htm DIREITO ADMINISTRATIVO www.academiadoconcurso.com.br Capítulo XVI: Lei 5427/09........................................................................................355 Capítulo XVII: Lei 9784/99........................................................................................378 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br Capítulo I ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIREITO ADMINISTRATIVO Olá! Você está começando uma fase nova na sua vida, a de estudar para concurso público, o que significa adquirir conhecimentos específicos. Você está entrando em um mundo novo e tudo vai se transformar a sua volta. Dessa forma, iniciaremos esta fase de forma mais didática, estudando a disciplina Direito Administrativo. O Direito Administrativo teve início com Montesquieu, que ficou famoso pela sua Teoria da Separação dos Poderes, atualmente consagrada em muitas das modernas Constituições internacionais. Observa-se que, na Idade Média, em razão das formas de governo absolutistas, não foi possível o desenvolvimento do Direito Administrativo. Isto porque as monarquias absolutistas tinham como base a vontade do rei, sendo esta a própria lei. Já no final do século XVII e início do século XIX, com a criação do Estado Moderno como organizador do Poder Político, o Direito Administrativo surge em razão da necessidade de normatização, divisão e subdivisão das funções dessa nova forma de governo. Assim, o Direito Administrativo foi criado e desenvolveu-se juntamente com a criação do Estado Moderno, também conhecido como Estado de Direito, que está estruturado por inúmeros princípios, sendo, alguns deles, os seguintes: Legalidade Prega que os governantes e os membros da Administração Pública se submetem à lei, somente podendo realizar atos quando autorizados ou determinados por ela. Separação dos Poderes Visa a preservar a autonomia e cooperação dos Poderes constituídos (Executivo, Legislativo e Judiciário), a fim de assegurar a proteção dos direitos individuais e não tão somente as relações particulares, como também entre os particulares e o Estado. É importante destacar que são muitos os conceitos do que vem a ser o Direito Administrativo. Em resumo, pode-se dizer que é o conjunto dos princípios jurídicos que tratam da Administração Pública, de suas entidades, de seus órgãos, dos agentes públicos, enfim, tudo o que diz respeito à maneira como se atingir as finalidades do Estado. Em outras palavras, tudo que se refere à Administração Pública e à relação entre ela, os administrados e seus servidores é regrado e estudado pelo Direito Administrativo. É pertinente mencionar que o Direito divide-se em dois grandes ramos, que correspondem ao Direito Público e ao Direito Privado. Nesse sentido, o Direito Administrativo integra o ramo do Direito Público, cuja principal característica encontra-se no fato de haver uma desigualdade jurídica entre cada uma das partes envolvidas. Desse modo, encontramos a Administração Pública, que defende os interesses coletivos em detrimento do particular. Havendo conflito entre o público e privado, haverá de prevalecer o interesse da coletividade, representado pela Administração. Haja vista que esta se encontra em um patamar superior ao particular (vez que representa o interesse da coletividade), de forma diferente do panorama do Direito Privado, onde o interesse das partes encontra-se em igualdade de condições. É importante relembrar que, nos termos da Constituição Federal de 1988, à luz de seu art. 1º, a República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, determinando, ainda, em seu art. 2º, a divisão dos Poderes da União em três, seguindo a tradicional teoria de Montesquieu. Assim, são eles: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, independentes e harmônicos entre si. Assim, cada um desses Poderes tem sua atividade principal e outras secundárias. A título de ilustração, veja que ao Legislativo cabe, precipuamente, a função legiferante, ou seja, de produção de leis, em sentido amplo. Ao Judiciário cabe a função de dizer o direito ao caso concreto, pacificando a sociedade, em face da resolução dos conflitos. Por último, cabe ao Executivo a atividade administrativado Estado, ou seja, a implementação do que determina a lei, atendendo às necessidades da população 1 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br com infraestrutura, saúde, educação, cultura. Enfim, servir ao público, como veremos no decorrer do presente curso. CONCEITO Segundo o Professor Hely Lopes de Meirelles, Direito Administrativo é o “conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes, as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado”. Já a Professora Maria Sylvia Di Pietro define o Direito Administrativo como “o ramo do Direito Público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública”. OBJETO O objeto do Direito Administrativo abrange todas as relações internas à Administração Pública, entre os órgãos e entidades administrativas, uns com os outros, e entre a Administração e seus agentes, estatutários e celetistas. O Direito Administrativo rege todas as funções exercidas pelas autoridades administrativas, qualquer que seja a sua natureza. Abrange toda e qualquer atividade de administração dos três Poderes. Embora a atividade administrativa seja função típica do Executivo, tanto o Legislativo quanto o Judiciário praticam atos tidos como objeto do Direito Administrativo. Desse modo, os Poderes de Estado também desempenham funções atípicas, a exemplo do impeachment (impugnação/cassação de mandato do Chefe do Poder Executivo) realizado pelo Poder Legislativo, que, nesse caso, exerce função de julgamento. Há casos também em que o Poder Executivo exerce função legiferante (ato de legislar), quando o Presidente da República emite decretos, por exemplo. Por fim, podemos citar o caso em que o Poder Judiciário também administra os seus próprios serviços e, neste caso, está exercendo a função executiva. NATUREZA JURÍDICA O Direito Privado e o Direito Público são duas grandes divisões de um mesmo Direito. O Direito Público tem por objeto principal a regulação dos interesses estatais e sociais, só alcançando as condutas individuais de forma direta. Sua principal característica é a existência de uma desigualdade nas relações jurídicas. Como o Estado representa a tutela dos interesses da coletividade, sempre que houver conflito entre esses e um particular, os primeiros deverão prevalecer, respeitando os direitos e garantias fundamentais constitucionais. DIREITO PÚBLICO X DIREITO PRIVADO Direito Público Caracteriza-se pela desigualdade nas relações Jurídicas, pois representa o Direito Público (da maioria). O interesse público (da coletividade) prevalecerá sobre o do particular. O Direito Público é definido como o conjunto de leis criadas para regular os interesses de ordem coletiva, ou, em outros termos, principalmente, organizar e disciplinar a formação das instituições políticas de um país, as relações dos poderes públicos entre si, e destes com os particulares como membros de uma coletividade, e na defesa do interesse público. Quando o Estado atua na defesa do interesse público, goza de certas prerrogativas que o situam em posição jurídica superior ao particular. Os ramos do Direito que integram o Direito Público são, por exemplo: Constitucional, Administrativo, Tributário e Penal. 