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e-book o Guia definitivo das audiências trabalhista

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O guia definitivo
das Audiências 
Trabalhista
DE ACORDO COM A REFORMA TRABALHISTA
Elaborado por Tiago Pereira
Advogado e Professor
advocacianapratica1@gmail.com
e-book
O processo do trabalho é dinâmico exigindo do advogado raciocínio rápido diante 
dos diversos atos realizados de forma oral nas audiências.
De todos os pedidos de uma reclamação trabalhista a grande maioria demanda dilação 
probatória durante a instrução processual.
As provas em sua maioria são orais (depoimento pessoal + testemunhas) e o advogado 
que não estiver preparado para produzir provas em audiências e se manifestar quando 
necessário, está fadado ao fracasso na área trabalhista.
O mercado automaticamente joga para fora esse profissional que quer só se aventurar 
na área trabalhista sem pagar o preço da busca pelo conhecimento ou o advogado que 
não sabe se manifestar oralmente perante o juízo.
Pensando nisso que criei esse e-Book em um passo a passo para 
facilitar a vida do advogado que não conhece o rito das audiências 
trabalhista.
Tiago Pereira
Advogado
1º PASSO – SE PREPARE
Prepare-se para as suas audiências. Faça um estudo prévio do que poderá 
ocorrer na produção das provas.
Avalie todos os pedidos, separe de quem é o ônus da prova, qual tipo de prova 
será necessária e se for oral, avalie o depoimento pessoal do autor e réu e 
quais perguntas fazer para tentar uma confissão.
Prepare um roteiro com os dados do processo, telefone do seu cliente e das 
testemunhas. Coloque na ordem os atos que acontecerão na audiência, assim 
fica mais fácil de se situar.
Leve impresso as perguntas a serem feitas, para as partes ou testemunhas,
para num eventual indeferimento, você saiba qual pergunta
fazer constar na ata em protestos.
2º PASSO – SALA DE 
AUDIÊNCIA
Preste bem atenção onde as partes sentam e aqui vai uma dica: advogado do 
reclamante senta na frente da mão esquerda do juiz e o advogado da 
reclamada na frente da mão direita e os clientes do lado do advogado.
Entre e cumprimente a todos, inclusive o servidor ao lado do juiz, pois ele é o 
auxiliar no registro do que acontece durante o ato.
Mantenha a calma, o controle emocional é certo quando o advogado conhece 
o processo e principalmente o que pode ocorrer nas audiências.
Preposto não precisa mais ser empregado (art. 843, §3º NCLT)
Se o reclamante não comparecer, terá que pagar custas
mesmo sendo beneficiário da Justiça Gratuita (art. 844, §2º
nova CLT).
Ausente a reclamada e presente o advogado, o juiz aceitará
a defesa e documentos (§5º do art. 844, CLT). O advogado 
poderá ser preposto se a reclamada não comparecer.
3º PASSO –
CONCILIAÇÃO
Existem dois momentos que o juiz pode propor a conciliação (art. 846, CLT), 
sendo a primeira já quando as partes entram na sala e uma ao final da 
instrução (art. 850, CLT), o que pode mudar a proposta se ficar provado ou não 
os fatos da inicial e defesa.
Se o juiz propor acordo, espere a reclamada dar o ponta pé inicial nas 
tratativas. Tenha jogo de cintura e ofereça valores acima do que se pretende 
para ter margem de negociação.
Se der acordo, fazer constar na ata a multa de 50%, as verbas de natureza 
indenizatória (se estiver pela reclamada), vencimento antecipado das 
vincendas (se parcelado) e a data para pagamento que 
geralmente pode ser acordado para 15 a 20 dias.
Se houver pedido de alvará para saque do FGTS ou Seguro
desemprego, já peça ao juiz que conste na ata os termos
do alvará ao invés de esperar a secretaria da vara preparar
e o juiz assinar.
4º PASSO – DEFESA
Com o PJe a defesa será entregue de forma escrita (art. 847, § único da Nova 
CLT) e com prazo máximo de até 1 hora antes da audiência (ver provimento do 
TRT do seu Estado). Não atribuir sigilo se o juiz despachar nesse sentido ao 
intimar da audiência, sob pena de ser aplicada revelia (art. 344, NCPC).
Na defesa a reclamada deve impugnar todos os fatos da inicial e 
principalmente documentos de forma bem específica (art. 341, NCPC). 
Pode o juiz determinar a juntada da defesa com prazo, ou seja, não é 
designada audiência e o juiz intima para apresentar defesa com prazo, 
lembrando que com a reforma o prazo é contado em dias úteis (art. 775, nova 
CLT).
