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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Universidade Federal Fluminense Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ Disciplina Literatura Brasileira IV Coordenadora: Profª Drª Henriqueta Valladares Tutora: Julianna Bonfim AD2 – 2017/ 2 Aluna: Gisele dos Santos Motta Bezerra Polo: Nova Iguaçu Matrícula:12213120084 Manoel de Barros é um dos poetas mais simples e modernos do Brasil, sua poesia é dotada de vida, de infância, de personificação de coisas, como ele mesmo diz, ele mesmo é a poesia, são as palavras que o constituem. Manoel nos mostra através de sua obra que só há a infância na vida e que esta deve durar a vida inteira. Por ser poeta em tempo integral, ao ser perguntado sobre que local a poesia era ocupada em sua vida, ele diz que a mesma ocupa todos os lugares, mesmo que embora saiba fazer as coisas mais simples do dia a dia, como abrir a porta, comprar pão, apontar lápis, poesia era o que sabia fazer de melhor. Ao falar “sou um sujeito de recantos” e “os desvãos me constam” o poeta quer dizer que reconhece em si mesmo que é cheio de esconderijos, partes ocultas, assim como cada um de nós as possuímos. A poesia de Manoel expressa muito a insatisfação do homem diante da vida que é imposta, o que acaba incentivando a criação destas partes escondidas, que passam a ser essenciais para a sua vida, onde cria um alterego – como o dele, Bernardo, a quem comparava a uma árvore, e quem acreditava que deveria ser. Esta poesia é como se fosse o seu autorretrato, pois o mesmo se via como esse sujeito, cheio de esconderijos, recantos, onde ele lê, tem gostos, fugindo, assim, da vida normal. Como diz no filme, de Barros via em cada lugar uma possibilidade de criar poesia, onde esta fazia parte dele, como num trecho que cita, de um poema, “palavras que me aceitam como sou -eu não aceito”, ele via em cada palavra uma chance de poder se transformar, e se estas palavras não o modificarem ele não as aceita. O sujeito da poesia vai das coisas mais simples como as avencas até as mais complexas – “Gosto de bola-sete e Charles Chaplin”-, sendo modificado, inspirado, a cada palavra, som, melodia. O mais simples som dos pássaros se compara às mais belas sinfonias de Beethoven. Como no filme, ele conta que ao andar, principalmente com seu filho, ele aproveitava para ouvir e criar novas conexões com a palavra, principalmente por achar que as crianças tinham grande habilidade poética, embora não fossem boas com a gramática, pois viam nos detalhes grandes possibilidades, como a menininha que disse “as borboletas são cores que avoam”. Ao terminar o poema, no último verso, o poeta diz “O dia vai morrer aberto em mim” o que nos faz refletir que embora o dia acabe, a vida termine, ele vai continuar aberto, pois as experiências nele conquistadas continuarão vivas, bem como a palavra para o poeta, que mesmo que este se vá, elas continuarão falando por ele para sempre.
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