2 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br Direito Privado Tem por finalidade principal regular os interesses particulares, como meio de favorecer o convívio harmônico das pessoas em sociedade e na função de seus bens. Há a igualdade jurídica entre as partes, não cabendo relação de subordinação entre as mesmas. As relações jurídicas entre os cidadãos particulares ocorrem dentro do Direito Privado. Exemplos: Direito Civil e Direito Empresarial. Codificação e Fontes do Direito Administrativo O Direito Administrativo caracteriza-se por não ser codificado. Em outras palavras, os textos administrativos não estão reunidos em um só corpo de lei, como ocorre com outros ramos do nosso Direito. Fontes do Direito Administrativo Quatro fontes principais norteiam o Direito Administrativo em sua formação: a lei, a jurisprudência, a doutrina e os costumes. • É a fonte primordial do Direito Administrativo brasileiro, em razão da rigidez que nosso ordenamento empresta ao princípio da legalidade nesse ramo jurídico. A LEI • É representada pelas reiteradas decisões judiciais em um mesmo sentido, é fonte secundária do Direito Administrativo. A JURISPRUDÊNCIA • Entendida como um conjunto de teses, constitui fonte secundária do Direito Administrativo, influenciando não só a elaboração de novas leis como também o julgamento das lides de cunho administrativo. A DOUTRINA • Sociais só têm importância como fonte do Direito Administrativo quando, de alguma forma, influenciam a produção legislativa ou a jurisprudência. Conjunto de regras não escritas, porém observadas de um modo uniforme pelo grupo social. São práticas administrativas reiteradas (repetidas e renovadas). OS COSTUMES 3 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br Regime Jurídico-Administrativo Percebam que, após entendermos qual é a base para o estudo do Direito Administrativo, vamos explicar o Regime Jurídico-Administrativo. Este não está presente nas relações entre particulares, mas consiste no conjunto das prerrogativas às quais estão sujeitas a Administração. Podemos encontrar as prerrogativas, que são os pressupostos básicos para iniciarmos o Direito Administrativo: supremacia do interesse público, indisponibilidade do interesse público e discricionariedade. Por “Regime Jurídico”, entendemos o conjunto de normas (regras) que disciplinam uma situação jurídica. Normalmente, para atingir os objetivos, as normas jurídicas desse tipo de regime jurídico concedem uma posição estatal privilegiada, ou seja, como já dito, o Estado localiza-se em um patamar de superioridade em relação ao particular, justamente por defender o interesse de toda uma coletividade. Tal estrutura tem como base os Princípios da supremacia do interesse público e da indisponibilidade do interesse público, que se fundam justamente na observância e prevalência do interesse coletivo nos atos emanados pelo Poder Público. FONTE PRIMÁRIA Lei FONTE SECUNDÁRIA Jurisprudência São séries de decisões judiciais; fonte secundária do Direito Administrativo. Doutrina Conjunto de princípios de uma escola literária ou filosófica de um sistema político,econômico ou de dogma de uma religião. Costumes Sociais Designam-se como costumes as regras sociais resultantes de uma prática reiterada de forma generalizada e prolongada, o que resulta em uma certa convicção de obrigatoriedade, de acordo com cada sociedade e cultura específica. CARACTERÍSTICAS 1º) Supremacia do interesse público sobre o particular. 2º) Indisponibilidade do interesse público. 4 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA De acordo com o art. 37 da Constituição Federal, são princípios da Administração Pública: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.• É um dos mais relevantes princípios de todo Estado de Direito e da Administração Pública na execução de suas atividades. Determina que o agente público somente possa fazer o que estiver previsto na lei. Assim, todos os atos e ações do Poder Público devem estar regulamentados na norma legal para que sejam válidos. • LEGALIDADE • Esse princípio visa a garantir que o ato a ser praticado atenderá à sua finalidade pública, preservando a isonomia e a igualdade aos seus destinatários. Veda a publicidade ou propaganda pessoal do agente, devendo o ato ser sempre vinculado à instituição que o editou e não à pessoa do agente que o expediu. Proíbe também a prática de atos administrativos que objetivem exclusivamente a satisfação do interesse de terceiros, devendo o ato sempre ser praticado no interesse da administração (nas hipóteses de atos discricionários) e preservando o interesse da coletividade como fim. PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE, ISONOMIA, IGUALDADE • Este Princípio apregoa a moralidade administrativa na realização dos atos. Deve-se sempre observar o fim social e a conveniência do ato aos interesses da coletividade com base na ética. Logo, o ato, para ser legítimo, deve não só atender à lei, mas também à ética, à moral, aos bons costumes e à justiça. PRINCÍPIO DA MORALIDADE •Significa dar transparência à coisa pública, ao interesse público, em regra, na Imprensa Oficial. •Dispensam a publicação os atos referentes a: investigação (policiais, Ministério Público/ ABIN), Segurança Nacional, Processo Administrativo previamente declarado e sigiloso (PAD), Atos "interna corporis". PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE •Este princípio foi introduzido em nosso ordenamento jurídico pela Emenda Constitucional nº 19/98 (Reforma Administrativa). Tal princípio preconiza a qualidade do serviço público, que se baseia na consecução dos melhores resultados, muitas vezes com os meios escassos de que se dispõe e o menor custo. O resultado do serviço deve ser sempre o melhor possível. No âmbito da atuação dos agentes públicos, deverão estes agir com rapidez, presteza, perfeição e rendimento para que estejam de acordo com o referido princípio. PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA 5 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br Princípios Explícitos Princípios Implícitos (ou Reconhecidos) Além dos princípios constitucionais explícitos, há outros que também compõem o cerne do estudo do Direito Administrativo, que são reconhecidos e acolhidos pelo sistema constitucional, dos quais falaremos a seguir. LEGALIDADE Só é permitido fazer o que a lei autoriza. IMPESSOALIDADE Tem que atender ao interesse público. MORALIDADE O ato deverá sempre ser praticado com atenção aos princípios da ética e da moral. PUBLICIDADE Deve haver transparência dos atos administrativos. EFICIÊNCIA Menor custo e com maior qualidade. • Prevalência dos interesses coletivos sobre o particular. SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO • É dado ao agente público administrar patrimônios, bens e haveres públicos, sendo-lhe vedado, porém, dispor dos mesmos como se fosse seu (ele tem apenas a titularidade). INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO • A Administração Pública pode revogar ou anular seus próprios atos (autocontrole). • Revisão e controle de ofício de sua própria atuação. Não precisa de ninguém para provocar a atuação. AUTOTUTELA 6 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br • Limita a discricionariedade da Administração. Os meios que serão usados terão de ser razoáveis em função dos fins que se quer avaliar. RAZOABILIDADE • Adequação dos meios aos fins. Consiste em um dos aspectos da razoabilidade entre os meios utilizados pelo agente público e os fins buscados por esse agente. PROPORCIONALIDADE • Os serviços públicos são essenciais e não podem parar, exceto em casos de: • emergência: Falta de água em razão de problemas na tubulação. • segurança: modernização de serviços (razões técnicas). • inadimplemento: falta de pagamento. • adimplemento defeituoso: pagamento fora do prazo; “gato”. CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO • A Administração, em sua atuação, destina-se a atender e almejar o interesse público. • O administrador fica impedido de buscar outro objetivo ou de praticá-lo no interesse próprio ou de terceiros. FINALIDADE • O administrador público justifica sua ação administrativa, por escrito, indicando: • Os fatos (pressupostos de fato); • Os preceitos jurídicos (pressupostos de direito) que fundamentam sua prática. MOTIVO • Explicitação das razões (justificativa) de fato e de direito que fundamentam a prática do ato. • Trata-se da exteriorização dos motivos. Em regra, obrigatórios Dizer qual lei ampara e por que alguém está fazendo aquele ato. • Ex: Multa de carro tem que vir especificando tudo local, lei, horário etc. MOTIVAÇÃO • Proteger o cidadão contra a alteração da lei. • Impede a retroação da lei (fatos gerados dali em diante). Ou seja, veda a nova interpretação de uma norma quando já tenha ocorrido sentença transitada em julgado ou decisão definitiva. SEGURANÇA JURÍDICA 7 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br Administração Pública A Administração Pública é, em sentido subjetivo ou formal, o conjunto de órgãos, serviços e agentes do Estado, bem como das demais pessoas coletivas públicas (tais como as autarquias locais), que asseguram a satisfação das necessidades coletivas variadas, tais como a segurança, a cultura, a saúde e o bem-estar das populações. Sentido formal, subjetivo ou orgânico Subjetivo (formal ou orgânico) A Administração Pública, em sentido objetivo (ou material), caracteriza-se pela atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob o regime jurídico de direito público, para a consecução dos interesses coletivos. Sentido amplo e estrito No sentido amplo, a Administração Pública abrange os órgãos do governo que exercem função política e também os que exercem função meramente administrativa. Já em sentido estrito, só inclui os órgãos e pessoas jurídicas que exercem função meramente administrativa. ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO Entidades políticas e entidades administrativas Entidades: possuem personalidade jurídica, ou seja, vontade própria. Podem ser políticas ou administrativas. Políticas: recebem atribuições da própria Constituição; possuem competência para legislar; são pessoas jurídicas de Direito Público interno; possuem poderes políticos e administrativos; formadas pelas pessoas políticas. Administração Pública em sentido subjetivo (formal ou orgânico) Autarquias Fundações Públicas (FP) Empresas Públicas (EP) Sociedades de Economia Mista (SEM) Administração Pública em sentido objetivo (material ou funcional) - Serviço Público (utilidades materiais para a população sob regime jurídico de direito público). - Intervenção (ocorre quando a Administração interfere em atividade tipicamente privada). - Fomento (concessão de benefícios ou incentivos fiscais). - Polícia Administrativa (atividades de fiscalização). 8 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br Administrativas:Não possuem poder político ou capacidade para legislar. Possuem somente autonomia administrativa. São criadas ou autorizadas pelas entidades políticas. O Poder Público pode realizar centralizadamente seus próprios serviços, por meio dos órgãos da Administração Direta, ou Indireta, prestá-los descentralizadamente, por meio das autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações, que integram a Administração Indireta, ou, ainda, por meio de entes parestatais de cooperação que não compõem a Administração direta nem a indireta (serviços sociais autônomos e outros) e, finalmente, por empresas privadas e particulares individualmente, quais sejam: concessionárias, permissionárias e autorizatárias. 9 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br DESCONCENTRAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO Na descentralização, o Estado precisa de um determinado serviço, o qual ele não tem condições e não pode assumir. Sendo assim, ele transfere a execução de serviço público ou cria uma empresa para realizá-lo, como, por exemplo, a Petrobras. Já a desconcentração ocorre quando a entidade da Administração (pessoa jurídica) distribui competências relativas à execução do serviço público no âmbito de sua própria estrutura, criando órgãos ou secretarias, por exemplo, a fim de tornar mais ágil e eficiente a prestação dos serviços. Como exemplo, o Ministério da Justiça cria a Polícia Federal. A Descentralização caracteriza-se quando um poder, antes absoluto, passa a ser repartido. Centralização, Descentralização e Desconcentração: Centralização Quando o Estado desempenha suas funções diretamente por meio de seus órgãos e agentes, portanto a sua competência encontra-se na própria Administração Direta. Descentralização Entidade criando entidade. Não há hierarquia, a entidade criada é vinculada ao órgão da Administração Direta cuja matéria lhe é inerente. Qualquer entidade da Administração direta pode criar uma entidade da Adminstração Indireta. Pressupõe a existência de duas pessoas jurídicas. Desconcentração Órgão criando Órgão. Há hierarquia. É característica da função administrativa, a subordinação. Ocorre dentro da mesma pessoa jurídica, quando a Administração distribui suas competências no âmbito de sua própria estrutura, tendo por objetivo tornar mais ágil e eficiente os seus serviços. ADMINISTRAÇÃO DIRETA, ADMINISTRAÇÃO INDIRETA E ENTIDADES PARAESTATAIS Administração direta Integra o conjunto das pessoas políticas e possui competência para o exercício, de forma centralizada, das atividades administrativas. Possui controle e obediência hierárquicos, desde que na mesma esfera. Administração indireta Integra o conjunto das pessoas administrativas. Tem competência para o exercício de forma descentralizada, de atividades administrativas. Estão vinculadas a um órgão da administração direta. Esta, por sua vez, exerce sobre a administração indireta o que se chama de Controle Finalístico, também conhecido como Tutela ou Supervisão Ministerial (em que não há subordinação, vínculo de hierarquia). 10 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br Criação Das Entidades Da Administração Indireta De acordo com o art. 37, XIX, a criação das entidades da Administração indireta será de duas formas: Nas Autarquias: A criação se dá por meio de lei específica, diretamente; Nas demais entidades (empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações): mera autorização para sua criação, dada em lei específica, porém, para as fundações, cabe à lei complementar definir as áreas de atuação. Entidades da Administração Pública Indireta LEI ESPECÍFICA Cria Autarquias Autoriza (a criação) Empresas públicas e Sociedades de economia mista. Fundações públicas Lei complementar definirá suas áreas de atuação. Entidades da Administração Direta: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Entidades da Administração Indireta: Autarquias, Fundações Públicas, Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista e Associações Públicas. 11 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br 12 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br AGÊNCIAS REGULADORAS E AGÊNCIAS EXECUTIVAS As agências executivas e reguladoras são pessoas jurídicas de direito público e fazem parte da Administração Pública Indireta. São consideradas autarquias especiais, porque têm como principal função o controle de pessoas privadas incumbidas da prestação de serviços públicos, sob o regime de concessão ou permissão. São pessoas jurídicas de direito público, que podem celebrar contrato de gestão com o Poder Público, objetivando reduzir custos, otimizar e aperfeiçoar a prestação de serviços públicos. Nelas, há uma autonomia financeira e administrativa ainda maior. São requisitos para transformar uma autarquia ou fundação em uma agência executiva: - Ter planos estratégicos de reestruturação e de desenvolvimento institucional em andamento; - Ter celebrado contrato de gestão com o ministério supervisor São exemplos de Agência Executiva o INMETRO e e ABIN. AGÊNCIAS EXECUTIVAS Sua função é regular a prestação de serviços públicos, organizar e fiscalizar esses serviços a serem prestados por concessionárias ou permissionárias, com o objetivo de garantir o direito do usuário ou serviço público de qualidade. Não há muita diferença em relação à tradicional autarquia, a não ser uma maior autonomia financeira e administrativa, além de seus diretores serem eleitos para mandato por tempo. AGÊNCIAS REGULADORAS Agências Executivas Execução de atividades administrativas. FINALIDADE Agências Reguladoras Fiscalizar serviços públicos (ANEEL, ANTT, ANAC, ANTAC). Fomentar e fiscalizar determinadas atividades privadas (ANCINE). Regulamentar, controlar e fiscalizar atividades econômicas (ANP). Exercer atividades típicas de Estado (ANVS, ANVISA e ANS). FINALIDADE 13 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br ENTIDADES PARAESTATAIS São pessoas jurídicas de direito privado, autorizadas por lei para prestar serviços ou realizar atividades de interesse coletivo ou público (sem fins lucrativos), mas não exclusivos do Estado. Possuem autonomia administrativa, financeira e operam conforme os seus estatutos. Como recebem incentivos do Poder Público, ficam sujeitas à supervisão da entidade estatal a que estão vinculadas, para o controle do desempenho estatutário. As entidades paraestatais compreendem as: OS OSCIP SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS São todos aqueles instituídos por lei, com personalidade jurídica de direito privado, para ministrar assistência ou ensino a certas categorias sociais ou grupos profissionais, sem fins lucrativos, sendo mantidos por dotações orçamentárias próprias ou por contribuições parafiscais. Para ressaltar, essas entidades não prestam serviço público delegado pelo Estado, mas atividade privada de interessepúblico (serviços não exclusivos do Estado); exatamente por isso são incentivadas pelo Poder Público. A atuação estatal, no caso, é de fomento, e não de prestação de serviço público. Compreendem os serviços sociais autônomos, as organizações sociais, as organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP) e as entidades de apoio. Exemplos: Trata-se do famoso “Setor S”: SESI, SESC, SENAC, SENAI, SEBRAE. ORGANIZAÇÕES SOCIAIS (OS) São pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades são dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à preservação e proteção do meio ambiente, à cultura e à saúde. Características específicas: Exigências para qualificação: art. 2º da Lei nº 9.637/98; Formalização de contrato de gestão com o Poder Público; Podem receber recursos orçamentários e bens públicos (a lei prevê dispensa de licitação para a permissão de uso de bem público: art. 12, § 3º); Admite-se a cessão especial de agente público com ônus para a Administração (art. 14); Dispensa de licitação para o Poder Público: art. 24, XXIV, da Lei nº 8.666/93. A execução do contrato de gestão celebrado por organização social será fiscalizada pelo órgão ou entidade supervisora da área de atuação correspondente à atividade fomentada. Exemplos: Rede Sarah de hospitais; ARNP – Associação Rede Nacional de Ensino e Pesquisa; CGEE – Centro de Gestão de Estudos Estratégicos. 