Na audiência o juiz aceita a defesa oral se o advogado não conseguiu juntar no 
PJe. Se a juntada foi feita antes da audiência o juiz passa para a réplica. 
Preliminares e questões de mérito serão julgados ao final
em sentença. Salvo em caso de Exceção de incompetência 
territorial, que deve ser arguida até 5 dias após a notificação 
da audiência, sendo o processo suspenso até seu julgamento.
Art. 800, NCLT.
5º PASSO – RÉPLICA
Réplica ou manifestação sobre a defesa e documentos (art. 350, NCPC) serve 
para impugnar os documentos e rebater os argumentos da defesa, tornando a 
matéria controversa, pois a ausência de impugnação do autor, presume-se 
que concordou com o que a reclamada trouxe nos autos e não poderá fazer 
prova desses fatos.
Com base na réplica o juiz vai determinar os pontos controvertidos para ser 
objeto de dilação probatória.
Faça a réplica oralmente se for audiência UNA (geralmente o juiz concede 10 
minutos) usando o seguinte modelo: “Reitera os termos da inicial, 
impugnando os documentos (aqui, mencione os documentos que foram 
juntados com a defesa que você não concorda)”.
O juiz poderá inverter o ônus da prova com base no art. 818,
§1º da CLT, quando a parte hipossuficiente não tiver 
condições de produzi-la. A decisão deve ser fundamentada 
e proferida antes da instrução, ou seja, entre a réplica e 
o depoimento pessoal (§2º).
6º PASSO –
DEPOIMENTO PESSOAL
O depoimento pessoal só é viável quando o preposto que comparece na 
audiência conviveu com o reclamante ou quando as partes narram fatos 
absurdos ou que transpareçam mentira a ponto de se contradizerem nos 
depoimentos.
Após a réplica o juiz pergunta se há interesse no depoimento pessoal. 
Lembrando que o advogado não pode querer ouvir o seu cliente, somente a 
parte contrária. Se o juiz indeferir, peça para constar seu protesto na ata, pois 
é obrigação do juízo ouvir as partes se requerido pelos advogados.
Faça perguntas indiretas, a fim de que a parte confesse
mesmo que sem querer (confissão provocada).
A confissão é a mãe das provas, uma vez confesso, não
há o que se discutir nos autos.
7º PASSO –
TESTEMUNHAS
Após a oitiva das partes o juiz chama as testemunhas sendo primeiro as do 
reclamante e depois da reclamada, podendo inverter a ordem de acordo de 
quem é o ônus da prova. A contradita das testemunhas pode ser feita entre o 
momento da qualificação (quando o juiz começa a perguntar dados da 
testemunha) até a prestação de compromisso. Para tanto peça “pela ordem” 
e diga ao juiz que você quer contraditar sendo os motivos mais comuns 
“amizade íntima” “inimizade” e até “troca de favor” se ficar provado que a 
testemunha tem processo contra a reclamada e o reclamante foi sua 
testemunha (ler súmula 357 TST).
Faça perguntas indiretas, não vá direto ao ponto, pois
o juiz pode entender que algo foi combinado.
Prepare bem sua testemunha com as perguntas que
o próprio juiz poderá fazer.
8º PASSO – RAZÕES 
FINAIS
Prevista no art. 850 da CLT, as razões finais podem ser remissivas (o juiz 
pergunta se as partes querem razões remissivas que nada mais é que, se 
remeter ao que já consta dos autos) ou que façam de forma oral em 10 
minutos cada. 
Nas razões finais procure realçar o que aconteceu no processo em favor do 
seu cliente, por exemplo, citar que a testemunha provou tal fato, ou que a 
parte confessou tal situação, e reitera os pedidos de improcedência ou 
procedência dependendo qual parte você representa. As razões finais é o 
último ato nas audiências, logo após a oitiva das testemunhas.
9º PASSO –
JULGAMENTO
Raramente os juízes julgamos processos em audiências. Vi duas vezes 
acontecer durante as mais de 200 audiências que já participei.
O juiz pode marcar a data de julgamento e constar na ata uma data em que a 
sentença será colocada no sistema. Atente-se para o prazo recursal que 
começa após essa data, sendo que o advogado não é intimado se o juiz marca 
a data dessa audiência (não ocorre a audiência, é fictícia). Ler súmula 197 do 
TST.
Se o juiz não marcar data alguma, o advogado será intimado da sentença via 
Diário Eletrônico.

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