Buscar

LIVROLIBRAS_aula2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Curso de
LIBRAS
online
Aula 2 
A história do Surdo 
no Brasil
Curso de LIBRAS online Aula 02
16
A criação do INES
Em junho de 1855, o surdo francês Ernest Huet apresenta ao Imperador 
D. Pedro II um relatório sua experiência como diretor em uma instituição para 
surdos na França: o Instituto dos Surdos-Mudos de Bourges, manifestando sua 
intenção de fundar uma escola para surdos no Brasil (STROBEL, 2009).
O governo imperial apoia a iniciativa de Huet e destaca o Marquês de 
Abrantes para acompanhar de perto o processo de criação da primeira escola 
para surdos no Brasil.
Começou como Collégio Nacional para Surdos-Mudos, depois passou a ser 
chamado de Instituto Imperial para Surdos-Mudos. Com o passar do tempo 
o nome foi constantemente modificado, tendo o nome estabelecido como 
Instituto Nacional de Educação de Surdos, em 1957 (STROBEL, 2009).
Curso de LIBRAS online Aula 02
17
Por ser a única instituição de educação de surdos no Brasil, o INES recebeu 
alunos de todo o país e também do exterior, tornando-se referência para os 
assuntos de educação, profissionalização e socialização de surdos.
A língua de sinais praticada pelos surdos no Instituto, de forte influência 
francesa devido à nacionalidade de Huet, é espalhada por todo o Brasil.
Outra ação importante para a difusão dessa língua dá-se no ano de 1875, 
quando o ex-aluno Flausino José da Gama desenha o livro Iconographia 
dos Signaes dos Surdos-Mudos, com cópias para várias localidades do Brasil 
(STROBEL, 2009).
Por muito tempo o trabalho realizado na gráfica do Instituto, pelos surdos, foi 
referência no Rio de Janeiro, recebendo encomenda de encadernação de quase 
todas as instituições públicas e particulares nas primeiras décadas da República.
Infelizmente, contra essa corrente de difusão da língua de sinais, em 1880 
acontece em Milão um congresso que reuniu os intelectuais da época para 
decidir sobre a melhor proposta de educação para os surdos. Nesse encontro 
fica decidida a adoção do método de oralização, proibindo o uso de sinais 
no processo de ensino-aprendizagem. Essa decisão mudou tragicamente a 
história dos surdos, retrocedendo anos de luta pelo direito de sua própria 
língua (QUEIROZ; RÚBIO, 2014).
Sendo assim, em 1911, o INES passou a seguir o Método de Oralismo Puro, 
conforme tendência mundial. No entanto, os alunos surdos continuavam a se 
comunicar através de sinais quando não acompanhados dos professores ou outras 
autoridades do Instituto. As conversas em sinais aconteciam com muita frequência, 
até que nos anos de 1930 e 1947, o ex-diretor do INES, Armando Paiva Lacerda, 
proíbe a sinalização, restringindo a língua a somente um veículo para reprodução 
da língua oral. Para tal, o aluno só fazia uso da datilologia e deveria ter sempre à 
mão um bloco de papel e uma caneta (QUEIROZ; RÚBIO, 2014).
Curso de LIBRAS online Aula 02
18
Esse retrocesso no andamento da língua de sinais só causou prejuízo para 
o surdo. No entanto, com o passar dos anos, o oralismo passou a ser questio-
nado pelos estudiosos, principalmente pelo fato dos alunos surdos continu-
arem a usar a língua de sinais escondidos dos professores. Foi então que, em 
1950, chegou ao Brasil a “comunicação total”. Esse método consistia em usar 
simultaneamente a língua oral com a língua sinalizada, tendo assim a leitura 
labial, reprodução da fala e o reconhecimento e manifestação dos sinais.
Em 1982, a linguísta Lucinda Ferreira Brito inicia uma pesquisa sobre a 
língua de sinais em uma tribo de índios, na floresta amazônica brasileira. Ferreira 
Brito percebeu que a língua de sinais não era somente um veículo de comércio, 
mas sim uma língua com uma gramática própria, assim como as línguas orais. 
Ela pesquisou e analisou as diferentes maneiras de sinalizar a Libras e observa 
que a mesma preenche todos os requisitos próprios de uma língua, saciando as 
necessidades comunicativas sem que precise se apoiar em outra língua para tal. 
“As línguas de sinais são línguas naturais porque como as línguas 
orais sugiram espontaneamente da interação entre pessoas e 
porque devido à sua estrutura permitem a expressão de qualquer 
conceito - descritivo, emotivo, racional, literal, metafórico, 
concreto, abstrato - enfim, permitem a expressão de qualquer 
significado decorrente da necessidade comunicativa e expressiva 
do ser humano...” (FERREIRA BRITO, 1995) 
A partir dos estudos de Lucinda Ferreira Brito, muitas pesquisas foram 
iniciadas e a surdez passou a ser vista como objeto de estudo educacional. 
Iniciativas de oficialização da língua e reconhecimento de seu desempenho 
para o desenvolvimento do sujeito surdo começam a ganhar espaço.
Finalmente, em 2002, a Língua de Sinais Brasileira, LIBRAS, é reconhecida 
omo língua oficial dos Surdos (Lei 10.436 de 24 de abril de 2002) garantindo 
à comunidade surda o direito de expressão em sua língua materna e o acesso 
aos seus direitos civis. Seu ensino torna-se obrigatório para todos os cursos de 
formação de docentes nas instituições de ensino superior.

Outros materiais