14 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO (OSCIP) São pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos e instituídas por particulares, que prestam serviços de utilidade pública de competência não exclusiva do Estado. Normalmente, são sociedades civis de direito privado e de interesse público. As cooperativas não podem receber a qualificação de OSCIP. O ato de qualificação de uma pessoa jurídica como OSCIP é um ato vinculado. Para fins de qualificação, a OSCIP deve apresentar, dentre outros documentos, o balanço patrimonial e o DRE, bem como a declaração de isenção de IR. No caso das OS, não há tais exigências. Lei nº 9.790/99. Exemplos: Iquavi, Obrac etc. ENTIDADES DE APOIO São pessoas jurídicas de direito privado criadas por agentes públicos (sejam servidores ou empregados públicos), em nome próprio, sob forma de fundação, associação civil ou cooperativa) para a prestação de serviços sociais não exclusivos do Estado, mantendo vínculo com entidades da Administração direta ou indireta, em regra, por meio de convênio. Instituídas com os recursos próprios dos agentes, e não do Estado. Normalmente, sob forma de fundação (com estatutos cujos objetivos são iguais aos da entidade pública junto à qual pretendem atuar). Atuam mais comumente junto a hospitais públicos e universidades públicas, não prestando serviço público delegado pela Administração Pública, mas como atividade privada. Não se sujeitam à tutela administrativa. Seus empregados são celetistas (não se caracterizam como servidores públicos). Seu regime jurídico é de direito privado. Por meio do convênio com a entidade estatal, é prevista a utilização de bens públicos móveis e imóveis e de servidores públicos. Ex: Anamages (Associação Nacional dos Magistrados), as fundações criadas e mantidas pelos Ministérios Públicos. 15 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br Diferenças entre as OS e as OSCIP Os serviços sociais autônomos têm por objeto uma atividade social, não lucrativa, usualmente direcionada ao aprendizado profissionalizante, à prestação de serviços assistenciais ou de utilidade pública, tendo como beneficiários determinados grupos sociais. As pessoas qualificadas como organizações sociais (OS) devem cumprir requisitos, tais como ter personalidade jurídica de direito privado; não podem ter finalidade lucrativa e devem atuar nas atividades de ensino, cultura, saúde, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico e preservação do meio ambiente. Nas OS é obrigatória a participação de membros do Poder Público no Conselho de Administração da entidade, o mesmo não ocorrendo nas OSCIP. O vínculo entre as OS e a Administração Pública se dá por meio de Contrato de Gestão, enquanto no caso das OSCIP se dá por meio de Termo de Parceria. A qualificação da entidade como OS é um ato discricionário da Administração, ao passo que a qualificação da entidade com OSCIP é um ato vinculado. Não podem ser qualificadas como OSCIPs as organizações sociais (OS). 16 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br Capítulo I - Administração Pública QUESTÕES 1 - (CESPE - 2014 - TJ-CE - Analista Judiciário - Área Administrativa). No que se refere ao Estado, governo e à administração pública, assinale a opção correta. a) O Estado liberal, surgido a partir do século XX, é marcado pela forte intervenção na sociedade e na economia. b) No Brasil, vigora um sistema de governo em que as funções de chefe de Estado e de chefe de governo não são concentradas na pessoa do chefe do Poder Executivo. c) A administração pública, em sentido estrito, abrange a função política e a administrativa. d) A administração pública, em sentido subjetivo, diz respeito à atividade administrativa exercida pelas pessoas jurídicas, pelos órgãos e agentes públicos que exercem a função administrativa. e) A existência do Estado pode ser mensurada pela forma organizada com que são exercidas as atividades executivas, legislativas e judiciais. 2 - (VUNESP - 2014 - PC-SP - Delegado de Polícia). A Administração Pública, em sentido: a) objetivo, material ou funcional, designa os entes que exercem a atividade administrativa. b) amplo, objetivamente considerada, compreende a função política e a função administrativa. c) estrito, subjetivamente considerada, compreende tanto os órgãos governamentais, supremos, constitucionais, como também os órgãos administrativos, subordinados e dependentes, aos quais incumbe executar os planos governamentais. d) estrito, objetivamente considerada, compreende a função política e a função administrativa. e) subjetivo, formal ou orgânico, compreende a própria função administrativa que incumbe, predominantemente, ao Poder Executivo. 3 - (CESPE - 2014 - MDIC - Analista Técnico - Administrativo). Julgue os itens seguintes, relativos à administração pública e aos atos administrativos. O exercício das funções administrativas pelo Estado deve adotar, unicamente, o regime de direito público, em razão da indisponibilidade do interesse público. ( ) Certo ( ) Errado 4 - (CESPE - 2013 - SEFAZ-ES - Auditor Fiscal da Receita Estadual). Acerca do direito administrativo, assinale a opção correta. a) A administração pública confunde-se com o próprio Poder Executivo, haja vista que a este cabe, em vista do princípio da separação dos poderes, a exclusiva função administrativa. b) A ausência de um código específico para o direito administrativo reflete a falta de autonomia dessa área jurídica, devendo o aplicador do direito recorrer a outras disciplinas subsidiariamente. c) O direito administrativo visa à regulação das relações jurídicas entre servidores e entre estes e os órgãos da administração, ao passo que o direito privado regula a relação entre os órgãose a sociedade. d) A indisponibilidade do interesse público, princípio voltado ao administrado, traduz-se pela impossibilidade de alienação ou penhora de um bem público cuja posse detenha o particular. e) Em sentido subjetivo, a administração pública confunde-se com os próprios sujeitos que integram a estrutura administrativa do Estado. 5-(CESPE - 2013 - MS - Analista Técnico). A administração é o aparelhamento do Estado preordenado à realização dos seus serviços, com vistas à satisfação das necessidades coletivas. 17 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br ( ) Certo ( ) Errado 6-(CESPE - 2013 - MI - Analista Técnico). Com relação a Estado, governo e administração pública, julgue os itens seguintes. Os conceitos de governo e administração não se equiparam; o primeiro refere-se a uma atividade essencialmente política, ao passo que o segundo, a uma atividade eminentemente técnica. ( ) Certo ( ) Errado 7-(CESPE - 2013 - MI - Analista Técnico). Em sentido objetivo, a expressão administração pública denota a própria atividade administrativa exercida pelo Estado. ( ) Certo ( ) Errado 8-(CESPE - 2013 - Telebras - Especialista em Gestão de Telecomunicações - Advogado). A respeito do direito administrativo e da administração pública, julgue os itens a seguir. Sob o aspecto material, a administração representa o desempenho perene, sistemático, legal e técnico dos serviços próprios do Estado ou por ele assumidos em benefício da coletividade. ( ) Certo ( ) Errado 9-(CESPE - 2013 - TJ-DF - Analista Judiciário - Área Judiciária). Administração pública em sentido orgânico designa os entes que exercem as funções administrativas, compreendendo as pessoas jurídicas, os órgãos e os agentes incumbidos dessas funções. ( ) Certo ( ) Errado 10-(CESPE - 2013 - INPI - Analista de Planejamento). A expressão administração pública, em sentido orgânico, refere-se aos agentes, aos órgãos e às entidades públicas que exercem a função administrativa. ( ) Certo ( ) Errado 11-(Aroeira - 2014 - PC-TO - Escrivão de Polícia Civil). A Administração Pública deve sempre buscar o resultado que melhor atenda ao interesse público com o menor dispêndio possível de tempo e recursos. Essa afirmação enuncia qual princípio da Administração Pública? a) Legalidade b) Moralidade c) Eficiência d) Publicidade 12-(FJG - RIO - 2014 - Câmara Municipal do Rio de Janeiro - Analista Legislativo). De acordo com a doutrina que classifica os princípios administrativos em expressos e reconhecidos, é possível afirmar que: a) o princípio da precaução é classificado pela doutrina como um princípio administrativo reconhecido segundo o qual, havendo dúvida sobre a possibilidade de dano, a solução deve ser favorável ao ambiente e não ao lucro imediato. b) o princípio da proteção à confiança é classificado pela doutrina como um princípio administrativo expresso segundo o qual a confiança traduz um dos fatores mais relevantes de um estado democrático, não se podendo perder de vista que é ela que dá sustentação à entrega dos poderes aos representantes eleitos. c) o princípio da continuidade do serviço público é classificado pela doutrina como um princípio administrativo expresso segundo o qual não podem os serviços públicos ser interrompidos, devendo, ao contrário, ter normal continuidade. 18 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br d) o princípio da eficiência é classificado pela doutrina como um princípio reconhecido cujo núcleo é a procura de produtividade e economicidade e, o que é mais importante, a exigência de reduzir os desperdícios de dinheiro público, o que impõe a execução dos serviços públicos com presteza, perfeição e rendimento funcional. 13-(VUNESP - 2014 - TJ-SP - Titular de Serviços de Notas e de Registros - Provimento). Em relação ao regime jurídico-administrativo, é correto afirmar: a) o princípio da boa-administração define-se pela necessidade de a Administração Pública, e ainda de todos aqueles que exercem a função administrativa por delegação ou por outorga, cumprir com a eficiência no trato da gestão pública, em particular ainda com a necessidade de desenvolverem-se mecanismos de participação da população e transparência das informações, seja por ouvir o usuário do serviço público em ouvidorias especializadas, ou disponibilizar recursos que facilitem o acesso a informações, seja em relação à revisão e ajuste de formas de atendimento de acordo com as deficiências constatadas. b) o princípio da moralidade administrativa não se confunde com a moral comum, por isso é possível entendê-lo como sinônimo de improbidade administrativa, o que conta, inclusive, com a possibilidade de sanções específicas, nos termos da Lei de Improbidade Administrativa (Lei n.º 8.429/92). c) o princípio da legalidade justifica o atributo da presunção de legitimidade dos atos administrativos, o que implica dizer que mesmo os fatos gerados pela Administração Pública, e por todos aqueles que exercem a função administrativa por delegação ou por outorga, gozam desta característica. d) o princípio da impessoalidade encontra aplicação prática tanto em concursos públicos quanto no processo de licitação, mas não se aplica aos processos administrativos disciplinares. 14-(VUNESP - 2014 - TJ-SP - Titular de Serviços de Notas e de Registros - Provimento). O art. 28 da Lei n.º 8.935/94 prescreve: “Os notários e oficiais de registro gozam de independência no exercício de suas atribuições, têm direito à percepção dos emolumentos integrais pelos atos praticados na serventia e só perderão a delegação nas hipóteses previstas em lei”. Sobre a independência afirmada neste artigo, é correto dizer: a) garante-se autonomia na forma de exercício dos serviços notariais e de registro, o que restringe o princípio da legalidade por ser possível, em busca da eficiência e da boa administração, dar primazia a ordens de serviço que se revelem mais práticas e atuais do que as regras previstas na Lei n.º 8.935/94. b) garante-se a possibilidade de os notários e registradores atuarem sem ter que responder a petições a ele formuladas quando entenderem que não são pertinentes, ou que não há respaldo jurídico ao que se postula, desde que em relação à Corregedoria do Tribunal de Justiça e ao Juiz Corregedor Permanente haja sempre pronta e integral resposta às inquirições formuladas. c) assegura-se, por este artigo e pelo regime constitucional específico dos serviços notariais e de registro, notadamente ao se afirmar que essas atividades são exercidas em caráter privado (art. 236 da Constituição Federal), que existam significativas distinções em relação ao regime jurídico administrativo geral previsto no art. 37 da Constituição Federal, notadamente quanto ao regime de responsabilidade, em relação ao qual se aplica exclusivamente o Código Civil, e a remuneração percebida no exercício da função, o que conta com a proteção da privacidade tal como ocorre nas atividades particulares. d) deve ser integralmente compatibilizada com o regime jurídico administrativo, pois se trata de delegação de serviço público, o que significa dizer que deve observar o princípio da legalidade, dentre outros princípios jurídicos do Direito Administrativo; por isso, as práticas cartorárias dos notários e dos registradores, e igualmente a sua remuneração, estão sujeitas ao conhecimento da sociedade civil. 15-(VUNESP - 2014 - TJ-SP - Titular de Serviços de Notas e de Registros - Remoção). Em relação ao regime jurídico-administrativo, pode-se afirmar que: 19Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br a) o princípio da finalidade não é previsto expressamente no art. 37 da Constituição Federal, de tal sorte, não se pode compreendê-lo como norma jurídica que compõe o regime jurídico-administrativo. b) o princípio da proporcionalidade pode ser definido como a exigência de que as medidas e ações do administrador público observem padrões éticos prescritos no ordenamento jurídico. c) o princípio da publicidade, ou dever de transparência, decorre do regime republicano, pois o Brasil define-se juridicamente como uma república federativa, o que significa dizer que todo aquele que exerce função pública deve prestar contas de suas atividades à sociedade. d) o princípio da motivação define-se por exigir que todo e qualquer ato no exercício de uma função pública contenham um motivo 16-(CESPE - 2014 - MDIC - Analista Técnico - Administrativo). Julgue os itens seguintes, relativos à administração pública e aos atos administrativos. O exercício das funções administrativas pelo Estado deve adotar, unicamente, o regime de direito público, em razão da indisponibilidade do interesse público. ( ) Certo ( ) Errado 17-(Aroeira - 2014 - PC-TO - Delegado de Polícia). Determinado Delegado de Polícia, no intuito de fazer promoção pessoal com pretensões políticas, convoca a imprensa para comunicar a prisão de marginal procurado, ressaltando as próprias qualidades profissionais e que o êxito da operação decorre de mérito seu (da autoridade). A situação descrita revela flagrante ofensa ao princípio da: a) moralidade b) impessoalidade. c) razoabilidade. d) publicidade. 18-(VUNESP - 2014 - DESENVOLVESP - Advogado). Uma característica desse princípio é a que prevê que os atos não serão imputados a quem os pratica, mas, sim, à entidade à qual está vinculado. Trata-se do princípio da: a) impessoalidade. b) isonomia. c) publicidade. d) eficiência. e) moralidade administrativa. 19-(CESPE - 2014 - TJ-CE - Técnico Judiciário - Área Judiciária). Assinale a opção que explicita o princípio da administração pública na situação em que um administrador público pratica ato administrativo com finalidade pública, de modo que tal finalidade é unicamente aquela que a norma de direito indica como objetivo do ato. a) impessoalidade b) segurança jurídica c) eficiência d) moralidade e) razoabilidade 20-(CESPE - 2014 - TJ-CE - Técnico Judiciário - Área Administrativa). Com relação aos princípios que fundamentam a administração pública, assinale a opção correta. 20 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br a) A publicidade marca o início da produção dos efeitos do ato administrativo e, em determinados casos, obriga ao administrado seu cumprimento. b) Pelo princípio da autotutela, a administração pode, a qualquer tempo, anular os atos eivados de vício de ilegalidade. c) O regime jurídico-administrativo compreende o conjunto de regras e princípios que norteia a atuação do poder público e o coloca numa posição privilegiada d) A necessidade da continuidade do serviço público é demonstrada, no texto constitucional, quando assegura ao servidor público o exercício irrestrito do direito de greve. e) O princípio da motivação dos atos administrativos, que impõe ao administrador o dever de indicar os pressupostos de fato e de direito que determinam a prática do ato, não possui fundamento constitucional. 21-(CESPE - 2014 - Câmara dos Deputados - Analista Legislativo - Consultor Legislativo Área I). O princípio da impessoalidade é corolário do princípio da isonomia. ( ) Certo ( ) Errado 22-(CESPE - 2014 - Câmara dos Deputados - Analista Legislativo - Consultor Legislativo Área I). A respeito dos princípios administrativos, julgue os próximos itens. O princípio da legalidade implica dispor o administrador público no exercício de seu munus de espaço decisório de estrita circunscrição permissiva da lei em vigor, conforme ocorre com agentes particulares e árbitros comerciais. ( ) Certo ( ) Errado 23-(CESPE - 2014 - Câmara dos Deputados - Analista Legislativo - Consultor Legislativo Área I). A vedação ao nepotismo no ordenamento jurídico brasileiro, nos termos da súmula vinculante n.º 13/2008, ao não se referir à administração pública indireta, excetua a incidência da norma em relação ao exercício de cargos de confiança em autarquias. ( ) Certo ( ) Errado 24-(VUNESP - 2014 - PC-SP - Delegado de Polícia). Desde antigas eras do Direito, já vingava o brocardo segundo o qual “nem tudo o que é legal é honesto” (non omne quod licet honestum est). Aludido pensamento vem a tomar relevo no âmbito do Direito Administrativo principalmente quando se começa a discutir o problema do exame jurisdicional do desvio de poder. Essa temática serve, portanto, de lastro para o desenvolvimento do princípio constitucional administrativo: a) explícito da moralidade administrativa. b) explícito da legalidade. c) implícito da supremacia do interesse público sobre o privado. d) implícito da finalidade administrativa. e) implícito da motivação administrativa. 25-(IBFC - 2014 - SEPLAG-MG - Gestor de Transportes e Obras - Direito). O núcleo deste princípio administrativo é a procura de produtividade e economicidade e a exigência de reduzir os desperdícios de dinheiro público, o que impõe a execução dos serviços públicos com presteza, perfeição e rendimento funcional. Esse conceito se refere ao princípio da: a) Efciência. b) Moralidade. c) Impessoalidade d) Isonomia 21 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br 26-(FGV - 2014 - DPE-RJ - Técnico Médio de Defensoria Pública). Os princípios administrativos são os postulados fundamentais que inspiram o modo de agir da Administração Pública. Entre os princípios da Administração Pública, destaca-se: a) impessoalidade, que diz que a pena não passará da pessoa do condenado e que os sucessores responderão pelos débitos do falecido apenas nos limites da herança. b) moralidade, segundo o qual, no caso de aparente colisão, se deve analisar no caso concreto qual direito fundamental deve prevalecer, através da técnica da ponderação de interesses. c) autotutela, segundo o qual qualquer lesão ou ameaça de lesão a direito não será excluída da apreciação do Poder Judiciário, razão pela qual os atos da Administração Pública também estão sujeitos ao controle judicial. d) publicidade, que prevê que a ampla publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou eleitoral. e) continuidade dos serviços públicos, excetuado quando se permite a paralisação temporária da atividade, como no caso de necessidade de reparos técnicos. 27-(CESPE - 2014 - MTE - Agente Administrativo). Viola o princípio da impessoalidade a edição de ato administrativo que objetive a satisfação de interesse meramente privado. ( ) Certo ( ) Errado 28-(CESPE - 2014 - Caixa - Nível Superior - Conhecimentos Básicos). Em relação à organização administrativa do estado brasileiro e aos princípios administrativos, julgue os itens a seguir: Dado o princípio da legalidade, os agentes públicos devem, além de observar os preceitos contidos nas leis em sentido estrito, atuar em conformidade com outros instrumentos normativos existentes no ordenamento jurídico nacional. ( ) Certo ( ) Errado 29-(FAFIPA - 2014 - UFFS - Técnico de Laboratório - Informática). Constitui princípio básico da administração pública, EXCETO: a) Moralidade. b) Publicidade. c) Legalidade. d) Pessoalidade. e) Eficiência.30-(TRT 2R (SP) - 2014 - TRT - 2ª REGIÃO (SP) - Juiz do Trabalho). Em relação aos princípios informativos da Administração Pública, observe as proposições abaixo e responda a alternativa que contenha proposituras corretas: I. São princípios constitucionais fundamentais que informam o princípio licitatório: o democrático, o republicano, o da legalidade, o da legitimidade, o da isonomia e o da livre iniciativa. II. Pelo princípio da impessoalidade qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular, objetivando anular ato lesivo à moralidade administrativa. III. A divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição Federal (art. 5o. XXXXIII) e, em leis, consoante o prescrito no inciso V do parágrafo único do art.2°. da Lei Federal n. 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, é obrigação inerente e específica decorrente do princípio da moralidade. IV. O princípio que impõe à Administração Pública a prática, e tão só esta, de atos voltados para o interesse público, chama-se “princípio da publicidade”. 22 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br V. Tem-se como princípio da autotutela a obrigação da Administração Pública de policiar, em relação ao mérito e à legalidade, os atos administrativos que pratica. Está correta a alternativa: a) I e II. b) IV eV. c) III e IV. d) I e V e) II e III. 31-(CESPE - 2014 - Polícia Federal - Agente Administrativo). Considerando que o DPF é órgão responsável por exercer as funções de polícia judiciária da União, julgue os itens a seguir. O DPF, em razão do exercício das atribuições de polícia judiciária, não se submete ao princípio da publicidade, sendo garantido sigilo aos atos praticados pelo órgão. ( ) Certo ( ) Errado 32-(CESPE - 2014 - PGE-BA - Procurador). Acerca do regime jurídico-administrativo e dos princípios jurídicos que amparam a administração pública, julgue os itens seguintes. O atendimento ao princípio da eficiência administrativa autoriza a atuação de servidor público em desconformidade com a regra legal, desde que haja a comprovação do atingimento da eficácia na prestação do serviço público correspondente. ( ) Certo ( ) Errado 33-(CESPE - 2014 - PGE-BA - Procurador). Suponha que o governador de determinado estado tenha atribuído o nome de Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul, a escola pública estadual construída com recursos financeiros repassados mediante convênio com a União. Nesse caso, há violação do princípio da impessoalidade, dada a existência de proibição constitucional à publicidade de obras com nomes de autoridades públicas. ( ) Certo ( ) Errado 34-(FUNRIO - 2014 - INSS - Analista - Direito). A União Federal firmou, em 2010, pelo prazo de 2 anos, convênio com o Instituto de Assistência ao Menor Carente, pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecido como de utilidade pública, visando à implementação de programa de educação ao menor, nas capitais brasileiras. No referido termo de convênio, a União Federal é designada como contratante e o Instituto de Assistência ao Menor Carente como contratado, constando, igualmente, como objeto a “prestação de serviços visando à implementação do ensino profissionalizante nas Capitais de Estado listadas no anexo.” Em face do teor do convênio, estipula este que o seu extrato não será publicado no Diário Oficial da União. Não consta do termo de convênio contrapartida por parte do Instituto de Assistência ao Menor Carente e o preço pactuado é de R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais), cujo desembolso se fará mensalmente, a partir do recebimento, pela União Federal, de cada etapa do convênio. Terminada a vigência e efetuado o pagamento do valor em sua totalidade e de forma pontual, o Instituto de Assistência ao Menor Carente não apresentou, até o presente momento, sua prestação de contas. No tocante à cláusula referente à publicação no Diário Oficial, é correto afirmar que a ausência de publicação. a) não é um vício, por se tratar de convênio. b) é um vício, uma vez que a publicação é obrigatória. c) não é um vício, por se encontrar na esfera de discricionaridade da União Federal. d) não é um vício, por envolver ensino profissionalizante de menor carente e) é um vício, em face do valor pactuado, consoante determinado em Lei. 23 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br 35-(FCC - 2014 - TRT - 19ª Região (AL) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador). Determinada empresa do ramo farmacêutico, responsável pela importação de importante fármaco necessário ao tratamento de grave doença, formulou pedido de retificação de sua declaração de importação, não obtendo resposta da Administração pública. Em razão disso, ingressou com ação na Justiça, obtendo ganho de causa. Em síntese, considerou o Judiciário que a Administração pública não pode se esquivar de dar um pronto retorno ao particular, sob pena inclusive de danos irreversíveis à própria população. O caso narrado evidencia violação ao princípio da: a) publicidade. b) eficiência. c) impessoalidade. d) motivação. e) proporcionalidade. 36-(FCC - 2014 - TRT - 19ª Região (AL) - Técnico Judiciário - Área Administrativa). Roberto, empresário, ingressou com representação dirigida ao órgão competente da Administração pública, requerendo a apuração e posterior adoção de providências cabíveis, tendo em vista ilicitudes praticadas por determinado servidor público, causadoras de graves danos não só ao erário como ao próprio autor da representação. A Administração pública recebeu a representação, instaurou o respectivo processo administrativo, porém, impediu que Roberto tivesse acesso aos autos, privando-o de ter ciência das medidas adotadas, sendo que o caso não se enquadra em nenhuma das hipóteses de sigilo previstas em lei. O princípio da Administração pública afrontado é a a) publicidade. b) eficiência. c) isonomia. d) razoabilidade. e) improbidade. 37-(VUNESP - 2014 - UNICAMP - Procurador). Princípio constitucional de direito administrativo, relacio- nado à finalidade pública que deve nortear toda a atividade administrativa, fazendo com que a Administração Pública não possa atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, é o princípio da: a) legalidade. b) impessoalidade. c) moralidade. d) publicidade. e) eficiência. 38-(VUNESP - 2014 - PC-SP - Delegado de Polícia). O conceito de Direito Administrativo é peculiar e sintetiza-se no conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado. A par disso, é fonte primária do Direito Administrativo: a) a jurisprudência. b) os costumes. c) os princípios gerais de direito. d) a lei, em sentido amplo. e) a doutrina. 24 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br 39-(IBFC - 2014 - SEPLAG-MG - Gestor de Transportes e Obras - Direito). Indique a fonte do direito que forma o sistema teórico de princípio aplicável ao Direito Positivo, sendo elemento construtivo do Direito Administrativo: a) Lei b) Costume c) Jurisprudência. d) Doutrina. 40-(FUMARC - 2014 - AL-MG - Analista de Sistemas - Desenvolvimento). Considerando os elementos característicos da sociedade e do Estado, indicados por Dalmo de Abreu Dallari, estão corretas as afirmativas, EXCETO: a) Não há diferença entre o Estado e a sociedade humanano seu todo, pois ambos têm idêntica finalidade. b) As manifestações de conjunto, em uma sociedade, devem atender aos requisitos de reiteração, ordem e adequação. c) Para o reconhecimento de um agrupamento humano como sociedade, são necessários uma finalidade social, as manifestações de conjunto ordenadas e o poder social. d) Estão presentes todos os elementos componentes do Estado no conceito deste, como a ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado em determinado território. 25 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br GABARITO 1 – E 9 – C 17 – B 25 – A 33 – E 2 – B 10 – C 18 – A 26 – E 34 – B 3 – E 11 – C 19 – A 27 – C 35 – B 4 – E 12 – C 20 – C 28 – C 36 – A 5 – C 13 – A 21 – C 29 – D 37 – B 6 – C 14 – D 22 – E 30 – D 38 – D 7 – C 15 – C 23 – E 31 – E 39 – D 8 – E 16 – E 24 – A 32 – E 40 – A 26 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br Capítulo II ÓRGÃOS E AGENTES PÚBLICOS CONCEITO DE ÓRGÃO PÚBLICO Hely Lopes Meirelles define órgãos públicos como centros de competência instituídos para o desempenho de funções estatais, através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertencem. Possuem, necessariamente, funções, cargos e agentes. Os órgãos públicos agrupam competências a serem exercidas por meio de agentes públicos. Teoria do Órgão Por esta teoria, presume-se que a entidade (pessoa jurídica) manifesta sua vontade por meio dos órgãos (não tem personalidade jurídica), que são partes integrantes da própria estrutura jurídica. Neste caso, ocorre a imputação (e não representação) ao Estado de todos os atos aparentemente legítimos e praticados por alguém presumivelmente agente público. Segundo Maria Sylvia Di Pietro, essa teoria é utilizada para justificar a validade dos atos praticados por funcionários de fato, pois considera que é ato do órgão, imputável à Administração. Características dos Órgãos Não possuem personalidade jurídica, logo, não possuem patrimônio próprio. É resultado da técnica de organização administrativa conhecida como desconcentração. Alguns possuem autonomia gerencial, orçamentária e financeira e podem firmar, por meio de seus administradores, contratos de gestão com outros órgãos ou com pessoas jurídicas. Porém, para que isso aconteça, deverão estar dispostas em lei as seguintes situações: o prazo de duração deverá constar no contrato, os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilidades dos dirigentes e suas remunerações pessoais. Alguns órgãos públicos têm capacidade processual para defesa em Juízo de suas prerrogativas institucionais. Não confundir a Teoria da Imputação com a Teoria da Representação. Na Imputação, o agente é o Estado. Na representação, o agente representa a vontade do Estado, como no caso de um tutor em relação ao seu tutelado. No caso da Imputação, a vontade do agente não pode ser maior do que o poder que lhe foi imputado. Caso isso aconteça, o agente poderá incorrer, entre outras violações legais, em improbidade administrativa. 27 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br CLASSIFICAÇÃO DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS: CAPACIDADE PROCESSUAL DO ÓRGÃO Como já mencionado anteriormente, alguns órgãos podem manifestar capacidade processual na defesa de suas prerrogativas institucionais. A capacidade de postular perante o Poder Judiciário decorre do direito de uma pessoa física ou jurídica poder exercer seu direito de ação. Esta capacidade advém do Direito Processual Civil (art. 7º, CPC). Ocorre que os órgãos fazem parte da estrutura interna de uma pessoa jurídica de direito público, nesse QUANTO À ESTRUTURA Simples ou unitários: são aqueles que possuem um só centro de competência, não possuindo subdivisões em sua estrutura interna. Não interessando o número de cargos. Compostos: são os que reúnem em sua estrutura diversos órgãos, com resultado da concentração administrativa. Exemplo: Departamento de Polícia Rodoviária. QUANTO À ATUAÇÃO FUNCIONAL: Singulares ou unipessoais: são aquelas em que a atuação ou as decisões são atribuição de um único agente. Exemplo: Presidência da República. Colegiados ou pluripessoais: são aqueles em que as decisões ocorrem mediante a manifestação conjunta de seus membros. Exemplo: Senado Federal. QUANTO À POSIÇÃO ESTATAL: Independentes: são os diretamente previstos na Constituição, sem qualquer subordinação hierárquica ou funcional. Suas atribuições são exercidas por agentes políticos. Autônomos: situam-se na cúpula da Administração, logo abaixo dos órgãos independentes. Possuem ampla autonomia administrativa, financeira e técnica, caracterizando-se como órgãos diretivos. Superiores: possuem atribuições de direção, controle e decisão, mas estão sujeitos ao controle hierárquico. Não têm autonomia administrativa e nem financeira. Subalternos: exercem atribuições de mera execução, são subordinados a vários níveis hirárquicos. Têm reduzido poder decisório. 28 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br sentido, não poderiam pleitear em seu nome, mas somente ser representados pela pessoa de direito público do qual fazem parte. Contudo, a doutrina entende que alguns órgãos, por estarem diretamente relacionados ao seu ente (ex.: órgãos Independentes) podem possuir capacidade para, inclusive, impetrar mandado de segurança visando a proteger a competência exclusiva. AGENTE PÚBLICO É a pessoa natural por meio da qual o Estado se faz presente, no exercício, ainda que transitoriamente, da função pública/estatal, com ou sem renumeração. Pode ser por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função pública. Exemplos: Polícia Federal, caixa do Banco do Brasil e mesário eleitoral. TIPOS Servidor Público: usa-se a denominação para identificar aqueles que mantêm uma relação permanente com o Estado, em regime estatutário. ESTATUTO - ESTABILIDADE (não tem direito a FGTS) Empregado Público: identifica agentes públicos regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). EMPREGADO - CLT – (o patrão é o Estado) Funcionário Público: Tal expressão foi abandonada pela Constituição, no âmbito do Direito Administrativo, porém tendo sua importância no Direito Penal para alcançar aquele agente que pratique crime contra a Administração Pública. 29 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES PÚBLICOS Agentes políticos: possuem competência emanada da Constituição Federal; geralmente eleitos, nomeados ou designados; compõem o principal escalão de governo; não são hierarquizados (com exceção dos auxiliares imediatos dos chefes do Executivo); e possuem prerrogativas constitucionais quanto ao cargo. Exemplos: Presidente da República, governadores e prefeitos; senadores, deputados e vereadores; magistrados (juízes) e membros do Ministério Público; ministros e secretários estaduais e municipais. Agentes administrativos: são aquelesque exercem função pública de caráter profissional e remunerada, com vínculo profissional permanente estabelecido com o Estado. Sujeitos à hierarquia funcional e ao regime jurídico da entidade a que pertençam. Geralmente, são concursados ou se encontram em cargos comissionados, ou, excepcionalmente, contratados. Exemplos: servidores públicos (concursados em geral), empregados públicos, temporários e ocupantes de cargo em comissão. Agentes honoríficos: cidadãos nomeados ou convocados a exercerem função transitória, para colaborarem com o Estado na prestação de serviços específicos. Não possuem qualquer vínculo profissional com a Administração Pública e normalmente atuam sem renumeração. Exemplos: mesários eleitorais, comissários de menores e jurados. Agentes delegados: particulares incumbidos de executar determinadas atividades (obras ou serviços públicos), realizadas em nome próprio, por sua conta e risco, sob permanente fiscalização do poder delegante. São apenas colaboradores do Poder Público, não atuam em nome do Estado. Sujeitam-se à responsabilidade civil objetiva, ao mandado de segurança e à responsabilização nos crimes contra a Administração Pública. Exemplos: concessionários, permissionários de serviços públicos, tradutores públicos, leiloeiros públicos, entre outros. Agentes credenciados: representam o Estado em determinado ato ou para praticar certa atividade específica; geralmente renumerados pelo Poder Público credecitante. Ex.: médicos credenciados pelo SUS ou DETRAN. 30 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br São considerados agentes públicos todos aqueles que exercem função pública, independentemente de sua natureza, ainda que por período determinado. Vale destacar que o cargo público ocupado por servidor concursado e estável pode ser extinto a qualquer tempo, haja vista sempre prevalecer o interesse da Administração Pública. Também estão presentes na Administração Pública os agentes políticos que se caracterizam por serem componentes dos mais altos escalões do Poder Público. Sendo eles responsáveis pela elaboração das diretrizes de atuação governamental, e exercendo as funções de direção, orientação e supervisão geral da Administração Pública. Os agentes políticos constituem categoria especial, pois gozam de prerrogativas diferenciadas e têm grandes responsabilidades com a sociedade, como é o caso dos chefes do Executivo. Disposições constitucionais referentes aos servidores públicos Algumas considerações merecem destaques, a saber, as disposições constitucionais referentes aos servidores públicos: Quanto ao servidor público da Administração Direta, autárquica e fundacional, investido no mandato de prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração. Além disso, em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento, conforme art. 38 da CRFB/88. O servidor público estável só perderá o cargo: por sentença judicial transitada em julgado; mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa e mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. Haverá uma exceção a essas situações ditas anteriormente, como, por exemplo, extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo (art. 41, CRFB/88). CARGO PÚBLICO é o lugar dentro da organização funcional da Administração direta e de suas autarquias e fundações públicas que, ocupado por servidor público, submetido ao regime estatuário, tem funções específicas e remuneração fixada em lei ou diploma a ela equivalente. FUNÇÃO PÚBLICA é a atividade em si mesma, é a atribuição e as tarefas desenvolvidas pelos servidores. São espécies: funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo e destinadas às atribuições de chefia, direção e assessoramento. EMPREGO PÚBLICO é o exercício da função pública sob relação jurídica trabalhista e somente pode ser criado por lei. Então, ficará assim: o servidor público aprovado em concurso público, com vínculo estatutário, tem cargo e exerce função. Os servidores públicos regidos pela CLT exercem função, mas não ocupam cargos. 31 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br Segundo a norma constitucional, faz-se obrigatória a realização de concurso público como condição prévia ao provimento de cargos e empregos públicos, admitindo, entretanto, a possibilidade de a legislação definir os cargos em comissão cuja nomeação independe de concurso público. Desse modo, a exigência de concurso público não se aplica às seguintes exceções expressas na CF: aos cargos em comissão e aos contratados temporários. Exceção também à obrigatoriedade de concurso público que ocorre na contratação de agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias, previstas agora no art. 198, § 4º, da Constituição Federal, com redação dada pela Emenda nº 51/2006. Nessas hipóteses, a contratação será promovida após a realização de processo seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação. A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender à necessidade temporária de excepcional interesse público. Cabe ressaltar que o atual entendimento do STJ é no sentido de que o estágio probatório compreende o período entre o início do exercício do cargo e a aquisição de estabilidade no serviço público, que, desde o advento da Emenda Constitucional (EC) nº 19/1998, tem a duração de três anos. CONCURSO PÚBLICO (art. 37, CRFB/88) Forma de investidura no cargo ou emprego publico. Duração até 2 anos, prorrogável por igual período. Aprovado em concurso público, enquanto perdurar a validade do edital, terá prioridade sobre os demais. Aprovação em concurso de provas ou de provas e títulos. SERVIDOR PÚBLICO É aquele que, embora transitoriamente com ou sem remuneração, exerça cargo, emprego ou função. É garantido o direito de livre associação sindical, não sendo obrigatória a associação. É garantido o direito de greve, nos termos da lei. As funções de confiança exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo e os cargos em comissão a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção e chefia e de assessoramento. 32 Direito Administrativo www.academiadoconcurso.com.br Cargo público pode ser definido como aquele criado por lei, em número certo, com denominação própria e remunerado pela Fazenda Pública. Pode ser cargo de carreira, isto é, o que se integra em classes e corresponde a uma profissão, ou cargo isolado, a saber, aquele que não pode se integrar em classes e corresponde a uma função certa e determinada. É vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto quando houver compatibilidade de horários nos seguintes casos: dois cargos de professor um cargo de professor com outro, técnico ou científico dois cargos
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